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Antologia A Magia do Natal: 6x01 - A Caixa dos Desejos (Season Premiere)

Conto de Jacqueline Quinhões da Luz
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Sinopse: "A caixa dos desejos" traz a história de uma mãe, que teve seus filhos tirados de seu convívio, mas que não perdeu a esperança de reuni-los. Foi numa simples caixa, na época de Natal que resolve depositar seu maior desejo e deste dia em diante, coisas incríveis começam a acontecer, como se o universo conspirasse a seu favor.

6x01 - A Caixa dos Desejos
de Jacqueline Quinhões da Luz

            Jurema tinha dois filhos. O mais velho se chamava Ricardo e o mais novo  ngelo. Vivia com eles e seu marido numa humilde casinha num bairro afastado da cidade. A vida era bastante puxada, mas nunca reclamava de nada. Para ela, estar com seus filhos era suficiente para se sentir feliz. Sua felicidade não durou muito. Certo dia, voltou do trabalho e não encontrou seus meninos e nem seu marido, apenas uma carta que dizia:

Levei meus meninos, vou tentar a vida longe daqui somente com eles.”
Rui

            Custou a entender o que aquelas poucas palavras diziam, naquele momento sentiu o chão fugir de seus pés. Correu até o quarto e no guarda-roupas nenhuma peça foi encontrada. Foi até o portão, olhou para todos os lados e nada. Perguntou a sua vizinha e ela disse ter visto quando Rui embarcou com seus filhos num carro grande e com as malas de roupas. Tentou perguntar-lhe aonde estavam indo, porém ele a ignorou.

            Era real, Rui tinha mesmo ido embora e deixado para trás quem sempre esteve ao lado dele, a mãe de seus filhos. Sentiu-se sem importância, um lixo qualquer que foi descartado por não ter mais utilidade. Desde então, Jurema foi morar com sua mãe, que era viúva. Trabalhava muito e pagava uma advogada para ajudá-la na busca pelos meninos. Já tinham se passado 3 anos sem nenhum sucesso, pareciam ter evaporado, sem vestígio algum de onde teriam ido. Rui parecia ter feito tudo de caso pensado, muito bem feito, não deixou rastro a ser seguido, como pode não ter desconfiado de nada. Sentia raiva de si mesmo quando pensava nisso. Desde então, Jurema vivia seus dias assim, tinha perdido a alegria de viver, mas não a vontade pois lá no fundinho, mesmo sem esperança, sonhava com o dia do reencontro com seus meninos, nem que quando isso acontecesse já estivesse com idade avançada, assim morreria em paz.

            Recebeu um recado em seu trabalho, uma ligação de sua advogada. O Centro de ajuda havia recebido uma denúncia sobre dois meninos que se pareciam muito com a descrição dos meninos de Jurema. Nos três anos que se passaram, era a primeira vez que surgia alguma pista. Mesmo correndo o risco de não ser, Jurema apegou-se a ela com todas suas forças.

            Infelizmente foi constatado que não eram os meninos de Jurema, e sim de outra mãe, que como ela vivia seus dias sem alegria, mas aquele ano teria seus filhos juntos no Natal que estava próximo. Todos os anos Jurema comprava um presentinho para seus meninos, não só de Natal, como também de aniversário, Dia das Crianças e outras datas. Era uma forma de senti-los perto. Não sabia se um dia teria a oportunidade de lhes entregar, mas agindo assim encontrava ânimo para continuar trabalhando. Ficava horas pensando como estariam, crianças crescem muito rápido. Quando ia andar no parque, ficava observando outros meninos tentando imaginar como os seus estariam, do que gostavam, se estudavam e se sentiam saudade dela.

            Naquela semana, ao ir ao centro, onde também recebia apoio psicológico em grupos, Jurema leu um anúncio que pedia por voluntários para uma festa de Natal que atenderiam inúmeras crianças e decidiu se voluntariar, já que não teria seus meninos por perto no Natal, iria dar a outros sua atenção, seria uma forma de homenagear seus filhos que lhe foram tirados de seu convívio.

            No final do trabalho foi até o local que estava organizando a festa para obter mais informações. Lá pediram que conseguissem doações de brinquedos ou roupas, já que a Associação receberia algumas crianças novas que tinham sido encontradas abandonadas e o que tinham recebido era pouco para contemplar todos.

            Jurema voltou para casa pensativa, tinha tantos brinquedos e roupas guardadas que comprava para seus filhos sem nem saber se um dia os encontraria a tempo de entregar-lhes, enquanto as crianças novas corriam risco de não ter algo para ganhar. Reuniu tudo que tinha, arrecadou mais com seus vizinhos que se solidarizaram com seu relato e levou para a Associação Beneficente. Isso a fez sentir-se melhor, porém ao mesmo tempo era como se não os fosse encontrar mais, como se tivesse desistido de procurá-los. Sua mãe sempre acreditou que um dia os meninos voltariam para sua vida e lhe dizia para nunca perder a fé, que milagres acontecem para quem crê, que épocas como as do Natal eram mágicas e costumam realizar sonhos. Jurema ouvia, no entanto, com tudo o que viveu acreditar em mágica àquela altura da vida não lhe era algo lógico.

            Era o último domingo antes do Natal e a pedido de sua mãe, a acompanhou na Igreja, iam fazer uma oração diante do lindo presépio montado. Jurema foi, não conseguiu rezar, ficou olhando o cenário do presépio e ficou pensando no quanto aquela mãe tinha sofrido quando perdeu seu filho. Assim como ela, teve seu menino com tantos sacrifícios, o viu crescer e quando adulto o tiraram dela. Como sabia o tamanho dessa dor e sem perceber Jurema seus pensamentos se transformaram em uma linda oração. No momento em que foi solidária à dor de Nossa Senhora, já estava orando pois vinha do seu coração. Ao final das orações, o Padre pediu-lhes que escrevessem seus pedidos de Natal e que colocassem na caixa dos desejos ao lado do presépio. Jurema colocou seu desejo de Natal. Ter seus meninos de volta.

           Chegou o dia de ir até a Associação para a festa de Natal a qual havia se voluntariado. Jurema acordou naquele dia com o coração inquieto, mais do que de costume. No horário marcado estava lá. Havia uma grande fila organizada. Tinham crianças de todos tamanhos e idades. Crianças de todas as partes, encontradas de várias formas. Jurema ficou na distribuição dos brinquedos. Já tinha entregado inúmeros, mas foi quando pegou um carrinho para entregar que olhou e viu ser um dos que tinha comprado para seus meninos e ao entregar na mão do menino olhou em seus olhos e não acreditava no que via. Era seu menino mais novo que estava ali em sua frente. Buscou com o olhar encontrar o mais velho, mas não o viu. Esse estava com uns 5 anos, tinha dois apenas quando lhe foi tirado. O mais velho tinha 5 e devia estar com 8 agora. O menino sem entender se viu sendo abraçado por uma estranha, começou a chorar assustado. Foram levados até uma sala, onde Jurema contou rapidamente a diretora da Associação o motivo de sua emoção, sem desgrudar da mão do menino. Perguntaram-lhe onde estava seu irmão e o menino apontou para a fila que distribuía os doces. Jurema olhou e lá estava seu menino mais velho, inocentemente sem imaginar o que acabara de acontecer. Buscaram o menino que ao ver Jurema chorou muito. Ele lembrava do rosto de sua mãe. A cena daquela mãe abraçada aos seus filhos depois de longos anos separados comoveu a todos. A diretora acionou o Conselho Tutelar, precisavam seguir todos os procedimentos legais, pois não sabiam como os meninos tinham chegado até ali. Com cuidado, foram obtendo as respostas pelo menino mais velho. O pai os tinha levado, foram morar com outra mulher, mas que não os tratava como filhos, não gostava deles. Certo dia o pai saiu e não voltou mais e depois de um certo tempo a mulher os levou para um abrigo e lá os deixou à sua sorte. Jurema ficou revoltada com o que ouviu. Todos esses anos sofreu com a ausência de seus filhos e os meninos sofrendo com o abandono. 

         Mas estavam juntos. Um milagre de Natal tinha acontecido, assim como sua mãe tinha lhe dito que seria, bastava acreditar, nunca perder a fé.

       Tudo foi encaminhado por sua advogada, Jurema levou seus meninos para casa, enquanto os papéis eram ajustados. Ninguém mais os separariam. Depois de tantos anos teriam um Natal feliz. O brilho da vida tinha voltado aos olhos de Jurema que a partir de então voltou a acreditar em milagres. Eles acontecem quando acreditamos neles. O pedido colocado na caixa dos desejos tinha se tornado realidade.  No dia do Natal, Jurema voltou até a Igreja, levou seus meninos para apresentá-los à Nossa Senhora e agradecer-lhe pelo milagre recebido, seu pedido da caixa dos desejos, seu milagre de Natal.

            E acreditem, não é clichê dizer, que eles viveram felizes para sempre.


Conto escrito por
Jacqueline Quinhões da Luz

Tema de abertura
Jingle Bell Rock

Intérprete
Glee

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima Gisela Lopes Peçanha Paulo Mendes Guerreiro Filho Pedro Panhoca Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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