
CAPÍTULO 23
CENA 01. EMPRESA AMARO. SALA LÍVIA. INT. DIA.
Continuação do capítulo anterior.
Rafael segura a mão de Lívia. De repente, a pedra do colar brilha, chamando
atenção de Rafael.
RAFAEL: - Nossa! Seu colar...
Lívia se afasta.
RAFAEL: - Eu nunca tinha reparado... É lindo.
LÍVIA: - Herança de família. Foi da minha avó, que passou para minha mãe e que deixou pra mim.
RAFAEL: - E essa pedra? Nunca vi algo assim, tão bonito, esplendoroso. Deixe-me... (querendo tocar no colar)
Lívia se esquiva.
LÍVIA: - Você havia comentado comigo que tinha um compromisso hoje à noite ainda...
RAFAEL (cai em si): - Meu Deus! Claro! Eu tenho um jantar com a
Beatriz!... Foi bom você lembrar! Devo estar atrasado agora! (pega sua maleta)
Até amanhã, Lívia!
Lívia apenas acena. Rafael sai. Lívia segura firme na pedra do colar, um tanto apreensiva.
LÍVIA: - Por que você tinha que dar sinais agora?
CENA 02. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR / JANTAR. INT. NOITE.
Inês e Alfredo se impressionam
com Eduardo, que age com naturalidade.
EDUARDO: - Como vai, minha irmã?! Me dê um abraço!
Eduardo se aproxima, abraça Inês, que tenta disfarçar a surpresa/desconforto.
ELIZABETH: - Eu sabia que vocês iam gostar de se ver... Depois de tanto tempo!
INÊS: - É verdade... (encara Eduardo) Muito tempo mesmo.
EDUARDO: - Como vai, Alfredo?
ALFREDO: - Bem, Eduardo. Bem.
Inês senta-se ao lado de Agda, a cumprimenta. Alfredo encara Eduardo, que aparenta estar feliz em rever a irmã.
ELIZABETH: - Vejam só o que é o destino, não é? Eu e a Inês amicíssimas e agora, estamos aqui, com o Eduardo, que estava fora há tanto tempo. Eu estou muito feliz, gente! Vocês não imaginam o quanto.
EDUARDO: - Eu também estou feliz, meu amor, em estar aqui, com você, sua
família e agora, perto da minha irmã e do meu cunhado. Pessoas que eu amo do
fundo do meu coração.
Alfredo e Inês trocam olhares.
AGDA: - Inês, você não disse uma palavra praticamente desde que chegou.
ELIZABETH: - Ah, mamãe, ela deve estar emocionada. Eu conheço a Inês.
INÊS: - É, ainda estou um pouco surpresa com tudo isso.
Nesse instante, Nice entra na sala.
NICE: - Com licença, dona Beth, o jantar está pronto.
ELIZABETH: - Ótimo, vamos todos para a sala de jantar.
O grupo segue para a sala de jantar. Agda senta-se na ponta da mesa. De um lado, Eduardo e Elizabeth. Do outro, Alfredo e Inês, que fica frente a frente com o irmão. Nice serve o jantar. Inês e Alfredo tentam esconder o desconforto da presença de Eduardo.
CENA 03. BAR. INT. NOITE.
Louise e Gisa param no balcão do bar, sempre “se bicando”, para observar Kléber, que toca no palco. De repente, Kleber avista as duas no balcão.
LOUISE: - Desiste meu bem, ele é meu. Olha lá, tá olhando só pra mim.
GISA: - Tá louca, né? É obvio que ele tá olhando pro meu corpinho aqui.
LOUISE: - Corpinho mesmo, queridinha. Ele gosta é de fartura. E isso eu tenho aqui.
GISA: - É, no teu caso, magrela desse jeito, é fartura mesmo. “Farta” peito, bunda...
LOUISE: - Ah, é piadista agora? Ficou engraçadinha é?
GISA: - Você que fica aí, provocando...
LOUISE: - Eu nem fiz nada, anãzinha! Porque você não vai pra casa, hein? Já
é hora de criança ir dormir, sabia?
GISA: - E de idosa estar no sofá, fazendo tricô.
LOUISE: - Idosa, eu?! Vem cá, meu bem, você sabe quantos anos eu tenho?!
GISA: - Mais de cinquenta, com certeza.
LOUISE: - Alto, lá, pirralhinha de pré-escola!... Vai demorar e muito pra
que eu chegue nessa idade aí, ok?...
GISA: - Ai, quer saber, eu vou beber um pouco porque ficar aqui ouvindo sua
voz, no seco, me dá uma coisa no estômago!
LOUISE: - Será que eles vão vender bebida pra você? Criança não pode beber,
filha... Não sei nem como deixaram você entrar aqui...
GISA: - Agora a piadista é você, é?
Gisa se afasta, vai até o barman pedir uma bebida. Enquanto isso, Louise consegue chamar atenção de Kléber, que se mostra interessado nela.
Gisa, voltando, percebe que Louise interessou Kléber. Rapidamente, ela se aproxima, para ao lado de Louise e também começa a se exibir. Kléber percebe.
LOUISE: - Mas a inveja dessa gente é grande, hein! Desiste querida!
GISA: - Nem morta! Desiste você!
As duas se embalam ao som da música que Kléber toca. Gisa, para livrar-se de Louise, joga a bebida que estava tomando, propositalmente, na roupa de Louise.
LOUISE: - Não acredito! Você está louca?!
GISA: - Ai, desculpa, meu bem... Foi sem querer!
LOUISE: - Vai ser sem querer também que eu vou unhar toda essa sua cara de
ninfeta paraguaia, sua invejosa!.. Olha aí, agora vou ter que ir lá no banheiro
limpar isso!
Louise se afasta. Gisa sorri, vitoriosa. Volta a fazer charme para Kléber.
CENA 04. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.
Rafael chega ao restaurante e não encontra Beatriz. Roberto se aproxima dele.
ROBERTO: - Ela já foi...
RAFAEL: - Já foi?!
ROBERTO: - Já... E saiu daqui com o olhar no chão, coitada...
RAFAEL: - Puxa vida, como eu pude esquecer... Obrigado Roberto.
Rafael sai, sob os olhares de Roberto.
CENA 05. BAR. INT. NOITE.
Kléber sai do palco com sua maleta, vai até o balcão, guarda seu sax. Gisa se aproxima.
GISA: - Você estava ótimo hoje. Aliás, você está sempre ótimo.
KLÉBER: - É mesmo? Que bom que gostou...
GISA: - Gostei demais!... Você nem imagina o quanto!
KLÉBER: - É bom quando a gente tem esse feedback do público, do nosso som.
Eu também achei que hoje toquei legal.
GISA: - Você tocou super bem. Aliás, só falta uma coisa pra você tocar
hoje, pra fechar a noite com chave de ouro.
KLÉBER: - O quê?
GISA: - A minha boca!
Gisa agarra Kléber e o beija, alucinadamente. Se afastam, ofegantes. Kléber totalmente surpreso pela atitude de Gisa, com a boca borrada de batom.
KLÉBER: - Minha nossa! Garota, que beijo foi esse?!
GISA: - Sei lá... Acho que foi tanto tempo esperando pra beijar um bofe
bonito feito você que, quando chegou a oportunidade, veio tudo a tona...
KLÉBER: - E veio mesmo...
GISA (aproxima-se): - Se você quiser, tem mais! Eu posso
fazer/
KLÉBER (afasta-se): - Claro, claro! Eu só vou ali adiante,
falar com um amigo e já volto pra você fazer isso que você quer fazer... Só um
minuto!
Kléber sai.
GISA: - Vai, isso... Vai! Só não demora, meu tigrão! Meu Jesus, me perdoa, mas esse homem é da cor do pecado! E eu quero é mais é pecar hoje!
Kléber caminha por entre as pessoas, quando esbarra em Louise, que saiu do banheiro.
LOUISE: - Opa!
KLÉBER: - Desculpe, eu não vi você.
LOUISE: - Mas que bom que eu te vi, né, meu bem? Visão do paraíso, por
sinal...
KLÉBER: - Eu estava distraído e/
LOUISE: - E agora já tem um motivo pra se concentrar: euzinha aqui! Olha
que legal? Agora, vem cá, meu gato, me responde uma coisa: de onde vem esse
talento todo pra tocar aquele sax tão bem, hein? Se eu te falar que eu imaginei
milhões de coisas com você tocando o sax (risos) Você vai me achar louca!
KLÉBER: - Ah, não sei explicar... Acho que é apenas dom, gosto pela música.
Só isso.
LOUISE: - Mas você deve gostar de mais coisas, além da música, não?
KLÉBER: - Como assim?
LOUISE: - Ah, livros, TV, passear, shopping, futebol, namorar...
KLÉBER: - Gosto. Gosto de quase tudo isso aí que você falou.
LOUISE: - Então você não vai reclamar se eu te mostrar uma coisa que eu
“adoro” fazer.
Louise beija Kléber, calorosamente.
KLÉBER (a si mesmo): - Mas é muita chuva na minha horta!...
LOUISE: - E então, gostou?
KLÉBER: - Sem palavras!
LOUISE: - Então vem comigo que eu te mostro muito mais. Tenho certeza que
você vai adorar!
KLÉBER: - Mas eu deixei a moça lá/
LOUISE: - Ai querido, esquece! Tá cheio de Maria-palco por aí, só querem
teu dinheiro. Vem comigo que eu vou te mostrar o que é bom.
Louise pega Kléber pela mão e vai saindo do bar, passando longe do balcão, onde Gisa aguarda por Kleber, ansiosa. De repente, Gisa vê Kléber saindo do bar, sendo levado por Louise.
GISA: - Ai que ódio! A girafona achou ele! E tá indo embora ainda por cima!... Mas isso não fica assim! Não fica mesmo!...
Gisa continua bebendo, irada.
CENA 06. CASA LÍVIA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Lívia conversa com Jonas.
JONAS: - Desde que você chegou, eu vejo que está preocupada... Está tudo bem?
LÍVIA: - Está... Está sim. Na verdade, eu estou um pouco nervosa com o meu
projeto lá na Amaro. Não é fácil planejar uma coisa que você nunca teve
conhecimento, contato...
JONAS: - Sei... Está se sentindo um peixe fora d’água. Mas vai dar tudo
certo. Vai com fé.
LÍVIA: - Fé é o que eu mais tenho, Jonas. Mas só isso não basta. Eu preciso
é mergulhar nesse ambiente novo de cabeça, sabe? Senão eu não sei se contigo
tocar adiante tudo o que me compete.
JONAS: - Sabe que, vendo você assim, ralando pra fazer seu serviço, me
deixa cheio de orgulho, sabia?
LÍVIA: - É mesmo?
JONAS: - É... Ver que você deu a volta por cima, está se esforçando... Está
até mais sexy vestida assim, como executiva...
Jonas se aproxima de Lívia, a beija. Os dois caem sobre o sofá, aos beijos, mas Lívia pouco corresponde.
JONAS: - O que foi?
LÍVIA: - Desculpa, meu amor, mas não estou com cabeça...
JONAS: - Tem certeza que só a empresa que está te deixando assim? Fala pra
mim, Lívia, eu quero te ajudar.
LÍVIA: - Na verdade, eu estou preocupada com o Pedro.
JONAS: - Mas o que aconteceu com ele? Não se sentiu bem? Ele/
LÍVIA: - Não, graças a Deus, a saúde dele está ótima... Me preocupa é a
segurança dele agora... Ai, a gente ouve falar tanta coisa, vê nos jornais, na
TV... Não quero que meu filho sofra nesse mundo cruel.
JONAS: - Preocupação de mãe... Mas você acha que ele está correndo algum
risco agora?
LÍVIA: - Não sei, Jonas... Agora que eu fiquei rica, parece que todos os
olhares estão voltados para mim. Isso me assusta um pouco, sabe? Tenho medo de
que possam fazer algo com meu filho, só pra me atingir... Ai, não gosto nem de
pensar!
JONAS (abraça Lívia): - Não pensa em nada disso, meu amor!... Olha só,
se você quiser, eu posso ficar aqui hoje.
LÍVIA: - Não, Jonas, não precisa. Você tem compromisso amanhã na agência.
JONAS: - Mas eu não quero que você fique assim.
LÍVIA: - Eu vou ficar bem, pode deixar. Obrigada pelo carinho.
JONAS: - Tudo bem... Mas amanhã de manhã eu volto, pra tomar café com você.
Depois vou pra agência.
LÍVIA: - Tá bom. Vou te esperar com muita coisa boa.
Os dois se beijam, apaixonados. Jonas vai embora. Lívia fica pensativa.
LÍVIA: - Alexandre... O que você está fazendo com a minha vida?!
CENA 07. APTO BEATRIZ. INT. NOITE.
Beatriz, na sala, chorando pelo fato de Rafael não ter ido no jantar. MUSIC ON: Nua – Ana Carolina
De repente, alguém bate à porta.
RAFAEL (OFF): - Beatriz! Bia! Sou eu, Rafa.
BEATRIZ: - Ah, lembrou de mim?!
RAFAEL (OFF): - Bia, deixa eu entrar.
BEATRIZ: - Vai embora, Rafael!
RAFAEL (OFF): - Beatriz, por favor! Me deixa entrar! Vamos
conversar...
Beatriz abre a porta. Rafael entra.
RAFAEL: - Olha só, me desculpa/
BEATRIZ: - Desculpa... Você acha que é simples assim. É me deixar sozinha,
esperando no restaurante e chegar aqui horas depois e pedir desculpas e tá tudo
certo?
RAFAEL (aproxima-se): - Eu sei que eu errei, Beatriz. Não deveria ter
esquecido do jantar, mas/
BEATRIZ (afasta-se): - Mas esqueceu, Rafael... Não sei porque eu criei
tanta expectativa por causa desse jantar... No fundo eu sabia que alguma coisa
ia acontecer e atrapalhar tudo.
RAFAEL: - Mas se você quiser, a gente pode ir agora. Eu falo com o Roberto,
ele reserva uma mesa bem bonita pra gente e/
BEATRIZ: - Não, Rafael! Não vai ser um jantar novo que vai apagar o que
aconteceu, que vai aliviar o que eu estou sentindo. Você esqueceu um jantar
especial pra mim. Eu fui promovida, eu queria comemorar minha nova fase
profissional, minha nova fase pessoal, com o nosso amor indo bem, com você
tomando conta da empresa do seu pai de forma tão legal...
RAFAEL: - Eu sei disso... Eu sei, eu sei... Eu estava saindo da empresa
justamente para ir pro restaurante, encontrar você, na hora marcada e tudo. Mas
aí, a Lívia ficou com um problema e eu/
BEATRIZ (chocada): - Como é que é?! Você deixou de ir no nosso jantar
para ficar com a Lívia?!
RAFAEL: - Na verdade, eu/
BEATRIZ: - Aquela vagabunda, Rafael! Você me deixou plantada naquele
restaurante para ajudar aquela vadia? Desculpa, mas é isso que ela é! Andava
com seu pai por dinheiro e agora tá lá na empresa se fazendo de santa!
RAFAEL: - Beatriz, por favor! Não é bem assim.
BEATRIZ: - Tá defendendo ela? Cachorro!
RAFAEL: - Beatriz, calma! Vamos conversar!
BEATRIZ: - Eu não quero saber de conversa nenhuma, Rafael. (vai até a
porta, abre) Sai daqui, agora.
RAFAEL: - Meu amor, calma...
BEATRIZ: - Vai embora, Rafael! Sai daqui! Eu não quero mais olhar pra você,
hoje. Vamos, saia!
Rafael vai saindo, devagar. Beatriz, chorando na porta.
RAFAEL: - Bia, vamos resolver isso.
BEATRIZ: - Eu juro que não esperava isso de você, Rafael... Com a Lívia?
RAFAEL: - Não houve nada, Beatriz! Acredita em mim!
BEATRIZ: - Difícil, Rafael... Difícil.
Beatriz fecha a porta. Escora-se nela, e chora, entristecida.
MUSIC OFF: Nua – Ana Carolina
CENA 08. CASA ROSA. QUARTO LOUISE. INT. NOITE.
MUSIC ON: Bom – Ludmilla Louise entra em seu quarto, aos beijos com Kléber. Ela rasga a camisa dele e o empurra. Kléber cai sobre a cama. Louise despe-se de sua roupa.
KLÉBER (surpreso): - Será que a gente não tá indo rápido demais, não?
LOUISE: - Meu querido, eu curei o oceano atrás disso... Não vejo a hora de
apagar esse fogo que me consome!... E você vai meu bombeiro...
Louise pula sobre Kléber e os dois se beijam, calorosamente, rolando sobre a cama.
CENA 09. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR.INT. NOITE.
MUSIC OFF. Elizabeth, Eduardo, Agda, Inês e Alfredo na sala de estar. Já jantaram.
ALFREDO: - A Nice continua com a mão cheia. O jantar estava ótimo.
AGDA: - Graças ao curso de gastronomia que eu paguei pra ela... Pobre Nice,
antes não fazia nada direito. Agora está uma cozinheira e tanto.
INÊS: - Ai, Agda!... A Nice sempre cozinhou muito bem.
AGDA: - Isso porque não é você que come a comida dela todo o dia... (riso
de canto)
ELIZABETH: - Que bom que vocês gostaram. Afinal, o jantar é para vocês.
EDUARDO (levanta-se): Com licença, eu vou até a cozinha beber um pouco
d’água. Acho que a Nice passou um pouco no sal...
ELIZABETH: - Vá querido...
Eduardo sai.
INÊS: - E eu vou ao banheiro, com licença.
Inês troca olhares com Alfredo e sai, seguindo Eduardo.
CENA 10. MANSÃO TARCÍSIO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Eduardo entra no escritório e Inês entra também. Estão a sós.
INÊS: - A cozinha não é aqui. Impossível que você morando nesta casa, se engane.
EDUARDO: - Não, eu não me enganei. Sei bem o que eu faço.
INÊS: - Então por que voltou, Eduardo?! Por quê?!
EDUARDO: - Porque eu quis, Inês. Só isso.
INÊS: - E com a coitada da Beth! Você está se aproveitando dela!
EDUARDO: - Não julgue os meus sentimentos pela Beth, Inês! Por favor!
INÊS: - Por favor te peço eu, Eduardo!... Depois do que você fez comigo e
com o Alfredo, eu tenho até medo do que você esteja tramando contra a Beth. Mas
eu não vou deixar você fazer isso com a minha amiga. Não vou!
EDUARDO (segura Inês pelo braço): - Você não vai fazer nada, está
ouvindo? Nada! Não se meta na minha vida nem na vida da Beth!
INÊS: - Está me machucando!
EDUARDO: - Eu só estou avisando pra você não atrapalhar a minha vida!
INÊS (soltando-se): - Você é um monstro, uma pessoa sem coração!...
Fazer o que fez com a própria irmã, que sempre te apoiou, te acolheu!
EDUARDO: - Você sempre me humilhou, isso sim! Vivia me comparando com o
idiota do Alfredo...
INÊS: - Não fale assim do meu marido!
EDUARDO: - Idiota mesmo... Não sei como conseguiu dar a volta por cima.
INÊS: - Com muito trabalho honesto e amigos, que deram a mão. Já você,
cresceu com trambiques, golpes, crimes!
EDUARDO: - Já chega, Inês. Me deixa em paz.
INÊS: - Deixo... Mas antes, eu preciso te deixar um recado.
Inês se aproxima de Eduardo. O encara. Os dois ficam cara a cara. Inês dá um tapa na cara de Eduardo.
INÊS: - Você não sabe o quanto me dói fazer isso. Mas eu estava com essa vontade trancada dentro de mim desde quando você foi embora...
Eduardo ri, cínico. Inês sai do escritório.
CENA 11. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Inês chega na sala.
INÊS: - Alfredo, querido, vamos?
ELIZABETH: - Mas já? Está cedo, Inês!
INÊS: - Não, Beth... Amanhã Alfredo precisa estar cedinho no escritório.
ALFREDO: - É mesmo. Vamos indo então.
Inês se despede de Agda e Elizabeth. Alfredo faz a mesma coisa. Eduardo chega na sala.
ELIZABETH: - Querido, sua irmã já vai embora.
EDUARDO: - Já? Pena... O encontro foi tão bom...
INÊS: - Bom que gostou...
Os dois se encaram.
ALFREDO: - Vamos, querida.
Alfredo e Inês vão embora.
ELIZABETH: - A Inês nem sequer te abraçou pra se despedir...
EDUARDO: - Não tem problema. O carinho que eu tenho por ela é imenso. Não
me apego a esses detalhes.
Ele senta-se no sofá, ao lado de Elizabeth, que se aninha nele. Eduardo pensativo.
CENA 12. TRANSIÇÃODO TEMPO. AMANHECER
MUSIC ON: Retratos e Canções – Paulinho Moska.
Imagens de São Paulo ao amanhecer. Mostra o centro da cidade, o Teatro
Municipal, a Igreja da Sé. Mostra a movimentação das pessoas nas ruas. Corta.
CENA 13. CASA ROSA. SALA DE JANTAR. INT. DIA.
MUSIC OFF. Rosa toma café na sala, quando é surpreendida pela presença de Kléber. Ele reage sem graça ao vê-la.
ROSA: - Meu Deus! Mas, quem é você?
KLÉBER: - Desculpa, dona... A Louise me trouxe pra cá, mas eu não sabia que
tinha mais gente em casa...
ROSA: - Bem, ela poderia pelo menos ter me avisado.
KLÉBER: - Eu já vou indo/
ROSA: - Se você quiser pode tomar café. Não precisa sair correndo não. Ao
contrário da Louise, eu não mordo... (risos)
KLÉBER: - Valeu mesmo, mas eu preciso ir. Obrigado e, desculpa qualquer
coisa...
Kléber sai. Rosa acha graça. De repente, Louise chega no local.
LOUISE: - Onde está o Kleber?!
ROSA: - Acabou de ir embora.
LOUISE: - E você deixou?!
ROSA: - E você queria que eu fizesse o quê? Amarrasse ele no pé da mesa?
LOUISE (sentando-se): - Quem me deixou amarrada foi ele...
Rosa, esse homem é uma loucura!
ROSA: - É mesmo?
LOUISE: - Acho que eu to apaixonada...
As duas riem, enquanto tomam café.
CENA 14. EMPRESA AMARO. INT. DIA.
Paulo em sua sala, quando Jorge entra.
JORGE: - Com licença.
PAULO: - Oi Jorge, pode entrar.
JORGE: - Não estou atrapalhando?
PAULO: - Não está não. No que posso ajudar?
JORGE: - Bem, na verdade eu estou caminhando pela empresa, falando com um,
falando com outro, para saber melhor como funciona tudo isso aqui. Quero estar
preparado para atender meu presidente.
PAULO: - Claro... E o que você quer saber?
JORGE: - Sua função aqui na empresa. Desculpe a minha ignorância, mas ela
me parece totalmente indefinida aqui dentro.
PAULO: - Parece? Mas não é não. Eu faço parte do grupo diretivo da empresa
há anos. Integro a diretoria financeira.
JORGE: - Responsável geral então.
PAULO: - Em partes. A última palavra é sempre do presidente. Mas eu tenho
autonomia também. Só isso?
JORGE: - A sua relação com o Tarcísio era bem próxima, não era?
PAULO: - Era sim. Tarcísio e eu éramos muito amigos. Desde a juventude...
JORGE: - E certamente, deve ter sido muito duro para você perder um amigo
tão querido. Ainda mais da forma como foi... Você lembra?
Paulo estranha as perguntas de Jorge.
PAULO: - Foi doloroso sim... Mas, eu não gostaria de falar sobre isso. Foi um episódio muito triste...
JORGE: - Você esteve com ele, no hospital?
PAULO: - Estive. Por coincidência, estive no local do assalto. Tarcísio
estava acompanhado da Lívia, que, bem, deixa pra lá...
JORGE: - O que você iria dizer, Paulo?
PAULO: - Eu não quero fazer nenhum comentário maldoso.
JORGE: - Não se preocupe. Nada sairá daqui.
PAULO: - A Lívia me pareceu muito tranqüila diante de todo o acontecimento.
Em nenhum momento esboçava algum pesar diante do Tarcísio, que foi atingido por
um tiro.
JORGE: - Eles tinham alguma relação?
PAULO: - Ela era amante dele. Eu, como amigo, alertei o Tarcísio para os
riscos daquele relacionamento. Mas o Tarcísio, muito sonhador, às vezes
ingênuo, se deixou levar... Aí, quando se deu conta, já era tarde.
JORGE: - Como assim?
PAULO; - O jantar num restaurante mais afastado, o assalto, ela como
amante...
JORGE: - Você está insinuando que/
PAULO: - Por favor, Jorge, não ponha palavras na minha boca, nem tire
conclusões precipitadas. Mas eu sempre fiquei com um pé atrás diante disso
tudo.
Jorge fica pensativo.
PAULO: - Agora, se me der licença, Jorge, eu preciso fazer algumas ligações.
JORGE: - Claro. Desculpe tomar o seu tempo... Com licença.
Jorge sai.
PAULO: - Mas esse aí pensa que me engana!... Porque será que ele quer saber sobre o Tarcísio?
Paulo se mostra desconfiado.
CENA 15. PENSÃO BEM QUERER. EXT. DIA.
Jonas vai saindo da pensão. Do outro lado da rua, dentro de um táxi, Alexandre observa pela janela. Jonas entra num táxi e sai.
ALEXANDRE (ao motorista): - Atrás daquele táxi.
CENA 16. EMPRESA AMARO. SALA LORENA. INT. DIA.
Lorena em sua sala, um tanto preocupada com a quantidade de documentos para analisar. Marilu entra no local.
MARILU: - Estão aqui, Lorena, os relatórios que você havia me pedido. (deixa na mesa de Lorena)
LORENA: - Obrigada, Maria Luísa...
MARILU: - Algum problema?
LORENA: - Ai, Maria Luísa, é tanta coisa pra fazer, que eu to até meio
perdida.
MARILU: - É muita coisa mesmo. Você consegue fazer tudo isso hoje?
LORENA: - Eu preciso fazer tudo hoje! Senão é mais coisa ainda... Acho que
vou ter que levar trabalho pra casa. Mas fazer sozinha...
MARILU: - Se você quiser, eu posso te ajudar. Que tal jantarmos hoje? Assim
podemos resolver isso tudo juntas.
LORENA: - ótima ideia, Maria Luisa!... Já sei! Você janta lá em casa hoje.
Fica melhor. Temos o escritório lá, podemos ficar à vontade.
MARILU; - Combinado então.
CENA 17. CASA LÍVIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Lívia, na porta de casa, se despede de Pedro, que vai para a escola. O motorista da van busca o garoto. Jonas, na sala, observa tudo. Lívia volta para conversar com Jonas.
JONAS: - Lindo ver você e o Pedro juntos.
LÍVIA: - A vontade que eu tenho é não me desgrudar dele, sabia? Pelo menos
a volta da escola eu curto com ele.
JONAS: - Mãe... Sempre corujas, babonas... (risos)
LÍVIA: - Só muda o endereço... (risos)
JONAS: - E então, está melhor, depois da conversa de ontem?
LÍVIA: - Confesso que pensei menos sobre o assunto.
JONAS: - Que bom. Fiquei preocupado.
LÍVIA: - Oh, meu amor... (abraça Jonas) Já estou bem. (o beija) Vamos pro
café? Tem que ser rápido, porque eu já avisei que vou chegar um pouco mais
tarde lá na empresa, mas também não dá pra abusar.
JONAS: - Vamos então! Eu vim só pelo café!
LÍVIA: - Ah é?!
Os dois seguem, brincando para a sala de jantar.
CENA 18. EMPRESA AMARO. SALA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.
Jorge e Rafael conversam.
RAFAEL: - E então, Jorge, como andam as coisas?
JORGE: - Estão se encaminhando conforme eu imaginava. Estou colhendo
algumas informações, inclusive aqui na empresa.
RAFAEL: - Com quem você já falou?
JORGE: - Eu prefiro manter sigilo das fontes.
RAFAEL: - Claro...
JORGE: - Mas creio que, em breve, eu posso te dar um relatório mais conciso
das investigações.
RAFAEL: - Não vejo a hora. Quero saber quem foi o responsável pela morte do
meu pai o quanto antes e colocar na cadeia, para mofar lá, pra sempre.
Nesse instante, Vitória entra na sala.
VITÓRIA: - Com licença, senhor presidente!
RAFAEL: - Oi Vitória!
VITÓRIA: - Como vai, Jorge?
JORGE: - Tudo bem.
VITÓRIA: - Eu vim aqui chamar vocês para a sala de reuniões. Vamos lá
conhecer o projeto da nova coleção da Amaro. Coleção esta que vai para a
Europa, a partir do nosso novo contrato.
RAFAEL: - Ótimo! Vamos lá.
Os três saem.
CENA 19. EMPRESA AMARO. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.
Vitória já está concluindo sua apresentação. Num telão, as imagens das jóias projetadas por ela. Na sala, Paulo, Lorena, Eduardo, Elizabeth, Agda, Alfredo, Rafael, Jorge e Maria Luísa, além de alguns outros diretores.
VITÓRIA; - E esta aqui, é a grande peça dessa coleção. A mais importante, valiosa eu diria. Mas esse valor é muito maior do que o material. É sentimental.
Vitória mostra um lindo colar (em ouro) que possui uma pedra valiosa, tendo como adorno, detalhes que, juntos, formam um sol.
VITÓRIA: - O Sol é o símbolo da alegria, da vida. Ver a luz do sol, sentir o seu calor, é, ao mesmo tempo que revigorante, fortalecedor. É brilho, esplendor, energia... O Sol também é o início de tudo, o começo. É também o recomeço. Depois da escuridão, o sol sempre volta a brilhar para iluminar o caminho das pessoas... (T) Eu, particularmente, me inspirei num tragédia familiar para criar essa peça. A força do Sol foi a inspiração para o meu recomeço, e é a luz que vai me iluminar daqui por diante. Espero que seja a luz que ilumine e embeleze as mulheres que usarem esse colar.
Vitória é aplaudida por todos. Ela está visivelmente emocionada.
RAFAEL: - Vitória, eu nem sei o que dizer... A sua coleção está lindíssima!
LORENA: - Ouso dizer que é a melhor que já tivemos nos últimos anos.
ELIZABETH: - Que orgulho, minha filha. Que orgulho!
VITÓRIA: - Obrigada gente, pelos elogios...
Enquanto Vitória recebe os cumprimentos dos diretores, Paulo cochicha com Marilu.
PAULO: - E a Lívia, onde está?
MARILU: - Ouvi dizer que ela mandou avisar que chega depois. Tinha que
resolver alguns problemas pessoais. Não sei aonde. Ela ta é armando uma pra se
dar bem, de novo!
PAULO; - Mas sei não... Acho que ela pode se preparar pra outra coisa...
MARILU: - Do que você está falando?
PAULO: - Aguarde e verá.
MARILU: - Odeio quando você faz mistério das coisas.
Lorena se aproxima. Marilu e Paulo se afastam, disfarçam.
LORENA: - A Vitória fez um trabalho muito bonito.
MARILU: - Fez sim. Achei tudo lindo!
LORENA: - Pena a Lívia não poder chegar a tempo pra ver.
MARILU: - É, pena mesmo...
Rafael conversa com Vitória, Elizabeth, Eduardo e Agda.
RAFAEL: - A coleção foi aprovadíssima, Vitória.
VITÓRIA: - Que bom, Rafa! Espero que dê um bom resultado nas vendas também.
ELIZABETH: - A Europa vai amar, filha!
EDUARDO: - Vai para a Europa a coleção?
ELIZABETH: - Vai sim. Não é ótimo?
EDUARDO: - Grandes chances sim de bom faturamento.
AGDA: - E firmar seu nome, Vitória, como designer de jóias. O Brasil é
pouco para o seu talento.
VITÓRIA: - Vamos com calma, vovó. Eu sou nova, ainda estou aprendendo.
AGDA: - Por favor, Vitória, humildade em excesso estraga a pessoa.
Aliás, a humildade em si. Não devemos ficar negando aquilo que é inato na
gente. Você é ótima e merece sim ganhar o mundo.
Vitória pensativa, enquanto é abraçada por Elizabeth.
CENA 20. PRÉDIO CENTRO DA CIDADE. INT. DIA.
Demétrio entra num prédio antigo, onde encontra um amigo do Jockey.
DEMÉTRIO: - Olavo?
OLAVO: - Demétrio! Sabia que você viria.
DEMÉTRIO: - Fiquei curioso. Aquele dia lá no Jockey você fez mistérios...
OLAVO: - Não podia dar bandeira lá. Mas aqui tá valendo. Vem cá que eu te
explico.
Olavo leva Demétrio para uma outra sala, onde estão armadas bancas de apostas. Demétrio se impressiona.
DEMÉTRIO: - O que é isso?!
OLAVO: - Meu clube de apostas, meu querido!... Aqui a gente faz os jogos do
Jockey, só que com as apostas por fora. Nada de controles, tudo como a gente
gosta.
DEMÉTRIO: - Mas não tem perigo?
OLAVO: - Tudo seguro. Tem um amigo meu, policial, que me dá um apoio.
Claro, mediante comissão... E então, Demétrio, não vai fazer uma fezinha?
DEMÉTRIO: - Hoje não, Olavo... Estou sem dinheiro e/
OLAVO: - Demétrio! Impossível que você não tenha nada aí... E outra, vai
deixar passar esse páreo? Hoje é o dia perfeito pra ganhar!
Olavo olha para o relógio de Demétrio.
OLAVO: - Esse relógio aí, vale alguma coisa...
Demétrio se mostra tentado diante das bancas. Ele tira o relógio do pulso, entrega para Olavo.
DEMÉTRIO: - Hoje vai ser meu dia de sorte!
OLAVO: - É assim que se fala!
Demétrio se mostra esperançoso.
CENA 21. CASA CHARLOTE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Charlote e Isabela conversam.
CHARLOTE: - E então, filha, como andam essa procura por emprego? Eu e seu pai ficamos preocupados... Se você precisar de alguma ajuda, pode pedir.
ISABELA: - Obrigada, mamãe. Mas por enquanto não precisa. Estou conseguindo
me manter ainda... Eu falei com algumas pessoas, amigos de outros veículos...
Acho que em breve pinta alguma coisa. Por enquanto, eu vou me dedicando a um
outro projeto.
CHARLOTE: - Que projeto?
ISABELA: - Um site de jornalismo, mas com um conteúdo mais leve, dinâmico,
com assuntos como comportamento, atualidade, relacionamento.
CHARLOTE: - Falando em relacionamento, quando você vai deixar de pensar
apenas em trabalho e arrumar um namorado, Isabela? Você também precisa viver,
minha filha! Beijar na boca!
ISABELA: - Mamãe!
CHARLOTE:- Mas é verdade... Aproveitar enquanto é jovem, bonita.
ISABELA; - Mas eu estou vivendo, estou aproveitando. Eu não preciso estar
com um homem do meu lado pra viver bem. E tem mais... (sente um leve mal estar)
CHARLOTE: - Tem mais o quê?
ISABELA: - Acho que vou ao banheiro. Já volto.
Isabela sai. Ela entra no banheiro.
CENA 22. CASA CHARLOTE. BANHEIRO. INT. DIA.
Isabela secando o rosto em frente ao espelho, um tanto incrédula.
ISABELA: - Eu não acredito! Grávida?!
Isabela fica atônita com a possibilidade de estar grávida.
CENA 23. CLÍNICA DR FAUSTO. INT. DIA.
Adriana está na sala dos médicos, tomando café enquanto olha alguns prontuários, quando Onira entra na sala.
ONIRA: - Sabia que iria te encontrar aqui.
ADRIANA (surpresa): - Onira?
ONIRA: - Surpresa em me ver? Pois é, eu também fiquei surpresa ao saber que
eu teria que vir aqui novamente falar com você. Já que pelo visto, a nossa
conversa anterior não foi suficiente.
ADRIANA: - Do que você está falando?
ONIRA: - Você tinha que encher a cabeça do Marcos de bobagem. Resultado, a
gente discutiu mais uma vez por causa de você.
ADRIANA: - Eu não fiz nada! Apenas falei pra ele da nossa conversa e dos
absurdos que a senhora disse sobre/
ONIRA: - Absurdos?! Absurdo é você continuar insistindo nessa história de
namoro, de amor, com o meu filho. Eu conheço as pessoas da sua laia, se é que
dá pra chamar de pessoas, de gente, com esse tipo de apresentação.
ADRIANA: - Esse seu preconceito ainda vai fazer você sofrer muito.
ONIRA: - Eu? (ri debochada) Eu sofreria se tivesse essa sujeira como cor de
pele.
Adriana levanta a mão para dar um tapa em Onira, mas se contém. Onira a encara.
ONIRA: - Vai me bater, negrinha? Bate... Logo se vê que vocês estão acostumados mesmo com a selvageria.
ADRIANA: - Cala essa boca!... Eu sinto é pena de pessoas que pensam como
você, Onira. Pena. No fundo, vocês são tão medíocres.
ONIRA: - Medíocre é a sua cara, sua cor, seu cabelo, seu jeito, tudo!
Voltem pra África, pro pó, porque é isso que vocês negros são. Pó, terra, o
chão que gente digna como eu, merece pisar, estar sempre acima.
Adriana pega o café que estava na mesa e joga em Onira, que se surpreende.
ONIRA: - Desgraçada!
ADRIANA: - Na África também tem gente digna, guerreira. Sou brasileira, mas
meus ancestrais eram de lá. E eu me orgulho muito disso. Me orgulho da minha
cor, da minha raça, da resistência e do medo que gente como eu, guerreira,
batalhadora, inteligente, linda e consciente, exerce sobre pessoas como você.
Onira encara Adriana.
ADRIANA: - Eu poderia muito bem voar no seu pescoço, unhar todo o seu rosto, que já feio, deixá-la desfigurada diante da minha raiva ao ouvir todos esses impropérios que você me disse. Mas, por mais que meu sangue esteja fervendo, eu não farei isso. Eu sou civilizada o bastante para me defender sem usar da violência, que era o que a senhora mais queria. Me ver humilhada por estar te agredindo. Não, Onira. No seu jogo, não mais.
ONIRA: - Agora quer botar banca, se impor...
ADRIANA: - Eu sei me impor sim. E fique sabendo, que gente como você já
cruzou o meu caminho várias vezes. Eu segui em frente e elas, caíram. Nunca
mais levantaram. E eu sinto profunda pena que isso tenha acontecido. Sabe por
que? Porque o preconceito que você tem aí dentro, não derruba a mim, que sei
que posso e consigo vencer. Derruba a você mesma, que desconhece a verdadeira
força do ser humano.
ONIRA: - Sua crioula desgraçada. O Marcos vai saber disso tudo!
ADRIANA: - A senhora não consegue argumentar sem dizer alguma ofensa para
mim? Se diz tão inteligente, digna, acima de tudo e todos, mas só consegue
falar bobagem!... E outra, pode falar pro Marcos sim. Mas diga tudo mesmo, não
o poupe dos detalhes. É bom que ele saiba que a mãe dele é uma cobra, das mais
peçonhentas.
Onira fica sem reação.
ADRIANA: - Sem mais, dona Onira. Por favor, vá embora e me deixa viver a minha vida em paz.
ONIRA: - Eu vou mesmo. Mas isso não fica assim. Esse café no meu rosto, vai
ter volta.
Onira sai. Adriana, até então firme diante de Onira, “desaba” na cadeira, exausta.
CENA 24. EMPRESA AMARO. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.
Elizabeth aproveita a reunião para nomear Eduardo como seu representante na empresa.
ELIZABETH: - Eu gostaria de informar a todos, e posteriormente estarei formalizando isso com o Alfredo, que é o jurídico da empresa, que o Eduardo, meu namorado e futuro noivo, será o meu representante legal aqui na Amaro.
Todos se surpreendem, principalmente Alfredo. Eduardo sorri, feliz.
EDUARDO: - Eu prometo me empenhar para que a Amaro consiga cada vez mais sucesso, prestígio, retorno financeiro e qualidade em seus produtos.
RAFAEL: - Gostei do discurso! (risos)
Eduardo, recebe os cumprimentos dos outros diretores. Alfredo um tanto incomodado. Eduardo, de longe, encara Alfredo, com um sorriso sacana. Agda se aproxima de Alfredo.
AGDA: - A Beth está feliz mesmo. Até deu um cargo para o Eduardo na empresa.
ALFREDO: - Espero que ela esteja ciente de tudo que está fazendo.
AGDA: - E por que não estaria? Não confia no trabalho do seu cunhado,
Alfredo?
Nesse instante, Elizabeth se aproxima.
ELIZABETH: - Alfredo, quero que venha comigo para ver os papéis da procuração, para que o Eduardo seja legalmente meu representante.
ALFREDO: - Tem certeza, Beth?
ELIZABETH: - Olha que pergunta, Alfredo! Claro que tenho! O Eduardo tem
experiência, é sério, íntegro... Vamos lá, venha.
ALFREDO: - Como quiser.
Alfredo e Elizabeth saem. Agda fica pensativa.
CENA 25. AGE AQUÁRIOUS. CAMARIM. INT. DIA.
Sarah está “atirada” numa poltrona, sente-se mal. Henri entra no local, trazendo café.
HENRI: - Tá aqui, Sarah. Um café fresquinho pra gente tomar, enquanto dá uma geral nesse camarim. Tá uma zona isso aqui! De noite tem show e as meninas não vão conseguir nem se arrumar nessa bagunça.
SARAH: - Café?!
Sarah sente-se enjoada.
SARAH: - Tira isso de perto de mim, Henri! Pelo amor de Deus!
HENRI: - Ué, porque perua?
SARAH: - Sei lá, me deu um mega enjôo... Só de sentir o cheio desse café,
meu estômago embrulha...
HENRI: - Ih... Não to gostando disso não.
SARAH: - O que foi? Não ta gostando do quê?
HENRI: - Você, com enjôo, só por causa do café... Na verdade, eu já sei o
que é, Sarah.
SARAH: - Deve ser alguma coisa que eu comi e que me fez mal.
HENRI: - Antes fosse... Você só pode estar grávida.
MUSIC ON: Esse Brilho é Meu – Iza
Sarah dá um pulo da poltrona.
SARAH: - Grávida?!
HENRI; - É isso mesmo. Grávida.
SARAH: - Gente, que loucura!
HENRI: - Loucura mesmo, né, Sarah? Eu sempre falo pra quando sair com
cliente, se cuidar, né?! Agora ta aí, com um neném na barriga...
SARAH: - Mas quem disse que o pai é um cliente, Henri?
HENRI: - E não é? É quem então? O Espírito Santo?
SARAH: - Não, gazela. É você!
Henri cai na poltrona.
HENRI: - Eu?! Mas Sarah, eu sou gay! Impossível1
SARAH: - Ah, mas naquele dia que tomou um porre, deu uma de macho e me
pegou de jeito. Pegou tão bem pegado que o resultado ta aqui na minha barriga.
HENRI: - Tem certeza, Sarah?
SARAH: - Mulher não se engana, Henri... Bem que eu notei meu corpo mudando
um pouco... Agora ta explicado.
HENRI: - Meu Deus do céu!... Eu, pai!
Henri fica incrédulo, enquanto Sarah alisa a barriga, “acariciando” o “bebê”.
MUSIC OFF.
CENA 26. CASA LÍVIA. EXT. DIA.
Lívia vai saindo de casa com Jonas.
LÍVIA: - Vamos lá, Jonas, que eu já estou atrasada!
JONAS: - O táxi ta ali na frente.
LÍVIA: - Sabe o que eu pensei nessa noite? Acho que vou comprar um carro
para mim.
JONAS: - ótima idéia, meu amor. Vai ser muito útil pra você, com certeza.
LÍVIA: - Você me ajuda a escolher? Porque eu não entendo nada disso!
JONAS; - Claro!
Lívia e Jonas vão entrar no táxi, quando são abordados por Alexandre.
ALEXANDRE: - Bom dia, casal!
Lívia olha e se surpreende ao ver Alexandre, que os encara, sorrindo. Encerra com Pra Rua me Levar – Ana Carolina
Nua – Ana Carolina
Bom - Ludmilla
Esse Brilho é Meu - Iza
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