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HOT 3!

A Marca do Primogênito: 1x04

Série escrita por Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius
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A MARCA DO PRIMOGÊNITO


FADE IN: 

Tela Escura. 

LETREIRO 

O ódio provoca dissensão,
mas o amor cobre todos os pecados.
(Provérbios, 10-12)

FADE OUT 

INÍCIO DO TEASER. 

CENA 01. CABARÉ. NOITE. INT. 

LEGENDA: 392 d. c. 

SONOPLASTIA: Gasolina - Ginger 

SEQUÊNCIA DE CENAS. 

1. Oliver (29 anos, pardo, alto) está em um prostíbulo, fascinado com a dança sensual de Meg (22 anos, morena). Ela desce do pequeno palco de madeira, indo em sua direção. O envolve com um lenço branco, o fazendo ficar de pé. O puxa pelo salão em direção aos quartos. 

2. Meg e Oliver entram em um quartinho humilde, com uma simples cama de casal à frente. Os dois se jogam na cama, começam a se despir. 

3. Na noite seguinte, Arthur (22 anos, pardo, médio) está em frente ao palco onde Meg dança sensualmente. Ela usa o mesmo lenço branco da cena anterior, para enrolá-lo e o faz subir ao palco. Os dois trocam beijos indo em direção aos quartos.  

4. Meg e Arthur estão aos beijos, despidos na cama. São observados por Oliver por uma brecha na parede de madeira.  

5. No dia seguinte, os dois irmãos estão brigando em meio ao cabaré. Meg está sobre o palco, observa a cena com um leve sorriso no rosto. 

6. Sozinha em um quarto com Oliver, ela tenta acalmá-lo.

 

OLIVER (furioso)

Você não me ama.

 

MEG (doce)

É claro que eu te amo. 

 

Acaricia o rosto dele, o faz focar em seus olhos.

 

MEG

É você que não me ama!

 

OLIVER (tranquilo)

Eu te amo. Amo mais que a minha própria a vida.

 

MEG

Eu preciso de uma prova.

 

OLIVER

O que você quer? Eu faço qualquer coisa pra provar o meu amor por você. 

 

Meg o observa por alguns segundos, continua em silêncio. Aproxima sua boca no ouvido dele. 

 

MEG (sussurra)

Quero a cabeça do seu irmão em uma bandeja!

 

Oliver se afasta um pouco de Meg, se assusta com o pedido.

 

OLIVER

O que?

 

MEG

Essa é a única forma de você provar que realmente me ama. E também é a única forma de finalmente podermos ficar juntos, sem o seu irmão entre a gente. 

 

Apesar do espanto, a voz de Meg parece seduzi-lo aos poucos. 

 

MEG

Se o seu irmão não ficar entre nós, finalmente poderemos viver a nossa história de amor. (bem no fundo dos olhos dele) Se você realmente me ama, essa é a prova que quero. (em seu ouvido) Eu quero a cabeça do seu irmão em uma bandeja. 

 

7. Oliver e Arthur estão tendo uma briga em um beco vazio. Ambos trocam vários socos entre si, até que Arthur cai no chão e o irmão sobe em cima dele, o socando várias vezes.  

8. Com o irmão praticamente desmaiado no chão, Oliver se levanta, dá alguns passos ao lado, pega um machado jogado no chão e volta a se aproximar do irmão.

 

ARTHUR (desperta, fraco)

Ela está te usando, irmão. Ela está usando nós dois. Não faça isso.

 

OLIVER (sério)

Ela me ama. E vamos viver a nossa história assim que eu entregar a sua cabeça pra ela. 

 

Em um ato de fúria, Oliver ergue seu braço e o desce de uma vez, decapitando o irmão. Sangue de Arthur jorra em seu rosto. Ele ajoelha-se ao lado do irmão. Solta o machado, pega a cabeça do irmão, a ergue e sorri. 

9. Oliver entra no quarto segurando uma bandeja nas mãos. Se aproxima lentamente de Meg, que parece ansiosa pelo conteúdo da bandeja. Oliver para ao seu lado, e conforme faz suspense para levantar a tampa, um sorriso cresce no rosto de Meg. Ao revelar o conteúdo e ao ver a cabeça de Arthur na bandeja, Meg se joga na cama e solta uma gargalhada assustadora. Revela a sua verdadeira identidade. Oliver se assusta ao ver uma mulher de aproximadamente 50 anos, no lugar de Meg. Ela ajoelha-se na cama, consegue controlar sua gargalhada. 

 

OLIVER (assustado)

Quem é você?

 

SERAFINE

Como vocês são fáceis de manipular. 

 

Volta a cair na gargalhada, desaparece do quarto. Oliver derruba a bandeja no chão. A cabeça de Arthur gira para longe. Oliver olha apavorado para todos os lados, sem entender o que aconteceu. 

MUSIC OFF. 

FIM DO TEASER

1x04 - DIA DE PAGAMENTO

 

CENA 02. BAR DO TALES. INT. NOITE. 

Alguns clientes sentados nas mesas, bebem e conversam. Alexandre e Caíque continuam encarando-se. Tales se aproxima com uma garrafa de cerveja e serve o copo de Alexandre. Em seguida, mostra a garrafa a Caíque.

 

TALES

Caíque?

 

CAÍQUE

Não, valeu. Vou ficar aqui no café.

 

ALEXANDRE

Nem um gole?

 

CAÍQUE

Não, melhor não.

 

Tales sai. Alexandre vira o copo.

 

CAÍQUE

Não vai me dizer nada, então? Vai ficar aí calado, bebendo?

 

ALEXANDRE

O que quer que eu diga?

 

CAÍQUE

A verdade. Porque você matou aqueles caras? O que significa esse livro? Que história é essa de demônios e símbolos estranhos. Eu quero saber a verdade. 

 

ALEXANDRE

Não é o momento para conversarmos sobre isso. E quanto menos você souber disso tudo, melhor.

 

CAÍQUE

Então é isso? Você vai sair por aí de novo, sem explicar nada. Isso tudo só me leva a crer que você é um bandido, um assassino que mata pessoas e por isso não pode ficar ao lado da família.

 

ALEXANDRE

Cay, entenda.../

 

CAÍQUE (irritado, tom alto)

Eu não quero mentiras, Alex! (percebe os olhares das outras pessoas, baixa o tom) Eu só tô querendo entender o que tá acontecendo, mas tá difícil. Aquele livro, o colar, a luta com o cara dos olhos vermelhos.

 

Alexandre tira a jaqueta. Caíque vê a marca no braço do irmão.

 

CAÍQUE

Essa marca..

 

ALEXANDRE

Ela é o motivo disso tudo. 

 

CAÍQUE

Ela tá no livro da maldição, ou sei lá o que. O que ela significa?

 

ALEXANDRE

Essa não é a melhor hora para falarmos “disso”.

 

CAÍQUE (sério)

Nunca é a melhor hora. O pai e mãe somem, você vai e volta. Eu sou o único que fico sozinho, sem saber de nada. 

 

ALEXANDRE

Cay, eu não quero te envolver nisso.

 

CAÍQUE

Não acha que eu já tô envolvido?

 

Alexandre coloca a cerveja no copo e vira.

 

CAÍQUE

Não vai me responder? (bate na mesa) Até parece que não confia em mim. Eu não sou mais criança, Alex. Eu sou o teu irmão. Não se esqueça disso.

 

ALEXANDRE

Tá legal. Vou te contar.

 

FLASHBACK 

CENA 03. CASA DOMENI. QUARTO. INT. NOITE. 

LEGENDA: Junho de 1993. 

Alexandre, aos 7 anos, dorme na cama. Ele se mexe, delirando.

 

ALEXANDRE

Nãoooo.

 

Em segundo plano, é mostrado Alexandre ouvindo gritos de pessoas sofrendo e muito sangue ao seu redor. Ele acorda assustado. Domeni entra.

 

DOMENI (preocupada)

Alexandre?

 

ALEXANDRE

Tia, já é a terceira vez que tenho esse pesadelo.

 

DOMENI

Calma, querido. Estou aqui. Tá tudo bem, viu? Amanhã sua mãe recebe alta e você poderá voltar pra casa. Vai cuidar do Caíque, seu irmãozinho. Ele é tão lindo. Assim como você quando nasceu.

 

Alexandre permanece em silêncio.

 

DOMENI

Não consegue dormir, não é?

 

Alexandre balança a cabeça em negativa a pergunta de sua tia.

 

DOMENI

Arruma um espaço aí na cama. Estarei ao seu lado a noite toda.

 

CORTA PARA

 

Domeni e Alexandre dormindo. Ele volta a se remexer na cama, angustiado. CAM aproxima-se do braço de Alexandre onde uma marca vermelha vai surgindo. 

CORTA PARA

CENA 04. CASA DOMENI. COZINHA. INT. DIA. 

Domeni prepara o café. Alexandre entra correndo.

 

ALEXANDRE (assustado)

Tia/

 

DOMENI

Oi, querido.

 

ALEXANDRE (assustado)

Veja isso.

 

Alexandre mostra a marca que surgiu em seu braço. Domeni deixa o guardanapo na pia e vai até o sobrinho.

 

DOMENI

Mas o que é isso? 

 

Domeni analisa a marca, passa a mão por cima.

 

DOMENI

Você sente algo?

 

ALEXANDRE

Não, tia. Quando eu vi fiquei assustado, nunca tive essa marca no meu braço.

 

DOMENI (encarando)

Espera, eu já vi essa marca.

 

CORTA PARA

CENA 05. CASA DE DOMENI. QUARTO. INT. DIA. 

Domeni abre a porta do guarda-roupa, mexe nas roupas, gaveta. Alexandre aparece na porta.

 

ALEXANDRE

O que você procura, tia?

 

DOMENI

Acredita que desde que o seu bisavô partiu, eu não tive coragem de mexer nas coisas dele?

 

ALEXANDRE

Ainda sinto falta dele.

 

DOMENI

Eu também, querido. (p) Vá terminar de tomar o seu café. Logo eu volto pra cozinha, pra te fazer companhia. 

 

Alexandre sai. Domeni volta a revirar as gavetas, mexe nas roupas e encontra um livro que na capa contém o desenho da marca no braço do sobrinho. Ela pega o livro, senta no chão e o abre.

 

DOMENI

Sabia que essa marca não me era estranha. É a mesma marca que meu avô tinha.

 

CAM vai afastando revelando Domeni concentrada na leitura do livro.

 

CORTA PARA

 

CENA 06. CASA DOMENI. JARDIM. EXT. DIA. 

LEGENDA: Cinco anos depois. 

Alexandre, agora adolescente com 12 anos, está sentado na cadeira observando Caíque brincar com alguns carrinhos no jardim. Domeni aproxima-se com uma bandeja com bolo, suco, café e o livro. Coloca na mesa.

 

ALEXANDRE (vendo o livro)

A senhora vai me contar agora o que significa essa marca em meu braço?

 

Alexandre olha para seu braço e volta a atenção ao livro.

 

DOMENI

Você já tem idade suficiente para entender o que vou lhe dizer. (se aproxima do sobrinho) Por isso, preciso que você preste bastante atenção na história que vou lhe contar.

 

Em Alexandre tenso.

 

DOMENI

Essa marca no seu braço é uma maldição. Uma bruxa chamada Serafine, foi apaixonada por Abel, e após Caim matar o próprio irmão, ela fez um pacto com o diabo, vendendo sua alma para ele, em troca ela queria que todos os descendentes de Caim sofressem o mesmo que seu amado sofreu. (p) Você, Alexandre, faz parte desta linhagem, por isso a marca surgiu em seu braço.

 

Em Alexandre surpreso.

 

DOMENI

Eu não queria te dizer, mas infelizmente você vai ter que se afastar do seu irmão. Vocês não podem ter o mesmo fim. Eu prometo que vou ajudar a acabar com essa maldição. Eu conheço um pouco de magia, sou sensitiva e, com a ajuda deste livro, vamos encontrar uma forma de acabar com essa história e finalmente capturar essa maldita bruxa que iniciou tudo isso. 

 

FIM DO FLASHBACK. 

CENA 07. BAR DO TALES. INT. NOITE.

 

ALEXANDRE

E aqui estamos, até hoje procurando essa bruxa. Essa é a minha história, Cay.

 

CAÍQUE (surpreso)

Quer dizer que o sobrenatural existe?

 

ALEXANDRE

Anjos, demônios, bruxas, vampiros. Lembra daquele caso que aconteceu aqui no bar?

 

CAÍQUE

Aham.

 

ALEXANDRE

Aqueles homens eram demônios.

 

CAÍQUE

Caraca, os filmes não mentem. Que irado!

 

ALEXANDRE (ri)

Existem.

 

CAÍQUE

Pois saiba que eu to contigo. Vamos encontrar essa maldita bruxa e acabar com tudo isso.

 

ALEXANDRE

Não, não quero você envolvido. Precisamos nos afastar. Essa maldição vai me levar a matar você, agora você entende porque eu sempre tô viajando, distante? É a melhor forma de evitar que o pior aconteça.

 

CAÍQUE

Você vai se afastar de novo? Não, não faça isso.

 

ALEXANDRE

Cay, eu não tenho outra alternativa.

 

CAÍQUE

Poxa, pois vamos encontrar juntos. Eu sou teu irmão, Alexandre. E diferente desses outros que estão relatados nesse livro, eu sei que você jamais me machucaria. E a tia não disse que ia ajudar? Eu tô dentro também. E o pai e mãe sabem de tudo isso?

 

ALEXANDRE

Sabem.

 

CAÍQUE

Vocês esconderam isso de mim?

 

Algumas pessoas ao redor observam os irmãos.

 

ALEXANDRE

Foi o único modo que encontramos para te proteger.

 

Alexandre acena para Tales que trás outra garrafa.

 

CAÍQUE

Você também sabia, Tales?

 

TALES

Do que estão falando?

 

ALEXANDRE

O Cay agora sabe de tudo, Tales. Eu contei pra ele.

 

TALES (surpreso)

Tá falando sério? (a Alexandre) E todo o lance de proteger o garoto?

 

ALEXANDRE

Ele descobriu sozinho, encontrou o livro, o que eu posso fazer?! (dá de ombros)

 

CAÍQUE (a Tales)

E você acha isso tudo normal?

 

TALES

Nunca achei normal, até entendo você ficar assim, porém eu mudei de ideia ao encontrar meu pai morto por um ninho de vampiros. Antes disso, o seu pai o salvou e matou um deles, no entanto, não teve outra, eles buscaram vingança e meu pai foi o alvo. Eu não vou descansar até eliminar toda essa raça que matou o meu pai. O Alexandre e seus pais tão comigo nessa.

 

CAM vai se afastando enquanto eles continuam conversando. O áudio diminui gradativamente. 

CENA 08. RUA. EXT. DIA. 

Um homem vem correndo em uma rua deserta. Ouve-se sons de cachorro rosnando. O homem entra em algumas ruas, na tentativa de se salvar. Entra em um beco sem saída. Vira-se e embora não veja o cão, sente que está encurralado.

 

HOMEM (desesperado)

Mas que diabos é isso?

 

O cão parte pra cima dele, o arranhando por completo. CAM mostra o corpo do homem todo estraçalhado. 

 

CENA 09. SEQUÊNCIA DE CENAS. 

SONOPLASTIA: Wheel in The Sky - Journey 

1. Caíque reflexivo em sua casa.  

2. No bar de Tales, Alexandre está concentrado no notebook. Vê uma manchete que chama a sua atenção. CAM aproxima do notebook que mostra a foto do homem da cena anterior.

 

ALEXANDRE

Que bizarro, o cara ficou irreconhecível.

 

3. Tales no porão atrás de suprimentos e armas.  

4. Caíque chega no bar e encontra o irmão na saída.

 

CAÍQUE

Já vai atrás de outro demônio?

 

ALEXANDRE

Não. Vou só andar por aí.

 

Alexandre ameaça sair.

 

CAÍQUE

Espera, eu te acompanho.

 

ALEXANDRE

Vai ser rápido.

 

CAÍQUE

Por isso mesmo.

 

Silêncio.

 

CAÍQUE

Eu sei onde eles estão. Eu sei pra onde nossos pais foram.

 

ALEXANDRE

Você tá blefando.

 

CAÍQUE

Dúvida? 

 

ALEXANDRE

Se nem a nossa tia, sabe.

 

CAÍQUE

Deixa eu ir contigo dessa vez e no final eu conto o que eu sei. 

 

ALEXANDRE

Já disse, você fica. 

 

CAÍQUE

Me dá um voto de confiança e eu mostro que eu posso te ajudar.

 

Em Alexandre pensativo.

 

CORTA PARA

 

CENA 10. ESTRADA. EXT. DIA. 

Em alta velocidade os irmãos percorrem pelas ruas da cidade, Alexandre em sua Harley-Davidson Fat Boy, na frente, e logo atrás, Caíque, pilotando uma Kawasaki Versys 650. 

CORTA PARA

MUSIC OFF. 

CENA 11. CASA. SALA DE ESTAR. INT. DIA. 

Alexandre e Caíque sentados no sofá. Uma mulher (26 anos, morena, alta) segura uma xícara enquanto conversa com os irmãos.

 

MULHER

Tenho visto e ouvido coisas estranhas.

 

Alexandre encara o pote de biscoitos na mesa de centro.

 

CAÍQUE

Estranhas, como o quê, Emy?

 

Emy percebe Alexandre de olho no pote.

 

EMY (pegando o pote)

Aceita?

 

ALEXANDRE (sorri)

Demorou...

 

Caíque cutuca o irmão.

 

ALEXANDRE

Que foi? A viagem foi longa, deu fome.

 

Caíque faz cara feia.

 

CAÍQUE (a Emy)

E então, o que você percebeu de diferente?

 

EMY

Ontem, parecia que eu estava sendo seguida, ouvi alguns latidos, mas não vi nenhum cachorro. Corri, me tranquei em casa, olhei pela janela, e não vi mais nada. Passou um tempo e eu ouvi os gritos de um senhor, próximo a minha casa, ele foi atacado. Hoje me deparei com a manchete de que a vítima ficou irreconhecível. (p) Eu desconfio que pode ser “ele”.

 

CAÍQUE (confuso)

Ele quem?

 

EMY

Há mais ou menos 5 anos, um desconhecido se aproximou oferecendo ajuda. Era como se ele soubesse que eu estava em apuros...

 

ALEXANDRE (mordendo um biscoito)

Prossiga, essa história tá ficando boa.

 

EMY

Minha empresa de arquitetura não tava indo bem, sai para esfriar a cabeça, bebi, e “ele” ofereceu ajuda. Disse que minha sorte ia mudar, que minha empresa ia prosperar, era só eu aceitar o “acordo” e em cinco anos ele voltaria para pagar a parte dele. No entanto, ele não disse qual seria a consequência. Eu o beijei, selando o acordo, e ele disse que no dia seguinte eu deveria jogar na loteria. Logo depois apaguei, só me lembro disso. Ao amanhecer, eu joguei e minha sorte mudou. E desde então, a vizinhança tem ficado estranha, pessoas têm sido mortas. Sinto que minha “sorte”, vai virar “azar”, por favor me ajudem. Ele está voltando.

 

Alexandre encara Caíque. 

CENA 12. PRAÇA. OHIO. EXT. NOITE. 

O clarão das luminárias dos postes mistura-se à uma névoa densa que sobrevoa pela praça pública. Um vento rasante levanta algumas folhas amareladas pelo caminho de pedra em meio ao espaço público. 

CLOSE em um par de tênis de corrida colorido que passa rapidamente pelo caminho de pedras dobrando à direita e seguindo por uma longa reta. 

De costas vemos uma jovem loira (25 anos) com os cabelos presos em um rabo de cavalo, usando leg escura e jaqueta fechada até o pescoço. Ela se afasta na medida em que acelera sua corrida. 

De frente, correndo em direção à CAM, nota-se que a jovem está com os fones no ouvido, concentrada apenas em seu exercício. 

Ao passar por alguns arbustos, ela interrompe a corrida, retira os fones do ouvido, afasta as pernas e alonga, distraidamente. 

POV do meio dos arbustos (como se algo escondido a observasse): a jovem levanta o corpo, flexiona o joelho e segura o pé atrás com a perna dobrada. Troca a perna. Algo chama sua atenção e ela olha com os olhos arregalados em direção aos arbustos. 

PLANO MÉDIO mostra algo se mexendo nos arbustos. A jovem retira os fones e guarda no bolso da jaqueta. Sai em corrida pelo caminho de pedras que segue. 

A jovem chega em um pórtico e olha para ambos os lados. A rua de poucas residências está escura e praticamente vazia. 

Um uivo alto e ensurdecedor ecoa. Ela se assusta, arregala os olhos. Tudo silencia por longos segundos até que o vento corta o ar levantando as folhas amareladas pelo caminho de pedras atrás dela. 

A jovem corre pela rua à sua frente. Escuta-se um rosnado que a persegue. Ela acelera assustada. Está, visivelmente, com medo. Sua respiração ofegante se mescla aos rosnados cada vez mais próximos dela. Ela tropeça e cai. 

Tudo escurece por um longo período enquanto se ouve vários rosnados mais fortes e ferozes. 

CORTA PARA

CENA 13. PRAÇA. OHIO. EXT. DIA 

CLOSE em uma câmera fotográfica de última geração que solta vários disparos de fotos. 

PLANO ABERTO mostra uma cena de crime. Um corpo destroçado e irreconhecível estirado no chão. As fitas amarelas de isolamento ao redor de uma jovem e atraente perita criminal (30 anos), devidamente equipada tirando fotos de tudo. 

Alexandre aproxima-se da cena. Calça jeans escura, jaqueta de couro preta e segurando seu capacete. Para diante da fita de isolamento e observa a cena. A perita criminal (35 anos, negra, altura média) sorri e aproxima-se dele fazendo ajustes em sua câmera.

 

PERITA CRIMINAL

Alexandre… quanto tempo.

 

ALEXANDRE

Perita Danielle... faz o quê? Três, quatro anos, não é?

 

Danielle pendura a câmera no pescoço.

 

DANIELLE

Três anos e meio pra ser exata. Nunca vou esquecer a data. Aquilo ainda me assombra. Me tira o sono algumas noites.

 

ALEXANDRE

Eu imagino...

 

Alexandre estende a cabeça olhando o corpo adiante.

 

ALEXANDRE (cont.)

...não é como eu gostaria que lembrasse de mim, mas...

 

Danielle sorri timidamente baixando a cabeça.

 

ALEXANDRE

E aí o que temos?

 

DANIELLE

É algo difícil de explicar... pelo menos para a polícia e para a população local vai ser difícil explicar.

 

ALEXANDRE

Um caso daqueles?

 

Danielle atravessa a fita de isolamento e, lado a lado, os dois caminham para longe da cena do crime enquanto viaturas policiais estacionam. Danielle mostra a lente da câmera para Alexandre.

 

DANIELLE 

Olha estas marcas. Te lembram alguma coisa? Alguma referência?

 

Alexandre analisa as fotos. Dá zoom em uma imagem. 

POV de Alexandre: marcas de mordidas nas pernas, lateral do tronco e nos braços da vítima.

 

ALEXANDRE

Estranho algo assim nesta região depois de tanto tempo.

 

DANIELLE

Pois eu não estranho. Como te disse fazem três anos e meio, e embora remoto, muitas coisas estranhas têm acontecido por aqui.

 

Os dois chegam em um pub com a grade entreaberta. O dono do local, um sujeito alto e gordo e de bigode (50 anos), aparece na entrada com um pano no ombro.

 

DANIELLE

Aberto para nós, seu Valdecir?

 

O sujeito escancara um sorriso e termina de abrir a grade.

 

VALDECIR

Sempre às ordens, doutora Danielle. 

 

CENA 14. OHIO. PUB. INT. DIA. 

O ambiente é simples mas aconchegante, com algumas mesas pequenas dispostas pelo salão, um singelo palco em um canto e o balcão do bar de ponta a ponta. Seu Valdecir passa o pano no balcão e observa de canto de olho tentando escutar a conversa de Alexandre e Danielle em uma mesa do canto. 

Alexandre enche seu copo com uma cerveja barata. Danielle com uma xícara de café preto.

 

DANIELLE

Cerveja à esta hora? Não perdeu a mania, ainda é o mesmo Alexandre que conheci.

 

Alexandre sorri e toma um gole enquanto observa a perita beber seu café.

 

ALEXANDRE

Mas então, acredita mesmo que estes malditos voltaram atacar por aqui?

 

DANIELLE

As imagens não mentem, Alexandre. É um deles sim. Um não, pelo jeito, vários.

 

ALEXANDRE

E a jovem quem era?

 

DANIELLE

A polícia é quem vai confirmar a informação. Mas, pelo que já adiantei, é Estela Armani, 25 anos, dentista recém-formada, casada com um jovem e ambicioso neurocirurgião e...

 

Danielle larga a xícara e se inclina sobre a mesa.

 

DANIELLE (cont.)

...a mais interessante pista que levantei.

 

ALEXANDRE

Ora ora. Diga.

 

Danielle se recosta novamente no encosto da cadeira.

 

DANIELLE

Estela é uma das três pessoas que há exatos cinco anos atrás dividiram um prêmio milionário na loteria.

 

ALEXANDRE

Hummmm. Isso tá ficando interessante.

 

Ele toma mais um gole da sua cerveja barata.

 

ALEXANDRE

E os outros dois sortudos quem são?

 

DANIELLE

Aí vai ficar mais interessante ainda.

 

Ela toma mais um gole de café e se inclina na mesa mexendo no celular. Mostra a tela para Alexandre com a foto de um senhor gordo de óculos.

 

DANIELLE

Artur Sabatine, 60 anos. Ganhou o prêmio e abriu uma das maiores agências de viagens da região. Foi encontrado desmaiado em sua residência com "marcas de mordidas" iguais às encontradas em Danielle.

 

ALEXANDRE

Pacto? E agora os malditos vieram cobrar a dívida?

 

Danielle sorri.

 

DANIELLE

Você me fez acreditar nestas coisas, Alexandre. Eu só estou com o faro mais aguçado e levantando informações. 

 

Ela toma mais um gole do seu café.

 

DANIELLE

Ahhh, a outra vítima foi encontrada morta em sua residência semana passada. Um colega relatou uma parada cardíaca. E, misteriosamente, o corpo foi cremado antes mesmo que eu pudesse averiguar.

 

Escuta-se alguém entrando no pub. Assim como o casal na mesa do canto, seu Valdecir também olha para a entrada. 

Alexandre fica de pé e faz sinal com a mão.

 

ALEXANDRE

Caíque, venha pra cá.

 

POV de Alexandre: seu irmão se aproxima. De jaqueta aberta e calça jeans, ele retira os óculos escuros pendurando-o na gola da camiseta.

 

ALEXANDRE

Danielle, este é meu irmão Caíque.

 

Danielle levanta e estende a mão.

 

DANIELLE

Muito prazer. Ouvi falar muito de você já um tempinho atrás.

 

CAÍQUE

O prazer é meu.

 

ALEXANDRE

Esta é nossa fonte que te falei que encontraríamos por aqui. A mais competente perita criminal que já conheci.

 

Danielle fica envergonhada. Baixa a cabeça sorrindo timidamente e volta a sentar. Alexandre puxa uma cadeira da mesa do lado, oferece para Caíque.

 

ALEXANDRE

Senta, meu irmão. Tudo certo com a reserva no hotel?

 

CAÍQUE (sentando)

Tudo, sim. Lugar aconchegante. Vai dar pra passar a noite depois dessa viagem.

 

Seu Valdecir aproxima-se com um bloco e uma caneta em mãos. Para diante da mesa.

 

SEU VALDECIR

Algo pra comer, beber?

 

Caíque olha para a mesa, o irmão com uma cerveja e a perita criminal com um café.

 

CAÍQUE

Um café preto vai bem, por favor.

 

DANIELLE (sorriso debochado)

Um dos irmãos ao menos é sensato.

 

Todos riem. Seu Valdecir se retira.

 

CAÍQUE

E então? Que aconteceu por aqui?

 

Alexandre toma um gole da sua cerveja. Danielle os observa enquanto toma seu café.

 

ALEXANDRE

Então, meu irmão. Vou te contar uma coisa...

 

CAM se afasta enquanto os dois começam contar para Caíque tudo que sabem. Danielle mostra a lente da câmera. 

CORTA PARA

CENA 15. HOTEL. QUARTO. DIA. INT. 

Alexandre concentrado no notebook. Caíque se aproxima com uma garrafa de cerveja e entrega ao irmão.

 

ALEXANDRE (mostrando um mapa)

Cay, não me resta dúvidas, todas as vítimas moram no mesmo bairro, e todas passaram por problemas financeiros. Pelo relato da Emy, ela aceitou um acordo sem saber as consequências, o mesmo deve ter ocorrido com todas as vítimas. A maneira como elas morreram, é evidente, são cães do inferno. (mostra uma foto) Está vendo essas marcas? São eles vindo em busca de suas almas.

 

CAÍQUE

Tem certeza disso?

 

ALEXANDRE

A Emy disse que quando olhou pela janela, não viu nada, as pessoas não conseguem ver os cães do inferno. Ela disse que estava em dívidas, os demônios se aproveitam da fragilidade das pessoas, e podem aparecer de maneira voluntária ou quando são invocados. Então eles oferecem o que elas querem e em cinco anos ou dez anos, concluem o acordo. É isso o que vem acontecendo. 

CORTA PARA

CENA 16. CASA. SALA. INT. DIA. 

Emy, deitada, ouve barulho de cães. Olha pela janela e não vê nada. Árvores se movimentam. Ela corre para a cozinha, tira o celular do bolso e disca um número.

 

EMY

São eles. O que eu faço? Estão avançando na porta.

 

Dois cachorros começam a socar a porta pelo lado de fora.

 

ALEXANDRE (off)

Pegue sal grosso, faça um círculo e não saia de dentro por nenhuma hipótese, ok?

 

EMY

Eles vão entrar na casa.

 

ALEXANDRE (off)

Faça o que eu falei AGORA. Eles não vão te pegar dentro do círculo, é impossível. Faça isso. Estou a caminho.

 

Emy abre o armário em busca do sal grosso. Os cachorros aumentam as batidas na porta. Emy encontra o sal grosso e faz um círculo. 

CORTA PARA

CENA 17. CASA. SALA. INT. DIA. 

Alexandre e Caíque descem da moto. Alexandre entrega um óculos a Caíque.

 

CAÍQUE

O que é isso?

 

ALEXANDRE

Coloque, rápido, Cay. O óculos permite que você consiga ver os cães do inferno.

 

Alexandre entrega uma arma ao irmão.

 

CAÍQUE

Mas, eu vou matar um cachorro? Não posso fazer isso.

 

ALEXANDRE

Eles são cães do demônio. Temos que matá-los, ou eles vão nos matar.

 

CAÍQUE (colocando o óculos)

Não sei se eu vou conseguir, Alex.

 

ALEXANDRE

Claro que vai.

 

Um dos cães vem em direção aos irmãos. Caíque se atrapalha, Alexandre consegue ver o cão, mira nele e o mata.

 

CAÍQUE

Caraca, essa foi por pouco.

 

ALEXANDRE

Tem que ser mais rápido. Não pode vacilar.

 

CAÍQUE

Atrás de você, cuidado.

 

Alexandre é ferido e cai. O cão avança. Ele tenta se defender, leva uma mordida e a arma cai longe de sua mão.

 

CAÍQUE (treme segurando a arma)

E agora, o que eu faço? Não vou conseguir.

 

ALEXANDRE (grita)

Atira Caíque, rápido. Aperta o gatilho.

 

CAÍQUE (fecha os olhos)

Oh senhor, me ajude.

 

Caíque dispara. O cão é acertado.

 

CAÍQUE

Ufa, essa foi por pouco.

 

Alexandre se levanta.

 

ALEXANDRE

Da próxima vez atire com os olhos abertos. Você podia ter me acertado.

 

CAÍQUE (suspira)

Tá legal.

 

Emy abre a porta.

 

EMY

Está tudo bem?

 

ALEXANDRE

Precisamos conversar.

 

EMY

O que houve?

 

ALEXANDRE

Aquele homem com quem você conversou, era um demônio. Ele fez um pacto e está vindo atrás da sua alma.

 

EMY (nervosa)

Eu vou morrer?

 

ALEXANDRE

Não vamos permitir. 

CORTA PARA 

CENA 18. ENCRUZILHADA. EXT. NOITE. 

Em uma rua deserta, Alexandre, Caíque e Emy. Alexandre pega uma caixa pequena com alguns objetos, coloca uma foto sua, fecha e enterra em um buraco.

 

ALEXANDRE

Ele vai aparecer, eu vou matá-lo e depois de hoje, siga sua vida e nunca mais aceite ofertas de demônios.

 

EMY

Tem certeza que ele não vai mais aparecer?

 

Alexandre olha para os lados e o demônio surge, seus olhos ficam vermelhos.

 

DEMÔNIO

Olha só quem apareceu, os irmãos Walker. Estou chateado, mataram dois cães do inferno. Isso não se faz. E o que minha alma faz aqui?

 

Alexandre aponta a arma para o demônio.

 

ALEXANDRE

Eu vim fazer um trato. Você para de buscar as almas e eu te deixo ir embora.

 

DEMÔNIO

Quer mesmo acabar com o pacto? É impossível. 

 

ALEXANDRE (aponta a arma)

Essa arma, tem balas que mata demônios e eu não tô com paciência para conversas.

 

DEMÔNIO

Você pode até me matar, mas seu destino é irreversível. Você vai matar/

 

Antes de terminar a frase, Alexandre atira no demônio.

 

ALEXANDRE

Eu avisei. Pronto, o pacto está desfeito.

 

EMY

É isso? É só matar o demônio e acabou?

 

ALEXANDRE

Em tese, sim. Para desfazer o pacto, é necessário matar o demônio que o realizou. Tanto o seu, quanto das outras pessoas que ele fez, estão livres agora. 

 

Emy olha para Caíque, aliviada. Caminha até ele e o abraça. Caíque fica um pouco constrangido. Alexandre encara o corpo do demônio morto ao seu lado.  

CENA 19. ESTRADA. EXT. NOITE. 

SONOPLASTIA: Wanted Dead or Alive - Bon Jovi 

Alexandre e Caíque pelas estradas. Caíque buzina e para no acostamento. Alexandre faz o mesmo.

 

ALEXANDRE

Diz aí, Cay, por que parou?

 

CAÍQUE

O que aquele demônio falou do destino... 

 

ALEXANDRE

Relaxa, demônios mentem, não podemos confiar. Eu já disse que vamos dar um jeito. Essa história não vai se repetir.

 

CAÍQUE

Sei não. Tô preocupado.

 

ALEXANDRE

O caso de hoje foi resolvido, não foi?

 

Caíque balança a cabeça, sinal positivo para o irmão.

 

ALEXANDRE

É só questão de tempo e tudo vai se resolver. Agora me diga, onde nossos pais foram?

 

Caíque em silêncio.

 

ALEXANDRE

Era mentira? Olha, Cay, se você quer entrar “nessa”, confiança é o primeiro passo.

 

CAÍQUE

Se eu não falasse aquilo, você acha que eu estaria aqui?

 

ALEXANDRE

Não se esqueça, “confiança”. A bruxa está esperando apenas um momento para colocar um contra o outro. Eu sabia que você estava blefando desde o início. Mas eu gostaria de ver como você sairia em uma situação em campo. E no fundo, devo concordar que você se saiu bem.

 

Caíque sorri. 

 

ALEXANDRE

No entanto, você precisa ser 100% sincero comigo. Se não existir uma relação forte entre a gente, o mesmo destino vai acontecer. Irmão matará irmão. E agora você entende porque não podemos ficar juntos. (sério) Liga essa moto e vamos. O caminho é longo.

 

Os irmãos ligam as motos e seguem pilotando pela estrada. 

CENA 20. CASA DOMENI. COZINHA. INT. NOITE. 

Domeni lavando a louça, coloca um prato na pia. Em seguida coloca outro, porém o mesmo desequilibra e cai. Domeni sente dores na cabeça, grita de dor e cai no chão. Ela fecha os olhos. 

 

DOMENI (abre os olhos)

Eu tenho que impedir.

 

Em Domeni.

 


série criada por
Anderson Silva
Gabo Olsen
Marcos Vinicius

episódio escrito por
Gabo Olsen

revisão de texto
Anderson Silva
marcos Vinicius


elenco
Chirs Wood...................................Alexandre
Matt Dallas.....................................Caíque
Lauren Graham...................................Domeni
Khylin Rhambo....................................Tales


participação especial
Kat Graham....................................Danielle

música
Gasolina - Ginger
Wheel in The Sky - Journey
Wanted Dead or Alive - Bon Jovi

produção
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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