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Talismã - Capítulo 10

Novela de Édy Dutra
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CAPÍTULO 10
 
     
     
     
     
 
 
 

CENA 01. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. EXT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Jonas e Lívia se beijam e Tarcísio vê tudo.

TARCÍSIO: - Será que/

Nesse instante, o telefone de Tarcísio toca. Ele atende.

TARCÍSIO (ao telefone): - Alô? (T) Rosa! Como vai? (T) Como assim? Mal por quê? (T) Não me diga! Mas eu estou indo pra sua casa agora mesmo... (T) Claro, vou sim. (com os olhos em Lívia e Jonas) Eu também preciso conversar sobre algumas coisas. (T) Onde você está morando? (T) Sei sim. Me aguarde que eu estou chegando aí. (desliga o telefone) Lívia, Lívia... O que você fez com a minha cabeça, com os meus pensamentos?

Tarcísio liga o carro e vai embora. Na calçada, o beijo se encerra.

LÍVIA (surpresa): - Jonas!

JONAS: - Desculpa, Lívia! Desculpa, eu não devia ter feito isso, mas, foi mais forte que eu! Me desculpa!

LÍVIA: - Tudo bem, Jonas, eu entendo. Um beijo assim é dado por duas pessoas, eu também participei disso. Mas sei lá, eu to confusa.

JONAS: - Confusa? Quer dizer que você gostou também, não?

LÍVIA; - Gostei, claro que eu gostei do seu beijo. Você é um cara especial, Jonas. Mas eu não posso fazer isso agora, me envolver assim.

JONAS: - Mas/

LÍVIA: - Eu acho que a gente tá indo muito rápido, entende? É melhor irmos com calma. Vamos dar tempo ao tempo.

JONAS: - Claro, com certeza. Você tem razão. Bom, eu vou voltar pra casa. Se você quiser, eu volto aqui mais tarde pra buscar você.

LÍVIA: - Não precisa não. Hoje o movimento aqui tá grande. Eu volto de táxi. Obrigada.

JONAS: - Então está bem. Vou nessa.

Jonas se aproxima de Lívia, um tanto sem graça, e a beija no rosto. Ele entra no carro e vai embora. Lívia fica pensativa.

CENA 02. PENSÃO BEM QUERER. QUARTO ALAÍDE. INT. NOITE.

Alaíde conversa com Oscar. Os dois deitados na cama.

ALAÍDE: - Sabe Oscar...

OSCAR: - O que foi querida?

ALAÍDE: - Eu ainda não consigo esquecer essa história da Wanda, da Rosa... E agora com a Lívia junto.

OSCAR: - Sabe que eu também não? É muito estranho isso tudo. Essa ligação toda.

ALAÍDE: - E a Rosa me pareceu disposta a cumprir a missão que ela disse que a Wanda deixou pra ela.

OSCAR: - E que missão é essa?

ALAÍDE: - Cuidar da Lívia.

OSCAR: - Mas cuidar pra quê?!

ALAÍDE: - Sei lá!

OSCAR: - Será que vai acontecer alguma coisa de ruim com a Lívia?

ALAÍDE: - Ai, meu Deus! Tomara que não seja nada de mal não. A Lívia já veio do Rio de Janeiro pra cá pra poder ter uma vida melhor junto com o filho. E aí chega aqui e só tem perrengue, tragédia. Coitada dessa menina.

OSCAR: - Vamos rezar, torcer pra que nada de ruim esteja reservado pra ela. Nem pra Rosa.

CENA 03. CASA ONIRA. QUARTO MARCOS. INT. NOITE.

Marcos se arrumando pra sair, quando Onira surge na porta que estava entreaberta. Ela entra.

ONIRA: - Nossa! Posso saber aonde o senhor vai todo arrumado desse jeito?

MARCOS: - Tô bonito?

ONIRA: - Tá lindo! Não só por ser meu filho, mas está lindo mesmo.

MARCOS: - Obrigado, mamãe.

ONIRA (senta-se na cama): - Mas e então? Vai me falar onde vai?

MARCOS: - Vou a um encontro.

ONIRA: - Um encontro?

MARCOS: - Sim. Vou jantar com uma moça.

ONIRA (surpresa): - O quê?! (empolgada) Mas que bela notícia! Há muito tempo que eu não ouvia isso!

MARCOS: - Pois é, já que faz tanto tempo, chegou a hora de ouvir novamente.

ONIRA: - E vai levá-la aonde? Não me diga que no/

MARCOS: - Europa-Brasil.

ONIRA: - Aff! Há tantos outros lugares bons, Marcos, e você vai levar a moça justo no restaurante do seu tio?!

MARCOS: - Mãe! O Europa-Brasil é um dos melhores do país. É coisa de primeira. Acho que ela vai gostar.

ONIRA: - Tá bom. Mas então, como ela é? O que ela faz?

MARCOS: - Ih, dona Onira, muita pergunta agora, mas eu não vou conseguir responder porque já estou de saída.

ONIRA: - Mas Marcos/

MARCOS (saindo): - Beijo mãe! Boa noite!

Marcos sai do quarto.

ONIRA: - Tanto rezei que deu certo a minha prece. Marcos saindo com uma moça... E se Deus quiser, ela é carinhosa, inteligente, rica... E branca.

CENA 04. CASA ROSA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Rosa recebe Tarcísio na porta. Os dois se abraçam.

ROSA: - Ai que bom que você veio!

TARCÍSIO: - Eu também preciso conversar, Rosa. Tem tanta coisa acontecendo comigo.

Os dois se sentam no sofá.

ROSA: - Fiz um café pra gente.

TARCÍSIO: - Eu aceito.

ROSA (servindo o café): - Eu tenho estado tão agoniada ultimamente. Desde que eu voltei para o Brasil. (entrega xícara para Tarcísio) Sabe quando você sente que a qualquer momento alguma coisa vai acontecer e você não pode fazer nada?

TARCÍSIO: - Sei sim. Uma situação de impotência, de inércia... eu até nem queria falar sobre isso, mas, sinto muito pela morte de sua mãe.

ROSA: - Eu não esperava que, mesmo depois de tantos anos longe, eu sentiria um sentimento tão forte por ela. Mesmo depois de tudo o que ela nos causou.

TARCÍSIO: - Ela sabia mesmo do destino.

ROSA: - Sabe que, às vezes eu fico pensando... Será que nós nos daríamos tão bem quanto agora, caso estivéssemos juntos ainda?

TARCÍSIO: - Não sei, Rosa. A vida dá tantas voltas e a gente muda ao longo dos anos.

ROSA: - Você não imagina o quanto eu fiquei entristecida, amargurada, quando a mamãe previu que não ficaríamos juntos. O céu caiu na minha cabeça.

TARCÍSIO: - Mas cada um de nós depois trilhou o seu caminho. Você foi embora para a Europa, conheceu uma outra pessoa, refez sua vida. Assim como eu. Conheci a Beth e/

ROSA: - Ganhou uma cobra como sogra.

TARCÍSIO: - É, nem tudo foi um mar de rosas. Ou melhor, está sendo.

ROSA: - Problemas no casamento?

TARCÍSIO: - Estou prestes a me divorciar da Beth.

ROSA: - Divórcio? Mas... Bem, vocês já vinham de uma certa crise, pelo que nós conversamos da última vez. Você inclusive estava indo pra casa de outra pessoa na noite da sua festa de bodas de casamento.

TARCÍSIO: - Eu precisava de novas aventuras, novas emoções. Pena que a minha vontade atropelou a minha razão. Não queria magoar a Beth ainda mais, mas tendo a Agda por perto para fazer a cabeça dela, tudo o que não queria aconteceu.

ROSA: - Mas essa nova aventura de que você fala, é realmente algo verdadeiro, que você deseja mesmo ou/

TARCÍSIO: - Não vou mentir pra você. Essa aventura se chama Marilu.

ROSA: - Marilu...

TARCÍSIO: - Eu a conheci numa boate aqui em São Paulo. Fiquei encantado por ela. Há tempos não sentia o que eu senti quando a vi pela primeira vez. Mas, recentemente, eu conheci outra pessoa que fez o meu coração virar de cabeça pra baixo.

ROSA: - Nossa! Você está vivendo um turbilhão de emoções, é isso?

TARCÍSIO: - Estou Rosa. Não sei nem como explicar isso. Mas essa nova pessoa, é de uma simplicidade, humanidade, de um caráter incrível e isso me conquistou profundamente.

Em Rosa, atenta.

CENA 05. DANCETERIA. EXT. NOITE.

CAM mostra a agitação de uma danceteria. Casa lotada, muita movimentação, pessoas dançando na pista, pessoas se divertindo.  Mostra Carla, “vestida para matar”, acompanhada de um homem, que vem a ser o seu cliente da noite.

CARLA: - Que lugar incrível.

CLIENTE: - Tá gostando?

CARLA: - Estou adorando!

CLIENTE: - Que bom, mas procura não se cansar muito não, porque depois que a gente sair daqui, eu quero fazer a festa com você lá no meu apartamento (abraça Carla, a beija)

Carla dança sensualmente para o cliente. Os dois curtem a música, dançando no meio da pista.

CENA 06. APTO CONRADO. SALA. INT. NOITE.

Mayra conversa com Conrado.

MAYRA: - Aquela festa da revista bombou, mas eu fiquei de cara com meu pai porque não levou ninguém da clínica!

CONRADO: - Nós falamos pra ele que poderiam ser convidados os funcionários, mas ele não quis. Vá entender doutor Fausto Vasconcellos!

MAYRA: - Mas nem precisava ir todos. Indo o Fabrício, já estava ótimo! Ai, esse garoto vira minha cabeça completamente!

CONRADO: - Já ficou com ele?

MAYRA: - Só um beijo roubado uma vez, mas faz tempo. Eu quero ele todo pra mim. O ruim é ter que aturar aquela sem sal da Vitória.

CONRADO: - Vitória?

MAYRA: - A namorada dele, a filha do Tarcísio Ferreira.

CONRADO: - Nossa, não me diga que você está afim de roubar o namorado da filha de um dos homens mais poderosos desse país, é isso?!

MAYRA: - O pai dela pode ser poderoso, mas ela não é ninguém. É uma sonsa, fingida. Se bem que eles brigaram.

CONRADO: - Brigaram?

MAYRA: - Sim. Ela descobriu que eu estive no apartamento dele e fez o maior escândalo. Mas agora que eles estão separados, eu vou aproveitar para agir. Ainda vou conseguir ter o Fabrício só pra mim. Pode escrever aí. E quando isso acontecer, quero uma capa na Flash Paulista, como sendo o mais novo casal da sociedade paulistana.

CONRADO: - Tá bom.

MAYRA: - Mas e você? Aquele dia da festa tava tão estranho.

CONRADO: - Eu? Impressão sua.

MAYRA: - Pensa que eu não vi você toda hora olhando pra jornalista lá que fez a entrevista com o meu pai. Como é que é o nome dela mesmo? (lembra) Isabela!

CONRADO: - Você andou vendo coisa demais naquela festa.

MAYRA: - Conrado, eu não nasci ontem tá? Fala aí. Você tá afim dela, não tá?

CONRADO: - Estou sim, mas ela não dá abertura.

MAYRA: - Também né, sua fama de mulherengo ajuda muito.

CONRADO: - Mas eu mudei, Mayra! Sou um novo homem.

MAYRA: - Então tenta provar isso pra ela, mas sem partir pra cima, entende?

CONRADO: - Entendo, eu estou tentando de tudo.

MAYRA: - Ai amigo, nós dois com nossos dilemas amorosos. Mas se Deus quiser, e ele quer, nós vamos conseguir superar tudo isso.

CONRADO: - Amém!

CENA 07. DANCETERIA. EXT. NOITE.

PLANO GERAL. Local badalado. Pessoas dançando animadas. Breno chega acompanhado por Plínio.

PLÍNIO: - Cara, isso aqui tá pegando fogo!

BRENO: - Eu disse que o negócio é de primeira. Olha pra isso, cara, só mulher bonita.

PLÍNIO: - TÔ vendo mano, to vendo.

BRENO: - E eu to precisando disso, sabia? Curtir a noite, conhecer gente nova. Quero esquecer a Carla, Plínio. Página virada.

PLÍNIO: - É assim que se fala!

BRENO: - Fica atento aí... O Breno pegador tá de volta!

PLÍNIO: - É isso aí mano, gostei de ver!

Os dois se cumprimentam, animados.

CENA 08. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.

Marcos e Adriana jantam em clima romântico.

MARCOS: - E então, gostou do lugar?

ADRIANA: - É impossível não gostar daqui. Acredita que eu nunca vim aqui? Sempre tive curiosidade em saber como era. Parece até sonho que eu estou num dos melhores restaurantes do mundo!

MARCOS: - Mas não é sonho não. É pura realidade. E você merece mesmo tudo isso.

Os dois se olham. No palco, Kléber toca a música “Nem um toque – Rosana” com seu sax. Adriana gosta da música.

ADRIANA: - Não acredito! Eu adoro essa música!

MARCOS: - É mesmo?

ADRIANA: - Sim! Ela sempre está presente nos meus momentos mais felizes.

MARCOS: - Então ela estar sendo tocada aqui hoje é um bom sinal!

Os dois riem.

ADRIANA: - Olha Marcos, confesso que estou adorando tudo isso que você está fazendo por mim. Nenhum outro homem está sendo tão carinhoso, tão gentil, amoroso, como você. Obrigada.

MARCOS: - Estou fazendo pela gente, Adriana. Eu também nunca tinha sentido algo tão bom em mim desde quando eu te conheci. Acho que pela primeira vez na minha vida, eu estou apaixonado.

ADRIANA: - Não acha que estamos indo rápido demais com as declarações amorosas?

MARCOS: - Não acha que pode ser perda de tempo guardar tudo isso que estamos sentindo um pelo outro apenas por receio?

Os dois trocam olhares. Marcos segura a mão de Adriana. Eles se aproximam e se beijam, singelamente. Após o beijo, sorriem, graciosos.

CENA 09. DANCETERIA. INT. NOITE.

Carla dança com seu cliente na pista. Do outro lado, Breno e Plínio se divertem, paquerando algumas garotas. De repente, Breno e Carla se veem.

CARLA: - Não acredito!

CLIENTE: - O que você disse?

CARLA: - Nada não, querido. Continua dançando aí.

Do outro lado, Breno se surpreende.

BRENO: - Mas é muito azar o meu!

PLÍNIO: - O que foi?

BRENO: - Advinha quem está aqui?!

PLÍNIO: - Não pode ser... É a/

BRENO: - Ela mesma. E com outro cara ainda!

PLÍNIO: - É meu amigo, a fila andou pra ela.

BRENO: - E bem rápido pelo visto.

Carla dança com o cliente.

CARLA: - Se ele pensa que eu vou me abalar por causa disso, está muito enganado.

CLIENTE: - Ele quem?

CARLA: - Nada não, meu querido. Pensei besteira aqui.

CLIENTE (se anima): - Pensou é?

CARLA (o abraçando): - Pensei... E você estava nela, sabia?

Carla dança sensualmente com o cliente. Do outro lado, Breno sente-se provocado.

BRENO: - Mas que safada!

PLÍNIO: - Ih, ela tá que tá hein!

BRENO: - Se ela pensa que eu vou me abalar por causa disso, está muito enganada.

Breno se aproxima de uma das meninas que ele estava paquerando e dança sensualmente com ela. Carla vê e fica possessa.

CARLA: - Safado!

CLIENTE: - Tá gostando é? Tá gostando de mim assim, safado?

CARLA (disfarça): - Tô, to adorando! (olha Breno e a menina em movimentos “quentes”) Mas ele tá afim de fazer uma dança pornô eu acho!

CLIENTE: - Filme pornô? Você acha que precisa?

CARLA: - Não, não! Continua dançando, não fala nada não.

Carla e Breno provocam um ao outro.

CENA 10. CASA ROSA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Tarcísio e Rosa conversam.

ROSA: - Ai Tarcísio, fico feliz em saber que você está tentando ser feliz também, mesmo com todos os problemas em casa.

TARCÍSIO: - Faz parte da vida. Cedo ou tarde a separação iria acontecer. Eu e a Beth já não éramos mais marido e mulher, apenas companheiros de quarto.

ROSA: - Ah, mas uma coisa eu quero saber.

TARCÍSIO: - O que?

ROSA: - O nome dessa pessoa nova que você conheceu e que, pelo o que eu pude perceber, está tomando aos poucos o lugar da Marilu no seu coração.

Nesse instante, o celular de Tarcísio toca.

TARCÍSIO: - É a Marilu.

ROSA: - Atende, não a deixa esperando.

TARCÍSIO (ao telefone): - Fala Marilu. (T) Onde eu estou? (T) No trânsito, indo pro hotel. (T) Ir pra aí? (T) Eu sei, não consegui falar com você, hoje eu estava na correria. (T) Tá bom, eu estou indo pra aí então (T) Beijo. (desliga o telefone)

ROSA: - Pelo visto é marcação cerrada.

TARCÍSIO: - Nem tanto. Mas por enquanto está dando pra levar. (levantando-se do sofá) Bom, Rosa, preciso ir.

ROSA: - Oh meu amigo, que pena. Mas fico muito feliz com a sua visita.

TARCÍSIO: - Eu também gostei muito de ter vindo aqui falar com você.

Os dois se abraçam, carinhosamente. Se afastam. Tarcísio olha profundamente nos olhos de Rosa.

ROSA: - O que foi?

TARCÍSIO: - Alguma coisa me diz que você voltou por uma coisa boa, para fazer o bem, de verdade.

ROSA: - Assim espero, poder estar disposta a ajudar quem precisa.

Tarcísio sorri. Rosa abre a porta, ele vai embora. Rosa fica pensativa, feliz.

CENA 11. APTO MARILU. SALA. INT. NOITE.

Paulo serve uma taça de vinho para Marilu, que está sentada no sofá.

PAULO: - E você marcando em cima do Tarcísio.

MARILU: - Tem que ser. Mas to mais tranqüila, ele disse que ta vindo pra ca.

PAULO: - Que bom, mas acho melhor você não ficar tão tranqüila assim.

MARILU: - Como?

PAULO: - Acho bom você abrir o olho.

MARILU: - Do que você está falando? Tem outra no pedaço é?!

PAULO: - Ele negou, mas eu conheço o Tarcísio. Ele com certeza conheceu outra pessoa.

MARILU: - E você não fez nada pra impedir?!

PAULO: - Mas você quer que eu faça o quê, Marilu? Quem tem que cuidar disso é você e não eu!

MARILU: - E quem é a vagabunda? Me fala que eu vou atrás dela agora!

PAULO: - Eu não sei quem é, mas desconfio.

MARILU: - Eu conheço?

PAULO: - Não. Mas ela é uma moça comum. Trabalha como recepcionista no Europa-Brasil.

MARILU: - Naquele restaurante chique da Paulista?! Mas como o Tarcísio pode se envolver com uma pessoa assim, tão simples?

PAULO: - Pra quem se envolveu com uma prostituta, uma recepcionista de restaurante está muito bom, não acha?

MARILU: - Você fica brincando, mas esquece que o nosso plano pode estar indo por água abaixo.

PAULO: - Você é que ficou dormindo no ponto e deixou o Tarcísio escapar! Olha aqui, Marilu, eu só vou te dizer uma coisa: se o Tarcísio te deixar, o problema é todo seu. Vai se ferrar sozinha! Eu não vou abandonar os meus objetivos por sua causa e nem deixar que você me atrapalhe. Quando eu tiver com as mãos na grana e na empresa, não quero saber de ninguém atrás de mim, entendeu?

MARILU: - Não se preocupa, porque isso não vai acontecer. Você vai trabalhar pra mim.

PAULO: - Ah, eu vou é?

MARILU: - Vai sim. Porque eu vou me casar com o Tarcísio e vou ser dona de tudo isso. Você vai ver.

PAULO: - Não vai cair do cavalo, Marilu. Tarcísio disse que não quer saber de relacionamento sério. Com ninguém.

MARILU: - Ah, mas ele vai sim. Vai se amarrar e comigo. Pode apostar. E a primeira coisa que eu vou fazer é dar um chega pra lá nessa vadia que anda rondando ele. Sabe pelo menos o nome dela?

PAULO: - Se eu não me engano, é Lívia.

MARILU: - Lívia... Bom saber. Acho que vou ter uma conversa bem séria com essa moça.

PAULO (levantando-se): - Vou deixar você aí pensando nesse assunto, enquanto o Tarcísio não chega. Obrigado pelo vinho, estava ótimo.

Paulo vai embora. Marilu fica pensativa.

CENA 12. CASA ADRIANA. EXT. NOITE.

Marcos estaciona o carro em frente à casa de Adriana.

ADRIANA: - A noite foi maravilhosa. Obrigada mais uma vez.

MARCOS: - Eu que agradeço a sua companhia.

Os dois se beijam.

ADRIANA: - Bom, eu preciso ir agora. Amanhã pego cedo lá na clínica.

MARCOS: - Já estou com inveja dos pacientes que podem ver você todos os dias. Tô pensando até em ficar doente.

ADRIANA (risos): - Não fala isso seu bobo!

MARCOS: - Espero mesmo que não demore pra gente se ver de novo.

ADRIANA: - Não vai demorar não. Eu também to querendo muito isso.

Silêncio. Os dois ficam a se olhar. Parecem um pouco sem assunto. Adriana começa a rir.

MARCOS: - O que foi?

ADRIANA: - Nós dois.

MARCOS: - O que tem nós dois?

ADRIANA: - Estamos parecendo namorados com essa conversa de que te ligo amanhã, vamos marcar uma próxima.

MARCOS: - É verdade. Bem, namorados ainda não somos. Mas poderemos ser.

Adriana se surpreende.

MARCOS: - Se você aceitar namorar comigo.

ADRIANA: - Eu?!

MARCOS: - Sim, você. O que acha?

ADRIANA: - Nossa, você me pegou de surpresa agora.

MARCOS: - Se você quiser um tempo pra pensar, eu entendo. Com a sua vida corrida, fica difícil assumir um relacionamento sério e/

ADRIANA: - Não, não é isso. Acontece que está sendo tudo tão especial que as vezes eu custo a acreditar que as coisas estão realmente acontecendo comigo. Mas eu aceito sim namorar com você.

Marcos abre um sorriso. Adriana o olha carinhosa. Os dois se beijam apaixonados.

CENA 13. DANCETERIA. INT. NOITE.

Carla e o cliente estão num camarote. Do outro lado da pista, Breno e Plínio estão numa mesa, perto do bar. Tanto Breno quanto Carla se olham, de longe.

CARLA: - Gatinho, vou até o banheiro, retocar a maquiagem. Já já to de volta.

CLIENTE: - Vai sim, minha linda. Quero te ver ainda mais deslumbrante, e gostosa, pra mim.

Carla sorri, sensual e sai do camarote. Do outro lado da pista, Breno vê a movimentação.

PLÍNIO: - Você tá com os olhos colados nessa tal de Carla aí, Breno! Relaxa cara! Veio aqui pra curtir a noite, a mulherada, ou ficar admirando a loura que maltratou teu coraçãozinho?

BRENO: - Ih, sai pra lá com esse papo de maltratar coraçãozinho, Plínio! Ninguém maltratou meu coração não. Eu só quero ver até onde ela vai com esse jogo de ciúmes.

PLÍNIO: - Jogo que você caiu feito um patinho.

BRENO: - Caí nada.

PLÍNIO: - Tá bom, vou fingir que acredito.

BRENO: - É, fica aí fingindo, enquanto eu vou no banheiro.

Breno sai. CAM o segue por trás durante todo o percurso. Ele passa entre as pessoas até o corredor estreito que dá acesso aos banheiros, de olho em Carla. Chega nela.

CARLA: - Tá me seguindo é?

BRENO: - Você que não para de correr atrás de mim.

CARLA: - Eu correndo atrás de você? Se enxerga Breno! Se você não percebeu, eu estou acompanhada. E muito bem acompanhada. Aliás, me admiro você não perceber isso, já que não tira os olhos lá do meu camarote.

BRENO: - Eu fico olhando até aonde vai a sua cara de pau.

CARLA: - Eu?! Cara de pau?!

BRENO: - Sim, você! Ficar tentando fazer ciúmes em mim. Acorda, Carla. Você no máximo pode conseguir me fazer rir com esse joguinho patético.

CARLA (tensa): - Jogo patético é o seu, que fica dançando agarradinho com qualquer rabo de saia aqui na boate só pra me deixar mordida de ciúmes! Que raiva que eu estou de você!

BRENO (tenso): - Raiva estou eu, que não consigo deixar de olhar pra você e ficar me imaginando no lugar daquele cara, recebendo seus carinhos, seus beijos.

Os dois se encaram, se olham profundamente. Se encaram. Ainda tensos com a discussão. Os dois se agarram e se beijam calorosamente. Entrega total por um tempo até que Carla se afasta.

CARLA: - Safado! (dá um tapa no rosto de Breno) Nunca mais faz isso!

Carla sai.

BRENO: - Carla! Espera!

Breno pensa em ir atrás de Carla, mas hesita, desiste. Carla vai embora da boate, um tanto balançada com o beijo de Breno.

CENA 14. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

Lívia chega do trabalho, um tanto cansada. Tatiana ainda acordada, está assistindo TV na sala.

TATIANA: - Oi Lívia, boa noite!

LÍVIA: - Boa noite, Tati (senta-se no sofá)

TATIANA: - Cansada... Movimento foi grande hoje?

LÍVIA: - Foi, foi bem intenso. (fica pensativa)

TATIANA: - O que foi, Lívia? TÔ te achando um pouco estranha.

LÍVIA: - Nada não, Tati. Deve ser cansaço mesmo..

TATIANA: - Então tá bom. (vendo TV) Ai, adoro esse programa! Sempre tem uns cantores novos, músicos, bem legais. Cada talento.

LÍVIA: - Tati, o Jonas já chegou?

TATIANA: - Não vi, Lívia, mas acho que já. Por que?

LÍVIA: - Nada não. (levanta-se) Eu acho que vou subir. Dar um beijinho no Pedro e dormir.

TATIANA: - Eu vou ficar por aqui mais um pouco, tentar relaxar. Hoje o dia lá na empresa foi tenso.

LÍVIA: - Bom descanso pra você.

TATIANA: - Pra você também. Boa noite!

Lívia sobe as escadas, enquanto Tatiana continua assistindo TV.

CENA 15. PENSÃO BEM QUERER. QUARTO CARLA/LÍVIA. INT. NOITE.

Lívia entra. Pedro está deitado na cama, dormindo. Ela se aproxima, senta-se na cama, acaricia o filho. Lívia fica pensativa.

FLASHBACK,

CENA 27, CAPÍTULO 09

RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. EXT. NOITE.

JONAS: - O que eu tenho pra te dizer é o que está trancado na minha garganta desde a primeira vez que eu te vi. Eu não consigo mais tirar você da cabeça. Eu estou completamente apaixonado por você, Lívia. Perdidamente apaixonado!

Lívia se mostra surpresa com a declaração de Jonas.

LÍVIA: - Nossa!... Eu nem sei o que dizer, Jonas.

JONAS: - Não precisa falar nada. Só quero que você faça uma coisa...

Jonas se aproxima de Lívia. Os dois se olham profundamente e se beijam.

FIM DO FLASHBACK, 

Lívia se mostra um tanto inquieta.

LÍVIA: - Ai meu Deus, o que está acontecendo comigo? Com o meu coração!

CENA 16. SÃO PAULO. EXT. NOITE

Takes rápidos da cidade na transição noite-dia.

CENA 17. APTO MARILU. QUARTO. INT. DIA.

Ela e Tarcísio, deitados na cama. Tarcísio calado.

MARILU: - Não é de hoje que você anda caladinho.

TARCÍSIO: - Cansado. Cuidar de uma empresa de grande porte não é fácil.

MARILU: - Eu sei. Mas então, quem sabe a gente não sai hoje pra relaxar?

TARCÍSIO: - Sair?

MARILU: - Isso, vamos sair. Eu to louca pra ir naquele restaurante chique que tem na Paulista, o Europa-Brasil. Conhece?

Tarcísio se surpreende.

TARCÍSIO: - Conheço, conheço sim.

MARILU: - Então, você bem que poderia me levar lá.

TARCÍSIO (levanta-se da cama): -Melhor não, Marilu. (começa a se vestir)

MARILU: - Por que não, Tarcísio? Não é um bom lugar?

TARCÍSIO: - É, mas/

MARILU: - Mas o que então? Eu não vejo problema nenhum.

TARCÍSIO: - Mas eu não quero ir lá e pronto. Outro dia eu te levo num outro lugar, mais legal, mais chique, como você quer. Está bem assim?

MARILU (desconfiada): - Tudo bem.

TARCÍSIO: - Agora eu preciso ir, senão me atraso.

Ele beija Marilu e sai.

MARILU: - Mas ele tá me escondendo alguma coisa!

CENA 18. FLASH PAULISTA. REDAÇÃO. INT. DIA.

Movimentação rotineira. Em sua mesa, Isabela faz anotações, quando Conrado se aproxima.

CONRADO: - Isabela, você já agendou a entrevista com a Joana Araújo?

ISABELA: - Já sim.

CONRADO: - Que bom. Não podemos perder essa chance de entrevistá-la. A exposição de fotografias que ela está fazendo no MASP é algo fenomenal.

ISABELA: - Eu sei, os comentários são os melhores possíveis sobre o acervo.

Os dois ficam a se olhar. Silêncio. Conrado sai. Isabela volta para as anotações. Conrado volta.

ISABELA: - Mais alguma coisa?

CONRADO: - Só queria saber como você está.

ISABELA: - Estou bem.

CONRADO: - Que bom, que bom.

Conrado se mostra um tanto inquieto.

ISABELA: - Estou sentindo você meio estranho, Conrado. Aconteceu alguma coisa?

CONRADO: - Não, não aconteceu nada não. Está tudo bem.

ISABELA: - Tem certeza?

CONRADO: - Não, não tenho. Na verdade, eu queria convidar você para ir lá em casa hoje à noite, beber alguma coisa, conversar, jantar, apenas como amigos. Não quero forçar nada com você, eu te acho uma pessoa muito bacana, mas eu sei que você não quer nada comigo, nenhuma aproximação, e então/

ISABELA: - Eu aceito.

CONRADO (surpreso): - Como é que é?! Você aceita?

ISABELA: - Aceito. Eu aceito o seu convite.

CONRADO: - Nossa, eu nem o que dizer!

ISABELA: - Me diz apenas o horário.

CONRADO: - O horário que você quiser!

ISABELA: - Eu te aviso depois então.

CONRADO (animado): - Tá bom, tá bom! Agora, eu vou pra minha sala. Até depois então!

Conrado sai animado.

ISABELA: - Espero estar fazendo a coisa certa.

CENA 19. AMARO. SALA TARCÍSIO. INT. DIA.

Paulo mostra alguns relatórios para Tarcísio, que não presta atenção.

PAULO: - Então, como você pode ver aí, as nossas vendas estão crescendo, mas ainda é pouco. Mas eu acredito que seja por pouco tempo isso. Assim que o contrato com os espanhóis fechar, a gente aumenta esses índices. Tarcísio?

TARCÍSIO: - O que foi, Paulo?

PAULO: - Esquece. Você não prestou atenção em nada do que eu disse.

TARCÍSIO: - Desculpa. Mas é que não estou com cabeça pra isso agora.

PAULO: - Tudo bem.

TARCÍSIO: - Marilu está afim de sair comigo.

PAULO: - Ah, é mesmo? E onde vai ser o programa dos pombinhos?

TARCÍSIO: - Aí é que está o problema. Ela quer ir ao Europa-Brasil.

PAULO: - E qual o problema nisso? O Europa-Brasil é um dos melhores restaurantes do país!

TARCÍSIO: - Não! No Europa-Brasil eu não posso levar a Marilu. Não dá.

PAULO: - Não dá, por quê?

TARCÍSIO: - Acontece que... Bem, você é meu amigo, Paulo, de anos. Posso confessar isso a você.

PAULO: - Claro, Tarcísio. Pode confiar em mim. O que disser ficará entre a gente.

TARCÍSIO: - Pareço um adolescente bobão, mas eu acho que pela primeira vez na minha vida eu estou apaixonado por alguém.

Paulo se surpreende.

PAULO: - É mesmo?! Mas paixão não é coisa de adolescente, meu amigo. E você e a Marilu já estão bem íntimos, digamos assim, a paixão iria surgir mesmo.

TARCÍSIO: - Não, Paulo. Eu não estou apaixonado pela Marilu.

PAULO: - Não?!

TARCÍSIO: - Não. A minha paixão é pela Lívia.

PAULO: - Lívia?! A recepcionista do restaurante?!

TARCÍSIO: - Aquela moça, além de linda, tem um coração enorme, uma pureza de alma, bondade, simplicidade, sem deixar de ser charmosa. Estou completamente encantado por ela.

Paulo escuta tudo.

TARCÍSIO: - Penso nela a todo momento. Não vejo a hora de estar perto dela, de vê-la, sentir o seu perfume. Nunca senti isso antes.

PAULO: - Mas, desculpe perguntar novamente. E como fica a Marilu nessa história toda?

TARCÍSIO: - Aí é que está. Me sinto numa situação complicada, pois a Marilu me ajudou e muito. Me fez sentir mais homem, sabe? Ela tem seu espaço comigo. Mas a Lívia veio me tomando de um jeito que eu não sei o que fazer.

PAULO: - Tá, mas você e essa Lívia já tiveram alguma coisa?

TARCÍSIO: - Não, nada. Apenas uma conversa. Uma simples conversa, o que já bastou pra bater a afinidade necessária.

PAULO: - Pode ser. Mas cuidado, Tarcísio. Às vezes a gente acha que é paixão e pode ser apenas uma atração passageira. E tem mais! E se essa Lívia quer apenas se aproveitar de você?

TARCÍSIO: - Não, Paulo, acho que não.

PAULO: - Olha, meu amigo, é bom abrir o olho. Você é um dos homens mais ricos do país, conhecido no mundo, influente. O que mais tem por aí é mulher esperta querendo se dar bem na vida. A Lívia é linda, meiga, carinhosa, mas pode ser uma loba em pele de cordeiro.

TARCÍSIO: - Não se preocupe, eu sei me cuidar.

PAULO: - Não quero me meter na sua vida. Só quero que fique bem. Só isso. (levanta-se da cadeira) Qualquer coisa, estou na minha sala.

TARCÍSIO: - Obrigado, Paulo.

Paulo sai da sala. Tarcísio fica pensativo.

CENA 20. CLÍNICA DR. FAUSTO. CANTINA. INT. DIA.

Adriana faz um lanche, sentada sozinha à mesa, quando Gisa chega de surpresa, sentando junto dela.

GISA: - Pode começar.

ADRIANA (surpresa): - Começar o quê, menina? (risos)

GISA: - Como o quê?! Começar a falar do jantar de ontem! Quero saber de tudo! Todos os detalhes! Quero dizer, nem todos tá. Tem coisas que podem ficar só com você.

Adriana ri.

GISA: - Mas e aí, foram aonde? Dançar? Teatro? Cinema?

ADRIANA: - O Marcos me levou para jantar no Europa-Brasil.

GISA: - Para tudo! Naquele chiquérrimo da Paulista?! Aloka, que tudo!

ADRIANA: - Tudo mesmo, Gisa. O lugar é lindo, o menu é delicioso. E a companhia do Marcos foi excepcional. Ele é romântico, carinhoso, inteligente.

GISA: - Ai amiga, tá apaixonada, é?

ADRIANA: - Estou mesmo, Gisa. E você não sabe da maior!

GISA: - Fala! Fala!

ADRIANA: - Ele me propôs namoro firme.

GISA: - Mas esse Marcos é o homem perfeito! Com todo respeito Adri.

ADRIANA: - Mas acho que ele é mesmo o homem perfeito.

GISA: - E você é claro, aceitou a proposta da coleirinha, quero dizer, do namoro firme.

ADRIANA: - Aceitei sim! Mas sem essa história de coleira! (risos)

GISA: - Que bom, amiga! Tô tão feliz por você! Desejo tudo de bom pra vocês. (pega a xícara de chá) Vamos brindar esse momento especial!

Adriana e Gisa brindam com o chá.

GISA: - E que eu também consiga arranjar alguém assim.

ADRIANA: - Você vai sim, Gisa. Vou torcer por você.

GISA: - Mas eu não to desesperada não. Tô seguindo o ditado... Enquanto não encontro o homem certo, vou me divertindo com os errados!

Adriana ri. Ela e Gisa continuam conversando, animadas.

CENA 21. BOATE AGE AQUÁRIOUS. INT. DIA.

Algumas mulheres ensaiam no palco da boate. Henri observa tudo atento, quando se surpreende ao ver Marilu entrando na boate.

HENRI: - O que está fazendo aqui?! Você não pode sair de casa! Se a louca da mulher do Tarcísio te pega e/

MARILU: - Em primeiro lugar, aquela ordinária não é mulher do Tarcísio. A mulher dele sou eu. E em segundo lugar, eu não posso mais ficar mofando naquele apartamento. Tô com uma agonia, algo estranho dentro de mim.

HENRI: - É, pensando bem é melhor sair sim, dar uma espairecida.

MARILU (olha as meninas no palco): - E essas daí? Tão ensaiando o quê?

HENRI: - A apresentação temática de hoje a noite.

MARILU: - Coitadas. Se continuar assim vai ser um fracasso.

HENRI: - Ninguém pode ser um sucesso como você, Marilu. Mas não precisa ficar avacalhando as coitadas. Deixa elas tentarem.

MARILU: - Tá bom, tá bom. Eu vim aqui pra te ver, tentar relaxar. Mas eu não to conseguindo.

HENRI: - Eu to vendo, você tá tão estranha.

MARILU: - Eu vou é tirar essa história à limpo.

HENRI: - Que história, mulher? Do que você está falando?

MARILU: - Tô falando da piranha que tá dando em cima do meu homem!

HENRI: - O quê? O Tarcísio tá de olho em outra mulher, é isso?

MARILU: - Mas é por pouco tempo. Bem pouco tempo. Sabe por quê? Porque eu vou tirar ela do meu caminho. E vai ser agora.

Henri se mostra apreensivo, enquanto Marilu vai embora, decidida.

CENA 22. CASA CHARLOTE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Agda visita Charlote e Demétrio. Estão os três na sala, conversando.

CHARLOTE: - Agda, sinto tanto por você.

AGDA: - Sente por quê, Charlote?

CHARLOTE: - Por estar naquela mansão enorme, praticamente sozinha.

AGDA: - Ah minha querida. Isso pra mim não é motivo de tristeza. É alegria. Me dá uma paz de espírito que você nem imagina.

DEMÉTRIO: - Mas não é bom ficar tanto tempo sozinha assim, Agda.

CHARLOTE: - Olha, se você quiser, pode ficar aqui em casa. Pelo menos até a Beth voltar de viagem.

AGDA: - Eu agradeço o carinho de vocês por mim, mas não será preciso eu sair de casa não. E é até bom que isso não aconteça. Sabe-se lá o que o Tarcísio pode fazer se aquela casa estiver vazia.

DEMÉTRIO: - O Tarcísio não vai fazer nada, Agda. Ele não pode tomar a casa de você. É sua e de seus netos.

AGDA: - Mas é só ele fazer a cabeça da Vitória e do Rafael que tudo muda, Demétrio. Tarcísio é um manipulador. Conseguiu controlar a minha filha durante todos esses anos.

CHARLOTE: - Falando nela, tem notícias?

AGDA: - Não. Ela, pelo menos, ainda não ligou pra dizer como está sendo lá em Nova York. Acredito que esteja bem. Se estivesse mal, com certeza, eu já saberia.

CENA 23. NOVA YORK. EXT. DIA.

MUSIC ON: (Theme from New York New York - Frank Sinatra)

Takes gerais da cidade. Mostra pontos turísticos, a Estátua da Liberdade, Central Park, a Times Square, a 5ª Avenida, o cotidiano da cidade. Corta para.

CENA 24. GALERIA DE ARTE. INT. DIA.

MUSIC FADE.

Elizabeth admira às obras em exposição quando esbarra em um homem. É Eduardo.

ELIZABETH: - Ah, desculpa!

EDUARDO: - Imagina, eu também estava aqui distraído vendo os quadros... (olha para Beth, atento. Parece reconhecê-la)

ELIZABETH: - O que foi?

EDUARDO: - Acontece que você me parece conhecida.

ELIZABETH: - Eu? Acho que você deve estar me confundindo. Sou nova aqui em Nova York. Não que eu não conheça a cidade. Cansei de vir pra cá. Mas agora estou aqui pra passar um pouco mais de tempo.

EDUARDO: - Claro, lembrei de você. É a Elizabeth, não é?

ELIZABETH: - Como sabe meu nome?!

EDUARDO: - Fácil. Sou Eduardo, irmão da Inês.

ELIZABETH (surpresa): - Eduardo?! Nossa, que surpresa! Quanto tempo!

EDUARDO: - Bom te ver também, Elizabeth. Já fazem alguns anos que eu estou por aqui.

ELIZABETH: - Pode me chamar de Beth apenas. Nossa, coisa boa encontrar alguém que tem ligação com uma pessoa tão boa como é a Inês. Minha melhor amiga.

EDUARDO: - Surpresas da vida.

Os dois se mostram contentes.

CENA 25. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. DIA.

A campainha toca. Alaíde vai atender. É Rosa.

ALAÍDE: - Oi Rosa! Entra.

Rosa obedece.

ROSA: - Desculpa vir aqui sem avisar, Alaíde.

ALAÍDE: - Imagina, não tem problema não. Como você está?

ROSA: - Seguindo a vida. Tem que ser assim, não é?

ALAÍDE: - É verdade. Bem, aceita um café, um suco?

ROSA: - Não, não quero nada não. Eu vim até aqui para falar com a Lívia. Ela está?

ALAÍDE: - Ih, não tá não. A Lívia tá trabalhando no restaurante agora. Só chega mais à noite. Se você quiser esperar.

ROSA: - Sim, eu espero. Se não for te atrapalhar, é claro.

ALAÍDE: - Imagina, não atrapalha em nada.

ROSA: - Bem, já que não tem problema nenhum, vou precisar abusar um pouco da sua boa vontade, Alaíde.

ALAÍDE: - O que foi?

ROSA: - Eu quero que você me fale tudo. Mas tudo o que você sabe sobre a Lívia.

ALAÍDE (surpresa): - Eu?

ROSA: - Isso mesmo. Quero saber de toda a história dela, de onde veio quando chegou aqui, como ela é com os outros moradores, tudo. Eu preciso saber pra poder me aproximar dela e cumprir a promessa que eu fiz para minha mãe.

Alaíde e Rosa ficam a se olhar.

CENA 26. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Lívia está em seu posto de trabalho quando Marilu entra no estabelecimento.

LÍVIA: - Olá! Gostaria de uma mesa ou já tem reserva?

MARILU: - Eu gostaria de falar é com você mesmo.

LÍVIA: - Comigo?

MARILU: - É. Você é que é a Lívia, não é?

LÍVIA: - Sim, sou eu.

MARILU: - Não se preocupa, que o que eu tenho para falar com você é rápido. Recado direto mesmo.

Lívia olha para Marilu um tanto surpresa.

MARILU: - Se afasta do Tarcísio, está ouvindo?!

LÍVIA: - O quê?! Mas do que você está falando?

MARILU: - Você entendeu muito bem. Some da vida do Tarcísio, está ouvindo? Ele é meu!

Marilu encara Lívia, que está acuada.

Encerra com “Talismã - Monique Kessous feat. Raimundo Fagner”
 
     
     

autor
Édy Dutra

elenco
Christine Fernandes como Lívia
Taís Araújo como Marilu
Zé Carlos Machado como Tarcísio
Fábio Assunção como Rafael
Bruno Ferrari como Jonas
Marcos Caruso como Paulo
Renata Domingues como Carla
Júlio Rocha como Breno
Bianca Castanho como Beatriz
Júlia Feldens como Vitória
André Bankoff como Fabrício
Danton Mello como Marcos
Lavínia Vlasak como Isabela
Caco Ciocler como Conrado
Janaína Lince como Sarah
César Mello como Alfredo
Aída Leiner como Inês
Luíza Curvo como Tatiana
Jonathan Haagensen como Plínio
Marco Ricca como Fausto
Sílvia Pfeifer como Lorena
Thaís Vaz como Mayra
Gisele Policarpo como Gisa
Guilherme Leme como Almir
Mônica Martelli como Louise
Sérgio Menezes como Kléber
Cyria Coentro como Nice
Ernesto Piccolo como Moisés
Natália Guimarães como Rita

Atrizes convidadas
Sônia Braga como Elizabeth
Regina Duarte como Rosa
Valquíria Ribeiro como Adriana
Ângela Leal como Agda
Mila Moreira como Charlote
Denise Del Vecchio como Onira
Beatriz Segall como Wanda
Arlete Salles como Alaíde

Atores convidados
Gracindo Júnior como Demétrio
Rodrigo Santoro como Henri
Juan Alba como Alexandre
Nill Marcondes como Eduardo
Roberto Bonfim como Roberto
Floriano Peixoto como Jorge

Participações especiais
Dudu Azevedo como Romão
Elisa Lucinda como Cidália
Antonio Pitanga como Tenório
Vanessa Lóes como Clair
Alexandre Slaviero como Hugo
Lui Mendes como Pereira

Trilha Sonora
Pra rua me levar - Ana Carolina (abertura)
Theme from New York New York - Frank Sinatra
Talismã - Monique Kessous feat. Raimundo Fagner

Produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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