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A Marca do Primogênito: 1x02

Série escrita por Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius
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A MARCA DO PRIMOGÊNITO


FADE IN

 

Tela escura

 

Letreiro:

 

“E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque.”

 

(Gênesis 4:17)

FADE OUT.

 

INÍCIO DO TEASER.

 

CENA 01. CIDADE DE ENOQUE. RUAS. TARDE. EXT.

 

Letreiro: 3600 anos a. c.

 

CAM destaca pessoas andando, usando trajes da época. Cabras presas em um pequeno cercado. Alguns comerciantes trocam produtos como pele de animal e especiarias. CAM destaca Caim, um pouco mais velho, andando entre as pessoas.

 

CAIM (v.o.)

Muitos anos se passaram desde que matei meu irmão. Me afastei de Deus, da minha família e fiquei vagando pelo mundo em uma tentativa de recomeçar a vida. Edifiquei uma cidade e lhe dei o nome do meu primeiro filho, Enoque. A minha descendência logo floresceu, até chegar em Lameque, meu tataraneto. E embora eu veja o quanto a cidade prosperou com o surgimento do comércio, das ferramentas, da música, eu sentia a maldade se infiltrando no coração das pessoas. A ganância dos comerciantes, as brigas entres vizinhos e familiares, tudo isso me incomodava. Eu sabia que era questão de tempo para o pecado se instaurar entre meu povo.

 

Caim para de andar próximo a um beco. Repara uma briga de crianças. Se aproxima e vê Lameque socar o rosto de um garoto que está deitado no chão. O irmão mais novo dele, Caliu, está ao lado, chorando vendo a cena. 

 

LAMEQUE (furioso)

Cadê? Por que não briga comigo? Ou você só mexe com criancinhas?

 

Lameque dá vários socos no rosto do garoto, que não revida. Embora pareça estar defendendo o irmão, Caim ao fundo percebe um ódio estranho em seu tataraneto, isso o deixa preocupado. 

 

FIM DO TEASER.


1x02 - O PRESENTE DO IRMÃO MAIS VELHO 



CENA 02. FLORESTA. NOITE. EXT.

 

Uma jovem loira (20 anos) corre desesperada em meio à uma floresta de mata fechada. Suas vestes estão sujas e rasgadas e ela está descabelada. Tropeça em um tronco e cai. Levanta rapidamente e continua a correr. 

 

Escuta-se um sussurro seguido de gargalhadas que parecem cada vez mais próximas até tudo silenciar. A jovem se esconde atrás do tronco de uma árvore.

 

POV da jovem espiando: a floresta vazia.

 

PLANO MÉDIO mostra a jovem e um vulto que se aproxima parando logo atrás dela. 

 

A jovem loira suspira acreditando estar livre. Se vira e seus olhos arregalam-se. Tenta gritar, mas a voz não sai. Duas mãos femininas e enrugadas agarram seu pescoço.

 

TUDO ESCURECE

 

CORTA PARA

 

CENA 03. RODOVIA. DIA. EXT.

 

A moto conduzida por Alexandre corta a rodovia deserta em alta velocidade.

 

CLOSE em uma placa empoeirada com o escrito: ALTAMONT - 3 KM

 

SONOPLASTIA: The Cranberries - Zombies.

 

A moto chega em uma encruzilhada. Alexandre coloca o pé no asfalto, abre o visor do capacete, olha para ambos os lados. Fecha o visor, acelera aos poucos e pega a estrada de terra batida do lado esquerdo. Um rastro de poeira se levanta na estrada na medida em que Alexandre e sua moto se distanciam.

 

SONOPLASTIA: OFF

 

CENA 04. RUAS DE ALTAMONT. DIA. EXT.

 

Um pacato lugar com construções arquitetônicas e iguais datadas do século passado. As casas todas fechadas e com a grama alta nos jardins da frente denotam um lugar abandonado onde se escuta o zunido do vento que sopra levantando as folhas no calçamento de pedra que corta a principal rua.

 

Misturando-se ao zunido do vento ouve-se o ronco do motor da moto de Alexandre que entra no campo de visão em velocidade moderada. 

 

Alexandre vai diminuindo a velocidade e estaciona em frente a uma das casas no final da rua. Desliga o motor, tira o capacete. Retira do bolso da jaqueta um pedaço de papel, desdobrando-o. Lê e olha na direção da residência.

 

POV de Alexandre: a casa. Única da rua com o jardim aparado. Acima da porta grande de madeira o número 13666.

 

Seu olhar baixa focando no pedaço de papel: o número 13666 anotado de caneta.

 

Amassa o pedaço de papel e atira-o na lixeira há alguns metros como se arremessasse uma bola na cesta de basquete. 

 

Alexandre pega o celular no outro bolso da jaqueta. 

 

CLOSE na tela do aparelho: SEM SINAL.

 

ALEXANDRE

Maldito fim de mundo!

 

Alexandre desce da moto. Capacete na mão, coloca-o sobre a condução, olha em frente e para os lados no lugar praticamente deserto.

 

A porta da casa 13666 é aberta e um pequeno cachorro sai latindo e correndo até o portão. Em seguida uma mulher (40 anos, branca, de cabelos lisos e pretos toda descabelada) aparece. Roupas amassadas, olhar assustado. Baixa a cabeça e caminha até o portão.

 

MULHER (chegando no portão)

Você é o Alexandre, não é?

 

Alexandre consente que sim com a cabeça enquanto o portão é aberto.

 

MULHER

Pra trás Rufus!

 

Ela sorri um sorriso amarelado para Alexandre.

 

MULHER

Ele é um alarmento.

 

ALEXANDRE

Sei como são. Tive um assim  quando criança.

 

MULHER

Entra, por favor. Não acreditei que viria. Na verdade, já perdi a esperança de que alguém possa me ajudar.

 

Alexandre se agacha e bate sobre sua coxa. O cachorro Rufus corre para suas pernas. Ele o acaricia e depois encara a mulher à sua frente.

 

ALEXANDRE

Lugar vazio. Cadê todo mundo?

 

MULHER 

Ou fugiram daqui (enquanto fecha o portão, passando o cadeado) ou os poucos que restam estão escondidos dentro de suas casas. De santo este lugar só tem no nome.

 

Alexandre sente o medo nas palavras da mulher que se vira e caminha em passos rápidos para casa. Ele se levanta e a segue.

 

CENA 05. RESIDÊNCIA. DIA. INT.

 

Rufus corre e se deita ao lado da porta na sua cama. A mulher entra seguida de Alexandre. Ela fecha a porta.

 

POV de Alexandre: uma sala ampla com móveis rústicos. Um longo corredor adiante com portas nas laterais que levam aos outros cômodos e no final deste, uma escada estreita que leva ao andar superior.

 

A mulher se vira para Alexandre.

 

MULHER (sem jeito)

Ahh, me desculpa. A propósito eu sou/

 

ALEXANDRE (estendendo a mão)

Anabelle Salvador. Nosso contato em comum me passou teu nome. Muito prazer.

 

Anabelle estende a mão olhando nos olhos de Alexandre. Uma menina (10 anos) surge descendo as escadas. Cabelos iguais aos de Anabelle, olhos claros. Usa um vestido branco e comprido. Ela se aproxima da mãe e de Alexandre.

 

ANABELLE

Esta é minha filha, Uriel Salvador.

 

A menina está envergonhada. Baixa a cabeça.

 

ANABELLE 

Cumprimenta o moço, filha. (passa a mão na cabeça da filha)

 

A garota estende o braço. Alexandre faz o mesmo.

 

ALEXANDRE (sorri)

Muito prazer, Uriel. A propósito: lindos olhos.

 

Uriel sorri timidamente.

 

ANABELLE

Filha, vai lá pro quarto que eu preciso falar com o moço.

 

Uriel se retira. A expressão de Anabelle muda. Ela encolhe os braços contra o corpo. Senta em um sofá de couro marrom.

 

ANABELLE 

Por favor, Alexandre. (faz sinal para Alexandre sentar à sua frente) Pode se sentar.

 

Alexandre senta. Escora-se no encosto do sofá. De canto de olho observa cada detalhe daquele lugar. Um lugar que lhe remota a tristeza.

 

ANABELLE

Eu não sei nem por onde começar. É difícil falar sobre isso com quem quer que seja.

 

Alexandre se inclina para frente. Estendendo seus braços ele alcança as mãos de Anabelle sobre as pernas dela.

 

CLOSE nas mãos dele sobre as mãos dela. Ele as aperta delicadamente.

 

ALEXANDRE

Comece pelo começo. Onde tudo teve início.

 

Anabelle fecha os olhos levantando a cabeça.

 

FUSÃO PARA

 

CENA 06. RESIDÊNCIA. QUARTO. NOITE. INT.

 

Um cômodo simples com uma cama de casal no centro, um roupeiro antigo em uma parede e uma janela entreaberta com cortinas amareladas tremulando suavemente.

 

CARACTERES: Três semanas atrás

 

A porta é aberta, Anabelle e Uriel entram usando roupas de dormir.

 

Anabelle conduz Uriel até a cama e a acomoda, cobrindo-a. Inclina-se e dá um beijo em sua testa.

 

ANABELLE

Te amo filha. Durma com os anjos.

 

Uriel sorri.

 

URIEL

Boa noite, mamãe.

 

Uriel se vira para o lado, para a direção da janela que está com a lua cheia emoldurada no vidro. Anabelle fica observando a filha. O silêncio reina absoluto.

 

POV de Anabelle: a filha admirando a lua na janela. Seus olhos vão fechando devagar. A menina suspira ajeitando-se melhor.

 

O estrondo de alguma coisa caindo desperta a atenção de Anabelle que vira o rosto rapidamente em direção à porta do quarto. Está tudo envolto em uma penumbra sem fim fora do cômodo.

 

Anabelle olha para a filha que não se incomodou com o barulho e dorme feito um anjo. Levanta-se lentamente e caminha para a porta. Coloca a cabeça para fora do quarto. Olha para ambos os lados no ambiente escuro. Sai deixando a porta encostada.

 

Ela caminha como se estivesse "pisando em ovos" até a escada que leva ao andar inferior. Observa o lugar lá embaixo. Coloca a mão no interruptor de luz ao lado do corrimão, a luz se acende e logo se apaga seguido de mais um estrondo vindo do andar debaixo assustando-a. Agarra-se com as duas mãos no corrimão e, passo por passo, começa a descer.

 

Anabelle chega no primeiro degrau do andar inferior. Ainda agarrada no corrimão e com os olhos arregalados, olha o ambiente.

 

POV de Anabelle: a mesa de jantar com uma toalha florida, a sala de estar mais adiante e a cozinha com uma ilha separando-a da sala de jantar. 

 

Escuta mais um estrondo vindo da cozinha. Coloca um pé no assoalho de madeira que range e depois o outro. Alcança o interruptor de luz acendendo-o. Um gato preto salta da janela entreaberta e cai de pé sobre a pia miando. Anabelle suspira aliviada. 

 

ANABELLE

Habib, é você?

 

O felino pula da pia e vai roçar nas pernas de Anabelle, que se agacha e o acaricia.

 

ANABELLE

Tá com fome, é? Onde você se meteu o dia todo, seu danadinho? Vem aqui comer, vem.

 

Anabelle se levanta e caminha em direção ao armário do lado da pia. Se abaixa, o abre e pega um pote de ração. Habib continua em suas pernas. Tudo em silêncio absoluto que dá pra ouvir o rosnar do felino.

 

Anabelle começa despejar a ração no pote do gato do lado do armário quando

 

O grito de Uriel quebra o silêncio.

 

URIEL

MAMÃAAAAAAAAAEEEEE!!

 

Anabelle larga o pote deixando toda a ração se espalhar e corre em direção às escadas.

 

CAM em Habib comendo a ração do chão.

 

CORTA PARA

 

CENA 07. RESIDÊNCIA. QUARTO. NOITE. INT.

 

Porta fechada. Batidas fortes do lado de fora. 

 

ANABELLE

Filhaaa! Tudo bem? Abreee! Uriel! Minha filhaaa!

 

PLANO ABERTO mostra o quarto bagunçado e, em silêncio absoluto,  Uriel paira no ar.

 

A fechadura da porta é forçada por Anabelle que está do outro lado. Ela força até que a porta se abre.

 

Quando ela se depara com a filha levitando. Uma força invisível a impede de se aproximar. Ela chora, se desespera.

 

Uriel é levantada mais ao alto e congela por alguns instantes, caindo em um só golpe de volta na cama acordando. Um vulto atravessa a janela e deixa as cortinas tremulando. Anabelle, enfim, consegue correr até a filha abraçando-a e chorando.

 

CENA 08. CASA DE CAÍQUE. QUARTO. DIA. INT.

 

SONOPLASTIA: Dean Lewis - Waves.

 

Caíque entra no quarto sem camisa e com uma toalha de banho enrolada na cintura. Parece exausto. Esfrega as mãos no cabelo molhado e senta escorado na cabeceira da cama. Pega o notebook sobre o criado-mudo e o abre sobre as pernas.

 

CLOSE na tela. Na página de busca digita "Símbolos Demoníacos". Uma enxurrada de páginas surgem imediatamente. Vai rolando até uma imagem lhe chamar atenção. Clica em cima.

 

“SIGILO DE LÚCIFER” em letras garrafais preenchem o topo de um artigo ao lado do símbolo em questão. Caíque passa os olhos sobre o texto e logo coloca o notebook de lado levantando rapidamente.

 

Caminha até uma cômoda cheia de gavetas, abre a última e pega uma pequena caixa de madeira. Volta e despeja o conteúdo da caixa sobre a cama: vários artefatos, correntes, anéis.

 

Vasculha e encontra uma corrente com um símbolo peculiar. Vira a tela do notebook e compara com o símbolo na tela. Pensativo, aperta a corrente na mão, como se tentando entender o que faria um símbolo daqueles ali guardado.

 

SONOPLASTIA: OFF

 

O toque estridente do seu celular desperta sua atenção. Larga o objeto sobre o criado - mudo e atende o telefone que está sobre o travesseiro.

 

CAÍQUE

Pronto!

 

CORTA PARA

 

CENA 09. PRAÇA. DIA. EXT. 

 

Ayla, ansiosa, olha para os lados, senta em um banco de madeira. No banco à sua frente um casal de meia idade trocam carinhos. Ela os observa. 

 

Pelo caminho de pedras em meio às árvores, Caíque se aproxima.

 

POV de Caíque: Ayla sentada de cabeça baixa. O casal de meia idade se levanta e sai de mãos dadas caminhando na sua direção. Cruzam por ele. Ayla o vê, sorri aliviada e se levanta indo ao seu encontro.

 

Se abraçam. Se beijam. Trocam carinhos. Ayla o encara.

 

AYLA

Já estava com saudades, sabia?

 

SONOPLASTIA: With or Without You (instrumental) - U2

 

Caíque baixa a cabeça. Segura na mão dela e caminham até o banco.

 

AYLA (cont.)

Pensei em tirar a tarde só pra nós hoje.

 

Ayla sorri e acaricia os cabelos de Caíque.

 

Caíque, um pouco sem jeito, apenas sorri.

 

Sentam. Ele mete a mão no bolso e tira um embrulho entregando para Ayla.

 

AYLA

O que é isso?

 

CAÍQUE

Abre.

 

Ayla, curiosa, desembrulha e vê a corrente com o símbolo Sigilo de Lúcifer.

 

AYLA 

Do que se trata? (ergue a corrente para ver melhor)

 

CAÍQUE

Você não vai acreditar! Tava eu procurando por símbolos demoníacos na internet e/

 

Ayla faz "pouco caso". Coloca a corrente sobre o papel de embrulho no seu colo.

 

AYLA

Você ainda está com isso? A tal bala te deixou paranóico, não é?

 

CAÍQUE

Você sabe há quanto tempo esta corrente está comigo? O Alexandre me deu no meu aniversário de 15 anos. Disse que era uma proteção pra mim. Eu nunca acreditei nessas coisas, mas tenta me responder isso: porque o Alexandre ia me dar de presente justo uma corrente com um símbolo destes?

 

Ayla fica pensativa olhando para a corrente por alguns instantes.

 

AYLA

Vai ver que ele apenas achou bonito e quis te dar.

 

Ela embrulha novamente a corrente no papel e coloca no bolso de Caíque, aproximando seu rosto do dele.

 

AYLA

Agora esquece tudo isso. (encara os olhos de Caíque). Passamos a tarde juntos (aproxima seus lábios do ouvido dele) e depois podemos ir lá pra casa.

 

Caíque, enfim, cai na tentação. 

 

CAÍQUE

É. Acho que você tá certa.

 

Ele levanta e puxa Ayla pela mão. Ela, discretamente, sorri com o canto da boca. Conseguiu o que desejava para o momento.

 

Em Caíque e Ayla caminhando de costas pelo caminho de pedras, se afastando da CAM.

 

SONOPLASTIA: OFF

 

CORTA PARA

 

CENA 10. MIRANTE DE ALTAMONT. NOITE. EXT.

 

Um jovem casal de namorados sobe correndo as escadas em caracol que levam ao ponto mais alto de Altamont. Chegam às gargalhadas no topo. 

 

Ruiz (22 anos, moreno alto de corpo atlético), puxa pela mão Beth (18 anos, morena de pele clara e cabelos escuros, de corpo escultural e piercing no nariz). Conduz ela até a mureta e lhe abraça por trás.

 

RUIZ

Não acredito que você nunca esteve aqui.

 

BETH

É lindo demais.

 

POV de Beth: toda a cidade de Altamont com as luzes acesas e as montanhas mais além.

 

Ela se vira para ele encarando seu rosto. 

 

BETH

Sempre ouvi histórias sobre este lugar aqui.

 

RUIZ

Ahhh, acredita nessas lendas?

 

BETH

Ahh, eu não sei se acredito. Mas também não posso desacreditar. Você sabe. 

 

Ela abaixa a cabeça. Se vira novamente para olhar a cidade e se aconchega nos braços de Ruiz.

 

BETH

Aqueles jovens há dois anos atrás nunca mais apareceram para contar se os boatos eram verdadeiros ou falsos.

 

Escuta-se passos na escada. Ambos se viram assustados.

 

RUIZ

Quem tá aí?

 

Ele se desfaz do abraço e pega um pedaço de ferro no chão. Como uma espada, o empunha e caminha para a escada.

 

BETH (se escorando na mureta)

Cuidado, amor.

 

POV de Beth: Ruiz se aproximando da escada em caracol com o pedaço de ferro em mãos. 

 

Ruiz chega no corrimão e espia o caracol da escada. Não vê nada. Se vira largando o pedaço de ferro.

 

RUIZ

Viu amor, não é nada.

 

Beth grita desesperada. Um vulto dá uma gravata em Ruiz e o puxa escada abaixo. Beth corre para ver.

 

Chega na escada em caracol. Espia e não vê nada. Lá embaixo as luzes vão se apagando uma a uma até chegar no topo. Beth agarra o pedaço de ferro deixado por Ruiz. Treme, choraminga.

 

Tudo escuro e silêncio por longos segundos. Até que um grito feminino seguido de um grande estrondo acaba por revelar o corpo de Beth estirado no capô de um carro lá embaixo. O alarme do veículo dispara.

 

No alto do mirante um vulto corre depressa por cima da mureta até sumir.

 

CORTA PARA

 

CENA 11. CASA DE ANABELLE. DIA. INT.

 

Alexandre está na sala sentado na frente de Anabelle.

 

ANABELLE

E não parou por aí. Dia após dia algo estranho acontecia. E não só aqui. A cidade passou a enfrentar o sobrenatural sem respostas. Por isso o lugar está deserto.

 

ALEXANDRE

E você faz ideia do que está por trás de tudo isso?

 

ANABELLE

Há muitas lendas. Não acredito em nenhuma delas, não.

 

ALEXANDRE 

O mal existe. (se ajeita melhor no sofá) O diabo existe. Às vezes é melhor acreditarmos, seja lá no que for.

 

ANABELLE

Já me disseram pra ser mais crente nestas coisas, mas/

 

Um ruído estridente chama atenção. Olham para o corredor. As luzes se apagam. Longos segundos passam sem se ver nada.

 

ALEXANDRE

Tem vela em casa?

 

ANABELLE

Tem. Eu sei que/

 

Escuta-se seus passos pela sala.

 

ANABELLE

Guardei em uma gaveta por aqui.

 

Mais alguns segundos e Anabelle ilumina o lugar com uma vela acesa.

 

ALEXANDRE

Ótimo.

 

O ruído persiste. No corredor. Na escada. 

 

ANABELLE

Uriel tá lá em cima.

 

Anabelle se aproxima da escada.

 

ANABELLE

Uriel!!? Filha!!?

 

Apenas aquele ruído estridente. De repente

 

URIEL (grita)

Mamãaaaaaaeeee! Socorrooooo!

 

Alexandre passa por Anabelle e sobe correndo na sua frente. Ela o segue.  

 

Alexandre surge no topo da escada, corre até a porta de onde vem o chamado de socorro. Tenta abri-la mas não consegue. Anabelle chega e fica perplexa. Põe a mão no peito e cai ajoelhada e chorando. Aponta para debaixo da porta. Alexandre baixa a cabeça olhando.

 

POV de Alexandre: uma fumaça preta começa sair pela fresta debaixo da porta.

 

PLANO MÉDIO mostra ele desesperado tentando abrir a porta.

 

CLOSE em seus punhos cerrados batendo contra a porta.

 

Alexandre tosse. CLOSE debaixo da porta onde o fogo parece se alastrar pelo cômodo.

 

PLANO MÉDIO: Alexandre se afasta e chuta com força abrindo a porta. A fumaça se alastra pelo corredor. Ele entra no quarto.

 

Anabelle tenta se levantar, mas uma força sobrenatural a impede segurando seus ombros. Ela chora.

 

ANABELLE (chora)

Uriel.

 

Alexandre aparece na porta com a menina Uriel nos braços. Ela está desacordada.

 

POV de Alexandre: claramente em meio à fumaça, vê um vulto com as mãos sobre os ombros de Anabelle. 

 

Se escuta uma gargalhada que ecoa pela casa toda e o vulto puxa Anabelle escada abaixo.

 

Alexandre olha para a menina em seus braços. Nota que as chamas vindas do quarto começam a se espalhar rapidamente. Caminha depressa em direção à escada.

 

CENA 12. RESIDÊNCIA. FINAL DE TARDE. EXT.

 

O segundo andar está praticamente tomado pelo fogo. Alexandre sai pela porta principal com Uriel no colo. Se afasta o quanto pode da casa. Larga a menina no chão. Olha para a residência onde a fumaça preta se espalha pelo ar.

 

POV de Alexandre: em uma janela no alto vê uma mulher velha, de longos cabelos brancos que sorri para ele.

 

Um PLANO GERAL da casa em chamas, da cidade deserta e da estrada mostra Alexandre subindo em sua moto. A menina Uriel sobe na garupa.

 

CORTA PARA

 

CENA 13. PARQUE DE DIVERSÕES. FINAL DE TARDE. EXT.

 

O sol lança seus últimos raios alaranjados e começa a se pôr.

 

CAM desce lentamente mostrando o parque de diversões já com suas luzes acesas e o movimento intenso.

 

Na fila para a roda gigante estão Caíque e Ayla lado a lado.

 

Chegam a sua vez. Entregam os bilhetes e correm para seus lugares. Sentam, colocam os cintos de segurança. Ayla beija o rosto de Caíque, que retribui com um sorriso amarelado. Está feliz de estar ali com ela, mas o pensamento dele está longe.

 

AYLA

Vamos, relaxa. Sei que tu adora a roda gigante. 

 

Ela o cutuca e ambos riem. O brinquedo é ligado e começa girar. Após alguns giros, o brinquedo faz uma pausa. Ayla percebe que o namorado continua pensativo.

 

AYLA

Cay, eu não acredito que você vai ficar nessa bad. Ainda pensando no seu irmão?

 

CAÍQUE

Ayla, enquanto eu não tirar essa história a limpo eu não vou sossegar.

 

AYLA (séria)

Já que você quer tanto saber, porque não vai atrás e resolve logo esse lance?

 

CAÍQUE

Tô pensando em ir até a casa da minha tia. Os dois são bem próximos, ela deve saber o que está acontecendo. E ela vai ter que me dar uma satisfação.

 

AYLA
Acho ótimo. Não vejo a hora disso tudo acabar e você voltar a ser exclusivamente meu.

 

A roda volta a girar. 

 

CORTA PARA

 

CENA 14. CASA DE DOMENI. COZINHA. NOITE. INT.

 

Domeni folheia um livro sobre a bancada. O toque estridente do seu celular lhe tira a atenção das páginas do livro. 

 

DOMENI

Alô! (p). Aiii, sim, querida. E você tá em casa agora? (procura a chave do corra). Tá, só achar a chave por aqui e já tô indo. (acha a chave em cima do armário). Achei. Arruma tudo que já tô chegando.

 

Domeni sai pela porta da cozinha. CLOSE no livro aberto em cima da bancada. Na página em questão, o título: Símbolos Demoníacos.

 

CORTA PARA

 

CENA 15. ESTRADA. NOITE. EXT.

 

Alexandre pega a mesma estrada que lhe trouxe até ali. CAM sobe na medida que ele se afasta.

 

Ao chegar na encruzilhada ele freia. O gatinho Habib mia assustado e se aproxima da moto. Uriel se abaixa e o agarra em seus braços. Alexandre acelera seguindo pela estrada.

 

CENA 16. RESIDÊNCIA. QUARTO. NOITE. INT.

 

Annabelle está de joelhos em um quarto do segundo andar com o rosto preto de fumaça e as vestes sujas. Expressão cansada, ela levanta o olhar encarando um vulto feminino que se aproxima e se ajoelha à sua frente.

 

ANABELLE

O que você quer? Que vai fazer comigo? Me mata, por favor!

 

Escuta-se a gargalhada daquele vulto.

 

ANABELLE

Quem é você?

 

VULTO

Vocês humanos de Altamont pediram por isso. Por anos acharam que poderiam fazer o que bem entendessem comigo e com minha família agora irão sucumbir à uma eternidade de maldições. 

 

O vulto coloca a mão sobre a cabeça de Anabelle, que fecha os olhos e abre os braços lateralmente.

 

ANABELLE

Faça o que tem que fazer, eu aceito meu destino.

 

A gargalhada torna-se mais intensa misturando-se ao gemido de dor de Anabelle. Uma luz branca se espalha pelo ar saindo da cabeça de Anabelle enquanto ela sente a pressão da mão daquele vulto.

 

CORTA PARA

 

CENA 17. CASA DE DOMENI. NOITE. EXT.

 

Caíque sobe o lance de cinco degraus da varanda e, antes de bater na porta, seu celular vibra no bolso da calça. Pega o aparelho. Uma mensagem.

 

CLOSE na tela do celular: Adorei nossa tarde, amor. Espero que também tenha curtido. Te amo, Ayla.

 

Caíque sorri. Digita "TE AMO" e clica em enviar. Guarda o aparelho no bolso. Bate na porta, aguarda alguns instantes. Estranha não obter resposta nenhuma. Mexe na maçaneta. A porta está destrancada, a abre.

 

CENA 18. CASA DE DOMENI. NOITE. INT.

 

Caíque entra desconfiado. Luzes acesas.

 

CAÍQUE

Tia? Tia Domeni? Você está aí?

 

Fecha a porta e segue em direção a cozinha. Também está vazia.

 

CAÍQUE

Tia?

 

Caminha até a bancada onde está o livro aberto. Pega e fecha-o. O desenho na capa lhe chama a atenção. É o mesmo desenho que tem no braço de Alexandre.

 

FLASHBACK

 

CENA 19. CASA. QUARTO. NOITE. INT.

 

Duas camas de solteiro lado a lado separadas por dois criados - mudos. Caíque (15 anos) está deitado com os fones no ouvido e olhos fechados.

 

SURGEM OS CARACTERES: Anos atrás

 

Alexandre (22 anos) entra sem camisa, vai até um roupeiro velho e pega um baú fechado com um cadeado. Larga-o sobre a outra cama, pega uma chave no criado - mudo e abre o cadeado. Cutuca Caíque, que abre os olhos retirando os fones do ouvido e sentando na cama.

 

CAÍQUE

Que foi, Alex?

 

ALEXANDRE

É teu aniversário, né irmãozinho? Não posso deixar passar em branco. Sabe que tô liso, mas o que vou te dar é muito especial.

 

Alexandre abre o baú e retira uma pequena caixa de madeira, entregando-a para Caíque.

 

Caíque, curioso mas sem compreender direito, verifica o conteúdo.

 

POV de Caíque: um amontoado de anéis, correntes, pulseiras, todos com símbolos estranhos e desconhecidos.

 

ALEXANDRE (v.o.)

Pode escolher o que você quiser.

 

PLANO MÉDIO mostra Alexandre atento em Caíque escolhendo. 

 

Caíque ergue um, ergue outro, coloca uma pulseira, uma corrente. 

 

CAÍQUE

Se você diz vou ficar com esta então.

 

Caíque observa o símbolo na corrente que escolheu.

 

ALEXANDRE

Boa escolha, irmão. Um símbolo de proteção. 

 

Alexandre sorri. Coça o braço. CLOSE em uma marca estranha em seu braço.

 

CAÍQUE

Posso te perguntar uma coisa?

 

ALEXANDRE

Claro. Diga.

 

CAÍQUE

Que marca é esta em seu braço? Você sempre se esquivou em responder nas vezes que já perguntei.

 

ALEXANDRE

Ahhh.

 

Ele encara a marca em seu próprio braço.

 

FIM DO FLASHBACK

 

CORTA PARA

 

CENA 20. CASA DE DOMENI. NOITE. EXT.

 

Alexandre estaciona sua moto em frente à casa. Desce, retira o capacete e observa a residência com as luzes todas acesas. Uriel desce segurando o felino Habib.

 

URIEL

Chegamos?

 

ALEXANDRE

Sim, minha tia Domeni mora aqui. Vamos. É aqui que você vai ficar.

 

CORTA PARA

 

CENA 21. CASA DE DOMENI. COZINHA. NOITE. INT.

 

CLOSE na imagem da capa do livro. Caíque folheia o livro. Se surpreende com os símbolos que vê. Chega em uma página e espanta-se.

 

CAÍQUE (boquiaberto)

Mas o que é isso?

 

Caíque pega a sua corrente e vê que o símbolo é idêntico ao que está no livro.

 

Ele escuta barulhos vindo da sala. Rapidamente pega o livro, fecha-o e sai pela porta do fundo. 

 



série escrita por
Anderson Silva
Gabo Olsen
Marcos Vinicius

episódio escrito por Marcos Vinicius revisão de texto Anderson Silva Gabo Olsen

elenco

Chirs Wood...................................Alexandre
Matt Dallas.....................................Caíque
Danielle Campbell.................................Ayla
Lauren Graham...................................Domeni

participação especial
Jeffrey Dean Morgan...............................Caim
Eleanor Matsuura..............................Anabelle

Samara Lee.......................................Uriel
Katelyn Bacon.....................................Beth
Matthew Lewis.....................................Ruiz

música
BAD WOLWES - ZOMBIE
U2 - WITH OR WITHOUT YOU
DENA LEVIS - WAVES


produção
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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