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Garotas do Rio - Capítulo 10

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CAPÍTULO 10 - ÚLTIMO CAPÍTULO
 
     
 

WESLEY ALCÂNTARA: Antes de iniciar o derradeiro capítulo dessa minissérie, quero humildemente agradecer a essas duas pessoas que tornaram meu sonho realidade: Gabo e Cristina.

Ao Gabo, meu agradecimento por confiar no meu trabalho e deixar que eu seja um autor da sua emissora, pois incansavelmente, nas altas madrugadas, vinha com ideias diferentes, vinha me mostrar o material como estava ficando. Obrigado por sua dedicação.

A Cristina, meu agradecimento começa desde o primeiro capítulo, quando leu, me deu dicas valiosas, que carreguei durante toda a obra. Obrigado por seu feedback sobre a trama, era sempre desafiador tentar surpreendê-la com os rumos dos personagens. Não posso deixar de mencionar o seu belíssimo trabalho com as artes e a divulgação, sempre bem caprichadas, bonitas.
 
Garotas do Rio não teria sido metade do que foi sem o esforço de vocês a frente de uma emissora comprometida. Aqui, agora, meu sincero agradecimento e admiração a vocês. Um grande abraço e espero que voltemos a trabalhar juntos em outra ocasião.

 
 
 
 

VOZ DE MARCELA  – Anteriormente em Garotas do Rio... 

 


PIETRO –
E o nosso filho? Você não pode me negar isso!

ANTÔNIA – Esse filho é meu com o Affonso.

 


ANUNCIAÇÃO –
Você pouco se importa com as pessoas. Você se acha o centro das atenções.

AFFONSO – Calúnias... Você é uma caluniadora. Um rato que vive da infelicidade dos outros. Seu ego só se enche de coisas ruins. Você se diverte com o sofrimento alheio.

 


ANUNCIAÇÃO –
Você não pode. Ninguém vai te pagar melhor do que eu, Fábia.

FÁBIA – Acontece que dinheiro não é tudo pra mim, Anunciação. Eu prezo por bons princípios e amizades leais, pois no fim de tudo, quando dinheiro, bens materiais e sucesso se forem, ainda terei o ombro e o amor dos meus amigos.

 


NENZIN – Todo cuidado é pouco, hein, Laura.

LAURA – Relaxa. Eu sei o que estou fazendo. Tá na hora de algumas máscaras caírem.

 


LU (estranhando) –
O que foi?

SIRLENE – É ela. É a Laura. Ela tá aqui, Lu. Ela tá aqui. Precisamos avisar ao Tony.

 


ÂNGULO ALTO. Vemos Laura caída no chão com os olhos arregalados, morta com um tiro no peito. Uma poça de sangue começa a se formar.

FADE TO BLACK.

LAURA (V.O) – Você não sabe do que sou capaz, garota.

 

CENA 01. COPABAR. SALÃO. INT. NOITE.

CAM abre em Laura caída no chão. As pessoas afastadas, se desesperam em sair. Tony e Felipe se aproximam do corpo. Tony pega o braço de Laura e tenta sentir a pulsação.

FELIPE – E aí?

TONY – Tá morta. (saindo) Vou ligar pra polícia e pra ambulância.

Tony e Felipe saem. Marcela e Fábia se aproximam do corpo.

MARCELA – Meu Deus, Fábia! A sua...

FÁBIA (por cima) – A Laura. Ela tá morta.

MARCELA – Acha que é melhor irmos embora?

FÁBIA – Melhor. Depois a polícia vai checar mesmo a lista de convidados e vai interrogar a gente. Vamos embora.

Fábia olha uma última vez para o corpo e sai acompanhada de Marcela.

CENA 02. COPABAR. SALA DE TONY. INT. NOITE.

Tony termina de desligar o telefone e se senta numa cadeira próxima, perplexo com o ocorrido. Felipe entra na sala.

FELIPE (sério) – Você vai me explicar direitinho o que foi aquele vídeo. Ah, mas vai.

TONY (bravo) – Fala sério que você tá pensando nisso agora, Felipe. Pelo amor de Deus. Tem uma pessoa morta no meio do salão do meu bar e eu vou pensar em D.R?

Tony se levanta e vai saindo. Felipe segura forte em seu braço e lhe lança um olhar intimidador.

FELIPE – A gente vai conversar muito bem sobre isso.

Tony se desvencilha e sai. Em Felipe, sério.

CENA 03. COPABAR. ENTREDA. EXT. NOITE.

Uma multidão de pessoas saindo do local. Os dois rapazes que estavam com Laura entram num carro simples que está próximo.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 04. CARRO SIMPLES. INT. NOITE.

Os rapazes estão no banco de trás, enquanto Nenzin dirige.

NENZIN – Cadê a Laura? Ficou presa lá dentro ou saiu pelos fundos?

RAPAZ 1 – Mataram a Laura. Deram um tiro nela.

Nenzin se assusta.

NENZIN – Então vamos vazar daqui, antes que sobre pra gente também.

RAPAZ 2 – Mas e a Laura?

NENZIN – Já morreu. Não há nada que eu possa fazer por ela. Segue o baile.

CENA 05. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Antônia, Wanessa e Affonso entram.

WANESSA – Vou pro meu quarto. Acho que vocês querem conversar. Boa noite.

Wanessa sai em direção ao quarto. Antônia vai até a cristaleira e se serve de uma dose de uísque. Affonso se senta no sofá.

AFFONSO – Mataram uma mulher lá, tal de Laura. Mãe daquela jornalista x-9, não é?

Antônia toma a bebida toda num gole e se aproxima de Affonso.

ANTÔNIA – Saio eu ou sai você?

AFFONSO – Do que você está falando?

ANTÔNIA (sem paciência) – Saio eu ou sai você?

Affonso se levanta.

AFFONSO – Você não pode estar falando sério.

ANTÔNIA – Então saio eu.

Antônia se afasta, indo em direção ao quarto.

 
     

 

     
   
 
UM RIO, UM TIRO, UM FIM
     
 

CENA 06. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SUÍTE DO CASAL. INT. NOITE.

Antônia entra e começa a colocar suas coisas dentro de uma mala que está por ali. Affonso entra apressado.

AFFONSO – Espera, Antônia, a gente nem conversou. Precisamos falar um com o outro. Discutir os nossos problemas.

ANTÔNIA (arrumando a mala) – Agora eu entendi porque sempre fui alvo dos ataques da Anunciação. Achei que ela tinha me escolhido aleatoriamente. Ledo engano, tinha um motivo real e bem forte.

AFFONSO – A gente estava em crise, caramba. Eu não sou de ferro.

Antônia para de arrumar a mala, sorri cinicamente.

ANTÔNIA – Sabe que agora eu te entendo, Affonso. Lá atrás, quando a Anunciação fez aquela matéria sobre mim, sobre a paternidade do meu bebê, lembro que você não me deixou explicar tudo. Não ouviu tudo que eu tinha pra dizer, aliás, como sempre.

AFFONSO – E que importância isso tem agora pra gente?

ANTÔNIA – Você me traiu, disse ter sido quando a nossa relação esfriou, num momento de carência. Eu te entendo. Eu fiz igual.

Affonso olha surpreso para Antônia.

AFFONSO – O que você tá dizendo?

ANTÔNIA – Você entendeu direitinho, mas eu explico outra vez, para ficar mais sonoro: Eu também tinha um caso fora do casamento.

No ímpeto, Affonso dá um tapa em Antônia, que cai sobre a cama.

AFFONSO – Vagabunda.

Antônia se levanta.

ANTÔNIA – Você me trai e a gente tem que conversar. Eu tenho que entender o seu lado. Mas aí quando a balança se inverte, quando a adúltera sou eu, aí tenho que apanhar, ser taxada de vadia e tudo mais. Isso é pra você ver como a traição dói no ego da gente, como a gente se sente mal.

AFFONSO – Você tá mentido. Inventou essa história toda só pra me deixar menos homem, não é? Admite.

ANTÔNIA – E eu preciso inventar, Affonso? Eu tenho trinta e oito anos, corpo em dia, bonita, bem sucedida. Acha que não sou capaz? E ainda te digo mais: arrumei um novinho. Que fazia tudo que você tinha nojinho. Pra ele, a penetração não era a única forma de sexo. Com ele eu cheguei ao orgasmo muito mais vezes do que com você a vida toda.

Affonso sente e fica cabisbaixo.

ANTÔNIA – Dessa casa saio eu. Pra não voltar mais, entende? Eu que não quero mais viver uma vida de mentira, esconder demônios, passar por humilhações. Pra mim chega, acabou. Nosso casamento nunca esteve na temperatura máxima. Agora estamos livres pra viver nossas vidas.

Em Affonso e Antônia se olhando.

CENA 07. COMPILAÇÃO DE CENAS.

SONOPLASTIA: GARGANTA – ANA CAROLINA.

• A polícia técnica cerca o salão do CopaBar e vai trabalhando no local do crime, com o corpo ainda presente;

• Antônia passa pela sala de sua casa com malas e sob o olhar triste de Affonso;

• Na delegacia, Tony presta esclarecimentos.

CENA 08. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.

A trilha da cena anterior continua.

ABRE no amanhecer do Corcovado, passa pela praia de Copacabana, onde algumas pessoas correm, caminham. Takes rápidos e pontuados.

MÚSICA CESSA.

CENA 09. AP MARCELA. COZINHA. INT. DIA.

Marcela, Sirlene E Fábia estão sentadas a mesa tomando café. Fábia está levemente melancólica.

MARCELA – Quem será que matou a Laura?

SIRLENE – Tudo muito estranho, gente. Eu estava com a Lu, aí passamos por uma mulher que falou algo. Eu ouvi e reconheci a voz e a fisionomia, mesmo de máscara. Aí gritei que era ela, que saiu correndo pro salão. O restante vocês viram. A Lu subiu no palco depois daquele show de horrores, a luz se apagou e o tiro.

FÁBIA (voz triste) – Apesar de tudo, ela era minha mãe. Me deu a vida, me deu de mamar e me criou. Não queria que ela ficasse perto de mim, intoxicando a todos, mas não queria esse fim trágico.

Marcela acaricia a mão de Fábia.

MARCELA – Nada justifica a covardia que fizeram com a sua mãe, mas ela mexeu com a vida de muita gente.

Nesse instante a campainha toca.

SIRLENE (se levantando) – Eu atendo!

Sirlene sai.

CORTA PARA: SALA.

Sirlene abre a porta e se surpreende ao ver Lu.

SIRLENE – Você aqui? Aconteceu algo?

LU – Liguei pra casa da Fábia, mas ninguém atendeu. Imaginei que ela estivesse aqui na Marcela.

SIRLENE – Entendi... Veio por ela.

LU – Ela perdeu a mãe, Sirlene. Queria que eu estivesse indiferente a isso?

Sirlene e Lu se encaram por um tempo. Fábia aparece na sala.

FÁBIA (surpresa) – Lu?

Lu rapidamente arma um sorriso e olha para Fábia.

LU – Vim conversar um pouco com você.

FÁBIA – Eu estava indo dar uma volta na praia. Me acompanha?

LU – Mas é claro.

As duas saem. Sirlene fecha a porta, séria.

CENA 10. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA.

Tony está dormindo num sofazinho, a claridade do sol o acorda. A sua frente, de pé está Felipe.

TONY (sonolento) – Felipe? Meu Deus, eu dormi aqui.

Tony passa a mão nos olhos e se levanta, ainda meio preguiçoso.

FELIPE – A polícia já liberou o bar. Tem gente da equipe da festa limpando tudo lá embaixo.

TONY – Que horas são?

Felipe vai até a porta e a fecha, volta-se para Tony.

FELIPE – Hora da gente conversar, não acha?

Tony respira fundo.

TONY – Sim, acho que está na hora da gente conversar.

Close nos dois se encarando.

CENA 11. PRAIA DE BOTAFOGO. EXT. DIA.

Lu e Fábia caminham pela areia.

LU – Mas como você está?

FÁBIA – Tô tentando levar, Lu. Foi um choque grande ver a Laura morta ali na minha frente.

LU – Apesar de tudo ela é sua mãe.

FÁBIA – A Laura me decepcionou, me contou coisas terríveis. Fez coisas terríveis, me rogou praga. Ali, morta, só me deu pena do ser humano que ela é e da forma que aconteceu.

LU – Ela fez mal a muita gente.

FÁBIA – Ela era má na essência. Não tinha compaixão, amor, carinho. Era seca dessas virtudes. Só a ganância que valia a pena, a esperteza. O fim dela é como o fim de muita gente igual a ela.

Fábia e Lu se sentam na areia, vislumbram o mar.

SONOPLASTIA: MAIS QUE A MIM – ANA CAROLINA FEAT. MARIA GADU

Aos poucos, Lu abraça Fábia, que olha surpresa e sorri.

FÁBIA – É o que estou pensando?

Em Lu sorrindo.

MÚSICA CESSA.

CENA 12. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA.

Felipe e Tony estão a se encarar.

FELIPE – Começa, Tony.

TONY – O Diego veio pedir emprego a uns cinco ou seis meses atrás. Até aí tudo bem. Eu o achei atraente, mas normal. Sempre acontece isso. O problema veio depois.

FELIPE – Depois quando?

TONY – Eu admiti o rapaz aqui. Aí o desejo foi aumentando, aumentando. Até que eu decidi levá-lo até na casa dele.

FELIPE – O dia que ele adoeceu.

TONY – Eu menti, Felipe. O Diego nunca esteve doente.

Felipe o olha com tristeza.

FELIPE – Então foi esse dia que...

TONY (por cima) – Não. Eu só o levei em casa, tentei estreitar os laços. Eu estava dominado por um desejo, uma obsessão em ser daquele homem, entende?

FELIPE – Não entendo. Continua. Vou ouvir até o fim.

Tony respira fundo.

TONY – Aí dali pra frente foram investidas, poucas, até que a gente transou.

Felipe deixa escorrer algumas lágrimas.

TONY – Vou parar, não quero te machucar ainda mais.

FELIPE (entre dentes) – Continua.

TONY – Aí fomos ficando e ficando. Até que um dia a Laura veio me exigindo dinheiro, vantagens. Eu recusei e ela me mostrou os vídeos que tinha feito. Fiquei muito mal com tudo, mas não queria que esse vídeo parasse em suas mãos. Era humilhante demais.

FELIPE – Você protelou algo que não tinha volta. Escondeu até não poder mais. Olha no que deu, Tony. Quanta gente viu a sua intimidade, a nossa intimidade na boca do povo. Por mero capricho de me esconder a sua fraqueza.

Tony chora.

FELIPE – Eu fazendo planos pra viajar pra Paris, pra estar um pouco mais na sua vida. E você se deitando com seu empregado, cedendo a chantagens. Por isso as inúmeras ligações do banco. Era a grande quantidade de dinheiro que você depositava na conta dessa mulher.

TONY – Eu errei. Não tem perdão.

FELIPE – Não há o que perdoar. Escolhas não se perdoam, se aceitam. Você aceitou, se permitiu viver essa paixão. Mas todo bônus vem com o ônus de brinde, Tony.

TONY – Isso quer dizer que você tá me deixando, Felipe?

Em Tony, olhar piedoso.

CENA 13. PRAIA. QUIOSQUE. INT. DIA.

Lu e Fábia estão sentadas numa mesa tomando água de coco.

FÁBIA – Eu preciso te dizer algumas coisas.

LU – Xiu!

Lu põe um dedo nos lábios de Fábia. As duas se olham por alguns instantes.

FÁBIA (doce) – Deixa eu falar, por favor!

Lu assente com a cabeça e dá uma golada em sua água.

FÁBIA – Eu sempre gostei de você, Luciana. Você sempre foi especial pra mim.

LU – E por que você nunca demonstrou?

FÁBIA – Eu fui fraca. Fraca em mostrar meus sentimentos. Mas são fantasmas do passado, coisa pra terapia, psicanálise. Eu quis muito estar com você. Sofri calada o seu afastamento, fechei meu coração para qualquer relação. (voz embargada) Aquele dia lá no CopaBar, aquelas palavras suas...

LU (por cima) – Não, releva, eu estava com raiva.

FÁBIA – Mas foi graças aquele momento que eu comecei a me enxergar, a enxergar o quanto eu estava sendo egoísta. Tanto comigo, por não demonstrar o que eu realmente sentia, como com você, que estava remando sozinha aquele barco.

LU – Doeu mais em mim do que em você. Mas no ímpeto, tudo aquilo saiu. Coisas que hoje eu jamais falaria.

FÁBIA – A gente realmente precisava dessa conversa franca, Lu. Eu queria muito que você não guardasse mágoas de mim. Nunca quis te fazer sofrer.

Lu acaricia as mãos de Fábia.

SONOPLASTIA: COMO VAI VOCÊ – ADRIANA CALCANHOTO

LU – Eu ainda amo você.

FÁBIA – Mas eu sou um caos.

LU – Eu quero estar nesse caos, quero poder te mostrar que eu te amo. Ninguém nunca representou o que você representa em mim, pra mim.

Fábia se emociona. As duas trocam selinho. Sorriem.

CENA 14. CALÇADÃO. EXT. DIA.

Música continua. Fábia e Lu desfilam de mãos dadas, felizes. O sol brilha sobre elas.

MÚSICA CESSA.

CENA 15. COPABAR. ALMOXARIFADO. INT. DIA.

Diego, Tony e Felipe estão um de frente para o outro.

TONY – O que é isso agora, Felipe? Vamos ficar aqui?

DIEGO – Eu não estou entendendo o que está se passando aqui.

FELIPE – Eu trouxe os dois aqui, porque foi aqui que tudo aconteceu. Acho que a gente precisa terminar de resolver isso, não acham?

TONY – Mas isso só diz respeito a você e a mim. Diego não tem nada a ver com isso.

FELIPE – Enganado. A partir do momento em que ele fez esse casal se tornar um trio, ele é parte, sim.

Diego e Tony se olham apreensivos.

FELIPE – Quero saber de você, Tony, o que você sente por esse rapaz. Mas diga a verdade, fala de peito aberto.

TONY – Pra quê?

FELIPE – Apenas fale.

Tony olha para Diego e, em seguida, olha para Felipe.

TONY – Tesão.

FELIPE – Certeza disso?

TONY – É novinho, moreno, malhado. Eu sinto tesão. E só!

Felipe olha fixamente para Diego.

FELIPE – É isso que você sente pelo Tony, rapaz?

DIEGO – Pra te dizer a verdade, eu curto mais mulher. Não que eu não pegue uns caras aí, mas eu gosto mais de mulher mesmo. Mas é que o Tony me ajudava bastante, umas vantagens no aluguel, um salário bom. E tem um sexo gostoso. Mas era só isso.

FELIPE – Ok! Pode sair, rapaz.

Diego sai. Tony olha surpreso para Felipe.

TONY – Qual o motivo de se digladiar desse jeito, Felipe?

FELIPE – Eu queria saber se realmente era só sexo, se não tinha nenhum vínculo sentimental por detrás.

TONY – E qual a sua constatação?

FELIPE – Acho que a gente tem uma história bonita, Tony. Casamos, nos demos bem na profissão, somos rodeados de amigos. É algo bastante precioso. Eu não esperava uma traição sua, e não vou mentir, doeu muito. Mas acho que em parte é culpa minha. Eu lotei de trabalho e fui te deixando de lado, o sexo foi ficando cada vez mais raro, eu não te elogiava, não prestigiava seu trabalho. Eu abri concessão pra esse garoto entrar. Mas veja, era um escambo. Ele trocava sexo e atenção por dinheiro, ou como ele quis dizer: vantagens. Vale a pena? Me diz, vale a pena continuar com essa troca de favores?

Tony chora.

SONOPLASTIA: QUANDO FUI CHUVA – LUIS KIARI E MARIA GADU.

TONY – Eu só posso te pedir desculpas, meu amor. A nossa história é linda e eu não queria que terminasse assim, dessa forma tão baixa.

FELIPE – Quer realmente tentar? Quer realmente dar uma nova chance ao nosso amor, ao nosso relacionamento?

TONY – É o que eu mais desejo.

Felipe abraça Tony e o beija.

MÚSICA CESSA.

CENA 16. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: ELA É CARIOCA – ADRIANA CALCANHOTO.

DIA ENSOLARADO. Takes aéreos de diversas praias da zona sul do Rio, seu contraste com as favelas.

MÚSICA CESSA.

CENA 17. GAZETA CARIOCA. REPARTIÇÃO. INT. DIA.

Antônia vai passando por entre as mesas, em direção à sala da presidência. No meio, Mimi vem ao seu encontro.

MIMI (tom alto) – Mas vejam só, não é a amante do michezinho?

Antônia dá um tapão que derruba Mimi no chão.

ANTÔNIA – Michezinho que você pagou bem caro, não é?

Antônia continua andando. Close em Mimi, caída no chão, com a mão na face, expressão de dor.

CENA 18. GAZETA CARIOCA. SALA DA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.

Anunciação está digitando algo no computador, quando Antônia entra.

ANUNCIAÇÃO (se levantando) – Quem te permitiu entrar aqui?

Antônia retira sua aliança de casamento e joga em Anunciação.

ANTÔNIA – Vim admitir que você venceu. Ele é todo seu agora. Descubra mais tarde se valeu a pena.

Anunciação ri.

ANUNCIAÇÃO – Ao invés de você estar fazendo esse teatrinho paupérrimo, deveria era estar fazendo exame de DNA, vai que o filho é do garoto de vida fácil.

Antônia se aproxima de Anunciação.

ANTÔNIA – Sabe que agora eu entendo sua amargura, sua fixação em mim. Você não é amada por ninguém, enquanto eu tenho dois homens aos meus pés, que me amam.

ANUNCIAÇÃO – Que te trai, seu marido te trai.

ANTÔNIA – Mas no fim das contas ele sempre fica comigo, não é? Ele pode se divertir, aliviar a vontade num motelzinho barato, mas é pra casa que ele sempre volta. É ao meu lado que ele dorme, é comigo que ele sai de mãos dadas na rua.

Anunciação engole em seco, sente.

ANTÔNIA – Mas o caminho agora tá livre pra você, Anunciação Bragança. Rainha da Gazeta Carioca, musa da elite. Corre atrás do meu resto, gatinha. É até feio falar, mas vai lá lamber onde eu cansei de sentar.

Antônia gargalha e sai. Em Anunciação, raivosa.

ANUNCIAÇÃO (pra si) – Tem troco.

CENA 19. AP. MARCELA. SALA. INT. DIA.

Sirlene está saindo com uma mala, Marcela ao seu lado.

MARCELA – Tem certeza que vai voltar pro interior?

SIRLENE – E vou ficar aqui fazendo o que, Marcela? Tá na cara que Fábia e Lu ainda se amam. E fico feliz com isso. A Fábia já sofreu demais na vida, merece um acalanto.

MARCELA – Mas espera, vai outro dia. Ou fica aqui, vive aqui no Rio.

SIRLENE – Meu objetivo era apenas ajudar a quem a Laura fez mal. Agora não há mais nada para mim aqui.

Marcela abraça Sirlene.

MARCELA – Obrigada por tudo, tá?

SIRLENE – Tu é feito uma irmã. Mas posso te dar um último conselho?

MARCELA – Mas é claro.

SIRLENE – Ouve a voz do seu coração. Se dê uma chance, mulher. Volte a ser feliz. Não deixa o tempo passar, ele sumir e você ficar amarga. É a ele que você ama.

MARCELA – Mas não é fácil assim, Sirlene.

SIRLENE – Amor não é matemática. Não tem lógica.

Sirlene sai. Em Marcela, pensativa.

CENA 20. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: EMPIRE STATE OF MIND (PART II) BROKEN DOWN ALICIA KEYS

Um giro pela Zona Sul, mostrando seus principais pontos, desde a Praia de Copacabana até o Morro do Vidigal. Takes rápidos e pontuados.

MÚSICA CESSA.

CENA 21. RODOVIÁRIA NOVO RIO. PLATAFORMA DE EMBARQUE. EXT. DIA.

Um ônibus de cor laranja estaciona no local. Em seu letreiro diz: “VALENÇA/RJ”. Algumas pessoas sobem, entre elas, Sirlene, de óculos escuros.

CENA 22. ÔNIBUS. INT. DIA.

Sirlene olha em sua passagem e, em seguida, vai olhando os bancos. Até que se senta perto de alguém que não é revelado. Ela retira um livro da bolsa e o folheia.

SIRLENE (pra si) – Então vamos voltar pra terrinha.

Nesse instante, a pessoa ao seu lado é revelada: Pietro, que sorri.

PIETRO – Você mora em Valença, moça?

Sirlene olha para Pietro e se encanta com sua beleza.

SIRLENE (simpática) – Desde que nasci.

PIETRO – Eu tô indo passar uma temporada, até meu filho nascer e eu vê-lo.

Sirlene desfaz o sorriso.

SIRLENE – E sua esposa?

PIETRO – Talvez eu arrume em Valença. Pelo que estou vendo, é terra de belas moças.

Pietro sorri e pisca o olho para Sirlene, que sorri de volta.

SIRLENE – Acho que voltar para Valença não foi uma má ideia.

Em Sirlene, sorridente.

CENA 23. STOCK-SHOTS. MORRO DO VIDIGAL. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: A CULTURA – SABOTAGE.

Imagens da linda vista da Comunidade.

LETREIRO NA TELA: MESES DEPOIS...

Último take na fachada da ONG.

Música cessa.

CENA 24. ONG FILHOS DA ARTE. JARDIM. EXT. DIA.

Marcela e alguns jovens estão sentados em roda no gramado. Ela lê um livro, enquanto eles prestam bastante atenção.

DONNA (chegando) – Pessoal, olha quem veio visitar.

Todos olham para a entrada e veem Antônia, com barrigão de grávida, chegar sorridente.

ANTÔNIA – Oi, gente! Que saudade que eu estava.

Os jovens se levantam e abraçam e beijam Antônia, que retribui.

CENA 25. ONG FILHOS DA ARTE. SALA. INT. DIA.

Antônia e Marcela estão sentadas conversando.

MARCELA – Você se isolou de todo mundo, Antônia. Achei até que estava com raiva de mim.

ANTÔNIA – Desde aquela traição da Fábia, amiga, o meu pesadelo só aumentou. Eu descobri que o Pietro é garoto de programa, que o Affonso era amante da Anunciação e joguei a minha traição no ventilador também.

Marcela fica surpresa.

MARCELA – Nossa, quanta turbulência. Mas eu tenho uma notícia pra te dar.

ANTÔNIA – Se for sobre aquela traidora, saiba que não estou disposta a ouvir.

MARCELA – Se você soubesse como tudo foi armado.

ANTÔNIA – Não houve armação nenhuma. Tá tudo muito claro.

MARCELA – A Laura. Foi a Laura quem falou para Anunciação sobre a sua gravidez. Aliás, ela vendeu essa informação.

ANTÔNIA – Mas eu só tinha contado isso pra Fábia, logo, ela foi quem bateu pra mãe dela.

Marcela se levanta, fecha a porta.

MARCELA – Aí é que você se engana, Antônia. A Fábia não contou, a Laura ouviu tudo da sua boca quando você contou pra Fábia.

Antônia se levanta, meio intrigada.

ANTÔNIA – É... Faz sentido. Eu lembro da Laura na casa, estava fazendo canja pra gente. A porta do quarto da Fábia estava entreaberta também.

MARCELA – Você precisava ver quem era a Laura de verdade. O quanto ela fez de mal para a própria filha. Ela era gananciosa, só pensava em si.

ANTÔNIA – Eu fiquei tão mal com a história toda que acabei levando para o caminho da obviedade e culpando a Fábia. Meu Deus, e ela sofrendo.

MARCELA – Eu entendo você. Era justificável.

ANTÔNIA – Eu a acusei, a humilhei sem ela ter culpa. Eu sou um monstro. Estraguei uma amizade, Marcela.

Marcela se aproxima de Antônia, a acaricia no ombro.

MARCELA – Ela ainda gosta bastante de você, Antônia. Vai até a casa dela e conversa.

ANTÔNIA – Será que ela irá me receber?

MARCELA – Você só terá essa resposta se tentar.

ANTÔNIA (convicta) – Tem razão!

Antônia sai apressada, pouco depois, Donna chega com uma bandeja de café.

DONNA – Trouxe café, mas vi que a Antônia saiu apressada. O que aconteceu?

MARCELA – É o início.

Donna a olha meio confusa. Marcela sorri.

CENA 26. ONG FILHOS DA ARTE. RUA. EXT. DIA.

Antônia entra em seu carro e sai. Anunciação que estava escondida atrás de um carro preto, vai até o meio da rua e faz sinal pra um táxi, que para e ela ENTRA.

CORTA PARA TÁXI.

ANUNCIAÇÃO – Segue aquele carro lá!

TAXISTA – Sim senhora!

O táxi sai em disparada.

CENA 27. AP. FÁBIA. SALA. INT. DIA.

Local apenas com caixas grandes de papelão, ausente de móveis ou quadros. Fábia e Lu vêm de outras dependências trazendo outras caixas e depositam no chão.

LU (exausta) – Acho que essas são as últimas.

FÁBIA – São sim, Lu.

Lu se senta no chão e se apoia em uma das caixas.

LU – Nem acredito que estamos mudando prum apê nosso. Só nosso.

Fábia se abaixa, ficando cara a cara com Lu e lhe dá um selinho.

FÁBIA – Tava na hora já, uai. Eu tô quase na terceira idade. Dou mole e você me troca por uma novinha.

LU – Troco nada, ruivinha. É de tu que eu gosto.

Fábia se levanta, vai até a janela e olha para fora.

FÁBIA – Aqui nessa cobertura maravilhosa eu fui bem feliz. Hoje não mais.

LU – Você imagina quem tenha matado a Laura?

FÁBIA – Não faço nem questão de saber.

Lu se aproxima, abraça Fábia por trás.

LU – Ela te fez muito mal, né?

FÁBIA – Fez... Mas você me faz um bem danado.

Lu sorri. A campainha toca.

FÁBIA – Deve ser o pessoal da mudança.

Fábia abre a porta e dá de cara com dois rapazes uniformizados.

RAPAZ 1 – Somos da mudança.

FÁBIA – Podem entrar e levar as coisas. Encaixotamos tudo.

RAPAZ 2 – O caminhão é grande, creio que em uma viagem consigamos levar tudo.

LU – Tudo tá aqui na sala.

RAPAZ 1 – Alguém tem que ir com a gente pra nova casa de vocês. É onde mesmo?

FÁBIA – Leblon. A gente tá se mudando pro Leblon.

LU – Eu vou com vocês.

FÁBIA – Eu vou descer e pedir para o síndico vir olhar se está tudo certinho e entregar as chaves.

Os rapazes começam a retirar as caixas do local.

CENA 28. AP FÁBIA. RUA. EXT. DIA.

O caminhão de mudança dá partida e sai, pouco depois, Antônia estaciona seu carro no lugar e desce do carro e caminha em direção ao interior do prédio.

O táxi para logo atrás, Anunciação desce.

CENA 29. AP FÁBIA. HALL. INT. DIA.

O elevador se abre e Antônia sai, encontra a porta do apartamento de Fábia aberto. Ela entra.

CENA 30. AP FÁBIA. SALA. INT. DIA.

Local está vazio. Antônia vai andando devagar, olhando tudo.

ANTÔNIA – Fábia, você está aí? Tá de mudança?

Nesse instante, ouve-se barulho da porta se fechando. Antônia sorri e olha em direção a porta, mas logo fica séria.

CLOSE em Anunciação, sorriso cínico.

ANUNCIAÇÃO – Acho que a gente precisa ter uma última conversa.

Em Anunciação e Antônia se olhando.

CENA 31. COPABAR. SALÃO. INT. DIA.

Tony e Felipe vêm descendo as escadas e se apoiam no balcão.

FELIPE – Tem certeza que vai alugar o CopaBar?

TONY – Meu dengo, tenho sim. Tô querendo mais é viver de renda. Sossegar um pouco, cuidar da nossa casinha.

FELIPE – Por dez anos isso aqui foi a sua vida.

TONY – Mas eu cansei. Tô a fim de tirar um período sabático. Ficar de pernas pro ar, ir pegar um bronze no clube, dormir cedo e acordar tarde. Viajar aos finais de semana.

FELIPE – Pode até ser egoísmo, mas eu tô bem feliz com isso.

Tony sorri.

FELIPE – Ih, tenho que ir. Tenho cliente pra visitar hoje.

TONY – Vai lá, meu lindão.

Tony dá um selinho em Felipe, que sai.

CENA 32. AP. FÁBIA. SALA. INT. DIA.

Antônia e Anunciação se encaram.

ANTÔNIA (séria) – Não tenho nada pra falar com você. Dá licença.

Antônia tenta sair, mas Anunciação se coloca diante da porta.

ANTÔNIA – Vai me deixar passar ou vou ter que ligar para a polícia?

ANUNCIAÇÃO – Tá sabendo que o Affonso tá morando em São Paulo desde a separação?

ANTÔNIA – A vida do Affonso não me diz mais respeito.

ANUNCIAÇÃO – Ah, claro, agora sua vida é esse bebê sem pai e o michê.

ANTÔNIA – Você é muito baixa. Se está aqui diante de mim, muito provavelmente é porque não conseguiu o Affonso pra você, não é?

ANUNCIAÇÃO – Você o envenenou, sua vadia.

ANTÔNIA – Não. Você mesma tropeçou nas merdas que deixou pelo caminho. Eu não precisei mover uma palha.

ANUNCIAÇÃO – Mas agora vai ter que mover meio prédio se quiser sair daqui viva.

ANTÔNIA (ressabiada) – O que você tá querendo dizer com isso?

Anunciação saca uma arma da bolsa e mira em direção a Antônia, que fica assustada.

ANTÔNIA – Para com isso, Anunciação. Essa coisa mata.

Nesse instante, Fábia chega acompanhada de um homem, mas Anunciação não percebe.

ANUNCIAÇÃO – Eu sei. Eu matei uma pessoa. Aliás, fiz um favor a humanidade, matei um monstro. A Laura.

Todos se surpreendem.

FÁBIA – Então a assassina é você?

Anunciação vira-se para Fábia.

ANUNCIAÇÃO – Pronto, chegou a cavalaria. Agora sim, agora eu gostei. Matar com público é sempre uma boa. Faz bem pro ego da gente.

FÁBIA – Por que você matou a Laura?

ANUNCIAÇÃO – A Laura me chantageou por muito tempo. E eu sempre carrego esse meu brinquedinho aqui. Aquele dia no baile...

=INÍCIO DO FLASHBACK=

CENA 33. COPABAR. SALÃO. INT. NOITE.

Laura para por ali, respiração ofegante.

CLOSE NO PALCO. Donna termina de cantar, é ovacionada. Quando Tony está subindo as escadas, Lu o puxa pelo braço, conversam rapidamente e ele sobe.

ANUNCIAÇÃO (V.O) – Naquele momento eu senti que aquela garota tinha percebido algum perigo, alguma armação da Laura. Então, sutilmente eu fui me aproximando. Mas o vídeo, o maldito vídeo foi passado.

Laura de costas no meio da multidão, enquanto no palco passam em slide fotos de Anunciação e Affonso se beijando. Anunciação vai aos poucos se aproximando de Laura, até ficar bem colada nela.

ANUNCIAÇÃO – Sua vida acaba aqui.

Anunciação saca a arma. Tudo fica escuro. Ouve-se o disparar de uma arma.

=FIM DO FLASHBACK=

Fábia olha estarrecida para Anunciação, que está com o olhar distante.

ANUNCIAÇÃO – Tenho certeza que aquele apagão era obra da Laura. Uma maneira segura pra fugir.

FÁBIA – E você se aproveitou disso.

ANUNCIAÇÃO – Ela iria morrer do mesmo jeito. Eu estava decidida a acabar com a vida daquela infeliz, (vira-se para Antônia) Como hoje vou acabar com a sua.

Anunciação aponta a arma para Antônia. Tensão.

ANTÔNIA – Não faça isso, Anunciação, por favor!

Quando Anunciação vai para atirar, Fábia lhe dá um empurrão, fazendo-a cair no chão e soltar a arma.

ANUNCIAÇÃO – Desgraçada!

Antônia se afasta. Anunciação toma posse da arma de novo, Fábia pula em cima dela e as duas começam a rolar no chão, em posse da arma, sem saber para onde ela está apontada.

SÍNDICO – Vou ligar pra polícia.

O síndico sai. Ouve-se o barulho de um disparo.

ANTÔNIA (gritando) – Não!

Closes alternados na agonia de Anunciação e Fábia.

CENA 34. STOCK SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

SONOPLASTIA DE TENSÃO. Takes do Rio de Janeiro.

Música Cessa.

CENA 35. AP FÁBIA. SALA. INT. DIA.

Anunciação está no chão agonizando, uma pequena poça de sangue começa a se formar ao seu lado.

Antônia e Fábia estão por ali.

ANTÔNIA – Minha amiga, desculpa por tudo. Por todas as injustiças que eu te fiz passar.

Fábia abraça Antônia.

FÁBIA – Eu te amo, Antônia.

As duas se emocionam. Alguns policiais chegam.

POLICIAL 1 – Quem atirou nela?

FÁBIA – Ela matou a minha mãe, tentou matar minha amiga. Nós rolamos no chão e a arma acabou disparando.

POLICIAL – Os socorristas já vêm.

Antônia se escora na parede, uma quantidade considerável de líquido começa a escorrer por suas pernas e formar uma poça no chão.

ANTÔNIA – Ai, que dor! Ai!

FÁBIA – Sua bolsa estourou. Seu neném vem aí, amiga.

O policial pega Antônia no colo e vai saindo. Fábia os segue.

CENA 36. HOSPITAL COPA D’OR. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

Fábia e Marcela estão sentadas no sofá, ansiosas.

MARCELA – Estamos aqui há quase duas horas. Será que nasceu?

FÁBIA – Eu espero que sim. Porque liguei pro Pietro e pro Affonso. Um dos dois é o pai dessa criança.

MARCELA – Ah meu Deus! Ainda tem mais esse mistério todo.

Nesse instante o médico chega. Marcela e Fábia se levantam rapidamente.

FÁBIA – E então, doutor?

MÉDICO – Nasceu! É um menino forte.

Fábia e Marcela sorriem e se abraçam.

MÉDICO – O pai da criança se encontra?

AFFONSO (chegando) – Sou eu!

No mesmo instante, Pietro também chega acompanhado de Sirlene.

PIETRO – O pai sou eu.

CLIMA DE TENSÃO. Affonso e Pietro se encaram.

CENA 37. HOSPITAL COPA D’OR. MATERNIDADE. INT. NOITE.

Fábia e Marcela olham através de um vidro, um lindo bebê na incubadora.

FÁBIA – Será que o bebê nasceu com algum problema? Porque tá nessa incubadora.

MARCELA – Não. É só atividade de praxe.

FÁBIA – Você viu como Affonso e Pietro se olharam? Achei que o tempo fosse fechar ali.

MARCELA – A essa hora eles devem estar colhendo sangue para o resultado do DNA.

Fábia e Marcela vão caminhando pelo corredor em direção a saída.

FÁBIA – Você aposta em quem?

MARCELA – Não tenho a menor ideia.

As duas riem.

CENA 38. HOSPITAL COPA D’OR. SALA DE EXAMES. INT. NOITE.

Affonso e Pietro estão sentados, enquanto duas enfermeiras colhem seus sangues. Um médico entra.

MÉDICO – Esse sangue é necessário para o teste de DNA da paternidade da criança, até para ações legais de guarda e registro de nascimento. Ok?

PIETRO – Demora quantos dias pra sair o resultado?

MÉDICO – Uma semana, no máximo.

AFFONSO – Doutor, eu sei que uma paciente deu entrada ainda hoje baleada. O nome dela é Anunciação Bragança. Sabe me dizer se posso visitá-la?

MÉDICO – O quadro dela é estável, foi tiro de raspão, vai ter alta dentro de poucos dias. Mas o quarto dela está sob a proteção da polícia, acho que ela matou alguém.

AFFONSO – Eu queria muito vê-la. Será que posso?

MÉDICO – Vou te ajudar.

CENA 39. HOSPITAL COPA D’OR. UTI. INT. NOITE.

Anunciação está deitada na cama, dormindo algemada. Um policial está de pé, anda pelo quarto. Pouco depois, o médico chega com Affonso.

MÉDICO (ao policial) – É uma visita para ela.

POLICIAL – Ok! Pode conversar.

MÉDICO – Você poderia esperar do lado de fora comigo, não acha?

POLICIAL – Não posso, mas vou aliviar só desta vez.

O médico e o policial saem. Affonso se aproxima dela.

AFFONSO – Você nunca vai ter meu perdão. Tentou matar o meu filho, sua assassina. Espero que apodreça atrás das grades. Esqueça que um dia me conheceu, porque eu esquecerei quem você é.

Affonso sai. Close up em Anunciação, que deixa escapar uma lágrima.

CENA 40. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL.

DIA ENSOLARADO. Takes aéreos de diversas praias da zona sul do Rio, seu contraste com as favelas. Último take na fachada de um prédio pequeno e residencial em Copacabana.

MÚSICA CESSA.

CENA 41. AP DE PATRICK. SALA. INT. DIA.

Fábia e Patrick estão sentados conversando.

FÁBIA – Tem certeza que esse plano vai dar certo, Patrick?

PATRICK – A Das Dores tem me seguido em todas as redes sociais, tem tentado se aproximar. Vou apelar pra uma conversa franca com ela, mas quero que a Marcela esteja escondida ouvindo.

FÁBIA – Sabe que não vai ser fácil convencê-la, né?

PATRICK – Se não der certo, eu desisto. Dou o tão sonhado divórcio que ela quer.

FÁBIA – Eu vou tentar. Vou tentar porque sei que vocês se amam.

PATRICK – Muito obrigado, Fábia.

Em Patrick, sorridente.

CENA 42. HOSPITAL COPA D’OR. LABORATÓRIO. INT. DIA.

Antônia, Affonso e Pietro estão com um envelope em mãos.

AFFONSO – Enfim vou saber se o bebê é meu filho.

PIETRO – Esses sete dias demoraram uma eternidade para passar.

Antônia se afasta deles e rasga o envelope dela. Os dois a olham com surpresa.

AFFONSO – Por que fez isso?

ANTÔNIA – Porque acho injustiça apenas um de vocês ser o pai. Estão aí os dois rezando para que o Benjamin seja filho de vocês. Imagina a frustração para o que não for o pai biológico. Eu queria que vocês não abrissem, que rasgassem também, que juntos criássemos o Benjamin.

PIETRO – Como assim?

ANTÔNIA – Eu queria que os dois fossem pais do meu filho. Vocês dois foram importantes em alguma fase da minha vida. E eu queria isso.

Affonso se aproxima dela e rasga o envelope.

AFFONSO – Eu topo!

Antônia sorri e, em seguida, olha para Pietro, que rasga seu envelope também.

PIETRO – Já tô doido pra ver meu filhão em cima de uma prancha de surf.

Antônia sorri, feliz.

CENA 43. AP DE PATRICK. SALA. INT. DIA.

Marcela está diante de Patrick e Fábia.

MARCELA (séria) – Eu não devia estar aqui. Não tenho o que fazer aqui. Só vim porque você insistiu demais, Fábia.

FÁBIA – Calma, amiga. É por uma boa causa.

PATRICK – A Fábia já te explicou tudo, não foi?

Marcela olha séria para Patrick.

MARCELA – Eu só quero saber do divórcio.

PATRICK – Ouve primeiro o que a Das Dores vai me revelar e depois, se você quiser, eu te dou o divórcio.

MARCELA – Se essa é a condição para eu me ver livre de você, eu topo.

Nesse instante a campainha toca.

PATRICK – Deve ser ela. Se escondam.

Marcela e Fábia se escondem atrás da parede. Patrick tira a camisa e atende a porta. Das Dores o olha de cima a baixo e sorri maliciosamente.

PATRICK – Entra, gata.

Das Dores entra e Patrick fecha a porta.

DAS DORES – Nem acreditei quando você me ligou e me convidou para vir aqui.

PATRICK – Te chamei pra gente se divertir um pouquinho, o que acha?

DAS DORES – Adorei a ideia.

PATRICK – Sabe que aquele dia que a gente transou. Aquele dia que a boboca da Marcela flagrou a gente, sabia que foi a minha melhor transa?

Das Dores olha surpresa para ele.

PATRICK – O que foi? Você não gostou?

DAS DORES – Você deve estar alucinado. Nós não transamos.

PATRICK – Como não? A gente bebeu uísque, depois a Marcela nos flagrou nus.

DAS DORES – Tudo que eu mais queria era ter transado com você, Patrick. Aliás, ainda quero.

PATRICK – Eu também quero. Quero muito me casar com você. Até dei entrada no divórcio. Acho que só você me ama de verdade.

Das Dores sorri.

DAS DORES – E por que estamos perdendo tempo? Bora se curtir no seu quarto.

PATRICK – Se a gente não transou aquele dia, como eu estava nu?

DAS DORES – Eu coloquei remédio na sua bebida. Você dormiu, tirei sua roupa, tirei a minha e deitei ao seu lado. A Marcela flagrou aquilo tudo, pensou se tratar de uma traição.

Patrick sorri. Fábia e Marcela voltam à sala. Das Dores fica surpresa.

DAS DORES – Marcela? Você estava aqui?

MARCELA – Como você foi baixa, Das Dores. Aliás, você é baixa na mesma proporção que é burra. Caiu num truque manjadíssimo.

DAS DORES – Vocês se merecem. Nojentos.

Das Dores sai correndo.

Marcela se aproxima de Patrick.

MARCELA – Então o tempo todo você estava dizendo a verdade. Como eu fui burra.

Patrick abraça Marcela.

PATRICK – Eu te amo. Só fica comigo.

Marcela e Patrick se olha, em seguida se beijam.

FÁBIA – E eu de novo segurando vela. Na outra vida eu devo ter sido um castiçal.

CENA 44. PRAIA DO LEBLON. CALÇADÃO. EXT. DIA

SONOPLASTIA: O AMOR EM PAZ – IVETE SANGALO

Fábia e Lu caminham de mãos dadas segurando um pequeno cachorro pela coleira.

FÁBIA (V.O) – Eu me mudei pra um apartamento no Leblon com a Lu. Tratamos logo de oficializar nossa união estável e tivemos um filho de quatro patas, o Bob.

MÚSICA CESSA.

CENA 45. MARACANÃ. CAMPO. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: UMA PARTIDA DE FUTEBOL – SKANK

Patrick joga pelo time do Flamengo, que tem como adversário o Vasco da Gama. A partida rola naquela disputa, até que Patrick recebe a bola na grande área, vai levando, driblando vários jogadores da oposição e faz um gol. Os torcedores na arquibancada vibram.

CORTA PARA ARQUIBANCADA.

Marcela com uma camisa do Flamengo vibra muito, aplaude, manda beijos para Patrick, que corresponde.

MARCELA (V.O) – Mais um gol pra mim. Aliás, agora para dois. O Patrick ainda não sabe, mas tem um pedacinho dele brotando dentro de mim.

MÚSICA CESSA.

CENA 46. ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO. INT. DIA.

SONOPLASTIA: AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL.

Antônia está uma cena, enquanto atrás das câmeras, Pietro e Affonso cuidam de Benjamin, que sorri ao ver a mãe.

ANTÔNIA (V.O) – A minha vida ficou bem melhor com o Benjamin. É engraçado ver que o quanto Affonso e Pietro se esforçam para serem bons pais. Mimam demais aquele menino. Se eu tô com algum deles? Bem, talvez seja conversa para outro dia... Não me leve a mal, hoje é Réveillon e eu só quero encontrar minhas amigas.

MÚSICA CESSA.

CENA 47. PRAIA DE COPACABANA. EXT. NOITE.

SONOPLASTIA: DISTÚRBIA (RIHANNA).

CAM AÉREA, passando por toda a areia da praia lotada de pessoas, a maioria em trajes brancos.

CENA 48. CRISTO REDENTOR. EXT. NOITE.

Antônia, Fábia e Marcela estão sozinhas e de costas para a CAM e olhando para a imagem do Corcovado, todo iluminado.

FÁBIA – Chegamos até aqui, meninas. Nem acredito!

MARCELA – A gente passou por tanta coisa nesse ano.

ANTÔNIA – Faltam poucos minutos para o Réveillon. O que vocês vão pedir?

FÁBIA – Eu quero que a nossa amizade se perpetue.

MARCELA – Um pouquinho mais de sucesso não irá nos fazer mal, não é?!

As três riem.

FÁBIA – E você, Antônia?

ANTÔNIA – Eu quero a sorte de um amor tranquilo.

Ouvimos passos, que cada vez vão ficando mais fortes e próximos.

MARCELA – Deve ser o Tony com o champanhe pra brindar com a gente.

Elas se viram e olham surpresas para Laura que está em posse de uma arma.

LAURA – Pensaram que eu tinha partido dessa, Garotas do Rio? Se enganaram feio.

Laura olha para a CAM, pisca um olho.

Clima de tensão no ar.

FADE TO BLACK.

OUVIMOS UM TIRO.

FADE IN

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 49. AP FÁBIA. QUARTO. INT. NOITE.

Fábia acorda assustada, fica ofegante por alguns instantes. Olha para o lado e vê Lu dormindo tranquilamente.

FÁBIA (pra si) – Tô precisando de uma reza forte.

Fábia deita-se novamente e fecha os olhos.

CAM vai desfocando de Fábia e se aproximando de um espelho, até que, de repente reflete o rosto de Laura. A imagem congela.

Risadas de Laura ecoam pelo ambiente.
 
     

     

 

     

autor
Wesley Alcântara

elenco
SIMONE SPOLADORE como Antônia
MARIA EDUARDA DE CARVALHO como Fábia
SHERON MENEZES como Marcela
ADRIANA GARAMBONE como Anunciação
ERIBERTO LEÃO como Affonso
MATHEUS NATCHERGAELE como Tony

elenco secundário
MALU GALLI como Laura
ALICE WEGMANN como Lu
AGATHA MOREIRA como Das Dores
RÔMULO ESTRELA como Pietro
THIAGO MARTINS como Patrick
MEL LISBOA como Mimi
LUKA como Donna

músicas
FESTA DAS PATROAS - MARÍLIA MENDONÇA FEAT MAIARA E MARAÍSA
GARGANTA – ANA CAROLINA
COMO VAI VOCÊ – ADRIANA CALCANHOTO
QUANDO FUI CHUVA – LUIS KIARI E MARIA GADU
ELA É CARIOCA – ADRIANA CALCANHOTO
EMPIRE STATE OF MIND (PART II) BROKEN DOWN ALICIA KEYS
A CULTURA – SABOTAGE
AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL
O AMOR EM PAZ – IVETE SANGALO
UMA PARTIDA DE FUTEBOL – SKANK
AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL
DISTÚRBIA - RIHANNA

produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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Todos os direitos reservados
Proibida a cópia ou a reprodução

 

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