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Passos da Paixão - Capítulo 15

Novela de Édy Dutra
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PASSOS DA PAIXÃO - CAPÍTULO 15

 
 
 
 
 
 
NO CAPÍTULO ANTERIOR:
 

SÍLVIA: - O Júlio vai sair da cadeia amanhã.

Laerte muda expressão.

LAERTE: - Amanhã é?

SÍLVIA: - Sim...

LAERTE: - E você não está pensando em...

SILVIA: - Eu queria tanto, Laerte, tanto...

LAERTE: - Mas isso é um absurdo! Sílvia, você agora está comigo!

SÍLVIA: - Eu sei, mas... Eu nunca neguei que sempre fui apaixonada pelo Júlio. E você sempre soube muito bem disso.

LAERTE: - Mas eu pensei, sinceramente, que com o tempo eu teria conseguido preencher esse vazio no seu coração.

SÍLVIA: - Você é muito especial pra mim, Laerte. Eu nem sei como te agradecer por tudo o que você fez por mim, pela Melissa.

LAERTE: - Nós nos tornamos uma família, Sílvia. E agora, o Júlio sai da cadeia e com ele vem o risco disso tudo o que a gente construiu, se acabar, é isso?

SÍLVIA: - Não! Isso nunca vai acabar!

LAERTE: - Então, por favor, Silvinha... Pela nossa família, por tudo de bom que a gente viveu até aqui. Não vá atrás do Júlio. Me promete?


Laerte faz pedido para Sílvia, que se mostra indecisa.

 

 

 

CENA 01. CASA SÍLVIA. QUARTO. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Laerte faz pedido para Sílvia, que se mostra indecisa. 

LAERTE (segurando as mãos de Sílvia): - Me prometa, Sílvia, que não vai atrás do Júlio?

SÍLVIA: - Laerte, por favor...

LAERTE: - Eu é que te peço, por favor! Não faça isso comigo.

SÍLVIA (soltando-se): - Tudo bem, tudo bem... Não precisa ficar assim, aflito. 

Laerte abraça Sílvia. Se afasta um pouco, a encara e sai. Sílvia fica pensativa. 

SÍLVIA: - Não posso prometer uma coisa dessas, Laerte. Eu sei que não cumprirei. 

CENA 02. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. NOITE.

O restaurante está com pouco movimento esta noite. Durval, Heloísa, Guilherme e Karina conversam.

HELOÍSA: - Fazia tempo que eu não via esse restaurante com pouco movimento...

KARINA: - Eu até estou agradecendo, sabia? Hoje lá no bar teve festa o dia inteiro...

DURVAL: - Pois é, infelizmente eu não pude ir...

HELOÍSA: - Que festa é essa que ninguém me disse nada, Durval?

DURVAL: - Aniversário da Tereza... Eu falei pra você!

GUILHERME: - Tereza é hilária... Faz tempo que não aparece aqui.

HELOÍSA: - Coitadinha, Guilherme. Mal consegue pagar as contas da casa, imagina comer num restaurante fino desses.

DURVAL: - Mas Tereza é uma grande amiga. Sempre que precisar, estarei disposto a ajudá-la.

HELOÍSA: - Dando comida de graça pro povo? Quero ver como vai faturar...

GUILHERME: - Nem só de dinheiro vive o homem, Heloísa. Solidariedade também faz bem.

HELOÍSA (terna): - Ai Gui, que coisa linda você disse... (abre um pouco mais o decote) Até me emocionei...

GUILHERME (desvia o olhar do colo de Heloísa): - Controle as emoções, Heloísa, na sua idade pode não fazer muito bem... (se afasta)

Heloísa faz cara de poucos amigos. Neste instante, Walter e Ivan chegam ao restaurante. Karina vai recepcioná-los.

WALTER: - Eu quero dar uma cara nova pra GlamouRio. Poxa, já são mais de vinte anos de casa. Eu era jovenzinho quando abri aquilo lá. Agora estou eu, quarentão e a boate continua atraindo público.

IVAN: - Sinal de que você administra bem... Mas o que você pensa quando diz que quer dar uma cara nova pra boate?

WALTER: - Eu penso, além de um visual interno mais moderno, dançarinos, sabe? Deixar a casa mais viva!

Karina se aproxima.

KARINA: - Olá, boa noite!

Walter se impressiona com a beleza de Karina.

WALTER: - É você!

KARINA (surpresa): - Como?

WALTER: - Você é a pessoa que eu estava precisando! Onde você esteve esse tempo todo?

Karina olha estranho para Walter, sem entender.

IVAN: - Walter, calma... Está deixando a moça assustada.

WALTER: - Claro... Deixa eu me apresentar. Eu me chamo Walter, sou dono da boate GlamouRio. Já ouviu falar?

KARINA: - Já sim, uma casa noturna antiga. Sucesso na zona sul.

WALTER: - Exatamente. Mas agora eu quero dar uma modernizada no local, colocar gente nova pra agitar o espaço e aí você me aparece, linda na minha frente... (pega um cartão no bolso, entrega para Karina) Aparece lá pra gente conversar. Tenho uma boa proposta pra você.

Karina sorri para Walter, um tanto esperançosa.

IVAN: - Tem uma mesa pra gente?

KARINA; - Claro! Por aqui...

Karina leva Ivan e Walter até a mesa. De longe, Heloísa observa.

HELOÍSA: - Essa daí não perde uma...

Heloísa desvia o olhar, enxerga Guilherme, arrumando as cadeiras ao fundo. A camiseta, colada no corpo do rapaz, exibe seu físico.

HELOÍSA (suspira): - Ai... E esse aí ainda vai voar para os meus braços... Que pão, meu Deus! Que pão!

CENA 03. CASA MARÍLIA. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Sala de jantar na casa de Marília. O ambiente tem decoração moderna, contemporânea, com luz, claridade. A mesa, de vidro, destaca-se no local. Sentada na ponta da mesa, está Ilza. Amália, magra, cabelos cacheados, bem vestida, e com expressão esnobe de sempre, sentada ao lado, junto com Pedro. Do outro lado, estão Marília e Cristóvão.

CRISTÓVÃO: - Marília, muito obrigado pelo convite para jantar.

MARÍLIA: - Não precisa agradecer não, Cristóvão. Adoro sua companhia.

AMÁLIA: - E a mamãe também... (risos)

ILZA: - Eu gosto sim. Cristóvão sempre foi um grande amigo.

MARÍLIA: - Pena que o Ivan não está aqui também. A gente se encontrou rapidamente na agência, depois deixei recado pra ele.

CRISTÓVÃO: - Ele me disse que ia jantar num restaurante com um amigo e depois ia dar uma esticadinha.

AMÁLIA: - Amigo? Esticadinha? Sei...

ILZA: - Amália, por favor!

AMÁLIA: - Ai, mamãe, foi só um comentário, nada de mais!... E o Cristovão já deve estar acostumando com essa rotina gay do Ivan.

PEDRO: - Impressionante como você consegue ser desagradável, mamãe.

AMÁLIA: - Estou mentindo, Cristóvão?

CRISTÓVÃO: - Não, Amália, não está. Foi difícil aceitar a homossexualidade do meu filho. Mas se eu o amo, quero mais é que ele seja feliz, independente do parceiro ou parceira que ele venha ter... Agora, o que me incomoda é tom pejorativo com que algumas pessoas tratam essa questão.

ILZA: - Espero que você tenha entendido o recado, Amália.

Amália se cala.

MARÍLIA: - Vamos mudar de assunto, então? Fala aí, Pedro, como foi na faculdade?

CRISTÓVÃO: - Está na faculdade, Pedro? Que maravilha!

PEDRO: - Estou sim, Cristóvão. Nossa, foi incrível, tia. Muita gente, jovens, é um mundo completamente diferente.

MARÍLIA: - E a aula, como é?

PEDRO: - Muito legal! Os professores são geniais.

AMÁLIA: - Sendo um publicitário de sucesso e rico, tudo bem. Sabe que meu sonho sempre foi te ver médico, dá mais dinheiro.

MARÍLIA: - Dinheiro não é tudo, Amália. Se ele fizer o que gosta e fizer bem, vai ser reconhecido. Tem tanto médico que não tem um carro do ano por aí...

AMÁLIA: - Você fala como se tudo fosse fácil.

MARÍLIA: - Eu?!

AMÁLIA: - Sim, só porque ganhou essa grana toda de bandeja.

ILZA: - Já chega, Amália!

MARÍLIA: - Nunca mais diga isso, Amália!

AMÁLIA: - É verdade!... Se não fosse o Gustavo morrer, a gente estaria até hoje naquela casa velha! Graças a Deus!

MARÍLIA (levanta-se, irritada): - Saia da mesa agora, Amália!

AMÁLIA: - Mas eu nem terminei meu jantar.

MARÍLIA (firme): - Não me interessa! Saia da mesa agora! Vai!

Amália se levanta, encara Marília e sai da sala sem dizer nada. Marília senta-se novamente, tenta recuperar a postura.

ILZA: - A Amália está cada vez mais áspera!

PEDRO: - Eu não entendo porque ela é assim...

MARÍLIA: - Inveja, Pedro. Sua mãe nunca conseguiu se dedicar pra conquistar alguma coisa e aí fica invejando os outros que conseguem... Desculpa, Cristóvão. Essa situação tão chata. Era para ser um jantar tranquilo.

CRISTÓVÃO: - Não me peça desculpas, Marília. Está tudo bem. Agora, vamos comer, porque esse assado aqui na minha frente está me deixando com água na boca.

ILZA: - Eu te sirvo, Cristóvão.

Os quatro seguem o jantar.

CENA 04. MANSÃO LINHARES. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Fernando está no escritório, em frente ao computador, quando Marcinha entra no local.

MARCINHA: - Posso entrar?

FERNANDO: - Já chegou, filha? Pensei que o show fosse até mais tarde.

MARCINHA; - Foi cedo.

FERNANDO: - E como estava?

MARCINHA: - Estava bom. A banda é boa também e a turma é divertida (risos)

FERNANDO: - Que bom que você aproveitou. Na minha época eu também aproveitava muito os shows. Eu e sua mãe.

MARCINHA: - A mamãe me disse que vocês eram muito amigos.

FERNANDO: - Éramos mesmo. Até que numa festinha da turma, os dois de pileque, acabamos na cama. E aí (pausa)

MARCINHA (interrompendo): - Eu fui feita! (risos) Por que acabou, pai? Se você e a mamãe eram tão amigos...

FERNANDO: - Eu cheguei a gostar da sua mãe, de verdade. Ainda gosto... Mas no fundo, no fundo, nós sempre fomos diferentes. A gente se dava bem estando separados um do outro. Como agora. O nosso casamento só serviu pra comprovar isso. Mas eu não guardo rancor disso não. Sua mãe foi uma companheira e tanto.

MARCINHA: - Ela é incrível, não é? E dança super bem!... Outro dia, lá no apartamento, estava ela tentando fazer o Adônis aprender a dançar. Mas não tem jeito. Ele não move uma palha com os pés. (risos) O Diogo até tem mais jeito pra coisa.

FERNANDO: - Adônis e o Diogo continuam de birra?

MARCINHA: - Quase sempre. Não sei como minha mãe aguenta... Diogo é um pouco revoltado com a vida... Uma pena. Um rapaz tão bonito.

Maria Helena entra no local.

MARIA HELENA: - Ah, estão aí!

FERNANDO: - O que foi, mamãe?

MARIA HELENA: - Estava procurando vocês para jantar. Seremos só nós três. Seu pai já foi dormir.

MARCINHA: - E a tia Estér?

MARIA HELENA: - Sua tia não volta pra casa tão cedo, Marcinha... Não sei como ela consegue levar uma vida assim.

FERNANDO: - A Estér sempre curtiu muito. E é feliz assim, mamãe.

MARIA HELENA: - Vamos ver até quando. Homem nenhum gosta de mulher da noite. Ah, eu sempre me esqueço que a Estér não é uma mulher normal...

Maria Helena sai.

MARCINHA: - Por que a vovó sempre fala assim com a tia Estér? Ela é tão legal.

FERNANDO: - Infelizmente, sua avó não aceita as escolhas da sua tia Estér. Uma pena... Vem, vamos jantar.

Fernando abraça Marcinha e os dois saem.

CENA 05. BOATE GLAMOURIO. INT. NOITE.

(fade in “Rosas” – Ana Carolina) Estér dança no centro da pista, na GlamouRio. O local está bem movimentado, pessoas animadas, se divertindo. Estér dança, simplesmente tomada pela música.

Ivan e Walter chegam, param-se em uma mesa, observando Estér, que dança, livre, sorridente. (fade out trilha) Estér se aproxima dos dois.

ESTÉR: - Saindo pra jantar e não me convidam... Estão tendo um recordar é reviver? (risos)

IVAN: - Não, não!... Apenas como amigos mesmo. Depois daquele fora que eu tomei do Walter, fiquei vacinado com relacionamentos.

WALTER: - Pobre do Ivan, tão novinho na época... Mas ainda bem que a gente continuou amigo. A gente, com certeza, se dá melhor assim, como amigos, do que como possíveis namorados. (risos)

ESTÉR: - Melhor assim, vocês amigos. Eu não ia querer ficar segurando vela pra vocês nas baladas! (risos)

Os três riem. De repente, Ivan avista um homem chegar à boate.

WALTER: - O que foi Ivan?

IVAN: - Eu conheço aquele cara lá...

O tal homem veste calça jeans, um terno bem alinhado, cabelos curtos, preto, tem postura, e sua beleza atrai alguns olhares.

IVAN: - É o Fábio, foi modelo... Já trabalhei com ele.

ESTÉR: - É um homem muito bonito!

WALTER: - Gostando da fruta, Estér?

ESTÉR: - Não, Walter, apenas um elogio. Não há como negar...

IVAN: - Eu vou até lá.

Ivan se aproxima de Fábio.

IVAN: - Fábio?

FÁBIO: - Ivan!

Os dois se abraçam.

IVAN: - Quanto tempo, cara!

FÁBIO: - Muitas viagens, produções de desfiles...

IVAN: - Não desfila mais?

FÁBIO: - Raramente. Quero investir mais na parte de produção, bastidores. E você, fotografando muito?

IVAN: - Mais do que nunca! Ainda mais agora que estou com a Marília na Classi Models.

FÁBIO: - Eu preciso mesmo falar com a Marília. Ela me fez um convite para me integrar à equipe. Acho que vou topar.

IVAN: - Que ótimo! O trio ternura junto novamente. (risos)

FÁBIO: - Vai ser bacana sim... E essa boate aqui, qual é o lance?

IVAN: - Bem-vindo a GlamouRio meu amigo, a boate mais plural e sem preconceitos do Rio de Janeiro. Aqui gays, héteros, simpatizantes, todas as tribos se divertem.

FÁBIO: - Legal... Primeira vez que eu venho.

IVAN: - Eu já frequento há alguns longos anos. Praticamente patrimônio da casa.

FÁBIO: - E qual é a sua tribo?

Ivan e Fábio trocam olhares.

FÁBIO: - Eu, sinceramente, sempre desconfiei de você. Não sei se desconfiança é a palavra certa. Mas sentia uma certa dúvida se você gostava de homens ou de mulheres. Ou dos dois.

IVAN: - Eu sei bem daquilo que gosto. Mas não se preocupe, não vou te agarrar não.

FÁBIO: - Por favor, não fique chateado com o meu comentário...

IVAN: - Relaxa, ta tranquilo... Vem, quero te apresentar uns amigos.

Ivan leva Fábio até Walter e Estér, os quatro conversam, animados.

CENA 06. CASA MAURO. QUARTO. INT. NOITE.

Mauro e Rosana conversam, deitados na cama.

MAURO: - Como foi o trabalho lá no atelier? Preparada para o grande dia?

ROSANA: - Ai, meu amor, nem me fala. Toda vez que lanço uma coleção nova, parece ser a primeira... Estou muito ansiosa.

MAURO: - Tenho certeza que vai dar tudo certo, querida. Você vai ver. É uma mulher talentosíssima.

ROSANA (acaricia o rosto de Mauro): - Você é realmente encantador, Mauro. Não sei o que seria da minha vida sem você do meu lado.

(sobe trilha “Cuidando de Você” – Luiz Melodia)

MAURO: - Eu te amo, Rosana. Estarei do seu lado, sempre.

ROSANA: - Eu sei, meu querido. E isso me deixa mais segura, pode acreditar.

Mauro sorri, beija Rosana, que corresponde. Mauro se empolga, mas Rosana se afasta.

ROSANA: - Desculpa, querido. Mas eu não estou com cabeça pra isso agora... (sorri, meiga, vira para o outro lado da cama, revira os olhos, expressão de enfado)

MAURO: - Tudo bem, meu amor. (beija o ombro de Rosana, carinhoso) Durma bem.

(fade in trilha “Cuidando de Você” – Luiz Melodia)

CENA 07. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / APTO TARSO. INT. DIA.

Imagens do Rio ao amanhecer. (fade out trilha “Cuidando de Você” – Luiz Melodia) Corta para o apto de Tarso, café da manhã da família. Sandra, Tarso, Aline e Talles na mesa.

SANDRA: - E o show, meninos, como estava?

TALLES: - Muito fera! Pena que a Aline não viu.

TARSO: - Não viu? Mas você não foi junto no show, Aline?

ALINE: - Claro que eu vi! Ai pai, o Talles está falando bobagem.

TALLES: - Não estou não. Eu não vi você perto da galera no show.

ALINE: - Não viu porque eu achei uns amigos lá do cursinho e fiquei com eles. Só isso.

TARSO: - Amigos do cursinho, sei...

ALINE: - É sério!... (encara Talles) Garoto idiota.

Talles ri, de canto de boca.

TARSO: - Vamos logo, Talles, termina esse café pra sair comigo.

TALLES: - Sair pra onde?

TARSO: - Esqueceu que você vai comigo pra empresa? Vamos lá, sem corpo mole.

ALINE (rindo): - Vai lá, trabalhador! Chega de boa vida!

SANDRA: - E você também, Aline, pega suas coisas, que já deve estar atrasada pra aula.

ALINE (levanta-se): - Já vou mesmo. (saindo)

TALLES: - Tem certeza que é hoje, pai? Não é amanhã não?

TARSO: - Deixa de ser preguiçoso, Talles! Se fosse pra ir pra praia, você não ia estar reclamando. Vamos logo...

Talles sai da mesa.

SANDRA: - Não pega muito no pé dele, Tarso. Ele é jovem ainda.

TARSO: - Você fica mimando o Talles demais. Daí ele não tem responsabilidades...

SANDRA: - Não mimo não... O que eu gosto é de mimar você (beija Tarso) Fico tão feliz em saber que você é só meu. (encara Tarso) Você não tem mais ninguém, não é?

TARSO: - Amo você, Sandra. Só você. Não pense nisso não.

SANDRA: - Também te amo. Bom trabalho.

Aline volta pra sala com sua bolsa, Talles também. Tarso levanta-se da mesa, pega a maleta. Os três saem.

SANDRA: - Só meu... Só meu...

CENA 08. APTO DUDA E GABY. INT. DIA.

Duda e Gaby conversam, enquanto organizam as coisas no apto.

GABY: - Que show ótimo ontem, né Duda? Ai, fiquei do ladinho do Diogo o tempo todo! Acredita que o guri não se mexeu nem pra me tirar pra dançar nas músicas mais românticas?

DUDA: - Ai, Gaby, o Diogo é assim, mais paradão...

GABY: - Parado demais, né Duda? Eu ali, dançando, girando feito espeto na churrasqueira e ele nem aí pra mim. Mas que barbaridade!

DUDA (ri): - Você é hilária, Gaby...

GABY: - Mas, de vez em quando, eu dava umas olhadas pra ti e o Talles. Clima de romance total!

DUDA: - Talles é um fofo, mas sei lá... Às vezes a gente parece distante. Não caminhamos juntos pro mesmo lado, sabe?

GABY: - Não. Me explica isso guria.

DUDA: - Ah... Por exemplo, eu faço faculdade, estou ralando atrás de um emprego, pra pagar as contas aqui do apê... Enquanto o Talles já tem uma vida boa, não quer saber nem de estudo, nem de trabalho... Não sei se é isso que eu quero pra mim.

GABY: - Hummm, agora eu entendi. Mas sei lá, se você começar a dar uns toques pra ele, vai que ele pega no tranco e começa a tomar jeito na vida?

DUDA: - Será?

GABY: - Só vai saber se tentar né? Enquanto você dá um toque pro Talles se arrumar na vida, eu vou dar uns toques pro Diogo se arrumar comigo! Ai, meu Deus, que guri bonito!

Duda fica pensativa...

CENA 09. ESCRITÓRIO ADÔNIS. INT. DIA.

CAM mostra um escritório convencional, muitas mesas, papéis, barulho de telefone, porém, é um ambiente um tanto moderno, sofisticado.

Numa das mesas, está Diogo, jogando paciência no computador. Próximo dele, em outra mesa, está Renato. De uma sala separada, sai Adônis, apressado, cara de poucos amigos, trazendo uns papéis em mãos. Adônis chega à mesa de Diogo e coloca, bravo, os papéis sobre a mesa. Diogo, aos poucos, retira os olhos da frente do computador e encara o pai.

ADÔNIS: - Você chama isso de trabalho? Ficar jogando paciência no computador?

DIOGO: - Eu já fiz a tarefa que você mandou eu fazer.

ADÔNIS: - Você chama essa porcaria de serviço bem feito? Será que todo esse tempo aqui dentro você não aprendeu a fazer seu trabalho decentemente?

DIOGO: - Será que mesmo depois de todo esse tempo você ainda não percebeu que eu não sirvo pra ficar enfiado aqui dentro deste escritório?

Renato se aproxima deles.

RENATO: - O que foi gente, o que ta pegando aqui?

ADÔNIS: - Esse moleque vive fazendo as coisas erradas. Você vai ter que fazer isso tudo novamente, Diogo.

DIOGO: - Tudo bem, depois eu faço.

ADÔNIS: - Depois? Nem pensar. É agora. Eu preciso desses documentos prontos pra ontem! E você só sai para almoçar, depois que fizer tudo.

DIOGO (resmunga): - Regime escravocrata voltou.

RENATO: - Mas acho que ele pode fazer depois (pausa)

ADÔNIS (firme): - Não, ele não pode! Vai fazer agora porque eu estou mandando.

DIOGO (levanta-se): - É só pra me ferrar, não é?

ADÔNIS: - Pra você aprender que a vida não é brincadeira. É pra aprender a me respeitar.

DIOGO: - Não tenho culpa se a minha mãe me deixou ainda criança com você, atrapalhando a sua vida, sua juventude, seus planos... Agora está se cobrando, é isso?

ADÔNIS: - Diogo, não é isso!

DIOGO: - Seu dinheiro guardado para outras coisas, para viagens, mulheres, foi tudo comigo, não é?... Mas não se preocupe, pai, eu vou te dar em dobro, tudo isso que você gastou comigo.

RENATO: - Calma aí galera! As coisas não se resolvem assim...

DIOGO (saindo): - Eu vou almoçar. Na volta, eu faço tudo.

Diogo sai. Adônis fica a observar o filho, impassível.

ADÔNIS: - Eu não queria que ele pensasse assim.

RENATO: - Senta aí, Adônis, respira.

Adônis se senta, um tanto chateado com a discussão.

ADÔNIS: - Eu abri mão de muita coisa pra ficar com o Diogo, pra cuidar dele... Realmente, às vezes eu ficava chateado porque queria sair, namorar, ir pra rua e não podia, porque tinha um filho pequeno pra cuidar. Mas eu nunca o culpei de nada!

RENATO: - Adolescente é assim, Adônis... Daqui a pouco ele esfria a cabeça também e vai ver que pegou pesado.

Adônis fica pensativo.

CENA 10. ESCOLA DE DANÇA CORPO E ALMA. INT. DIA.

Raquel dá aula de dança na sua escola. O espaço é um grande salão, piso de madeira, com um enorme espelho ocupando todo comprimento da parede. As janelas do casarão trazem a claridade da rua, da luz do sol, criando um ambiente agradável. Alguns alunos estão presentes na aula (7 casais). Paula está num canto, fazendo aula, mas dançando sozinha. A aula é de samba (ao fundo, o som da trilha “Com que Roupa eu Vou” – Caetano Veloso e Zeca Pagodinho)

RAQUEL: - Isso mesmo pessoal!... Agora o giro das damas!

Os casais fazem os passos. Raquel se aproxima de Paula.

RAQUEL: - Não quer retornar outro dia, Paula? Vai ficar novamente sem par...

PAULA; - Eu não me importo, Raquel. Eu gosto de dançar, estou me divertindo aqui também, mesmo sozinha.

Raquel sorri, meiga, volta para frente da turma, continua a aula. Paula vai até o bebedouro pegar água. Quando vai beber, André entra apressado na sala, e acaba esbarrando na moça, que vira água. Os dois se olham surpresos.

PAULA: - Você?! De novo?!

ANDRÉ: - Era só o que me faltava... o que você está fazendo aqui, garota?

PAULA: - Olha lá como fala comigo, seu mal educado! Eu estou fazendo aula.

ANDRÉ: - Justo aqui?

PAULA: - Como assim, justo aqui? Não vai me dizer que...

Raquel se aproxima dos dois.

RAQUEL: - André! Bom ver você!

ANDRÉ: - Eu disse que eu vinha, não disse?

RAQUEL: - Confesso que desconfiei quando você me falou que gostaria de fazer aulas de dança... Sei que seu pai não foi muito com essa ideia.

ANDRÉ: - Ele nem sabe que eu estou aqui. Falei pra ele que tinha uma reunião com meu gerente do banco. (ri) E então, vamos começar?

RAQUEL: - Claro, vamos sim! E veja só que coincidência boa! Você e a Paula podem dançar juntos. Ela está sem par.

PAULA: - Ah, desculpa, Raquel, mas eu já estava de saída.

RAQUEL: - Estava? Você disse que ia ficar mais um pouco, Paula... Fica, agora você tem com quem dançar.

Paula e André se olham.

ANDRÉ: - Não se preocupe, eu não mordo.

PAULA: - Tudo bem.

RAQUEL: - Ótimo, venham!

Raquel sai, na frente deles, volta para os alunos. André e Paula se aproximam do grupo. André fica em posição, Paula se aproxima dele. Os dois se tocam as mãos. Troca de olhares imediata. Eles ficam parados, por um instante, olhando fixamente um para o outro. Aos poucos, começam a dançar. Mas, de repente, Paula se afasta.

ANDRÉ: - O que foi?

Paula pega sua bolsa e sai apressada.

PAULA: - Eu não consigo (saindo)

RAQUEL: - Paula!

Paula sai do salão. Raquel olha para André, que fica sem reação.

RAQUEL: - Vem André, dance comigo.

Raquel e André começam a dançar.

Do lado de fora, Paula sai do casarão apressada, andando rápido pela calçada.

CENA 11. CASA MAURO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Rosana sozinha à mesa do café. Mauro chega à sala, estranha ver a mulher sozinha.

MAURO: - Meu amor, você ainda não terminou o seu café?

ROSANA: - Acordei com pouco apetite.

MAURO: - Aconteceu alguma coisa?

ROSANA: - Não, nada...

MAURO: - Eu sinto que você está estranha. Desde ontem.

ROSANA: - Impressão sua, querido. Deve ser ansiedade, por causa do desfile.

Neste instante, Vitinho chega à sala.

VITINHO: - Bom dia povo!

MAURO: - Olá, Vitinho, como vai?

VITINHO: - Tudo ótimo, doutor Mauro. E você, madame, como vai?

ROSANA: - Bem...

VITINHO: - Ih, não, não. Não tem nada de bom aí nessa sua carinha. O que foi?

MAURO: - Eu também quero saber, mas ela não diz nada.

ROSANA: - Gente, eu estou bem, já falei. Acho que só ansiedade por causa do desfile, só isso.

MAURO: - Tudo bem, se você diz... (beija a testa de Rosana) Eu já vou indo para a empresa. Querem carona?

ROSANA: - Não, meu amor, obrigada. Eu e o Vitinho precisamos passar numa fábrica de tecidos ainda. Pode ir.

MAURO: - Tudo bem. Mais tarde, se der, eu passo no atelier. Bom dia para vocês.

Mauro sai. Rosana e Vitinho sozinhos na sala. Ele senta-se ao lado dela na mesa, come uma fruta.

VITINHO: - A senhora não quis dizer na frente do doutor Mauro, mas eu sei que tem alguma coisa aí dentro te incomodando.

ROSANA: - Impossível esconder alguma coisa de você!

Nesse instante, Leocádia, que ia entrar na sala, espera, para ouvir a conversa.

VITINHO: - Eu passo mais tempo com a senhora do que ele.

ROSANA: - É verdade. A minha preocupação não tem nada a ver com a coleção, que graças a Deus está bem encaminhada.

VITINHO: - Então o que você tem? Que preocupação é essa?

ROSANA: - Meu passado, Vitinho... Eu estou com medo do meu passado!

VITINHO: - Como assim?

Leocádia, sem querer, esbarra num vaso de flor, deixando o objeto cair no chão. Rosana e Vitinho se atentam.

ROSANA: - Quem está aí?

LEOCÁDIA (entra na sala): - Como eu sou desastrada. Acabei batendo no vaso de flor na estante. Acabou quebrando.

ROSANA (irônica): - Nossa, que coisa chata, hein, dona Leocádia!... Cheguei a pensar que a senhora estaria ouvindo a nossa conversa.

LEOCÁDIA: - Sabe muito bem que não sou disso, Rosana. Até me surpreende você pensando esse tipo de coisa de mim... Com licença (se retira)

ROSANA: - Essa daí não me engana... Nunca foi cem por cento do meu lado.

VITINHO: - Dá pra perceber que ela tem uma certa implicância com você. Mas então, fala pra mim, o que você ia dizer sobre o seu passado?

ROSANA: - Deixa pra lá... Eu preciso que você me leve para um lugar agora mesmo.

VITINHO: - Que lugar?

CENA 12. MERCADO. INT. DIA.

Sílvia e Melissa fazem as compras num supermercado. Melissa empurra o carrinho cheio. Sílvia olha as horas.

SÍLVIA: - Minha filha, você tem a cópia da lista aí com você, não tem?

MELISSA: - Tenho sim, por quê?

SÍLVIA: - Porque a mamãe tem um compromisso importante agora e precisa sair. Você continua as compras? (retira dinheiro da carteira, entrega para Melissa) Acho que aqui tem bastante. E dá até para pegar um táxi pra casa, pra não precisar voltar caminhando cheia de sacolas.

MELISSA: - Mas aonde a senhora vai, mamãe, toda apressada assim? Que compromisso é esse?

SÍLVIA: - É uma coisa que eu estou esperando há muito tempo, filha. Eu não posso demorar. Faça isso para mãe, ta?

Sílvia sai apressada.

MELISSA: - Ela ta estranha...

CENA 13. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. DIA.

Geórgia, tomando um cafezinho, conversa com Durval e Heloísa.

HELOÍSA: - E o Renato, Geórgia, só te enrolando com essa história de casamento?

GEÓRGIA: - Não, não, Heloísa. Lógico, ele não está tão enérgico quanto eu, mas está gostando sim da ideia da gente oficializar a união. Embora ele diga que, morar junto já é um casamento.

HELOÍSA: - Eu e seu irmão não somos casados no papel, mas é como se fosse. Moramos juntos há tantos anos.

DURVAL: - Apenas 5, Heloísa.

HELOÍSA: - Mas cinco anos pra mim já é muita coisa!... Imagina só, Geórgia, cinco anos lavando as cuecas do seu irmão?

GEÓRGIA (ri): - Eu não quero nem imaginar, Heloísa...

DURVAL: - Engraçadinha...

GEÓRGIA: - Mas o meu sonho sempre foi casar. Na igreja, véu e grinalda, de branco. Depois a festa, convidados, tudo o que eu tenho direito... Meu grande sonho. E o Renato é o homem perfeito pra realizar esse sonho ao meu lado.

DURVAL: - Ele é um ótimo rapaz.

HELOÍSA: - Um partidão. Deu sorte hein, amiga! Não perdeu tempo...

GEÓRGIA (levanta-se, apressada): - Gente, falando em tempo, preciso correr! Tenho reunião na Áurea Calçados agora de manhã! Passei aqui só pra dar um oi rápido!

DURVAL: - Mas termina o seu café primeiro, Geórgia!

GEÓRGIA: - Não dá tempo, meu irmão. Beijo, gente!

Geórgia sai.

HELOÍSA: - Sua irmã sempre correndo atrás do que quer, sempre batalhadora.

DURVAL: - E vai conseguir, pode ter certeza... O que ela tem de batalhadora, o Guilherme tem de preguiçoso. Cadê esse garoto pra vir arrumar as mesas?

HELOÍSA: - Ai, Durval, deixa o filezinho, quero dizer, o Guilherme descansar. Ontem, mesmo com pouco movimento, ficamos até tarde aqui.

DURVAL: - Esse garoto...

CENA 14. AEROPORTO. INT. DIA.

Valquíria está no aeroporto, na área de desembarque. Mostra-se ansiosa. De repente, abre um grande sorriso e acena.

Um homem, negro, usando terno escuro, óculos escuros, cabelo com tranças, curtas. Ele tem porte atlético, andar elegante. Ele se aproxima de Valquíria, que se agarra em seu pescoço.

VALQUÍRIA: - Ai, meu amor! Que bom que você voltou... (se afasta) Estava com tanta saudade, Bruno.

BRUNO: - Eu imagino o grau da sua saudade, Valquíria. Me ligou de 10 em 10 minutos antes de eu entrar no avião.

VALQUÍRIA: - Eu tenho essa necessidade de estar sempre próxima, mesmo que por telefone.

BRUNO: - É, eu percebi.

VALQUÍRIA: - Então, vamos pro meu apartamento?

BRUNO: - Enquanto o meu não estiver pronto, o seu será a minha morada, não é?

VALQUÍRIA: - Vai ser ótimo ficar do seu lado esse tempo todo.

Os dois se dão as mãos e caminham. Bruno sempre sério. Valquíria, encantada com ele.

CENA 15. ÁUREA CALÇADOS. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

Sala de reuniões da Áurea Calçados. Fernando, Estér, Tarso e outros diretores estão presentes. A reunião já está em andamento. Geórgia chega à sala, entra discretamente.

GEÓRGIA: - Desculpem pelo atraso. Trânsito está daqueles! (senta-se ao lado de Tarso)

FERNANDO: - Não tem problema, Geórgia...

ESTÉR: - Estávamos falando sobre o lançamento da nova coleção da Áurea Calçados.

GEÓRGIA: - Claro. Só para constar, a Marina da Glória está reservadíssima para o evento. E o pessoal da decoração vai trazer o projeto ainda hoje pra gente aprovar.

FERNANDO: - Perfeito.

TARSO: - Eu também já recebi confirmações de empresários bolivianos, argentinos, chilenos, uruguaios e mexicanos. ESTÉR: - Os norte-americanos não confirmaram? Seria ótimo se viessem. O pessoal da moda está organizando um mega evento nos Estados Unidos. A Áurea não poderia ficar de fora.

TARSO: - Ainda não confirmaram, Estér, mas eu posso dar uma checada mais tarde.

FERNANDO: - E quanto às modelos para os desfiles. Alguma sugestão de agência?

ESTÉR: - Precisamos de um nome famoso para dar aquele up na marca.

GEÓRGIA: - Eu andei dando uma pesquisada e achei o contato da Classic Models, que é uma das mais famosas agências de modelos do país. É daquela ex-modelo Marília Pereira.

ESTÉR: - Sim, eu lembro dela! Foi uma das pioneiras na moda do Brasil, anos 90.

GEÓRGIA: - Então, a agência dela já fez trabalhos no Brasil e exterior, e tem um casting excelente. A gente pode marcar um encontro, e acertar tudo com eles.

FERNANDO: - Há possibilidade de agendar esse encontro para hoje ainda? Quero uma certa urgência.

GEÓRGIA: - Claro, entro em contato agora mesmo.

FERNANDO: - E veja também o contato com a Gonzales Fashion. Quero saber da possibilidade deles vestirem as modelos para esse desfile.

TARSO: - Gonzales Fashion é uma marca e tanto. Ganharíamos muito com essa parceria.

FERNANDO: - Foi o que pensei, Tarso. Precisamos de uma mega produção para esse lançamento.

GEÓRGIA: - Caso acerte o encontro com a Classic Models, você vem comigo, Fernando?

FERNANDO: - Sim, faço questão. E na GF também.

CENA 16. CASA SÍLVIA. INT. DIA.

Melissa chega em casa com as compras. Laerte entra na cozinha, vindo da área de serviço.

LAERTE: - Terminei o concerto daquele cano que estava vazando... Sua mãe está lá fora?

MELISSA: - Minha mãe, não?

LAERTE: - Então já está no quarto. Eu vou falar pra ela que (pausa)

MELISSA (interrompe): - Pai, a mamãe não veio comigo. Eu voltei de táxi, sozinha.

LAERTE: - E sua mãe não voltou por quê? Onde ela está?

MELISSA: - Isso o senhor vai ter que perguntar pra ela. A gente estava no mercado ainda, quando ela ficou toda apressada, dizendo que tinha que resolver um assunto importante e que não poderia perder tempo.

Laerte fica pensativo.

MELISSA: - Agora eu preciso arrumar tudo isso aqui sozinha...

LAERTE (a si mesmo): - Assunto importante... Justo hoje? (desconfiado) Será que...

CENA 17. PENITENCIÁRIA. EXT. DIA.

CAM mostra a rua onde fica o presídio. De um lado, o prédio, murado, impondo a impressão de solidão, medo, abandono. Do outro lado da rua, Silvinha observa o portão de entrada e saída do prédio. Olhar apreensivo, um tanto angustiado. Nada se vê para dentro do portão. Nem um carro passa na rua, se escuta o som da rodovia ao longe, distante. Sol quente.

De repente, o portão grande se abre. Os olhos de Sílvia se fixam nele. Sai de lá, caminhando vagarosamente, um homem (pouco mais de 45 anos) cabelos curtos, barba por fazer, trajando jeans e camiseta cinza, um tanto surrada, tênis nos pés e uma pequena mochila nas costas. Ele para na calçada, olha em volta, o céu, o sol, respira fundo, fecha os olhos por alguns segundos. Ao abrir os olhos novamente, olha do outro lado da rua e vê Sílvia, que já está com os olhos marejados. (fade in “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

Sílvia atravessa a rua. Seu andar é difícil, está tomada pela emoção. Ela se aproxima do homem, fica frente a frente. Na rua, ao longe, um carro preto estaciona. O vidro do motorista baixa, revelando Vitinho. A porta do carona se abre. Rosana sai do carro e observa o encontro de Sílvia com o homem. Vitinho também está no carro.

VITINHO: - O que a gente veio fazer aqui?!

ROSANA: - É ele... Droga!... E a Silvinha veio mesmo.

Sílvia frente a frente com o homem.

HOMEM: - Mesmo depois desses anos todos, eu seria incapaz de esquecer o seu rosto de menina.

SÍLVIA: - Da mesma forma como eu nunca te esqueci. (emocionada) Bom ter você de volta, Júlio. 

Sílvia e Júlio a se olhar, profundamente, enquanto ao longe, Rosana observa tudo, séria.

 


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