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Funerária Dois Irmãos: Capítulo 05

Novela de Marcelo Caronesi
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FUNERÁRIA DOIS IRMÃOS - CAPÍTULO 05




 

            Os dois saem do prédio da prefeitura, passam pela grande varanda e descem às escadas. Há um caminho de placas de pedras até o portão da frente, que é cercado por jardins bem cuidados, onde há várias espécies de plantas e flores, além de grandes árvores. Há quatro bancos de granito no caminho até a saída da prefeitura. Odílio caminha irritado à frente; Odilon caminha mais lento e olhando para as flores do jardim.

         Odílio para em frente ao último banco antes do portão da saída e aponta para ele.

         – Senta aí. 

         Odilon senta vagarosamente, ergue a cabeça.

         – O que foi?

         – O que que o secretário Fagundes falou da varíola e do sarampo? – questiona Odílio.

         – Que ultimamente não morreu ninguém... Foi isso?

         – Se eu não tiver ouvindo demais, acho que foi isso mesmo.

         Odilon coça o queixo.

         – Olha, vou te dizer uma coisa: eu acho que é conversa fiada dele. Eu acho que essas doença ainda matam gente aqui.

         – O prefeito acabou de dizer que fizeram até uma festa. Você surdo? – diz Odílio, irritado.

         – E você acha que ele ia admitir que aqui ainda morre gente de tuberculose, de varíola, de sarampo? O homem só faltou se oferecer pra engraxar nossos sapatos só porque nós viemos de São Paulo. Você não viu a vergonha que ele tem daqui? É um lambão que puxa-saco de gente de fora – ironiza Odilon.

         Odílio está prestes a “explodir”, mas respira fundo.

         – Odilon, quanto tempo você ficou aqui em São Pedro?

         – Por que quer saber? Você já não sabe? Eu passei dez dias aqui. Se você quiser eu te levo lá na pensão da dona Creuza e ela confirma. Quer ir lá?

         – E em quantos enterros você foi?

         Odilon ergue os olhos, colocando o dedo indicador no queixo.

         – Aqui foram três. Não! Foram quatro.

         Odilon coça a cabeça e fica em dúvida.

         – Não. Acho que foram três mesmo. Agora me pegou.

         – Se eu não enganado, você tinha dito que teve morte de varíola aqui. Não foi?

         – Deve ter tido – responde Odilon.

         – Engraçado que você anotou no caderno e confirmou que tinha morrido gente de varíola aqui. Foram quantas?

         – Oras, eu sei lá. Deve ter sido duas. Eu não me lembro. Sabe como nós faz pra resolver isso? Quando chegar em casa, eu te mostro as anotações daqui e das outras cidades.

         Odílio ergue a cabeça. Ele está vermelho de raiva; veias de seu pescoço e testa estão visíveis. Ele cerra os punhos. Começa a falar alto e diminui gradualmente o volume da sua voz.

         – Você queimou o caderno antes de vir pra cá, imbecil.

         Odilon pensa por um tempo, até falar:

         – Mas isso é simples de resolver. Eu te levo lá no cemitério e você vê as data dos enterros que eu fui. Vamo lá? Você tá fazendo tanta questão.

         Odílio caminha até o banco oposto ao que Odilon está sentado. Ele coloca um dos pés sobre ele. Ergue a cabeça e respira fundo. Ele volta até Odilon, caminhando com as mãos para trás.

         – Cada vez mais eu tendo certeza que fiz merda em ter confiado em você.

escrita por
Marcelo Caronesi

elenco
Odilon
Odílio
Tereza
delegado Ferreira
Onça-parda

tema
Canções de Assassinato 

intérprete
Confraria da Costa

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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