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A Marca do Primogênito: 1x05

Série escrita por Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius
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A MARCA DO PRIMOGÊNITO


FADE IN:


Tela Escura.


LETREIRO


“O irmão entregará à morte o seu irmão, e o pai o seu filho; filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão.”

 

(Mateus, 10:21)


FADE OUT


INÍCIO DO TEASER. 

 

CENA 01. RUAS. NOITE. EXT.

 

Legenda: Bréscia, Itália. 1176 d. C.

 

Giovanni (29 anos, pardo, alto) corre desesperado em algumas ruas estreitas e pouco iluminadas. Tochas de fogo presas a paredes de algumas casas, iluminam alguns pontos. Ao ouvir passos de cavalos vindo a frente, rapidamente se esconde em um beco escuro. Três guardas passam em frente ao beco. Ambos erguem tochas, como se estivessem à procura de algo. Passam direto do local, ignorando-o. Giovanni sai parcialmente agachado, olha para os dois lados e repara que está seguro. Volta a correr em direção oposta à que foram os guardas.

 

CENA 02. CASA DOS BERNADINI. SALA. NOITE. INT.

 

Um casal de idosos, com aparentemente 60 anos, estão sentados um ao lado do outro, em duas cadeiras de madeira. O senhor acaricia a mão de sua esposa, ambos com um semblante de preocupação no rosto. A porta do local é aberta subitamente. Giovanni entra na sala, tranca a porta colocando uma trava em seu meio. Vira-se e vê seus pais no centro da sala, de mãos dadas.

 

GIOVANNI

Mãe. Pai. (se aproxima) Eu consegui. Conversei com o líder do grupo. Partiremos antes do sol raiar.


Vittorio (34 anos, alto, corpo atlético) entra no ambiente. Caminha lentamente em direção ao casal.

 

VITTORIO (sério)

Então você é o traidor.

 

GIOVANNI (surpreso, récua)

Irmão?

 

VITTORIO (sério)

Quero que você me diga agora o nome de cada um dos indivíduos, que pretendem fugir do reino.

 

GIOVANNI (disfarça, nervoso)

Fugir? Do que você tá falando.

 

VITTORIO

Eu sei de tudo, Giovanni. Mamãe contou pra mim.

 

Giovanni olha para sua mãe, que baixa a cabeça e começa a chorar.

 

MÃE(chora)

Me perdoa, filho!

 

É consolado pelo o marido, que a abraça. Giovanni observa o irmão.

 

GIOVANNI (nervoso)

Pretende entregar a sua família para o rei?

 

VITTORIO

Se for necessário, sim!

 

GIOVANNI

A sua própria família?

 

VITTORIO

Eu não pertenço mais a essa família. Sou um nobre agora. Vou me casar com a filha do rei em alguns meses. Tenho em minhas mãos o controle de todo o exército do reino.

 

Se aproxima de Geovanni, que recua em direção a porta.

 

GIOVANNI

Você deve estar feliz com isso. Era tudo que queria. Não, é?

 

VITTORIO

Sim, estou. Ficarei mais ainda... (puxa sua espada da cintura) ...se você começar a me citar nomes.

 

Ergue a espada em direção ao irmão, que fica encurralado ao chegar à porta. CAM destaca a marca da maldição no braço direito de Vittorio.

 

VITTORIO

Faça algo bom em sua vida e comece a falar.

 

GIOVANNI

Pra que? Pra você mandar seus soldadinhos atrás de cada um e os levar para guilhotina?

 

VITTORIO

O que eu vou fazer com os traidores não importa. Ambos traíram o Rei e merecem ser punidos.


GIOVANNI

Você não era assim, irmão? Eu me lembro de quando éramos crianças. Costumávamos brincar por este vilarejo juntos. Brincávamos muito. Éramos felizes.

 

VITTORIO

Quer saber de uma coisa, irmão? Eu sempre odiei brincar com você. Eu nunca gostei dessa família. Sempre tive ódio por ter nascido em um lugar tão pobre quanto este.

 

Giovanni escuta aquilo pasmo. Olha para sua mãe, que continua chorando de cabeça baixa. Sente pena dela por estar ouvindo aquilo.

 

VITTORIO

Eu não via a hora de ter a maior idade, e fazer parte da guarda do rei. Foi a partir deste momento, que a minha vida começou a melhorar.

 

PAI

Eu sempre soube que você tinha vergonha da gente.

 

VITTORIO

E quem não teria? (a seus pais) Quem que não teria vergonha de ter nascido em uma família pobre como esta. Morar em um casebre, caindo aos pedaços desse. Só o meu quarto no castelo é cinco vezes isso aqui.

 

MÃE (ergue a cabeça)

Diga o que quiser, mas aqui você foi criado com amor.

 

VITTORIO

Amor não leva ninguém a diante. (a Giovanni) Amor é um empecilho para os fracos.

 

Coloca a espada na garganta de Giovanni.

 

VITTORIO

Vou lhe dar apenas uma chance de me dizer os nomes dos outros traidores.

 

Os dois se encaram por um bom tempo.

 

GIOVANNI

Vá em frente. Você não terá coragem de matar o seu próprio irmão.

 

VITTORIO (sério)

Quer tentar a sorte? Já que você quer ir por esse caminho.

 

Com um gesto rápido, Vittorio enfia a espada no meio do peito de Giovanni. O casal de idosos grita desesperado ao ver aquela cena.

 

VITTORIO (próximo a Giovanni)

Eu não tenho irmão!

 

Vittorio puxa de uma vez a espada do peito de Giovanni. O corpo dele desce lentamente, encostado à parede. Seus olhos arregalados continuam a observar a frieza daquele que um dia costumava brincar junto. Na sequência, seu rosto vira-se para seus pais. A última imagem que vê, é deles chorando. Seus olhos se fecham, morto.

 

MÃE (chora)

Giovanni!!! (a Vittorio) Ele era seu irmão!

 

VITTORIO

Ao menos eu descobri que há um grupo traidor no reino. Pegar esses ratos será fácil.

 

PAI

Filho, o que aconteceu com você? Você não agia assim.

 

Vittorio se aproxima de seus pais. Os dois abraçam forte um ao outro.

 

VITTORIO

Estão tristes porque perderam o filho favorito? (ergue sua espada) Não se preocupem. Vocês logo se juntarão a ele.

 

Em um ato rápido, Vittorio corta de uma só vez a cabeça de seus pais. Ambas caem próximas aos pés dele. Vittorio as observa, com um olhar de desprezo.

 

FIM DO TEASER.

1x05 - UM PRESENTE DE BRUXA

 

CENA 03. MANSÃO. BIBLIOTECA. NOITE. INT.

 

Legenda: Manning, Colorado.

 

Vista panorâmica de uma ampla sala circular. Várias prateleiras cheias de livros dos mais variados tipos. CAM destaca a mão de um homem, segurando um livro entreaberto. Seu rosto não é revelado. Ele caminha em direção ao centro da sala, onde há uma mesa de madeira retangular. O livro é colocado sobre ela, revelando outros livros entreabertos. O homem senta-se, apoiando seus braços ao lado do livro. CAM destaca a marca da maldição em seu braço direito. 


POV do homem revelando várias páginas abertas mostrando símbolos esquisitos e palavras estranhas. Visão superior da mesa, CAM se distancia lentamente. O homem parece concentrado em meio aqueles livros espalhados à sua frente. 


CORTA PARA


CENA 04. RUA. NOITE. EXT.


Um vento forte assobia pelas ruelas escuras levantando algumas folhas amareladas enquanto uma chuva fina insiste em cair.


As luzes incandescentes de um poste piscam uma, duas, três vezes até se apagarem por completo. É quando um par de olhos vermelhos como sangue surgem em meio à escuridão. 


O dono dos olhos vermelhos anda apressadamente em direção à CAM. Vemos que se trata de um homem alto e forte usando um sobretudo preto e um chapéu estilo cartola. Seus olhos vermelhos sangue invadem o campo de visão.


FUSÃO PARA


CENA 05. PAVILHÃO ABANDONADO. NOITE. EXT.


O homem de sobretudo atravessa o longo pavilhão a passos largos. Ao seu redor as paredes pichadas se contrastam com as vidraças quebradas. Ele chega perto de um grande alçapão. Se agacha e puxa as grossas correntes, que parecem ser impossíveis de se mover apenas com a força humana.


Ele olha para os lados e começa descer pela estreita escada de ferro que leva para um andar inferior.


CORTA PARA


CENA 06. GRANDE SALÃO. NOITE. INT.


O homem de sobretudo anda por um estreito corredor na direção de luzes coloridas que piscam em um salão. Quanto mais se aproxima do seu destino mais alto e vibrante se torna a música frenética que insiste em tocar numa só batida.


Ao chegar na porta um homem negro, grande e forte, usando terno preto e gravata vermelha para à sua frente. O homem de sobretudo pega algo no bolso e entrega ao negro, que verifica e libera a sua passagem. A música frenética está à todo o volume.


POV do homem de sobretudo, várias pessoas dançam loucamente enquanto bebem e fumam. Mulheres vestidas como góticas com grossas maquiagens se insinuam no meio da pista. A fumaça se espalha pelo ar.


O homem de sobretudo pega uma taça de champanhe com um garçom que está passando e segue caminhando em meio àquelas pessoas, que parecem estarem em outra dimensão.


Quando chega do outro lado do salão, livre de todas aquelas pessoas dançantes, o homem de sobretudo larga a taça de champanhe sobre um balcão lateral e entra  em um longo e branco corredor.


CORREDOR


Toda a música cessa. Escuta-se apenas o TOC-TOC do seu sapato no piso quadriculado enquanto ele se dirige à uma porta vermelha no final do corredor.


FUSÃO PARA


CENA 07. SALA SECRETA. NOITE. INT.


A porta vermelha é aberta e as luzes fluorescentes são acesas iluminando uma sala retangular com duas mesas metálicas lado a lado, no centro com lençóis brancos e ao redor diversas gavetas embutidas. O homem de sobretudo adentra fechando a porta às suas costas. Tira o sobretudo e o pendura em um cabideiro ao lado da porta. O mesmo faz com sua cartola, passando cuidadosamente um pente fino ajeitando seus cabelos pretos penteando-os para trás. Um sorriso de satisfação toma conta de sua face e seus olhos vermelho sangue brilham fortemente.


POV do homem: visivelmente há corpos debaixo dos lençóis brancos sobre as mesas metálicas. Sua mão aproxima-se de uma mesa puxando o lençol e revelando o corpo nú de uma jovem de aparentemente uns 20 anos. Loira, pele bronzeada e uma mancha vermelha no pescoço.


CORTA PARA


CENA 08. LANCHONETE. NOITE. INT.


Alexandre e Caíque estão sentados em uma mesa, ao lado de uma janela de vidro. CAM destaca as motos deles estacionadas logo a frente. Enquanto Alexandre devora um hambúrguer duplo de carne, Caíque mexe em seu notebook a procura de um caso.


CAÍQUE

Acho que encontrei um. Veja o que acha? 


Vira o notebook em direção ao irmão. Lança um olhar de desaprovação, pela forma que o irmão devora o hambúrguer.


CAÍQUE

Teus modos durante as refeições mudaram muito.


ALEXANDRE

Quando se tá muito tempo na estrada... (de boca cheia) ...ou você aprende a comer rápido ou você acaba virando o lanchinho de alguém.


Pega o guardanapo, limpa a boca. Empurra o prato para o lado e presta atenção na tela do notebook.


CAÍQUE

Enfim... uma moça de 20 anos foi encontrada morta em seu quarto, com o sangue todo drenado.


ALEXANDRE

Vampiro!


CAÍQUE

Vampiros realmente existem?


ALEXANDRE

Não era pra existir coelhinho da páscoa, e aquelas criaturinhas existem! E um conselho: não tente tocar nos ovos de chocolate deles. Aquelas coisinhas são piores que pitbull com raiva.


CAÍQUE

Uau. Tenho muito o que aprender então. Bem, isso explica os pontos vermelhos na garganta da garota.


ALEXANDRE

Vampiro!


CAÍQUE

A cidade onde ocorreu o crime não é longe daqui. (puxa o notebook pra si) O que acha? Podemos passar lá, antes de voltarmos para casa da tia.


ALEXANDRE

Na real, Caíque. Acho que não deveríamos estar procurando casos pra resolver agora. Já que você sabe de tudo, deveríamos estar atrás da bruxa velha. 


CAÍQUE 

Só que você falou que o próximo caso que eu encontrasse, iria deixar que eu resolvesse.


ALEXANDRE

Vampiros são ardilosos. Não acho que seja um bom caso pra você começar a resolver sozinho. 


O celular de Alexandre que estava sobre a mesa vibra. Ele pega o aparelho, desbloqueia e vê uma mensagem de um remetente desconhecido. 


MENSAGEM DE TEXTO

“Eu tenho o que você procura. Eu sei como pôr um fim na maldição.”


O semblante de Alexandre fica sério. Caíque fica desconfiado, ao ver a reação do irmão.


CAÍQUE

Tudo bem?


ALEXANDRE

Bebi demais, agora tenho que me aliviar. Já volto (se levanta) Procure outro caso. 


Alexandre sai. Em Caíque com olhar desconfiado. 


CENA 09. LANCHONETE. BANHEIRO MASCULINO. NOITE. INT.


Alexandre entra no banheiro com o celular no ouvido. Vai diretamente até o espelho. Após tocar algumas vezes, a pessoa do outro lado atende.


VOZ MASCULINA (V.O.)

Olá, Alexandre. Sabia que ligaria, assim que lesse a minha mensagem.


ALEXANDRE

Quem tá falando?


VOZ MASCULINO (V.O.)

Um amigo que apenas quer ajudar você e seu irmão.


ALEXANDRE

Um amigo?! Sei. Escuta aqui seu demônio desgraçado, se você está a mando da bruxa, tentando pegar eu e meu irmão em uma armadilha, pode tirar o seu cavalinho da chuva que não vamos cair nessa. Entendeu?


VOZ MASCULINA (V.O)

Eu não sou um demônio, Alexandre. E fiquei ofendido por você me comparar com uma dessas criaturas detestáveis. Garanto a você que sou apenas um amigo que quer ajudar. E assim como você, quero colocar um ponto final nessa maldição.


ALEXANDRE

Como você sabe da maldição?


VOZ MASCULINA (V.O.)

Venha me visitar, que eu prometo que contarei tudo a você. O endereço está na mensagem que te enviei. Estarei te esperando. (desliga)


Alexandre observa seu reflexo no espelho, indeciso. 


CENA 10. LANCHONETE. NOITE. INT.


Alexandre sai do banheiro, direto para a sua mesa. Não se senta. Caíque vira o notebook em direção ao irmão e antes que falasse alguma coisa que pudesse convencê-lo do caso, Alexandre o surpreende.


ALEXANDRE (sério)

Vamos investigar o seu caso!


CAÍQUE

Tá falando, sério? 


ALEXANDRE

Sim. Eu prometi a você que daria o primeiro caso que encontrasse. Então, vou cumprir a minha promessa.


CAÍQUE (comemora)

Beleza. 


CENA 11. RESIDÊNCIA DOS FERNANDEZ. NOITE. EXT.


Um aglomerado de curiosos está em frente ao portão de entrada da casa, tentando entender o que aconteceu. As luzes das sirenes de duas viaturas policiais iluminam a fachada de entrada, onde dois policiais isolam o local com fitas amarelas.


CENA 12. RESIDÊNCIA DOS FERNANDEZ. SALA. NOITE. INT.


Um homem (30 anos), cabelos curtos e usando um colete preto com os dizeres "PERÍCIA CRIMINAL", está de costas na janela da frente examinando o vidro com uma lupa.


Escuta-se passos adentrando a residência. O perito vira-se e se depara com Caíque.


PERITO

Local isolado pra perícia. Ninguém pode interferir.


Caíque aproxima-se retirando do bolso da jaqueta um cartão. Estende o braço mostrando o mesmo para o perito.


CAÍQUE

Tenho autorização do delegado local. A propósito, não quero atrapalhar teu trabalho, somente ajudar.


O perito, desconfiado, aproxima o rosto e lê o documento.


CAÍQUE

Conseguiu encontrar algum vestígio?


PERITO

Vestígios alguns poucos. Mas nenhum que possa se tornar uma evidência. 


Caíque observa a janela onde há, claramente, alguns resquícios de sangue.


CAÍQUE

Sangue da vítima?


PERITO

Era isso que estava vendo quando você chegou. Pode ser da vítima. Pode ser de sua mãe que está lá na viatura chorando e com um machucado no braço...


CAÍQUE

Hummmm, certo. Eu vou conversar com ela. Vou deixar você fazer seu trabalho.


Caíque guarda o cartão no bolso enquanto observa o local. O perito vira-se voltando sua atenção para a marca no vidro da janela.


CORTA PARA


CENA 13. RESIDÊNCIA DOS FERNANDEZ. CALÇADA. NOITE. EXT.


Uma senhora (60 anos), cabelos grisalhos e rosto cansado, chora sentada no banco traseiro de uma viatura com a porta aberta. Ela tem um pano enrolado em seu braço esquerdo. Caíque se aproxima e se escora na viatura.


CAÍQUE

Estou autorizado para ajudar nas investigações. (mostrando o cartão) Sou Caíque Walker. E você?


SENHORA

Maria. Maria Fernandez.


CAÍQUE

Mãe da jovem?


MARIA

Sim. Gisela é minha filha.


A senhora baixa a cabeça. Chora com a mão sobre o braço machucado.


CAÍQUE

Está doendo muito?


MARIA

Já está melhor. O que me preocupa é saber o paradeiro da minha filha. Você pode ajudar com isso?


CAÍQUE

É o que pretendo e também quero saber. Você machucou o braço tentando ajudar sua filha?


MARIA

Eu tentei, mas cheguei tarde. Tudo estava trancado. Forcei a janela e me machuquei. E quando consegui quebrar o vidro pra sair ele já estava longe com a minha filha.


CAÍQUE

Ele?


MARIA

O homem de capa. Eu já disse isso pro policial. Eu não quero mais falar.


Caíque faz um afago no ombro da senhora.


CAÍQUE

Nós vamos encontrar a Gisela. Ou melhor, eu vou achar sua filha.


Caíque se afasta indo na direção do policial na porta da casa. O perito sai ao mesmo tempo com um frasco de dentro da residência.


CORTA PARA


CENA 14. MANSÃO. ÁREA EXTERNA. NOITE. EXT.


Alexandre estaciona sua moto em frente de um grande portão de ferro. Antes que pudesse descer do veículo e tocar o interfone, o portão se abre, como se estivesse à sua espera. Ele prossegue seu caminho percorrendo uma longa estrada de pedra. Chega em uma rotatória com um pequeno chafariz no centro. A frente, uma majestosa mansão. 


Estaciona a moto à frente da pequena escadaria. Desce do veículo e retira seu capacete. Observa o amplo espaço à sua frente, em seguida, vira-se para a mansão. 


ALEXANDRE

Seja quem for que more aqui, a pessoa tá montada na grana.


Observa mais uma vez ao redor. Espera encontrar algum demônio, monstro ou algo do tipo. Mas tudo que vê, é um lugar de absoluta paz. Sobe os cinco degraus da escadaria a sua frente. Se posiciona em frente a porta e antes que tocasse a campainha, a porta se abre.


ALEXANDRE

É, Alexandre... alguém realmente está à sua espera.


Olha um pouco desconfiado antes de entrar. Olha para trás, receoso. Pega seu celular com a intenção de enviar uma mensagem para o irmão e percebe que o aparelho está sem sinal.


ALEXANDRE

Só me faltava essa agora. (guarda o aparelho) Espero que eu não esteja entrando em uma fria. 


Adentra no local, a porta se fecha. 


CORTA PARA


CENA 15. MANSÃO. SALÃO CIRCULAR. NOITE. INT.


Alexandre olha para a porta que se fechou sozinha. Imediatamente puxa sua arma da cintura. Porém, não vê nada. Anda lentamente com a arma em mãos, até um grande salão. O amplo espaço apresenta uma arquitetura refinada, com várias pinturas espalhadas no ambiente. Uma pintura chama a atenção de Alexandre, que guarda a arma na cintura. 


Vai até a pintura, cujo desenho tem um corpo de um homem deitado sobre uma grande pedra, manchada de sangue. Logo atrás dele, outro homem com um semblante triste no rosto, segurando uma lança nas mãos. A ponta da lança está manchada de sangue, assim como o rosto do homem que está em pé.


CAIM (cordial)

Seja bem-vindo, Alexandre!


Automaticamente, Alexandre empunha sua arma nas mãos e aponta para o senhor que aparece logo atrás dele.


CAIM (cordial)

Creio que este gesto não será necessário.


ALEXANDRE

Quem é você? E o que você quer comigo?


CAIM

Por favor, me acompanhe até a minha biblioteca que eu terei o prazer de responder todas as suas perguntas.


Caim vai em direção a um corredor. Alexandre o segue, ainda com a arma empunhada em mãos. No final do corredor, uma porta entreaberta. O senhor havia entrado ali. Alexandre a empurra com a ponta do pé. Olha um pouco desconfiado para dentro do local, entra na sequência.


CORTA PARA


CENA 16. MANSÃO. BIBLIOTECA. NOITE. INT.


Caim está sentado em sua mesa, observa Alexandre vindo em sua direção ainda com a arma apontada.


CAIM

Eu disse que esse gesto não será necessário.


ALEXANDRE

Você ainda não me respondeu quem é. Então, até que você seja muito bem apresentado, essa arma vai continuar sendo apontada para a sua cabeça.


CAIM 

Muito bem. Me chamo Caim! Primogênito de Adão e Eva, irmão de Abel, o qual eu matei a sangue frio milênios atrás.


Alexandre baixa a arma, surpreso com o que acaba de ouvir. O observa, boquiaberto.


CAIM

Eu fui o início da maldição. E você será o fim dela!


CORTA PARA


CENA 17. PAVILHÃO ABANDONADO.NOITE.EXT. 


Caíque atravessa o pavilhão com sua moto de faróis acesos. Estaciona próximo à entrada para a parte inferior, onde as grossas correntes lhe chamam a atenção. Desce e retira o capacete, largando-o sobre a moto. Agacha e examina as correntes, fazendo uma tremenda força sem conseguir movê-las.


CAÍQUE

Droga! 


Caíque levanta e observa o lugar vazio ao redor. Pega o celular do bolso da calça.


CLOSE na tela do aparelho onde ele digita:


"Alexandre, acho que encontrei o esconderijo do vampiro. Só pode ser aqui! Me liga quando ver esta mensagem."


Caíque guarda o celular pensativo.


CAÍQUE

Eu vou ter que dar um jeito de entrar aí.


CORTA PARA


CENA 18. SALA SECRETA. NOITE. INT.


O homem de sobretudo está arqueado sobre o corpo da jovem. O sorriso de satisfação toma conta de seu semblante. 


CLOSE no rosto do homem que abre a boca lentamente revelando grandes presas. Seus olhos voltam a ficar de um vermelho cintilante. 


POV do homem: o corpo nú da jovem. A pele jovem e lisinha. O seu olhar foca no pescoço dela. Se aproxima e crava suas presas. O sangue surge preenchendo a tela.


Tudo escurece por alguns segundos. Aos poucos, flashes clareiam o lugar.


Flash 1): A jovem nua e seu corpo com manchas de sangue.


Flash 2): As mãos do homem de sobretudo abrem uma gaveta metálica.


Flash 3): Sua mão retira uma bolsa vazia.


Flash 4): Suas mãos colocam um dreno no pescoço da jovem, onde, visivelmente, há as marcas das presas.


Flash 5): Pela mangueira presa na ponta da bolsa, o sangue começa a passar do corpo da jovem para a bolsa.


CORTA PARA


CENA 19. MANSÃO. BIBLIOTECA. NOITE. INT.


Alexandre de frente para Caim, o observa ainda incrédulo. 


ALEXANDRE

Você realmente quer que eu acredite que você é Caim? Aquele mesmo Caim que é citado na Bíblia. Que matou o irmão.


CAIM

Não vejo problema em não acreditar nisso. Por favor, rapaz, senta-se. Você em pé, está me dando agonia. 


ALEXANDRE

Qual, é? Eu tenho cara de idiota por acaso? Impossível você estar vivo.


CAIM

Para um humano normal, talvez. Só que depois que eu recebi esta marca... (sobe a manga de sua camisa social) ...eu deixei de ser humano há muito tempo.


Alexandre observa a marca no braço direito de Caim. Ele ergue seu braço, puxa a manga de sua jaqueta e mostra a sua. Como se estivesse em sintonia, a marca no braço de Alexandre começa a doer. Rapidamente ele recua seu braço para perto do seu corpo, senta-se na poltrona ao lado, como tentativa de conter a dor.


Caim esconde a sua marca, fazendo a dor que Alexandre estava sentindo, parasse. 


CAIM

A marca ressoou comigo, porque eu sou o verdadeiro dono dela. Não você. 


ALEXANDRE

Já que é assim, então porque não tira logo ela do meu braço e acaba com essa droga de maldição. 


CAIM

Se fosse tão fácil assim, meu rapaz. Mas a maldição está protegida por um feitiço bem poderoso. Feito por sangue e alma. O único modo de acabar com isso, é matando a própria bruxa.


ALEXANDRE

Bruxa maldita. (recompõe sua manga ao normal) E se você está vivo este tempo todo, porque nunca pegou essa desgraçada?


CAIM 

Eu tentei. E muito. Mas os poderes dela só foram aumentando ao longo do tempo. E embora eu tenha ganhado a imortalidade, eu não sou nenhum bruxo. Procurei ajuda com algumas bruxas, mas nenhuma era forte o suficiente para quebrar a maldição.


ALEXANDRE

Em compensação, conseguiu construir uma fortaleza. Casarão enorme este que você vive, com certeza você está protegido da bruxa aqui.


CAIM

Não, não estou. E mesmo que estivesse, eu não sou mais alvo dela. O único prazer de Serafine agora, é repetir a mesma história com os meus descendentes. E esta mansão é apenas um local onde eu posso acabar com o tédio que é a minha vida. Já li todos os tipos de livros que existem. Pintei diversos quadros, inclusive, os que você viu na sala, são todos meus.


ALEXANDRE

Bacana. Só que enquanto você fica aqui, em seu mundinho cor de rosa, protegido nessa sua bolha feliz, vários irmãos se mataram ao longo de diversas gerações. E pra quê?  É prazeroso pra você também, ver um irmão matando o outro? (soca a mesa, furioso) É prazeroso pra você? É? Me responde, droga! 


Se levanta, apoia os dois braços sobre a mesa. Se aproxima de Caim, que parece não esboçar sentimento algum.


CAIM

Não. Não, é.


ALEXANDRE

Não? Então porque não fez nada? Então porque não foi lá e enfrentou a maldita bruxa. (senta-se) Só que é mais cômodo, ficar aqui dentro protegido, do que resolver um problema que você mesmo criou. 


Caim olha para seu braço e, pela primeira vez, esboça uma tristeza no rosto.


CAIM

Eu sei o que você está sentindo, Alexandre. Quando Deus colocou essa marca em mim, foi para me proteger das outras pessoas que pudessem me matar, após saber o que eu fiz com o meu irmão. (a Alexandre) Eu deixei a minha família, a cidade onde cresci e vaguei pelo o mundo tentando recomeçar. Mas matar meu irmão foi necessário. E eu terei o maior prazer em lhe contar a minha história em um outro momento. Hoje eu lhe convidei com um outro objetivo.


CORTA PARA


CENA 20. PAVILHÃO ABANDONADO. NOITE. EXT.


Tudo escuro. Escuta-se o zunido do vento cortando o ar e um pedaço de papel branco vai de encontro a CAM preenchendo a tela.


Aquele pedaço de papel é levado pelo vento através do pavilhão.


Estrondos fortes misturam-se ao zunido e o papel vai na direção das batidas até parar ao lado de um pé calçando uma bota preta. Os estrondos cessam.


Caíque joga uma barra de metal no chão e limpa o suor da testa passando a manga da jaqueta. À sua frente as correntes estão desfeitas e a grande porta aberta.


Caíque nota o pedaço de papel aos seus pés. Se abaixa e junta. Abre e lê.


POV de Caíque: "Eu sou a noite, e só a noite o compreende e o acolhe nos braços. Unido com as sombras. Sem pesadelos. Uma paz inexplicável."


Caíque amassa o pedaço de papel e o joga ao chão perto da barra de metal.


CAÍQUE

Eu sabia que estava certo. É aqui que vocês se escondem, não é?


Caíque se lança descendo as escadas.


FUSÃO PARA


CENA 21. GRANDE SALÃO. NOITE. INT.


Caíque termina de descer as escadas. Se depara com um longo corredor estreito e uma batida eletrônica vinda do final deste, detrás de uma porta. Olha o celular: Alexandre ainda não visualizou a mensagem. Verifica o sinal, que já está fraco, grava um áudio.


CAÍQUE

Tô dentro do local, Alexandre. Consegui finalmente entrar. Não se preocupe, eu vou acabar com esse vampiro. Me espera no hotel mais tarde.


Caíque guarda o celular no bolso.


CAÍQUE

Você vai se orgulhar de mim, irmão. Vou usar tudo o que você me ensinou.


FLASHBACK


CENA 22. HOTEL. QUARTO. TARDE. INT.


Alexandre está sentado na cama, com Caíque a sua frente do outro lado. Alguns itens estão espalhados sobre a cama, como frascos contendo um líquido vermelho e uma parang (considerada uma faca enorme).


ALEXANDRE

O que você precisa saber sobre os vampiros é o seguinte: eles são seres sorrateiros e você tem que tomar muito cuidado. Eles andam somente à noite, porque a luz do sol queima sua pele. Tem uma super força, são velozes e ágeis, com todos os seus sentidos bem aguçados. Se parecem com humanos comuns, mas quando se transformam aparentam unhas pontiagudas e cortantes. Revelam suas presas retráteis, semelhantes a de tubarão. 


CAÍQUE

Parecem ser criaturas bem perigosas.


ALEXANDRE

E são. Portanto, não quero que você faça nada sozinho. Investigue e depois me conte tudo o que descobriu que pensaremos em um plano pra capturar estes infelizes. Os vampiros apresentam alguns pontos fracos também. 


CAÍQUE

Tipo água benta?


ALEXANDRE

Estamos tratando de vampiros de verdade, não desses criados pra assustar criancinhas. E água benta só funciona em demônios. O que deixa um vampiro fraco é isso aqui. (pega o frasco contendo o líquido vermelho) Sangue do homem morto. Isso os deixa incapacitados por um momento. É útil para interrogatórios. Mas a única forma de matá-lo, é decapitando a cabeça fora. (pega a parang). Então não hesite. Na oportunidade que tiver, corte a cabeça deles fora. Porque eles sugam seu sangue na primeira chance que tiver.


Caíque observa a expressão séria no rosto do irmão. Observa a arma na mão de Alexandre.


ALEXANDRE

Os vampiros nunca andam sozinhos. Eles vivem em ninhos e é lá que eles guardam suas presas. Você é esperto e tenho certeza que não entrará no ninho deles sozinho.  


FIM DO FLASHBACK.


CENA 23. GRANDE SALÃO. NOITE. INT.


SONOPLASTIA: Waves - Dean Lewis (versão em violino)


Caíque se dirige para a porta na medida em que a trilha sonora se mescla com algumas batidas eletrônicas mais intensas. Ele retira de suas costas uma parang. Segura firme na mão direita e segue o caminho lentamente. 


FUSÃO PARA


CENA 24. SALA SECRETA. NOITE. INT.


O homem de sobretudo levanta a cabeça sorrindo.


HOMEM

Já estava na hora. 


Ele acaricia o cabelo da jovem deitada à sua frente.


HOMEM

Eu realmente gosto quando estes malditos caçadores aparecem por aqui!


Seus olhos vermelhos cintilantes voltam a brilhar e ele exibe suas presas. Dirige-se até a porta, coloca seu sobretudo e sai.


FIM DA SONOPLASTIA


CENA 25. GRANDE SALÃO. NOITE. INT.


A porta se abre sozinha quando Caíque chega próximo. 


POV de Caíque: várias pessoas vestidas de preto dançando loucamente ao som da batida eletrônica incessante.


PLANO ABERTO mostra Caíque de um lado do salão, muita gente dançando no meio e, do outro lado do salão, surge o homem de sobretudo. Ele levanta a mão direita para o alto e, imediatamente, a música cessa.


HOMEM (tom alto)

Ora ora, o que temos aqui! Um caçador. Carne nova. Sangue novo. Recebeu o bilhete, caçador?


O homem começa a andar em meio aos seus súditos.


HOMEM

Vejam quem ousa interromper nossa festa.


CLOSE nos olhos arregalados de Caíque. Tenta se manter firme, empunhando sua arma. 


POV de Caíque: todas aquelas pessoas viram o rosto para ele em um só gesto. Seus olhos vermelhos cintilantes brilham de uma forma que Caíque jamais viu. Eles abrem suas bocas e exibem suas presas. É um grupo muito maior do que o jovem Caíque imaginou.


HOMEM (andando)

A música não pode parar.


A mesma batida eletrônica incessante volta a tocar.


As mulheres vampiras em seus trajes pretos e provocantes dançam sensualizando e cercam Caíque. Os homens permanecem mais atrás com sorrisos estampados em suas faces exibindo as suas presas. Caíque mantém sua arma empunhada, está pronto pra atacar qualquer uma delas que se aproximar dele.


HOMEM (chegando à frente dos demais)

Bem-vindo à escuridão, meu rapaz. Aqui a noite nunca termina, caçador. 


Lançando um olhar amedrontador, ele ordena que cada uma daquelas mulheres que dançam sensualizando, ataquem Caíque. Sorrateiramente, uma delas consegue tirar a arma das mãos de Caíque, deixando-o sem reação. Sem poder fazer nada, se deixa ser tomado. 


Uma a uma avançam e começam sugar seu sangue. A batida torna-se mais alta. Caíque cai e seu corpo é coberto por aquelas mulheres. Uma névoa começa tomar conta do lugar até não se enxergar mais nada.


CORTA PARA


CENA 26. MANSÃO. BIBLIOTECA. NOITE. INT.


Continuação da cena 19.


CAIM

Eu vejo potencial em você, Alexandre. De todos os meus descendentes, você tem pulso firme. Não volta atrás em suas promessas. Por isso acredito que não irá matar seu irmão.


ALEXANDRE

E não vou mesmo. Prefiro dar um tiro em mim, antes de tirar a vida do Caíque. 


CAIM

Eu espero que dessa vez eu não esteja errado. Portanto, quero lhe entregar algo. 


ALEXANDRE

O que?


CAIM

A lança que eu usei para matar meu irmão.


ALEXANDRE

Sério? E onde ela está? 


CAIM

Ela não está aqui. A deixo guardada em um esconderijo, longe dela.


ALEXANDRE

Então?


CAIM

Eu vou lhe dar assim que você conseguir capturá-la. 


ALEXANDRE

Impossível. Estou há anos atrás dessa bruxa, e nem sinal dela.


CAIM

Não se preocupe. Eu tenho um jeito de atraí-la até você.


Alexandre se ajeita um pouco da cadeira, próximo a Caim. Se atenta a tudo que ele diz. Caim detalha em seu plano em off.


CENA 27. GRANDE SALÃO. NOITE. INT.


Tudo silencia por longos segundos. A névoa dá lugar a um forte clarão e o estrondo de algo quebrando interrompe o silêncio.


Serafine envolta em uma capa preta de capuz, deixando apenas as pontas dos seus cabelos tingidos de vermelho aparecerem, surge à frente do homem de sobretudo e dos outros vampiros. 


Todos se surpreendem com sua presença. Ela traz consigo uma lança com uma cruz de vidro esverdeada na ponta. Aponta na direção dos vampiros.


SERAFINE

O que vocês fizeram?!


HOMEM (debochado)

Mas que noite surpreendente! Se não é a famosa bruxa, Serafine. Não era você que queria a morte deste caçador?


Serafine aponta a lança na direção do homem de sobretudo que insiste em se aproximar. A cruz de vidro esverdeada acende sua luz.


SERAFINE

Não é desta forma que ele deve morrer.


O homem de sobretudo para seu rosto bem próximo da luz esverdeada da cruz. 


HOMEM

Um caçador entra em nosso ninho, não podíamos deixar que ele saísse vivo.


SERAFINE

Você quer morte? Eu posso mostrar pra você!


Ela se vira e aponta a lança para as mulheres em cima de Caíque. Sussurra algo indecifrável e um raio esverdeado sai da cruz de vidro atingindo as mulheres. O corpo delas imediatamente entram em chamas. Uma chama verde as consome, enquanto gritam de dor. 


Os outros vampiros ameaçam partir para cima dela. Serafine vira-se rapidamente e dá o mesmo fim aos demais vampiros. O homem de sobretudo sorri e ergue os braços para cima, em sinal de rendimento.


HOMEM

Ok, ok. Você venceu, Serafine. Me rendo à você.


Serafine sorri e guarda a lança nas costas. Tira o capuz revelando sua pele branca como a neve. Vai de encontro à Caíque caído no chão. Levanta sua cabeça apoiando-a em seu colo. Sussurra algo em seu ouvido.


Ouve-se um zunido ensurdecedor. Serafine levanta o olhar.


POV de Serafine: o homem de sobretudo desaparece como uma nuvem de fumaça pela porta e todo lugar começa a arder em chamas. Ela tosse.


CENA 28. ESTRADA. NOITE. EXT.


O corpo de Caíque está na beira da estrada, ao lado de uma floresta. Ele desperta, um pouco desorientado. Sua roupa está completamente manchada de sangue, mas seu corpo não apresenta nenhum ferimento. A última coisa que se lembra, é de estar rodeado de várias mulheres vampiras, sugando seu sangue. Ele se levanta, olha para os lados e não sabe onde está. Olha para seus braços e não vê nenhuma marca de mordida. 


CENA 29. MANSÃO. BIBLIOTECA. NOITE. INT.


Após ouvir o plano, Alexandre recua, apoiando-se completamente na poltrona.


CAIM

Se você fizer isso, conseguirá a atenção dela. 


ALEXANDRE

Por mim tranquilo.


CAIM

Ótimo. Quando você a tiver capturada, me procure que lhe entregarei a lança.


ALEXANDRE

Beleza. Então, creio que posso ir? 


CAIM

Antes de ir, quero lhe entregar mais uma coisa. 


Puxa uma gaveta, retirando de dentro uma caixinha de madeira. A coloca sobre a mesa, próxima a Alexandre.


ALEXANDRE

Que caixinha é essa?


CAIM

Com a ajuda de algumas bruxas, elas conseguiram fazer um feitiço e colocaram neste colar.


Alexandre pega a caixa, a abre e retira um colar com um pingente de uma coruja feita de cristal.


CAIM

A coruja irá brilhar na presença da bruxa. Essa é uma forma de garantirmos que realmente é ela ou se está usando alguma magia pra nos enganar.


ALEXANDRE

Valeu.


Guarda o colar na caixinha, se levanta e coloca a caixinha dentro do bolso da calça.


ALEXANDRE

Mais alguma coisa?


Caim se levanta. Os dois se encaram por um tempo.


CAIM

Cumpra a sua promessa, Alexandre. 


Estende sua mão para cumprimentá-lo. Alexandre fica receoso por um tempo, mas acaba apertando a mão dele. A marca em seu braço mais uma vez, entra em sintonia com o contato de Caim. Alexandre puxa sua mão ao sentir a dor vindo da marca.


CAIM

Desculpe. Em breve você irá se livrar dela.


ALEXANDRE

É o que eu mais quero. 


CAIM

Eu te acompanho até a saída.


ALEXANDRE

Não precisa. Creio que quanto mais distante de você, melhor pra mim.


CAIM

Como queira. 


Alexandre caminha até a saída da biblioteca. Caim o observa ainda de pé.


CENA 30. MANSÃO. ÁREA EXTERNA. NOITE. EXT.


Alexandre sai da mansão, indo direto para sua moto. Monta, coloca seu capacete, dá a volta na rotatória e fica em frente ao grande portão. Este se abre, permitindo a Alexandre sair. Fora da mansão, Alexandre acelera com sua moto.


CENA 31. HOTEL. QUARTO. NOITE. INT.


Alexandre chega ao hotel onde ele e o irmão estão instalados. Tira suas coisas da calça e coloca na cômoda ao lado da cama. Celular, carteira, chaves e a caixinha de madeira. Ele senta-se na cama, coloca a mão na cabeça, pensativo. Olha para a caixinha, a pega. A observa por um tempo, a abre e retira o colar de dentro. 


Seu celular começa a vibrar, com o recebimento de diversas mensagens. Ele coloca o colar e a caixinha sobre a cômoda e pega o aparelho. São várias mensagens de Caíque. Ele lê uma por uma, inclusive escuta o último aúdio que o irmão mandou. 


Ao ouvir, Alexandre rapidamente se levanta.


ALEXANDRE (tenso)

Não acredito que aquele idiota entrou em um ninho de vampiro sozinho.


Rapidamente pega a chave de sua moto e sai do quarto. O colar continua sobre a cômoda. 


Minutos depois, a porta do quarto é aberta. Ayla entra no cômodo, vê o ambiente vazio, caminha direto até a cama. O pingente da coruja começa a brilhar intensamente. Isso chama a atenção da garota. Ayla vai até a cômoda, pega o colar e se atenta ao pingente nele. O aproxima de seu rosto. O pingente de coruja aumenta a intensidade do brilho, conforme se aproxima do rosto de Ayla.


Caíque entra no quarto neste momento, se surpreende ao ver sua namorada ali.


CAÍQUE (surpreso)

Ayla? O que está fazendo aqui?


Caíque divide sua atenção para Ayla e o colar que não para de brilhar nas mãos dela.


episódio escrito por Anderson Silva Marcos Vinicius

revisão de texto Gabo Olsen

elenco
Chirs Wood...................................Alexandre
Matt Dallas.....................................Caíque
Danielle Campbell.................................Ayla


participação especial
Jeffrey Dean Morgan...............................Caim
Alain Chanoine................................Homem 01
Alex Meraz....................................Homem 02

música
Waves - Dean Lewis (versão em violino)


produção
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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