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A Deusa Bandida: Capítulo 12

Novela de Carlos Mota
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A DEUSA BANDIDA - CAPÍTULO 12

E o que seria meramente um momento de prazer, torna-se eterno, pelo menos para a cigana, que dos braços do amado, sorve- lhe toda a essência como uma vampira às suas vítimas; no rito da conjunção carnal, as almas, elevadas ao êxtase, se enlaçam, gemem, ofegam, sorriem… O tempo poderia parar! — pensa Aurora, entregue ao homem, enquanto alisa o cabelo dele, toca seus braços, beija-lhe os lábios como quem bebe a água doce de um riacho abençoado, mordica seu pescoço, ao redor de seus mamilos, sua orelha, seu tórax, suas coxas, numa inquietante sinfonia de instintos.

O que para ela era amor, para ele, certamente, resumia-se à pele. E tinha consciência disso, mas acreditava que o Amor, pelo menos o verdadeiro, como uma semente, germinava a partir do encontro dos corpos e ganhava terreno com os dias, a cada carinho que fizesse, a cada cuidado que tivesse com ele… Sentia isso! E como sentia!

Estava leve como nunca e, se ele não a segurasse, seria bem capaz de flutuar, atingir o céu e gritar para que todos soubessem de sua felicidade. Parecia não se importar com Luizinho, pois se ele descobrisse, o mundo cairia e o que hoje é paz, se transformaria num campo de batalha, podendo lhe causar a perda do amado que agora a tem nos braços… Mas isso não deixaria que acontecesse! Enfrentaria o “seu dono” de peito aberto, porque sabia, enquanto a vida lhe corresse pelas veias, a Natureza – o sustento de seu poder –, atiçada pelos ancestrais, viria ao seu socorro. Doce ilusão de uma mulher apaixonada!

— AUROOOOORA!!! — brada Luizinho os vendo em sua cama. — QUE DESGRAÇA É ESSA??? VOU TE MATAR, SEU

BOSTA!!! — volta-se para Álvaro, que pula da cama, tentando alguma explicação.

— Pare, pare, pare, meu querido!!! — pede a mulher, desorientada.

— PAAARE? TÁ LOUCA??? POSSO SER TUDO, MENOS CORNO!!!

— Verdade? Corno pode não ser, mas que já tem muitos galhos na testa, ah, isso tem — debocha Egídio, sussurrando às costas do homem, ao assistir a tudo de camarote.

— Eu… eu… não sei o que aconteceu… talvez estivesse enfeitiçado… — justifica o bandido. 

— Safadeza agora mudou de nome? — zomba Egídio, contendo o riso.

— POIS EU VOU LHE DIZER O QUE ACONTECEU… —

desvairado, vai em direção ao rapaz com toda a fúria, sendo contido pela cigana, que à sua frente, implora para que não faça nada contra o homem que ama.

— Meta uma bala nele, patrão, como eu fiz com minha mulher e o amante dela; tenha certeza, a alma se sentirá livre depois disso. Vamos, dê logo cabo dele! O bicho não presta, deitou-se com sua cigana, não viu?

— Paaare, Egídio! Não piore mais as coisas! — implora Álvaro, desprotegido.

— Tô cagando e andando para você, seu bosta, quero é vê-lo logo sendo devorado pela terra…

— Por que, Egídio??? Por quê??? Eu nunca te fiz nada!!!

O capanga, com a face pesada, cospe no chão, sem responder a pergunta.

Com as forças de seu coração, Aurora segurava os braços de Luizinho, impedindo-o que encontrasse a mira e despachasse para bem longe dos vivos, o homem que há pouco lhe doou o cálice da luxúria ofertado por Baco.

— Meta bala! Deixe de ser frouxo! — instava com mais fervor. — A honra de um homem só se lava com sangue.

Em um daqueles momentos de fúria incontida, Luizinho arremessa a mulher contra o chão, voa para cima do amante, agarrando-o pelo pescoço com toda a força que possuía. Álvaro até esboça uma reação, mas logo cede, perdendo o fôlego, enquanto é arrastado à parede, tendo a arma prensada contra o queixo.

— E agora, vagabundo? A festa acabou! — a saliva escorre pelo rosto e cai sobre a roupa. — Que se lembre, quando já estiver no inferno, que em “propriedade” do patrão ninguém põe a mão, sob pena de acabar estirado no chão, com uma bala bem no meio da testa.

— Não faça isso!!! — implora a mulher, após se levantar com muita dificuldade, tentando puxá-lo pelos braços. — Pare!!! Paaare!!! Deixe o meu amor em paz!

— AMMOOOOOORRRR????  SEU  AMOR  SOU  EU,

INFELIZ! — dá-lhe um empurrão tão forte, que a derruba.

Aurora geme de dor, para os aplausos de Egídio, que se alegra em vê-la caída. 

“Se tivesse percebido meu amor por você, não estaria no chão, mas no trono de um imenso castelo, tendo aos pés um bando de súditos enlouquecidos para adorá-la” — pensa o capanga, como que vingado pelo desdém da mulher, a quem sempre venerou, apesar dela o ignorar. Está aí o resultado da escolha errada.

— NÃO FAÇA ISSO!!! DEIXE-O EM PAZ!!! — suplica a cigana, num pranto comovente; mas, por incrível que pareça, ela não desiste, cerra os olhos e concentra-se com toda a força de sua alma, dizendo:

— Oh, oráculos da Natureza, eu os invoco para que venham até mim e me façam forte como as feras que vagam pela noite, destroçando suas presas…

Ouve-se um trovão.

— Mate logo, patrão!!! A mulher é o cão e está clamando pelo “bicho” — alerta Egídio. — VAAMOSS!!! Meta logo essa bala!!!

O vento forte desce do céu e estremece os galhos das árvores, que derrubam parte da folhagem. As nuvens escondem a lua, que se apavora com a quantidade de raios arremessados contra a terra, prenunciando a chegada de uma forte chuva, que faria um grande estrago na capital, principalmente nas cidades-satélites.

— PATRÃÃOOO — o bandido volta a alertar, apavorado com a transformação da cigana.

Possuída por seres de outro cosmo, ela recupera as energias, e com a fera que mora dentro de si à solta, ela ruge, indo ao encontro de Luizinho; suas unhas, como garras afiadas, dilaceram as vestes e as costas do homem, que uiva de dor, retraindo-se; é o momento que Álvaro precisava para fugir daquele cativeiro sem grades. Mas é agarrado por Egídio antes de chegar à porta e devolvido ao centro da briga.

— EU VOU MATÁÁÁ-LO!!! — surta o Patrão.

— NUNCA!!! — retruca a mulher.

Com o bandido na mira, aperta o gatilho, a bala voa e só não atinge o bobalhão porque ela salta à sua frente, recebendo o tiro que seria dele.

Ao perceber o que havia feito, Luizinho cai em desespero, joga a arma para o lado, e corre ao auxílio dela.

— Ele está fugindo, patrão! — alerta o comparsa.

— Dê um fim nele!

— É pra já! Como esperei por este momento! — os olhos do homem brilham de prazer. 

— Não faça isso! — pede Aurora, com o sangue escorrendo pela roupa. — EEEle não teve culpa!

O patrão pressiona o ferimento com as próprias mãos enquanto ela delira.

Outro tiro é ouvido.

— ÁLLLVAROOO!!! — grita a mulher, em meio às lágrimas, sendo abandonada pelas forças oraculares, que retomam o caminho do esquecimento.

— ÁLVARO??? COMO ASSIM??? — pergunta Luizinho, pegando-a do chão. — O que está acontecendo aqui?

— Álvaro, não, não… por quê?

— Do que ela está falando, Egídio?

— Sei lá, patrão, o cara deve ter feito algum mal a ela, só pode.

Vamos passar fogo nele já!

Recobrando os sentidos, a cigana primeiro avista os olhos confusos de Luizinho, que a tem em seus braços. Ao correr a mão pelo próprio corpo, percebe que o ferimento havia desaparecido, milagrosamente, assim como suas vestes, que não continham sequer uma gota de sangue. Apoiada ao homem, levanta-se bem devagar, olha para todos os cantos, tudo está intacto como antes.

— Onde estou? — pergunta Aurora, tentando conter a repentina dor de cabeça. — O que aconteceu aqui?

— Aqui onde? Nada!!! Estava atrás de você, quando a ouvi gritar pelo bobalhão, então corri para cá e a encontrei caída. Ele lhe fez alguma coisa? Diga, que acabo com ele numa só bala — diz Luizinho.

— Ele não me fez nada! — responde com ira. — Foi tudo um delírio… — diz a si mesma, regressando à realidade — … eu nunca o tive… NUNCA! QUE TRISTEZA!

— Eu não disse, senhor, seu amuleto está avariado — o capanga aproveita a deixa para fazer outro de seus comentários provocativos.

No quartinho, Luara tenta desfazer um dos nós, tendo a escuridão como companhia. É um puxa daqui, outro de lá, mas a mão não se liberta. Continua tentando e tentando, cada vez com mais força, era a única maneira de reencontrar a família… E que saudades dela. Sentia falta do pai, aquele homem sensato, que lhe dava bons conselhos; de Matilde, que estava sempre à espreita, guardando-a de todos os males – ou pelo menos de quase todos; até da mãe, aquela desmiolada, que nunca esteve presente em suas dores e que tantas vezes a envergonhou em frente aos amigos, seja por conta da falta de papas na língua, seja por conta do tratamento repreensível que dirigia aos empregados. E da avó, Dona Beatriz, que a compreendia e que a ensinou tudo sobre a vida, mas que, por infelicidade do destino, mesmo que saísse dali, não a reencontraria, não neste plano.

Da fresta da janela, Álvaro a procurava em meio àquele breu, sua vontade era a de arrombar a porta e levá-la dali, ainda que isso lhe custasse a própria morte, como gostava de dizer o patrão.

Ouvia o barulho da cama e imaginava a força que ela fazia para tentar se libertar… Tinha que fazer alguma coisa, mas se entrasse no quartinho de novo, o patrão não perdoaria, a não ser que… Olha ao redor, o segurança da mansão estava longe, sentado em sua cadeira, empolgado com a partida de futebol que assistia. Tinha alguns minutos apenas. Era agora ou nunca.

Levanta a camisa e retira um punhal. E com ele rasga um dos cantos da madeira da janela, de modo que pudesse arremessar o objeto. Vigilante, talha a parte mais frágil, apodrecida pelo tempo. Luara percebe o barulho, até grita, mas o som é novamente abafado pela mordaça. Mal ela sabe que do outro lado, correndo todos os perigos, está um homem apaixonado, louco para tirá-la daquele cativeiro, pondo a própria existência em risco.

Após muito esforço, abre um pequeno buraco na lateral — espaço suficiente para que pudesse passar uma das mãos; desta forma, força a madeira, que se desprega em dois ou três pontos. O segurança, percebendo algum movimento, deixa o seu posto.

A luz de uma luminária distante avança sobre o quarto, permitindo que Luara reconheça a silhueta de Álvaro à janela; antes que pudesse entrar em surto novamente, a imagem de sua avó surge- lhe diante dos olhos, pedindo calma, porque ela estava ali, ao seu lado. Emocionada, ela encontra os olhos do bandido, cujo coração, galopante e aflito, poderia escapar-lhe pela boca. O punhal é arremessado ao lado do corpo dela.

— O que está fazendo aí, mané? — pergunta o segurança a Álvaro, que esconde a abertura com o próprio corpo.

— Cara, ainda bem que chegou, eu… eu ouvi um barulho vindo de lá — aponta para o lado oposto. — Será polícia?

— POLÍÍÍÍCIA??? Vixe!!! Melhor avisar o patrão, não tô a fim de curtir o carnaval na cela de um aloprado — se manda para dentro da casa. 

— Força, garota! Eu confio em você! — sopra-lhe, ajeitando a madeira, para o espanto da moça, que percebe ter encontrado o seu anjo da guarda. — Força!

Não muito longe dali…

— Como o senhooor pôde ter pensado tão mal de Cleeeide??? Peço uma retratação já! — exige a matriarca dos Vaz, ao tomar conhecimento das suspeitas do delegado.

— Retratação? A senhora está louca? Estou apenas fazendo meu trabalho!

— Ele disse que eu iria visitar um tal de Solano e queria ir junto

— chora, limpando as lágrimas e o nariz em um guardanapo de pano.

— Este guardanapo não é da cozinha, Cleide? — alerta Matilde, com cara de nojo.

— Que porquiiice é essa, Cleeeide? Além de pobre, é suja! Que horrooor, meu Deus!!! Pode levar, seu delegado, gente como essa não quero por perto.

O homem se indigna com o rumo da conversa.

— Oh, dona Leonor, como pode falar isso de mim? Sim! Confesso, eu estava mentindo quando disse que o povo do barraco tinha ido dessa para uma melhor, mas fiz por uma boa causa.

— Diga mais… — ordena Enrico, curioso.

— O povo de Ceilândia tava se reunindo para fazer um abaixo- assinado, querem que a Dona Leonor os represente no Big Brother…

— BIG BROOOTHER??? EEU?? QUE LOUCUUURA!!! — os olhos da mulher faíscam.

— Sim, dona Leonor, até porque, qual participante teria mais empatia e graça que a senhora? Nenhum! Naquela casa não teria pra ninguém, a senhora seria o centro das atenções, faria uma arruaça de dar inveja àquelas plantas. Imagine nas festas, rebolaria o pandeiro e dançaria até o chão…

— Ai minha coluna — diz a mulher, interrompendo a conversa, enquanto apalpa as costas.

— Deixe disso, a senhora brilharia feito uma estrela, botando aquele gato do Arthur Aguiar no chinelo… Uh! Imagine tomar um goró ao lado de algum bonitão e terminar a noite debaixo do edredom???

— se empolga. — Só em pensar já me sobe um calor!!! Crendiospai! Quanta coisa boa, né, não dona Leonor???

— Oh, nem se fala, minha filha. E que o Martim não nos ouça

— dá um sorrisinho amarelo. 

— E no jogo da discórdia, a senhora botaria o dedo na cara de qualquer um, sem medo de ser feliz, porque o Brasil já te amaria, assim como Ceilândia…

— Pode ficar, Cleeeide! Vou lhe dar outro aumento, você realmente sabe valorizar o que é bom nesta vida.

— Aumento de novo? — reclama a governanta, se afastando. — Daqui a pouco essa cozinheira vai acabar dona da casa.

— E o povo tava preparando uma passeata, bem maior que a dos patriotas, só para pedir que a senhora fosse aceita pelo programa, porque o Boninho negou… A revolta em Ceilândia é geral!

— O BONIIINHO NEGOU? E POR QUÊ??? — pergunta,

curiosa.

— Disse que lhe faltam parafusos… Aff! É cada coisa, né? Enrico segura a gargalhada.

— Que horrooor!!! Ele é um mal-amado! Certamente, Ana Furtado deve estar lhe enfeitando os cornos…

— Era para ser uma surpresa à senhora, mas este “delegadozinho” acabou com tudo.

— Que horrooor!!! Pois o prenda, oficial — pede a Clóvis, substituto de Duarte, que acompanhava Enrico.

— Prender o delegado? E por quê? — assusta-se o rapaz.

— Ele é um estraga prazeres!

— Na certa, queria o seu lugar, dona Leonor — conspira a cozinheira. — É um invejoso de galocha, só pode! E olhe que eu o achava um gostosão… bem, ainda continuo achando, mas um pouco menos…

A loucura é tamanha que o próprio Enrico dá boas risadas, não acreditando como aquelas duas ainda não dividiam uma camisa de força.

— Clóvis, confirmou a história da moça aí? — inquire o delegado, apontando-a com o olhar.

— Sim, senhor! É tudo verdade, fecharão as rodovias adjacentes amanhã de manhã para pedirem que a velha aí entre para o programa.

— Velha é sua avó, seu gordo bigodudo — Leonor abaixa o nível.

— CHEGA! — ordena o delegado. — Mas se essa história de maluco é verdadeira, por que carregava estas malas, Cleide?

— Como o senhor é ingênuo, doutor delegado — tira sarro —, aí estão as roupas da velha, digo, da Dona Beatriz, que a patroa pediu que eu doasse às barangas lá da quebrada. 

— IIIsso é verdade! — ratifica Leonor.

— Meu Deus! Se eu permanecer mais um minuto nesta casa, com essas duas, é bem capaz que eu termine rasgando dinheiro.

— O que está acontecendo aqui? — pergunta Martim, de pijama.

— Delegado, aqui em casa? Alguma notícia de minha filha?

Na cozinha, Matilde toma um copo d’água, quando percebe a porta que dá acesso aos fundos aberta. Faz o movimento para fechá-la, mas vencida pela curiosidade, resolve descer a escadaria até o jardim, no quintal da mansão. Para, ao ouvir parte de uma estranha conversa:

— Cara, você tem que sumir, o delegado está na sua cola! Não tem mais nem menos, é pegar o carro e vazar. Para onde você vai? Esse é um problema seu! Vai me entregar? Até parece! Antes levará uma azeitona na testa, seu corno! Tá, tá, vou te ajudar, mas só porque o meu tá na reta, seu cara de pau. Sabe aquela casinha em Brazlândia? Tem uma edícula, se aloje lá.

— Brazlândia? Com quem você está falando, Eufrásio? — cobra a governanta, bastante intrigada. — Responda! Por acaso não é com o tal do… Ah, Eufrásio, logo você?

O homem se assusta, derrubando o celular. Voltando ao cativeiro de Luara…

A pobre se contorce, num esforço para pegar o punhal, até que uma das barras da cabeceira se solta. Com os braços flexionados, corre a corda pelo ferro, mas o trajeto é complicado. Então resolve puxá- lo com golpes em sentido anti-horário. Esgotada, chora. “Meus Deus, como vou sair daqui? Há de se ter um jeito!” — pensa ela, tentando se tranquilizar. E recomeça a via-crúcis.

autor
Carlos Mota

com ilustrações de
Andrea Mota
 
elenco
Luara
Álvaro
Aurora
Diana
Martim Vaz
Leonor Moreira Vaz
Beatriz Vaz
Matilde
Cleide
Eufrásio
Sofia
Luizinho como Patrão e Camaleão
Egídio
Enrico
Português

trilha sonora
Immortal - Thomas Bergensen
 
produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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