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Passos da Paixão - Capítulo 27

Novela de Édy Dutra
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PASSOS DA PAIXÃO - CAPÍTULO 27

 
 
 
 
 
NO CAPÍTULO ANTERIOR:
 

Sílvia coloca um de seus croquis numa moldura e pendura na parede. Fica a observar o desenho (um vestido rosa, de flores). Sílvia olha em volta, se mostra satisfeita.

SÍLVIA: - Essa casa estava mesmo precisando de novos ares... Assim como a minha vida. 

De repente, a campainha toca. Sílvia vai atender. Ela abre a porta. 

SÍLVIA: - Mauro?

MAURO: - Como vai, Silvia? Podemos conversar? 


Os dois trocam olhares.


 

 

 

CENA 01. CASA SÍLVIA. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Sílvia se surpreende com a visita de Mauro.

MAURO: - Podemos conversar?

SÍLVIA: - Claro, entra.

Mauro entra na sala, Sílvia fecha a porta. Fica a observá-lo. Mauro dá uma olhada pela sala de Sílvia, vê o croqui emoldurado na parede.

MAURO: - Realmente, você é uma artista.

SÍLVIA: - Só faço o que eu gosto. Aceita alguma coisa pra beber? Água, café, suco?

MAURO: - Um suco, por favor.

SÍLVIA: - Pode sentar, eu vou buscar o suco. 

Mauro senta-se no sofá. Observa a casa, vê uma foto de Sílvia, Laerte e Melissa abraçados. Sílvia traz o suco, oferece para Mauro, que bebe uns goles. Silêncio na sala. 

MAURO: - Você tem uma filha muito bonita. Uma família linda.

SÍLVIA: - Obrigada. Mas acredito que você não tenha vindo aqui para elogiar minha família.

MAURO: - Realmente, você está certa. (encara Sílvia) Eu quero saber tudo. Tudo sobre a sua relação com a Rosana. Desde o início.

SÍLVIA: - Eu já te contei o que eu precisava contar, Mauro. Não há mais nada.

MAURO (levanta-se): - Eu sei que há, Sílvia. Tantos anos sendo enganado. É impossível que de uma hora pra outra eu saiba de tudo num único momento.

SÍLVIA: - Eu e a Rosana éramos amigas (pausa)

MAURO: - Eram? Não são mais por quê? 

Sílvia não consegue esconder sua apreensão. 

SÍLVIA: - Coisas da vida...

MAURO: - Resposta mais vaga, impossível... Não precisa ficar nervosa, Sílvia. Só quero que me conte tudo.

SÍLVIA: - Não é tão fácil assim.

MAURO: - Enquanto você quiser ficar me escondendo a verdade, vai continuar sendo difícil. 

Sílvia encara Mauro, que a olha impassível. 

MAURO: - Então?

SÍLVIA: - Eu e a Rosana éramos amigas. Acompanhei todo o processo dela para entrar na Gonzales Fashion.

MAURO: - Fazendo os croquis que ela dizia que eram dela. Mas por que vocês deixaram de ser amigas?

SÍLVIA: - Porque eu não concordei com a forma que a Rosana vinha levando essa nossa parceria, digamos. Eu desenhava pra ela, enquanto ela, já casada com você, me ajudava a sustentar minha família. Mas a Rosana mudou completamente. Virou uma pessoa diferente, sabe?

MAURO: - Diferente como?

SÍLVIA: - Egoísta, superficial, fria... Esqueceu o real valor de uma amizade. Só me via como um meio de manter o sucesso dela sempre alto.

MAURO: - Vocês deixaram de ser amigas, mas mesmo assim, você continuou desenhando para ela. Interessante.

SÍLVIA: - Eu precisava colocar comida pra dentro de casa, tinha uma família pra sustentar... Não sei se você sabe o que é isso. Sempre teve tudo nas mãos, aposto.

MAURO: - A minha boa condição de vida também foi fruto de trabalho. Nada me caiu do céu. 

Silêncio. 

SÍLVIA: - Enfim, é isso. Mais alguma coisa?

MAURO: - A Rosana e a Melissa não farão mais parte da Gonzales Fashion.

SÍLVIA: - Depois de tudo isso.

MAURO: - E... Eu... Eu vou me separar da Rosana.

SÍLVIA (surpresa): - Vai o quê?

MAURO: - Não posso continuar do lado de quem me enganou praticamente uma vida toda.

SÍLVIA: - A Rosana vai surtar. Ela ama você.

MAURO: - Rosana ama o meu dinheiro e o poder que eu dei pra ela... Se ela tivesse sido verdadeira comigo, desde o início, talvez a história fosse diferente.

SÍLVIA: - Ela foi aquilo que você quis que ela fosse, Mauro. A artista talentosa.

MAURO: - Mas a artista é você! O sucesso da minha marca é graças ao seu trabalho, Sílvia. Eu ainda não acredito nessas armadilhas do destino.

SÍLVIA: - Eu nem sei o que dizer para você. Sei que também tive um pouco de culpa, mas agora, com tudo esclarecido, eu me sinto bem mais leve. Pode ter certeza.

MAURO: - Eu tenho... Eu vejo no seu rosto que você está leve. É realmente uma outra aura. Tomara que sua filha aprenda com você essa lição de caráter.

SÍLVIA: - Eu também espero, Mauro. É o que eu mais quero nesse mundo.

MAURO: - Eu não tive filhos... E nem sei se vou ter algum dia.

SÍLVIA: - Você não é tão velho assim para jogar a toalha. O casamento pode ter acabado, mas a sua vida continua.

MAURO: - Você é sempre tão otimista?

SÍLVIA: - Aprendi a ser. Pensamento positivo atrai coisas boas.

MAURO: - Tem razão. Eu vinha dirigindo pra cá e pensando que essa nossa conversa seria boa. Alguma coisa bacana sairia daqui.

SÍLVIA: - Um início de amizade, isso acho que podemos afirmar.

MAURO: - Início de uma relação bacana. (sorri) 

Mauro abre os braços. Sílvia o abraça. Silêncio. De repente, Laerte entra na casa. 

LAERTE: - Finalmente eu te encontrei em casa, Sílvia... (pausa, vê Sílvia e Mauro abraçados) O que está acontecendo aqui? 

Sílvia e Mauro se surpreendem. 

MAURO: - Bem, eu vou indo... Nos falamos, Sílvia?

SÍLVIA: - Claro, Mauro.

MAURO: - Obrigado. Por tudo. 

Mauro vai embora sem antes perceber os olhares de Laerte. Sílvia e Laerte a sós. 

SÍLVIA: - Quem te deu o direito de invadir a minha casa assim, Laerte?

LAERTE: - A casa é minha também, Silvinha. Esqueceu que moramos juntos aqui? E outra, que história é essa de trazer homem aqui pra dentro?

SÍLVIA; - Mas era só o que me faltava, Laerte!... Em primeiro lugar, não te devo mais satisfações da minha vida. Segundo, o Mauro e eu somos apenas amigos. Não vai pensando coisa que não deve.

LAERTE: - Claro, apenas amigos, abraçadinhos no meio da sala...

SÍLVIA: - Você veio aqui pra quê, afinal? Infernizar a minha vida é isso?

LAERTE: - Eu vim aqui pra gente conversar... Silvinha, eu não sei viver sem você. Por favor, me perdoa por tudo!

SÍLVIA: - Laerte...

LAERTE (ajoelha-se): - Eu me sinto tão sozinho... A minha vida sem você do meu lado não faz sentido nenhum... Por favor, Sílvia! Me dá uma chance! 

Sílvia encara Laerte, olhos fixos. Laerte se levanta. Os dois ficam a se olhar. 

SÍLVIA: - Eu não posso, Laerte. Não seria justo comigo. E muito menos com você. Sabe muito bem disso.

LAERTE: - É o Júlio, não é? Você ainda gosta dele, não é mesmo? 

Sílvia acena com a cabeça. 

LAERTE (afasta-se/grita): - Droga! Maldito Júlio! Maldita hora que ele reapareceu na nossa vida!

SÍLVIA: - Bendita hora que ele apareceu, Laerte! Bendita hora!... Não poderia ter vindo em momento melhor. Agora sim, eu me sinto pronta pra amar... E ser amada.

LAERTE: - Quer dizer que o amor que eu te dei não valeu de nada, esses anos todos? 

Silêncio. Sílvia olha com pesar para Laerte. 

SÍLVIA: - Eu sinto muito se não fui à mulher que você queria que eu fosse. Mas não posso iludir você. 

Laerte se entristece e sai. Sílvia fica pensativa. 

CENA 02. CASA MAURO. SALA. INT. NOITE. 

Leocádia, Celeste e Guilherme conversam na sala. Celeste chocada com o assunto da conversa. 

CELESTE: - É verdade, mamãe? O Mauro e a Rosana vão se separar mesmo?

LEOCÁDIA: - Parece que sim, filha... Seu irmão está decidido. Só está esperando a bandida voltar dos Estados Unidos.

GUILHERME: - Uma pena um casamento de anos terminar assim.

LEOCÁDIA: - Eu não sinto pena nenhuma, Guilherme. Estou dando graças a Deus que o Mauro abriu os olhos para o verdadeiro caráter dessa mulher. Enganou a todos, se passando por estilista famosa, quando na verdade, não fazia nada! 

Celeste inquieta, mexendo e remexendo as mãos. 

CELESTE (a si mesma/expressão aflita): - O Mauro está triste. Se eu não ajudar o Mauro, ele vai ficar pior. Depressão, suicídio... Mauro não pode morrer. Eu preciso ajudar. Se eu não ajudar, ele pode morrer. Escuridão, morte, depressão. Ele precisa de luz. Não quero que meu irmão morra. Eu tenho medo. 

De repente, Celeste se levanta, vai até o abajur e acende a luz. 

LEOCÁDIA: - Celeste, não precisa ligar o abajur, filha. Está bem claro aqui na sala.

CELESTE: - Precisa, mãe. O Mauro precisa de luz! 

Leocádia e Guilherme trocam olhares. Celeste vai até o interruptor na parede, acende outra luz. 

GUILHERME: - Celeste... Olha só amor, não precisa acender a luz.

CELESTE (aflita): - Precisa! Vocês não percebem! O Mauro precisa de luz! Senão ele pode morrer com tudo isso!

LEOCÁDIA: - De onde você tirou isso, Celeste? O Mauro não vai morrer! 

Celeste não dá ouvidos. Acende outra luz na sala. 

CELESTE: - Não acendeu direito! Droga! 

Celeste aperta o interruptor várias vezes. A luz acende e apaga incessantemente até queimar a lâmpada. 

GUILHERME: - Amor, para com isso!

CELESTE (descontrolada): - Não posso... Escuridão, depressão, morte. Agora essa luz queimada! É o fim!

LEOCÁDIA: - Minha filha se controle! 

Guilherme vai até Celeste, tenta segurá-la, mas ela o empurra. Celeste vai até a gaveta na estante e pega um pacote de velas e um fósforo.

CELESTE: - A gente precisa iluminar a vida do Mauro, senão ele pode morrer!

Antes de Celeste acender a vela, Guilherme a abraça por trás, prendendo seus braços, enquanto Leocádia tira-lhe as velas. Celeste faz força, tenta se livrar de Guilherme, mas não consegue.

LEOCÁDIA (aflita): - Para com isso, Celeste! Não faz assim, filha!

CELESTE: - Me solta, Guilherme!

GUILHERME: - Só depois que você se acalmar!

CELESTE: - Eu não posso deixar o Mauro morrer... Não posso...

Aos poucos, Celeste se acalma e começa a chorar. Guilherme a abraça, consolando-a. Leocádia também procura se recuperar do choque.

LEOCÁDIA: - Eu nunca vi a minha filha assim... Não sei o que faria se não fosse você aqui comigo, Guilherme.

GUILHERME: - Eu tive um amigo com esse problema, dona Leocádia.

LEOCÁDIA: - A Celeste não tem problema nenhum. Ela só ficou nervosa.

GUILHERME: - Se você continuar negando que ela precisa de ajuda, ajuda médica, ela não vai melhorar.

(sobe trilha “Minha Rainha” – Luiz Melodia) Celeste olha tenra para Guilherme, enlaça os braços em volta do pescoço dele.

CELESTE (cochicha): - Eu não preciso de médicos...

GUILHERME: - Você precisa se tratar, meu amor. Você está doente... Eu vou cuidar de você.

Guilherme pega Celeste no colo, vai subindo com ela para o outro andar. Leocádia fica sozinha na sala, pensativa.

LEOCÁDIA: - Não posso mais negar mesmo. É pelo bem da minha filha.

(fade out trilha)

CENA 03. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. NOITE.

Maria Helena e Orestes conversam, enquanto jantam.

ORESTES: - Sabe que, eu fiquei meio receoso em sair para jantar hoje. Fernando chegou em casa mal por causa do fim do namoro com a Marília.

MARIA HELENA: - Não vou dizer que soltei fogos de artifício por isso. Mas fiquei mais aliviada.

ORESTES: - Aliviada?!

MARIA HELENA: - Aquela mulher, não era mulher para o Fernando, Orestes. Estava na cara. Provavelmente o Fernando descobriu o golpe que ela queria dar na família e tratou logo de despachar à moreninha.

ORESTES: - Ela não é moreninha, Maria Helena. Ela é negra. E outra, eu duvido e muito que ela seria capaz de fazer alguma coisa contra o Fernando. A Marília não precisa do nosso dinheiro. Ela tem uma vida ótima.

MARIA HELENA: - Moreninha, negra... Todos da pele escura.

ORESTES: - Olha esse comentário racista, Maria Helena. Por favor, modere suas palavras.

MARIA HELENA: - Ok, não está mais aqui quem falou. 

Maria Helena bebe um gole do vinho, quando percebe que Estér e Bia não estão mais no restaurante. Fica procurando. 

ORESTES: - Procurando o garçom?

MARIA HELENA: - Não, nada não... Pensei que tivesse visto alguém conhecido, só isso... 

Do lado de fora do restaurante, Estér e Bia caminham lado a lado.

BIA: - Muito obrigada pelo jantar, Estér. Mesmo morando na zona sul, eu nunca tinha vindo aqui.

ESTÉR: - Eu adoro o restaurante. O Durval, ele é dono e cheff de cozinha. Um cara muito bacana.

BIA: - E ótimo cozinheiro! O cardápio é divino.

ESTÉR: - Divina é a sua companhia. 

As duas trocam olhares, sorriem e seguem caminhando. Estér passa o braço sobre o ombro de Bia, abraçando-a. (sobe trilha “Rosas” – Ana Carolina) 

BIA: - Bora pro meu apê?

ESTÉR: - Você quer?

BIA: - Eu quero. Só pensei nisso durante o jantar... (risos) 

As duas seguem caminhando, felizes, abraçadas uma na outra. (fade out trilha “Rosas” – Ana Carolina) 

CENA 04. MANSÃO LINHARES. QUARTO FERNANDO. INT. NOITE.

Fernando está deitado na cama, olhos marejados. (sobe trilha “Cuide Bem do Seu Amor” – Paralamas do Sucesso

FLASHBACK 

MARÍLIA: - Como não?! Eu ouvi, Fernando. Palavra por palavra sua. A Marília é só uma aventura. Nunca ouve amor. É só diversão... É isso que eu sou para você? Uma simples diversão?

FERNANDO: - Claro que não! Meu amor deve ter acontecido algum engano.

MARÍLIA: - Claro. Mas é óbvio que aconteceu um engano, Fernando. Eu me apaixonei por um homem que disse que me amava e acabei me enganando. (saindo)

FERNANDO (indo atrás dela): - Marília espera! Me escuta, por favor!

MARÍLIA (encara Fernando): - Acabou, Fernando!... Depois do que eu passei hoje, tudo o que eu mais quero, é não ouvir a sua voz. 

VOLTA À CENA ATUAL. 

FERNANDO: - O que eu te fiz, Marília? Por que isso? 

Neste instante, Marcinha entra no quarto dele. 

MARCINHA: - Pai...

FERNANDO: - Oi filha... (seca as lágrimas) 

Marcinha deita-se ao lado de Fernando, o abraça.

MARCINHA: - Não fica assim não, pai. Eu já levei toco de vários caras... Você supera.

FERNANDO: - Mas é difícil, filha. Ainda mais quando se é amor de verdade... Mas tendo você do meu lado, dando força, eu acredito que passa mesmo.

MARCINHA: - Claro que passa. E quem sabe você e a Marília não se acertam? Pelo menos amigos, como você e a mamãe, vocês podem ficar.

FERNANDO: - Sua mãe é amiga mesmo. Ficou do meu lado na hora dessa tempestade toda.

MARCINHA: - A Marília vai esfriar a cabeça, vai pensar melhor. Pode escrever. Vocês vão voltar ainda.

FERNANDO: - Tomara, Marcinha. Tomara. 

Os dois se abraçam. (fade in “Cuide Bem do Seu Amor” – Paralamas do Sucesso) 

CENA 05. APTO RAQUEL E ADÔNIS. SALA. INT. NOITE.               

(fade out trilha anterior) Raquel e Adônis conversam à mesa do jantar. 

ADÔNIS: - Então você foi lá consolar o Fernando porque ele terminou o namoro com a outra lá?

RAQUEL: - Eu não fui consolar o Fernando. Coincidentemente eu estava lá quando a Marília chegou, gritando, brigando... Nossa, foi uma situação tão chata.

ADÔNIS: - Imagino... Se bem que, convenhamos, alguma o Fernando fez pra essa moça fazer isso. Ela parecia tão serena.

RAQUEL: - Claro que não! Fernando seria incapaz de fazer alguma coisa pra magoar alguém.

ADÔMIS: - Não esqueça que você se separou dele depois de várias brigas, discussões...

RAQUEL: - Muitas dessas brigas por influência da mãe dele.

ADÔNIS: - Então quer dizer que todos os problemas que o Fernando tem são por culpa da Maria Helena?

RAQUEL: - Eu não falei isso, Adônis. Você tá querendo colocar o Fernando na fogueira, credo!

ADÔNIS: - E você tá querendo livrá-lo de toda a culpa por tudo que acontece com ele! 

Os dois se encaram. 

RAQUEL: - Lá vem você com esse ciúme de novo.

ADÔNIS: - Não é ciúme!

RAQUEL: - É sim! Você acha que eu vou ficar correndo atrás do Fernando sempre...

ADÔNIS: - Querendo ou não, você estava lá hoje.

RAQUEL: - Não acredito que estou ouvindo isso... 

Neste instante, Diogo entra na sala, usando calça jeans, camiseta e uma jaqueta escura. Cabelos bagunçados, mas que dão um visual bacana. Ele vai se dirigindo direto pra porta. 

ADÔNIS: - Ei ei! Diogo... Aonde você vai?

DIOGO: - Sair pai.

ADÔNIS: - Aonde? Com quem?

DIOGO: - Vou dar um role com o pessoal aí... Você não conhece.

ADÔNIS: - Que história é essa, Diogo?

RAQUEL: - Pode ir, Diogo. Seu pai hoje deu pra implicar com tudo.

DIOGO: - Tô saindo. 

Diogo sai. 

ADÔNIS: - Você viu? Se eu não pergunto, ele não ia nem dizer aonde ia!

RAQUEL: - De fato, ele não disse aonde ia mesmo, Adônis. Mas ele tá na fase de curtir, é um rapaz responsável.

ADÔNIS: - De uns tempos pra cá, começou a chegar em casa tarde, com roupas de marca. Você viu o celular novo dele?! Duvido que tenha conseguido só com o salário que ele ganha lá no escritório.

RAQUEL: - Vai ver ele aprendeu a poupar, economizar e aí tá conseguindo comprar as coisas que ele quer, já que você não abre a mão.

ADÔNIS: - Não abro mão? Eu comprei uma calça nova pra ele faz 3 meses! 

Raquel ri, enquanto tira a louça da mesa. 

CENA 06. CALÇADÃO BEIRA DA PRAIA. EXT. NOITE. 

(sobe trilha “Garotos” – Leoni) Diogo caminha pelo calçadão na beira da praia. Algumas garotas fazem programa no local. Ele se para um pouco mais distante, aguardando cliente. 

Um carro vermelho, de luxo, para diante de Diogo, baixa o vidro. Um homem (negro, por volta dos 40 anos, careca, camisa de marca) faz sinal. Diogo se aproxima da janela, conversam um pouco. Em seguida, Diogo entra no carro. 

(fade out trilha “Garotos” – Leoni) 

CENA 07. CASA MARÍLIA. QUARTO MARÍLIA. INT. NOITE. 

Marília é consolada por Ilza, em seu quarto. Ela está deitada na cama, enquanto Ilza está sentada nos pés da cama. 

MARÍLIA: - Eu ainda não acredito que o Fernando fez isso comigo, mãe.

ILZA: - Nem eu, filha... Nem eu.

MARÍLIA: - E quando eu fui falar com ele, negou tudo! Impossível! Era a voz dele na gravação, mãe. A senhora ouviu, não ouviu?

ILZA: - Ouvi, Marília... Agora, procure se acalmar, filha. Você ainda está muito nervosa. Ainda correu riscos! Sair dirigindo assim, debilitada emocionalmente... 

Amália bate à porta do quarto e vai entrando. 

AMÁLIA: - Tem visita pra você, Marília.

MARÍLIA: - Visita?! É o Fernando?! Se for o Fernando, diz pra ele que (pausa)

AMÁLIA: - Calma!... Não é o Fernando não... 

Amália olha para a porta. Bruno vai entrando no quarto. 

MARÍLIA (surpresa): - Bruno?

BRUNO: - Vim saber como você está...

AMÁLIA: - Mamãe vamos deixar os dois conversar à vontade, vamos?

ILZA: - Tá certo. Eu vou descer. Qualquer coisa me chama, filha.

MARÍLIA: - Obrigada, mãe. 

Amália e Ilza saem do quarto. Bruno senta-se aos pés da cama.

BRUNO: - Como você tá?

MARÍLIA: - Tentando superar, mas tá difícil.

BRUNO: - Eu imagino.

MARÍLIA: - Como soube?

BRUNO: - Amália me avisou. Ela ficou preocupada com você. Eu também fiquei... Desilusão amorosa dói, não é?

MARÍLIA: - Muito.

BRUNO: - Mas sabe, que eu acredito naquele ditado que diz... Para curar a dor de um amor antigo, basta começar um novo amor.

MARÍLIA: - O ditado não é bem assim... (risos)

BRUNO: - Mas a mensagem é a mesma.

MARÍLIA: - Mas eu não estou com cabeça pra pensar em um novo amor.

BRUNO: - O amor talvez nem precisa ser novo. Basta ser revivido. (segura a mão de Marília) Você sabe disso.

MARÍLIA: - Olha só, Bruno, eu (pausa)

BRUNO (interrompe): - Marília, eu te amo. Sempre te amei. Você sabe... Eu vou estar sempre do seu lado.

MARÍLIA: - Já tentamos uma vez, lembra?

BRUNO: - Há anos!... Eu sou um novo homem, quero te provar isso. Eu mudei. Pra melhor. E quero que você me ajude a melhorar ainda mais.

MARÍLIA: - Será que mudou mesmo? Te vi no Rio Moda com outra mulher.

BRUNO: - A Valquíria é uma grande amiga. Artista plástica, nos conhecemos na Europa e ela está me dando a maior força aqui no Rio. É só amizade... Amor mesmo, eu tenho só por você. 

Os dois ficam a se olhar. 

MARÍLIA: - Bruno, eu preciso descansar...

BRUNO: - Claro. Eu só passei para saber como você estava. Mas não esqueça. Eu vou estar sempre do seu lado (beija a mão dela) Eu te amo, Marília. Acredite nisso. E me aceite que você vai ver o quão feliz eu posso te fazer. Estou disposto a tudo para ficar com você. Pode ter certeza.

Bruno se levanta e sai. Marília fica pensativa.

CENA 08. CASA TEREZA. INT. NOITE.

Júlio arruma o sofá da sala de Tereza para dormir. Ele se deita. Tereza chega à sala.

TEREZA: - Ah, desculpa, Júlio.

JÚLIO: - Ei, Tereza, pode ficar.

TEREZA: - Não quero atrapalhar. Você já vai dormir.

JÚLIO: - Não, ainda não... Você quer falar comigo?

TEREZA: - Eu?

JÚLIO: - É você? (risos)

TEREZA (sem jeito): - Na verdade, bem... Eu... Falar, assim, não... Pelo menos nada de importante.

JÚLIO: - Para de enrolar, Tereza. Fala logo aí.

TEREZA: - Ontem, quando você e a Sílvia estavam na cozinha...

JÚLIO: - O que tem?

TEREZA: - Estavam falando apenas sobre o desfile mesmo?

JÚLIO: - Por que essa pergunta agora?

TEREZA: - Por que na hora eu fingi acreditar, mas eu sei que não era verdade... Vocês se gostam, não é?

JÚLIO: - Olha Tereza, nem eu sei o que acontece entre a gente. Eu e a Sílvia é uma incógnita.

TEREZA: - E eu e você? Incógnita também?

JÚLIO: - Eu e você? Bem (pausa)

TEREZA (aproxima-se de Júlio): - Eu não quero ser uma indefinição, Júlio. Eu quero ser a certeza, a confirmação. O meu coração e meu corpo pede isso...

Tereza beija Júlio, que aos poucos se deixa levar. Ela se levanta, o pega pela mão e leva Júlio para o seu quarto. Os dois entram no local e, aos beijos, caem sobre a cama. Tereza se deixa levar pelos beijos e carícias de Júlio. (fade in trilha “Codinome Beija-Flor” – Luiz Melodia)

CENA 09. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / FACULDADE ABC. INT. DIA.

Imagens do Rio ao amanhecer. Mostra a praia, os prédios da cidade, o Cristo Redentor. Dia ensolarado. (fade out trilha “Codinome Beija-Flor” – Luiz Melodia) Corta para a Faculdade ABC. Pedro e Duda estão numa loja de conveniência dentro da faculdade.

DUDA: - Nossa, que chato isso, Pedro... E como tá sua tia?

PEDRO: - Ela ficou super triste, mas tá tentando superar.

DUDA: - Ai, eu não encontro à agenda da faculdade aqui nessas prateleiras.

PEDRO: - Vamos pedir para o funcionário então. 

Pedro e Duda deixam suas mochilas numa mesa e fazem o pedido no balcão da loja. Num outro ponto do local, está Talles. Ele pega um estojo e coloca dentro da mochila de Pedro. Ninguém percebe. Em seguida, sai da loja e aguarda do lado de fora. 

O funcionário entrega a agenda para Duda.

DUDA (ao funcionário): - Está o dinheiro. Obrigada! (a Pedro) Aqui tem todos os projetos da faculdade. Dá pra ficar por dentro de tudo o que acontece.

PEDRO: - Que legal! O bom é que vamos poder curtir muita coisa dessa programação juntos. 

Os dois sorriem um para o outro. Eles pegam suas mochilas e vão saindo da loja, quando dispara o alarme. Eles se olham, surpresos. O funcionário se aproxima. 

DUDA: - Acho que você não tirou a etiqueta da agenda. Por isso soou o alarme.

O funcionário analisa a agenda.

FUNCIONÁRIO: - A agenda está sem etiqueta... Bem, às vezes o alarme desregula. Entrem e saiam novamente. 

Pedro e Duda fazem o que o funcionário pede e novamente o alarme soa. 

PEDRO: - O que será então?

TALLES (se aproxima): - Eu tenho um palpite...

DUDA: - Talles?

TALLES (ao funcionário): - Quem sabe você não revista os pertences dos dois. Talvez algum deles possa ter colocado algum produto da loja (faz sinal de aspas com os dedos) “por engano” na mochila.

DUDA: - O que você está insinuando hein?

PEDRO: - Deixa, Duda. Vamos mostrar pra ele que a gente não pegou nada. 

Duda e Pedro abrem suas mochilas para o funcionário verificar. Talles com sorriso cínico no rosto. Algumas pessoas param em volta para observar. O funcionário termina de revistar a mochila de Duda e vai para a de Pedro. Neste instante, ele retira o estojo da mochila do rapaz. Pedro e Duda se surpreendem. 

FUNCIONÁRIO: - Está aqui, um estojo da loja. Com etiqueta e tudo.

PEDRO: - Eu não peguei isso não!

TALLES: - Como não? Estava dentro da sua mochila neguinho! Tá na cara que foi tu que pegou e achou que ia se dar bem.

DUDA: - Pedro...

PEDRO (aflito): - Eu juro, Duda, eu não roubei isso! Eu jamais roubaria!

FUNCIONÁRIO: - Sinto muito rapaz, mas vamos ter que ir até a reitoria saber das providências a serem tomadas. Isso aqui não pode ficar assim. Me acompanhe. 

O funcionário leva Pedro, que recebe os olhares de reprovação das pessoas. Talles ri, satisfeito. Duda se aproxima dele. 

DUDA: - Você está achando o máximo isso tudo, não é?

TALLES: - Confesso que achei sim. Aquele neguinho precisa nunca me enganou. E você sempre defendendo ele. Viu? Um ladrãozinho perfeito.

DUDA: - Cala a boca, Talles. O Pedro jamais faria uma coisa dessas.

TALLES: - Você está cega, Duda?! O estojo estava na mochila dele! Todo mundo viu!... Só pode estar apaixonada mesmo pra negar tudo isso.

DUDA: - Talvez eu esteja mesmo. 

Talles se surpreende. 

TALLES: - Como é que é?! Duda, você sempre ficou comigo!

DUDA: - Até eu descobrir o que é ser amada de verdade. Eu confio no Pedro, Talles, e sei que ele vai sair bem dessa história. Tudo não passa um engano. (saindo)

TALLES: - Engano é o que você está fazendo com a sua vida!... Você precisa é ficar comigo! 

CENA 10. LAGOA RODRIGO DE FREITAS. EXT. DIA. 

Renato e Ivan caminham lado a lado, conversando. 

IVAN: - Preparado para o casamento? Faltam poucos dias!

RENATO: - Acho que sim.

IVAN: - Geórgia deve estar ansiosíssima.

RENATO: - É, está.

IVAN: - Mas você pelo visto não...

RENATO: - Eu não sei, na real, qual o meu estado de espírito nessa história toda, Ivan... Eu amo a Geórgia, estamos juntos há tantos anos, vivemos tanta coisa e agora vamos nos casar... Aí, aparece você na minha vida, mexendo com tudo aqui dentro de mim. É complicado, poxa!

IVAN: - Calma, eu sei como é (pausa)

RENATO (interrompe): - Não sabe. Ninguém sabe. É tudo tão confuso. Literalmente, uma faca de dois gumes.

IVAN: - Eu tenho a Geórgia como uma grande amiga, Renato. E também gosto muito de você. Eu acho que a gente deveria deixar rolar a nossa história. Estamos nos dando tão bem.

RENATO: - Viver uma vida dupla. Você acha que é fácil?

IVAN: - Eu sei que não é. Mas aí vamos abrir mãos dos nossos momentos juntos?

Os dois se abraçam.

RENATO: - Não, claro que não... a gente vai dar o nosso jeito. Sempre.

CENA 11. CASA SELMA E GILSON. INT. DIA.

Gilson e Selma conversam.

SELMA: - Eu acho uma injustiça o que estão fazendo com Rosana, só porque a moça errou a mão nos desfiles desse ano.

GILSON: - Mas foi um erro grave, Selma.

SELMA: - Todo mundo erra, Gilson. Ela vai ser mandada embora sem nem ter uma segunda chance. E olha tudo o que ela fez pela empresa?

GILSON: - Mauro está irredutível. Quer apostar em novas caras, novamente.

SELMA: - Bem, a moda sempre precisa de um frescor mesmo. Ainda bem que temos o fundo Pró-Moda.

GILSON: - Falando nele, eu investi ainda mais no fundo, para a qualificação de novos profissionais.

SELMA: - Ótimo querido! Praticamente um mecenas da moda! Agora, bem que poderia investir numa festa aqui em casa, hein? Faz tempo que a gente não recebe os amigos.

GILSON: - Vamos com calma, Selma... Vamos com calma!... 

CENA 12. NOVA YORK. QUARTO HOTEL LUXO. INT. DIA. 

No quarto do hotel, Rosana está mexendo em seu notebook. Ela acessa o sistema da GF e vai ao local do Fundo Pró-Moda. 

ROSANA: - Opa! Temos novidades!... 

Rosana acessa a conta do fundo e vê a grande quantia. 

ROSANA: - Meu Deus!... Mas é muita grana!... Pena que não ficará quase nada pra GF. 

Rosana realiza a transferência do dinheiro para sua conta particular. 

ROSANA: - Pronto! Mais grana pra gastar em Nova York! Só mais uns dias na Capital do Mundo! 

CENA 13. PASSAGEM DO TEMPO. IMAGENS GERAIS DO RIO DE JANEIRO. 

(fade in trilha “Mania de Você” – Rita Lee) Imagens gerais do Rio de Janeiro. Mostra o Maracanã, a praia de Copacabana, o Pão de Açúcar. Visões aéreas da cidade, alternadas em dia e noite. Corta para um dia de sol, bonito.

LEGENDA na tela: Dias depois... 

CENA 14. IGREJA DA CANDELÁRIA. EXT/INT. DIA. 

(fade out trilha “Mania de Você” – Rita Lee) Imagens do lado de fora da Igreja da Candelária. Alguns convidados chegando para o casamento de Geórgia e Renato.  

Do lado de dentro da igreja, os convidados já estão em seus lugares. No altar, Adônis e Raquel são os padrinhos. Fernando e Marcinha chegam à igreja, acompanhados por Estér, Maria Helena e Orestes. 

ADÔNIS: - Fernando veio ao casamento.

RAQUEL: - Ele é chefe da Geórgia. Tinha que vir. São amigos... E a Marcinha, está linda.

ADÔNIS: - Puxou a mãe...

Raquel sorri.

Guilherme recepciona os convidados. Marcinha fica de olho nele, quando Celeste se aproxima do rapaz, o beija. Marcinha desvia o olhar.

Num dos bancos, estão Sandra, Tarso, Aline, Vitinho e Talles. Pedro, Duda e Gaby chegam juntos.

GABY: - Gente vamos sentar ali ó, tem lugar!

PEDRO: - Melhor não, Gaby. Vamos do outro lado. Não quero ficar perto daquele idiota do Talles.

GABY: - Bah esqueci. Desculpa. Mas no que terminou a história da loja?

DUDA: - As câmeras de segurança gravaram o Talles colocando o estojo na mochila do Pedro. Ele foi suspenso da faculdade.

GABY: - Bem feito pra esse guri.

Karina chega à igreja, junto com Janice e Alceu. Sandra os vê e se aproxima. 

SANDRA: - Karina!

KARINA: - Oi Sandra!

SANDRA: - Bom te ver... São seus pais?

KARINA: - São sim. Janice e Alceu. Pai, mãe, essa aqui é a Sandra, cliente lá do restaurante e grande amiga minha.

JANICE: - Nossa, Karina. Não sabia que você tinha amigas assim, tão bonitas e importantes na sociedade. Acho que já vi você nas revistas.

SANDRA: - Vira e mexe sai uma foto na coluna social... (risos)

ALCEU: - Você precisa ir nos visitar. Temos um bar lá em Vila Isabel.

KARINA: - Pai, você acha que a Sandra vai querer ir a Vila Isabel?

SANDRA: - E por que não iria? Claro que vou! 

Vitinho conversa com Aline. 

VITINHO: - A Rosana chega hoje de Nova York. Quero só ver quando ela souber que não vai mais participar da GF.

ALINE: - Nem pensa nisso amor. Deixa que ela se vire. O importante é que você continua trabalhando lá.

VITINHO: - É verdade. Não no cargo que eu tinha antes, mas desempregado como ela, eu não fiquei.

Guilherme e Celeste conversam, quando Diogo se aproxima.

GUILHERME: - Diogo, bom que você veio. Obrigado.

DIOGO: - Meu pai e a Raquel são os padrinhos do casamento.

GUILHERME: - Fiquei sabendo a pouco tempo que o seu pai é o chefe do Renato (risos)

CELESTE: - E seu pai e a sua madrasta, amor? São padrinhos também, não são?

DIOGO: - Não os vi por aqui...

GUILHERME: - A Heloísa ficou ajudando a tia Geórgia com o vestido. Meu pai saiu daqui a pouco tempo para ir buscá-las... Agora, o Renato é que ainda não chegou. 

CENA 15. HOTEL. QUARTO. INT. DIA. 

Heloísa arruma Geórgia, junto com Tereza. Geórgia está usando um vestido de noiva, branco, estilo tomara que caia. Rendas e bordados em cristais. Um véu delicado sobre a cabeça. O vestido possui uma longa cauda bordada. 

HELOÍSA: - Geórgia, você está lindíssima!

GEÓRGIA (olhando no espelho): - Estou mesmo, gente?

TEREZA: - Foi o vestido de noiva mais bonito que eu já fiz. E olha que em tempo recorde!

HELOÍSA: - Belo trabalho, Tereza. Com certeza, olhando você linda desse jeito, o Renato não nem pensar na hora de dizer sim. Vai querer casar logo! 

Durval entra no quarto. Se impressiona com a beleza de Geórgia. 

DURVAL: - Minha irmã virou uma princesa, é isso?

GEÓRGIA (emocionada): - Oh, meu irmão...

DURVAL: - Você está linda, Geórgia. A noiva mais linda que eu já vi na vida. Merece tudo de bom. Hoje é o seu dia.

GEÓRGIA (segura a mão dele): - Obrigada por fazer parte desse momento especial.

DURVAL: - Conta sempre comigo.

HELOÍSA: - E o noivo, Durval? Foi lá saber como estava o Renato?

DURVAL: - Fui sim. Ele já estava saindo de casa.

TEREZA: - Nós só vamos dar uns ajustes aqui e já podemos ir. 

Geórgia fica a se olhar no espelho, admirada. 

CENA 16. CASA GEÓRGIA. INT. DIA. 

Renato está na sala, tentando dar nó na gravata, quando a campainha toca.

RENATO: - Ah, Durval... Bom você voltar.

Renato vai até a porta. Ele abre. É Ivan.

IVAN: - Você ainda não está pronto?

RENATO (voltando para a sala): - Estou quase. Só falta essa gravata aqui.

IVAN: - Deixa que eu te ajudo. 

Os dois ficam frente a frente. Ivan começa a arrumar a gravata de Renato, que fica a observar Ivan. Ivan termina. 

IVAN: - Pronto. Tá lindo.

RENATO: - Valeu... 

Os dois ficam a se olhar por um instante e, de repente, se beijam. Aos amassos, caem sobre o sofá. 

CENA 17. CASA SÍLVIA. INT. DIA. 

Som da campainha. Sílvia abre a porta. É Júlio. 

JÚLIO (entrando): - Você não foi ao casamento?

SÍLVIA: - Não. A Tereza foi no meu lugar. Eu ainda estou organizando umas coisas aqui em casa. E logo mais à noite, a Melissa está chegando de viagem. Quero estar em casa para esperar ela... Mas eu pensei que você iria com a Tereza... Já que agora vocês dois resolveram assumir de vez o romance.

JÚLIO: - Você sabe que não é assim, Sílvia.

SÍLVIA: - Ah não? Estranho, porque vocês andam pra cima e pra baixo juntos, dando jantares na casa dela, saindo para programinhas de casal.

JÚLIO: - Foi acontecendo. Mas nós não somos um casal.

SÍLVIA: - E são o quê então?

JÚLIO: - Não sei!... Olha só, Sílvia, eu vim até aqui para dizer que eu estou disposto a começar um novo caminho. E quero você do meu lado.

SÍLVIA (surpresa): - Como é?

JÚLIO: - Isso mesmo que você ouviu. Se for preciso, eu abro o jogo com a Tereza, digo a verdade pra ela.

SÍLVIA: - Que verdade, Júlio? Não há verdade nenhuma da gente...

JÚLIO: - A verdade que eu descobri que estou apaixonado por você, Sílvia... Esse tempo que eu fico longe de você, me dói. Eu quero recomeçar, mais uma vez. Agora com você do meu lado. 

Júlio se aproxima de Sílvia. 

SÍLVIA: - Júlio...

JÚLIO: - A nossa chance, Silvinha. A nossa chance. 

Os dois se beijam, apaixonados. 

CENA 18. IGREJA DA CANDELÁRIA. INT. DIA.

Renato chega à igreja, entrando pela porta da frente, cumprimentando os convidados. Ivan entra por uma das portas laterais, disfarçando. Tira algumas fotos.

FERNANDO: - Pronto para colocar a coleira?

ESTÉR: - Fernando, não assuste o noivo.

RENATO: - É o que mais quero agora, ficar preso. (risos) Obrigado pela presença pessoal.

ORESTES: - A Geórgia é uma moça adorável. Impossível não comparecer.

RENATO: - Ela vai ficar muito feliz com a presença de vocês.

MARIA HELENA: - E pelo visto, vai ser uma festa e tanto... Vejo pessoas conhecidas da alta sociedade do eixo Rio-São Paulo. Não sabia que vocês tinham tantos contatos assim.

RENATO: - Na verdade, é mais por parte da Geórgia e do irmão dela. Eu tenho poucos amigos, conhecidos, enfim... Mais uma vez, obrigado pessoal. 

Renato se afasta. Maria Helena vai até Sandra. 

MARIA HELENA: - E então, o que está achando disso tudo?

SANDRA: - Óbvio que a decoração não chega aos pés do casamento do Fernando e da Raquel, mas até que está direitinha. Eu simpatizo com o casal.

MARIA HELENA: - Você viu que a Vitória Magalhães Ferreira está aí?

SANDRA: - Vi sim... Ela e o noivo. Parece que as joias que a noiva vai usar são da Amaro, exclusivas! Presente da Vitória para a amiga.

MARIA HELENA: - Pelo menos a noiva tem amizades importantes. Não é como a Estér que só se mete com gentinha.

SANDRA: - O que foi que você já está implicando com ela?

MARIA HELENA: - Eu descobri que ela está de casinho novo. Uma vagabundinha, metida a arquiteta.

SANDRA: - Maria Helena! Estamos na igreja...

MARIA HELENA: - Deus sabe o que eu estou passando e vai me entender... Eu já discuti com o Orestes sobre o comportamento da Estér, mas ele não me escuta. Só há um jeito de haver paz naquela casa.

SANDRA: - Eu não quero nem saber qual é a solução para isso. Pode sair coisa trágica!

MARIA HELENA: - A Estér vai ir embora de lá. Eu já sei como... 

Enquanto isso, Raquel se aproxima de Fernando. 

RAQUEL: - Todo bonitão! Até parece que vai ser padrinho!

FERNANDO: - Você é que está linda, Raquel.

MARCINHA: - Verdade, mãe! Tá linda demais!

RAQUEL: - Gostaram? Que bom!

ADÔNIS (se aproxima): - Vem, Raquel. Já vai começar.

RAQUEL: - Nos falamos depois!

Raquel volta para o altar, com Adônis. Heloísa entra na igreja, se dirige ao altar.

RENATO: - E aí?

HELOÍSA: - Vão entrar agora. Durval e Geórgia já estão a postos.

A marcha nupcial começa a tocar na igreja. Os convidados se colocam de pé, olhando em direção a porta. Geórgia e Durval estão a postos. Ela de braços dado com ele, visivelmente feliz/emocionada. Renato, no altar, sorri.

CENA 19. CASA MAURO. INT. DIA.

Rosana chega a casa, com muitas sacolas de compras.

ROSANA: - Mauro, meu amor! Me ajuda aqui! Tem mais coisas no táxi lá fora!

Rosana se depara com suas malas prontas na sala. Mauro e Leocádia a encaram.

ROSANA: - Vamos viajar de novo?

LEOCÁDIA: - Não, Rosana. Você é que vai viajar. Sem volta.

ROSANA: - Mauro! Eu retorno depois de uma temporada em Nova York, e sua mãe me recebe dessa forma. Você não vai fazer nada?

MAURO: - Eu vou dizer pro táxi não sair, pois você vai usá-lo de novo para ir embora daqui, sua farsante! 

Rosana se surpreende. 

ROSANA: - Meu amor, por que (pausa)

MAURO (grita): - Não me chama de meu amor!... Até quando você achou que iria me enganar, Rosana? Hein, fala! Até quando achou que o idiota aqui ia acreditar no seu dom, no seu talento incrível para a moda?

ROSANA: - Eu não sei do que você está falando, Mauro... Nem entendo porque tanta hostilidade comigo.

LEOCÁDIA: - Entende sim, sua bandida, vigarista! O Mauro descobriu toda a verdade sobre a famosa estilista. Estilista esta que nunca existiu.

MAURO: - Eu conheci a Sílvia, Rosana. Ela me contou sobre os croquis e todo trabalho que ela fazia e dava pra você. 

Rosana gela. 

MAURO: - Não precisa mais fingir como você fingiu a vida inteira. Acabou. Você está fora da GF e também desta casa, da minha vida.

ROSANA (aproxima-se de Mauro): - Mauro, querido, eu posso explicar tudo!

MAURO (empurra Rosana): - Não toca em mim!... Você me enganou por mais de vinte anos. Só quis saber do dinheiro, das festas, do glamour... Quando foi pra colocar a mão na massa, fez o estrago que fez no Rio Moda. E nem deu bola! Foi gastar o meu dinheiro em nova Yokr!

ROSANA: - Não é verdade, Mauro! A Sílvia é uma invejosa! Ela mentiu pra você! Ela sempre quis o meu lugar, sempre desejou ter tudo o que tinha!

MAURO: - A Sílvia sim, merece estar no seu lugar.

LEOCÁDIA: - Agora pegue as suas malas e vá embora daqui. Suma da nossa casa, da nossa vida.

ROSANA: - Você infernizou até que conseguiu, hein, Leocádia... Está dando pulos de alegria, não é? Era o seu maior desejo ver o Mauro brigar comigo.

LEOCÁDIA: - Meu maior desejo é ver você longe da minha família, ou talvez até na cadeia. Agradeça ao Mauro, porque ele decidiu te dar uma chance e não te denunciar.

ROSANA: - Isso se chama amor.

MAURO: - Isso se chama oportunidade! Estou te dando à oportunidade de recomeçar a vida, de forma digna, mas longe daqui.

ROSANA: - Mauro, eu não posso ficar longe de você, meu amor!... Nosso casamento, nossas conquistas...

MAURO: - Que conquistas? Como eu vou saber se você não mentiu também durante todos esses anos de casados?

LEOCÁDIA: - E você ainda tem dúvidas, Mauro?

MAURO: - Eu vou pro meu quarto. E quando eu voltar, não quero ver você nem suas coisas aqui, Rosana. Está ouvindo?

ROSANA: - Mas Mauro (pausa)

MAURO (interrompe/firme): - Eu não quero mais olhar para a sua cara! 

Rosana se cala. Mauro se retira. 

ROSANA (indo atrás dele): - Meu amor me escuta!

LEOCÁDIA (segura Rosana pelo braço): - Você não vai a lugar nenhum!

ROSANA (soltando-se): - Me solta, sua cobra velha! Você não vai me impedir de ficar com o Mauro, entendeu?

LEOCÁDIA: - Desiste, Rosana. Seu show acabou.

ROSANA: - Não vai ser você, uma velha suja, solitária, horripilante, que vai me deter.

LEOCÁDIA (encarando Rosana): - Veremos.

Leocádia acerta um tapa, forte, no rosto de Rosana, que cai no chão. Rosana olha com ódio para Leocádia.

LEOCÁDIA: - Agora o acerto de contas é entre eu e você. Vagabunda. 

As duas ficam a se encarar.


 

 


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