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Quase Perfeito - Capítulo 01

Minissérie de Wesley Alcântara
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CAPÍTULO 1
 
     
 
 
 

CENA 01. RIO DE JANEIRO. AVENIDA ATLÂNTICA. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: SOLTA A BATIDA – LUDMILLA.

Dia Ensolarado. ÂNGULO ALTO pegando a praia de Copacabana e seguindo a Avenida Atlântica, até acompanhar uma moto modelo CB – 300 cilindradas, de cor preta. Uma pessoa, trajando roupas de couro e escuras, capacete preto e mochila grande nas costas, corta os carros em alta velocidade, manobras arriscadas e efetuadas com grande êxito.

CENA 02. PRAIA DE COPACABANA. QUIOSQUE. EXT. DIA.

A pessoa estaciona a moto, tira o capacete, revelando ser Tânia (negra, bonita, cabelo longo cacheado).

CAM em SLOW MOTION. Tânia caminha graciosamente em direção ao interior do estabelecimento, os homens a olham embasbacados, mas ela nem os nota.

MÚSICA CESSA.

CENA 03. QUIOSQUE. INT. DIA.

Tânia chega até o balcão do local, abre a mochila e retira três marmitas de comida e entrega a Zé Carlos (branco, alto, malhado, cabelos loiros e longos).

ZÉ CARLOS – Sempre pontual, hein, Taninha.

TÂNIA – Comigo é assim, Zé. Agora vê se tá tudo do teu agrado.

ZÉ CARLOS – Sempre tá. É a melhor motogirl do Rio.

Tânia sorri, dá uma piscadela de olho para ele.

ZÉ CARLOS – Fica e almoça comigo, Tânia.

TÂNIA – Tô a trabalho, homi de Deus. Deixa pra próxima.

Tânia se afasta, vai saindo.

Do P.V de Zé Carlos, vemos Tânia subir na moto e arrancar.

CENA 04. RESTAURANTE RANGO BOM. INT. DIA.

Local pequeno, mas muito bem limpo e organizado. Algumas pessoas estão sentadas nas mesas dispostas por todo o salão. Garçons circulam.

Ao fundo, há uma pequena mesa de madeira com um telefone, um notebook e uma prancheta de anotações. O telefone toca.

Teodoro (45 anos, moreno, cabelo preto, calça social preta e camisa branca) se aproxima e atende.

TEODORO (tel.) – Rango Bom, boa tarde!

Teodoro estranha, mas faz que sim com a cabeça, anota algumas coisas e em seguida desliga o telefone. Tânia se aproxima dele.

TEODORO (encucado) – Menina do céu, pediram umas quentinhas.

TÂNIA (debocha) – Normal. Aqui é um restaurante. Esperava o quê? Pedidos de fraldas?

TEODORO – Não é isso, Tânia. É que pediram para uma casa na subida da Floresta da Tijuca. É longe, falei do valor da taxa de entrega, mesmo assim aceitaram.

Tânia vai passando por Teodoro, indo em direção à cozinha.

TÂNIA – Aceita, meu amigo, seu negócio tá ficando famoso.

CENA 05. RESTAURANTE RANGO BOM. COZINHA. INT. DIA.

Daiana (50 anos, branca, trajando uniforme e touca cirúrgica) está arrumando inúmeras quentinhas em um grande balcão de granito. Teodoro e Tânia se aproximam.

TÂNIA – Qual a próxima remessa, Dai?

DAIANA – Tem daqueles executivos lá do Leblon.

TEODORO – Nada disso. Deixa pros rapazes levarem. Você, Tânia, vai levar essas quentinhas lá da Floresta da Tijuca. Só confio em você pra chegar rápido e com a comida em perfeito estado.

TÂNIA – Só arrumar, chefinho.

Tânia deposita a mochila ali próximo. Vai até a geladeira e retira uma garrafa d’água.

TÂNIA – Esse calor todo no Rio de Janeiro deve ser preparação pro inferno, só pode.

Tânia dá uma golada na água.

CENA 06. COPACABANA PALLACE. FACHADA PRINCIPAL. EXT. DIA.

Música abafada, vinda do interior do local. Luzes coloridas iluminam a entrada, que está ornamentada com tapete vermelho e flores decorativas. Além de inúmeros fotógrafos e jornalistas.

CENA 07. COPACABANA PALACE. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

SONOPLASTIA: THIS IS WHAT YOU CAME FOR – RIHANNA FEAT. CALVIN HARRIS.

PLANO GERAL. Local cheio de pessoas em trajes de gala. Garçons circulando com bandejas de champanhe, uísque e canapés; muito vozerio entre os convidados, todos aparentando felicidade. Um fotógrafo circula pela multidão.

No meio do salão há uma enorme passarela, muito bem decorada. Fileiras de cadeiras sofisticadas em volta.

Marta (45 anos, cabelo castanho, magra, trajando terninho e saia em tom pastel) e Consuelo (65 anos, baixa, loira, gordinha, trajando vestido azul Royal e colar de pérolas) estão sentadas na primeira fila.

MARTA – Essa coleção da Laica Vidigal vai ser um sucesso, aposto.

CONSUELO – Dizem que ela se inspirou nas antigas rainhas.

MARTA – Mas são as rainhas africanas. Lembre-se deste pequeno detalhe.

Consuelo faz cara feia.

MARTA – A propósito, mamãe, achei lindo esse seu colar de pérolas. Não conhecia.

CONSUELO – Comprei ontem. Peça exclusiva de Hera Houston.

Marta faz cara de surpresa.

MARTA – Mas deve ter sido uma fortuna. Como fez para papai te dar todo esse dinheiro?

CONSUELO – Falei que estava investindo em ações do pré-sal.

MARTA – Mas a senhora não entende nada disso.

CONSUELO – Meu bem, ludibriar um homem é mais fácil que andar sobre os próprios pés.

As duas se olham e riem.

CAM SEGUE PARA OUTRO LADO.

Edgar (32 anos, loiro, branco, trajando terno vermelho) e Ayres (38 anos, morena clara, cabelo cacheado, vestido floral) estão tomando champanhe e olhando o ambiente.

AYRES – A Laica investiu mesmo na divulgação da nova coleção dela.

EDGAR – Que vai ser novamente um fiasco. Tosca. Agora tá dizendo que se inspirou nas rainhas africanas. Logo ela, que diz que a África é um país.

AYRES – E não é?

EDGAR – Deixa de ser tonta, Ayres. Já, já eu te demito, meu bem.

Ayres e Edgar começam a circular pelo ambiente, quando dão de frente com Hugo Gloss.

EDGAR (cínico) – Hugo, meu querido, uma honra te ver aqui.

HUGO GLOSS – Edgar Zampari, subornou quem para estar nesse evento?

EDGAR – Pra você ver, Huguinho, eu tô crescendo como blogueiro.

HUGO GLOSS – Falando mal da vida dos outros? Alfinetando artista? Usando de meios escusos para obter informações, muitas vezes falsas? Meu bem, o seu nicho é mais sujo que a Baía de Guanabara. Se enxerga, criatura.

Hugo Gloss sai, deixa Edgar ali, cara de tacho.

As luzes se apagam e começa o desfile. Modelos negras em trajes lindíssimos, muito colorido, acessórios grandes, turbantes.

Ao final do desfile, as luzes se acendem e Laica (negra, cabelo alisado e longo, trajando um vestido com cores vibrantes) desponta ao final da passarela e é ovacionada.

CENA 08. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: PESADÃO – IZA FEAT MARCELO FALCÃO.

DIA ENSOLARADO. Takes aéreos de diversas praias da zona sul do Rio, seu contraste com as favelas. Último take na fachada de um prédio pequeno e residencial em Copacabana.

MÚSICA CESSA.

CENA 09. APARTAMENTO. INT. DIA.

Pequeno quitinete com uma suíte. Tudo simples, mas bem preservado.

Kléber (45 anos, moreno alto, cabelo castanho) e Joanne (40 anos, cabelo castanho longo, trajando calça jeans e camisete branco).

JOANNE (impaciente) – Me fez sair da delegacia e vir até aqui para quê, Kléber?

KLÉBER – Acho que tudo ficou estranho desde o nosso último encontro, não acha?

JOANNE – Não, não acho. Aliás, eu não tenho vocação pra ser amante e você sabe disso, cara. Eu sou delegada, tenho um nome, uma posição a zelar. Você é empresário, também deve ter zelo com seu nome.

KLÉBER – Eu não tô nem aí, Jô.

JOANNE – Mas eu estou. Não acho certo o que a Marta passa, não acho certo o que me sujeito. Olha pra isso, pra esse lugar. Você acha que isso aqui é o que?

KLÉBER – É o nosso lugar, nosso ninho de amor.

JOANNE – Ninho de amor, Kléber? Isso aqui é um abatedouro, um pulgueiro da pior espécie. Eu gosto de você, mas desse jeito não dá. Dez anos sendo sua amante, dez anos com a vida presa. É com ela que você sai em foto na coluna social, é ela que é reverenciada como a Senhora Magalhães. E eu? A mim só restam poucas horas na cama de um hotelzinho. Eu não quero isso.

Joanne vai saindo, Kléber a segura pelo braço e a puxa para si. Ficando cara a cara. Tempo nisso.

SONOPLASTIA: TE ESPERANDO – LUAN SANTANA.

KLÉBER – Me dá um tempo. Só um tempo.

JOANNE – Não dá pra ficar nisso, Kléber. Eu te amo, mas não sei por quanto tempo mais eu vou suportar.

Joanne deixa escorrer uma lágrima. Os dois se beijam.

Cortes descontínuos das carícias e beijos entre os dois.

SLOW-MOTION: Kléber tira a calcinha de Joanne e beija seu sexo, ela delira de prazer.

MÚSICA CESSA.

CORTA PARA: O casal na cama, seminus, Joanne deitada no peito dele.

JOANNE – Essa foi a minha última transa sendo sua amante. Não tem mais tempo.

CENA 10. FLORESTA DA TIJUCA. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: SO NICE – BEBEL GILBERTO

Takes rápidos e pontuados da floresta, mostrando toda a sua beleza, as pessoas fazendo trilhas, os lagos.

MÚSICA CESSA.

CENA 11. CASEBRE. INT. DIA.

Local cercado por árvores e caindo aos pedaços. Tânia desce da moto, retira um papel do bolso e olha, em seguida, volta a olhar para a numeração do casebre.

TÂNIA (pra si) – Bom, é aqui mesmo.

Ela caminha em direção a casa. Bate palma, assobia, mas ninguém atende. Ela dá uma empurrada na porta e se assusta ao ver quem está no interior da casa.

TÂNIA (surpresa) – Você?!

   

 

     
     
 
QUASE PERFEITO - CAPÍTULO 1
     
 

CENA 12. COPACABANA PALACE. SALÃO DE FESTAS. INT. DIA.

Música pop ambiente. Edgar circula com Ayres.

EDGAR (olhando o celular) – O pessoal quer que eu faça uma live e conte a eles o que rolou nesse desfile. Mas é pra já. Live no Instagram e Facebook.

Edgar levanta o celular, ao modo de aparecer seu rosto e parte do local onde está.

EDGAR – Gravando... Queridos e queridas, amores e amoras, pitangas e kiwis, hoje estou aqui no Copacabana Palace para o evento de moda de Laica Vidigal e já lhes adianto que ela mais prometeu do que cumpriu.

Nesse instante, Laica aparece atrás de Edgar, mas ele não a nota.

EDGAR – Foi uma coleção marcada pelo gosto duvidoso, com cores que não se harmonizam e acessórios que você encontra fácil em lojas paraguaias para fantasias carnavalescas. Chegando em casa eu lhes conto os detalhes. Agora, minha assistente Ayres Duran mostrará como está o ambiente e as pseudo celebridades que se dispuseram a vir nesse show de horrores.

Edgar entrega o celular para Ayres, que começa a gravar tudo.

LAICA – Então o desfile não ficou do seu agrado, Edgar?

Edgar vira-se assustado. Dá um sorriso amarelo para Laica.

EDGAR – Realmente... Não gostei do que vi, Laica. Você já foi mais competente.

LAICA – Talvez você não entenda a proposta da coleção. Não te culpo pela sua ignorância. Acontece...

Ayres começa a filmar os dois.

EDGAR – Ignorante? Você sabe onde estudei? Escola de Belas Artes.

LAICA – Poupe-me, Edgar. Você completou o ensino médio num supletivo, comprou um celular em doze parcelas, pôs recarga na banca da esquina e saiu achando que era blogueiro.

EDGAR – Era, não, meu amor. Sou! Aceita que você é ridícula e não tem dom pro que faz. Sabe o que eu faria com aquele amontoado de tecido em cores cítricas ali? Daria pra uma escola de samba que homenageie a laranja e o limão.

Laica dá um tapa em Edgar. Todos olham ao redor. Ayres permanece filmando.

EDGAR – Você é suja, Laica. Suja!

Laica desfere mais dois tapas, derrubando Edgar no chão.

LAICA – Agora sim você está onde merece, seu rato de bueiro.

CENA 13. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: VOCÊ PRECISA DE ALGUÉM – JOTA QUEST FEAT. MARCELO FALCÃO.

Um giro pela Zona Sul, mostrando seus principais pontos, desde a Praia de Copacabana até o Morro do Vidigal. Takes rápidos e pontuados.

CENA 14. SHOPPING. INT. DIA.

Marta e Consuelo passeiam pelo local com algumas sacolas de compras em mãos.

MÚSICA CESSA.

MARTA – Que cena deplorável aquela no fim do evento.

CONSUELO – Coisas de Brasil, minha querida. Faz muito bem o seu pai que vive mais no Canadá do que aqui.

MARTA – Aquele blogueirinho é bem maléfico, a senhora não acha?

CONSUELO – Achei. Mas a Laica foi radical demais.

MARTA – Em estapear o rapaz?

CONSUELO – Também. Mas digo por colocar só modelo negra e com aqueles trajes exóticos.

MARTA – Mas, mamãe, era inspirado nos países da África Subsaariana. Normal que as modelos sejam negras. Aliás, não sei qual o espanto.

CONSUELO – É que aquelas cores não combinaram com elas. Uma pele mais ariana seria bem mais apetitoso para nossos olhos.

MARTA – Xiu! Se te ouvem falar essas coisas, a senhora pode ir presa.

CONSUELO – Só mesmo nessa republiqueta tupiniquim. Imagine só, eu, Consuelo Castelo Branco, nascida e criada em berço de ouro, ser presa por uma coisinha insignificante que mora na favela e teve os avós criados no fundo de uma senzala. É demais pra mim, Marta Beatriz. Demais!

Em Marta, chocada.

CENA 15. RESTAURANTE RANGO BOM. SALÃO. INT. DIA.

Teodoro e Daiana estão lavando o local.

TEODORO – Sabe das horas, Daiana?

DAIANA – Já são quase três da tarde.

TEODORO – Estranho... A Tânia não voltou e nem ligou para dizer se houve algum imprevisto.

DAIANA – Tem razão. Vou tentar ligar pro celular dela.

Daiana vai até o balcão e disca alguns números no telefone. Tempo nela.

DAIANA – Nada, Teodoro. Só dá desligado.

TEODORO – Vamos aguardar um pouco mais.

CENA 16. JOALHERIA CINTRA. INT. DIA.

Uma jovem está atendendo uma senhora, quando Tânia entra no local portando uma submetralhadora 9mm e presa ao seu corpo estão duas bombas-relógio.

TÂNIA (firme) – Eu exijo todas as joias e dinheiro desse lugar.

Close nela. Expressão firme.

TÂNIA – Eu não tô com tempo. Anda, põe tudo aqui. Eu quero dinheiro e joias.

Tânia tira a mochila das costas e joga para a atendente.

TÂNIA – Enche isso aí ou vou explodir com a gente aqui.

Assustada, a atendente começa a colocar as joias e dinheiro na mochila. O alarme é disparado e Tânia pega a mochila e sai correndo.

CENA 17. DELEGACIA. GABINETE DA DELEGADA. INT. DIA.

Uma pequena sala em tom pastel com apenas um basculante e um ventilador de teto. Uma mesa de madeira antiga, com um computador de última geração. Na parede de trás, o mapa político do estado do Rio de Janeiro pregado a parede. A parte da frente da sala é de divisórias de vidro, a qual dá total visão sobre os demais departamentos da delegacia.

Joanne está ao telefone.

JOANNE (tel.) – Ok! Já, já pegaremos essa delinquente.

Joanne desliga o telefone e sai apressada.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 18. DELEGACIA. ANTESSALA DA DELEGADA. INT. DIA.

Joanne vai saindo por ali, entre as repartições.

JOANNE (tom alto) – Atenção, galera! Houve um roubo milionário a Joalheria Cintra. A filial de Copacabana. Uma mulher negra entrou com uma metralhadora e duas bombas presas ao corpo e levou peças raras e dinheiro. Não temos muito tempo. Devemos cercar a Linha Amarela, Avenida Brasil, A Dutra e a Ponte Rio-Niterói, entendido? Vamos nos dividir e pegar essa mulher. (grita) AGORA!

Todos saem correndo.

CENA 19. DELEGACIA. PÁTIO. EXT. DIA.

Joanne entra numa viatura da polícia e sai acelerada, sendo seguida por muitas outras viaturas com as sirenes ligadas.

CENA 20. POSTO DE GASOLINA. EXT. DIA.

Um carro modelo Blazer preta para, Tânia desce com a submetralhadora na mão e as bombas agarradas ao corpo. Todos olham. Ela vai até o calibrador de pneus e pega um pequeno pote.

HOMEM – É ela. A ladra da joalheria.

Tânia volta para o carro e sai em disparada. Pouco depois, duas viaturas da polícia param no posto. O homem se aproxima.

HOMEM – A ladra da joalheria saiu agora a pouco daqui. Corre!

As viaturas dão partida e saem “cantando pneu”.

CENA 21. RIO DE JANEIRO. AVENIDAS. EXT. DIA.

SONOPLASTIA: AÇÃO.

Imagens aéreas de várias viaturas cruzando as avenidas em alta velocidade.

CENA 22. AVENIDA VIEIRA SOUTO. EXT. DIA.

Perseguição desenfreada e com muito ritmo acontece entre o carro que Tânia está e viaturas da polícia. Os policiais atiram contra os pneus do carro, assustando os pedestres que se encontram no calçadão.

Até que um tiro acerta o pneu, o carro roda e rapidamente é cercado por outras viaturas.

Tânia desce do carro chorando e com as mãos para o alto, mas as bombas continuam agarradas a seu corpo.

TÂNIA (desesperada) – Eu sou inocente. Eu juro!

No desespero de Tânia.

CENA 23. APARTAMENTO DE EDGAR. SALA. INT. DIA.

Ambiente extenso e muito bem decorado em cores suaves.

Ayres está fazendo um curativo em Edgar, quando o celular dele toca.

EDGAR (cel.) – Alô! (T) O quê? Tô indo já pra lá.

Edgar desliga o celular e fica eufórico.

AYRES – O que foi agora?

EDGAR – Um assalto inusitado a joalheria mais famosa do Brasil.

AYRES – Mas essa não é a linha de cobertura do seu blog, garoto.

EDGAR – Dane-se linha de cobertura. É Kléber Magalhães. Além do mais, o assalto terminou na praia e com bomba. Preciso fazer lives, entrevistar a galera.

Puxa Ayres pelo braço.

EDGAR – Vamos! É furaço de reportagem. Já vejo os likes subindo, os seguidores aumentando.

CENA 24. AVENIDA VIEIRA SOUTO. EXT. DIA.

Tânia permanece com as mãos para o alto, cercada por policiais atrás das viaturas com as armas apontadas. A área foi isolada. Ao longe, vemos muitos curiosos.

Joanne pega um megafone.

JOANNE – Senhora, retire essas bombas do seu corpo. Isso não é um pedido.

TÂNIA – Você está vendo que estão agarradas ao meu corpo por uma barra de aço. Não posso tirar. Preciso continuar achando as xaradas.

JOANNE – Que xaradas são essas?

TÂNIA – As xaradas que desativam essas bombas. Caso contrário, vou morrer. Eu fui obrigada a assaltar essa joalheria. Eu não queria.

Élio (30 anos, moreno, trajando farda policial) se aproxima de Joanne.

ÉLIO – Melhor chamar o esquadrão antibombas, não acha?

JOANNE – E se ela estiver mentindo?

CORTA PARA: CALÇADÃO

Edgar e Ayres chegam ao local, olham o movimento.

EDGAR – Acho que vai bombar. (Entregando o celular) Toma o celular e me filma direito, sem tremer.

Ayres começa a filmar.

EDGAR – Estamos falando aqui da Praia de Copacabana, onde a policial cerca uma assaltante de joias. Segundo fontes, ela retirou peças raras e valiosíssimas da Joalheria Cintra, de propriedade do empresário Kléber Magalhães. Sabemos também que a meliante está com duas bombas agarradas ao corpo, que se forem verdadeiras, podem explodir a qualquer momento.

CENA 25. MANSÃO MAGALHÃES. FACHADA. EXT. DIA.

Uma enorme mansão em formato de palacete, com arquitetura medieval e esculturas do período romano na porta de entrada. Planos gerais do jardim, muito colorido e bem cuidado, com inúmeras flores.

CENA 26. MANSÃO MAGALHÃES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Uma enorme sala em tom pastel, com um imenso sofá branco de couro no meio da sala. No teto há um lustre gigantesco. Atrás do sofá, uma escadaria toda em mármore africano, que dá acesso ao piso superior. Numa das paredes, tem uma enorme pintura de Pablo Picasso.

Kléber vem da rua, se joga no sofá, afrouxa a gravata e fecha os olhos. Consuelo desce as escadas apressadas.

CONSUELO (desesperada) – Kléber, pelo amor de Deus. Ainda bem que você chegou. Te liguei milhares de vezes.

KLÉBER – Meu celular acabou a bateria. Mas o que aconteceu de tão importante, Consuelo? Você nunca me liga.

CONSUELO – Assaltaram a joalheria. Levaram quase todas as peças raríssimas. Foi uma mulher. Uma mulher portando bomba e metralhadora.

Kléber levanta desesperado.

KLÉBER – O que? Como assim?

CONSUELO – Tá saindo em tudo quanto é noticiário. Eu mesma vi pelo Instagram. Até live sobre o ocorrido estão fazendo.

Kléber vai saindo.

CONSUELO – Onde é que você vai?

KLÉBER – A polícia!

Kléber sai em disparada.

CENA 27. AVENIDA VIEIRA SOUTO. EXT. DIA.

Tânia se senta no chão, chorosa. A polícia mantém distância, mas ainda com as armas apontadas para ela.

JOANNE – Conta pra gente como tudo aconteceu.

TÂNIA – Então, eu sou motogirl de um restaurante e entrego quentinhas. Hoje recebemos o pedido de uma próxima a Floresta da Tijuca e eu fui. Chegando lá, eu fui recepcionada por dois homens que me prenderam e colocaram essas bombas em mim. Eu precisava fazer o que eles mandaram: assaltar a joalheria nesse carro, depois ir pegando as xaradas. São quatro xaradas para desarmar as bombas. Tudo isso em um tempo que eu não sei qual é.

Tânia chora.

JOANNE – Fica calma, já acionamos o Esquadrão Antibomba. Vamos salvá-la.

Élio se aproxima.

ÉLIO – E então, doutora?

JOANNE – Ela pode estar dizendo a verdade. Não podemos esperar mais. Liga pro esquadrão aí.

CENA 28. MANSÃO MAGALHÃES. QUARTO DO CASAL. INT. DIA.

Local aconchegante, elegante e muito espaçoso.

Marta está assistindo a live de Edgar, quando vê que ele se aproxima de Joanne.

MARTA – O que esse viado vai fazer perto dessa serigaita?

CENA 29. AVENIDA VIEIRA SOUTO. CALÇADÃO. EXT. DIA.

Ayres filma Edgar, que está do lado de Joanne.

EDGAR – Estamos aqui com Joanne Sobral, delegada do caso mais curioso que esse Rio de Janeiro já presenciou. Joanne, essa moça é culpada ou inocente?

JOANNE – Muito cedo para determinarmos isso.

EDGAR – Mas a bomba é falsa ou verdadeira? Corremos risco?

JOANNE – Se for verdadeira, a distância é segura para todos, exceto para ela. É uma bomba caseira que não tem um grande alcance.

EDGAR – Então aguardaremos os desdobramentos. Obrigado, delegada.

Joanne se afasta.

EDGAR – Volto mais tarde ao vivo e com notícias fresquinhas. Aguarde, amores.

Ayres para de filmar e entrega o celular para Edgar.

EDGAR – Quantas visualizações?

AYRES – Oitocentas mil. Tem ideia do que é isso?

EDGAR (feliz) – Mentira? Vou ficar mega famoso, então! Hugo Gloss que me aguarde!

CENA 30. MANSÃO MAGALHÃES. QUARTO DO CASAL. INT. DIA.

Marta começa a quebrar várias coisas no quarto, quando Consuelo entra apressada.

CONSUELO – Minha filha, eu sei que esse assalto está dando um desfalque imenso para vocês, mas não precisa disso.

MARTA – E eu lá tô interessada nisso, mamãe.

CONSUELO – E o que é, então?

MARTA – Esse inferno dessa delegada Joanne que está a frente desse caso. Até entrevista acabou de dar. Vê se pode?

CONSUELO – Não entendo a raiva.

MARTA – Eu detesto essa mulher, mamãe. Detesto essa mulher e tenho os meus motivos.

CONSUELO – Só espero que os seus motivos não a faça ruir ainda mais o patrimônio de seu marido.

MARTA – Essa mulher não perde por esperar, mamãe.

Em Marta, séria.

CENA 31. AVENIDA VIEIRA SOUTO. EXT. DIA.

Dos Anjos (60 anos, negra, cabelo cacheado, roupas simples) fura a barreira e quase se aproxima de Tânia, mas é impedida por policiais, que a afastam.

DOS ANJOS – Filha.... Ela é minha filha.

Joanne se aproxima de Dos Anjos.

JOANNE – Aquela moça é sua filha?

DOS ANJOS – Sim... Aquela é Tânia. Minha única filha.

Dos Anjos começa a chorar. Um som de BIP muito alto é ouvido, vindo das bombas.

TÂNIA (desesperada) – É ela! Não acreditem... Socorro, por favor!

A intensidade do som aumenta, assim como a velocidade.

FADE TO BLACK.

Ouvimos barulho da bomba explodindo.

DOS ANJOS (V.O) – Nãaaaaaao!

   

 

     

Autor:

Wesley Alcântara

Elenco:

Carolina Ferraz como Joanne Andrade
Dalton Vigh como Kléber de Magalhães
Deborah Evelyn como Marta Beatriz Castelo Branco de Magalhães
Marco Pigossi como Edgar Zampari
Letícia Persiles como Sabine dos Anjos Souza
Rômulo Estrela como Élio Fiúza
Marcello Melo Jr. como Eleandro Silva
Caio Paduan como Lucas D’Ávila
Narjara Turetta como Daiana Oliveira
Gabriella Mustafá como Tamires dos Anjos Souza
Luka como Ayres Costa
Cauã Reymond como Valeska Moretti
Ângela Vieira como Esther D’Ávila

Atores Convidados:

Stenio Garcia como Orestes Blumenau
Francisco Cuoco como Bastião Souza

Atrizes Convidadas:

Eva Wilma como Consuelo Castelo Branco
Zezé Motta como Dos Anjos

Participações Especiais:

Cris Vianna como Tânia dos Anjos
Carmo Dalla Vecchia como Teodoro Malta

Trilha Sonora:

Martelo Bigorna – Lenine (abertura)
Solta a Batida – Ludmilla
This is what you came for – Rihanna feat. Calvin Harris
Pesadão – Iza feat Marcelo Falcão
Te Esperando – Luan Santana
So Nice – Bebel Gilberto
Você Precisa de Alguém – Jota Quest feat. Marcelo Falcão

Produção:


Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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Proibida a cópia ou a reprodução

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