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O Eleito: Capítulo 09

Minissérie de João Sane Malagutti
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O ELEITO - CAPÍTULO 09






FADE IN:

1. INT./RESERVADO NAU REAL/POPA/NOITE                             1

 

Retomada. Clima tenso. Em ANTHENOKEN com a mão fechada e olhar obcecado. MALIK engole seco. TUTANCAN dorme.

 

MALIK (V.O.)

Pergunto: é o que realmente quer?

 

ANTHENOKEN e MALIK SAEM. TUTANCAN abre os olhos como quem finda uma farsa. Suspense.

 

POPA:

 

MALIK toca o ombro de ANTHENOKEN com carinho.

 

ANTHENOKEN

Esse desejo é maior que tudo! Não o reconheço. Quando ele me olha, sinto arrepiar até a nuca, como o anúncio de uma tragédia.

 

MALIK

É preciso sapiência e discernimento. É teu filho; teu sangue!

 

ANTHENOKEN

Os Tirensens sempre derramaram do seu próprio sangue. Apesar de desejar que fosse diferente, isso não mudará.

 

ANTHENOKEN, entristecido, beija a mão de MALIK.

 

ANTHENOKEN

(Cont’d.) Ele tem um olhar, sabe?!  Devorador. É obstinado e consegue tudo o que quer. Enquanto um de nós vivo for, o outro não terá paz.

 

MALIK

Sinto-me responsável por isso. Deixe-me ir para longe daqui com o meu povo e tudo isso terá um fim!

 

ANTHENOKEN

Jamais! A tua presença é alimento! Já perdi muito tempo; agora, estou livre e não me prenderei novamente.

 

MALIK

A nossa relação não terá bons frutos.

(arrependido)

Escute: estou envolvido em coisas das quais me envergonho. Nemewá me obr/

 

ANTHENOKEN

Nemewá! Sempre Nemewá em meu caminho!

(respira fundo)

Não diga nada. Não o cabe entre nós. O que quero e preciso para ser feliz está aqui! O que passou; passou!

 

Toca o rosto de MALIK que beija a sua mão com carinho.

 

MALIK

Adoraria que viesse comigo, príncipe! Em busca da felicidade; apenas nós; sem nada e ninguém para atrapalhar! Vivermos uma vida comum, longe daqui. Abro mão de tudo por ti. Abras a mão de vosso posto e do trono, por mim.

 

ANTHENOKEN

Não sei! Não sei! O que pedes está aquém de muitas coisas e valores.

 

ANTHENOKEN pensativo e MALIK com medo. Suspense.


2. EXT./FOOTAGE: SOL NASCENTE NO DESERTO/DIA                      2

 

Takes descontínuos de um bando a atravessar o deserto sobre cavalos e camelos em alta velocidade.

 

OMAR (V.O.)

Assim o é... E, tão breve, após o descanso, a rainha se pronunciará sobre o destino de Luxor!


3. EXT./PARLATÓRIO DO PÁTIO/DIA                                   

 

OMAR enrola o papiro diante vasto público a se dispersar pelo pátio. Desfoque revela NEVERA preocupada. Ele caminha entre serviçais que armam tendas para um momento festivo.

 

NEVERA (V.O.)

(ríspida)

Aonde ele está?!


4. INT./TEMPLO DE OSÍRIS/DIA                                     

 

NEVERA segura OMAR pelo braço.

 

OMAR

Não me toque, mulher!

 

NEVERA

Digas aonde o encontro!

 

OMAR

(sincero)

Não veio conosco. Infelizmente ficou. E, talvez, seja melhor assim.

 

OMAR se desvencilha e começa a andar.

 

NEVERA

Como tio, és, entre tantas, mais uma decepção para o Nemewá.

 

OMAR congela de súbito.

 

NEVERA

(Cont’d.) Diga-me o que foi feito dele e seu segredo estará guardado!

 

OMAR se vira e a fita. Caminha calmamente até ela.

 

NEVERA

(Cont’d.) Sei que foste trapaceado pelo irmão. Renunciou os desejos pessoais por Anounak! Guarda mágoas profundas! Assim como Nemewá!

 

OMAR

Não tens idade para essa memória! Uma serviçal ouve coisas que, se, não apuradas, sabiamente as guardam, como um segredo pessoal. (T) Nada tenho a dizer a respeito de Nemewá. Sendo ele injustiçado e, supostamente, sendo o meu sobrinho! Não posso me levar a trair as tradições. Faço o que deve ser moralmente feito!

 

Clima tenso.

 

NEVERA

A traição é um desvio moral ao mesmo que tempo que é um dever. Não se vive duas verdades! Neste momento, tomar a posição favorável o coloca como um traidor. Assim, que seja uma traição por aquilo que é o justo!

 

NEVERA adianta alguns passos e fica tet-a-tet.

 

NEVERA

(Cont’d.) A justiça é por Nemewá! Bem sabes, melhor que ninguém, o que ele sente. Carregas a mesma dor de não suceder ao pai. Nemewá, mais ainda, pois não teve o reconhecimento do pai e sofre por uma mãe assassinada.

(lacrimeja/falsa)

Sabe-se qual o sofrimento de agora que sumiu. Dize-o tu, que o levou em uma nau e voltou sem ele... Aonde está meu sobrinho?

 

OMAR

(tom baixo)

Ficou no Vale dos Reis. A última vez que o vi estava na tumba. E, vivo!

 

NEVERA

(joga)

Vo busca-lo! Carrego a continuidade da família. Tudo o que ele sonhou e não teve o tempo de sabe-lo.

 

Passa a mão carinhosamente sobre o ventre.

 

NEVERA

(Cont’d.) Aqui, resguardo O guerreiro herdeiro das novas gerações.

 

OMAR

(pesaroso)

Se houver uma vida, de fato, debruce em clamar aos deuses pelo retorno de Nemewá. É triste a criança crescer sem a presença do pai.

 

Suspense.

 

SHENK (V.O.)

Ele voltará. É certo!

 

OMAR SAI pisando duro.

 

OMAR (V.O.)

Como podes saber?


5. FLASHBACK: EXT./POPA SEGUNDA NAU/NOITE                         

 

Tom de segredo. OMAR e SHENK sentados em um palanque de madeira na popa da nau sob luzes de tochas.

 

SHENK

Tens que confiar em mim. Não posso dizê-lo mais nada. Isso traria uma série de conflitos. (T) Confias?!

 

OMAR

Não tenho outra escolha!

 

Suspense. Silêncio.


6. EXT./FOOTAGE: DESERTO/MARGENS DO NILO/DIA/NOITE 

 

Efeito de passagem de tempo oscilando entre caminhadas do bando que atravessa o deserto. Várias luas e sóis se passam. Dado momento, o bando para à margem do rio. Um deles desce do cavalo e tira o turbante para tomar água. É Nemewá.

 

OMAR (V.O.)

Temo que ele não volte?


7. INT./ORÁCULO/DIA                                                

 

SETNIAK

Voltar, voltará!

 

OMAR

Vossa afirmação! O que vê?!

 

OMAR Caminha em volta ao oráculo até aproximar-se de SETNIAK.

 

SETNIAK

Sangue; sofrimento! Uma tragédia recai sobre os Tirenses. Um passo em falso e Luxor não mais prosperará.

 

OMAR

Como posso impedir?

 

SETNIAK

Não pode. O que nos cabe é viver um dia de cada vez.

 

OMAR

Ao menos uma vez, deixe os enigmas e mistérios e me aponte as soluções. O que é preciso para evitar a tragédia?

 

SETNIAK levanta e caminha em silêncio batendo o cajado em volta do oráculo.

 

OMAR

(insiste)

(Cont’d.) Por todo o sagrado; ajuda-me a preservar Luxor!

 

SETNIAK

(triste)

Consegue sozinho. Um dia de cada vez.

 

OMAR

(implora)

Lhe rogo!

 

SETNIAK

Não posso! O meu tempo findou aqui e agora. Em poucos dias as inundações chegarão com as baixas temperaturas. Eu, não estarei mais... entre vós.

 

Caminha sentido a porta, apoiado em seu cajado.

 

OMAR

(baqueado)

O que farei sem ti... amigo?!

 

SETNIAK

Seguirá o teu destino! É consagrado! O sumo-sacerdócio é uma bênção em forma de sabedoria. Opte pela razão. Se afaste dos problemas. (T) Cuide do oráculo.

 

OMAR ajoelha-se em frente ao oráculo.

 

OMAR

Não sei como fazê-lo!

 

SETNIAK interrompe o caminho.

 

SETNIAK

Quando estiver preparado, saberá.

 

Preocupado e com medo, OMAR baixa a cabeça e toca a testa no chão. Respira fundo e aos poucos sua feição muda para um ar agravante. Lágrimas escorram. Quando se ergue, SETNIAK já não está mais presente. Suspense. Instrumental triste.


8. INT./SALÃO DO TRONO/DIA                                        

 

ANTHIEPT ao trono e de frente com ANTHENOKEN. ZAHRA, SHENK e TUTANCAN em volta deles. Ao redor, escribas, sacerdotes e serviçais os abanam com leques de plumas. ANTHIEPT caminha de um lado ao outro enquanto se pronuncia.

 

ANTHIEPT

Todos sabem o motivo pelo qual estão aqui. E, creio que anseiam por essas palavras que proferirei à respeito do futuro de Luxor. 

Burburinho.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) Silêncio! (T) Aqui, quando a rainha fala, todos se calam.

 

Silêncio absoluto. OMAR entra sorrateiro, sem ser notado.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) O tempo urge; e, uma nova governança deverá surgir aos vossos olhos. Ainda continuarei aqui, ao trono como rainha; porém, sem o poder de decisões. O que Luxor precisa é de alguém com mais vitalidade e o meu tempo se finda em breve.

(sincera)

Imaginei que teria mais força e mais vitalidade. Estava enganada. Sem mais demora, amanhã, pela manhã, o povo saudará festivamente o novo faraó. E, por isso, estão aqui: para ajudarem a direcionar as questões econômicas e diplomáticas deste reino ao próximo governante, que será o legítimo herdeiro...

 

Burburinho.

 

ANTHIEPT

(tom alto)

(Cont’d.) Como dizia: Anthenoken é o eleito pelo destino e pelos Deuses.

 

ANTHENOKEN engole seco. Alguém grita: (V.O.) “E, NEMEWÁ”?

 

ANTHIEPT

(controla a ira)

(Cont’d.) Nemewá, se acovardou!

 

INSERT: EXT./DESERTO/DIA

 

NEMEWÁ à frente de um bando com cavalos a correr pelo deserto.

 

ANTHIEPT (V.O.)

Envergonhou-se de suas mentiras; preferiu seguir a vida em outra cidade, partindo do Vale para nunca mais pisar nestas Terras sagradas de Osíris.

 

Puxa o arreio do cavalo e para. Distante, de cima de um monte de areia, avista Luxor.

 

NEMEWÁ

(para si)

Amanhã; tomo aquilo que me é de direito!

 

FIM DO INSERT:

 

SALA DO TRONO:

 

Detalhe da mão de ANTHIEPT esticada.

 

ANTHIEPT

Venha ao meu lado, meu filho. Serás o Faraó. O legítimo responsável por tudo o que nossa família construiu.

 

Sorri orgulhosa.

 

ANTHENOKEN

(direto)

Não! Não serei o Faraó.

 

ANTHIEPT desfaz o sorriso.

 

ANTHENOKEN

(Cont’d.) Deves ficar como rainha até que os demais estejam aptos ao trono. Não eu! Não como propuseste.

TUTANCAN tampa o sorriso de satisfação com as mãos. ANTHIPET desmonta a sua elegância em uma face monstruosa de poder.

 

ANTHENOKEN

(Cont’d.) Não vais me obrigar! Há tempos que deixei de ser um jogo em vossas mãos. Não abrirei mão do que desejo para ceder aos teus caprichos.

 

ANTHIEPT caminha em círculos como quem espanta galinhas.

 

ANTHIEPT

Saiam! Saiam todos! Deixem-nos aqui!  Temos que definir a entronação de meu filho. Saiam!

(histérica)

Saiaaaam! Eu ordeno!

 

Aos poucos, as pessoas vão saindo enquanto ANTHIEPT, ofegante, fita ANTHENOKEN demoradamente com ódio. ZAHRA e SHENK abaixam a cabeça em respeito. OMAR fica e dá alguns passos na direção deles. ANTHIEPT estica o braço rudemente para que ele pare. ANTHENOKEN se vira para OMAR.

 

ANTHENOKEN

Não mudarei de opinião, Sacerdote.

 

OMAR

Não vim lhe convencer do contrário. Vim expressar a minha admiração. É preciso ter coragem para romper com os ciclos. Ainda mais para algo tão grande e perigoso para alguém de sua casta. Tens o dom da sabedoria!

 

ANTHIEPT

(com asco)

Deves estar sorrindo por dentro. Isso não durará muito; o vosso Nemewá não voltará. A minha linhagem reinará!

 

OMAR sorri com canto de boca.

 

OMAR

A nossa! A nossa linhagem!

 

Vira-se e ruma à porta. Na porta para e encara ANTHIEPT.

 

OMAR

O que me dá paz é saber que os traços do destino não se deita sob nenhuma intenção humana.

 

OMAR SAI. ANTHIEPT para ANTHENOKEN:

 

ANTHIEPT

Como podes jogar ao vento o que seu pai, vosso avô e todos os nossos antepassados construíram? Como renegas o próprio destino?!

 

ANTHENOKEN

Não. Esse não é o meu destino. É o vosso desejo! Esse lugar pertence à Nemewá. Por tudo o que fez e passou.

 

ANTHIEPT

Crise de consciência! Perdeste o juízo?! Nemewá está morto!

 

ANTHENOKEN

Até que encontrem o seu corpo, ele é o herdeiro. E, mesmo assim, pesa sobre isso, a condição que impuseste: afastar Malik de nossas vidas. Isso não vai acontecer. Se subir ao trono, Malik ficará ao meu lado.

 

ZAHRA

Isso é humilhante demais para mim que sou a mãe de teus filhos e a pessoa que deveria estar ao seu lado.

 

ANTHENOKEN

Ainda serás a rainha. Se eu assumir o trono, de fato, sentarás ao meu lado como mereces, porém, será evidente aos olhos de todos que não há mais nada entre nós. Porque esconder algo que todos já sabem?

 

ZAHRA, em prantos SAI apressada. SHENK, lacrimeja, TUTANCAN rói as unhas, pensativo.

 

ANTHIEPT

(com asco)

Consegue ouvir o que disse?! O quão sem juízo está! O povo não merece um Faraó fraco. Um amante dos iguais!

 

ANTHENOKEN

Então, definitivamente, não assumirei o posto se vago estiver.

 

ANTHIEPT volta ao trono.

 

ANTHIEPT

(desiste)

O tempo expirou. E, também não tenho mais tempo. Estou cansada! (T) Luxor precisa de um governante. E não será ninguém que não desta família. Pela manhã de amanhã esteja preparado ao cerimonial. Sentarás ao meu lado.

 

ANTHENOKEN

Não. Isso não acontecerá. Entendas que não pode manipular a tudo e a todos. Passo o meu direito adiante. Quer queira ou, não!

 

ANTHENOKEN aproxima de SHENK e toca os seus braços esfregando-os com carinho.

ANTHENOKEN

(Cont’d.) Com todo o respeito que lhe tenho em meu coração, filho, aceita assumir o trono em meu lugar?

 

SHENK

(esquivo)

Será... que estou pronto?!

 

TUTANCAN

(com inveja)

Se não estiver preparado. Eu estou!

 

ANTHENOKEN

(por cima dos ombros)

Não ouviste a tua avó? Nós, fracos e que deitamo-nos aos semelhantes somos indignos do trono.

 

ANTHIEPT

(chateada)

Não foi o que disse. Se fosse assim, não teria insistido na tua sucessão.

 

ANTHENOKEN

Ao pedir que me afastasse Malik foi o mesmo que dizer que a minha condição é indigna.

(à SHENK)

Este trono é seu, meu filho! É o que deve estar escrito pelos Deuses!

 

TUTANCAN

E, quanto a mim?

 

Tensão. ANTHENOKEN vai à TUTANCAN, e o fita em seus olhos. ANTHIEPT apreensiva.

 

ANTHENOKEN

Terás apenas aquilo que mereces. O que plantaste, será colhido. Teme o seu destino, ou aceita-o de peito aberto? (T) Pois é o que a vida lhe reserva, meu filho. Infelizmente, por ti, não há o que possa ser feito!

 

Faz um gesto de cabeça e SAI. TUTANCAN deixa uma lágrima de ódio escorrer. ZOOM IN em SHENK preocupado. Suspense.


9. INT./TEMPLO DE OSÍRIS/DIA                                      

 

TUTANCAN ENTRA rapidamente e se joga de joelhos na fonte. Lava o rosto e desaba em choro gutural.

 

TUTANCAN

Ele me odeia! Ele me odeia!

(mordendo)

Antes que ele me destrua, eu o destruo primeiro.

 

Choro. Suspense.


10. INT./ORÁCULO/DIA

 

Chamas altas. OMAR ajoelhado e com a testa no chão à beira do oráculo. Respira fundo.

 

OMAR

Apenas a escuridão!

(irado)

Porque não revela-te a mim, oráculo? Sou o Sumo-sacerdote desta gente!

 

Esmurra o joelho com o punho fechado. Em resposta, a chama sobe ao teto e dança em espiral. Luz em excesso. Omar se joga para trás para evitar o contato com o fogo. Tampa os olhos com o braço. A chama se desfaz e ele SAI correndo.


11. EXT./DORMITÓRIO DO PRÍNCIPE/DIA

 

SHENK e ZAHRA frente à frente.

 

ZAHRA

Ele não podia ter feito isso comigo!

 

SHENK

É por ele, mãe. Está inseguro. Não se sente preparado. (T) E, outra, Nemewá pode voltar.

 

ZAHRA

Não voltará!

 

SHENK

Como pode saber?

 

ZAHRA o fita rapidamente e abaixa a cabeça envergonhada.

 

SHENK

(joga)

(Cont’d.) Tens um segredo?

 

ZAHRA

(evasiva)

Muitas perguntas, Shenk. Nem tudo tem uma resposta. A maior parte do que se vive é intuição e aposta. (T) Preciso pensar! Deixe-me sozinha à revisitar a minha mente.

 

SHENK SAI. Nela pensativa.


12. FLASHBACK: INT./DORMITÓRIO RAINHA/NOITE

 

Retomada da cena 26, do capítulo 8. Penumbra. SHENK no corredor ouvindo a conversa.

 

ANTHIEPT (V.O.)

Ele é obstinado! Só a morte pode impedi-lo, ou...

 

SHENK espia da porta, ANTHIEPTH e uma pessoa de costa enxugando a cabeça com longos panos.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) ...trancafiá-lo; num lugar cuja porta não o deixaria sair nunca mais!

 

ZAHRA retira os panos da cabeça e revela a face. DESFOQUE: SHENK surpreso.

 

ZAHRA

Não sei se quero participar disso. Um passo em falso e o vosso filho jamais verá o dia novamente.

 

ANTHIEPT

Pense, Zahra! É a garantia de nossa família no Poder. Participando ou não, o plano será executado. Quero preservar a vida de meu filho! Se, ele não ascender, morrerá!


13. EXT./ESCADARIAS DO PÁTIO/DIA                                

 

ANTHENOKEN a observar os preparativos. SHENK para do seu lado.

 

ANTHENOKEN

Isso tudo é um erro! Não temos o que comemorar. Enfim, estou em paz comigo mesmo, agora. (T) Saber de tudo, deu-me as forças para negar a isso.

 

SHENK

Eu não entendo. Por qual motivo renegar o seu destino ao trono?

 

ANTHENOKEN o fita e retoma o olhar para as arrumações.

 

SHENK

(Cont’d.) O que descobriu que lhe fez renegar o trono; o fato de Nemewá ser vosso irmão? Se for por isso/

ANTHENOKEN

Não! Não é por isso! É por isso!

 

Ergue a vestimenta e mostra o ferimento. Pega no braço de SHENK e vira para mostrar a cicatriz do dia do atentado.

 

ANTHENOKEN

(Cont’d.) E, por isso! Entende?

 

SHENK

Feridas fazem a história dos grandes soberanos, pai.

 

ANTHENOKEN

Essas feridas da carne não podem ser maiores que as da alma. Pior quando isso parte de seus familiares.

 

SHENK

Não posso crer que alguém tenha tram/

 

ANTHENOKEN

Seu irmão.

(segreda)

Seu irmão tentou comprar as ações e o silêncio do assassino que em remorso, arrependeu-se e revelou-se a mim.

(lacrimeja)

Escute! Não cometa o erro que cometi em crer na inocência daqueles a quem se ama. Aqui, não se pode confiar em ninguém. Esse covil está repleto de serpentes!

 

SHENK

Porque me confias tal, se ninguém é digno de confiança?

 

ANTHENOKEN

Tens em ti, desde cedo, o equilíbrio dos grandes homens! Este posto é teu!

SHENK

Lhe sou grato pelas palavras. E, por sua confiança em me conceder o trono.

 

ANTENOKEN

Guarda o que vos digo: se quiserem e insistirem pelo trono, abra mão. Sua vida é mais preciosa e, a sapiência nos diz que o forte guerreiro retoma o seu posto de origem se permanecer vivo. O que é teu será teu. Ninguém tomará. Chegará a ti sem esforço.

(com carinho)

Não morra por isto! É efêmero!

 

SHENK

O que pretendes fazer de agora em diante já que será alvo de maldades?

 

ANTHENOKEN

(olhar obstinado)

Tenho que me acertar com as pessoas do meu entorno. E, depois, preciso sair do centro das atenções, pois as pessoas só comentam aquilo que veem. Pretendo viajar; peço que me conceda o cargo de relações entre os reinos assim que subir ao trono. Podes me conceder?

 

SHENK

(com carinho)

Está concedido. Tudo por ti, meu pai.

 

ANTHENOKEN emocionado, passa o braço por trás do filho em companheirismo. Música sobe e eles observam as arrumações.


14. INT./ORÁCULO/DIA                                             

 

Vista do alto. ZAHRA ENTRA apressadamente. Chama por SETNIAK e o procura. Não o encontra, SAI preocupada.


15. EXT./DESERTO/DIA-ENTARDECER

 

Ventania. Cobras cortam as areias. Pés e cajado de SETNIAK por entre o bailar das cobras. Suspense.


16. EXT./CORREDORES/CASA DE BANHO/DIA-ENTARDECER

 

NEVERA passa com uma tina de água. TUTANCAN lhe aborda.

 

TUTANCAN

A rainha lhe ordena que leve um recado ao príncipe, meu pai.

 

NEVERA

(desconfiada)

Estou indo ao seu encontro. Deixe que ouço de sua própria boca.

 

TUTANCAN

És muito atrevida!

 

A pega firme pelo braço.

 

TUTANCAN

(obstinado/rude)

Não há tempo. O sol se põe e a rainha urge para que as coisas se resolvam logo para a posse de amanhã. Leve o recado urgente ou será punida pela própria.

 

NEVERA

(receosa)

O que devo dizê-lo?

 

TUTANCAN

Diga ao príncipe que o escravo branco o espera na casa de grãos ao romper da noite.

 

NEVERA

Convivo com a rainha e sei que se trata de uma inverdade, tal recado.

 

TUTANCAN

(joga)

Digamos que também tenho interesse nisso. (T) É uma emboscada! Ela quer findar o relacionamento dos dois de uma vez por todas. Vá e o diga em segredo! Depois, mantenha sua língua guardada se não quiser perde-la.

 

NEVERA

(contrariada)

Sim, amo!

 

NEVERA SAI apressada.


CASA DE BANHO:

 

MALIK preocupado. TUTANCAN visivelmente fora de seu juízo se coloca de frente dele que se levanta agilmente.

 

TUTANCAN

Não se curve!

 

MALIK

Jamais o faria. Não reverencio assassinos.

 

TUTANCAN

Assassino?! Até hoje, não assassinei ninguém. Sou apenas reativo. Ataco se for atacado.

 

MALIK

Não sei o que pretendes aqui. Diga o que tens a dizer e deixe-me. Espero por vosso pai. É a ele quem amo.

 

TUTANCAN

(explode)

Ele não virá! O amor acabou por causa de um trono! A rainha deu o ultimato e ele preferiu lhe abandonar a perder a sucessão.

 

MALIK engole seco.

 

TUTANCAN

(Cont’d.) Dói ser trocado?! Foi assim que me senti quando escolheu a ele e não à mim! O que vim fazer aqui? Lhe avisar que está livre. O príncipe não quer lhe ver mais. Nunca mais! Eis que me mandou como seu porta-voz.

 

MALIK lacrimeja.

 

TUTANCAN

(Cont’d.) Sem ninguém no caminho, poderia me oferecer a ti como um dia o quis. Entendi que não sou homem de restos. Te matei dentro de mim.

 

MALIK

(segura o choro)

De ti, não quero saber nada. E, nem acredito no que dizes. Vosso despeito faz com que profira essas palavras que machucam. Seu pai jamais me abandonaria. Estamos apaixonados!

 

TUTANCAN

Abandonou. E rápido! Acredite! A rainha sabe ser convincente quando quer. E, se quer um conselho, saia de nossas vistas o quanto antes. Pois, se, ela não o castigar, retomo à ideia de lhe amarrar aos cavalos e soltá-los no deserto.

 

Sorri ironicamente e SAI. Em MALIK enxugando as lágrimas.


17. INT./EXT./TEMPLO DE OSÍRIS/DSERTO/DIA-PÔR-DO-SOL

 

PORTA batendo. OMAR se vira assustado. É ZAHRA

 

ZAHRA

Não encontro Setniak; o viste?

 

OMAR

Foi cumprir o destino dele.

 

ZAHRA

Não o compreendo.

 

OMAR

O tempo dele na Terra... se expirou! Foi ao caminho da casa dos Deuses.

 

ZAHRA

(lacrimeja)

Não tem como impedi-lo?

 

DESERTO:

 

Cajado de SETNIAK ao chão. Serpente com olhos turvos como a do adivinho se desenrola do cajado e serpenteia pelas areias.

 

OMAR (V.O.)

Uma vez iniciada a caminhada. Só se para quando se encontra com Rá!

 

CAM se afasta e revela o corpo inerte de SETNIAK com os olhos abertos e uma das mãos direcionadas ao sol. Risos de SETNIAK preenchem a cena. Pegadas surgem passo a passo como se a alma de SETNIAK caminhasse rumo ao sol.

 

TEMPLO DE OSÍRIS:

 

ZAHRA deixando as lágrimas escorrerem.

 

ZAHRA

A dor do luto é forte. O tinha como amigo e confidente. Ele não poderia! Não depois de me revelar a tragédia entre meus filhos! E, neste momento o meu coração pressente que algo muito grande está para acontecer. Temo por mim e por meus filhos. Como posso evitar uma tragédia, Omar? Ajuda-me!

 

OMAR

O que tiver que ser, será! Ninguém foge de seu destino. Pode retardá-lo; jamais evita-lo. E, sobre os vossos filhos, não precisa ser adivinho. A ambição e a inveja estampada no olhar de Tutancan já mostra que ele não reconhece os limites. É a rainha num corpo de homem. Se quer, de fato, evitar que ele faça algo, castre o seu ego; não há outra forma de controla-lo.

 

ZAHRA apreensiva.


18. INT./DROMITÓRIO RAINHA/DIA-PÔR-DO-SOL


TUTANCAN senta-se ao leito de ANTIEPTH com um jarro e dois copos. Enche um de BEBIDA e LHE entrega. Nela desconfiada.

 

ANTHIEPT

Não beberás?

 

Ele sorri e enche um copo. Vira num gole só. Ela sorri e vira o dela. Ele enche de novo.

 

TUTANCAN

Precisamos esquecer os dias ruins! É hora de deixar o passado para trás, minha avó. Vida nova à frente!

TUTANCAN sorri e bebe. ANTHIEPT sorri de volta e vira o copo diante de seu olhar ardiloso.

 

JUMP CUT:

 

ANTHIEPT gargalha bêbada com os olhos quase fechando. Ele sorrindo se levanta fingindo estar bêbado.

 

TUTANCAN

Acho que exagerei, minha avó. Estou como sono!

 

ANTHIEPT cambaleando, se apoia nele.

 

ANTHIEPT

Estava gostoso! Porém, amanhã teremos um novo rei. Seu pai vai ao trono... Não. Seu irmão! Seu irmão!

 

TUTANCAN

(ardiloso)

Isso me dou muito, avó! Eu poderia ter sido o eleito!

 

Ela o segura pelo queixo.

 

ANTHIEPT

Tudo o que mais queria era ver-te ao meu lado no trono. Não fosse as tuas escolhas e a tua libido, eu teria lhe dado esse espaço com orgulho. 

 

TUTANCAN

Meu pai se deita com outro homem e nem por isso deixou de aventá-lo.

 

ANTHIEPT toma uma feição mais séria.

 

ANTHIEPT

Basta! Não me questione. Eu sei o que faço!

Da um tapa leve de ponta de dedos em seu rosto.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) Ele me deu netos. E tu? Poderia ter sido diferente, afinal, se existe alguém que mais usa o falo neste reino, desconheço.

 

TUTANCAN a senta no leito e a ajeita para deitar.

 

ANTHIEPT

(Cont’d.) Nunca mais me questione! És o que te fiz. Deve-me a tua preleção. Agora, deite-me, quero dormir.

 

Ele a deita e a ajeita. A observa a apagar em sono. Abaixa próximo ao ouvido dela e sussurra:

 

TUTANCAN

Jamais poderás reclamar mim; como disseste, sou o que tu me tornou, avó! E, agora. Tenho um acerto de contas à fazer.

 

TUTANCAN SAI. ZOOM IN em ANTHIEPT apagada. Suspense.


19. INT./CASA DE BANHO/NOITE

 

MALIK pensativo com as mãos à boca. NEVERA, em maldade, se aproxima dele em tom de segredo.

 

NEVERA

Tens que evitar uma tragédia!

 

MALIK

(sem entender)

Como poderia? E, com quem?

 

NEVERA

O neto da rainha... Ele mandou-me dar um recado em vosso nome ao príncipe.

MALIK

Que recado?!

 

NEVERA

Para que o príncipe o encontrasse na casa de grãos, assim que chegasse à noite. Creio que ele esteja tramando algo para impedir ao pai de subir ao trono.

 

MALIK

(afoito)

Aquele é capaz de tudo! Vou dar um jeito nisso; agora!

 

Levanta-se. NEVERA o segura pelo braço.

 

NEVERA

Haja o que houver, eu nunca lhe contei nada.

 

MALIK concorda e SAI. NEVERA em sorriso velado de satisfação.

 

NEVERA

(para si)

Uma tragédia familiar retardará a sucessão em alguns dias; e, talvez Nemewá retorne em tempo.

 

Suspense.


20. INT./PÁTIO/RUAS DA CIDADE/NOITE

 

PÁTIO:

 

Suspense. Vista do alto. TUTANCAN passa rapidamente pelo pátio vazio. FX: Relinchos de cavalos e rodas de carruagem.

 

RUAS DA CIDADE:

 

Carruagem passa rasgando as ruas com TUTANCAN em cima.


21. INT./CORREDOR/NOITE

 

ZAHRA, perturbada tromba com NEVERA.

 

ZAHRA

Viste algum de meus filhos?

 

NEVERA

Não, senhora; estou com a rainha.

 

ZAHRA assente com a cabeça e continua apressada pelo corredor.

 

NEVERA

(para si)

Tão logo saberá, senhora! Tenho fé!

 

Suspense.


22. EXT.INT/FACHADA E CASA DE GRÃOS/NOITE                        

 

TUTANCAN desce da carruagem. Caminha pé-ante-pé (PL. Detalhe) por entre os entulhos no entorno da FACHADA da casa. Pega uma tora de madeira grossa e pesada. Suspense.

 

CASA DE GRÃOS:

 

Impaciente, ANTHENOKEN caminha de um lado ao outro. Respira fundo e se senta sobre as sacas. Olha para o nada pensativo.


23. INT./CORREDOR/NOITE

 

ZAHRA e SHENK se abraçam.

 

ZAHRA

(sincera)

Como é bom vê-lo, meu filho!

 

SHENK

Vosso coração está acelerado. Aconteceu algo?

 

ZAHRA

Não aconteceu nada. Apenas preocupada com o desfecho da reunião de hoje.

 

SHENK

Foi estranho! Conversei sobre isso com o meu pai há pouco; até que ele recebeu um recado para se encontrar com Malik.

 

ZAHRA

(disfarça)

Deixe-o! Deixe-o ser feliz. Ninguém sabe o dia de amanhã. E, vosso irmão? Sabe dele?

 

SHENK

(preocupado)

Como de costume, possivelmente na busca pela cura da rejeição nos braços de algum serviçal.

 

ZAHRA

(preocupada)

Não repita isso! Evite conflitos com o vosso irmão. Pelo menos até passar esta fase.

 

Suspense.


24. INT./CASA DE GRÃOS/NOITE

 

Porta se batendo. ANTHENOKEN se levanta e dá alguns passos.

 

ANTHENOKEN

 (surpreso)

Tutancan! Não o esperava aqui...

 

TUTANCAN

Imagino que esperava o branco!

ANTHENOKEN observa a tora (POV) na mão de TUTANCAN e se afasta até ficar acuado na parede.

 

ANTHENOKEN

Não quero brigar com você!

 

TUTANCAN

Não haverá briga, pai... Isso é uma precaução.

 

Obcecado, aproxima-se de ANTHENOKEN que transparece o medo.

 

TUTANCAN

(Cont’d.) Estamos aqui, novamente. Se lembra do tapa daquela noite em que viste a mim com seu escravo branco?

 

ANTHENOKEN engole seco.

 

TUTANCAN

(Cont’d.) E, da noite do retorno, na nau? Terias coragem de fazer comigo o que pensaste?

 

ANTHENOKEN

(altera-se)

Diga o que quer de mim!

 

Pancada seca na cabeça. ANTHENOKEN cai desfalecido. TUTANCAN o olha com ódio.

 

TUTANCAN

(doentio)

Vingança! É só o que quero!

 

Tensão.


25. INT./CORREDOR/NOITE

 

ZAHRA leva a mão ao peito, agacha e grita. SHENK assustado.

 

SHENK

Fale comigo, mãe! Fale comigo!

 

ZAHRA faz que não com a cabeça.

 

ZAHRA

Leve-me ao meu leito e não saia do meu lado; prometa-me que vais ficar comigo!

 

SHENK assustado. Tensão.


26. INT./CASA DE GRÃOS/NOITE

 

TUTANCAN joga ANTHENOKEN sobre as sacas e o observa com asco. CAM passeia pelo cenário e mostra o porrete de madeira ao chão sujo de sangue. Passeia pelo corpo de ANTHENOKEN até chegar na testa escorrendo muito sangue. O tom de TUTANCAN é de um psicopata em série.

 

TUTANCAN

É assim que termina. Quando puderes matar primeiro, mate! É assim que a vovó me ensinou.

 

Porta bate e TUTANCAN se vira.

 

MALIK

(baqueado)

O que fizeste com ele?

 

TUTANCAN

Nada. Ele bateu a cabeça quando caiu.

 

MALIK se aproxima de ANTHENOKEN e ergue a sua cabeça.

 

MALIK

(em choro)

Meu amo! Fale comigo! Fale-me!

 

MALIK debruça em ANTHENOKEN e chora, TUTANCAN pega o porrete.

 

TUTANCAN

Vamos acabar com isso de vez!

 

MALIK se vira com os braços sobre a cabeça e se joga esquivando da pancada. TUTANCAN investe várias vezes para cima dele, até que uma o acerta em cheio na cabeça.

 

FADE OUT.


27. EXT./FACHADA CASA DE GRÃOS/NOITE

 

ANTHENOKEN na carruagem. TUTANCAN joga MALIK por cima dele. FX: Carroça em movimento.


28. EXT./REPRESA DO NILO/NOITE

 

TUTANCAN arrasta MALIK pelas pernas entre as pedras e o joga no rio. Vista por baixo e por dentro do rio. FX: Chicote, relincho e carroça em movimento. O corpo desliza pelo rio e se enrosca à margem. Pés brancos no enquadramento e, depois, as mãos o puxam para fora da água. Revela um beduíno a socorrê-lo furtivamente com outros o observando à distância. Suspense.


29. EXT./DUNAS/NOITE

 

ANTENOKEN com mãos amarradas por uma corda ao cavalo. TUTANCAN retira pedaços da pele com cuidado e o sangue escorre.

 

ANTHENOKEN

Assim, atiça o cheiro aos chacais! Que fique a carcaça para contar a história de um rei que nunca o foi.

 

Dá um tapa no cavalo que dispara arrastando ANTHENOKEN.

 

CORTA PARA O:

 

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P R Ó X I M O   C A P Í T U L O


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Minissérie de
JOÃO SANE MALAGUTTI

Elenco
ANNANOUK ANTHIEPT ANTHENOKEN NEMEWÁ NERFIRI NEVERA ZAHRA TUTANCAN SHENK SETNIAK OMAR MALIK
Tema MAKTUB Intérprete MARCOS VIANA

Direção
ANDERSON SILVA

Produção
BRUNO OLSEN


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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