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      CENA 01. bairro das laranjeiras. rua. Exterior. Noite.
       
      
      
      Continuação da última cena do capítulo anterior. 
      
      
      Heloísa tenta se acalmar. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Calma, Heloísa. Você precisa pensar em alguma coisa 
      pra tirar aquela idiota do seu caminho. Ela já 
      atrapalhou de mais a sua vida, tá na hora dela pagar por 
      isso. 
      
      
      Em Heloísa pensativa. 
      
      
      
      CENA 02. ap de luísa. sala. Interior. Noite. 
       
      
      
      Continuação da cena 26 do capítulo anterior. Luísa 
      Bernardo felicitam Marcelo e Clara. 
      
      
      
      Luísa 
      — (Ainda surpresa) Essa notícia me pegou de surpresa, 
      Clara. Mas parabéns, filha. 
      
      
      
      Clara 
      — Ela também me pegou de surpresa, mas não tem porque 
      adiar a felicidade, não é? 
      
      
      Bernardo — Que frase clichê, maninha. 
      
      
      
      Clara 
      — Mas é a verdade, ninguém vai atrapalhar a nossa 
      felicidade. 
      
      
      
      Luísa 
      — Por falar nisso, a Helô sumiu. 
      
      
      
      Clara 
      — Melhor assim. 
      
      
      Clara mostra para Luísa o anel de noivado para Luísa. É 
      o mesmo anel de Ana Carolina. 
      
      
      
      Luísa 
      — (Sorri) O anel da Ana Carolina. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Você não disse que era pra eu dar pra mulher que eu 
      amasse? Eu fiz isso. 
      
      
      Marcelo sorri e Clara retribui com outro sorriso. 
      
      
      
      Luísa 
      — Ô meu querido, a sua mãe ia ficar tão feliz. (Tom) 
      Acho que nem tem com que a gente comemorar. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Nem se preocupe com isso, Luísa. Eu já to de saída, só 
      vim pra falar sobre o casamento junto com a Clara. 
      
      
      
      Luísa 
      — Mas já? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Sim, amanhã eu quero conhecer a empresa. Acredita que 
      até agora eu não fui lá? Se vocês me derem licença. 
      
      
      
      Clara 
      — Eu te acompanho. 
      
      
      Marcelo e Clara saem do apartamento. 
      
      
      
      CENA 03. casa de giancarlo. sala. 
      
      Interior. Noite.  
      
      
      Rogério chega da rua. Bianca no sofá entediada. 
      
      
      
      Rogério 
      — Cadê todo mundo? 
      
      
      
      Bianca 
      — Boa noite pra você também. 
      
      
      
      Rogério 
      — Boa noite, Bianca. Cadê todo mundo? 
      
      
      
      Bianca 
      — E eu tenho cara de babá? Devem tá por aí. 
      
      
      Rogério se joga no sofá. 
      
      
      
      Rogério 
      — Tava vendo as propostas das agências de publicidade 
      que tão concorrendo à conta da exportadora. 
      
      
      
      Bianca 
      — Não quero agência pequena. Pra nossa empresa eu quero 
      que seja uma agência grande, multinacional. 
      
      
      
      Rogério 
      — (Retruca) Você não tem que querer nada e sim o seu 
      pai. 
      
      
      
      Bianca 
      — Por enquanto, Rogério. O pai já tá velho e não demora 
      muito não vai tá mais entre nós. Aí quem vai mandar naquele 
      lugar, sou eu. 
      
      
      Giancarlo já entrou da rua e ninguém percebeu. 
      
      
      
      Giancarlo 
      — Você tá querendo que eu morra logo, Bianca? 
      
      
      Bianca encara Giancarlo, surpresa. 
      
      
      
      CENA 04. 
      
      ap de luísa. frente. 
      ambiente. Exterior. Noite.  
      
      
      Marcelo e Luísa se beijam na calçada. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Dorme comigo. 
      
      
      
      Clara 
      — Hoje não, amor. 
      
      
      
      Marcelo 
      — (Insiste) Por quê? Imagina só a gente dormindo 
      agarradinhos, bem juntinhos. 
      
      
      Marcelo vai beijando Clara, tentando convencê-la. Ela se 
      arrepia. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Vem. 
      
      
      
      Clara 
      — A gente vai ter a vida toda pra dormir juntinhos. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Tá. Então me dá só mais um beijo. 
      
      
      Clara beija Marcelo. 
      
      
      
      Clara 
      — Você não me falou que esse anel era da sua mãe. 
      
      
      
      Marcelo 
      — É. A Luísa guardou ele e me deu. Disse que foi 
      presente do meu pai pra mulher que ele amava, e que era 
      pra eu fazer o mesmo. 
      
      
      Clara sorri um pouco emocionada e dá um beijo em 
      Marcelo, que não retribui, está pensativo. 
      
      
      
      Clara 
      — (Percebe) Que foi? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Tava aqui pensando... Se o meu pai amava tanto a minha 
      mãe... Por que ele sumiu no mundo sem deixar rastros? O 
      que aconteceu pra ele fazer isso? 
      
      
      
      Clara 
      — Ele nunca te falou nada? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Não. Sempre pensei que fosse só eu e ele. Alguma coisa 
      de muito séria deve ter acontecido. 
      
      
      
      Clara 
      — Tipo o que? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Não sei, Clara. Mas ninguém desaparece sem motivos. 
      
      
      
      Clara 
      — Por que você não investiga essa história? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Como assim? 
      
      
      
      Clara 
      — Vai atrás do passado dos seus pais. Investiga a 
      história deles. Quem sabe lá tenha alguma pista das 
      razões que fizeram o seu pai sumir. Eu to vendo que isso 
      te preocupa. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Meu pai me privou do convívio com a minha mãe e não 
      foi a troco de nada. Quem faz isso é uma pessoa 
      mesquinha. E o meu pai não era assim. 
      
      
      
      Clara 
      — Então Marcelo. O único jeito de você tirar essa nuvem 
      da sua cabeça é indo atrás do que aconteceu. Quando você 
      souber de tudo, talvez as coisas comecem a fazer sentido 
      pra você. 
      
      
      Em Marcelo pensativo. 
      
      
      
      CENA 05. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite.
       
      
      
      Continuação da cena 03. Giancarlo espera uma resposta de 
      Bianca, que se levanta rapidamente. 
      
      
      
      Bianca 
      — Que é isso? Você entendeu errado. Eu quis dizer que 
      quando você nos deixar/ 
      
      
      
      Giancarlo 
      — (Corta) Senta que esse dia ainda vai demorar. Eu to 
      muito bem de saúde e não pretendo morrer tão cedo. 
      
      
      
      Bianca 
      — Graças a Deus. 
      
      
      
      Giancarlo 
      — Mas numa coisa eu concordo... Sobre a presidência da 
      empresa... Talvez seja a hora de começar a preparar a 
      minha sucessão. Muito em breve eu não vou mais sentar 
      naquela cadeira. 
      
      
      Giancarlo sobe as escadas. Bianca sorri vitoriosa para 
      Rogério. 
      
      
      
      Bianca 
      — Viu? Nas entrelinhas ele disse que tá preparando a 
      cadeira da presidência pra mim. 
      
      
      
      Rogério 
      — Ele disse que ia sair sim, mas não falou que ia ser 
      você. 
      
      
      
      Bianca 
      — E quem ia ser, Rogério? Você? Que piada. 
      
      
      
      Rogério 
      — A Milena. Ela também é herdeira. 
      
      
      
      Bianca 
      — Faz-me rir. Eu to antes na linha de sucessão. O pai 
      não seria louco de fazer uma coisa dessas, a Milena não 
      tem experiência nenhuma para presidir uma empresa do 
      porte da nossa. Esse perigo eu não corro: eu vou ser a 
      próxima a sentar na cadeira do presidente. 
      
      
      
      CENA 06. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior. 
      Noite.  
      
      
      Milena e Yasmin conversando. 
      
      
      
      Milena 
      — Amanhã eu vou começar a procurar pelo meu vestido de 
      noiva. 
      
      
      
      Yasmin 
      — Você vai que horas? 
      
      
      
      Milena 
      — Acho que pela manhã. À tarde eu vou pra empresa. 
      
      
      
      Yasmin 
      — Troca de horário. Eu queria ir com você só que de 
      manhã eu tenho aula. 
      
      
      
      Milena 
      — (Sorri) Te garanto que eu não vou escolher nada. Ou 
      você acha que eu vou escolher o meu vestido de noiva 
      logo no primeiro dia? 
      
      
      
      Yasmin 
      — Espero que não. 
      
      
      
      Milena 
      — Na próxima vez você vem junto. 
      
      
      
      Yasmin 
      — Combinado. 
      
      
      Escutam-se leves batidas na porta, é Divinéia (70 anos, 
      baixinha, cabelos escuros e presos), uma das empregadas 
      da casa. 
      
      
      
      Divinéia 
      — Licença meninas. O jantar já vai ser servido. 
      
      
      
      Milena 
      — (Brinca) Aí Divi, eu adoro quando você me chama de 
      menina. 
      
      
      
      Divinéia 
      — E você é o que? Uma senhora? Senhora sou eu com cabelo 
      pintado e ruga na cara. Você que tem essa cara lisinha 
      que nem bundinha de neném e esse corpinho de dar inveja, 
      é menina sim! 
      
      
      Milena ri e aperta as bochechas de Divinéia. 
      
      
      
      Milena 
      — Eu já disse que te adoro? 
      
      
      
      Divinéia 
      — Hoje ainda não. Agora vai lá. (Pra Yasmin) Você 
      também. 
      
      
      Milena e Yasmin saem do quarto.  
      
      
      
      CENA 07. ap de otávio. sala. Interior. Noite. 
       
      
      
      Otávio entra da rua e encontra as luzes apagadas e o 
      ambiente iluminado por velas, para criar um clima 
      romântico. Giovanna está esperando por ele. 
      
      
      
      Otávio 
      — Boa noite. 
      
      
      Otávio dá um beijo rápido em Giovanna e olha em volta. 
      
      
      
      Otávio 
      — Faltou luz? 
      
      
      
      Giovanna 
      — Não. Eu que apaguei elas pra dar um clima por nosso 
      jantar? 
      
      
      
      Otávio 
      — Que jantar? 
      
      
      
      Giovanna 
      — O que a gente vai ter. Só nós dois. Eu já despachei a 
      Juliana pro quarto e ela prometeu fica por lá até 
      amanhã. Sabe o que isso significa? 
      
      
      
      Otávio 
      — O que? 
      
      
      
      Giovanna 
      — (Fala no ouvido dele) Que a casa é só nossa. 
      
      
      
      Otávio 
      — Hoje o dia foi tão estressante lá no escritório que a 
      única coisa que eu queria era tomar um banho e deitar. 
      
      
      
      Giovanna 
      — (Seduzindo) A gente pode fazer isso. Depois do jantar 
      delicioso que eu preparei a gente toma banho juntinhos. 
      
      
      Otávio sorri. 
      
      
      
      Otávio 
      
      — Você pensou em tudo, hein? 
      
      
      
      Giovanna 
      
      — A gente tá brigando tanto. 
      
      Eu não quero isso. 
      
      
      
      Otávio 
      
      — Nem eu Giovanna. 
      
      
      Otávio e Giovanna dão um longo beijo. 
      
      
      
      Giovanna 
      
      — Sabe qual é o menu da noite? 
      
      
      
      Otávio 
      — Não faço ideia. O que você preparou? (Brinca) Foi você 
      mesmo ou encomendou de algum restaurante? 
      
      
      
      Giovanna 
      — Que? Tá duvidando dos meus dotes culinários? 
      
      
      E os dois seguem para a sala de jantar. 
      
      
      
      CENA 08. casa de gregório. sala de jantar. Interior. 
      Noite.  
      
      
      Gregório, Tarsila e Karina jantando. 
      
      
      
      Karina 
      — Todo mundo conhece ele menos eu! Não é justo. 
      
      
      
      Tarsila 
      — Dá um tempo Karina. Eu já te disse que um dia eu te 
      levo pra conhecer o Marcelo. 
      
      
      
      Karina 
      — Um dia no juízo final, Jesus vai descer de novo a 
      Terra. Só a gente não sabe quando. 
      
      
      
      Gregório 
      — Onde é que você aprende essas coisas? Na escola não é. 
      Na minha época eu dormia nas aulas de religião de tão 
      chatas que eram. 
      
      
      
      Karina 
      — Um dia eu mesmo pego um ônibus e vou até a casa da tia 
      Ana Carolina conhecer o meu primo novo... Que já é 
      velho. 
      
      
      
      Tarsila 
      — Você pode pegar o Expresso do Oriente pra ir até a 
      casa dele. Mas por favor, para de atormentar. Ocupa a 
      sua boca comendo e não falando. 
      
      
      Todos ficam em silêncio. 
      
      
      
      CENA 09. ap de luísa. sala. Interior. Noite. 
       
      
      
      Heloísa entra da rua e vê Bernardo sozinho na sala. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Cadê todo mundo? 
      
      
      
      Bernardo 
      — Cada uma no seu quarto. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Melhor assim. Eu também vou pro meu. 
      
      
      
      Bernardo 
      — Você vacilou com a Clara. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Agora não, Bernardo. Outra hora a gente fala sobre 
      isso. 
      
      
      Heloísa vai para o seu quarto, deixando Bernardo 
      sozinho. 
      
      
      
      CENA 10. rio de janeiro. 
      ambiente. Exterior. Dia.  
      
      
      
      
      Música: 
      Meu novo mundo – Charlie Brown Jr. 
      
      
      Takes do Rio de Janeiro ao amanhecer. O último take é da 
      frente da casa de Ana Carolina. 
      
      
      
      Música: 
      [Fade Out]. 
      
      
      
      CENA 11. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
       
      
      
      Marcelo e Rudá conversando. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Você pegou o endereço da empresa que eu te pedi? 
      
      
      
      Rudá 
      — Esqueci. Vou lá pegar, peraí. 
      
      
      Rudá vai para a cozinha. Tempo e Samuel com uma mochila 
      e uniforme da escola, vem dá mesma direção que saiu 
      Rudá. 
      
      
      
      Samuel 
      — Bom dia seu Marcelo. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Corta esse seu... (Tom) Tá indo pra aula? 
      
      
      
      Samuel 
      — Sim. É você que vai pagar as mensalidades? 
      
      
      
      Marcelo 
      — (Não entende) Como assim? 
      
      
      
      Samuel 
      — É que é escola particular. E como era caro pra gente 
      manter, quem pagava a mensalidade era a dona Ana 
      Carolina e como ela morreu... 
      
      
      Em Marcelo pensativo. 
      
      
      
      CENA 12. ap de luísa. cozinha. Interior. Dia. 
       
      
      
      Heloísa toma um copo d’água. Clara entra e revira os 
      olhos ao ver a irmã. 
      
      
      
      Clara 
      — (Enojada) Eu devia ter dormido fora de casa, ter que 
      acordar e olhar pra sua cara tá deixando o meu estômago 
      embrulhado. 
      
      
      Clara dá meia volta, mas Heloísa segura ela. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Espera. 
      
      
      
      Clara 
      — (Se solta) Me solta. 
      
      
      
      Heloísa 
      — A gente precisa conversar. 
      
      
      
      Clara 
      — (Irritada) A gente não tem nada que conversar. Tudo o 
      que você e eu tínhamos pra falar, já foi dito ontem. 
      
      
      Clara vai sair, mas Heloísa impede colocando o braço 
      diante da porta. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Aí é que você se engana, Clara. A gente tem conversar 
      sim e eu não vou deixar você sair daqui até eu falar 
      tudo o que eu quero. 
      
      
      Closes alternados. 
      
      
      
      CENA 13. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
       
      
      
      Continuação da cena 11. Marcelo e Samuel por ali. Rudá 
      vem da cozinha com um papel na mão. 
      
      
      
      Rudá 
      — Tá aqui o endereço Marcelo. (Vê Samuel) Samuel, o que 
      você tá fazendo aqui? Eu não disse pra você sair pela 
      porta de serviço? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Imagina, não tem necessidade de uma coisa dessas. Por 
      mim não tem problema nenhum. 
      
      
      
      Rudá 
      — Se você diz... 
      
      
      
      Marcelo 
      — Viu, que história é essa de que era a minha mãe que 
      pagava o colégio dele? 
      
      
      Rudá fuzila Samuel com os olhos. 
      
      
      
      Rudá 
      — Eu disse pra você não falar nada, moleque linguarudo. 
      
      
      E Rudá dá um cascudo em Samuel. 
      
      
      
      Samuel 
      — Foi sem querer! 
      
      
      
      Rudá 
      — Some daqui. Você já tá atrasado. 
      
      
      Samuel sai correndo para a rua. 
      
      
      
      Rudá 
      — Desculpa, Marcelo. Esquece o que ele falou. A sua mãe 
      pagava, mas você não tem nada a ver com isso. (Entrega o 
      papel) Tá aqui o endereço. Fica aqui do lado em São 
      Conrado. De carro é um pulo. 
      
      
      
      CENA 14. barão do alambique. frente. Exterior. Dia.
       
      
      
      Take da frente do prédio. 
      
      
      
      CENA 15. barão do alambique. sala de gregório. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Gregório trabalhando. Tempo e entra Adelaide (50 anos, 
      cabelos escuros, na altura dos ombros), secretária da 
      empresa. 
      
      
      
      Adelaide 
      — Com licença, Doutor Gregório. 
      
      
      
      Gregório 
      — Fala, Dona Adelaide. 
      
      
      
      Adelaide 
      — Tem um homem ali fora querendo falar com o senhor? 
      
      
      
      Gregório 
      — Que homem? Ele tem hora marcada? Se não tem despacha 
      ele. 
      
      
      
      Adelaide 
      — É que... Ele disse que é filho da dona Ana Carolina? 
      
      
      Gregório se surpreende com o que acaba de ouvir e encara 
      Adelaide. 
      
      
      
      CENA 16. ap de luísa. cozinha. Interior. Dia. 
       
      
      
      Continuação da cena 12. Heloísa impedindo a passagem de 
      Clara pela porta. 
      
      
      
      Clara 
      — Você perguntou se eu quero escutar você? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Eu não tô te perguntando nada. Você vai me escutar 
      querendo ou não. 
      
      
      
      Clara 
      — O que você vai fazer? Me prender aqui? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Se for preciso, sim! Custa deixar eu falar?! Eu sei 
      que o que eu fiz foi errado, eu queria te pedir 
      desculpas, mas se é difícil pra você escutar o que eu 
      tenho pra te dizer, pode ir. 
      
      
      Heloísa libera a passagem da porta, mas Clara não sai. 
      
      
      
      Clara 
      — Você acha que é assim? Me arrependi, pronto, vou pedir 
      desculpas e tá tudo resolvido? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Eu sei que não é assim, Clara. Mas poxa! Nós somos 
      irmãs! Não podemos ficar brigadas... Eu amo muito você. 
      
      
      
      Clara 
      — Mas você não pensou nisso quando transou com o 
      Marcelo. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Eu sei que fiz errado, mas eu to arrependida. Se não 
      tivesse, você acha que eu ia tá aqui pedindo desculpas? 
      Me humilhando diante de você? Quer que eu ajoelhe? 
      
      
      Heloísa ameaça se ajoelhar, mas Clara impede. 
      
      
      
      Clara 
      — Deixa de ser ridícula, Heloísa. Não é se ajoelhando 
      que as coisas vão mudar. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Eu sei. O que vai mudar é o meu arrependimento e o seu 
      perdão. 
      
      
      As duas ficam em silêncio por um breve tempo. Clara 
      pensativa. 
      
      
      
      Clara 
      — Por que isso agora? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Porque eu errei! Quantas vezes a gente não erra na 
      vida, Clara? Pra que? Pra aprender! Eu aprendi com isso. 
      (Pausa) Nós já tínhamos feito isso de trocar 
      namoradinhos tantas vezes/ 
      
      
      
      Clara 
      — (Corta/Irritada) O Marcelo não é um namoradinho! Eu 
      amo ele! 
      
      
      
      Heloísa 
      — Eu não sabia disso! Ou você acha que se eu soubesse, 
      ia fazer o que eu fiz? 
      
      
      
      Clara 
      — (Lacrimejando) Eu não sei se eu posso confiar me você. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Eu sei que as coisas que eu falei pra você quando a 
      gente brigou, foram muito duras, mas tenta entender. Eu 
      tava nervosa, você tava me batendo e acabei falando sem 
      pensar. 
      
      
      
      Clara 
      — Não vai querer colocar a culpa em mim agora. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Claro que não! Eu to te dizendo que eu to realmente 
      arrependida de tudo o que eu fiz e falei. Agora eu só te 
      peço uma coisa: o seu perdão. 
      
      
      
      Clara 
      — Eu preciso pensar. 
      
      
      Clara sai abalada da cozinha. Logo que fica sozinha, 
      Heloísa tira do seu rosto a aparência de arrependida e 
      dá um sorriso debochado. 
      
      
      
      Heloísa 
      — (Baixo) Pensa maninha. Pensa e depois me diz se eu não 
      sou uma boa atriz. 
      
      
      
      CENA 17. barão do alambique. sala de gregório. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Continuação da cena 15. Gregório e Adelaide. 
      
      
      
      Gregório 
      — (Surpreso) O Marcelo tá aí? 
      
      
      
      Adelaide 
      — Sim. 
      
      
      
      Gregório 
      — Manda ele entra. Agora. 
      
      
      Adelaide sai da sala. 
      
      
      
      Gregório 
      — (Baixo) Droga! Eu não acredito que esse aprendiz de 
      Tarzan veio aqui. 
      
      
      Marcelo entra. Gregório se levanta todo sorridente e o 
      cumprimenta. 
      
      
      
      Gregório 
      — Marcelo! Que surpresa você por aqui. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Pois é tio. Faz um tempo que eu cheguei no Rio e até 
      agora eu não tinha vindo visitar a minha empresa. 
      
      
      
      Gregório 
      — Sua empresa... Claro. (Tom) Quer sentar? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Não, na verdade eu queria conhecer o local. Pode ser? 
      
      
      
      Gregório 
      — Claro. (Aponta para a porta) Por favor... 
      
      
      Os dois saem. 
      
      
      
      CENA 18. barão do alambique. corredores. Interior. Dia.
       
      
      
      Gregório e Marcelo caminham e conversam. Outros 
      executivos também circulam pelo local. 
      
      
      
      Gregório 
      — Aqui Marcelo, fica a parte administrativa da empresa. 
      A produção propriamente dita fica no interior do estado. 
      A nossa produção de cachaça além de ser a melhor do 
      Brasil, é alto-suficiente. A cana que a gente usa pra 
      fazer a bebida é cultivada em fazendas de nossa 
      propriedade. Isso nos dá um controle maior sobre o 
      produto, sobre a qualidade dele, entende? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Sim. 
      
      
      
      Gregório 
      — Pois é. Não é a toa que a nossa marca chegou ao topo. 
      Essa empresa começou com o nosso bisavô, meu e do seu 
      pai, fabricando cachaças artesanais, no inicio do século 
      XX, o talento dele de fazer a bebida e mais um tino 
      comercial de dar inveja a muita gente, fez isso aqui 
      crescer como ninguém. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Eu acho muito estranho o meu pai ter largado tudo isso 
      pra morar num fim de mundo. 
      
      
      
      Gregório 
      — (Desconfortável) Seu pai sempre foi meio estranho. 
      (Tom) Você sabia que a nossa marca foi a 1ª no Top of 
      Mind por vários anos consecutivos? 
      
      
      
      Marcelo 
      — E o que é isso? 
      
      
      
      Gregório 
      — São as marcas mais lembradas pelo consumidor. Eu não 
      posso te mostrar ao vivo a plantação de cana-de-açúcar 
      nem a fábrica onde as nossas cachaças são feitas, mas eu 
      tenho alguns vídeos institucionais pra lhe mostrar. 
      Assim você tem uma ideia de como é o lugar. Quer ver? 
      
      
      Marcelo concorda. 
      
      
      
      CENA 19. barão do alambique. sala de leandro. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Leandro falando ao telefone. 
      
      
      
      Leandro 
      — (Cel) Cê vai sozinha?... Sei... Escolhe um vestido de 
      noiva bem bonito. Se bem que qualquer coisa que você 
      usar vai te deixar linda. (Dá uma risada). 
      
      
      Gregório e Marcelo entram na sala. 
      
      
      
      Leandro 
      — (Cel) Milena, eu vou ter que desligar. Mais tarde a 
      gente se fala. Beijos. (Desliga). 
      
      
      Leandro se levanta e vai até Marcelo cumprimentá-lo. 
      
      
      
      Leandro 
      — Primo! Você por aqui? 
      
      
      
      Gregório 
      — Ele resolveu nos fazer uma visita, conhecer um pouco 
      mais da empresa. 
      
      
      
      Leandro 
      — Que bom. Eu fico muito feliz por isso. E tá gostando 
      do que tá vendo? 
      
      
      
      Marcelo 
      — To achando muito interessante. Ainda não to entendendo 
      muita coisa, mas aos poucos eu vou me familiarizando. 
      Mas se eu quero trabalhar aqui eu preciso aprender, não 
      é? 
      
      
      
      Leandro 
      — Você pretende vir trabalhar aqui? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Óbvio! Essa empresa também era dos meus pais. 
      
      
      Leandro e Gregório se olham disfarçadamente. 
      
      
      
      Gregório 
      — E nós vamos estar esperando você de braços abertos. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Fico feliz em ouvir isso, tio. (Tom) Eu adorei a 
      visita, mas agora eu vou ter que ir. 
      
      
      
      Gregório 
      — Eu te acompanho até a saída. 
      
      
      Leandro estende a mão para se despedir de Marcelo, mas 
      ele despachado, dá logo um abraço. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Deixa de frescura. A gente é parente, não tem que ter 
      essas formalidades. 
      
      
      
      Leandro 
      — (Ri) Você tem razão. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Aparece lá em casa um dia desses? 
      
      
      
      Leandro 
      — Apareço sim. Tchau. 
      
      
      Marcelo e Gregório já saíram. 
      
      
      
      Leandro 
      — Só o que me faltava! Esse trouxa querer vir trabalhar 
      aqui. 
      
      
      
      CENA 20. shopping. ambiente.
      Interior. Dia.  
      
      
      Marcelo e Clara caminham pelo shopping. Conversa já 
      iniciada. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Ela falou isso? 
      
      
      
      Clara 
      — Falou. Disse que tava arrependida de tudo o que tinha 
      feito e veio me pedir perdão. 
      
      
      
      Marcelo 
      — E você? 
      
      
      
      Clara 
      — Sei lá, Marcelo. Eu disse que ia pensar. O que ela fez 
      foi terrível, mas é a minha irmã! 
      
      
      
      Marcelo 
      — Você acha que ela tá sendo sincera? 
      
      
      
      Clara 
      — Acho que sim. O que você acha? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Não sei, Clara. Eu mal conheço ela, você que nasceu 
      com ela deve saber mais do que eu. 
      
      
      
      Clara 
      — E o que você acha que eu devo fazer? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Segue o seu coração. Se você acha que ela tá falando a 
      verdade, perdoa. Como você mesmo disse: é sua irmã. 
      
      
      Milena vem vindo em direção aos dois e abana para Clara 
      quando a vê. 
      
      
      
      Milena 
      — Oi, tudo bem. Lembra de mim? 
      
      
      
      Clara 
      — Milena, da festa da tia Ana, né? 
      
      
      As duas se cumprimentam com um beijo no rosto. 
      
      
      
      Milena 
      — Isso. (Tom) Desculpa, mas você é qual das duas mesmo? 
      
      
      
      Clara 
      — Clara. 
      
      
      
      Milena 
      — Ai que vergonha. Desculpa Clara, mas é que você e a 
      sua irmã são muito parecidas. 
      
      
      
      Clara 
      — Eu sei. Todo mundo confunde a gente. 
      
      
      Clara olha para Marcelo, que disfarça olhando para o 
      lado. 
      
      
      
      Milena 
      — (Pra Marcelo) E você? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Marcelo. 
      
      
      Marcelo e Milena se cumprimentam com um beijo no rosto. 
      
      
      
      Milena 
      — O primo sumido do Leandro?! 
      
      
      
      Marcelo 
      — Sim. Você conhece ele? 
      
      
      
      Milena 
      — É meu namorado. (Corrige) Noivo. (Mostra o anel) A 
      gente vai casar. 
      
      
      
      Clara 
      — (Feliz) Que bom! Fico feliz por você. 
      
      
      
      Milena 
      — E vocês... 
      
      
      
      Clara 
      — Sim. E com intenção de nos casar logo. 
      
      
      
      Milena 
      — (Surpresa) Mas já? (Brinca) Que paixão avassaladora. 
      
      
      
      Clara 
      — Você não tem ideia o quanto. 
      
      
      
      Milena 
      — Tava numa loja aqui perto vendo um vestido de noiva, a 
      gente pode ver juntas da próxima vez e sem ele. 
      
      
      As duas riem. 
      
      
      
      Clara 
      — Eu não acredito nesse negócio de superstição. Acho que 
      tudo de ruim que tinha pra acontecer, já aconteceu. 
      
      
      
      Milena 
      — É, mas é bom prevenir. (Tom) Querido, adorei encontrar 
      vocês, mas eu vou ter que ir. Beijos. 
      
      
      Milena se despede de Clara e Marcelo e vai embora. 
      
      
      
      Clara 
      — Eu gosto dela. Acho simpática. 
      
      
      
      Marcelo 
      — É me pareceu sim. Mas voltando ao assunto da Heloísa. 
      Você vai perdoar ela? 
      
      
      Em Clara pensativa. 
      
      
      
      CENA 21. barão do alambique. sala de leandro. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Leandro e Milena se beijam. 
      
      
      
      Leandro 
      — Encontrou alguma coisa? 
      
      
      
      Milena 
      — Claro que não, Leandro. Eu ainda vou olhar muito até 
      encontrar o vestido perfeito, pro casamento perfeito. 
      
      
      Os dois se beijam novamente. 
      
      
      
      Milena 
      — Não encontrei o vestido, mas encontrei o seu primo e a 
      Clara. 
      
      
      
      Leandro 
      — O Marcelo e a Clara? Fazendo o que? 
      
      
      
      Milena 
      — Fazendo o que, eu não sei. Mas eles me falaram que vão 
      se casar em breve. 
      
      
      Leandro se surpreende com o que escuta, mas tenta 
      disfarçar. 
      
      
      
      Leandro 
      — Casar é? 
      
      
      
      Milena 
      — Você não sabia? 
      
      
      
      CENA 22. barão do alambique. sala de gregório. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Gregório dá um pulo da cadeira. Leandro diante dele. 
      
      
      
      Gregório 
      — (Surpreso) Casar! Quem tem falou isso? 
      
      
      
      Leandro 
      — A Milena. Ela encontrou com ele e com a Clara. (Pausa) 
      O que você acha disso? 
      
      
      
      Gregório 
      — Eu acho que o Marcelo tá começando a criar raízes aqui 
      e isso não é nada bom.  
      
      
      
      CENA 23. ap de luísa. sala. Interior. Dia. 
       
      
      
      Clara entra da rua e encontra Heloísa. As duas ficam 
      frente e frente. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Pensou no que eu disse? 
      
      
      
      Clara 
      — Pensei, Helô. Pensei e acho que você tem razão. Se 
      você se arrependeu mesmo, não tem porque eu não te 
      perdoar. 
      
      
      Heloísa dá um sorriso falso. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Ah Clarinha! Você não imagina como eu fico feliz em 
      ouvir isso. Eu não ia suportar ficar brigada com você. 
      
      
      As duas se abraçam. 
      
      
      
      Clara 
      — Vamos esquecer o que aconteceu. Passar uma borracha 
      nisso. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Concordo! E eu tenho uma ideia pra fazer isso em 
      grande estilo. 
      
      
      
      Clara 
      — Como? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Lembra do iate da tia Ana? 
      
      
      
      Clara 
      — Sim, o quê que tem? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Vamos dar uma volta nele, só nós duas. Lembra de 
      Cannes? Quando a gente foi de veleiro pelo litoral? 
      
      
      
      Clara 
      — Impossível de esquecer isso, Helô. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Então! Vamos repetir. Tudo bem que o litoral do Rio 
      não se compara ao de Cannes, mas né? Uma tarde simbólica 
      pra selar a nossa paz. 
      
      
      
      Clara 
      — (Sorri) Tá bom. Você me convenceu. Mas eu acho que não 
      é assim, só chegar? O iate não é nosso. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Pedir autorização pra quem? A dona tá morta. 
      
      
      
      Clara 
      — Talvez pro Marcelo, ele é o herdeiro e dono do iate. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Então liga pra ele e pede o barco. 
      
      
      
      CENA 24. casa de ana carolina. escritório. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Marcelo por ali. Otávio entra. 
      
      
      
      Otávio 
      — Marcelo, eu vim assim que você me chamou. Pra que você 
      precisa de mim? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Pra agilizar os papéis do meu casamento. Eu quero que 
      tudo fique pronto o quanto antes. 
      
      
      Em Otávio surpreso. 
      
      
      
      CENA 25. casa de gregório. sala. Interior. Dia. 
       
      
      
      Gregório e Tarsila conversando. 
      
      
      
      Tarsila 
      — Você sabe o que esse casamento do Marcelo significa, 
      né Gregório? 
      
      
      
      Gregório 
      — Claro que eu sei. Você acha que eu não to preocupado? 
      
      
      
      Tarsila 
      — Você me parece muito tranquilo. Eu pelo menos não to 
      vendo você fazer nada. 
      
      
      
      Gregório 
      — Não começa, Tarsila. O que você quer que eu faça? Que 
      empeça esse casamento? 
      
      
      
      Tarsila 
      — Até que não seria má ideia, mas ia ser inútil. E se ele tá querendo se casar, é porque vai ficar de vez por 
      aqui. 
      
      
      
      Gregório 
      — Infelizmente. Agora não é o momento de entrar em 
      confronto e sim de nós nos aproximarmos dele. 
      
      
      
      Tarsila 
      — Nisso eu concordo. Fazer o que a gente sempre fez com 
      a Ana Carolina. 
      
      
      
      Gregório 
      — Já que a gente não pode ter ele bem longe, é melhor 
      ter ele bem perto. 
      
      
      
      CENA 26. casa de ana carolina. escritório. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Continuação da cena 24. 
      
      
      
      Otávio 
      — Você vai casar? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Sim. Eu e a Clara queremos nos casar o quanto antes. 
      
      
      
      Otávio 
      — E pra que tanta pressa? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Sem questionamentos. Faça o que eu to lhe pedindo.
       
      
      
      
      Otávio 
      — Claro eu só/ 
      
      
      Otávio é interrompido pelo celular de Marcelo que toca. 
      
      
      
      Marcelo 
      — (Cel) Alô. Oi Clara... To aqui com o Otávio, ele vai 
      arrumar os papéis pro nosso casamento. 
      
      
      
      Otávio 
      — Marcelo, eu vou ter que ir. Depois a gente se fala. 
      
      
      Marcelo faz sinal positivo para Otávio, que sai. 
      
      
      
      Marcelo 
      — (Cel) Então fizeram as pazes... Que? Que iate?... Não 
      to sabendo de nada, mas vocês querem usar, fiquem a 
      vontade. 
      
      
      
      CENA 27. urca. ambiente.
      exterior. Dia.  
      
      
      Takes do bairro da Urca. 
      
      
      
      CENA 28. iate clube. píer. Exterior. Dia. 
       
      
      
      Clara e Heloísa entram no iate. Heloísa liga o motor e 
      assume o leme. Aos poucos o iate vai se afastando do 
      píer. 
      
      
      
      CENA 29. casa de ana carolina. escritório. Interior. 
      Dia.  
      
      
      Rudá entra e vai até Marcelo. 
      
      
      
      Rudá 
      — Chamou? 
      
      
      
      Marcelo 
      — Sim, senta. 
      
      
      Rudá senta. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Eu andei pensando naquela história da escola do Samuel 
      e/ 
      
      
      
      Rudá 
      — (Corta) Por favor, Marcelo! Nem/ 
      
      
      
      Marcelo 
      — (Corta) Deixa eu falar?... Bom, se a minha mãe bancava 
      os estudos dele é porque vocês não tinham condições de 
      fazer isso e porque ela tinha muito apresso pelo garoto. 
      Então não me custa nada fazer isso. 
      
      
      
      Rudá 
      — Não precisa Marcelo. Eu coloco ele numa escola 
      pública. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Nada disso. Tá decidido. Eu vou pagar. 
      
      
      Rudá sorri agradecido. 
      
      
      
      Rudá 
      — Não sei nem como agradecer. 
      
      
      
      Marcelo 
      — Não precisa, mas diz pro seu irmão que eu quero que 
      ele tira notas boas. 
      
      
      
      Rudá 
      — Ele vai ser o melhor aluno da turma. 
      
      
      
      CENA 30. IATE. CONVÉS. 
      ambiente. Exterior. Dia.  
      
      
      Clara no convés. Detalhe: em nenhuma das direções é 
      possível enxergar a costa. O motor é desligado e em 
      posse de um pedaço de ferro, Heloísa sai do interior do 
      iate e vai até Clara. 
      
      
      
      Clara 
      — Desligou por quê? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Pra gente conversar um pouco, admirar esse mar enorme 
      que tem aqui. 
      
      
      
      Clara — (Sorri) É bonito não é? (Olha para o pedaço 
      de ferro) O que é isso? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Um pedaço de ferro. Acho que é alguma ferramenta. 
      (Tom) Bonito esse anel. 
      
      
      
      Clara 
      — Lindo, né? Foi o Marcelo que me deu, pelo nosso 
      noivado. Foi da tia Ana. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Lindo mesmo. E vai ficar ainda mais no meu dedo. 
      
      
      Clara se surpreende com o comentário de Heloísa. 
      
      
      
      CENA 31. ap de luísa. sala. Interior. Dia. 
       
      
      
      Luísa entra da rua e vê Bernardo ali. 
      
      
      
      Luísa 
      — A Heloísa tá por aí? 
      
      
      
      Bernardo 
      — Nem a Helô, nem a Clara. Parece que as duas fizeram as 
      pazes e saíram pra “selar a paz” no iate da tia Ana. 
      
      
      
      Luísa 
      — No iate? 
      
      
      
      Bernardo 
      — É, foi isso que elas falaram quando eu cruzei com elas 
      no elevador. 
      
      
      
      Luísa 
      — Droga. Eu queria tanto conversar com a Heloísa. As 
      coisas que eu falei com ela foram muito duras e eu to 
      arrependida. 
      
      
      
      Bernardo 
      — Relaxa, mãe. Em algumas horas elas vão tá de volta e 
      vocês conversam. Ninguém vai morrer de esperar um pouco. 
      
      
      Luísa olha para janela. 
      
      
      
      Luísa 
      — Você disse iate, né? 
      
      
      
      Bernardo 
      — Sim, por quê? 
      
      
      
      Luísa 
      — O tempo parece que tá fechando. 
      
      
      E vemos da janela, as nuvens negras e carregadas. 
      
      
      
      CENA 32. rio de janeiro. 
      ambiente. Exterior. Dia.  
      
      
      Takes do Rio de Janeiro. Uma forte tempestade está se 
      armando. 
      
      
      
      CENA 33. IATE. CONVÉS. Exterior. Dia. 
       
      
      
      Continuação da cena 30. 
      
      
      
      Clara 
      — Que comentário idiota, Heloísa. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Por quê? Só falei a verdade? 
      
      
      
      Clara 
      — Se você começar com isso, a gente vai brigar de novo. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Pelo amor de Deus, como você é insuportável. Eu 
      sinceramente não sei como eu aguentei conviver com você 
      todos esses anos. 
      
      
      Clara começa a estranhar Heloísa. 
      
      
      
      Clara 
      — Eu não to te reconhecendo. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Sabe aquela história de que eu tava arrependida? É 
      mentira. 
      
      
      
      Clara 
      — (Surpresa) Que?! 
      
      
      
      Heloísa 
      — E você caiu feito uma trouxa... Sabe por que eu te 
      trouxe aqui? Pra te matar. 
      
      
      Heloísa pega o pedaço de ferro que está no chão. 
      
      
      
      Heloísa 
      — A pauladas, igual a um inseto nojento. 
      
      
      Com medo, Clara começa a se afastar lentamente de 
      Heloísa. 
      
      
      
      Clara 
      — (Medo) Para com isso, Heloísa. Eu não to achando 
      graça! 
      
      
      Heloísa vai caminhando lentamente em direção à Clara. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Mas eu to achando divertidíssimo ver nos seus olhos o 
      medo que você tá sentido. Só não tive um prazer maior 
      quando eu transei com o Marcelo. (Ri) E disso eu não me 
      arrependo, porque foi gostoso. 
      
      
      
      Clara 
        — Você tá louca! 
      
      
      
      Heloísa 
      — To! To louca pra te matar, sua cretina! Com essa 
      carinha de sonsa, sempre levou a melhor, mas eu vou 
      acabar com isso. 
      
      
      
      Clara 
      — (Nervosa) O que você vai fazer? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Aquilo que eu deveria ter feito há muito tempo: tirar 
      você do meu caminho. 
      
      
      
      Clara 
      — Você não pode me matar! Você vai se presa! 
      
      
      
      Heloísa 
      — Não vou não. Tanto não vou, como ainda vou ficar com o 
      Marcelo. Milionário, gato, todo pra mim. Ou você acha 
      mesmo que eu ia deixar ele pra você? 
      
      
      
      Clara 
      — Você tá fazendo isso por inveja? 
      
      
      
      Heloísa 
      — Não. Eu to fazendo isso porque você já atrapalhou 
      demais a minha vida. Por sua causa, eu sempre fui a 
      segunda. (Grita) E eu não nasci pra ser coadjuvante! Eu 
      nasci pra ser a protagonista da história! (Calma/Sorri) 
      Só que pra isso acontecer, a gente precisa de algumas 
      baixas no elenco. 
      
      
      
      Clara 
      — (Apavorada/Grita) Socorro! Alguém me ajuda! 
      
      
      
      Heloísa 
      — (Ri) Tá gritado pra quem, amor? A gente tá no meio do 
      mar, ninguém vai te ouvir. 
      
      
      Clara vai se afastando de Heloísa, apavorada. 
      
      
      
      Clara 
      — (Medo) Meu Deus, você é uma psicopata. (Grita mais 
      alto) Socorro!! 
      
      
      Heloísa segue caminhando em direção à Clara, sempre com 
      um sorriso sarcástico no rosto. 
      
      
      
      Heloísa 
      — Quer um conselho de irmã? Poupe a sua voz, relaxa e 
      aproveita esse momento, porque uma coisa eu garanto... 
      Por mais que grite, você não vai sair viva daqui. 
      
      
      Heloísa dá um sorriso diabólico. No medo de Clara. 
      
      
      
      Música: 
      I'm Happy Just To Dance With You – The Beatles. 
      
      
      Fade Out.  | 
 
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