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A Prometida: Capítulo 17

novela de Francyslaine Vicentini
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A PROMETIDA - CAPÍTULO 17
 

CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR:


Turquesa: 
Amiga, que susto nos deu.

Pérola (nervosa): Ele era amigo do Julio, ele tentou me agarrar uma vez.

Turquesa: Continua o mesmo sem vergonha de antes.

Pérola: Você o conhece?

Gritos as interrompem. Pérola olha emocionada ao ver aquelas pessoas.

       

CENA 01 – PERIFERIA DO MÉXICO / RUA / EXT. / DIA. 

Continuação do capítulo anterior. Nas proximidades da pensão. Pérola reencontra sua gente. 

Niurka (grita): Minha filha, minha querida!

Pérola abraça Niurka emocionada.

Pérola: Achei que nunca mais iria lhe ver minha tia.

Sergei (surpreso): Pérola, você aqui com a Turquesa?

Turquesa: Eu a encontrei aqui na cidade.

Luana: Paizinho! Você veio me buscar?

Ele pega a filha no colo.

Sergei: Meu amor, enfim estamos juntos de novo minha filha, a mais linda de todas.

Dalila olha com inveja.

Sergei: Vamos conversar com o doutor e se tudo estiver certinho vamos embora, vamos voltar pro nosso povo.

Turquesa: Sim é o melhor, mas e a Pérola?

Pérola: Eu não posso voltar nunca mais, senão o Zamack vai acabar comigo.

Niurka: Vão tranquilos. Com Pérola vocês não precisam se preocupar, ela tem a mim, é sangue do meu sangue e eu não irei permitir que ela passe nem frio nem fome.

Pérola: Tia Niurka, eu me sinto tão protegida ao seu lado.

Niurka: Já vim pra capital bem preparada. Trouxe joias que posso vender e continuaremos a pagar um quarto de pensão.

Sergei: Iremos até o hospital e depois voltaremos para nos despedir.

Dalila: Eu vou ficar aqui com elas.

CENA 02 – HOSPITAL REGIONAL / QUARTO VITÓRIA / INT. / DIA.

Vitória conta toda a verdade ao filho.

Vitória (emocionada): Isso é tudo, meu filho... Meu filho!

Julio chora segurando a mão da mãe.

Julio: Que história, meu Deus. Franco sempre nos deu tudo que queríamos, mas nunca soube nos dar carinho. Vivia as turras com Cristine, viviam todos de mau humor, tanto que eu me afastei deles e só voltei quando avisaram que ele estava morto. Então ele não é meu pai.

Vitória: Não, seu pai é um maldito bêbado, que nem sei mais onde está.

Julio: Eu estou muito confuso, ficar sabendo de tudo assim, tudo de uma vez.

Vitória: Você me entende meu filho? Você entende que eu errei em me tornar amante de Franco, mas que no resto não tive culpa, não tive culpa dele nos separar.

Julio: É claro que não, mãe.

Vitória: Era tudo que eu sonhava ouvir a tanto tempo.

Julio: Minha mãe... Mãe... Eu vou viver só pra senhora agora, é a única razão da minha vida.

Vitória: Filho, o que é isso? Não diga uma coisa dessas! Você tem tantas coisas boas.

Julio: Eu não tenho o amor de Pérola que era a única coisa realmente boa na minha vida.

CENA 03 – PERIFERIA DO MÉXICO / RUA QUALQUER / EXT. / DIA.

Alicia e Tito andam enquanto conversam.

Alicia: Felizmente o Julio aceitou a mamãe, isso era a coisa que ela mais queria.

Tito: Sim, minha querida. Dona Vitória é uma pessoa muito boa e merece que tudo dê certo.

Alicia: Agora só falta ela encontrar meus outros irmãos.

Tito: Você não se importa mais do Julio ser seu irmão?

Alicia (rindo): Claro que não, porque eu achei um homem lindo, bondoso. O homem que toda mulher gostaria de ter, você.

Os dois se beijam e são interrompidos por um homem.

Alberto: Você é Alicia, filha de Vitória, não é?

Tito: E o senhor é aquele que queria roubar a bolsa de Alicia!

Alberto: Eu, bem eu/

Alicia: Vamos embora daqui Tito.

Alicia puxa o namorado pelo braço.

CENA 04 – HOSPITAL REGIONAL / EXT. / DIA.

Na saída do hospital, Julio atende ao telefone.

Julio: Luis Carlos?

Luis Carlos (off): Eu queria me redimir do erro que cometi, e queria fazer isso te ajudando a encontrar a Pérola, hoje eu a vi.

Julio: E deixou que ela fosse embora?

Luis Carlos (off): Ela fugiu feito uma louca de mim. Ela estava no shopping, pelas minhas investigações ela foi vender a aliança de casamento de vocês.

Julio: O que? Nossa aliança?

Luis Carlos (off): Ela deve estar enfrentando dificuldades, Julio. Eu prometo pra você que vou encontrá-la, desconfio que ela está com umas ciganas. Com a Tereza! 

Julio: Que Tereza?

Luis Carlos (off): Você lembra de uma namoradinha que eu tinha? A filha de um camponês. Então, eu a vi de novo, acho que ela está com a Pérola. Preciso encontrá-la pra conversar e de sobra acho a Pérola pra você.

CENA 05 – FAZENDA ESPERANÇA / JARDIM / EXT. / DIA.

Escobar se despede de Milena.

Escobar: Eu vou ter que ir embora.

Milena: Minha vida vai voltar a ser a mesma de antes. Foram tão bons os dias que você esteve aqui ao meu lado, me divertindo, me consolando. Eu não suporto mais a convivência com minha mãe.

Escobar: Milena, minha querida, não se abale assim. Pense que eu voltarei o mais rápido pra te ver, que mesmo longe meu coração estará aqui. Aqui junto com o seu.

Cristine se aproxima furiosa.

Cristine: O que é isso? O que esse cigano nojento está fazendo aqui?

Milena: Não fala assim do Escobar, ele é meu amigo.

Cristine: Os ciganos são malditos, cruéis!

Milena (chora): Não mais cruel que a senhora. Porque tem que transformar minha vida em um inferno. Você nunca olhou pra mim pra dizer “Filha não se preocupe, um dia você vai melhorar”, ou apenas “Filha eu te amo”. Nunca me disse sequer uma palavra de carinho, eu odeio a senhora.

FADE IN: Poesía de Amor – Café Quijano

Milena maneja a cadeira de rodas rapidamente sai dali, Escobar vai embora triste e Cristine chora.

Cristine: Meu Deus, em que monstro eu me transformei? Em que monstro? Milena não é minha filha, eu sinto isso, mas não tenho o direito de fazê-la sofrer tanto. Não tenho esse direito!

FADE OUT: Poesía de Amor – Café Quijano

CENA 06 – HOSPITAL REGIONAL / EXT. / DIA.

Sergei, Turquesa e Luana chegam a frente do hospital.

Sergei: Eu levo a Luana até lá, pergunto pro doutor se podemos levá-la embora.

Turquesa: Não diga pro doutor Julio que a Pérola está com a gente, ela pediu.

Sergei: Fica tranquila, e nem a Luana vai dizer né filha?

Sergei entra no hospital. Turquesa sai e se assusta ao ver Luis Carlos, ela vai sair correndo, mas ele a segura.

Luis Carlos: Espera, Tereza!

Turquesa: Me solta.

Luis Carlos: É tão bom te ver de novo. Estou sendo sincero, a única mulher que eu amei de verdade foi você, minha menina dos olhos cor de turquesa.

Turquesa: Você não vai me enganar novamente com essa sua lábia, você não ama ninguém nem a você mesmo. É uma pessoa fria e calculista. Que pensa que é o máximo e que não tem piedade de enganar pessoas inocentes e que nunca te fizeram mal.

Luis Carlos: Tereza, o que é isso? Isso é jeito de falar? Você agora se tornou uma cigana abusada, que pensa que a dona da verdade?

Turquesa: Cigana sim e com muita honra. Se eu não tivesse achado um homem bom como o Sergei, que foi e é como um anjo pra mim estaria perdida no mundo por sua culpa, você não passa nem aos pés dele. E agora me solta!

Sergei chega e olha espantado.

Sergei: O que está acontecendo aqui? Esse imbecil está te desrespeitando Turquesa?

Turquesa (chorando): Sim, está.

Sergei: Eu vou acabar com você, pra aprender a não ficar brincando com a mulher dos outros.

Sergei começa a bater em Luis Carlos. Alguns enfermeiros os separam.

CENA 07 – TRANSIÇÃO DE TEMPO

FADE IN: El Ultimo Vals - La Oreja de Van Gogh

Takes da cidade do México e sua movimentação cotidiana. Takes dos monumentos históricos da cidade. Takes do céu e o dia passando. A noite cai.

FADE OUT: El Ultimo Vals - La Oreja de Van Gogh 

CENA 08 – CENTRO DO MÉXICO / EXT. / NOITE. 

Pérola e Turquesa caminham sem rumo pelas ruas da cidade.

Pérola: Eu vou sentir muito falta da Turquesa e da minha menininha.

Niurka: São ótimas pessoas. E já devem estar bem longe daqui.

Pérola: Imagina só tia, o Sergei quase matou um homem por ter se metido com a Turquesa.

Niurka: Sergei tem sangue quente, é dos nossos. Pérola minha filha, você já deve estar cansada de tanto andar, não?

Pérola: Um pouquinho.

Niurka: Temos muito que conversar ainda. E o bebê?

Pérola: Quem lhe disse que eu vou ter um bebê?

Niurka: Eu não preciso que ninguém me diga, eu vi em seus olhos e em seu corpo, querida.

Pérola (sorrindo): É, eu vou ser mamãe. Vou cuidar muito, mas muito bem da minha criança. Como eu nunca tive uma mãe quero que minha filha tenha tudo de bom, principalmente muito amor. 

Corta para. Carro. Int.  

Julio: Você é um palhaço de se meter com esses ciganos.

Luis Carlos: Estou todo dolorido ainda. Maldito. Mas eu precisava conversar com a Tereza.

Julio: Que Tereza, cara?

Luis Carlos: Aquela cigana loura dos olhos azuis. Esposa do maldito que quase quebrou meu nariz.

Julio: Mas ela se chama Turquesa!

Luis Carlos: Mudou de nome então porque... Julio, olha lá Julio, duas ciganas.

Julio olha emocionado pelo vidro do carro.

Corta para. Calçada. Ext.

Pérola: O Julio destruiu todos os meus sonhos. Ele não poupou palavras pra dizer pro irmão o que sentia por mim.

Niurka: Quem será aqueles dois que olham tanto pra cá?

Pérola quase desmaia ao reconhecer.

Pérola: É o Julio! Eu tenho que me esconder tia Niurka, me ajuda, por favor.

Pérola se encolhe em lado do passeio, e cobre o cabelo com um véu, de cabeça baixa ouve os passos dos homens. Julio olhando pra Pérola, mas não a reconhecendo.

Júlio: Senhora, poderia nos informar se conhece uma cigana que se chama Pérola?

Niurka (confusa): Você disse Pérola?

Julio: Sim, por tudo que a senhora mais ama na vida, a conhece? Conhece a Pérola?

Julio aborda Niurka na rua.

Julio: Conhece a Pérola, senhora?

Niurka: Não meu filho, não conheço alguém com um nome tão bonito. Tão precioso não?

Julio: Tão precioso como a dona.

Luis Carlos (desconfiado): E essa sua amiga aí, encolhida. Talvez ela conheça.

Julio se aproxima, Niurka pula a sua frente.

Niurka: Não! Não se aproxime! Ela foi amaldiçoada, ficou louca pobrezinha. Não mecha com ela, ou então não me responsabilizo.

Eles se assustam.

Julio: Eu nem sei mais aonde procurar a Pérola. Ela está me fazendo muito falta.

Niurka: Se é do destino de vocês ficarem juntos, um dia novamente se encontrarão. Isso, eu digo com certeza.

Julio sai arrasado e Luis Carlos fica olhando para a mulher encolhida com os cabelos escondidos por um véu.

Niurka: Levanta daí sua maldosa.

Pérola (chora): Julio, Julio.

Niurka: Por que não conversou com ele? Não vê que está sofrendo?!

Pérola: Eu tenho medo de que tudo seja falsidade. Penso as vezes que ele só está me procurando por causa do filho que eu vou ter. Se for menina, ele herdaria toda herança do pai.

LEGENDA: Meses depois

CENA 09 – PENSÃO / QUARTO NIURKA / INT. / NOITE.

Pérola e Niurka entram em casa cansadas de um dia cheio de trabalho. Pérola com barrigão de grávida.

Niurka: Hoje ganhamos muito dinheiro. Você Pérola é uma palhaça perfeita.

Pérola (ri): Eu gosto de divertir as crianças.

Niurka: Você e suas palhaçadas e eu vendendo bijuterias e lendo as mãos. Com esse dinheiro podemos alugar um quarto melhor você não acha? Está se sentindo bem minha filha?

Pérola: Acho que andei demais hoje. Já estou quase no final da gravidez. Estou muito cansada.

Niurka: É mesmo. Eu estou achando melhor só eu sair por aí, até que nasça seu filho. Me diga uma coisa, quando nascer o pequeno, você vai levar pro pai conhecer?

Pérola: Não, a senhora está louca, e se for uma menina, ele me toma, ele tira de mim, pra ficar com a herança.

Niurka: Eu não acho que ele seria capaz. Vi o sofrimento nos seus olhos, Niurka não se engana. Niurka conhece os olhos tristes.

Pérola: Não, eu tenho medo, muito medo.

CENA 10 – CASA VITÓRIA / SALA / INT. NOITE.

Julio visita a mãe.

Vitória: Se quiser pode morar aqui com a gente filho.

Julio: Não se incomode mamãe. Sabe eu avisei a tia Alma. Vamos pra fazenda essa semana mesmo. A senhora poderá conhecer Milena.

Vitória: Obrigada meu filho. E o Sérgio?

Julio: Aquele imbecil sumiu no mundo com a esposa.

Vitória (pensa): Tenho quase certeza que foi Sérgio que me empurrou nas escadas.

Julio: Meu celular está tocando, deixe me ver quem é.

Ele se afasta para atender.

Julio: Pois não? Uma cigana me procurando? É Pérola? Não! Ah não é... O que? Ela disse que sabe onde Pérola está, vou ai imediatamente.

Julio dá um beijo na mãe e sai correndo.

CENA 11 – PENSÃO / QUARTO NIURKA / INT. / NOITE.

Chove muito neste momento. Pérola chorando rolando na pequena cama, suando de dor.

Pérola: Meu Deus, cadê a tia Niurka que não volta! Ai meu Deus! Estou sentindo muita dor, ai... Acho que chegou a hora... Meu Deus me ajuda, eu não aguento mais!

CENA 12 – HOSPITAL REGIONAL / CONSULTÓRIO JULIO / INT. / NOITE.

Julio e Niurka.

Niurka: Vá atrás dela, rapaz. Pérola te ama muito. Ela mesma me disse várias vezes que queria te amaldiçoar, mas que não consegue tirá-lo do seu coração e de sua mente. Mas eu vejo sinceridade nos seus olhos, você a ama?

Julio: Mais que tudo!

Niurka: Aqui está a chave de nosso quartinho, vá depressa.

Julio: Mas, onde ela está senhora?

Niurka: Te darei o endereço e deixarei que você vá conversar com ela a sós. Não ligue se ela disser que te odeia, é da boca pra fora, é o contrário do que ela realmente sente.

Ele abraça a cigana, contente.

Julio: Obrigado! Obrigado.

CENA 13 – PENSÃO / QUARTO NIURKA / INT. / NOITE.

Pérola está sentada no chão se contorcendo de dor, não consegue se levantar.

Pérola: Está doendo muito! Chegue tia Niurka, volte rápido, eu não posso ter essa criança sozinha, eu vou morrer de dor.

Ela geme de dor. Julio abre a porta, Pérola olha assustada.

Julio: O que você está fazendo aí?

Pérola: Eu que te pergunto! O que você está fazendo aqui? Ai, ai meu Deus...!

Julio corre até ela.

Julio: Você está se sentindo mal? Fica calma.

Ela chora de dor tentando empurrá-lo.

Pérola: Sai daqui!

Julio: Deixa de ser teimosa. É o bebê não é? Você está sentindo as contrações!

Pérola: Eu acho que eu vou morrer. Eu quero a tia Niurka, pelo amor de Deus!

Julio: Calma, eu vou cuidar de você. Eu não posso te tirar daqui agora, com essa tempestade, meu Deus, você está prestes a dar a luz.

Pérola: Eu não quero que você me ajude em nada, eu te odeio.

Julio: Agora não é hora de odiar ninguém, deixa eu te ajudar, fica calma.

Pérola: Julio... Está doendo muito.

Julio: Eu sei, meu amor, mas você tem que ser forte. Não tenha medo, eu estou aqui... Pra te ajudar.

Pérola urra de dor no desespero.

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