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Flor-de-Cera: Capítulo 07

Novela de Carlos Mota
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FLOR-DE-CERA - CAPÍTULO 07


Franceline lamenta a agressividade da filha.
– Um dia entenderá o que é o amor de verdade; quando isso ocorrer, o que lhe virá à mente, de súbito e sem qualquer receio, será esse tapa, que levarei comigo para o túmulo. Tens o meu perdão; não minha compreensão! Espero que o seu desejo nunca fuja do ninho do casamento; porque se fugir como o meu, sentirá na pele o que eu sinto e se verá no espelho como uma TRAIDORA, não como uma mulher que ousou se libertar de uma jaula para viver o mais nobre dos sentimentos...
– Nããooooooooo!!!!!!!!!! – grita Catharine, sendo resgatada das lembranças pelas mãos de Joaquim.
– PARE! PARE – implora o rapaz com a voz atropelada. – Por que faz isso? Por quê?
Ela cai a seus pés e chora, mas ele a levanta e diz:
– Não tem do que se envergonhar! A senhora apenas recebeu o beijo de um homem apaixonado... Quem cometeu o crime fui eu, se é que amar seja um crime, não a senhora! Acalme-se! Se alguém deve ir à forca, que seja EU!
Ela geme de causar dó, atordoada pelas lembranças.
– SOU UMA TRAIDORA! – confidencia-se, tentando suportar a dor do coração.
Um prato desaba da cristaleira da mansão, assustando Ernestina, que varria a cozinha.
– O que será que está acontecendo, meu Deus? – indaga, atendo- se aos cacos. – Isso não é bom sinal!
Retira o terço do pescoço e reza. Os pressentimentos que costumam visitá-la não falham. Uma tragédia, assim como uma tempestade é anunciada pelos trovões, se aproxima. E isso a inquieta!
– Onde está minha mulher, criada? – pergunta o vereador, chegando à mansão.


Ernestina se vira para responder e não vê o vereador. Curiosa, vai ao escritório, onde também não o encontra. Teria ouvido vozes? Assusta-se! Mas um ruído a atrai à saleta de música, nos fundos da mansão.
George está lá, com uma dose de uísque duplo nas mãos, bastante impaciente. Abre o álbum com as partituras dos gênios da música clássica, verifica obra por obra com desvelo, e ao encontrar “Ária na Corda Sol”, de Bach¹, enche os pulmões, dá um sorriso tímido, fecha o álbum e se dirige ao piano. Fazia tempo que não tocava aquela canção, para falar a verdade, mais de anos.
As mãos delicadas de um príncipe caem sobre as teclas do piano; um gemido é ouvido à distância, como se o autor da ária se apossasse por instantes de seu corpo e presenteasse o mundo com suas notas – dádivas divinas. Sente dificuldades no início, mas aos poucos a mão corre o piano, está completamente entregue à emoção. *(Inserir a canção Ária na corda sol - Bach) Uma alegria brota em seu peito, é tão forte que espanta todas as tristezas, libertando-o das agruras da vida. Seus olhos estão mergulhados em lágrimas, a casa é invadida pela música, até a chuva se rende aos encantos daquela beleza – palavras verdadeiras de um coração perdido.
– Quem tá tocano essa canção, dona Ernestina? – pergunta o jardineiro, entrando na casa, com a roupa molhada e o pé enlameado.
Ernestina não responde, está hipnotizada pela ária. Aliás, a única vez que a ouviu foi pelas mãos de Catharine, quando ela soube da doença de Alana.
*(Finalizar a música) A música é cessada quando o vereador alcança um retratinho da filha, com dois anos de idade, sobre uma mesa lateral. Ele se levanta, caminha a passos lentos – tem medo de sua reação, pega-o entre as mãos e observa a menina, enquanto as memórias lhe saltam aos olhos.
– PA... PA... PAPÁ – ela abre os bracinhos para que ele a pegue.
– Pegue-a, George! Alana o quer... – pede Catharine, estranhando o comportamento do marido. – O que há com você, parece ter medo de amar! Ela é sua filha e o ama, não vê?
Ele se retira, sem dar qualquer explicação.
Um abismo como aquele que separa o céu do inferno se abre dentro dele, porque, ao pôr a mão naquele retrato, percebe que Alana havia partido. E para sempre!
Devolve-o à mesa, abaixa a cabeça por alguns minutos, respira fundo e retorna ao piano, de onde toca com a alma de um nobre. Quanto mais rápido as notas são alçadas ao vento, mais as lembranças o machucam, como se o remorso lhe pusesse uma faca contra o pescoço.
– Alguém ajude minha mãe... está morrendo! – implora George, ainda adolescente.
– Ela tem um plano de saúde?
– Mo-moça, a senhora não entende, minha mãe tem câncer, está morrendo, precisa de ajuda... Cadê os médicos desse hospital? Por que nos negam auxílio?
– Só atendemos a quem tem um plano de saúde; são as normas do hospital.
– Por favor... por favor!!! – implora o garoto à funcionária, que se limita a dizer “O próximo”.
Limpando as lágrimas nas mangas da camisa de chita, ele abraça a mãe pela cintura, enquanto ela vomita na sala de espera.
– Vamos embora! Deve ter um outro hospital aqui perto – está desesperado, vendo-a definhando em vida. – Aqui ninguém nos ouve, até parece que somos invisíveis.
– Todos os que não têm dinheiro são invisíveis, menino! – completa um senhor, ao seu lado, com um lenço à boca para conter a tosse.
Como a mulher não aguenta mais andar, ele a deita em seu colo, num banco de madeira, do lado de fora do hospital, em pleno sereno. Ela o acaricia com as mãos esquálidas e abre um sorriso que alumia aquela escuridão.
– FIQUE COMIGO, MÃE! SÓ TENHO A SENHORA... – suplica, em pranto.
– Oh, meu querido, minha hora está chegando! Vejo os campos, sinto o perfume das flores, os anjos cantam... E como cantam! É lindo, Jorginho! É lindo!
– Ajudem o garoto, a mulher está morrendo! – grita um senhor, inconformado com o descaso.
As funcionárias os ignoram, estão acostumadas com a morte. Um a mais ou a menos, que diferença faria? Para elas, nenhuma; para ele, toda a diferença do mundo, porque a única pessoa que tinha em vida estava partindo, subindo no bonde do tempo, deixando sua marca na história.
Alguns pacientes se achegam, estão emocionados, mas nada podem fazer, a lei do descaso ainda não havia entrado em vigor. George tira a camisa e a pressiona contra a boca da mãe, que jorra muito sangue.
– Deus está vindo me buscar!
– Não me deixe mãe, o que será de mim? Estarei perdido...
– Não, querido! Você é um garoto lindo, o presente de Deus! – engasga-se com o sangue. – Sempre estarei contigo, porque apenas o meu corpo morre; minha essência e meu amor viverão em você para SEMPRE!
Um dos pacientes arranha algumas notas de Bach numa gaita.
– Um dia eu serei rico, mãe, tão rico que ninguém mais pisará em nós. Ninguém mais nos espezinhará. Ninguém! Eu prometo! – ao olhá-la de novo, percebe que ela havia partido, então grita, sendo consolado pelo homem da gaita.
– Posso ajudá-lo, vereador? – pergunta Ernestina, com o âmago tocado pela emoção, ao entrar na saleta. – O que há?
O edil para de tocar, entra em letargia por alguns instantes, depois levanta e se dirige à empregada com serenidade:
– Ninguém pode me ajudar! Deixa a sala e sobe aos aposentos.
– Comu toca bunito o patrão, né, Ernestina? – um sorriso desdentado se abre na boca do jardineiro.
– O que está fazendo aqui, Moacir? – dando-se conta da presença do homem. – Está sujando todo o chão.
A empregada interrompe a conversa ao avistar o vereador descendo a escadaria com um terno preto.
– Aonde o senhor irá? – questiona. – Está chovendo!
– Não importa! Irei ao cemitério, visitar o túmulo de Alana.
– É onde está sua mulher! – diz Ernestina, não acreditando que Deus havia ouvido suas preces, porque aquele homem estava se humanizando, senão como justificar que a conversa de ambos não havia se declinado à agressão verbal, como sempre acontecia? O coração dele estava amolecendo, ela sentia, e os olhos dele, contornados de lágrimas, denunciavam isso.
– Seu George tá chique, né, Ernestina? – diz Moacir, feliz da vida.
– E quando ele não esteve, Moacir? Quando? Só lhe falta amor! George caminha para o hall de entrada, ao abrir a porta, defronta-se com Catharine desfalecida nos braços de Joaquim.
– O que é isso, MATUTO? – cobra o patrão, resgatando de dentro de si o orgulho e a ira de outrora.
O carro entra nas dependências do casarão, freando bruscamente ao encontrar Ernestina.
– Doutor Rubens, que bom que atendeu ao meu telefonema! Eu tinha certeza, quando aquele prato caiu, alguma desgraça se aproximava – fala a mulher, gesticulando muito, em meio à chuva.
– Do que você está falando, criatura? Desgraça? Que desgraça? – empalidece o médico, saltando do carro.
– CORRA... CORRA, ELES VÃO SE MATAR!
Ao chegarem à porta do hall de entrada, eles gemem de medo. Joaquim estava a um passo da morte, engravatado pelo  vereador, cujos olhos cintilavam uma ira descomunal. Já Catharine permanecia inconsciente, atirada a um canto, sob a vigilância cerrada do jardineiro.
– O pau tá cumendo, né Ernestina? – sorri Moacir, como se aquilo fosse algo natural.
Os sofás estavam revirados, algumas poltronas de ponta-cabeça, a mesa redonda de vidro estilhaçada, os vasos rachados, com ramos da folhagem espalhados pelo lugar. A violência de ambos é letal.
Rubens prende-se ao braço de George e o pressiona para que deixe o motorista; em vão! O vereador, cuja gana é matar aquele infeliz, retorce a face, range os dentes, enquanto a saliva lhe salta da boca sem rumo.
O vento iracundo entra na casa, balança o lustre, três lâmpadas se queimam. Um trovão de abrir o chão é ouvido. Vila dos Princípios fica novamente sem luz. Casas são destelhadas na periferia, famílias desabrigadas se alojam embaixo de pontes. O céu está reticente, não poupa ninguém.
O rio que corta a cidade transborda, engole um casebre, leva o berço com um bebê de nove meses; desesperada, a mãe pede socorro, pois a correnteza a impede de chegar ao filho. Ele se afogaria, não fosse uma idosa, com sua bengala, puxar o móvel para o alto. Abraçada à criança viva, a mãe chora, retribuindo a coragem da anciã com um beijo humilde, contornado por lágrimas de felicidade.
– SOLTE-O, GEORGE! SOLTE-O! – berra o médico, enquanto Ernestina destorce os dedos dele para que Joaquim respire. – CHAME A POLÍCIA, ERNESTINA!
A ventania é tão forte que a corrente que segura o lustre se parte, alçando-o a metros contra a parede. O estouro, por milagre, devolve a lucidez ao edil, que solta o chofer.
Joaquim já não respira, exigindo de Rubens todos os procedimentos emergenciais.
George se levanta, a roupa está em farrapos, maculada por um misto de saliva com sangue.
A empregada enfrenta o patrão e o estapeia, atiçada por um desejo súbito de vingança pela suposta morte do amigo. Com um simples golpe, ele a atira longe.
– Ainda bem que num fartei nu sirviço hoji, o negócio tá bão aqui, sô! – continua dizendo o abobalhado jardineiro. – Inté parece com aquelas luta dos firme.
A sirene de uma ambulância é ouvida à distância, um dos morros adjacentes desaba, levando consigo a história de dezenas de famílias principienses.
Com a empáfia de sempre, o honrado vereador corre os olhos embriagados de raiva por Catharine e Joaquim, exprime um leve sorriso e desaparece pelos cômodos da mansão. Joaquim reavê o sopro da vida contrariando as previsões.
– Levante-se... – pede o médico, estafado. – Com cuidado! E você, Ernestina, como está? – volta-se para a empregada.
– Vou sobreviver! – responde, limpando o suor do rosto com o avental.
– O que deu em George para fazer isso? Está louco? Precisamos denunciá-lo já à polícia – olha à destruição do local. Não se conforma.
– O que o fez agir assim? Parecia um bicho mordido... – o médico é acometido por uma recente lembrança. – Isso, por acaso, é ciúmes de Catharine? É o que estou imaginando?
A empregada não responde. Comparando o barro da roupa do serviçal com o que se encontra nos trajes de Catharine, Rubens chega a uma conclusão. George havia percebido o interesse do motorista pela mulher e o revide foi brutal, a ponto de quase acabar em morte.
– Eu vou chamar a polícia – diz, levantando-se.
– Você não vai a lugar algum, doutor Rubens – ordena o vereador, retornando ao hall. – Quer me destruir a qualquer custo, não é? Pois verá do que sou capaz.
– Você não está bem, vereador! Por favor, se acalme! – pede, vendo-o com os punhos se fechando. – Veja o que fez... está tudo destruído! E por quê?
– Se isso cair na boca da imprensa, minha candidatura ao cargo de prefeito estará perdida.
– Certamente! – concorda o médico. – Precisamos de ajuda, ainda que isso possa custar dores ainda maiores. Catharine continua desmaiada, Joaquim machucado, Ernestina assustada e o senhor... bem, bastante confuso, eu diria.
– Está me chamando de LOUCO, doutor?
– Não! Você apenas foi acometido por uma crise emocional e deve se tratar.
George se dirige à mulher, esmiúça-a uma vez mais, não entende o porquê daquele vestido estar sujo de lama e todo rasgado. As possibilidades mais absurdas lhe voam à mente, cada uma mais libertina que a outra; abaixa-se e a toma nos braços.
– Você não chamará a polícia; se o fizer, talvez não a veja mais viva!
– ISSO É UMA AMEAÇA? – pergunta o médico, segurando-se.
– Quero esse canalha – dirige-se ao chofer – fora de minha propriedade; se encontrá-lo de novo, talvez ele não tenha tanta sorte.
Vira-se de costas e segue para a alcova.
– Quando as coisas estiverem aparentemente perdidas, lembre-se, Ernestina, dentro desse envelope há a solução para todos os problemas – relembra a empregada, acuada a um canto, vendo o médico cabisbaixo.
– Eu não tenho coragem de desenterrar o passado! Ele pode ser pior que o presente! Desculpe-me, Dona Franceline – sussurra consigo mesma.
– Como está, Joaquim? – pergunta o médico.
– Melhor, senhor... Bem melhor!
– Faça o que ele disse Joaquim, pegue já suas coisas e dê o fora daqui! Vamos evitar mais problemas – suplica a empregada.
– Eu não fiz nada, Ernestina! Acredite em mim, por favor! – ficar longe de Catharine é pior que receber uma apunhalada no coração.
– É... Ernestina, querdita nele, sô! – repete Moacir.
Com o celular em mãos, Rubens digita o número da polícia, mesmo advertido pelo vereador.
– Não faça isso, doutor Rubens – implora a empregada. – O senhor já o conhece e, nervoso como está, é bem capaz de matar dona Catharine. Vamos deixar a poeira abaixar! E pensar que hoje tive pena desse infeliz...
– Como assim, Ernestina? – pergunta Rubens, desfazendo-se da ligação.
– Ele estava estranho, tocou um tempão a mesma música ao piano, depois subiu à alcova e desceu com o terno preto que o senhor mesmo viu, dizendo que visitaria o túmulo de Alana. Parecia mudado, até me enganou... Mas quando viu dona Catharine atirada ao colo de Joaquim, endoideceu.
– Ele disse que visitaria o túmulo de Alana? – estranha. – E nessa chuva?
– Sim! Nessa chuva. E, olhe, ele nunca ligou para a menina, o senhor sabe, de repente, sabe-se lá o porquê, parecia consternado, como se ela lhe fizesse falta.
– ...Alguma coisa está me apertando o coração! – o doutor recorda as palavras de George Dumont durante a reunião na prefeitura. – Será que ele está mudando? – pergunta-se.
– Eu falhei, mãe! Vim para essas terras para conseguir um bom emprego e buscar a senhora... Eu prometi! – lamenta-se o motorista, com a fotografia dela em mãos.
– Eu irei para São Paulo, mãe, não quero mais passar fome nessa vida. Me entenda, por favor! Quero ir para além dessas terras, conseguir alguma coisa para a gente – os olhos vislumbram o futuro. – Vou pegar uma carona com o seu Dedé, do Armazém; logo voltarei para buscá-la! Tenha certeza disso! A senhora ainda sentirá orgulho de mim, mãe... – promete o franzino rapaz à mulher, uma senhora consumida pelo tempo.
– Você tem certeza que qué dexá sua famía para se aventurá por esse mundão de Deus? – pergunta, numa cadeira de balanço escorada à parede de barro do casebre.
– Vou tentar a sorte, mãe! Aqui não há emprego, não há água, não há o comer, enfim, não há vida. Não aguento mais esse deserto. A senhora me permite fazer tal loucura?
– É locura memu, fio, o que cê tá fazenu! Esse mundão de Deus guarda coisas pior que a fome.
– E o que seria pior do que ouvir todos os dias o estômago roncando, pedindo um prato de comida?
– O AMOR! Cuidado cum esse bicho, pruque eli nasci du nada e, como uma erva daninha, vai se ajeitano; quando a gente percebe, já tá todo roído por eli. Parece aqueles urubu – Deus me livre e guarde, rondando a carniça, só esperanu o momento certu pra dar o boti – olha para a imensidão, perdendo-se na aridez do sertão.
– Ela tentou me avisar! A minha mãezinha tentou me avisar – diz o motorista, deixando para trás as memórias, enquanto arruma a mala.
– MISERÁVEL! – vozeia o vereador, vendo-o da janela de seu aposento. – Esse infeliz quer meu lugar, minha mulher e, acima de tudo, o meu PODER! Aquela cara de coitado é só verniz, debaixo daquela máscara há um jogador astuto, daqueles que não perdem uma partida. Será que ele imaginou que eu fosse um tonto, que daria espaço para ele jogar e ainda assistiria ao seu xeque-mate? Se cheguei até aqui é porque sou competente no que faço, algo que lhe falta, MATUTO! Hum! Essa eu ganhei!
– Joaquim... ó, Joaquim, eu também o amo! – delira Catharine, para a surpresa do marido, que explode de cólera.
– VOU ACABAR COM ESSA HISTÓRIA AGORA... – sentencia.
Desce a escadaria e se refugia no escritório. Ao perceberem que ele havia deixado o quarto, Rubens e Ernestina vão até Catharine. Ao reencontrá-la suja, estirada à cama como um defunto, Ernestina desaba a chorar.
– Acalme-se, logo essa tempestade passará... – pacifica o médico.
– Agora, deixe-me examiná-la!
Manchas arroxeadas na perna da herdeira dos Dumont chamam-no a atenção, entretanto, ele não faz qualquer comentário.
– SEUS MINUTOS ESTÃO CONTADOS, MATUTO! – decreta o alucinado vereador, com uma pistola em mãos, retirada há pouco de um cofre da mansão.
Joaquim separa uma peça de roupa para vestir, e depois de arrumado, respira fundo, senta-se na cama, se despede daquela casa, dos deliciosos beijos da mulher que mais amou na vida. Ao retornar ao sertão, levará consigo aquele hálito ardente, aquela boca... Meu Deus! Os desejos permanecem vivos dentro dele!
– Pensando em minha MULHER, Matuto? Pois você conhecerá a mãe dela agora...
A arma dispara.

  George se entrega à música...
_________________________
1. Johann Sebastian Bach foi um organista e compositor alemão do período barroco. Mestre na arte da fuga, do contraponto e da música coral, ele é um dos mais prolíficos compositores da história da música ocidental.



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