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A Marca do Primogênito: 1x06

Série escrita por Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius
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A MARCA DO PRIMOGÊNITO


FADE IN: 

Tela Escura. 

LETREIRO 

Quando os crimes não são castigados logo,
o coração do homem se enche de planos para fazer o mal.


(Eclesiastes, 8:11)

 

FADE OUT 

INÍCIO DO TEASER.  

CENA 01. CAMPO ABERTO. DIA. EXT. 

Legenda: 3900 anos a. C. 

Plano geral. Corpo de Abel morto sobre uma grande rocha. Corpo de Caim caindo no chão, a poucos metros de Abel. O corpo de Serafine morto no chão distante de Caim. O campo de visão se reduz até Serafine.  

O corpo de Serafine enquadra completamente a cena. CAM destaca o rosto da bruxa por alguns segundos. Os olhos dela se abrem repentinamente, dando um longo suspiro. Senta-se atoada. Leva a mão até seu pescoço e o ferimento que ela mesma fez, havia desaparecido.  

Serafine se levanta, observa o corpo de Caim caindo no chão a poucos metros dela. Caminha até ele, mas assim que vê o corpo de Abel logo atrás, desvia indo até seu amado. Vê Abel morto sobre aquela pedra, a deixa triste.

 

SERAFINE

Meu amor! (chora) Você não merecia isso. (se agacha ao lado do corpo) O que será de mim sem você? O que farei da minha vida sem você?

 

Pega a mão de Abel e a leva para perto de seu rosto. Com a palma da mão dele, acaricia seu rosto. 

 

SERAFINE

Eu juro, meu amor, que farei questão de que toda a descendência de seu irmão sinta a mesma dor que a minha. O seu sangue não terá sido derramado em vão. (beija a mão de Abel) O pacto que eu fiz garantirá isso. A maldição que eu lancei... (a Caim) ...será eterna, enquanto eu viver! (se levanta) Todos que tiverem o seu sangue, saberão o que é perder a pessoa que ama. (a Abel) Eu faço este juramento a você, meu amor. 

 

O corpo de Serafine desaparece do local. Em uma visão geral, CAM registra apenas Abel e Caim, ambos lado a lado.


1x06 - A ORIGEM DA MARCA

 

CENA 02. CIDADE DE ENOQUE. RUA. TARDE. EXT. 

Legenda: 3700 anos a. C.  

Lameque está no comércio de sua família, vendendo algumas peles de animais e outros produtos de caça. Várias pessoas passam por ele, olham os produtos da tenda e seguem caminho. Logo adiante, CAM registra Caliu e Caim indo em direção a saída da cidade. Lameque os observa um pouco incomodado em ver o irmão mais novo e o tataravô. 

Serafine surge ao lado dele, fingindo interesse em uma das peças de pele.

 

SERAFINE

Bonita essa aqui?

 

Lameque responde, sem ao menos olhar para Serafine. Sua atenção continua em Caliu e Caim saindo da cidade.

 

LAMEQUE

Todas custam vinte moedas de prata.

 

SERAFINE

As coisas seriam bem mais fáceis se não tivesse o seu irmão, não é meu rapaz?

 

LAMEQUE (a Serafine)

O que disse? 

 

SERAFINE

Que a sua vida seria bem mais fácil, se seu irmão não existisse. (a Lameque) Afinal, desde que ele nasceu a atenção sempre se voltou para seu irmão mais novo. Quando vocês eram crianças, você precisou sempre estar ao lado dele. (próxima a Lameque) O protegendo dos moleques de rua, que caçoavam constantemente dele. 

 

LAMEQUE (sério)

Como sabe disso?

 

SERAFINE

Eu acompanhei o crescimento de vocês. (pega uma pele de animal)

 

LAMEQUE

Conhece a minha família?

 

SERAFINE

Caim e eu somos velhos conhecidos. É só o que precisa saber. 

 

LAMEQUE

Qual é o seu nome?

 

SERAFINE

Meu nome não é importante. (a Lameque) Estou aqui para cuidarmos do seu irmão. 

 

Os olhos de Serafine ganham uma coloração azul cintilante. Lameque fica hipnotizado ao olhar para ela. 

 

SERAFINE

Eu sinto a inveja gritando em seu coração, meu rapaz. (se aproxima dele) Os seus desejos mais profundos estão sendo mostrados a mim. (acaricia o rosto de Lameque) Você odeia seu irmão! O seu desejo é que ele nunca tivesse nascido. 

 

Lameque continua imóvel, seus olhos não piscam em nenhum momento.

 

SERAFINE

Seria bem melhor se seu irmão não existisse. (se aproxima do ouvido dele, tom baixo) Você sabe o que tem que fazer! Mate seu irmão e você terá a vida que sempre desejou.

 

Serafine se afasta de Lameque, com um sorriso em seu rosto. O observa brevemente e desaparece na sequência. CAM destaca Lameque e a seriedade em seu rosto. 

CENA 03. FLORESTA. TARDE. EXT. 

Caim e Caliu estão escondidos à espreita de um animal selvagem. Ambos estão agachados por trás de alguns arbustos. Atrás deles, surge Lameque com um arco e flecha em mãos. Calmamente, sem fazer barulhos que possam atrair a atenção do irmão e de Caim, Lameque se posiciona logo atrás de uma árvore.  

Observa Caliu e Caim, com a mesma expressão séria no rosto da cena anterior. Ele prepara o arco com a flecha e mira em direção ao irmão mais novo. Fica nesta posição por alguns segundos. Do seu ponto de vista, é possível ver Caliu sorridente, ao lado de Caim.  

CAM mostra Lameque esticando a flecha e sem pensar duas vezes lança a flecha no irmão mais novo, acertando-o bem no meio de suas costas. Em um registro frontal de Caliu, é possível ver a ponta da flecha atravessando seu peito e manchada de sangue. Caliu cai no chão, sentindo aquele objeto o perfurando. Caim sem entender o aconteceu, se aproxima dele.

 

CAIM (tom alto)

Caliu! 

 

Lameque prepara outra flecha e aponta para Caim. 

 

CAIM

Quem fez isso? (se levanta, vira-se para trás) Quem está aí? (tom alto) Quem tirou a vida de Caliu? 

 

A atenção de Caim vai a Lameque e o vê empunhando o arco.

 

CAIM (surpreso)

Lameque! (tom alto) Como pode tirar a vida do seu irmão? 

 

Lameque solta a flecha em Caim, acertando-o bem no meio do peito. Caim ajoelha-se no chão, olha para aquele objeto perfurando-o. Sente uma dor angustiante, se atenta em Lameque e cai no chão em sequência, desacordado. 

Lameque se afasta da árvore e vai até o corpo de Caim e do irmão. Os observa ainda com uma expressão séria no rosto. Uma gargalhada feminina ecoa pela floresta. Lameque se assusta ao ouvir aquilo, olha para todos os lados e tudo a sua volta começa a girar. A gargalhada continua a aumentar em sua cabeça, fica apavorado. Serafine surge em sua frente.

 

SERAFINE (feliz)

Em suas mãos agora há sangue inocente derramado. Assim como Caim, você será amaldiçoado por ter matado seu irmão. (tom alto) Eu o amaldiçoou, Lameque! Você e toda sua descendência estarão marcados pelo mesmo destino. 

 

Conforme lança a maldição, Lameque sente algo em seu braço esquerdo. CAM brevemente o destaca, revelando uma marca estranha sendo gravada. É a mesma marca que foi gravada em Caim no episódio 01. Lameque sente dor, conforme a marca é desenhada. Ajoelha-se no chão, aos gritos.

 

SERAFINE (tom alto)

Essa marca é para lembrá-lo de sua maldição. Aquele que carregar a marca de Caim, terá seu destino traçado. Irmão matará irmão, até o fim dos tempos. De geração a geração, a marca irá pedir sangue inocente. Somente o seu portador poderá alimentá-la. 

 

Lameque deita-se no chão, sentindo uma forte dor em seu braço. CAM registra os últimos detalhes da marca sendo desenhada. Ao término, Lameque fica desacordado.  

Serafine solta uma gargalhada. Caim se levanta, fazendo-a ficar em silêncio.

 

SERAFINE (feliz)

Ouviu o que queria? 

 

CAIM (sério)

O que você fez, bruxa?

 

Caim sente um incômodo em seu braço, não se incomoda com a flecha em seu peito.

 

SERAFINE

Eu transferi sua maldição para Lameque. E assim ela será transferida para todos os primogênitos homens de sua família. 

 

CAIM

Sua desgraçada! (puxa com uma certa dificuldade a flecha em seu peito) Retire a maldição agora. 

 

SERAFINE

Ou o que? 

 

CAIM

Ou acabarei com você. 

 

Rapidamente pega o arco e flecha de Lameque, o prepara e aponta para Serafine. Ao ver aquilo, a bruxa cai na gargalhada.

 

SERAFINE (ri)

Você vai me dar uma flechada? É isso? (fica séria) Eu sou imortal! Nada que você fizer, poderá acabar comigo. 

 

Assim que finaliza a frase, Caim atira uma flecha na cabeça de Serafine, acertando-a na testa. Ao contrário do que ele esperava, Serafine ri.

 

SERAFINE (ri)

Sério? (puxa a flecha de sua cabeça) Qual parte do imortal você não entendeu?

 

CAIM (sério)

Acabe com essa maldição agora, bruxa. Ou eu mesmo, não irei descansar até acabar com você.

 

SERAFINE 

A maldição nunca acabará... (quebra a flecha) ...enquanto eu existir!

 

CAIM

O seu assunto é comigo. Se você tem algo a resolver, castigue a mim, não o rapaz.

 

SERAFINE

Seria um prazer torturá-lo, mas além da minha maldição a sua marca carrega uma proteção divina. Quem te ferir, será castigado diretamente por Deus. E mesmo assim, será mais divertido ver todos os seus descendentes se matarem. (ri) Irmão ceifando a vida do irmão. Poético, não acha?

 

CAIM

Você é uma desgraçada!

 

Pega outra flecha, prepara no arco e assim que atira, Serafine desaparece do local. É possível ouvir sua gargalhada do alto das árvores. 

 

SERAFINE (v.o.)

Seu castigo será ver todas essas mortes. E espero que se lembre todos os dias, da crueldade que você fez com Abel. 

 

Tudo se silencia. Caim ajoelha-se no chão, vê o corpo de Caliu morto a sua frente. Olha para Lameque do outro lado. Baixa a cabeça e em uma visão superior do local, é possível vê-lo chorando.  

CENA 04. SEQUÊNCIA DE CENAS. 

Conforme as cenas são mostradas, Caim está narrando. É mostrado algumas gerações de Lameque. 

Cena 01. 

O tataraneto de Lameque acaba nascendo com a marca da maldição no braço. É mostrado brevemente uma discussão dele e do irmão mais novo, que saí de casa furioso. Corte rápido para um outro local, onde os dois irmãos estão um na frente do outro. Os dois iniciam uma briga corporal. 

 

CAIM (v.o.)

Parece que todos que carregam meu sangue são preenchidos por um ódio descontrolável. Não conseguem controlar sua raiva e muito menos compreendem que estão sendo manipulados.

 

Os dois rapazes caem no chão, o mais velho fica em cima do mais novo e começa a enchê-lo de socos. Ao ver uma pedra ao lado, imediatamente a pega e começa a agredir várias vezes o rosto do irmão. Se levanta, larga a pedra e vê suas mãos completamente manchada de sangue. O corpo do irmão está morto ao lado, com o rosto completamente desfigurado. CAM destaca brevemente a marca no braço esquerdo do mais velho. Serafine surge atrás do rapaz em pé, com um grande sorriso em seu rosto.

 

CAIM (v.o.)

Houve um momento, onde meu desejo era matar todos que tivessem meu sangue. Esse era o único jeito de colocar um fim a essa maldição. Mas eu era covarde demais, para tamanha crueldade. 

 

Cena 02.

Caim está ao lado de uma cama, com um bebê dormindo. Está empunhando uma faca, erguida em direção ao corpo da criança. Ao observar o bebê dormindo tranquilamente, ele baixa lentamente seus braços e desiste de matar o bebê.

 

CAIM (v.o.)

Já bastasse o que eu fiz com o meu irmão, eu não teria coragem de matar um indefeso que não fez nada de mal ainda. Mas eu sabia que se deixasse aquela criança viva, ela cresceria e possivelmente teria um irmão. Afinal, eu vi a marca em seu braço. Eu sabia que aquela criança estava amaldiçoada. 

 

Cena 03.

Duas crianças, uma de aproximadamente 13 anos e outra de 8 anos, estão cuidando de cabras no alto de uma montanha. A mais velha, observa a menor brincar pelo espaço. CAM destaca a expressão séria em seu rosto. Ele atenta para o cercado que prende as cabras e as percebe bem agitadas. Abre a porteira e todas as cabras saem do cercado correndo em direção a criança mais nova. 

 

CAIM (v.o.)

E eu sabia que ela cedo ou tarde, cumpriria o seu papel. Eu poderia ter evitado aquilo. E agora, de certa forma, o sangue daquela criança também está em minhas mãos.

 

A criança mais nova percebe o rebanho de cabras vindo atrás dele. Suas pernas curtas e o solo íngreme, não lhe dá tempo de escapar e acaba sendo pisoteado por todas as cabras. O garoto mais velho observa aquela cena com um sorriso no rosto. Serafine está no ponto mais alto da montanha, também feliz com aquilo.

 

CAIM (v.o.)

Se eu não fizesse nada, mais sangue de inocentes seria derramado. Já que eu não podia matar a bruxa, teria que encontrar uma forma de acabar com a maldição. Fui atrás de registros históricos. De textos que até então, foram escritos por Deus.

 

Cena 04. 

Caim está sentado em uma mesa, com vários livros em sua volta. Lê atentamente cada uma daquelas páginas. 

 

CAIM (v.o.)

Mas não consegui encontrar nada. Apesar da minha história ser popularmente conhecida, nada tratava profundamente sobre a marca que Deus pôs em mim. Muito menos, algo sobre a maldição de Serafine. Foi então que percebi que estava buscando no lugar errado. 

 

Caim fecha o livro que estava lendo. Olha para frente, pensativo.

 

CAIM (v.o)

Foi uma bruxa que lançou a maldição. Então só uma bruxa poderia removê-la. 

 

Cena 05.

Caim está reunido com algumas mulheres. Ele está deitado no chão, dentro de um círculo enorme com alguns símbolos estranhos em sua lateral. As mulheres ficam em volta do círculo, dão as mãos e começam a murmurar palavras estranhas.

 

CAIM (v.o.) 

Uma bruxa sozinha não era forte o suficiente para remover a marca. Mas um grupo de vinte delas, com certeza conseguiria. Ao menos era o que eu acreditava.

 

As mulheres continuam de mãos dadas, murmurando palavras estranhas. Caim está deitado, olhando para o teto. De repente, começa a sentir um incômodo em seu braço. Sua marca começa a ser removida parcialmente. Conforme vai sumindo, os murmúrios das mulheres aumentam. Mesmo sentindo uma dor em seu braço, é possível ver um sorriso em seu rosto, por ver aquela marca deixando seu corpo. A marca inteira desaparece, Caim senta-se e observa seu braço. O esfrega algumas vezes, não acreditando que está livre. 

As mulheres em volta do círculo, continuam de mãos dadas e começam a se remexer como se estivessem sentindo ondas elétricas percorrendo seus corpos. Caim observa todas elas e estranha aquilo. Ao olhar para seu braço, a marca volta a aparecer lentamente. 

Raios com um som estridente caem sobre cada uma das mulheres, queimando seus corpos. Em fileira, cada corpo cai no chão, carbonizados. Caim se levanta assustado com aquilo. As bruxas estão mortas, a marca continua em seu braço e tudo aquilo não adiantou para nada. Ele vê Serafine com um sorriso estampado em seu rosto, logo à sua frente.

 

CAIM (v.o.)

Era impossível vencê-la. Eu estava cansado já de ver todos meus descendentes se matarem. Mesmo aqueles que eu não queria acompanhar, a bruxa fazia questão de mostrar as imagens em minha cabeça.

 

Cena 06.

Caim está deitado em uma cama, de olhos fechados e nitidamente angustiado. Está tendo flashes de outro assassinato entre seus descendentes. Vê Oliver cortando a cabeça do irmão e o entregando em uma bandeja para Serafine, que está disfarçada de Meg. Isso foi mostrado no episódio 04.

 

CAIM (v.o.)

Mesmo não estando lá, Serafine fazia questão que eu visse todas as mortes. 

 

Caim senta-se na cama, completamente suado e atordoado.  

Cena 07. 

É mostrado Giovanni sendo morto por Vittorio. Cena mostrada no episódio 05. Corta para Caim sentado em uma mesa, rodeado de mais livros. Ele está de olhos fechados, vendo aquelas imagens sendo exibidas em sua cabeça.

 

CAIM (v.o.)

É torturante ver todas essas mortes. Serafine tem o que queria. Só que eu não poderia deixá-la vencer assim tão fácil. Já que eu não podia matá-la e muito menos remover a marca, pensei então em criar um guia para os meus descendentes. Foi então que conheci o Louis.

 

CENA 05. MOSTEIRO. QUARTO. NOITE. INT. 

Legenda: Cidade de Nice, França. 1388 d. C. 

Louis (33 anos, pardo, alto, cabelos pretos encaracolados) está sentado em uma mesa, próximo a janela. O ambiente é iluminado por um lampião. Com uma pena em mãos, ele escreve algo em um papel em branco. Há vários papéis espalhados pela mesa. Louis parece concentrado com o que está escrevendo.  

O vulto de um homem surge ao lado da cama.

 

CAIM (cordial)

Olá, Louis!

 

Ao ouvir a voz de Caim, Louis deixa a pena de lado, se levanta e vai até ele.

 

LOUIS (feliz)

Você veio, mestre. Pensei que não fosse me visitar hoje.

 

CAIM

Surgiram algumas pistas novas e gostaria que você colocasse no livro.

 

LOUIS

Estava aqui justamente terminando o capítulo que descreve a bruxa. (volta para a mesa) Quer ouvir?

 

CAIM

Por favor, gostaria muito.

 

LOUIS

Certo. 

 

Louis pega alguns papéis que estavam com a tinta seca. Caim continua em pé e o observa.

 

LOUIS

“...Não se deixe enganar pela voz sedutora da bruxa. Ela fará de tudo para enfeitiça-lo, assim como uma sereia pronta para levá-lo à perdição. Durante séculos, a bruxa veio assumindo formas diferentes para conseguir o seu objetivo. Criança, idosa, mulher, homem, conforme a necessidade do portador da marca, a bruxa consegue se camuflar, tudo para enganar os primogênitos.” (troca de papel) “Mas a sua verdadeira identidade é inesquecível. Uma senhora de pele clara, estatura média, cabelos vermelhos e longos. Olhos verdes, pequenos, lábios sedutoramente perigosos. Cuidado com o que sair da boca dela. Muitas de suas palavras ecoam como veneno na mente dos primogênitos.” (troca de papel) “Alguns, ela os envolve e os seduz, prometendo amor eterno. Mas o seu verdadeiro objetivo é outro. As suas palavras de amor são vazias, com o único propósito de enfeitiçar seu alvo.” (a Caim) Então? 

 

CAIM (sorri)

Ficou bom. 

 

LOUIS

Quais informações trouxe agora? (coloca os papéis sobre a mesa e se aproxima de Caim) Alguma forma de quebrar a maldição?

 

CAIM

Não, infelizmente. Mas trouxe informações importantes sobre o ciclo da marca.

 

LOUIS

Ciclo?

 

CAIM

Sim. Demorei para perceber, mas pelo visto existe um ciclo. (retira de dentro do seu casaco, um papel enrolado) A marca que foi colocada em Lameque é diferente da que foi colocada em mim. (entrega para Louis, que o desenrola o papel e começa a ler o que está escrito) A marca colocada em mim por Deus, serve como proteção. A marca que foi colocada em Lameque sente sede por sangue. Fazendo uma breve análise dos últimos portadores, notei que havia um ciclo de diferença entre eles.

 

LOUIS (lê)

“... o primeiro filho homem da terceira geração do último portador, nascerá tendo em seu braço a marca de Caim. E este, estará destinado pelo resto da vida a ceifar a vida da criança que vier após o seu nascimento.”

 

CAIM

Após o portador cumprir o seu destino, a marca fica adormecida por um tempo. Até um novo primogênito ser escolhido e todo o ciclo recomeça. (anda pelo quarto) 

 

LOUIS

A bruxa também desaparece por um tempo, não é verdade?

 

CAIM 

Sim. Acredito que exista alguma ligação entre a marca e a bruxa. Algo que ainda não consegui descobrir. (ao lado da mesa, observa as anotações de Louis) Por isso preciso que você registre tudo. E mesmo acreditando que aqui nesse mosteiro, você não chegará ao ponto de matar seu irmão... (Louis vê seu braço, puxa a manga de sua túnica e revela sua marca) ...preciso de um guia para os próximos que virão depois de você.

 

LOUIS (cabeça baixa)

Queria ser o último a portar isso. Só quem porta essa marca, sabe o peso que é carregá-la.

 

Ambos ficam em silêncio, cada um olhando para seus braços.

 

CAIM (v.o.)

Eu sabia que Serafine cedo ou tarde iria encontrar um modo de juntar os dois irmãos. Embora tivesse esperança de que Louis não cometeria o mesmo erro, o mal se abateu sobre ele.

 

A cena anterior é cortada, e é mostrado Louis sozinho em seu quarto escrevendo. Alguém invade seu quarto de surpresa, desconcentrando-o de sua atividade.

 

MARCEL (feliz)

Conseguimos, irmão! 

 

Louis se levanta e se surpreende ao ver o irmão ali. 

 

LOUIS (surpreso)

Marcel? O que está fazendo aqui?

 

MARCEL (feliz)

Eu consegui capturar a bruxa. (se aproxima de Louis) Ela está presa lá embaixo. 

 

LOUIS

Do que você está falando, Marcel? 

 

MARCEL

Vamos! (toca no ombro de Louis) Chegou a hora de colocarmos um ponto final nessa história. 

 

LOUIS (confuso)

Não estou entendendo. Como você a capturou? E mesmo que tivesse conseguido, seria impossível matá-la!

 

MARCEL (confiante)

Não, não é. Venha, eu conto tudo para você no caminho até lá embaixo.

 

Marcel sai apressado do quarto. Louis o observa, estranhando o irmão ali e a história dele ter capturado a bruxa. Louis sai do quarto em seguida. 

CENA 06. MOSTEIRO. PÁTIO. NOITE. EXT. 

Louis segue o irmão até a área externa do mosteiro. Vê o corpo de uma mulher ajoelhada no chão, com os braços amarrados para trás e de cabeça baixa. Ao vê-lo, a mulher ergue o rosto e esbanja um grande sorriso.

 

MARCEL

Junto com alguns amigos, percebemos uma mulher estranha rondando a casa de nossa mãe. Então, comecei a investigar e com as características que você me deu, bate com a bruxa.

 

Louis fica ao lado do irmão, continua boquiaberto ao ver a mulher de cabelo vermelho à sua frente. A mulher continua esbanjando um longo sorriso no rosto.

 

LOUIS 

Serafine?

 

A mulher não responde. Marcel se afasta do irmão, caminha até uma parede ao lado do mosteiro.  

Em um jogo de imagens, a mulher que está amarrada a frente de Louis acaba se transformando em Marcel, seu irmão. Marcel, que está na lateral, se transforma em Serafine. Para Louis, tudo continua o mesmo.

 

MARCEL (amarrado, angustiado)

Irmão, isso é uma ilusão. A bruxa está mexendo com a sua cabeça. Eu sou o Marcel! Por favor, me escute. (tom alto) Eu sou o Marcel! Me escute, irmão!

 

Do ponto de vista de Louis, a bruxa continua o observando, esbanjando um grande sorriso. Marcel retorna para perto do irmão com uma adaga em mãos.

 

MARCEL

Tome meu irmão.

 

Em um outro ângulo, é mostrado Serafine entregando a adaga para Louis.

 

SERAFINE

Com isso você conseguirá matar a bruxa. Essa adaga foi abençoada por Deus e junto dela foram gravados símbolos que invocam a morte. 

 

Louis atentamente pega a adaga e observa vários símbolos estranhos. De um outro ângulo, é possível ver a ilusão de Marcel ao lado do irmão, entregando-o a adaga.

 

MARCEL 

A bruxa pode ser forte, mas não tanto quanto Deus e a própria morte.

 

MARCEL (amarrado, grita)

Ela que é a bruxa, meu irmão! Acredite em mim. Ela está fazendo a sua cabeça. Louis, me ouça, por favor! Louis!!!

 

Tenta se soltar, em vão. O ângulo muda e a ilusão retorna. Louis vê o irmão ao seu lado.

 

MARCEL 

Essa é a nossa chance de colocar um ponto final nisso tudo. (toca no ombro de Louis, olha bem no fundo dos olhos dele) Chegou o momento de nos livrarmos desse destino sangrento, irmão.

 

Louis parece receoso com tudo aquilo. A mulher que está amarrada a frente, começa a se debater, na tentativa de se soltar. 

 

MARCEL (agitado)

Rápido, Louis. Ela vai tentar escapar. (próximo ao irmão) Só o portador da marca pode acabar com a bruxa. Só você pode colocar um ponto final nessa história.

 

Louis parece angustiado, segura firme a adaga nas mãos, vira-se para mulher.

 

MARCEL 

Eu acredito em você, irmão. (sorri) 

 

Louis caminha lentamente até a mulher amarrada. Ela para de se debater e o observa com uma expressão séria no rosto. 

 

MULHER (amarrada)

Será que terá coragem de me matar? Garotinho medroso! (sorri)

 

De um outro ângulo, é mostrado Marcel desesperado tentando falar com o irmão. 

 

MARCEL (amarrado, chora)

Irmão, por favor, não faz isso. Me escuta. Irmão, por favor, acorda. Isso é uma ilusão. Eu sou o Marcel. Eu sou o seu irmão. Por favor, me escuta. 

 

A ilusão criada retorna e é mostrado a mulher de cabelo ruivo, provocando Louis.

 

MULHER (amarrada)

Não era isso o que você queria? Me ter capturada para me matar? O momento chegou! Ou você não terá coragem de fazer isso? 

 

LOUIS (sério)

Você provocou a morte de vários inocentes, que não tinham nada a ver com esse seu joguinho. 

 

A mulher de cabelo ruivo sorri, Louis se aproxima cada vez mais dela. Segura firme a adaga em sua mão direita.

 

LOUIS (sério)

Hoje tudo vai acabar. Todos aqueles que vieram antes de mim, serão vingados. Suas almas poderão finalmente descansar em paz.

 

Marcel, que está logo atrás em pé, observa aquela cena com um grande sorriso de satisfação no rosto.

 

MARCEL (feliz)

Isso, meu irmão. Faça o que tem que fazer. Esse é o seu destino. 

 

Em um outro ângulo, é mostrado Marcel amarrado, com Louis a poucos centímetros dele. 

 

MARCEL (amarrado, chora)

Louis... por favor, irmão. Não faz isso. Não caia nessa ilusão. Ouça a minha voz. Acorde, meu irmão. Seja mais forte do que ela. Seja mais forte do que isso. (grita) Acorde, meu irmão!

 

Louis apoia o braço no ombro da mulher de cabelo ruivo. Foca sua atenção ao rosto dela, como se quisesse guardar bem aquele momento.

 

MARCEL (amarrado, chora)

Irmão... não, por favor! (baixa a cabeça) Eu sei que não é você. Eu sei que a bruxa o está manipulando. (ergue a cabeça) Por isso eu te perdoo.

 

Nesse momento, Louis enfia a adaga no peito de Marcel. Embora esteja sentindo a dor daquele objeto o perfurando, Marcel olha bem no fundo dos olhos do irmão e demonstra um pequeno sorriso. Uma risada feminina é ouvida atrás de Louis. Ele estranha, retira a adaga do peito da mulher de cabelo ruivo, que cai no chão, morta.

 

Ao virar-se para trás, a pessoa que ele acreditava ser seu irmão, se transforma em Serafine.

 

SERAFINE (feliz)

Eu venci de novo! 

 

Louis vê o corpo da mulher se transformar em seu irmão.

 

LOUIS (em choque)

Marcel? Mas... (a Serafine, sério) Você me enganou, bruxa?!

 

SERAFINE

O que foi? Você não é inteligente? 

 

Marcel gagueja algo, Louis solta a adaga no chão, se aproxima do irmão.

 

LOUIS

Aguenta, firme. (grita) Socorro! Alguém me ajuda.

 

Serafine continua gargalhando. Desaparece na sequência, CAM destaca o desespero de Louis, pressionando o peito perfurado do irmão, na tentativa de estancar o sangue. 

 

MARCEL (fraco)

Não foi sua culpa, irmão.

 

LOUIS (chora)

Aguenta firme, por favor. (grita) Socorro! 

 

Marcel tenta dizer algo, mas lentamente vai fechando os olhos. Ao ver o corpo do irmão morto, Louis o abraça, em desespero. Em uma vista superior, é possível ver a cena trágica que ocorreu.

 

CAIM (v.o.)

Não havia nada que eu fizesse, Serafine sempre encontrava um jeito de juntar os irmãos e um inevitavelmente acabaria matando o outro. Por outro lado, isso contribuiu para que Louis reunisse o máximo de informações possível sobre a bruxa e o transformou em livro.

 

CENA 07. MOSTEIRO. QUARTO. NOITE. INT. 

Legenda: Cidade de Nice, França. 1409 d. C. 

Louis (com 54 anos) está sentado na cama, com um livro de capa marrom e volumoso sobre suas pernas. Caim está ao lado, o observa.

 

LOUIS (abatido)

Dediquei meus últimos anos e finalizei o livro. 

 

Caim se aproxima, pega o livro e observa sua capa. CAM destaca um título grande ao centro: “A Marca do Primogênito”.

 

LOUIS (abatido)

Além da marca, da bruxa e sobre a maldição, dediquei um capítulo inteiro a sua história, Caim. Os registros históricos contam tão pouco sobre você, decidi contar um pouco mais. 

 

CAIM (sorri)

Obrigado, Louis. Imagino o quanto isso o tenha desgastado.

 

LOUIS (abatido)

Acredito que tão cedo essa batalha contra a bruxa chegará ao fim, por isso também deixei espaço para que os que vierem depois de mim, possam continuar escrevendo.

 

Caim abre o livro e folheia várias páginas em branco.

 

CAIM

Você fez o bastante, Louis. Descanse agora.

 

LOUIS (abatido, deita-se, fecha os olhos)

Boa sorte, Caim. Que você encontre um portador da marca mais forte do que eu. 

 

Louis adormece logo em seguida. Caim fecha o livro e observa.

 

CAIM (v.o.)

Louis era um homem bondoso. Saber que alguém com o meu sangue, tinha um coração tão bom quanto o dele, me fazia ter esperança de que talvez fosse encontrar um portador mais forte que essa maldição. Só que infelizmente, Louis parecia ser uma exceção. 

 

É mostrado a linhagem de primogênitos que vieram após Louis. Em pequenas cenas os irmãos estão brigando, discutindo e ambos acabam sempre tendo o mesmo fim. Em todas as gerações há a presença de Serafine e de Caim, um interferindo e outro observando. 

 

CAIM (v.o.)

Séculos se passaram após Louis ter escrito o livro. Infelizmente, nem todos souberam da existência dele e muito menos puderam contribuir com o manuscrito. Muitos nasciam com tanto ódio no coração, que isso me deixava triste.

 

É mostrado várias mortes provocadas pelos os irmãos mais velhos, indo de incêndios, enforcamento, afogamento, tiro a queima roupa, atropelamento, as possibilidades de mortes eram variadas e divertidas para Serafine. 

 

CAIM (v.o.)

Contudo, o livro foi ganhando informações importantes. Símbolos de magia, de proteção, rituais, com o passar dos tempos acabou se tornando um guia perfeito para o portador da marca pudesse evitar seu destino. 

 

CENA 08. RODOVIA. TARDE. EXT. 

SONOPLASTIA: (Don't Look Back - Boston) 

Legenda: Lawrence, Kansas. Agosto de 2014. 

É reprisado a cena 02 exibida no episódio 01. Alexandre pilotando sua moto em alta velocidade. 

 

CAIM (v.o.)

Alexandre é o atual portador da marca. Está longe de ser tão inteligente quanto o Louis, mas algo nele me fez ter esperança novamente.

 

CENA 09. BAR DO TALES. NOITE. INT. 

É mostrado o momento em que Alexandre salva o irmão, Caíque, dos demônios que invadiram o bar do Tales, exibido na cena 15 do episódio 01.

 

CAIM (v.o.)

Alexandre é corajoso, destemido e mais do que qualquer um, ele quer colocar um ponto final nessa história. Para manter o irmão protegido, se afastou dele e da família e decidiu investigar por conta própria o paradeiro da bruxa.

 

É mostrado Alexandre montando na moto e Caíque atrás do irmão, continuação da cena 15 do episódio 01.

 

CAIM (v.o.)

Embora ele prometa para si mesmo que jamais mataria o irmão, eu vivi o suficiente para saber que essa promessa é vazia. Serafine é traiçoeira e por mais que ele se distancie de Caíque, a bruxa vai fazer com que os dois acabem juntos novamente.

 

É mostrado Caíque e Ayla abraçados, cena 16 do episódio 01. Corte rápido para Caíque e Alexandre conversando no bar do Tales, exibido na cena 02 do episódio 04.

 

CAIM (v.o.)

E eu sabia que a partir do momento que os dois fizeram as pazes e o irmão mais velho abriu o jogo para o irmão caçula, o momento final estava se aproximando. Eu precisava falar com Alexandre, então tinha que chamá-lo para uma conversa.

 

MÚSICA OFF. 

CENA 10. MANSÃO. BIBLIOTECA. NOITE. INT. 

É mostrado Alexandre e Caim conversando, o que foi exibido na cena 19, do episódio 05.

 

CAIM (v.o.)

Conhecendo-o pessoalmente pude perceber que ele não falharia. Serafine pode até obrigá-lo a matar o irmão, mas Alexandre lutaria até o último segundo para impedir isso. 

 

Alexandre está atento ao que ouve de Caim. Continuação da cena 26, que foi exibida em off, no episódio 05.

 

CAIM (sério)

Há um jeito de matar Serafine.

 

ALEXANDRE 

Como?

 

Caim puxa a gaveta ao lado e retira dela um papel completamente em branco. Fecha a gaveta, coloca o papel sobre a mesa, entre ele e Alexandre.

 

CAIM

Arranquei essa página do livro e guardei para mim. Não podia deixar que essa informação caísse nas mãos erradas.

 

ALEXANDRE 

Só que esse papel está em branco. (pega o papel, verifica ambos os lados) Aqui não tem nada. 

 

CAIM

Ele está com um feitiço de proteção. 

 

Caim pronuncia algo em enoquiano, palavras começam a ser escritas no papel. Alexandre observa aquilo, atentamente. Em segundos, o papel está preenchido com o que parece ser um ritual. 

 

CAIM

É um ritual simples, onde precisará apenas de três ingredientes principais.

 

ALEXANDRE (lê)

A primeira arma, o portador da marca e o coração da bruxa. 

 

CAIM

Com isso a bruxa estará morta, junto com ela a maldição.

 

ALEXANDRE

Se é tão simples, porque você mesmo não fez isso?

 

CAIM

Eu tenho a marca original, mas não sou o portador da maldição. Desde que Serafine transferiu para Lameque, ela foi se espalhando entre meus descendentes, até você.

 

ALEXANDRE

Entendi. E a primeira arma?

 

CAIM

Foi a arma que eu usei para matar meu irmão. 

 

ALEXANDRE

Ela está com você?

 

CAIM

Ela está comigo, mas em um lugar seguro.

 

ALEXANDRE

E o coração da bruxa, obviamente precisamos dela. (joga o papel sobre a mesa) A parte difícil, imagino.

 

CAIM

Talvez, não. Acredito que Serafine já esteja entre vocês. Porém, esperta como ela é, só irá se revelar assim que perceber um desentendimento entre vocês.

 

ALEXANDRE

O que sugere?

 

CAIM

Precisamos atrair a atenção dela. E para isso, você e seu irmão precisam se aproximar cada vez mais. Quando os irmãos são bem próximos um do outro, Serafine sempre busca um modo de gerar atrito entre eles. Então quanto mais próximos vocês estiverem, melhor.

 

ALEXANDRE

É, a gente se acertou nos últimos dias. Eu abri todo o jogo pra ele, tenho explicado alguns assuntos sobre caçada, temos ficado bem próximos.

 

CAIM

Perfeito. É questão de tempo, para Serafine dar sinais de sua presença. Se você fizer isso, conseguirá a atenção dela. Antes de ir, quero lhe entregar mais uma coisa. 

 

Puxa uma gaveta, retira de dentro dela uma caixinha de madeira. A coloca sobre a mesa, próximo a Alexandre.

 

CAIM

Com a ajuda de algumas bruxas, elas conseguiram fazer um feitiço e colocaram neste colar.

 

Alexandre pega a caixinha, a abre e retira um colar com um pingente de coruja feita de cristal.

 

CAIM

A coruja irá brilhar na presença da bruxa. Essa é uma forma de garantirmos que realmente é ela ou se está usando alguma magia para nos enganar.

 

Alexandre continua observando aquele pingente de coruja. 

CENA 11. HOTEL. QUARTO. NOITE. INT. [exibida no episódio 05] 

Alexandre chega ao hotel onde ele e o irmão estão instalados. Tira suas coisas da calça e coloca na cômoda ao lado da cama. Celular, carteira, chaves e a caixinha de madeira. Ele senta-se na cama, coloca a mão na cabeça, pensativo. Olha para a caixinha, a pega. A observa por um tempo, a abre e retira o colar de dentro.  

Seu celular começa a vibrar, com o recebimento de diversas mensagens. Ele coloca o colar e a caixinha sobre a cômoda, pega o aparelho. São várias mensagens de Caíque. Ele lê uma por uma, inclusive escuta o último áudio que o irmão mandou.  

Ao ouvir, Alexandre rapidamente se levanta.

 

ALEXANDRE (tenso)

Não acredito que aquele idiota entrou em um ninho de vampiro sozinho.

 

Rapidamente pega a chave de sua moto e sai do quarto. O colar continua sobre a cômoda.  

Tempo depois, a porta do quarto é aberta. Ayla entra no cômodo, vê o ambiente vazio e vai direto até a cama. O pingente de coruja começa a brilhar intensamente. Isso chama a atenção da garota, que caminha até a cômoda e pega o colar.  

Caíque entra no quarto neste momento, se surpreende ao ver sua namorada ali.

 

CAÍQUE (surpreso)

Ayla? O que está fazendo aqui?

 

Caíque divide sua atenção para Ayla e o colar que não para de brilhar nas mãos da namorada. 

[CONTINUAÇÃO DA CENA]

 

AYLA (feliz)

Amor!

 

Ayla joga o colar sobre a cama. O pingente de coruja continua brilhando, porém com uma intensidade menor. Ayla vai até Caíque, o abraça. Coloca as mãos ao redor do rosto dele e lhe dá um selinho.

 

AYLA 

Você viaja com o seu irmão, não me manda mensagem, fiquei preocupada. (repara a camisa dele com manchas de sangue) O que foi isso? Aconteceu alguma coisa?

 

Caíque não responde, continua intrigado como Ayla chegou até ali.

 

CAÍQUE

Como chegou aqui? 

 

AYLA

Quando uma garota quer descobrir algo, você sabe que ela consegue, não é? Somos melhores que o F.B.I. (ri, se afasta de Caíque)

 

CAÍQUE

Onde está meu irmão? 

 

AYLA

Não sei. Cheguei aqui, encontrei a porta aberta e entrei.

 

Caíque se atenta ao colar sobre a cama. Estranha o brilho vindo do pingente. Chega uma mensagem em seu celular, desviando sua atenção. Ele o pega, entra no aplicativo de mensagem.

 

CAÍQUE

É do Alexandre. Ele foi atrás de mim. (preocupado) Essa não, ele vai até o ninho de vampiros.

 

AYLA 

Vampiros?

 

CAÍQUE 

Não tenho tempo para explicar, Ayla. Precisamos ir atrás do meu irmão.

 

AYLA 

Eu vim de carro, se você quiser posso te dar uma carona.

 

CAÍQUE

Ótimo, vamos então? Precisamos nos apressar. 

 

Ayla e Caíque caminham e saem do quarto. Assim que o cômodo fica vazio, o pingente da coruja para de brilhar. CAM o destaca jogado sobre a cama. 

CENA 12. GRANDE SALÃO. NOITE. INT. 

Alexandre invade o local, está com a arma erguida. Vê vários corpos de pessoas mortas no chão.

 

ALEXANDRE (tom alto)

Caíque?!

 

Caminha entre os corpos, se questiona o que aconteceu ali.

 

ALEXANDRE (tom alto)

Caíque?! Onde está você, irmão? Caíque?

 

Ouve passos vindo da entrada do local. Aponta a arma em direção a entrada, na espera de que seja um vampiro ou seu irmão. Ao ver que é Caíque, imediatamente Alexandre baixa a arma e vai apressado até ele.

 

ALEXANDRE (emocionado)

O que foi que eu falei pra não entrar em um ninho sozinho? 

 

Abraça forte o irmão por um longo período. Ayla entra logo atrás de Caíque, observa a cena com um sorriso no rosto.

 

AYLA (meiga)

Awwn, que fofo esse braço entre irmãos.

 

Alexandre encerra o abraço, olha para Ayla, ergue a arma em sua direção.

 

ALEXANDRE

Quem é você?

 

CAÍQUE (nervoso)

Calma, calma. Ela é a minha namorada. 

 

ALEXANDRE

Sua o que?

 

CAÍQUE 

Acho que vocês não se conhecem. Alexandre, essa é a Ayla, minha namorada. 

 

Alexandre baixa a arma e a observa atentamente. Ayla, apesar do susto, o observa com um sorrisinho meigo no rosto.

 

AYLA

É um prazer finalmente conhecê-lo! (estende a mão para cumprimentá-lo) Cay sempre me falou desse irmão mais velho dele, que vive viajando. 

 

Alexandre guarda a arma na cintura, não aperta a mão dela. Ayla recua, sem demonstrar constrangimento.

 

ALEXANDRE (desconfiado)

Meu irmão nunca falou de você.

 

AYLA (a Caíque)

Você me disse que já havia falado de mim para sua família, Cay? (chateada) Quer dizer que eles não sabem de mim?! 

 

CAÍQUE

Claro que falei. Eles sabem que tenho uma namorada. Que seu nome é Ayla.

 

AYLA (birra)

Aposto que é só isso que eles sabem! (vira-se de costa, cruza os braços) 

 

Caíque se aproxima dela. Alexandre apenas observa a cena.

 

CAÍQUE

Ayla, não fica assim. Eu já te expliquei os motivos. Minha família é complicada. Quase não param em casa. (Ayla continua de costas para ele, com expressão de birra no rosto) Não fica assim, vai?! Quando chegarmos em casa, a gente conversa, está bem?

 

AYLA

Vamos ver! Você tem muito o que explicar, rapazinho?! (vira-se para Caíque) Não só em relação a nunca ter falado sobre mim pra sua família, como também, o motivo de ter viajado esses dias com seu irmão e não ter me avisado.

 

CAÍQUE

É, quanto a isso... (a Alexandre) ...foi algo repentino.

 

Alexandre e Caíque se encaram. Ayla abraça o namorado, conseguindo a atenção dele.

 

AYLA (meiga)

Quando voltarmos a gente conversa, então!

 

Alexandre continua observando o casal. Está desconfiado com as ações de Ayla.  

CENA 13. HOTEL. NOITE. EXT. 

Alexandre monta em sua moto, com uma mochila nas costas. Caíque e Ayla estão logo atrás, trocando beijos. 

 

CAÍQUE

Me manda mensagem quando chegar, está bem? (Ayla acena que sim com a cabeça) Talvez a gente demore um pouco pegando a estrada.  Mas garanto que vou preparar uma programação especial, quando chegar. 

 

AYLA

Olha que eu irei cobrar, viu?! (sorri, os dois trocam beijos).

 

Alexandre evita a troca de carinhos do casal. Ele faz barulho com sua moto, dando sinal para Caíque se apressar. O casal encerra o beijo, Caíque se afasta da namorada e caminha até a sua moto. Ele monta, coloca o capacete, liga e se despede de Ayla. Alexandre e o irmão se afastam do hotel, em direção a estrada.  

Ayla fica alguns segundos parada ao lado de seu carro, observa os irmãos partirem com um sorriso no rosto.  

CENA 14. CASA DE DOMENI. SALA. INT. DIA. 

Alexandre e Caíque entram exausto da longa viagem que tiveram de volta para casa. O irmão mais velho retira sua mochila das costas, coloca ao lado do sofá e se joga nele. Caíque observa o irmão, sorri.

 

CAÍQUE

Vai ficar aí mesmo?

 

ALEXANDRE

Vou só tirar um cochilo! Daqui a pouco vou para o quarto.

 

CAÍQUE

Sei. Melhor pedir alguns travesseiros e cobertas para a tia. 

 

ALEXANDRE

Ah, depois quero ter uma conversa contigo sobre a sua namoradinha. Quero saber um pouco mais sobre ela. 

 

CAÍQUE

Tá desconfiado dela, é?! Será que estou namorando a bruxa má?! (ri) 

 

Alexandre ergue a cabeça, observa o irmão, sério.

 

ALEXANDRE

Não estou brincando! A bruxa pode se transformar em qualquer pessoa. (baixa a cabeça) Até uma garota ingênua e amável como aquela.

 

CAÍQUE

Qual, é? Você não tá falando sério, está? Sabe quanto tempo eu e a Ayla estamos namorando? Você acha mesmo que se ela fosse essa tal bruxa, ela não já teria feito alguma coisa comigo?

 

ALEXANDRE

Não estou com cabeça para discutir isso com você agora. Quando eu acordar, a gente conversa! 

 

Caíque observa o irmão por alguns segundos e não acredita que ele esteja desconfiado de sua namorada. Na sequência, ele vai até a cozinha. CAM destaca Alexandre, que está roncando no sofá. 

CENA 15. CASA DE AYLA. QUARTO DE AYLA. DIA. INT. 

Ayla entra no local segurando um gato preto nas mãos. Ela faz carinho no corpo do animal, enquanto segue até seu guarda-roupa. Com uma das mãos, ela o abre e observa o interior do móvel. Várias velas, símbolos estranhos e objetos mágicos. Um pequeno altar está montado no interior. Ela volta a fazer carinho no corpo do gato.

 

AYLA (tom calmo)

Chegou a hora, amiguinho. Que tal você ser o primeiro do meu ritual?! 

 

Sorri, enquanto aproxima o rosto do gato próximo ao seu. O gatinho parece apavorado, mia assustado.  

 

série criada por
Anderson Silva
Gabo Olsen
Marcos Vinicius

episódio escrito por

Anderson Silva

revisão de texto

Gabo Olsen

Marcos Vinicius

elenco
Chirs Wood...................................Alexandre
Matt Dallas.....................................Caíque
Danielle Campbell.................................Ayla


participação especial
Ruth Connell..................................Serafine Jeffrey Dean Morgan...............................Caim


música
Don't Look Back - Boston


produção
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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Proibida a cópia ou a reprodução


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