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Antologia Lua Negra: 4x01

Conto de Maya Vendetta
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Sinopse: Em uma noite de Lua Negra, uma jovem sensitiva acredita ver sobre sua estante a figura de uma Gárgula. Atormentada pela possibilidade daquilo ser real, acaba fazendo exatamente o que a entidade esperava que fizesse: a convida-se para dentro de si.

Gárgulas Sobre a Estante
de Maya Vendetta

À quem possa interessar,

Nunca fui uma pessoa cética. As sombras me acompanharam o tempo todo. Eu sempre soube que estavam lá, à espreita. No canto escuro no quarto, onde a luz do corredor não chegava; atrás das cortinas longas e brancas da sala; logo pelas minhas costas enquanto caminhava da cozinha para o banheiro. Moro nesta casa há mais de quinze anos, e conheço todas as suas esquinas e cicatrizes nas paredes; lascas na pintura e pequenos detalhes mal feitos ou mal acabados. Não havia necessidade de acender as luzes no caminho entre a cozinha e o banheiro. Era uma caminhada curta, de no máximo vinte passos, sem nenhum obstáculo. Devo ter dado os mesmos passos milhares de vezes. Sabia-os de cor. Assim como sabia que algo sempre me seguia. Por isso, nunca me atrevi a olhar para trás. Quem sabe o que poderia estar ali? Talvez apenas a escuridão. Mas, muitas vezes, ela é nossa amiga; já que ela esconde de nós as coisas que não deveriam ser dadas à vista. É então, da claridade, que deveríamos ter medo. Da luz do dia, em que tudo se faz visível. Todas as monstruosidades e atrocidades do ser humano. Foi pensando nisso que sempre apaziguei meu medo. Não importava o que me seguia da cozinha até o banheiro. Estava escuro. Eu nunca veria. Pensava eu que estivesse segura sendo cegada pelo breu. Todavia, meu quarto nunca fica totalmente escuro. Pelas frestas finas da janela de madeira escura, mesmo tampadas por um pano verde-claro, entram feixes de luz. Não provindos de lâmpadas do lado de fora, mas da lua. Por conta desta pequena claridade, talvez somada ao fato de alguns móveis criarem sombras inquietantes, há coisas estranhas que preferiria não ver. A escuridão não me abraça em meu quarto. Pelo contrário: ela brinca de pique-esconde comigo, mas nunca é minha vez de esconder. Acabo encontrando o que não gostaria.

Existe um período na vida da maioria dos sensitivos em que nos perdemos em um limbo entre a loucura e a realidade. Assim, somos obrigados a colocar nossas experiências sob prova. Não compreendo exatamente o porquê do quando e como, mas algo mudava, lentamente, e em meu âmago eu sabia que uma hora, o véu iria romper-se por completo, e não existiria mais distinção: tudo seria veraz, até o que desejasse muito não ser. E a tal da loucura que muitas vezes persiste em ser a resposta, esvai-se por completo como se a palavra nunca tivesse existido.

À princípio, deu-se por um cheiro de água de chuva que transbordava por todo meu quarto; sem que estivesse caindo uma gota sequer do lado de fora. Depois, veio o mofo, encoberto pela cera das velas a queimar. 

Devia ser alta madrugada; não sei ao certo. Não tive como olhar as horas. Lembro-me apenas de que um feixe de luz – não luz natural, pois era Lua Negra – transpassava pelas frestas da janela quando, virando-me de barriga pra cima, acabei jogando um dos braços para fora da cama; o direito. Inesperadamente, senti um toque gelado nas pontas dos dedos. Estranhei, pois, havia sido um dia extremamente quente. Recolhi então meu braço para debaixo do lençol. Foi assim que descobri meus dedos levemente úmidos, quando os repousei sobre meu ventre. Minha camisola havia enrolado e subido até o busto, como de costume, já que me movo várias vezes durante a noite, permitindo tal fato. Sentindo as gotículas, meu primeiro pensamento foi o de levar a mão até o nariz para tentar reconhecer o líquido pelo olfato. Quando o fiz, num reflexo, ergui levemente minhas pálpebras. Fez-se então presente, repousando serena, em minha estante, o que chamei de Gárgula. 

Sentei-me na cama, como quem quer acordar, – pois aquilo deveria ser um sonho – mas minha atenção foi desviada por conta do suave barulho de água pingando. “Meus dedos”, pensei. Levei-os novamente ao nariz, porém não senti nada de específico. “Deve ser apenas água”, concluí. E por esta súbita e simples conclusão, inclinei minha cabeça para enxergar o chão ao lado direito da cama, e nada vi. Notei que precisava ir ao banheiro. Talvez pelo barulho sugestivo; então, sem pensar muito, resolvi levantar. Porém, neste instante, senti pelos pés e pernas o mesmo que havia ocorrido aos meus dedos: água gelada. E como se fosse uma criança, aprendendo a sair das fraldas, molhei minha cama. 

Paralisada, fiquei por alguns minutos tentando planejar meus próximos movimentos. Tive medo de olhar novamente para minha bancada, pois agora sabia que estava acordada. Tive medo de olhar para o chão, de acender a luz, de tocar meus pés e verificar se estavam realmente úmidos. Porém, logo o sono se fez presente, de maneira imposta, por um toque invisível na testa. Deite-me, fechei os olhos e dormi. Com a cama molhada de urina pela cintura, e úmida de sabe-se lá o que pelas pernas.

Não havia mais esconderijo. Não havia mais delongas. Era hora de rasgar o véu. Eu necessitava, mais do que precisava, saber o que era a tal Gárgula sobre minha estante. Estava prestes a riscar “loucura” do dicionário, ou rasgá-la, amassá-la e a engolir, para que pudesse ser minha para sempre.

Separei uma sexta-feira. Ninguém havia chegado em casa ainda. Escovei os dentes, coloquei uma camiseta velha e folgada, prendi os cabelos em um coque, escolhi uma manta leve, busquei um copo de água na cozinha e deitei. Deitei, dormi e esperei.

Lembro-me nitidamente de ter acordado ao escutar o barulho das chaves raspando na fechadura. “Chegou em casa”, pensei. Naquele momento me senti um pouco mais confortável e resolvi que estava segura. Ouvi o barulho de minha mãe tomando banho, fazendo seu chá, e, quando finalmente ouvi a porta de seu quarto sendo fechada, resolvi abrir os olhos. 

“É agora ou nunca”. Movimente-me de forma decidida. Não olhei diretamente para minha estante; apenas sentei-me na cama, e, como quem acorda no meio da noite com sede, estiquei meu braço esquerdo e peguei o copo de água que havia deixado na penteadeira ao lado do guarda-roupa. Tive receio de perceberem minhas intenções levando um copo vazio para o quarto; por isso levei-o cheio. Bebi seu conteúdo, e, de ímpeto, antes que pudessem prever, afundei-o na escuridão nas bordas de minha cama. Senti o líquido gélido tomar conta de minha mão, e, por um instante, perdi a noção de tato com o copo. Recolhi-a rapidamente. Estava praticamente congelada; não a sentia. Sentia apenas a baixa temperatura de encontro com meus seios. Com a outra mão, então, verifiquei se havia capturado o líquido dentro do copo. Levei-o perto do nariz e tentei reconhecer seu odor. Logo de cara senti aquele cheiro forte de mofo, e, por um momento, pensei em tomar um gole, mas guardei tal ideia no fundo de meus pensamentos, pois não achei que fosse, realmente, algo meu. Tateei com os dedos da mão direita até encontrar, ao lado da cabeceira, o interruptor. Assim que o encontrei, ouvi as chaves na porta da frente de casa. Gelei.

 Escutei, então, minha mãe ao telefone, assim como notei que estava tirando seus sapatos e guardando-os na sapateira do lado de fora de casa. Logo, se minha mãe não havia chegado em casa, pois então, quem tinha tomado banho, feito chá, fechado a porta de seu quarto e estava dormindo em sua cama? Comecei então, a sentir as extremidades do meu corpo estranhamente úmidas. Toquei na barra de minha camisa exacerbadamente larga, e notei que estava molhada. Repousei minha mão direita sobre o lençol da cama, apenas para encontrá-lo também molhado. Nivelei a mesma mão ao nível da cama, e notei que a “água” estava subindo. Logo cobriu meus pés, pernas e joelhos. Pensei em levantar e abrir a porta do quarto; acender a luz de uma vez; mas, estava num estado catatônico, traumatizado. Iria logo me afogar quando a água subisse até por cima da minha cabeça, ou iria conseguir boiar? Iria isto subir até o teto? 

Num momento de insensatez, recordei-me daquela ideia guardada, sobre tomar um gole do líquido que estava prestes a me matar. Levei o copo até a boca; o cheiro de mofo me fez sentir náuseas. Trêmula, e já aceitando que finalmente havia enlouquecido, prendi a respiração, o que julguei que seria meu último suspiro, e bebi um pequeno gole. Assim que desceu pela minha garganta e repousou dentro de meu estômago, notei que algo havia subitamente mudado no ambiente: eu não estava mais gelada. Toquei meus braços e pernas. Verifiquei a roupa de cama; tudo seco. Neste instante, fui tomada por algo imensurável. Numa fração de segundo, ignorei o conteúdo bizarro que havia dentro do copo e o virei inteiro garganta abaixo. 

Não lembrei de mais nada daquela noite. O véu foi rompido. Tudo era veraz. Loucura  não estava mais no dicionário. Risquei-a de lá.

Daquele momento em diante eu sabia algo novo em meus ossos. Uma sensação contínua como se ora latejasse, ora queimasse, em torno de ideias e pensamentos que me eram espontâneos demais para serem, de fato, meus. 

Era sábado, joguei-me no sofá e liguei a televisão, sem muito rumo ou objetivo. Por um deslize de dedos no controle remoto acabei por cair em um noticiário. 

Morta. Afogada. No rio que cruza as bordas da cidade bem debaixo da velha ponte de pedra, ou como a chamamos, a ponte verde. Toda tomada por musgos e com as partes de madeira que a adornam completamente mofadas, era conhecida pelas velas velhas incrustadas por toda sua extensão, deixadas por pessoas que ali celebravam atos noturnos. Curioso era, que as velas estavam sempre queimando também à luz do dia.

Mofo. Água. Cera.

Eu precisava ir até lá.

Há apenas uma linha de ônibus que percorre naquela direção, o 246. É realmente incomum ir até os limites da cidade, pois não há nada além de mata selvagem e barro; mas algumas famílias antigas possuem fazendas e chácaras por lá. Fui mesmo assim.

Caminhando até o ponto na rua debaixo, notei uma leve vermelhidão brotando em meus antebraços. Até aquele momento, eu não lembrava de algo que poderia causar tal inquietação em minha pele. Mas você, você lembra.

Sentei-me nos bancos do fundo, ao canto esquerdo; meu lugar de conforto. Apreciando a mudança do cenário urbano adentro do rural, aos poucos, a memória foi voltando. Ali, eu sentia que sabia com o que estava lidando. A familiaridade no desconhecido intriga e assusta, mas era quase inato e natural: quaisquer fossem meus movimentos a partir dali, não seriam mais meus, apenas. Seriam também dela. De uma segunda consciência habitando meu ser, desde que ingeri seu licor e a deixei entrar.  Deixei-a fazer o que quisesse. Aqui, éramos duas. Em pleno e comum acordo. Mesmo não tendo a plena compreensão de tal fato, mesmo não sabendo pôr em palavras, era uma convidada minha, e eu a permiti ficar. Era como a Lua, eclipsando e entrando frente ao Sol, permitindo-se iluminar o lado escuro que tantos artistas cantam sobre.

Percorri por longos cinquenta ou mais minutos, atravessando toda a cidade pelas ruas mais esburacadas e vazias, quase como indo para o abatedouro, pensei. O barulho dos cascalhos e pedrinhas das ruas não asfaltadas impediu-me de prestar atenção em qualquer outra coisa, e soava como um mantra. Meu ponto de desembarque estava próximo. Levantei com certo receio, confesso, de ser seguida. Porém, fui a única a descer perto da ponte verde. Tossi na poeira que subiu do ônibus ao tomar arranque, e senti o sol alto na cabeça. Por mais inconveniente que fosse, era onde eu precisava estar. Onde precisávamos estar. Tomei a trilha que me levaria até a ponte, e, aproximando-me, notei outra pessoa agachada perto da beira, mas ao mesmo tempo tomando distância das faixas amarelas colocadas pela polícia e perícia no dia anterior. 

“Eu sabia que viria”. Disse o garoto.

Assustei-me com tal comentário, mas não senti receio algum com relação à sua pessoa.

“Perdão?” Perguntei curiosa.

“Algo nos trouxe até aqui. Devemos esperar para saber por quê.” Disse sereno.

"Desculpe, mas, qual teu nome?”

“Sou Miguel, e você?”

“Achei que soubesse” Ri com o canto da boca. “Meu nome é Laila, e sim, algo me trouxe aqui. Pena que tarde demais, talvez”.

“O sol logo abaixa. Tome.”. Ofereceu-me um sanduíche e água. “Eu sabia que não viria preparada. É sempre assim da primeira vez. E claro que é sua primeira vez, não conseguiu vir antes, não é mesmo?” .

“Então não é seu primeiro chamado?” – Disse com a palavra ‘chamado’ vindo plena demais para ter sido colocada na frase voluntariamente.

“E nem será o seu último. Principalmente agora que deixou uma morrer”. – Virou-se e calou-se.

Deixei uma morrer, pensei. Não teria como aquilo ser culpa minha. Todavia, minha boca se ocupava em mastigar, e quaisquer indagações, por mais que muitas fossem, não permitam-se sair.

Queria ir embora. Comecei a sentir frio e já não sabia mais explicar meu silêncio e inércia de horas. Aquela pulsão de neurônios no cérebro que envia a mensagem para as pernas andarem, simplesmente tinha petrificado. Eu só iria andar se Ela quisesse. O sol já estava mais pra lá do que pra cá quando, no horizonte, vejo algo se movendo, voando. Cada vez mais perto, vindo ao nosso encontro. Eis que pousa, majestosamente sobre a ponte, um corvo. Levantei-me.

“Espere”. – Disse Miguel. “Espere que voe”.

A vermelhidão em meus braços tinha formado estranhas bolhas, que pulsavam junto de meus batimentos cardíacos. Senti como se fossem destacar-se da pele e cair ao chão. Foi quando ele voou.

E assim, simplesmente, como dois completos insanos, seguimos a ave mata adentro enquanto a mesma planava baixo sobre nossas cabeças. Levantar e andar não foi difícil dessa vez, pois minha alergia não havia me dado escolha. Ou andava ou a dor voltava, e sabia que para Miguel algo parecido acontecia, pois sua face ao me mandar sentar em respeito à ave comunicava uma mistura intrigante de dor e reverência.

A noite caía, e os sons da floresta começaram a nos abraçar cada vez mais forte. Estava cansada, mas precisava continuar. Havia uma força motriz dentro de mim que não me permitia repousar de maneira alguma. Enquanto o corvo voasse, eu andaria – - do contrário sentiria muita dor, já me era sabido. Não tardou, e percebemos sons distintos se misturando ao canto das cigarras.

Gritos.

Entreolhamos-nos, e corremos o mais rápido que podíamos. 

Toda suja de terra sendo pressionada contra o chão, uma moça.

Jogando o peso de seu corpo sobre ela e tapando-lhe a boca para que não gritasse mais, um homem. Meu raciocínio deve ter pego um atalho, pois sem pensar, gritei em direção aos dois. Quais palavras gritei? Não faço ideia. Mas foi o suficiente para que soltasse a moça e sumisse, evaporasse, em questão de segundos.

“Eu chamo a ambulância e você cuida dela” – Disse Miguel.

Estávamos sentados, próximos aos carros de polícia, ali no chão da mata escura iluminada pelas sirenes. Os dois. Eu e Miguel.

“É assim que vai ser agora?” – Perguntei, inquieta mas animada. “Somos heróis como nos quadrinhos?”.

“Não somos heróis. Estamos longe disso. Mas fomos escolhidos, e aceitamos”.

“Por Gárgulas? Isso não faz o menor sentido”.

“Não são Gárgulas!” – Olhou-me em choque. “São anjos.”

“Não me pareceu um anjo quando a vi. –” Retruquei.

“E quem disse que sabemos com o que se parecem os anjos?”.

“E quem disse que sabemos com o que não se parecem?”.

Fitou-me por alguns segundos. A boca entreaberta que puxou ar e entalou as palavras na garganta, as sobrancelhas inclinadas para baixo, disseram o suficiente.

“Não questione o que agora habita dentro de você.” Finalmente falou. “É seu inquilino; trate-o com respeito.”

“Se não?” – Provoquei.

“É seu primeiro dia e já quer tentar perder um braço?” –  Disse ele baixinho, de maneira mais amistosa, inesperadamente, inclinando seu corpo para mais perto do meu.

Entendi o que quis dizer, e não disse mais nada. Minha boca se calou. Esqueci-me de como mover a língua. 

Até hoje. Só Ela a move.

E por isso, caro leitor, fecho, da maneira que abri, minha história. Nunca fui uma pessoa cética. As sombras me acompanharam o tempo todo. Eu sempre soube que estavam lá, à espreita. E agora, guardo-as dentro de mim. 

Então, diga-me: a palavra “loucura”, que risquei em meu dicionário, sumiu ou permanece lá, deitada embaixo da tinta azul?

Minha busca pela Gárgula, ou Anjo, ou o que seja, rasgou o véu para que eu enxergasse mais claramente ou tapou-me os olhos?

O que fica, como moral para quem precisar, é a perpétua indagação humana do que seria benevolente, afinal. Veja bem:, salvo pessoas, todos os dias. Impeço que morram ou sofram demasiado. Chego lá arrastada, mas de bom grado, pois não quero perder um braço. Falo palavras que saem da minha boca, mas não de mim. Ando com as pernas que nasci, mas com rumo alheio. E a única parte do dia em que me sinto acordada é quando meu corpo dorme, pois Ela dorme também. E voo por aí, livre, por algumas horas: pequenos truques que aprendi compartilhando de corpo com tal entidade.

Em troca de salvar alguns, eu mesma, acabei deixando-me ser perdida.

Quem me salvaria agora?

Resta-me apenas ser outra Gárgula, sobre outras estantes. Repousando serena, até que bebam de meu desaguadouro, de minha amargura. Até que deixem-me entrar. 


Conto escrito por
Maya Vendetta

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Gisela Lopes Peçanha
Pedro Panhoca
Rosside Rodrigues Machado

Tema:
Suspense Music

Intérprete:
Gabriel Andrade Produções


Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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