1x06 - O Lápis de Ouro
de Thiago M. Dórea
Parte 1 – O início de uma grande aventura
Eu estava desenhando com os lápis da caixa, uma família
de cores verde, azul e amarelo. Pai, mãe e filho. Só tinha essas cores, pois
esses eu achei na rua. Não tinha dinheiro para comprar outros.
Estava andando no quintal da minha casa, onde havia um bueiro para
escorrer água da chuva. Enterrado, próximo ao bueiro, vi uma coisa brilhando, de cor dourada. No
escuro da noite o brilho era forte, não sei como não notaram isso antes.
Peguei, e era um lápis. Estava sem ponta, então apontei-o com uma faca. Fiquei muito surpreso com o que
vi: o lápis criou vida e começou a conversar comigo.
–
Olá! Quem é você? Onde estou? Cadê meus filhos!?
–
Calma – eu respondi, assustado. – Está seguro aqui. Agora, explique tudo. Como
você veio parar aqui? E por que você fala?
–
Primeiro: eu sou do mundo dos lápis. Segundo: tem um vilão no meu mundo, e o
nome dele é Vilão Lápis Branco, ou só Lápis Branco mesmo. Terceiro: ele pegou
meus filhos e prendeu em uma jaula, em algum lugar. E quarto: por um portal,
ele me jogou nesse mundo, e preciso de sua ajuda!
–
É claro. Onde fica esse portal? Eu posso te ajudar.
Com muita vontade de achar os filhos do Lápis Cor de Ouro, embarquei em uma aventura emocionante a caminho da terra dos lápis.
Parte 2 – A grande revelação
Entrei
no portal, vi tudo distorcido, muito estranho, mas suportei. Acho que era
porque eu estava na terra dos lápis, e eu não era um lápis.
A viagem foi de mais ou menos meia hora. Nesse tempo, o Lápis Cor de Ouro me
falou que podia ficar tranquilo em relação à minha mãe e ao meu pai, pois o
tempo de lá não
passa na vida real.
Chegando lá, tudo era bem diferente do que o Lápis de
Ouro me falou. Ele disse que era tudo colorido, mas na verdade estava tudo
branco, sem cor. Todo mundo sério, ninguém sorrindo. Perguntei ao Lápis de Ouro
sobre essa questão, ele me falou:
– Ah, esqueci de te falar. O Lápis Branco é tão ganancioso que queria que tudo e todos ficassem iguais a ele. Mas eu resisti e tentei lutar, como te disse. Infelizmente não consegui, e ele me jogou pelo portal que liga o mundo dos humanos ao mundo dos lápis. Por conta disso, consegui escapar e não fiquei branco, sem cor e sério como todos os outros, inclusive meus filhos. Agora, sem conversa, vamos passar na minha casa para pegar as coisas e achar meus filhos.
***
–
Chegamos!
–
Nossa! Até sua casa ficou branca?
–
Sim, atingiram a tudo e todos, menos a mim e... Pegue aquela mochila pendurada
ao lado da porta, por favor?
Quando peguei, no bolso direito da mochila vi uma foto
e...
– O Vilão Lápis Branco é seu irmão!!!
Parte 3 – A jornada continua
–
Por que você não me contou isso antes?
Muito nervoso, e com medo de o Lápis de Ouro ser aliado
do Vilão, repeti, gaguejando e me tremendo:
–
Vamos, me diz! Isso é verdade?
–
Sim, ele é meu irmão, mas não fique com medo, não sou como ele. Vou te
explicar... Quando éramos
pequenos, por causa da nossa diferença de cor e de aparência, nossos pais, que
já estão mortos, mimavam mais a mim do que a ele. Na época, eu conversava com eles que isso não
era certo, mas eles não estavam nem aí. Achavam meu irmão sério demais. E
juntando a raiva e o ódio que ele sentia pela própria família, quando completou
uma idade em que poderia ser considerado como adulto, gerou em si mesmo um
poder imenso, um poder do mal.
“Eu estava na minha casa, com meus filhos que adotei,
quando, de repente, meu irmão invadiu minha casa. Tentei lutar com ele, como te
contei, e ele pegou meus filhos, criou um portal e me jogou nele. E aqui estou.
Depois de ele ter me contado isso, fiquei curioso e
liguei a tevê. E...
–
Hoje, no Jornal da Informação! Um vilão, que está deixando todo mundo infeliz,
está ameaçando a nossa emissora para dar um recado ao vivo. Então, vamos lá.”
– Olá, irmão. Sei que conseguiu voltar para nossa terra. Vou te dar duas horas para você aparecer na Praça Colorida. Se não, nem queira saber o que vai acontecer com seus filhos!
Parte 4 – O grande reencontro
Eu, muito assustado, com medo, apreensivo, chamei logo o
Lápis de Ouro para irmos até a tal praça. Tinha certeza de que ele era mais
corajoso que eu, porém...
–
Eu não consigo!
–
Mas por quê? Você já o conhece bem, será fácil enganá-lo, ou até fazê-lo virar
uma pessoa do bem de novo. Por que toda essa apreensão?
–
Bom, eu conheço o irmão de antes. Esse novo, do mal, eu nunca vi na vida!
Mesmo
com todo esse medo e apreensão, ele foi ao lugar marcado.
– Falta muito, Lápis?
– É-é-é lo-logo ali!
Ele
saiu correndo para tentar resgatar seus filhos, e se teletransportou bem na
frente deles.
– Finalmente você veio,
Lápis de Ouro. Vejo que trouxe um humano. Acho que deve fazer companhia para
seus filhos.
Quando
o Lápis Branco me prendeu, eu só confiava no Lápis de Ouro para me tirar dali.
– Irmão, por que fazer
mal às pessoas? O que você ganha com isso? Poxa, você era um irmão tão bom. Por
quê?
– Quer saber por quê? Bom, mais ou menos há dois dias, eu não suportava mais todo mundo te elogiando. “Ah, que cor linda”. E ninguém ligava para mim. Estava no meu quarto, com muita raiva, quando despertei um poder incrível para me vingar de você!
Parte 5 – O grande final
– Por favor, só não faça
nada com meus filhos e com meu amigo!
– Não vou fazer nada com
eles, só vou deixá-los sérios e sem cor!
Quando
ele foi atirar seu poder maligno para deixar a gente sem cor, algo diferente
aconteceu com o Lápis de Ouro. Aumentou de tamanho, ficou mais magro, se
transformou, ficou mais rápido. Entrou na frente do poder e o jogou para o
alto.
– Nunca, jamais, vou
deixar nada acontecer com meus filhos, e com ele, que me apoiou todo esse
tempo. Até você, irmão, não vou deixar que você fique aqui, com esse poder
maligno. Renda-se enquanto é tempo. Gente, vão para longe, é perigoso!
O
Vilão Lápis Branco era mal, mas bobo ele não era, não. Distraiu seu irmão e me acertou.
Depois de ter me deixado sério, quando ia acertar os filhos do Lápis de Ouro,
na hora “H”, ele “deu tilti”. Perdeu o controle e saiu atirando para tudo que é
coisa, deu-lhe tremedeira e, depois de uns segundos, tudo que era cinza ficou
colorido de novo. Parece que ele virou do bem outra vez e ficou, vamos dizer,
diferente.
Epílogo
-
Irmão, é você mesmo? – falando baixinho e bem devagar, ainda assim pude
escutar.
-
Sim, sou eu, mas e-estou m-meio diferente.
-
Sim, você agora é amarelo!
O
Lápis Cor de Ouro, seu irmão, o agora Lápis Amarelo, e seus filhos foram para
suas casas. Eu também fui para a minha. Não tivemos mais contato, por muito
tempo.
Acordei, já era dia, e antes de ir para a aula, contei para a minha mãe o sonho irado que eu tive. Perto de um bueiro tinha um lápis de ouro, fui para o mundo dele, pois havia um vilão chamado Vilão Lápis Branco, ou só Lápis Branco mesmo...
CAL - Comissão de Autores Literários
Produção
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
REALIZAÇÃO
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