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Cine Virtual: Profana Audiência

Conto escrito por Karinny Gonçalves
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Sinopse: Roberto é um garoto recluso que passa a maioria de suas horas frente ao computador. Atualizando sempre seu canal sobre teorias da conspiração, imagina que sua vida será assim para sempre. Entretanto, uma moça chamada Emma mudará sua vida drasticamente.



Profana Audiência
de Karinny Gonçalves 


     Dez horas da manhã. Muitos outros deveriam ter começado seus dias bem mais cedo que isso. Esse não era meu caso: ainda meio sonolento, olhava para o teto do quarto esperando estar mais lúcido para me levantar. Dez e meia. Enfim eu levantei. O computador já estava ligado. Na verdade, eu nunca o desligava. Entrei na minha página do Youtube e tinha mais cinquenta inscritos! Como aquilo me extasiava! Já possuía mais de cem mil inscritos e os números só aumentavam. Meu canal era um sucesso! Todos os dias eu recebia comentários, elogios e encorajamento. Claro, havia alguns que não gostavam, mas eu não dava importância: provavelmente era um daqueles tipos que costumam chamar de haters.
     O meu canal era relacionado a teorias da conspiração. Toda vez que um novo boato era liberado na internet, eu pesquisava e postava um vídeo com uma análise sobre o assunto. Meus avós possivelmente não imaginariam quanto dinheiro poderia ser feito sem nem sair do quarto. Aliás, isso era algo que eu pouco fazia. Não tinha o porquê eu sair dele. Ali eu tinha meu conforto, meu canal, meus fãs e meu prestígio.  O que eu poderia querer, além disso? Além do mais, não morava sozinho. Na verdade, ainda estava na casa dos meus pais. Já tinha feito dezoito anos, mas eles não interferiam muito na minha vida, então era conveniente eu continuar ali.
     Sentado na cadeira e pensando sobre qual seria meu próximo vídeo, minha mãe me chamou. Queria que eu comprasse verduras para o almoço. Essa era uma das poucas interferências que eu tinha no meu dia. Pois bem, algo eu tinha que fazer pela casa. Com alguma relutância, vesti qualquer roupa e sai. O mercado não ficava muito longe da nossa casa, por isso, fui andando. Andava a passos largos: não queria perder meu precioso tempo em uma inutilidade como aquela. Em cinco minutos cheguei ao supermercado. Peguei todas as verduras que minha mãe pedira e paguei no caixa. Ao sair do supermercado, deparei-me com uma garota. Ela era meio estranha: olhos puxados, cabelo colorido e roupas exóticas. Parecia ter saído de uma animação japonesa. Não queria perder mais tempo, então me desviei dela e continuei minha caminhada, porém, ouvi alguém me chamando.
— Moço, que horas são?
     Virei-me. Era a garota estranha que havia perguntado. Olhei no relógio e respondi que eram onze e meia e já me prontifiquei a voltar a andar. Dei mais alguns passos e a garota começou a andar ao meu lado. Fingi que não tinha visto e continuei andando até que ela abriu a boca novamente (para a minha infelicidade):
— Desculpe, mas você está bem? Parece meio triste...
     Triste? Eu? Como aquela garota poderia pensar isso de mim? Nunca tive tanto sucesso na internet como agora. Era óbvio que eu estava feliz! Fiquei indignado e a respondi:
— É óbvio que estou feliz! Não poderia estar melhor! E você? Não ia ao supermercado? O que está fazendo andando ao meu lado?
— Ah... Eu ia ao supermercado mesmo, mas sua fisionomia me intrigou e decidi vir dar uma olhada. E desculpa, mas... eu ainda acho que você não está bem. Falta... um brilho humano no seu olhar... Não me parece vivo de verdade. Pra ser sincera, já vi defuntos que pareciam mais vivos que você. Você já viveu algum dia mesmo? – Ela retrucou.
     Eu fiquei num mesclo de surpresa e raiva. Como aquela garotinha tinha a coragem de opinar na minha vida dessa forma? O que ela achava que sabia sobre mim? Claro, quem nunca fechou os olhos ao fim da noite e pensou sobre por que estava vivo? Qual seria o sentido de tudo? Valeria a pena viver? A vida parecia tão vazia, mas... eu tinha o meu canal. Alguma coisa para distrair minha cabeça e ocupar o tempo. Ninguém poderia me julgar por isso, afinal, todos não fazem isso? A diferença é o que usam para suprir seu tempo, mas, no final, estamos todos na mesma situação. Enfim, parei de caminhar e olhei com raiva para aquela garota que, apesar do estilo infantilizado, deveria ter a minha idade.
 — E você, garotinha? Quer dizer que você esbanja vivacidade? – Disse de súbito.
— Bem, pelo menos, mais do que você! – Ela começou a retrucar – Vem! Vamos fazer o seguinte: vamos num parque aqui perto e eu vou te animar um pouco! Você está estragando o meu dia com essa cara fechada!
— Inferno! Olhei para o relógio. Já era meio-dia. Quanto tempo eu tinha perdido com essa garota! Pensei num plano e a respondi:
– Você não vai me deixar em paz se eu não te acompanhar, não é mesmo? Façamos assim: eu vou deixar essas compras com a minha mãe e ai nós saímos, pode ser?
     Ela aceitou. Ótimo, eu estaria livre: depois que eu entrasse na minha casa ela não poderia me tirar de lá. Chegamos ao portão de casa. Antes de eu entrar, ela disse:
— Só quero te lembrar de que você me prometeu ir ao parque e se você não sair da sua casa eu ficarei gritando na sua porta até você sair. Será que sua mãe vai gostar disso? – Ela terminou sorrindo.
     Diabo! Ela estava certa! Minha mãe reclamaria durante semanas por algo do tipo. Qual era o problema com aquela garota? Por que era tão importante que eu saísse? Não adiantava. Negar só faria eu perder mais tempo. Irei. Quem sabe posso até fazer um vídeo levantando hipóteses sobre “a garota louca que importunava homens”. Ri dessa bobeira. Entrei em casa, ainda mais desanimado. Deixei as compras e avisei minha mãe que eu sairia novamente.
     Voltei ao portão. A garota ainda estava lá, fitando-me como se fosse uma alma inocente. Engraçado... dessa vez ela não parecia tão inocente... Parecia haver algo de misterioso em seu olhar... Seria possível? Talvez fosse só impressão. Quando me aproximei então, eu disse:
— Vamos?
— Sim! Vamos ao Parque Central. Você já foi lá, né? – Ela respondeu.
— Não, eu nunca fui. Eu não gosto de parques. Eles não possuem Wi-Fi – Retruquei.
— Impossível! O parque é tão perto da sua casa! Você por acaso é um daqueles que nunca sai?
— Bem que eu queria, mas às vezes eu tenho que sair e acabo topando com uma garota estranha. – Ela riu e retrucou:
— Aliás, meu nome é Emma. Não quero que você fique depois me referindo para os seus amigos como a “garota estranha”.
— Emma... Bem, não acho que eles vão postar nada a respeito. E de onde você tirou essa ideia de que falarei de você para os meus amigos? Amanhã eu nem devo me lembrar de que isso aconteceu.
 — Postar? Você não conversa pessoalmente com os seus amigos? – Ela me olhou com ar de indignação. – E vejamos se você não vai se lembrar de hoje...
     Emma disse essa última frase fitando bem nos meus olhos e novamente com aquela expressão enigmática. Estremeci. Essa garota estava me dando medo! Quais eram seus objetivos? Fui interrompido por ela:
— Você não respondeu à minha pergunta. Você não sai com os seus amigos? A propósito, você ainda não disse o seu nome. Sua mãe não lhe deu educação?
— Não, não saio com os meus amigos. Na verdade, todos eles são virtuais e a maioria mora longe. E como eu vou me apresentar se você não para de falar? Meu nome é Roberto, mais conhecido como conspiracy man nas redes.
Conspiracy man? Que nome idiota! Parece que seu problema é pior do que eu imaginava!
     Ela começou a rir. Fiquei furioso e já ia falar algumas poucas e boas para ela, quando ela me cutucou:
— Ei, chegamos ao parque!
     Olhei ao redor. Havia algumas pessoas. Algumas eram crianças, jovens e uns poucos adultos. Ainda assim, o parque estava silencioso. Quase todos estavam com um celular na mão. Isso me lembrava do meu canal. Infelizmente não dava para fazer um vídeo ali. Principalmente porque todo o cenário do canal ficava no meu quarto. Diabo! Que garota irritante eu fui achar! Sentamos na grama. Eu não disse nada. Ela ficou me olhando.
— Meu Deus! Será que você não consegue parar de ficar pensando no futuro e aproveitar o momento? Vamos! Deite-se!
     Nessa hora ela me empurrou para trás e eu caí deitado na grama com o rosto virado para o céu. Ela deitou ao meu lado.
— Olhe o céu! Faz quanto tempo que você não o olha? Poderia apostar que você já tinha até esquecido sua cor.
     Claro, ela exagerou. Mas tinha razão em um aspecto: fazia tempo que eu não olhava. Tinha perdido o sentido. Na realidade, a única “tela” que tinha importância agora era a do computador. Por que olhar para o céu? Que informação nova ele me mostrava? Que prestígio eu ganhava com isso? Era totalmente inútil.
— Você já parou para pensar na beleza do céu? Ele nos leva para tantos lugares. Nos mostra tantas coisas!
     Olhei para ela e depois para o céu. Essa garota era doida? Não havia nada ali. Quanta imaginação! Ela me olhou fazendo sinal de desaprovação e continuou:
— Vejo que além de cabeça dura, você é um cego, Roberto! Olhe de novo! O céu durante o dia nos proporciona a visão da atmosfera e do sol. Requisitos imprescindíveis para a nossa existência. Sem eles, nossa espécie não teria florescido e nem as outras. Além disso, as tecnologias que você tanto ama também não teriam sido criadas. E o que dizer do céu à noite? Se o diurno nos lembra da nossa existência, o noturno nos recorda a grandiosidade do universo, sua infinidade e como somos apenas um grão de areia nesse todo cósmico. Pensar nisso nos ajuda a cultivar a humildade, sabia? Talvez seja bom para você – Ela disse, rindo de mim.
     Olhei para ela com certa perplexidade. Ela estava certa, mas fazia muito tempo que eu não pensava nessas coisas. Talvez tenha perdido essa fascinação e entusiasmo depois da minha infância. É um tanto difícil, atualmente, crescer e não desanimar com o mundo e com as pessoas, do jeito que ele está.
     Decidi prestar mais atenção à Emma. Comecei a tentar observar seus detalhes. Que raio de garota era aquela? Concentrei-me em seu rosto. Olhando seus olhos, percebi que sua característica oriental os fazia ao mesmo tempo parecerem inocentes e misteriosos. Explicava melhor a ambiguidade que eu senti antes. Possuía um nariz pequeno e sua boca produzia covinhas quando sorria. Seu cabelo liso e com mexas azuis destacavam seus olhos de ameixa. Pela primeira vez percebi que Emma era uma garota bastante atraente. Como não percebi isso antes? Afinal, qual tinha sido a última garota que eu havia dado importância? Meu Deus! Onde estive durante todos esses anos de vida? Agora parecia que as distrações que usei para esquecer o vazio da vida eram ainda mais vazias que a contemplação da falta de significados da vida. Céus! O que essa garota estava fazendo com a minha mente? Levantei-me e fiquei sentado na grama olhando para baixo. Não sabia o que fazer. Nesse momento, Emma entrelaçou suas mãos nas minhas.
— Agora, me diga: olhe aquelas pessoas concentradas no celular e nós aqui juntos fisicamente. Quem você acha que está tendo a maior interação social? Nós que estamos de frente um para o outro ou alguém com o celular em que está conversando com, no mínimo, cinco pessoas ao mesmo tempo? Será que essas pessoas são mais próximas do que nós? Ou talvez até nós que mal nos conhecemos já temos mais intimidade do que eles? Relações rasas. Tudo foi quantificado. Quanto mais amigos, melhor. Não importa a qualidade dessas amizades. O nosso contato aqui, o fitar dos olhos, a sensação de uma pele na outra, o som de sua voz, todas essas qualidades, perderam o valor nessa era...
     Eu olhei cada vez mais confuso para ela. Seu toque em minhas mãos era macio e seu olhar atraente. Como por um impulso, fui em sua direção e a beijei. Ela me beijou de volta. Meu Deus! Que sensação era aquela! Sentia todas as partes do meu corpo como se estivessem cheias de sangue, cheias de vida! Nada mais parecia importar. Senti que havia vivido até aquele momento apenas migalhas do que a vida realmente poderia oferecer! Beijamo-nos por um tempo, foi intenso. Ao me distanciar dela eu estava com um sorriso no rosto.
— Humm... Agora acredito que você esteja vivo – Disse Emma.
— Sua besta! Não me deixe envergonhado! – respondi.
     Nós rimos. Aquele dia tinha tomado proporções que eu não esperava. Sentia-me como nunca antes havia me sentido. Tudo parecia ganhar uma nova cor, um novo tom. Ficamos ali mais um tempo, conversando e trocando alguns carinhos. Começou a ficar escuro e ela me disse que precisava ir para casa. Entretanto, ela ainda me acompanhou até a porta da minha casa. Beijamo-nos mais uma vez.
— Quando vamos nos ver de novo? – perguntei.
— Ué, eu não vou fazer você perder mais tempo? – Ela riu.
— Não tem importância, sua besta! Poderia me passar seu número para marcamos outro dia?
     Ela aceitou e me deu o seu número. Aquele mês fora o melhor mês da minha vida! Eu saia com Emma três vezes por semana e meus sentimentos (que outrora eu sequer imaginava que existiam) cresciam cada vez mais por ela. Sentia que poderia estar amando! Não poderia estar mais feliz e, dessa vez, era uma felicidade autêntica, verdadeira... humana.
     O meu canal? Eu havia o abandonado um pouco. Meus seguidores já começaram a reclamar, mas eu não me importava. O importante agora era Emma em minha vida. Acordei às dez horas como de costume. Arrumei-me rápido. Logo, logo Emma estaria no portão. Hoje, eu estava especialmente nervoso. Depois de muito pensar, tinha chegado a uma conclusão: pediria Emma em namoro. Será que ela aceitaria? Tinha minhas dúvidas... Não por nossa convivência, que tinha sido ótima, mas pelo pouco tempo que nos conhecíamos. Apesar disso, não conseguia não fazer isso. Eu tinha certeza dos meus sentimentos. Eu faria isso! Bateram na porta. Eu saí. Era Emma! Fomos a uma sorveteria e tivemos uma ótima tarde juntos. Quando chegamos novamente no portão, decidi que era chegada a hora. Fiquei muito envergonhado, com as bochechas vermelhas.
— O que foi Roberto? Está todo vermelho! – Emma ria como de costume.
     Desviei um pouco o olhar e então comecei a falar:
— Bem... É que eu estava pensando... Já estamos saindo há certo tempo... Será que você estaria interessada em namorar comigo?
     Meu coração começara a bater muito rápido, eu transpirava e minhas mãos estavam geladas. Fitei-a esperando a resposta. Ela parecia perplexa. Suas expressões pareciam um mesclo de felicidade e tristeza. Eu não conseguia compreender o que ela está sentindo e eu podia jurar que vi seus olhos encherem de lágrimas. Algo parecia não se encaixar, mas eu não conseguia imaginar o que seria. Enfim, ela respondeu:
— Roberto! Por essa eu não esperava! Bem... Faz pouco tempo que estamos saindo e tudo aconteceu tão rápido... Eu poderia te dar a resposta amanhã?
     Meio gaguejando, eu respondi que sim. Estava tenso. Beijamo-nos mais uma vez e nos despedimos. Fui para o meu quarto. Que dúvida cruel! Ela aceitaria ou não? Eu não conseguia dormir e o tempo parecia estar mais lento que de costume. Era torturante, mas acabei dormindo de exaustão.
     Acordei no outro dia. Quando tomei consciência, já peguei o meu celular. Será que ela teria respondido? Olhei as notificações. Nada! Mandei mensagens para ela, não tive resposta. Tentei ligar e o número só dava desligado. Comecei a ficar preocupado, mas o que eu poderia fazer? Agora que me dei conta de que eu não sabia onde ela morava e então não poderia fazer nada. Diabo! Esperei. Naquela dor de preocupação e dúvida eu ia me corroendo o dia inteiro dentro do meu quarto. Não me levantava da cama. Não tinha ânimo para isso. E a noite chegou e nada! Nenhuma informação! O que deveria ter acontecido? Poderia ter acontecido alguma coisa com ela? Foi assim que ela decidiu negar o meu pedido? Eu teria a assustado com a minha impulsividade?
     Estava imerso em dúvidas e tristeza. Já não comia bem e dormia mal. Passou-se uma semana e nenhum sinal de Emma. Inferno! Depois de tamanha felicidade por que agora eu vivia essa tristeza? Se soubesse que ficaria assim depois, melhor teria sido ter continuado com uma felicidade cega com o meu canal. Ou não teria valido a pena? Decidi olhar o meu canal para tentar me distrair. Havia várias mensagens direcionadas a mim. Várias delas me mandavam um mesmo link de um vídeo.
     Enlouqueci quando o vi! Seu título? “Como fazer um idiota se apaixonar”. E quem o apresentava? Emma! Diabo! Eu não conseguia acreditar naquilo! Não era possível! Quer dizer que tudo o que vivemos foi uma farsa? Todos os carinhos, beijos, felicidade? Eu senti que ela também sentia algo por mim!  Eu não conseguia entender o motivo! Por que isso agora? Justo ela? Eu chorava e chorava. Quando eu finalmente imaginava que havia vivido de verdade, deveria ter sido uma mentira. Quando imaginei ter alcançado a felicidade, eu me encontrei com a morte. Sim, este era o meu fim. Entendi que não tinha sido uma farsa. A vida era assim. Mas eu não queria mais, não aguentava seu peso. Comecei a gravar meu último vídeo, ao vivo. Peguei uma corda e o intitulei de “O último mistério: quem me matou?”. Era o fim. O vídeo contou com mais de cem mil curtidas.
  


Conto escrito por
Karinny Gonçalves

Produção
Bruno Olsen
Carlos Mota

Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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Proibida a cópia ou a reprodução





Sinopse: Eugênio é um jovem nascido no subúrbio carioca que resume sua vida entre a escola e as pequenas aventuras típicas da idade. Em casa, convive com a mãe, três irmãs e o pai repressor - oficial do Exército. Nas suas andanças pelas bibocas do bairro descobre que há um outro mundo - o da malandragem. Sai de casa se aventurando a procura de novos desafios. Porém o  golpe militar de 1964 acaba interferindo no seu destino e o leva a enveredar por um caminho com sequelas e sem volta.



 

Sinopse: Virgílio e Gilson se conheceram na fila do INSS e fazem planos para acampar após a aposentadoria. Contudo, a demora e o desrespeito com os idosos brasileiros farão com que ele usem o acampamento maneiras mais perigosas.











Sinopse: Roberto é um garoto recluso que passa a maioria de suas horas frente ao computador. Atualizando sempre seu canal sobre teorias da conspiração, imagina que sua vida será assim para sempre. Entretanto, uma moça chamada Emma mudará sua vida drasticamente.



Profana Audiência
de Karinny Gonçalves 


     Dez horas da manhã. Muitos outros deveriam ter começado seus dias bem mais cedo que isso. Esse não era meu caso: ainda meio sonolento, olhava para o teto do quarto esperando estar mais lúcido para me levantar. Dez e meia. Enfim eu levantei. O computador já estava ligado. Na verdade, eu nunca o desligava. Entrei na minha página do Youtube e tinha mais cinquenta inscritos! Como aquilo me extasiava! Já possuía mais de cem mil inscritos e os números só aumentavam. Meu canal era um sucesso! Todos os dias eu recebia comentários, elogios e encorajamento. Claro, havia alguns que não gostavam, mas eu não dava importância: provavelmente era um daqueles tipos que costumam chamar de haters.
     O meu canal era relacionado a teorias da conspiração. Toda vez que um novo boato era liberado na internet, eu pesquisava e postava um vídeo com uma análise sobre o assunto. Meus avós possivelmente não imaginariam quanto dinheiro poderia ser feito sem nem sair do quarto. Aliás, isso era algo que eu pouco fazia. Não tinha o porquê eu sair dele. Ali eu tinha meu conforto, meu canal, meus fãs e meu prestígio.  O que eu poderia querer, além disso? Além do mais, não morava sozinho. Na verdade, ainda estava na casa dos meus pais. Já tinha feito dezoito anos, mas eles não interferiam muito na minha vida, então era conveniente eu continuar ali.
     Sentado na cadeira e pensando sobre qual seria meu próximo vídeo, minha mãe me chamou. Queria que eu comprasse verduras para o almoço. Essa era uma das poucas interferências que eu tinha no meu dia. Pois bem, algo eu tinha que fazer pela casa. Com alguma relutância, vesti qualquer roupa e sai. O mercado não ficava muito longe da nossa casa, por isso, fui andando. Andava a passos largos: não queria perder meu precioso tempo em uma inutilidade como aquela. Em cinco minutos cheguei ao supermercado. Peguei todas as verduras que minha mãe pedira e paguei no caixa. Ao sair do supermercado, deparei-me com uma garota. Ela era meio estranha: olhos puxados, cabelo colorido e roupas exóticas. Parecia ter saído de uma animação japonesa. Não queria perder mais tempo, então me desviei dela e continuei minha caminhada, porém, ouvi alguém me chamando.
— Moço, que horas são?
     Virei-me. Era a garota estranha que havia perguntado. Olhei no relógio e respondi que eram onze e meia e já me prontifiquei a voltar a andar. Dei mais alguns passos e a garota começou a andar ao meu lado. Fingi que não tinha visto e continuei andando até que ela abriu a boca novamente (para a minha infelicidade):
— Desculpe, mas você está bem? Parece meio triste...
     Triste? Eu? Como aquela garota poderia pensar isso de mim? Nunca tive tanto sucesso na internet como agora. Era óbvio que eu estava feliz! Fiquei indignado e a respondi:
— É óbvio que estou feliz! Não poderia estar melhor! E você? Não ia ao supermercado? O que está fazendo andando ao meu lado?
— Ah... Eu ia ao supermercado mesmo, mas sua fisionomia me intrigou e decidi vir dar uma olhada. E desculpa, mas... eu ainda acho que você não está bem. Falta... um brilho humano no seu olhar... Não me parece vivo de verdade. Pra ser sincera, já vi defuntos que pareciam mais vivos que você. Você já viveu algum dia mesmo? – Ela retrucou.
     Eu fiquei num mesclo de surpresa e raiva. Como aquela garotinha tinha a coragem de opinar na minha vida dessa forma? O que ela achava que sabia sobre mim? Claro, quem nunca fechou os olhos ao fim da noite e pensou sobre por que estava vivo? Qual seria o sentido de tudo? Valeria a pena viver? A vida parecia tão vazia, mas... eu tinha o meu canal. Alguma coisa para distrair minha cabeça e ocupar o tempo. Ninguém poderia me julgar por isso, afinal, todos não fazem isso? A diferença é o que usam para suprir seu tempo, mas, no final, estamos todos na mesma situação. Enfim, parei de caminhar e olhei com raiva para aquela garota que, apesar do estilo infantilizado, deveria ter a minha idade.
 — E você, garotinha? Quer dizer que você esbanja vivacidade? – Disse de súbito.
— Bem, pelo menos, mais do que você! – Ela começou a retrucar – Vem! Vamos fazer o seguinte: vamos num parque aqui perto e eu vou te animar um pouco! Você está estragando o meu dia com essa cara fechada!
— Inferno! Olhei para o relógio. Já era meio-dia. Quanto tempo eu tinha perdido com essa garota! Pensei num plano e a respondi:
– Você não vai me deixar em paz se eu não te acompanhar, não é mesmo? Façamos assim: eu vou deixar essas compras com a minha mãe e ai nós saímos, pode ser?
     Ela aceitou. Ótimo, eu estaria livre: depois que eu entrasse na minha casa ela não poderia me tirar de lá. Chegamos ao portão de casa. Antes de eu entrar, ela disse:
— Só quero te lembrar de que você me prometeu ir ao parque e se você não sair da sua casa eu ficarei gritando na sua porta até você sair. Será que sua mãe vai gostar disso? – Ela terminou sorrindo.
     Diabo! Ela estava certa! Minha mãe reclamaria durante semanas por algo do tipo. Qual era o problema com aquela garota? Por que era tão importante que eu saísse? Não adiantava. Negar só faria eu perder mais tempo. Irei. Quem sabe posso até fazer um vídeo levantando hipóteses sobre “a garota louca que importunava homens”. Ri dessa bobeira. Entrei em casa, ainda mais desanimado. Deixei as compras e avisei minha mãe que eu sairia novamente.
     Voltei ao portão. A garota ainda estava lá, fitando-me como se fosse uma alma inocente. Engraçado... dessa vez ela não parecia tão inocente... Parecia haver algo de misterioso em seu olhar... Seria possível? Talvez fosse só impressão. Quando me aproximei então, eu disse:
— Vamos?
— Sim! Vamos ao Parque Central. Você já foi lá, né? – Ela respondeu.
— Não, eu nunca fui. Eu não gosto de parques. Eles não possuem Wi-Fi – Retruquei.
— Impossível! O parque é tão perto da sua casa! Você por acaso é um daqueles que nunca sai?
— Bem que eu queria, mas às vezes eu tenho que sair e acabo topando com uma garota estranha. – Ela riu e retrucou:
— Aliás, meu nome é Emma. Não quero que você fique depois me referindo para os seus amigos como a “garota estranha”.
— Emma... Bem, não acho que eles vão postar nada a respeito. E de onde você tirou essa ideia de que falarei de você para os meus amigos? Amanhã eu nem devo me lembrar de que isso aconteceu.
 — Postar? Você não conversa pessoalmente com os seus amigos? – Ela me olhou com ar de indignação. – E vejamos se você não vai se lembrar de hoje...
     Emma disse essa última frase fitando bem nos meus olhos e novamente com aquela expressão enigmática. Estremeci. Essa garota estava me dando medo! Quais eram seus objetivos? Fui interrompido por ela:
— Você não respondeu à minha pergunta. Você não sai com os seus amigos? A propósito, você ainda não disse o seu nome. Sua mãe não lhe deu educação?
— Não, não saio com os meus amigos. Na verdade, todos eles são virtuais e a maioria mora longe. E como eu vou me apresentar se você não para de falar? Meu nome é Roberto, mais conhecido como conspiracy man nas redes.
Conspiracy man? Que nome idiota! Parece que seu problema é pior do que eu imaginava!
     Ela começou a rir. Fiquei furioso e já ia falar algumas poucas e boas para ela, quando ela me cutucou:
— Ei, chegamos ao parque!
     Olhei ao redor. Havia algumas pessoas. Algumas eram crianças, jovens e uns poucos adultos. Ainda assim, o parque estava silencioso. Quase todos estavam com um celular na mão. Isso me lembrava do meu canal. Infelizmente não dava para fazer um vídeo ali. Principalmente porque todo o cenário do canal ficava no meu quarto. Diabo! Que garota irritante eu fui achar! Sentamos na grama. Eu não disse nada. Ela ficou me olhando.
— Meu Deus! Será que você não consegue parar de ficar pensando no futuro e aproveitar o momento? Vamos! Deite-se!
     Nessa hora ela me empurrou para trás e eu caí deitado na grama com o rosto virado para o céu. Ela deitou ao meu lado.
— Olhe o céu! Faz quanto tempo que você não o olha? Poderia apostar que você já tinha até esquecido sua cor.
     Claro, ela exagerou. Mas tinha razão em um aspecto: fazia tempo que eu não olhava. Tinha perdido o sentido. Na realidade, a única “tela” que tinha importância agora era a do computador. Por que olhar para o céu? Que informação nova ele me mostrava? Que prestígio eu ganhava com isso? Era totalmente inútil.
— Você já parou para pensar na beleza do céu? Ele nos leva para tantos lugares. Nos mostra tantas coisas!
     Olhei para ela e depois para o céu. Essa garota era doida? Não havia nada ali. Quanta imaginação! Ela me olhou fazendo sinal de desaprovação e continuou:
— Vejo que além de cabeça dura, você é um cego, Roberto! Olhe de novo! O céu durante o dia nos proporciona a visão da atmosfera e do sol. Requisitos imprescindíveis para a nossa existência. Sem eles, nossa espécie não teria florescido e nem as outras. Além disso, as tecnologias que você tanto ama também não teriam sido criadas. E o que dizer do céu à noite? Se o diurno nos lembra da nossa existência, o noturno nos recorda a grandiosidade do universo, sua infinidade e como somos apenas um grão de areia nesse todo cósmico. Pensar nisso nos ajuda a cultivar a humildade, sabia? Talvez seja bom para você – Ela disse, rindo de mim.
     Olhei para ela com certa perplexidade. Ela estava certa, mas fazia muito tempo que eu não pensava nessas coisas. Talvez tenha perdido essa fascinação e entusiasmo depois da minha infância. É um tanto difícil, atualmente, crescer e não desanimar com o mundo e com as pessoas, do jeito que ele está.
     Decidi prestar mais atenção à Emma. Comecei a tentar observar seus detalhes. Que raio de garota era aquela? Concentrei-me em seu rosto. Olhando seus olhos, percebi que sua característica oriental os fazia ao mesmo tempo parecerem inocentes e misteriosos. Explicava melhor a ambiguidade que eu senti antes. Possuía um nariz pequeno e sua boca produzia covinhas quando sorria. Seu cabelo liso e com mexas azuis destacavam seus olhos de ameixa. Pela primeira vez percebi que Emma era uma garota bastante atraente. Como não percebi isso antes? Afinal, qual tinha sido a última garota que eu havia dado importância? Meu Deus! Onde estive durante todos esses anos de vida? Agora parecia que as distrações que usei para esquecer o vazio da vida eram ainda mais vazias que a contemplação da falta de significados da vida. Céus! O que essa garota estava fazendo com a minha mente? Levantei-me e fiquei sentado na grama olhando para baixo. Não sabia o que fazer. Nesse momento, Emma entrelaçou suas mãos nas minhas.
— Agora, me diga: olhe aquelas pessoas concentradas no celular e nós aqui juntos fisicamente. Quem você acha que está tendo a maior interação social? Nós que estamos de frente um para o outro ou alguém com o celular em que está conversando com, no mínimo, cinco pessoas ao mesmo tempo? Será que essas pessoas são mais próximas do que nós? Ou talvez até nós que mal nos conhecemos já temos mais intimidade do que eles? Relações rasas. Tudo foi quantificado. Quanto mais amigos, melhor. Não importa a qualidade dessas amizades. O nosso contato aqui, o fitar dos olhos, a sensação de uma pele na outra, o som de sua voz, todas essas qualidades, perderam o valor nessa era...
     Eu olhei cada vez mais confuso para ela. Seu toque em minhas mãos era macio e seu olhar atraente. Como por um impulso, fui em sua direção e a beijei. Ela me beijou de volta. Meu Deus! Que sensação era aquela! Sentia todas as partes do meu corpo como se estivessem cheias de sangue, cheias de vida! Nada mais parecia importar. Senti que havia vivido até aquele momento apenas migalhas do que a vida realmente poderia oferecer! Beijamo-nos por um tempo, foi intenso. Ao me distanciar dela eu estava com um sorriso no rosto.
— Humm... Agora acredito que você esteja vivo – Disse Emma.
— Sua besta! Não me deixe envergonhado! – respondi.
     Nós rimos. Aquele dia tinha tomado proporções que eu não esperava. Sentia-me como nunca antes havia me sentido. Tudo parecia ganhar uma nova cor, um novo tom. Ficamos ali mais um tempo, conversando e trocando alguns carinhos. Começou a ficar escuro e ela me disse que precisava ir para casa. Entretanto, ela ainda me acompanhou até a porta da minha casa. Beijamo-nos mais uma vez.
— Quando vamos nos ver de novo? – perguntei.
— Ué, eu não vou fazer você perder mais tempo? – Ela riu.
— Não tem importância, sua besta! Poderia me passar seu número para marcamos outro dia?
     Ela aceitou e me deu o seu número. Aquele mês fora o melhor mês da minha vida! Eu saia com Emma três vezes por semana e meus sentimentos (que outrora eu sequer imaginava que existiam) cresciam cada vez mais por ela. Sentia que poderia estar amando! Não poderia estar mais feliz e, dessa vez, era uma felicidade autêntica, verdadeira... humana.
     O meu canal? Eu havia o abandonado um pouco. Meus seguidores já começaram a reclamar, mas eu não me importava. O importante agora era Emma em minha vida. Acordei às dez horas como de costume. Arrumei-me rápido. Logo, logo Emma estaria no portão. Hoje, eu estava especialmente nervoso. Depois de muito pensar, tinha chegado a uma conclusão: pediria Emma em namoro. Será que ela aceitaria? Tinha minhas dúvidas... Não por nossa convivência, que tinha sido ótima, mas pelo pouco tempo que nos conhecíamos. Apesar disso, não conseguia não fazer isso. Eu tinha certeza dos meus sentimentos. Eu faria isso! Bateram na porta. Eu saí. Era Emma! Fomos a uma sorveteria e tivemos uma ótima tarde juntos. Quando chegamos novamente no portão, decidi que era chegada a hora. Fiquei muito envergonhado, com as bochechas vermelhas.
— O que foi Roberto? Está todo vermelho! – Emma ria como de costume.
     Desviei um pouco o olhar e então comecei a falar:
— Bem... É que eu estava pensando... Já estamos saindo há certo tempo... Será que você estaria interessada em namorar comigo?
     Meu coração começara a bater muito rápido, eu transpirava e minhas mãos estavam geladas. Fitei-a esperando a resposta. Ela parecia perplexa. Suas expressões pareciam um mesclo de felicidade e tristeza. Eu não conseguia compreender o que ela está sentindo e eu podia jurar que vi seus olhos encherem de lágrimas. Algo parecia não se encaixar, mas eu não conseguia imaginar o que seria. Enfim, ela respondeu:
— Roberto! Por essa eu não esperava! Bem... Faz pouco tempo que estamos saindo e tudo aconteceu tão rápido... Eu poderia te dar a resposta amanhã?
     Meio gaguejando, eu respondi que sim. Estava tenso. Beijamo-nos mais uma vez e nos despedimos. Fui para o meu quarto. Que dúvida cruel! Ela aceitaria ou não? Eu não conseguia dormir e o tempo parecia estar mais lento que de costume. Era torturante, mas acabei dormindo de exaustão.
     Acordei no outro dia. Quando tomei consciência, já peguei o meu celular. Será que ela teria respondido? Olhei as notificações. Nada! Mandei mensagens para ela, não tive resposta. Tentei ligar e o número só dava desligado. Comecei a ficar preocupado, mas o que eu poderia fazer? Agora que me dei conta de que eu não sabia onde ela morava e então não poderia fazer nada. Diabo! Esperei. Naquela dor de preocupação e dúvida eu ia me corroendo o dia inteiro dentro do meu quarto. Não me levantava da cama. Não tinha ânimo para isso. E a noite chegou e nada! Nenhuma informação! O que deveria ter acontecido? Poderia ter acontecido alguma coisa com ela? Foi assim que ela decidiu negar o meu pedido? Eu teria a assustado com a minha impulsividade?
     Estava imerso em dúvidas e tristeza. Já não comia bem e dormia mal. Passou-se uma semana e nenhum sinal de Emma. Inferno! Depois de tamanha felicidade por que agora eu vivia essa tristeza? Se soubesse que ficaria assim depois, melhor teria sido ter continuado com uma felicidade cega com o meu canal. Ou não teria valido a pena? Decidi olhar o meu canal para tentar me distrair. Havia várias mensagens direcionadas a mim. Várias delas me mandavam um mesmo link de um vídeo.
     Enlouqueci quando o vi! Seu título? “Como fazer um idiota se apaixonar”. E quem o apresentava? Emma! Diabo! Eu não conseguia acreditar naquilo! Não era possível! Quer dizer que tudo o que vivemos foi uma farsa? Todos os carinhos, beijos, felicidade? Eu senti que ela também sentia algo por mim!  Eu não conseguia entender o motivo! Por que isso agora? Justo ela? Eu chorava e chorava. Quando eu finalmente imaginava que havia vivido de verdade, deveria ter sido uma mentira. Quando imaginei ter alcançado a felicidade, eu me encontrei com a morte. Sim, este era o meu fim. Entendi que não tinha sido uma farsa. A vida era assim. Mas eu não queria mais, não aguentava seu peso. Comecei a gravar meu último vídeo, ao vivo. Peguei uma corda e o intitulei de “O último mistério: quem me matou?”. Era o fim. O vídeo contou com mais de cem mil curtidas.
  


Conto escrito por
Karinny Gonçalves

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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Proibida a cópia ou a reprodução





Sinopse: Eugênio é um jovem nascido no subúrbio carioca que resume sua vida entre a escola e as pequenas aventuras típicas da idade. Em casa, convive com a mãe, três irmãs e o pai repressor - oficial do Exército. Nas suas andanças pelas bibocas do bairro descobre que há um outro mundo - o da malandragem. Sai de casa se aventurando a procura de novos desafios. Porém o  golpe militar de 1964 acaba interferindo no seu destino e o leva a enveredar por um caminho com sequelas e sem volta.


 

Sinopse: Virgílio e Gilson se conheceram na fila do INSS e fazem planos para acampar após a aposentadoria. Contudo, a demora e o desrespeito com os idosos brasileiros farão com que ele usem o acampamento maneiras mais perigosas.



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