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Passos da Paixão - Capítulo 34

Novela de Édy Dutra
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PASSOS DA PAIXÃO - CAPÍTULO 34

 
 
 
 
 
NO CAPÍTULO ANTERIOR:
 

MARIA HELENA: - Pode pegar o seu dinheiro aí na mesinha. Tem uma gorjeta bem grande pelo serviço de hoje... Nesta noite você me deixou exausta rapaz.

DIOGO: - Só fiz o que a cliente me pediu... 

Quando Diogo vai pegar o dinheiro, Orestes e Estér entram no quarto. Maria Helena e Diogo se surpreendem. 

ORESTES: - Maria Helena?... Traidora! 

Maria Helena olha para Orestes apreensiva. Em seguida, vê Estér.

MARIA HELENA: - Estér? O que você está fazendo aqui?!

ESTÉR: - Acabou, Maria Helena. Você perdeu.
 

Estér encara Maria Helena, triunfante.



 

 

 


 

CENA 01. MANSÃO LINHARES. QUARTO MARIA HELENA / SALA. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Orestes flagra Maria Helena e Diogo juntos.

ORESTES: - Eu tenho nojo de você, Maria Helena. Nojo!

Diogo pega o dinheiro e sai do quarto. Estér vai atrás dele. Orestes e Maria Helena a sós.

MARIA HELENA: - Não me olhe com essa cara de cachorro pidão, Orestes... (levanta-se, enrolada no lençol) Uma traição não é o fim do mundo.

ORESTES: - E você não tem nem um pingo de vergonha ou remorso por isso?!

MARIA HELENA: - Eu apenas caí em tentação, cometi um pecado. Pronto. Eu pequei. Tantas pessoas pecam, outras são pegas pecando e ninguém faz escândalo como você está fazendo, Orestes.

ORESTES: - Eu me nego a acreditar nessa sua frieza, Maria Helena! Eu pego você, na minha cama com o Diogo, esse rapaz que cresceu aqui nesta casa, correndo no jardim!... (grita) Você pagou por sexo com esse moleque!

MARIA HELENA: - Não precisa gritar! A vizinhança não precisa ouvir as nossas intimidades!

ORESTES: - Você é baixa, é suja, um poço de insensibilidade!

MARIA HELENA: - Você veio aqui trazido pela Estér. Ela estava louca para fazer você brigar comigo.

ORESTES: - Ela quis mesmo era abrir os meus olhos. E conseguiu... Essa foi a maior decepção da minha vida, Maria Helena. Você simplesmente transformou o seu coração numa pedra de gelo e não pensou em mais nada. Apenas em satisfazer a si mesma...

Os dois ficam a se encarar. Enquanto isso, Diogo desse as escadas apressado e se surpreende ao ver Adônis na sala.

ADÔNIS: - Diogo?! O que você está fazendo aqui?

BIA: - Eu disse que era importante você ficar, Adônis.

DIOGO: - Eu já estou saindo pai.

ESTÉR: - Acho melhor você dizer para o seu pai, Diogo. O que você estava fazendo aqui na mansão, sozinho com a Maria Helena.

ADÔNIS: - Essa história tá muito mal contada. Fala logo, Diogo. O que você estava fazendo aqui na mansão? Fala!

DIOGO: - Pai, eu... Eu...

ESTÉR: - O Diogo, Adônis, estava sendo pago para transar com a Maria Helena.

Adônis se choca.

ADÔNIS: - Que palhaçada é essa?!

BIA: - Não é palhaçada não, Adônis. O seu filho é garoto de programa.

Adônis encara Diogo, que mantém seu olhar no chão, sem esboçar nenhuma reação.

ADÔNIS: - Diogo, fala alguma coisa.

Diogo fica quieto.

ADÔNIS: - Por isso as saídas à noite, as roupas de marca, os tênis... Os pedidos para sair mais cedo do escritório... Era... Era para vender o seu corpo, é isso?

DIOGO: - Eu precisava ganhar a minha grana.

ADÔNIS (grita): - Como garoto de programa?! Você precisava disso, Diogo?!... (baixa o tom) Eu sempre fiz de tudo para te dar do bom e do melhor... A melhor escola, as viagens para o exterior. E você vendendo o corpo na rua? Transando com tudo quanto é tipo de gente... Por dinheiro?! (grita) Por dinheiro?!

Adônis dá uns tapas em Diogo, que cai sobre o sofá e se defende do pai. O dinheiro, no bolso de Diogo, cai no chão.  Adônis com lágrimas nos olhos, pega o dinheiro e rasga. Estér e Bia observam. Adônis se afasta.

ADÔNIS: - Esses tapas são poucos pra você... Você merece muito mais, Diogo. A decepção que você me traz agora não tem dimensão maior!... (pega Diogo pelo braço) Vamos embora daqui agora. Michezinho.

Adônis e Diogo saem da mansão.

BIA: - Coitado do Adônis...

ESTÉR: - Nenhum pai deseja isso para um filho.

De repente, elas escutam um grito de Maria Helena.

ESTÉR: - É a Maria Helena!

As duas sobem as escadas rapidamente. Chegando ao quarto, Estér e Bia encontram Orestes caído no chão. Maria Helena envolta dele.

MARIA HELENA: - Me ajudem! Acho que ele morreu!

Estér e Bia ficam em estado de choque.

CENA 02. GALERIA DE ARTE. INT. NOITE.

Raquel entra com Valquíria numa sala no andar de cima da galeria. Valquíria senta no sofá. Raquel pega um copo d’água num bebedouro e entrega para a amiga.

RAQUEL: - Bebe Val.

VALQUÍRIA: - Por que ele faz isso comigo, Raquel? Por que ele me trata assim, como se eu fosse uma mulher sem valor nenhum?

RAQUEL: - O Bruno não merece você, Valquíria. Coloca isso na tua cabeça.

VALQUÍRIA: - Mas eu amo tanto ele!... Não sei do que eu sou capaz de fazer se ele não estiver comigo. Eu não sou ninguém!

RAQUEL: - Não fala isso, mulher! Você precisa se valorizar!

As duas ficam em silêncio, quando escutam um barulho vindo de uma outra porta na sala. Valquíria vai até a porta, abre, flagrando Bruno e Amália aos beijos na saleta.

VALQUÍRIA (grita): - Bruno!

Bruno e Amália se surpreendem. Bruno encara Valquíria atônito. Amália sorri, cínica.

AMÁLIA: - Desculpa, querida, não queria atrapalhar a sua noite...

VALQUÍRIA: - Cala a boca sua vadia!

AMÁLIA: - Desbocada a sua namoradinha, Bruno...

Amália sai da saleta, encara Raquel.

RAQUEL: - Você não tem vergonha não?

AMÁLIA: - Vergonha do quê? O Bruno nunca esteve com ela... (risos) Eu tenho é pena dela, isso sim.

Amália sai da sala. Bruno sai da seleta, com Valquíria atrás dele.

BRUNO: - Você de novo, Raquel.

RAQUEL: - Você aprontando de novo, Bruno!

VALQUÍRIA: - Uma amante... Você tem uma amante, Bruno!

BRUNO: - Sem escândalos, Valquíria, por favor.

Valquíria dá um tapa no rosto de Bruno, que não reage.

VALQUÍRIA: - Você é um canalha! Canalha!

BRUNO: - E você é uma desequilibrada!

RAQUEL: - Não fala assim com ela, Bruno!

BRUNO: - Cala a boca, Raquel. A conversa aqui é entre o casal.

VALQUÍRIA: - Não existe mais casal! Não existe mais nada entre a gente!... Não existe nada, não quero saber de nada!

Valquíria sai da sala correndo, atordoada. Raquel vai atrás dela, apressada.

Valquíria desce as escadas para o salão da galeria totalmente perturbada. Raquel tenta alcançá-la, para acalmar a amiga, mas não consegue. A cena chama atenção dos convidados.

VALQUÍRIA (gritando): - Acabou! Acabou essa farsa, essa porcaria!

Valquíria arranca um dos quadros expostos e joga no chão, surpreendendo a todos.

FERNANDO: - Valquíria, o que significa isso?!

VALQUÍRIA: - Significa que eu estou cansada! Chega!

Valquíria começa a retirar os quadros expostos com raiva, pisa em alguns, quebrando as telas. Os convidados observam atônitos. Bruno surge, segura Valquíria.

BRUNO: - Para com isso, Valquíria!

Valquíria se solta dele, o empurrando.

VALQUÍRIA: - É você o culpado de tudo isso, Bruno. É você! Me traindo, me enganando! Chega!

Valquíria rasga as telas, empurra. Os convidados ficam chocados. Bruno vai embora. Fernando se aproxima, segura Valquíria firme.

FERNANDO: - Para, Valquíria! Já chega!

Valquíria começa a chorar nos braços de Fernando, descontrolada. Raquel se aproxima.

RAQUEL: - Val...

VALQUÍRIA: - Eu amo tanto ele, Raquel... Por que isso comigo? Por quê?

Valquíria cai sentada no chão, aos prantos. Raquel a abraça. Fernando em volta das duas. CAM abre plano na galeria, com quadros quebrados, telas rasgadas no chão.

CENA 03. MANSÃO LINHARES. INT. NOITE.

Estér socorre Orestes, que está desacordado no chão.

ESTÉR (aflita): - Papai! Papai! (a Maria Helena) O que você fez com ele?!

MARIA HELENA (se afasta): - Eu não fiz nada! Nós estávamos discutindo e ele acabou se sentindo mal, com dores no peito e caiu aí!

BIA: - Vê se ele ta respirando, Estér!

Estér sente a respiração de Orestes.

ESTÉR: - Está!

BIA: - Eu vou ligar para o Fernando, pedir ajuda!

Bia sai do quarto. Estér se abraça em Orestes, encara Maria Helena.

ESTÉR: - Se meu pai morrer pode ter certeza que eu nunca vou te perdoar.

MARIA HELENA: - Se seu pai morrer, a culpa vai ser sua. Armar esse tipo de coisa só fez ele ficar ainda mais entristecido. Você não soube respeitar o seu pai, Estér.

ESTÉR: - E você soube, traindo ele com um michê que tem idade para ser o seu neto! Você é suja, Maria Helena.

MARIA HELENA: - Você não sabe de nada, cala a boca!

ESTÉR (acaricia o rosto de Orestes): - Pai, você vai ficar bem, pai...

Maria Helena observa afastada.

CENA 04. BOATE GLAMOURIO. INT / EXT. NOITE.

Janice e Alceu estão chocados com Karina, no palco. Walter/Waleska sobe ao palco.

WALESKA: - DJ, solta o som pro povo dançar!

A música recomeça.

WALESKA: - Menina, o que é isso?

KARINA: - Meus pais, Waleska! Meus pais!

WALESKA: - Era só o que me faltava... Vai lá falar com eles então! Mas sem escândalo aqui na minha boate!

Karina vai descendo do palco.

JANICE: - Vamos embora, Alceu.

Janice e Alceu saem do local. Karina vai passando por Sandra, que a segura firme pelo braço.

SANDRA: - Gostou da surpresa, vagabunda?

KARINA: - Por que você fez isso, Sandra? Meus pais não mereciam isso!

SANDRA: - Mas você merece tudo isso. Eu tinha você como minha amiga e eu recebo uma traição em troca...

KARINA: - Eu não sabia que vocês eram casados, eu (pausa)

SANDRA (aperta o braço de Karina): - Não mente pra mim, sua vagabunda! Eu não sou tão trouxa como vocês achavam que eu era... Acabou a farsa, Karina. Acabou tudo.

Sandra solta Karina, que sai apressada para fora da boate. Neste instante, Tarso se aproxima de Sandra.

TARSO (segura Sandra pelo braço): - O que você está fazendo aqui?

SANDRA (soltando-se): - Vim acompanhar a sua reunião de negócios. Muito animada, por sinal, bem diferente daquilo que você me dizia lá em casa...

TARSO: - Vamos embora, Sandra.

SANDRA: - É claro que nós vamos. Mas antes eu preciso fazer uma coisa.

Sandra dá um tapa no rosto de Tarso e sai. Tarso leva a mão no rosto. Do lado de fora, Karina conversa com Janice e Alceu.

KARINA: - Eu juro que ia falar para vocês da boate...

JANICE: - Ia quando, Karina?! Você só nos enganou, filha!

ALCEU: - Então era esse o cursinho que você fazia à noite? Curso para mostrar o corpo feito uma vadia!

KARINA (chorando): - Não pai!

JANICE: - E enganou a Sandra! Você teve um caso com o marido dela! A mulher tão carinhosa, tão amiga! Você não tem respeito por ninguém, Karina. Por ninguém!

Alceu ataca um táxi, que para.

ALCEU: - Vamos embora. Aqui não é lugar para ter uma conversa dessas.

Os três entram no carro. Em seguida, Sandra e Tarso saem da boate.

TARSO: - Sandra espera!

SANDRA (entrando no carro): - Em casa nos falamos, Tarso. Em casa.

Sandra arranca com o carro. Tarso vai até o seu carro, apressado, para ir atrás da mulher.

CENA 05. GALERIA DE ARTE. INT. NOITE.

A galeria já está mais vazia de público. Valquíria sentada numa cadeira, maquiagem borrada, cabelo bagunçado, expressão cabisbaixa. Raquel ao seu lado.

VALQUÍRIA: - Eu acabei com tudo, Raquel. Destruí a minha exposição.

RAQUEL: - Eu nunca vi você assim, Val. Um ataque de fúria!

VALQUÍRIA: - Não sei nem como olhar para a cara das pessoas agora... E o Fernando, onde está?

RAQUEL: - Saiu às pressas com a Marcinha. Orestes passou mal em casa, não sei direito. Está no hospital... Eu não consigo é falar com o Adônis. Já liguei, mas ele não me atende.

Enquanto isso, Geórgia e Fábio vão indo embora da galeria. Ela carregando um quadro.

GEÓRGIA: - Gente, que loucura! Já ouvi dizer que artista era tudo louco, mas essa mulher superou as minhas expectativas!

FÁBIO: - Ainda bem que eu consegui salvar o seu quadro.

GEÓRGIA: - Adorei o presente, embora eu ache que não deveria ter aceitado.

FÁBIO: - Deixa de bobagem. Vai ficar lindo na sua casa, tenho certeza. Aliás, eu vou te levar pra casa.

GEÓRGIA: - Não, não. Não precisa. Eu pego um táxi aqui.

FÁBIO: - De novo essa história?!

GEÓRGIA: - É melhor assim.

FÁBIO: - Melhor pra quem se a gente não fica junto?

GEÓRGIA: - Melhor para os dois. A gente não pode ficar junto...

Geórgia faz sinal para um táxi.

FÁBIO: - Quando eu te vejo de novo?

GEÓRGIA: - A gente se encontra por aí, na lagoa...

Geórgia entra no carro, Fábio fecha a porta para ela. O táxi parte, Fábio observa, pensativo. André, Paula, Mauro e Tereza passam caminhando por Fábio, que vai embora.

PAULA: - Eu até fiquei assustada com o surto da mulher.

TEREZA: - Último do estresse!

ANDRÉ: - Mas vocês não viram que ela xingou aquele cara que foi segurar ela? Tinha gente comentando que ela flagrou ele com outra numa salinha no andar de cima.

PAULA: - Que canalha!

MAURO: - Coitada. E pelo visto, ela tem um controle emocional frágil. Destruiu os quadros da exposição num ataque de fúria tremendo.

TEREZA: - Será que é caso de tratamento?

MAURO: - Tem pessoas que sofrem de distúrbios emocionais, que não conseguem controlar os sentimentos e acabam extrapolando em situações adversas.

ANDRÉ: - Pobre moça. Vai precisar de um bom tempo para recuperar a reputação.

CENA 06. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.

Estér e Bia estão sentadas no sofá, abraçadas uma a outra, se confortando. Maria Helena caminha de um lado a outro. Fernando e Marcinha chegam ao local.

MARCINHA (aflita): - Onde está o meu avô?!

ESTÉR: - Ele está na UTI. Os médicos já estão cuidando dele.

FERNANDO: - Mas o que aconteceu?!

MARIA HELENA: - Ele sofreu um infarto.

MARCINHA: - Mas o vovô sempre foi tão saudável!

MARIA HELENA: - Essas coisas acontecem, Marcinha. Mais natural do que se imagina.

ESTÉR: - Ou são provocadas... O papai flagrou a Maria Helena e o Diogo juntos, Fernando.

FERNANDO: - Como assim?

BIA: - O Diogo é garoto de programa. E era pago pela Maria Helena para encontros secretos.

MARIA HELENA: - Além de lésbica, aberração da natureza, é fofoqueira também?

ESTÉR (firme): - Não fala assim da Bia! Ela é muito mais decente do que você, sua sem vergonha!

FERNANDO: - Chega, parem! Aqui não é hora nem lugar para isso.

MARIA HELENA: - Isso mesmo, meu filho, defenda sua mãe...

FERNANDO: - Não estou te defendendo, mãe. Muito pelo contrário. Estou pasmo com essa sua atitude totalmente baixa... Aliás, você não me parece nem um pouco arrependida pelo o que fez. Trair o papai, que sempre fez tudo o que você quis? E com o Diogo, um garoto que cresceu dentro da mansão, tem idade para ser seu neto!

MARIA HELENA: - Fernando! Você nunca falou assim comigo!

FERNANDO: - Vai ver já estava na hora de falar.

MARIA HELENA: - Já chega, não quero ouvir sermão de ninguém!

ESTÉR: - Degradante a tua postura, Maria Helena... Acabou a pose de senhora exemplar. Só o que se vê agora é a imagem de uma falsa moralista. Só isso...

Maria Helena se cala, desvia o olhar. Marcinha chora, Fernando a abraça, consolando-a.

CENA 07. APTO RAQUEL E ADÔNIS. INT. NOITE.

Adônis e Diogo na sala. Diogo sentado numa ponta do sofá. Adônis do outro lado, de pé. Silêncio na sala.

ADÔNIS: - Desde quando isso, Diogo? Desde quando você... se prostitui?

DIOGO: - Há alguns meses.

ADÔNIS: - E o que mais?

DIOGO: - O que mais o quê?

ADÔNIS: - Fala, pode falar. O que mais você tem feito nesses últimos meses? Bebendo? Cheirando? Fumando? Tá usando droga também, não ta? Fala pra mim, meu filho!

DIOGO: - Para pai!

ADÔNIS: - Fala, pode falar agora pro seu pai! Fala de uma vez, termina com esse sofrimento todo! Você entrou nesse mundo porque ficou devendo por causa da droga e ficou com medo de me contar, é isso? Fala Diogo!

DIOGO (de pé, grita): - Para!

Silêncio.

DIOGO: - Eu só queria dinheiro fácil, só isso.

ADÔNIS: - Dinheiro fácil... Deixa eu te explicar uma coisa, Diogo. Dinheiro não é fácil para ninguém. Dinheiro fácil não existe.

DIOGO: - Pra mim existia. E eu ganhava muito bem para ficar algumas horas em cima das pessoas e (pausa)

Adônis acerta um tapa no rosto de Diogo, que se cala. Ele encara Adônis, que está atônito.

ADÔNIS: - Essa história acabou aqui, está me ouvindo? A partir de amanhã, você volta para a sua vida normal, de gente decente. Agora sai da minha frente. Agora.

Diogo se afasta, indo para o seu quarto. Adônis desaba no sofá, exausto. Neste instante, Raquel chega a casa.

RAQUEL: - Adônis! Tentei ligar para você a noite toda! Eu preciso te contar o que aconteceu lá na galeria... (pausa) O que foi meu amor?

ADÔNIS: - Me abraça Raquel. Me abraça, por favor. Eu preciso de conforto agora...

Raquel abraça Adônis, que chora em seus braços.

RAQUEL: - Calma, meu amor. Calma...

ADÔNIS: - Eu preciso disso. Eu preciso chorar.

RAQUEL: - Então chora, meu bem. Eu estou aqui... Mas depois eu quero saber o porquê disso tudo.

Raquel acaricia Adônis.

CENA 08. CASA JANICE E ALCEU. INT. NOITE.

Janice, Alceu e Karina discutem.

ALCEU: - Eu nunca me senti tão magoado em toda minha vida.

KARINA: - Não fala assim, pai!

ALCEU: - E você quer que eu fale como? Aplaudindo as suas atitudes?

JANICE: - Você mentiu pra nós, Karina. A gente acreditou em você!

KARINA: - Eu sei, mas eu não fazia nada de errado! Eu apenas dançava algumas vezes no palco, mas trabalhava de garçonete!... Nunca me ofereci para ninguém na boate.

ALCEU: - Mas fora dela, deitava com o marido da Sandra, sua amiga!

JANICE: - Eu não sei com que cara eu vou olhar para a Sandra de novo... Estou tão envergonhada! Ela deve estar pensando coisas horríveis sobre a gente, sobre a educação que eu e teu pai ensinamos a você, Karina!

KARINA: - Eu nunca me ofereci para o Tarso. Acabou que aconteceu...

ALCEU: - Aconteceu?! Você está querendo nos fazer de palhaços, Karina?! Já chega! Pegue suas coisas, agora, e saia dessa casa!

KARINA: - O que?!

JANICE: - Alceu, mas agora é tarde da noite!

ALCEU: - Não me interessa... Ela não ficava naquele antro até altas horas da madrugada? Ela não deve ter medo de andar à noite, sozinha.

KARINA: - Pai, eu não tenho para onde ir!

JANICE: - Alceu!

ALCEU: - Não quero saber. Não me interessa. Aqui nesta casa você não dorme mais, Karina.

Karina chora.

ALCEU: - Janice, isso é uma ordem. Não quero saber da Karina aqui em casa. Não quero!

JANICE: - Você está jogando a sua filha na rua, Alceu!

ALCEU: - Ela deveria pensar nas consequências dos atos dela antes de fazer o que fez.

Alceu se retira.

KARINA: - Mãe...

JANICE: - Você ouviu o seu pai, filha... Eu não posso fazer nada, pelo menos agora. Com o tempo, eu vou falar com ele e ele vai deixar você voltar pra cá. Eu sei que o que você fez foi errado. Mas você é minha filha. Não quero te ver passando necessidade na rua...

Janice abraça Karina, emocionada.

CENA 09. APTO TARSO E SANDRA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Sandra discute com Tarso.

TARSO: - Precisava você levar os pais dela lá?

SANDRA: - Precisava sim! Eu ainda fiz pouco. A Karina merecia uns tapas naquela cara dela de falsa... Se fez de minha amiga para atacar o meu marido?!

TARSO: - Ridículo isso, Sandra.

SANDRA: - Ridícula é a sua cara de pau. Até quando você achou que iria me enganar, Tarso? Eu não sou mais aquela idiota do passado, que via as traições e ficava calada...

TARSO: - Eu nem cheguei a te trair com a Karina. Foi só uns beijos e (pausa)

SANDRA: - Só uns beijos?! Ah, que legal! Só uns beijos... (grita) Não me interessa! (volta ao tom) Você me traiu sim, Tarso. Chegando tarde aqui em casa, não almoçava nem jantava mais comigo, com nossos filhos. Só queria saber de reuniões de serviços e jantares de negócios... Até que um dia eu te segui e vi que você frequentava a boate e era muito bem recebido por aquela vagabunda!

TARSO: - Mas agora não tem mais nada! Você descobriu tudo e o caso acabou, pronto.

SANDRA: - Não foi só o caso que acabou, Tarso. Nosso casamento também está acabado.

Tarso começa a rir de Sandra, que permanece séria, o encarando.

TARSO: - Você não pode estar falando sério.

SANDRA: - Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.

Tarso se cala.

TARSO: - Você quer se separar de mim, é isso?

SANDRA: - Eu quero o divórcio, Tarso.

TARSO: - Depois de todos esses anos, Sandra?!

SANDRA: - Depois de todas essas vezes sendo enganada por você!... Cansa, Tarso. Cansa você ser fiel e receber traições e mais traições pelas costas.

TARSO: - Eu prometo que eu mudo, Sandra. A Karina foi à última.

SANDRA: - Cansa também ouvir promessas que nunca serão cumpridas... Esqueceu que você me disse que mudaria? E quando eu me entrego, a confiança se quebra. E é sempre pelo seu lado.

TARSO: - Pensa nos nossos filhos, Sandra...

SANDRA: - A Aline e o Talles não são mais crianças, Tarso. E eu pensei neles quando decidi pelo divórcio. Vai ser melhor para todos nós, pode ter certeza. Você vai poder ter todas as mulheres que quiser ter... Eu ficarei com a consciência tranquila de não estar sendo enganada.

Sandra vai saindo da sala, mas volta.

SANDRA: - A cama já está pronta para você no quarto de hóspedes. Já arrumei uma mala com algumas de suas roupas... Acho que você vai precisar.

Sandra se retira. Tarso fica pensativo na sala.

CENA 10. APTO VALQUÍRIA. INT. NOITE.

Valquíria chega a seu apto e encontra Bruno, sentado numa poltrona, bebendo uísque, esperando por ela.

VALQUÍRIA: - O que você está fazendo aqui?

BRUNO: - Esperando você, pra gente conversar.

VALQUÍRIA: - Você não deveria nem ter entrado aqui no meu apartamento, como se nada tivesse acontecido.

BRUNO (aproxima-se): - Você precisa me dizer o porquê daquele surto na galeria. O que as pessoas vão pensar da gente, Valquíria? Como eu vou andar na rua agora? A sorte é que os jornalistas não estavam lá...

VALQUÍRIA: - O que as pessoas vão pensar da gente?! Cala essa boca, Bruno! O que as pessoas vão pensar de mim?! É isso que você deveria dizer! Eu é que sofro nessa história toda! Mas no fundo mesmo, ninguém se importa. Nem você se importa.

BRUNO (fingido/carinhoso): - Não fale assim.

VALQUÍRIA: - Não adianta continuar polido, Bruno. Eu não vou cair no seu jogo. Na volta pra cá, a minha ficha caiu. Você estava comigo, com essa vadia que eu flagrei hoje... E com a Marília. Nós três enganadas por você. Na verdade, duas, porque essa de hoje estava bem ciente do que estava fazendo.

BRUNO: - Meu amor (pausa)

VALQUÍRIA (grita): - Não me chama de meu amor! Você não tem esse direito!

BRUNO: - Para de gritar! Os vizinhos vão ouvir.

VALQUÍRIA: - Você prefere se preocupar com os vizinhos do que comigo, ta vendo?... Ai, Bruno. Taí a nossa diferença. Você só pensa em você e nos outros, não pensa em mim. Eu te amei, mas nunca fui amada.

Valquíria muda expressão, olhar sério, com ira.

VALQUÍRIA: - Eu já tentei até me matar por você.

BRUNO: - Mas você não vai fazer isso de novo!

VALQUÍRIA: - Claro que não... Até porque, a história vai ser diferente agora... Se você não vai ser meu, não será de mais ninguém.

Bruno se mostra apreensivo.

VALQUÍRIA: - O meu amor por você é tão grande, tão intenso, que eu seria capaz de te perdoar. Mas acho que vou conseguir resistir a isso. Eu mesmo sou capaz de fazer uma loucura.

BRUNO: - Para com essas conversas, Valquíria! Já chega!

VALQUÍRIA: - Duvida, Bruno? Duvida eu fazer uma loucura? Você sabe que eu sou capaz de tudo!

BRUNO: - Independente do que você fizer, eu não vou ficar atrás de você. Não vou mais aturar os seus ataques.

VALQUÍRIA: - Você vai embora, é isso? Vai então! Vai morar com aquela sem vergonha! Vai!

BRUNO: - Você é realmente uma desequilibrada. Merece mesmo ficar é sozinha. Eu fui muito homem pra te aturar.

Bruno deixa o copo na mesa de centro e sai do apartamento. Valquíria fica por um instante encarando a porta, fechada. Ela caminha até o copo, bebe um gole do uísque, o restinho que ficou e, em seguida, joga o copo contra a porta.

VALQUÍRIA: - Eu posso até ficar sozinha, Bruno. Mas você não vai sair ganhando... Não vai!

CENA 11. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / APTO WALTER. INT. DIA.

Imagens do Rio ao amanhecer. Mostra as praias, os prédios da cidade, a marina da Glória. Corta para o interior de um apto, bem decorado. A sala de estar/jantar, com uma ampla janela de uma varanda de frente para o mar. Uma farta mesa de café está exposta. Walter está sentado à ponta da mesa, tomando café. Karina se aproxima, senta-se ao lado dele.

WALTER: - Bom dia, amiga.

KARINA: - Bom dia, Walter.

WALTER: - E então, como você está agora?

KARINA: - Um pouco melhor, mas ainda triste, sabe? Não caiu a ficha que tudo isso aconteceu comigo ontem...

WALTER: - Com o tempo a coisa passa, a poeira baixa e tudo vai se acertando.

KARINA: - Obrigada, Walter. Valeu mesmo por me ajudar. Eu não tinha para aonde ir. Se não é você me dar uma mão, eu estava dormindo no banco da praça.

WALTER: - Quando você saiu de lá da boate ontem eu sabia que alguma coisa ia acontecer. Já estava esperando teu grito de socorro... Não quero ficar colocando o dedo na ferida, mas cedo ou tarde, isso iria acontecer, Karina. O caso entre você e o Tarso seria descoberto. Agora, sobre os seus pais, talvez eles nunca soubessem do seu trabalho noturno. Mas você deu azar da mulher traída ser amiga deles.

KARINA: - A Sandra foi vingativa, Walter.

WALTER: - Também pudera, Karina. Vocês eram amigas e estava dormindo com o marido dela!... Eu até achei que ela estava bem controlada, segura de si.

KARINA: - Tá defendendo?

WALTER: - Não, estou elogiando o autocontrole dela. Se fosse outra mulher, já tinha feito um barraco daqueles, quebrado você dos pés à cabeça e posto fogo na cara do marido! E, se duvidar, cortado o dele fora!

KARINA: - Credo, Walter! Quanta tragédia!

WALTER: - É só pra você ver que no final das contas, não foi tudo tão ruim. Poderia ter sido bem pior... Agora toma o seu café, descansa um pouco. Pensa na vida, ta? Se preferir, dá um pulinho ali na praia, se banha no mar... Deixa a água levar esse peso que você ta carregando aí... Vai te fazer bem. Quando você se sentir melhor, aí sim, pensa no que vai fazer.

KARINA: - Obrigada amigo. Obrigada.

Os dois seguem tomando café.

CENA 12. CASA SÍLVIA. INT. DIA.

Café da manhã na casa de Sílvia. Júlio e Melissa estão à mesa. Sílvia chega da cozinha, trazendo os pães. Os três tomam café. Clima de harmonia.

MELISSA: - Pão quentinho!

SÍLVIA: - O padeiro tirou do forno faz pouco tempo. Tive a sorte de ser a primeira da fila.

JÚLIO: - E hoje ta um dia tão lindo, bom para passear.

MELISSA: - A gente podia né? Fazer um programa em família.

SÍLVIA: - Você quer, filha?

MELISSA: - Eu quero... Vocês não querem?

JÚLIO: - Claro! Vamos sim!

SÍLVIA: - E aonde você quer ir?

MELISSA: - Sei lá... Jardim Botânico?

JÚLIO; - É uma boa! Por mim, tudo ok.

SÍLVIA: - Ah, mas eu preciso passar no mercado antes do passeio...

MELISSA: - Eu passo no mercado pra você, mãe.

SÍLVIA: - Faz isso?

MELISSA: - Claro. Assim já compro algumas coisas para a gente fazer um piquenique.

JÚLIO: - Gostei da sua disposição, Melissa!

MELISSA: - Eu quero recuperar o tempo perdido. Quero curtir todos os momentos com vocês.

Sílvia sorri, meiga. Melissa se levanta, beija os pais.

MELISSA: - Vou para o quarto me arrumar.

JÚLIO: - Nem tomou seu café direito, filha.

MELISSA: - Tomei sim! Comi frutas e tudo! (risos)

Melissa sai.

SÍLVIA: - Ver a Melissa assim, tão carinhosa, tão contente, me deixa muito feliz.

JÚLIO: - Eu também fico feliz em ver que agora somos uma família.

O sorriso de Sílvia some de repente e ela sente um arrepio.

SÍLVIA: - Nossa! Me deu um arrepio agora!

JÚLIO: - Por quê?!

SÍLVIA: - Sei lá... Uma sensação estranha... Bom, deve ser bobagem.

Júlio volta a tomar café. Sílvia fica pensativa.

CENA 13. CASA MARÍLIA. INT. DIA.

Ilza abre a porta da casa. Valquíria entra apressada, um tanto aflita.

VALQUÍRIA: - A Marília! Eu preciso falar com a Marília!

ILZA: - A Marília está dormindo, moça! Acalme-se, por favor!

VALQUÍRIA: - Eu preciso falar com ela. É urgente!

Amália entra na sala.

AMÁLIA: - Você não ouviu o que a minha mãe disse? A Marília não pode te atender.

VALQUÍRIA: - Cala a boca, sua sem vergonha!

AMÁLIA: - Você me respeite! Está na minha casa!

Marília e Pedro descem as escadas, surpresos pela agitação.

MARÍLIA: - Gente, o que está acontecendo aqui?

PEDRO: - Dá pra ouvir os gritos lá de cima.

ILZA: - Essa moça aqui, entrou feito um foguete aqui em casa, filha. Ela quer falar com você.

MARÍLIA: - Comigo?

VALQUÍRIA: - Marília, não sei se você se lembra de mim. Sou Valquíria, amiga do Fernando e da Raquel.

MARÍLIA: - Claro, já nos encontramos antes, em outras ocasiões. Mas o que você tem de tão importante pra falar comigo?

VALQUÍRIA: - Antes, eu preciso dizer que ontem, na minha exposição, eu flagrei o Bruno e a sua irmã aos beijos.

Amália gela.

MARÍLIA: - Como?!

PEDRO: - Mãe!

AMÁLIA: - Essa mulher é louca! Tem a coragem de vir aqui e inventar uma coisa dessas?

VALQUÍRIA: - Não é invenção. A Raquel também viu. O Bruno está de caso com a sua irmã.

ILZA: - Amália! Quanto disparate!

AMÁLIA: - É mentira!

VALQUÍRIA: - Não é mentira!... Marília, o Bruno estava enganando você e eu. Porque eu também estava com ele. O Bruno morava no meu apartamento, dormia na minha cama, comigo.

Marília senta-se no sofá, chocada. Pedro vai ao seu lado, procura ajudar.

PEDRO: - Por que você está dizendo pra minha tia agora?

VALQUÍRIA: - Porque só agora eu descobri o quão canalha o Bruno é. E pelo visto, a sua irmã também.

Amália parte para bater em Valquíria, mas Ilza a segura.

ILZA: - Você não ouse levantar a mão para ela, está ouvindo?

AMÁLIA: - Não vou deixar ela me insultar!

MARÍLIA (levanta-se): - Mas você merece, Amália!... Sempre me invejou, me viu pelas costas. Agora, me trair com o Bruno, isso é demais!

VALQUÍRIA: - Tem mais uma coisa, Marília. Eu não posso ir embora sem antes te entregar isso.

Valquíria retira da bolsa um cd e entrega para Marília.

MARÍLIA: - O que é isso?

VALQUÍRIA: - A pedido do próprio Bruno, quando eu ainda estava loucamente apaixonada por ele, eu fui até a Áurea Calçados conversar com o Fernando... O Bruno pediu para que eu falasse com ele, pois queria fazer uma surpresa para você.

ILZA: - A gravação!

VALQUÍRIA: - Eu gravei a conversa com o Fernando, como o Bruno me pediu e entreguei para ele. O Bruno editou a conversa...

MARÍLIA: - Eu recebi um cd mesmo... Até foi... (encara Amália) Foi você quem colocou o cd, fez questão que eu escutasse tudo!

VALQUÍRIA: - A verdadeira gravação é essa aí. Tem toda conversa, tudo... O Fernando ama você, Marília. Ele jamais teria dito alguma coisa contra isso.

AMÁLIA: - Você quer o quê afinal? Enlouquecer a minha irmã?

VALQUÍRIA: - Eu estou é fazendo o que é certo. Abrindo os olhos dela e mostrando toda a verdade... (segura a mão de Marília) Não sei se essa foi a melhor forma, mas eu fiz o que eu achei justo.

MARÍLIA: - Eu nem sei o que dizer, Valquíria... Muito obrigada!

Valquíria abraça Marília e sai da mansão.

PEDRO: - Mãe... Você foi capaz de fazer tudo isso?

AMÁLIA: - É claro que não, Pedro! Essa Valquíria é uma descontrolada! Quebrou toda a galeria ontem, teve um surto! Tá todo mundo comentando.

MARÍLIA: - Você é tão baixa, Amália, que nem pra armar contra mim você consegue... E é por esse seu espírito ruim, obscuro, que você sempre vai ficar em segundo plano. Em tudo.

AMÁLIA: - Sabe de uma coisa, Marília? Eu até fiquei feliz em ver você chorar, de tristeza. Essa sua felicidade às vezes me cansa.

Marília acerta um tapa no rosto de Amália.

MARÍLIA: - A minha felicidade te dói, na verdade. E sabe por quê? Porque você não sabe o que é ser feliz. E não tem capacidade de lutar pela sua felicidade. Mas agora, eu quero que você morra de inveja. Exploda, se possível.

Marília vai saindo.

ILZA: - Aonde você vai, Marília?

MARÍLIA: - Eu vou atrás do Fernando, mãe. Vou atrás da minha felicidade!

Marília sai.

PEDRO: - Eu nem sei o que te dizer, mãe...

AMÁLIA: - Não fala nada, Pedro. Você também, ao invés de me defender, fica apoiando a sua tia. Nem pra isso você serve. Nem pra ficar do lado da sua mãe.

ILZA: - Não fale assim com o garoto!

AMÁLIA: - Falo! Ele é um inútil mesmo!

PEDRO: - Eu não sou inútil! Eu sou é do bem, coisa que você não é.

Pedro sai. Amália e Ilza sozinhas na sala.

AMÁLIA: - Viu só o jeito que ele fala comigo? Garoto chato.

ILZA: - Você é realmente um poço de amargura, Amália... Desde criança sempre foi assim, amarga, invejosa, egoísta...

AMÁLIA; - Sim, né? Motivos eu tenho! Você sempre preferiu a Marília do que a mim.

ILZA: - Nunca, Amália! Tudo o que eu dei para a Marília, você também ganhou. Só não soube aproveitar. Essa sua inveja da Marília, esse rancor. Sempre isso entranhado nas suas atitudes, na sua alma! Você se tornou uma pessoa ruim.

AMÁLIA: - E você uma velha chata, com esse discurso idiota. Eu não tenho mais idade pra ficar ouvindo sermãozinho, mãe.

ILZA: - Claro que não tem... Mas eu sou sua mãe e uma coisa eu sei. Você ainda tem idade para levar uma boa surra. Que foi o que faltou na sua educação.

Ilza dá um tapa no rosto de Amália, que vira o rosto e volta a encarar a mãe, com ar de desprezo. Ilza acerta outro tapa. Amália repete a atitude, olhar com raiva para Ilza. Ilza acerta vários tapas em Amália, que cai no sofá, chorando. Ilza continua dando tapas em Amália, pelo corpo. Ela também chora, mas não deixa de dar os tapas na filha, que apanha encolhida no sofá, chorando, misto de tristeza, dor e raiva.

CENA 14. ESCRITÓRIO ADÔNIS. INT. DIA.

Diogo trabalha no escritório. Adônis passa por ele, deixa alguns papéis em sua mesa.

DIOGO: - Quando o Renato volta?

ADÔNIS: - Ele chega hoje de Búzios. Amanhã já está no escritório. Por enquanto, você continua fazendo o trabalho dele.

Adônis sai. Diogo faz cara de enfado. Um homem, magro, alto, cabelo curto, preto, vestido calça jeans, tênis, blazer de linho e camisa branca (por volta dos 40 anos) se aproxima da mesa de Diogo.

HOMEM: - Olá.

DIOGO: - Sim?

HOMEM: - Eu me chamo Robson, trabalho para uma agência de modelos. Somos clientes daqui do escritório.

DIOGO: - Deve ser a Portal. É a única agência que fazemos contabilidade.

ROBSON: - Isso mesmo... Então, eu sou produtor de moda lá, também ando em busca de novos rostos para a agência. E acho que você se encaixa no perfil que estamos procurando para um novo projeto.

DIOGO: - Eu não levo jeito pra isso não.

ROBSON: - Passa lá na agência. (deixa um cartão) Tenho certeza que você se encaixa. O que acha de passar uma temporada na Holanda, trabalhando como modelo?

DIOGO: - Holanda?!

ROBSON: - Vai pensando... Mas acho que você não pode perder essa oportunidade.

Robson se afasta, vai embora. Diogo fica com o cartão de visitas à mão, pensativo.

DIOGO: - Holanda...

CENA 15. ÁUREA CALÇADOS. SALA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.

Tarso conversa com Fernando.

TARSO: - E agora a Sandra quer o divórcio. Eu não sei o que fazer.

FERNANDO: - Tenta conversar com ela novamente.

TARSO: - Ela está irredutível.

FERNANDO: - Também pudera, Tarso. Mais uma traição, e com a amiga dela...

TARSO: - Eu também não sei onde estava com a cabeça quando deixei a situação ir se desenrolando. Não deveria ter dado corda. Mas eu não resisto a um rabo de saia...

FERNANDO: - Bom, pelo visto a bruxa estava à solta ontem.

TARSO: - É verdade. E Orestes, como está?

FERNANDO: - Bem melhor. Já está no quarto, no hospital. Acredito que terá alta em breve.

TARSO: - Mas o que foi que aconteceu?

FERNANDO: - Flagrou a mamãe com o Diogo. Na cama.

TARSO (surpreso): - Como é que é?! A Maria Helena e o Diogo, filho do Adônis?!

FERNANDO: - Parece de outro mundo, mas é verdade. Diogo era garoto de programa e a minha mãe estava tendo um caso com ele.

TARSO: - Acho que essa nem a Sandra, que é amiga dela, sabe.

De repente, a porta da sala se abre e Marília entra apressada.

FERNANDO (surpreso): - Marília?

MARÍLIA: - Desculpa entrar aqui sem avisar, Fernando. Mas eu precisava fazer uma coisa.

Marília se abraça no pescoço de Fernando e o beija. Fernando se deixa levar. Tarso, surpreso, sai da sala, deixando os dois a sós.

FERNANDO: - Nossa!

MARÍLIA: - Eu quero pedir desculpas pra você por não acreditar em nada do que me disse, a respeito da gravação. Daquela declaração horrível.

FERNANDO: - Eu nunca faria uma coisa dessas, Marília. Eu sempre amei você!

MARÍLIA: - A Valquíria me contou tudo, como foi. Essa gravação não passou de uma armação do Bruno e da Amália para separar a gente.

FERNANDO: - É mesmo?!

MARÍLIA: - É sim. A Valquíria me entregou um cd com a gravação original. Eu vim pra cá escutando no carro, toda a conversa na íntegra... Você não disse nada de ruim, Fernando. Foi uma montagem maldosa que fizeram.

(sobe trilha “Aliança das Marés” – Paula Lima e Péricles)

FERNANDO: - Que bom que você conseguiu ter acesso a isso. Eu não aguentava mais ficar longe de você, Marília.

MARÍLIA: - Por isso eu vim correndo pra cá. Eu te amo, Fernando! Quero ficar junto com você pra sempre!

Fernando abraça Marília e a beija, apaixonadamente.

CENA 16. APTO GEÓRGIA E RENATO. INT. DIA.

(fade out trilha “Aliança das Marés” – Paula Lima e Péricles) Geórgia fica feliz com a volta de Renato. Ela abraça o marido na porta de casa.

GEÓRGIA: - Eu não aguentava mais de saudades de você! Essa viagem parece ter sido muito longa!

RENATO: - Parece que foi mesmo, amor. Também estava com saudades de você.

Os dois se beijam. Renato entra no apto com a mala, deixa no sofá.

GEÓRGIA: - E então, como foram os negócios?

RENATO: - Tudo certo. Acho que vamos expandir o escritório em breve. Ainda nem falei com o Adônis, mas temos grandes chances.

GEÓRGIA: - Que bom, amor!...

RENATO: - Agora, o que eu preciso mesmo é de um banho. Estou cansado de andar de ônibus.

GEÓRGIA: - Claro, vida!... Vai lá, toma um banho bem gostoso. Depois vem aqui que eu te faço uma massagem relaxante.

RENATO: - Você deveria era estar trabalhando agora, dona Geórgia...

GEÓRGIA: - Tirei um dia de folga pra ficar com você, senhor Renato. Agora vai lá e toma esse banho rápido porque eu quero te curtir!

Os dois se beijam. Renato vai para o quarto.

GEÓRGIA: - Acho que já vou desfazendo a mala dele. Assim ele não precisa se preocupar com isso.

Geórgia abre a mala de Renato e começa a tirar as roupas de dentro. Ela encontra uns papéis dobrados junto das roupas e começa a abrir. Uma foto cai no chão. Geórgia pega a foto e vê Ivan e Renato de mãos dadas na beira da praia.

GEÓRGIA (surpresa): - O que é isso?... (lê a carta)

VOZ IVAN: - Renato. Impossível descrever o quanto eu estou feliz estando ao teu lado nesses dias incríveis aqui em Búzios. Cada momento para mim parece me encher de alegria mais e mais... Você está proporcionando para nós dois algo tão marcante que eu gostaria que durasse para sempre. Tudo é bom, tudo é lindo. Desde o café da manhã, até a hora em que voltamos para a cama...

Geórgia pausa, incrédula. Lágrimas brotam de seus olhos. Ela encara a foto mais uma vez. Volta a ler a carta.

VOZ DE IVAN: - Tudo é bom, tudo é lindo. Desde o café da manhã, até a hora em que voltamos para a cama, onde nos amamos intensamente todas as noites. Estar com você, sentir o seu corpo, seu cheiro... Isso tudo me fascina. Seu perfume fica na minha pele e seu carinho, guardado em meu coração. Essa foto é a prova da nossa felicidade. A prova do nosso amor. Que mais momentos como esse possamos passar juntos, eu e você. Com amor e carinho. Ivan.

Neste instante, Renato retorna para sala.

RENATO: - Amor, esqueci de pegar minha lâmina de barbear para (pausa / vê Geórgia chorando) O que foi, amor?

GEÓRGIA: - O que significa isso, Renato?

Geórgia mostra a carta e a foto para Renato, que fica sem reação.

GEÓRGIA: - Você viajou para ficar a sós com o Ivan, é isso?

RENATO: - Geórgia, eu (pausa)

GEÓRGIA (interrompe): - Renato, você é gay?!

Os dois ficam a se encarar.

CENA 17. CASA MARÍLIA. INT. DIA.

Marília chega a casa, chamando por Amália.

MARÍLIA: - Amália! Amália!

Ilza entra na sala.

MARÍLIA: - Cadê a Amália, mamãe?

ILZA: - Deve estar se recuperando das palmadas que ela levou de mim.

MARÍLIA: - Mamãe!

ILZA: - Ela merecia isso há anos!...

Amália vai descendo as escadas devagar, dolorida.

AMÁLIA: - O que você quer? Vai bater em mim também?

MARÍLIA: - Não, não mesmo. Eu vim aqui dizer que você vai recomeçar a sua vida. Longe daqui.

AMÁLIA: - Como assim?

MARÍLIA: - Você vai arrumar suas coisas e vai embora dessa casa, Amália.

AMÁLIA: - Marília! Você está me expulsando daqui, é isso?!

MARÍLIA: - Estou... Mas não se preocupe. Você não vai ficar desamparada, sem teto. Já vi um bom apartamento para você morar, com tudo o que você precisa.

AMÁLIA; - É mesmo é?

MARÍLIA: - Sim. Agora arrume as suas coisas logo. Quero você fora daqui hoje mesmo.

Amália sobe as escadas.

ILZA: - Você fez isso mesmo, filha?

MARÍLIA: - Fiz mamãe. Não tem cabimento a Amália ficar aqui na mansão depois de tudo o que ela fez comigo. O Pedro sim pode ficar, se quiser. Aliás, até prefiro que ele fique. Eu gosto muito dele.

ILZA: - Que bom, meu amor. Mas, aonde é esse apartamento que você arrumou para a Amália?

MARÍLIA: - Surpresa!... Venha junto mamãe. Chame o Cristóvão também. Quero todos presentes nesse pontapé inicial da nova vida da Amália...

CENA 18. VILA ISABEL. RUA. EXT. DIA.

Melissa caminha pela rua, com as sacolas de compras do mercado. A rua não está movimentada. Ela passa por um beco, quando alguém a chama.

VOZ FEMININA: - Melissa!

Melissa para, olha, não vê ninguém. De repente, Rosana se aproxima de Melissa por trás e prendendo a boca dela com um pano. Melissa tenta se soltar.

ROSANA: - Surpresa filha querida!

Laerte desce do carro, estacionado próximo ao beco e se aproxima delas, amarrando as mãos de Melissa.

LAERTE: - Como vai, filha? Papai não vai te machucar não.

ROSANA: - Anda logo, Laerte!

Rosana puxa a arma da cintura e coloca na cabeça de Melissa.

ROSANA: - Agora você vai obedecer à mamãe. Entra nesse carro quietinha.

Rosana entra com Melissa no carro. Laerte vai à frente, dirigindo. Ele liga o carro e sai. O carro passa pela rua, no mesmo instante em que Tereza caminha na calçada. Ela vê Rosana, Laerte e Melissa no carro.


TEREZA
: - Mas era a Melissa naquele carro!

 


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