
Na pequena Nazaré, a Sagrada Família caminhava silenciosa sob o brilho de uma estrela que parecia pulsar mais forte naquela noite. José, com as mãos calejadas de carpinteiro, guiava o passo firme. Maria, serena como o amanhecer, embalava o menino que trazia ao mundo uma promessa de paz. Aquele lar simples, feito de fé, esperança e coragem, inaugurava um tempo novo – um tempo de amor partilhado.
Séculos depois, em outro canto do mundo, na cidade de Viana, havia uma família que carregava no coração a mesma simplicidade e devoção: a família de seu Martimiano e dona Maria. Pais de seis filhos, eram conhecidos pela casa sempre cheia, pelo cheiro de café fresco ao amanhecer e pela generosidade que transbordava das portas abertas do quintal. E foi ali, naquele quintal, que nasceu uma tradição que uniria gerações e atravessaria o tempo: a meia-noite da família.
Nos dias que antecediam o Natal, começava o movimento. Os filhos chegavam com sacolas, risadas e histórias acumuladas do ano inteiro. Os netos corriam pelo quintal como se aquele fosse o maior parque do mundo. E, em meio ao alvoroço, dona Maria organizava tudo com a calma de quem já sabe que a verdadeira ceia começa muito antes da mesa posta. Seu Martimiano, sempre sorridente, ia verificando os bancos, acendendo as luzes coloridas e ajeitando o presépio que, ano após ano, ganhava um lugar especial ao lado da mangueira antiga.
Assim como a Sagrada Família buscava abrigo e união, aquela família de Viana buscava, na noite de 24 de dezembro, renovar a fé e fortalecer seus laços. E a tradição começava sempre da mesma forma: com a oração da meia-noite. Todos se reuniam em círculo no quintal, mãos entrelaçadas, olhos fechados e corações abertos. Seu Martimiano ou um filho iniciava o louvor com a voz suave, e logo todos se juntavam num coro que parecia subir aos céus.
Depois, vinha o momento mais esperado pelos pequenos — e pelos adultos também: o amigo oculto. Os nomes eram sorteados dias antes, como manda o costume, mas a brincadeira começava ali, com as pistas inventadas, as risadas espontâneas e as revelações animadas. Cada presente carregava um pouco de carinho, como se cada gesto tivesse a mesma intenção que Maria teve ao envolver Jesus em panos simples, porém cheios de amor.
A ceia, sempre farta, era um convite à partilha. Não importava se o prato era sofisticado ou simples: o tempero maior era a presença de cada um. Seu Martimiano servia os mais velhos, enquanto os netos ficavam encarregados de levar os pratos e talheres. E, quando todos se sentavam para comer, era como se o tempo parasse um instante para observar aquele milagre familiar.
Lá no céu, as primeiras explosões de fogos anunciavam a chegada oficial do Natal. O bairro inteiro se iluminava, e as crianças corriam para ver as cores cortando a noite. E ali, naquele quintal na cidade de Viana, a família se abraçava sob o mesmo brilho que, lá atrás, iluminou a gruta de Belém.
Ao longo dos anos, a meia-noite continuou acontecendo, mas nem todos os que ajudaram a construir a tradição permaneceram neste plano. Alguns partiram, deixando saudades profundas, mas também deixando o mais precioso dos presentes: o exemplo de amor e união. Seu Martimiano e dona Maria, ainda permanecem firmes, seguem presentes em cada episódio, e cada riso e disposição deles, demonstra que vale à pena se reunir sempre, não só em tempo ou clima de natal.
Hoje, quando a família se reúne, percebe que a Meia-Noite não é apenas um ritual. É um elo entre gerações, uma ponte entre o passado e o presente. É a memória viva daqueles que ensinaram que o Natal não é apenas uma data, mas um sentimento que se renova quando se escolhe amar.
Assim como a Sagrada Família de Nazaré deixou ao mundo a herança da fé, a família de seu Martimiano e dona Maria deixarão às gerações futuras uma herança de partilha, união e esperança. E enquanto houver alguém disposto a continuar a tradição, a estrela daquela primeira noite continuará brilhando — em Belém, em Nazaré e em Viana, e dentro de cada coração que vive o verdadeiro espírito do Natal.
Tema de abertura
Jingle Bell Rock
Intérprete
Glee
CAL - Comissão de Autores Literários
Bruno Olsen
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO

Copyright © 2025 - WebTV
www.redewtv.com





Comentários:
0 comentários: