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VOZ DE JOSH – Anteriormente em New Stages...
É Natal em San
Francisco. O episódio é iniciado com imagens dos principais pontos
turísticos locais devidamente decorados para a época natalina. A cidade
está repleta de luzes pisca-pisca, árvores enfeitadas e coloridas,
pessoas que se movimentam apressadamente carregando sacolas de
presentes, enfim, a verdadeira magia do Natal acompanhada do
corre-corre tradicional de fim de ano. As imagens são exibidas até
chegarmos à fachada da Universidade da Califórnia. Amanhece. Ouvimos a
sineta da escola. A imagem corta rapidamente para:
CENA 02.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. CORREDOR DAS SALAS DE AULAS. INT.
DIA. (Música continua.)
Chelsea e Keith
checam os seus resultados das provas finais. Elas percorrem com o dedo
no papel disposto no mural do corredor até encontrarem seus respectivos
nomes. (Música cessa.)
CHELSEA – (eufórica) Não
acredito! Eu fui a aluna que tirou a maior nota na apresentação
trimestral da aula de drama.
KEITH – (olha para
Chelsea) Amiga, era de se esperar, né... Você nasceu para ser atriz!
CHELSEA – (sorri) E as
suas notas, como estão?
KEITH – (demonstrando
um pouco de descontentamento) É, dá para engoli-las...
CHELSEA – Bom, pelo
menos eu fui bem em todas as provas finais... É um peso a menos para eu
me preocupar.
KEITH – Falando em
preocupações... Tem tido notícias sobre os seus pais?
CHELSEA – (começa a
andar) Não, eu não tenho falado direito com eles desde o jantar de ação
de graças. E também decidi que não vou mais esquentar a minha cabeça
por causa deles. Meus pais nunca se preocuparam comigo. Não vejo motivo
para me preocupar com eles.
KEITH – (andando ao
lado da garota) Chelsea, mas são seus pais, querendo ou não, você vai
estar sempre vinculada a eles... Sem falar que o Natal está chegando,
você passará uma semana dividindo o mesmo teto que eles.
CHELSEA – É aí que você
se engana! Eu resolvi ter um feriado inteiramente dedicado a mim. Não
vou para a casa dos meus pais e não vou me envolver nos problemas dos
dois. Se eles querem continuar com essa história de divórcio, podem
continuar... Eu estou fora!
KEITH – E vai passar o
Natal aonde? (debocha) Não vá me dizer que vai ficar presa nesta
universidade, estudando em pleno feriado...
CHELSEA – E por que não?
Tenho que manter os meus bons resultados quando as aulas voltarem após
o feriado. (sorri)
KEITH – Nada disso! Já
que você ficará aqui na universidade, então eu vou te fazer companhia.
(tira o celular do bolso) Vou ligar para os meus pais e cancelar o meu
feriado com eles.
CHELSEA – Keith, você
não pode fazer isso! (tira o sorriso do rosto) Eu agradeço a sua
preocupação, mas os Hurly são diferentes dos Harris. Você não pode
deixar os seus pais na mão...
KEITH – Os Hurly
tinham programado uma viagem para este Natal. Pensando bem, vai ser até
bom eu dizer que ficarei por aqui, assim meus pais podem ter um feriado
a dois.
CHELSEA – Bom... Tudo
pelo sossego dos seus pais! (sorri) Obrigada por estar fazendo isso por
mim.
KEITH – E digo mais...
Vamos fazer uma ceia de Natal para todas as pessoas que ficarem aqui na
universidade. Não é possível que só a gente prefira ficar trancada em
um campus ao invés de curtir o feriado em família...
Keith avista Josh
vindo em direção a elas.
KEITH – Bom... Vamos
fazer o nosso primeiro convite!
JOSH –
(aproximando-se das garotas) Oi, meninas! Já viram seus resultados?
KEITH – Sim. (aponta
para Chelsea) A Rainha do Drama aqui tirou a nota máxima em seu curso
de artes cênicas...
JOSH – (olha para
Chelsea) Parabéns! (sorri) Eu estou indo ver as minhas notas agora...
CHELSEA – (sorri) Boa
sorte, Josh!
KEITH – Josh, você já
decidiu para onde vai neste Natal?
JOSH – Provavelmente
eu vou passar o feriado com a minha mãe. Não era exatamente esse o meu
plano, mas é que algumas coisas aconteceram recentemente e tive que
optar por outra alternativa.
KEITH – Hm... O que
você acha de passar o Natal aqui com a gente? Vamos dar uma ceia
exclusiva para todos os estudantes que passarem o feriado na
universidade. Não quer fazer parte?
JOSH – (sorri) Até
que é uma boa ideia... Mas antes de aceitar o convite, preciso falar
com a dona Marta. Ela vai ficar louca quando souber que estou furando
com ela.
KEITH – Enfim,
qualquer coisa nos avise... Temos que permitir que o espírito natalino
invada essa universidade. (olha para a Chelsea) Esse lugar frio,
sombrio, repleto de alunos nerds, anti-sociais e assustadores precisa
da magia do Natal. Chelsea e Josh riem. |
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2x15 - FELIZ NATAL? |
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CENA 03.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. CORREDOR DOS
DORMITÓRIOS. INT. DIA.
Josh anda pelo
corredor com destino ao dormitório de Austin. Chegando lá, o garoto
bate na porta, mas não é atendido.
JOSH – (batendo
novamente na porta) Vamos lá, Austin! Atenda! Eu te procurei pela
universidade inteira, sei que está aí. Você não poderá continuar
fugindo de mim pelo resto do ano...
Josh bate
insistentemente na porta, porém, sem resultado.
JOSH – Bom, você que
sabe! Ficarei plantado aqui até você decidir me atender. Uma hora você
terá que ir ao banheiro, não é mesmo? Daí, poderá falar comigo...
Nisso, ouvimos o
barulho da maçaneta sendo tocada. Josh se desencosta da porta. Austin
a abre e se apoia no batente.
JOSH – Parece que meu
plano funcionou...
AUSTIN – O que você
está fazendo aqui, Josh? Não sei se você notou, mas eu estou tentando
te dar um gelo...
JOSH – (sorri) É
Natal, Austin! Época de esquecermos todos os ressentimentos passados e
perdoar o próximo. (pausa) Ok, é uma época onde as pessoas são bastante
falsas, mas somos nós... (olha sério para Austin) Somos eu e você. Eu
preciso que você me dê uma segunda chance!
AUSTIN – Josh, eu não
posso voltar contigo só porque é Natal... O feriado vai passar, as
coisas vão voltar a ser como eram antes e você vai continuar apaixonado
pelo Ryan. É algo que nunca vai mudar...
JOSH – Eu não sou
apaixonado pelo Ryan, Austin... O que eu preciso fazer para você
entender isso?
AUSTIN – Você já fez
algo para eu entender que é, Josh... Você me chamou pelo nome dele
enquanto transávamos.
JOSH – Foi impulsivo.
Eu não estava em um momento racional... (segura o braço de Austin) Eu
nunca brincaria com os seus sentimentos. Se eu estava com você, é
porque a minha intenção era a melhor possível.
AUSTIN – Josh, talvez o
melhor a fazer agora seja a gente dar um tempo. Precisamos pensar sobre
isso, esfriar a cabeça e ver o que é melhor para nós dois.
JOSH – Ok, mas pelo
menos atenda as minhas ligações... Ou abra a porta para mim! É um gesto
bastante educado. (sorri) Eu vou te dar esse tempo. Eu sei que eu errei
e entendo perfeitamente a sua situação. Mas eu não vou desistir...
Saiba disso!
AUSTIN – Ótimo.
Conversamos depois então. (ameaça fechar a porta)
JOSH – (colocando a
mão na frente) Espera! (pausa) Eu vim aqui porque eu tenho um convite
para te fazer... A Chelsea e a Keith vão dar uma ceia de Natal aqui na
universidade. Eu pensei que a gente pudesse passar a virada juntos.
AUSTIN – É disso que eu
estou falando, Josh! Nós precisamos dar um tempo, ok? Passar o Natal
juntos não vai colaborar com a nossa atual situação... Além do mais, eu
já prometi para os meus pais que iria para a casa.
JOSH – (sorri) Lembra
que tínhamos feito um plano de passar esse Natal juntos?
AUSTIN – Lembro... Mas
as coisas estão em constante transição, Josh. Eu não quero me machucar
mais do que já estou. (coloca a mão na maçaneta) Tenha um bom
feriado... Aqui, ao lado dos seus amigos... A gente se fala quando as
aulas voltarem.
JOSH – (tira o
sorriso do rosto) Ok.
Austin ameaça
fechar a porta novamente, mas Josh o barra.
JOSH – Só não esqueça
de uma coisa, Austin... Eu posso ter dito o nome do Ryan naquele dia,
mas ele está no passado. Você é o que importa pra mim agora... E eu te
amo. Sinceramente, eu te amo!
Austin balança a
cabeça positivamente e fecha a porta. Close em Josh, decepcionado.
JOSH – (para si
mesmo) Tenha um bom feriado você também, Austin...
Josh anda pelo
corredor em passos lentos.
CENA 04.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. REFEITÓRIO. INT. DIA. (Música cessa.)
Chelsea entra
vestindo duas luvas de borracha nas mãos e carregando vários pratos
plásticos nelas. As portas do elevador se abrem e Keith entra com
várias sacolas em mãos.
KEITH – (respirando
ofegante) Se eu soubesse que fazer compras na véspera de Natal fosse
essa loucura, eu nem tinha colocado os pés para fora dessa
universidade. (sorri) Mas comprei tudo o que precisamos...
CHELSEA – E eu já
enxaguei os pratinhos na pia do banheiro...
KEITH – (olha chocada
para Chelsea) Não acredito que vamos comer em pratos descartáveis,
Chelsea... Eu poderia ter pegado alguns emprestados com a minha mãe.
CHELSEA – Temos que nos
virar com o que temos, Keith. E o mais importante de tudo é comida.
(sorri) E pelo o que parece, isso temos de sobra. Você trouxe o peru?
KEITH – Sim, mas o
vendedor me disse que os melhores já haviam sido encomendados. Mas como
você mesma disse, temos que nos virar com o que temos, e esse foi o
frango de última hora que consegui.
CHELSEA – (pegando a
sacola das mãos de Keith) Frango? (corrigindo) É peru, Keith... Peru!
KEITH – Peru, frango,
galinha, é tudo da mesma família... Todos têm penas, não têm?
CHELSEA – (ri e coloca a
sacola na mesa) Enquanto eu preparo as batatas assadas, por favor, vá
temperando o peru. Temos que adiantá-lo logo, porque daqui a pouco cai
a noite e não podemos correr o risco de servir um peru cru.
KEITH – (se aproxima
da mesa e tira o peru da sacola) Ainda bem que conseguimos um forno
elétrico com um dos estudantes, hein? Senão definitivamente serviríamos
um
frango cru...
Keith olha para o
peru e fica o encarando, bastante enojada. Ela tenta aproximar suas
mãos da pele do animal, mas rapidamente as afasta.
CHELSEA – (para de
cortar as batatas e olha para a Keith) O que você está fazendo?
KEITH – Eu é que me
pergunto o que eu estou fazendo... Olhe para esse animal, Chelsea. Eu
não posso simplesmente tocá-lo.
CHELSEA – Keith, o peru
está morto. Ele não vai te bicar.
KEITH – (toca no peru
ainda com nojo) Eu nunca preparei um peru em toda a minha vida. Eu
achei que viria para a universidade para ser conselheira residente, não
uma temperadora de frangos pelados.
Keith começa a
jogar o peru sobre a mesa.
KEITH – É assim que o
prepara?
Chelsea balança a
cabeça inconformada e coloca as batatas sobre a mesa.
CHELSEA – Ok, vamos
inverter os papeis... Você cuida das batatas e eu me viro com o
frango... Digo, peru! (olha feio para a Keith) Você me deixa confusa,
Keith!
Keith deixa o
peru sobre a mesa e caminha até o outro lado para cortar as batatas.
CHELSEA – (pega o peru)
Até parece que você nunca tocou em um peru, Keith... (ri)
KEITH – (ri e olha
feio para a amiga) Chelsea! (fica encarando a garota) Ao contrário de
você, que parece manuseá-lo muito bem.
As amigas riem,
enquanto continuam preparando o jantar.
CENA 05.
Tomada da cidade de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais e suas decorações natalinas.
Anoitece. A
imagem corta
para a fachada da Universidade da Califórnia.
CENA 06.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. REFEITÓRIO. INT. NOITE. (Música continua.) Chelsea e Keith, muito bem vestidas, estão colocando as comidas que prepararam sobre a mesa. Alguns estudantes começam a chegar ao local. Entre eles, está Josh, que vai cumprimentar as duas garotas. Vemos que Ryan e Evan também chegam, conversando e trocando algumas risadas. Josh nota e se sente incomodado.
RYAN – (se
aproximando de Chelsea e Keith) Olá, meninas... (mostra Evan) Este aqui
é o Evan... (olha para o garoto) Um grande amigo meu! (sorri
maliciosamente para ele e depois volta a olhar para as garotas) Espero
que vocês não se importem por eu tê-lo trazido.
KEITH – Claro que não,
Ryan, nós estamos sediando uma ceia aqui na universidade. Todos os
estudantes que resolveram ficar são muito bem-vindos. (sorri)
Independente de opção sexual.
Chelsea dá um tapa leve em Keith, para alertá-la sobre o que ela falou.
RYAN – (rindo) Tudo
bem, Chelsea...
EVAN –
(cumprimentando Chelsea e Keith) Muito prazer em conhecê-las, meninas!
CHELSEA – O prazer é
todo nosso! (sorri)
KEITH – (também bate
em Ryan) Você é um garoto de bom gosto, hein? (referindo-se a Evan)
Queria que um desse caísse em minha horta...
CHELSEA – (para Evan)
Não ligue para o que a Keith diz... Ela não sabe segurar a sua língua.
Ryan e Evan se
entreolham e riem, sem graças.
JOSH – (olhando para
Ryan e Evan) Olá, Ryan. Olá, Evan. (para o segundo garoto) Muito prazer
em conhecê-lo também, cara!
RYAN – (sorri) Oi,
Josh. (para Evan) Esse é o Josh... Aquele cara que eu te falei!
KEITH – (sussurra para
Chelsea) Aquele cara...
EVAN – (olha para
Josh) Finalmente pude te conhecer... O prazer é meu!
JOSH – Então quer
dizer que o Ryan falou sobre mim para você? Espero que tenha falado
bem...
Josh e Ryan se
entreolham, incomodados. A imagem corta rapidamente para a entrada do
refeitório. Matt entra ajeitando o seu paletó. Keith,
involuntariamente, percebe a chegada do garoto, mas desvia o olhar para
que ele não note que ela está o vendo.
KEITH – (em
pensamento) Espero que esse garoto se controle!
CHELSEA – (começa a
falar alto) Bom, acho que todos que resolveram ficar na universidade
estão aqui. Então não vejo motivos para continuar atrasando o nosso
jantar. Se aproximem da mesa, porque eu tenho algo a dizer! (sorri)
Todos os jovens
presentes se juntam a mesa e se sentam nas cadeiras. Chelsea se
aproxima da ponta e fica de pé, enquanto todos os outros já estão
acomodados.
CHELSEA – Eu realmente
não sou boa com discursos, mas acho que é essencial encaixar um aqui.
(sorri) Não tenho muito que dizer, eu só quero agradecer a todos que
deixaram de ir para suas casas e aproveitar o Natal em família e vieram
aqui celebrar a ceia de Natal ao meu lado e ao lado da Keith.
Close em Keith,
que sorri para a amiga.
CHELSEA – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Eu nunca tive uma família presente...
Na verdade, meus pais sempre pensaram em negócios e status social, mas
nunca pensaram em mim. Eu acredito ter vindo ao mundo acidentalmente,
em meio a discussões sobre o faturamento da empresa do meu pai e qual
cardápio minha mãe deveria servir em mais um de seus jantares sociais.
Ao longo da minha vida, eu sempre me queixei disso. “O que eu fiz de
errado para meus pais não perceberem que eu preciso estar incluída na
vida deles?”. Hoje, eu vejo que, apesar de não ter tido uma família
biológica perfeita, eu criei a minha própria família durante toda a
minha infância e adolescência... E são muitas pessoas que surgiram de
repente na minha vida e, num piscar de olhos, passaram a fazer parte
dela...
Chelsea olha para
Josh e sorri gentilmente. O garoto retribui.
CHELSEA – Então, eu sou
muito grata a todos vocês por estarem dividindo esse momento comigo. Eu
e a Keith passamos o dia preparando esse jantar para vocês. Não é
grande coisa, mas tudo que está aqui foi feito com muito carinho.
Queremos que se divirtam e tenham uma boa passagem de Natal. Porque o
que importa na vida é isso, não é? É quem está ao nosso lado... E eu
agradeço por vocês estarem ao meu lado. Por vocês serem a minha família!
Chelsea deixa
outra lágrima rolar sobre o seu rosto. Todos os jovens presentes se
levantam e começam a aplaudir a garota.
CHELSEA – (limpando a
lágrima) Muito obrigada! (pausa) Mas agora vamos deixar esse papo
emotivo de lado e ir ao que interessa: a comida! Podem começar a se
servir. Bom apeti...
E antes que
Chelsea conclua o que iria dizer, as luzes do refeitório se apagam.
Assustados com o blecaute inesperado, os alunos da universidade se
mantém em silêncio constante.
Atenção: não
vemos nenhum personagem. O blecaute deixa a tela inteiramente preta.
KEITH – (voz) Ok! Não
criemos pânico! Pelo o que parece, um blecaute acabou de acontecer...
MATT – (voz, irônico)
Não me diga, Keith!
CHELSEA – (voz) Eu não
acredito que isso foi ocorrer justo agora...
De repente,
ouvimos algumas cadeiras caindo pelo local. Keith dá alguns gritos de
dor, sugerindo que ela está tentando se locomover pelo refeitório.
KEITH – (voz) Eu não
sei como farei isso, mas com muito custo, vou tentar ir até o
dormitório buscar algumas velas... Não podemos deixar que esse bleucate
interrompa a nossa ceia, não é mesmo?
Todos os jovens
começam a conversar ao mesmo tempo. A imagem corta rapidamente para:
CENA 07.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE CHELSEA E
KEITH. INT. NOITE.
A tela ainda está
escura. Repentinamente, vemos uma chama ser acesa, iluminando o local
consideravelmente. Keith está ajoelhada no chão, de frente a um
criado-mudo, com uma vela em mãos. Ela se levanta ainda de costas.
KEITH – (para si
mesma) Nada que não se possa resolver...
De repente, duas
mãos anônimas encostam os braços da garota. Keith, assustada,
começa a gritar. Uma das mãos é levada até a boca de Keith, impedindo
que ela grite. A câmera revela Matt.
MATT – (sussurrando)
Psiu! Ou você quer que alguém venha até aqui? (tirando a mão da boca da
Keith)
KEITH – Que susto,
Matt! Por um momento eu pensei que esse blecaute tivesse sido armado
acidentalmente e eu estivesse sendo vítima de um sequestro.
MATT – (ri) Que
bobagem! Eu vi que você veio para o dormitório e resolvi te acompanhar.
O que você acha de passarmos um tempinho aqui, sozinhos, no escuro, sem
ninguém para nos atrapalhar?
KEITH – Matt, nem ouse
a repetir o que você acabou de dizer, senão eu meto essa vela na sua
fuça. Não vai ser legal uma queimadura aparecer no seu rosto em plena
véspera de Natal. (sorri debochadamente)
MATT – (entrelaça
seus braços na cintura de Keith) Vamos, gatinha! Eu estou com saudades
da sua boca. Desde aquele dia em que ficamos presos no elevador, eu não
consegui parar de pensar um minuto sequer em você...
KEITH – Mas que abuso
é esse? Você parece estar brincando com a sorte, Matt. E olha que quem
brinca com o fogo, acaba se queimando. (aponta a vela para ele)
Literalmente! Me solte agora e trate de esquecer aquele dia no
elevador. Eu já te disse que a Chelsea não pode nem sonhar com o que
aconteceu entre a gente...
MATT – O que a
Chelsea tem a ver com isso, Keith?
KEITH – Eu já te disse
sobre a história do pacto...
MATT – Escuta,
Keith... Há muito tempo, eu venho tentando conquistar uma garota que
faz questão de me menosprezar em toda oportunidade que surge. Agora que
eu encontrei uma menina legal, engraçada e divertida como você, eu não
vou desistir... Aquele beijo foi algo instintivo, mas significou muito
pra mim...
Close em Keith,
comovida com as palavras de Matt.
MATT – E eu quero
repeti-lo.
E, sem pensar
duas vezes, Matt beija Keith apaixonadamente. A câmera dá um giro de
360º nos garotos, enquanto eles se beijam, parando na porta do
dormitório. Repentinamente, surge Chelsea, que acaba se deparando com a
situação. (Música cessa num baque.)
CHELSEA – (chocada) Eu
posso saber o que está acontecendo aqui?
CENA 08.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. REFEITÓRIO. INT. NOITE.
Agora, o
refeitório está iluminado por algumas velas, trazidas por outros
estudantes. Ryan leva uma para Josh.
RYAN – (entregando a
vela para Josh) Eu fui até o meu dormitório buscar algumas... Achei que
você também fosse precisar.
JOSH – (sorri)
Obrigado... (pausa) Posso saber por que resolveu passar o Natal aqui na
universidade?
RYAN – Sei lá, mesmo
minha mãe tendo aceitado a minha opção sexual, acho que ainda estou com
vergonha de olhar para a cara dela. Sem falar que pareceu uma boa
oportunidade para eu ficar com Evan... As coisas estão rolando bem
entre
a gente.
JOSH – (sorri) Que
bom! Eu fico feliz por você!
RYAN – Desculpa a
curiosidade, mas e o Austin? Por que ele não está aqui? Não vá me dizer
que vocês dois ainda não se acertaram?
JOSH – Ainda não, mas
eu tenho esperanças que sim. Ele me pediu um tempo, eu estou
respeitando o espaço dele. E ele está respeitando o meu indo passar o
feriado com a família. (pausa) Decidi ficar porque não quero explicar
sobre o rompimento para a minha mãe... Ainda não tô com cabeça pra isso!
RYAN – Entendi...
(fica encarando o local) Será que vai demorar muito para as luzes
voltarem?
JOSH – Parece que o
zelador foi passar a ceia de Natal com a sua família... Talvez demore
um pouco para a energia se estabilizar novamente.
RYAN – Bom...
Enquanto isso ficamos no escuro. Iluminados pela luz das velas.
(saindo) Até logo, Josh!
JOSH – (para si
mesmo) Até logo, Ryan...
Close no garoto,
demonstrando ainda estar bastante incomodado com a felicidade de Ryan.
CENA 09.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE CHELSEA E
KEITH. INT. NOITE. (Música cessa.)
Continuação
imediata da sétima cena deste episódio. Chelsea olha atônita para Keith
e Matt, que estão sem reação.
CHELSEA – Alguém pode me
dizer o que está acontecendo aqui? Ou devo chamar o resto do pessoal
para continuar a ceia aqui no dormitório enquanto vocês dão
continuidade ao show?
KEITH – Não é nada
disso que você está pensando, Chelsea...
MATT – (olha para
Keith) Ah, claro, isso resolve bem a situação...
KEITH – (grita com
Matt) Cala a boca, seu babaca!!! Você não acha que já fez muito estrago
por aqui?
MATT – A única coisa
que eu fiz foi te dar um beijo. E você parece ter gostado muito...
KEITH – Matt, muito
ajuda quem não atrapalha...
MATT – Ok, então
estou me retirando daqui... Qualquer coisa, me chamem!
Matt sai do
dormitório.
KEITH – (gritando para
que o garoto ouça) Isso mesmo, seu covarde! Fuja! É o melhor que um
garoto covarde como você sabe fazer, né?
CHELSEA – Acho que o que
aconteceu aqui se restringe a nós duas, Keith. (balança a cabeça
negativamente) Eu não acredito que você jogou o nosso pacto no lixo...
KEITH – Chelsea, eu
sei muito bem como funciona o pacto. Eu estava lá no dia em que
resolvemos fechá-lo. (realça) Nada de uma se envolver com os
pretendentes da outra. E pelo o que eu saiba, não existia nada entre
você e o Matt...
CHELSEA – Não existia,
mas poderia existir. Afinal, durante todo esse tempo, era de mim que
ele gostava. Não sei se você se lembra, mas ele me mandou um buquê de
flores no dia que voltamos do final de semana no hotel.
KEITH – Ele gostava de
você sim, Chelsea, mas você nunca deu bola para o garoto... Pelo
contrário, parecia gostar de pisar nele.
CHELSEA – O que? É isso
mesmo que eu estou ouvindo? Você está defendendo o inútil do Matt?
KEITH – Viu como você
o trata? (anda de um lado para o outro) Eu sempre valorizei a nossa
amizade, Chelsea, mas eu nunca desrespeitei o nosso trato. O Matt nunca
foi nada seu, logo você não tem o direito de estar brava comigo.
CHELSEA – De qualquer
forma, ele era o MEU pretendente, Keith. E se de uma hora para a outra,
eu acordasse e resolvesse dar uma chance para ele? Será que nessa
ocasião eu descobriria que você está dando para ele?
KEITH – (ofendida)
Chelsea, eu gostaria que você tivesse mais respeito por mim... E
respeito por você. Que história é essa de acordar e resolver gostar de
alguém? (aumenta o tom de voz) Desculpa, Chelsea, mas eu não consigo
entender uma garota tão indecisa como você. Você fala que a sua vida é
um problema, mas eu tô exausta disso, porque você mesmo torna a sua
vida problemática.
CHELSEA – Você está
insinuando que eu mesma que complico a minha vida? (grita) Keith, eu
não tenho culpa se os meus pais resolveram se divorciar de uma hora
para a outra. Eu não tenho culpa se eu tive um namorado que também, de
uma hora para a outra, resolveu que gostava da mesma coisa que eu. Eu
não tenho culpa se um médico me disse que eu tenho menopausa precoce e
que também, de uma hora para a outra, eu me tornei infértil. Eu não
tenho culpa de nada disso.
KEITH – Então que tal
parar de reclamar sobre a sua vida a todo o momento e tentar vivê-la
intensamente por pelo menos um minuto? Porque não é remoendo os seus
problemas que você vai ser feliz, Chelsea!
CHELSEA – Quer saber?
(grita) Eu acho que já ouvi o suficiente aqui. E o que eu não esperava
ouvir da boca da minha melhor amiga. Você e o Matt se merecem e ainda
bem que estão juntos, porque pelo menos eu afasto os dois da minha vida
e fico longe de toda essa trairagem. (ameaça sair)
KEITH – Onde você vai,
Chelsea?
CHELSEA – (grita) SUMIR!
Chelsea sai,
possessa. Close em Keith, que respira ofegante. Ela deixa uma lágrima
rolar sobre o seu rosto, decepcionada por ter brigado com a melhor
amiga.
CENA 10.
Chelsea anda
sozinha pelas ruas de San Francisco, sem rumo, desolada e chorando. Sua
maquiagem está bastante borrada e suas roupas estão encharcadas de
suor. Apesar das ruas estarem bastante iluminadas com as luzes de
Natal, não há muito movimento. Inesperadamente, um homem vestindo um capuz na cabeça sai atrás de uma moita e aborda Chelsea, a segurando bruscamente pelos braços. Chelsea, sem saber o que fazer, começa a gritar desesperadamente, mas o homem logo tapa sua boca com uma das mãos, enquanto segura seus braços com a outra. Chelsea tenta mordê-lo, mas o homem consegue levá-la relutante para algum destino, o qual ainda não sabemos.
CENA 11. CASEBRE.
INT. NOITE.
O homem entra no
casebre e acende as luzes. Chelsea ainda está sob sua posse. A garota
tenta escapar, mas ele fecha a porta depressa e guarda as chaves no
bolso.
O homem empurra
Chelsea bruscamente em direção a cama. Ela se esquiva, mas ele se senta
sobre o seu corpo e, com as mãos, prende os braços de Chelsea contra a
cama.
CHELSEA – (chorando) O
que você está fazendo?
HOMEM – (ainda de
capuz) O Papai Noel chegou mais cedo para você esse ano. Eu vou te dar
um presente que você nunca mais esquecerá... Vai se lembrar dele pelo
resto de sua vida!
CHELSEA – (tentando se
soltar) Quem é você? Saia de cima de mim, seu porco imundo!
HOMEM – Não sem antes
fazer o serviço completo. Nunca ouviu a sua mãe dizer: “não fale com os
estranhos?”. Pois bem, aprenda uma lição, garota: não saia à noite
desacompanhada, você pode encontrar estranhos no meio da rua.
O homem gargalha
e começa a beijar Chelsea agressivamente. A garota chora desesperada,
gritando com toda a força possível, mas logo sua voz começa a falhar.
Sem forças, ela vai se rendendo a brutalidade do homem, que rasga suas
roupas e, impiedosamente, estupra Chelsea.
A imagem escurece.
A imagem volta
clarear.
Lentamente, a
câmera revela a cama, onde Chelsea adormece tranquilamente. Sua
maquiagem borrada marca todo o sofrimento pelo qual a garota passou. A
câmera se levanta um pouco e percebemos que o homem abotoa a calça. Ele
está sem o capuz, mas não conseguimos ver o seu rosto. De costas, ele
veste rapidamente a camisa e caminha até a porta, abrindo-a com a chave
que estava em seu bolso.
Antes de sair,
ele olha para a garota, mas a câmera se abaixa, impedindo novamente que
vejamos o seu rosto.
HOMEM – Boa noite,
bela adormecida! (ri) Feliz Natal!
O homem sai e
fecha a porta. A câmera volta em Chelsea, que acabara de protagonizar o
pior Natal de sua vida. A imagem escurece. |
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TRILHA SONORA
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