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Talismã - Capítulo 38

Novela de Édy Dutra
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No capítulo anterior de Talismã:


ELIZABETH: - Eduardo, quem é essa mulher?
EDUARDO: - Pois eu não sei!
CLAIR: - Eduardo? O nome dele é Solano!
ELIZABETH: - Desculpa, mas você deve estar confundindo ele com alguém.
CLAIR: - Não, não estou não! Esse homem é um bandido! Roubou tudo o que eu tinha!
EDUARDO: - Desculpa moça, mas eu não a conheço! E você está sendo deselegante, atrapalhando o nosso jantar.
CLAIR: - Cínico! Então quer dizer que você não me conhece? Nem de Nova York? Manhattan? Não lembra da casa de verão em Miami, dos dólares, dos valores altíssimos que eu deixe para você depositar num fundo falso que você criou?! Da separação que você me fez pedir? Da minha vida, destruída!
...

RAFAEL
: - Eu quero poder te ajudar a libertar esse sentimento preso em você.
MARILU: - É o que eu mais quero agora.

Marilu enlaça seus braços sobre o pescoço de Rafael, o olha, sedutora.

MARILU (sussurra): - Tudo o que eu mais quero...

Os dois se beijam, calorosamente. Alexandre, escondido, fica totalmente chateado em ter que ficar ali, “presenciando” toda situação.


...

 
CARLA: - Dona Alaíde, sabe como eu paguei em dia, todos os meses de aluguel do meu quarto na pensão?

Alaíde fica calada, aguardando resposta.

CARLA: - Com o dinheiro do meu programa.

Alaíde fica chocada.

ALAÍDE: - Carla! Você é/
CARLA: - Eu sou garota de programa, dona Alaíde. E hoje eu estou aqui, acompanhando um dos médicos mais bem-sucedidos de São Paulo.
ALAÍDE: - Eu não posso acreditar!

...

 
CLAIR: - Canalha! Desgraçado!
EDUARDO (levanta-se, firme): - Modere as suas palavras! Isso aqui é o meu local de trabalho.
CLAIR: - Isso aqui é o seu próximo golpe, seu louco! Pobre daquela mulher no restaurante ontem!... Com certeza essa empresa é dela/
EDUARDO: - É minha!
CLAIR: - É dela sim que eu sei!... Você não tem capacidade para ter nada, ser nada!

Eduardo se aproxima de Clair, a empurra. Clair cai sobre o sofá.

CLAIR: - Monstro!

Eduardo fica sobre ela, com as mãos no pescoço de Clair, tentando estrangulamento. Clair tenta se livrar, mas tem dificuldade.

EDUARDO: - Eu pensei ter me livrado de você, em Nova York. Mas já que você insiste em me procurar, eu vou dizer onde está o seu dinheiro. Está no inferno. E é pra lá que você vai agora. Maldita!

...

 
JONAS: - Mas acontece que eu me sinto inseguro, vivendo na incerteza de que você está comigo, mas, até quando? O que me garante que depois que você conseguir tirar a Marilu da jogada, você e o Rafael não possam se reaproximar e...

Jonas caminha para o outro lado da sala, pensativo. Lívia o observa.

JONAS: - Eu não quero perder você de novo, Lívia.
LÍVIA: - Não pensa nisso, Jonas. (vai até ele) Meu amor...
JONAS: - Você é a coisa mais importante que aconteceu pra mim, na minha vida.
LÍVIA: - Eu sei, meu querido. Não se preocupa. A gente vai ser feliz, Jonas.

Lívia o beija. Os dois ficam abraçados.

...

 
CAM mostra detalhes: são imagens de uma câmera de segurança de prédios situados na avenida onde ocorreu o acidente de Lorena. As imagens mostram o carro de Marilu empurrando o veículo de Lorena, que perde o controle.

Jorge se impressiona. Ele pega outro DVD, coloca no PC. Abre novo vídeo. Mostra imagens mais próximas. Ele pausa. Dá zoom. CAM foca: dá pra perceber que quem dirige o carro que empurrou Lorena é Marilu.

JORGE: - A Marilu!...
 
FLASHBACK. CAP. 32. CENA 19. CASA LÍVIA. EXT. DIA.
 
Marilu se aproxima do seu carro, olha a lataria, um pouco amassada.

MARILU
: - Não posso continuar com esse carro assim. Lorena morreu, mas me deixou um prejuízo! Vaca.
 
Marilu entra no carro e sai. Logo em seguida, um outro carro sai atrás dela (CAM foca Jorge dirigindo).

CENA 44. DELEGACIA. INT. NOITE.
 
Volta à cena atual. Jorge salta da cadeira, atônito.

JORGE
: - Preciso ir até a mecânica... Mas já tenho o que eu precisava... Marilu, você deve explicações para a polícia.

Em Jorge, confiante.

 

CAPÍTULO 38
 

CENA 01. DELEGACIA. INT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Jorge analisa os vídeos do acidente de Lorena.
 
JORGE: - Eu preciso ir até a mecânica onde ela deixou o carro... (pega papel, caneca, escreve) se bem me lembro, é neste endereço...
 
Jorge tira o DVD do PC, guarda. Guarda o papel também.
 
JORGE: - Tudo se interligando. Perto do fim, graças a Deus.
 
Jorge pega suas coisas, e vai embora.
 
CENA 02. APTO RAFAEL. QUARTO. INT. NOITE.
 
Marilu e Rafael deitados na cama. Ela com a cabeça sobre o peito dele.
 
RAFAEL: - Pergunta clássica... Foi bom pra você? (risos)
MARILU: - Você não é um homem de clichês, Rafael. (ri) Mas eu vou lhe responder. (o encara) Foi ótimo. (o beija)
RAFAEL: - Eu estava esperando por isso. Você me enfeitiçou.
MARILU: - Eu? Mas eu não fiz nada... Apenas te dei o meu amor, sincero e verdadeiro. Como você merece.
RAFAEL: - Mereço mesmo?
MARILU: - Merece. Isso e muito, muito mais!
 
Os dois se beijam novamente.
 
CENA 03. CASA CHARLOTE. INT. NOITE.
 
Demétrio e Breno chegam em casa. Charlote os encontra.
 
CHARLOTE: - Onde você esteve, Demétrio! Já estava preocupada!
BRENO: - Meu pai teve um ato de coragem hoje, mamãe.
CHARLOTE: - O que foi que aconteceu?!
DEMÉTRIO: - Eu denunciei o Olavo, Charlote. Ele foi preso.
CHARLOTE (emociona-se): - Oh, meu querido! (abraça Demétrio) Eu estou tão feliz!
DEMÉTRIO: - E eu estou aliviado, Charlote. Eu não falei que ia mudar?
BRENO: - Isso merece uma pequena comemoração.
 
Breno vai até o bar, serve umas doses de uísque.
 
CHARLOTE: - Mas como você fez isso?
DEMÉTRIO: - Eu fiz uma denúncia anônima. Aquele dia na loja, ele havia me entregado um cartão com o endereço do novo cassino dele, clandestino. Ele me tentou. Mas no final, eu decide não ceder.
CHARLOTE: - Fez muito bem, querido. Aquele homem é um bandido. Corrupto.
 
Breno entrega um copo para Demétrio.
 
BRENO: - Suco de graviola para dona Charlote... (entrega o copo)
CHARLOTE: - Obrigada! (sorri)
BRENO: - Um brinde ao nosso herói.
 
Os três brindam, felizes.
MUSIC ON:The lady is a tramp - Tony Bennett e Lady Gaga
 
CENA 04. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER
 
Imagens de São Paulo ao amanhecer. Mostra imagens do Parque o Ibirapuera, pessoas fazendo exercícios, conversando. Mostra o MASP, a Avenida Paulista, a movimentação paulistana.
 
CENA 05. CASA ADRIANA. INT. DIA.
 
FADE OUT MUSIC.
Cidália e Tenório chegam de viagem e são recebidos por Marcos e Adriana.
 
ADRIANA (abraçada em Cidália): - Que saudade que eu estava de você, mamãe!
CIDÁLIA: - E eu também estava morrendo de saudades suas, minha filha! Tem se alimentado direito?
MARCOS: - Não precisa se preocupar, dona Cidália, porque eu estou cuidando bem da sua filha.
CIDÁLIA: - Isso eu estou vendo, meu filho. Ela está com a pele ótima.
ADRIANA: - Mamãe!
CIDÁLIA: - Eu sei dessas coisas... (risos)
TENÓRIO: - E o seu padrasto aqui, não ganha um abraço?
ADRIANA: - Mas é claro, pai!
 
Adriana abraça Tenório.
 
ADRIANA: - Você é meu pai, ouviu?
TENÓRIO: - Eu gosto tanto quando você me chama de pai.
ADRIANA: - Nada mais justo, não é? Você me viu crescer...
MARCOS: - Eu vou levar as malas de vocês lá pra dentro.
 
Marcos pega as bagagens e sai.
 
CIDÁLIA: - Mas a sua casa é uma beleza, filha. Bem localizada, ambiente agradável.
ADRIANA: - Demorei pra conseguir encontrar um lugar, mamãe. Mas quando eu botei os olhos nela, não resisti. Bela Vista, onde eu nasci e me criei, tantas lembranças boas.
MARCOS (voltando pra sala): - E perto de tudo também. Do trabalho, principalmente.
TENÓRIO: - E você Marcos, mora aonde?
MARCOS: - Morumbi. Quero dizer, na verdade, estou morando aqui agora.
TENÓRIO: - Antes do casamento? E pode isso?
CIDÁLIA: - Século dezenove já passou, Tenório. (ri)
MARCOS: - Mas não se preocupe, seu Tenório. Nós não fazemos nada de errado.
TENÓRIO: - É bom mesmo, porque pra casar com a minha princesa, tem que ser tudo nos conformes.
ADRIANA (abraçando Marcos): - Não se preocupa, pai. O Marcos é super respeitador. E me ama, o que é mais lindo!
 
Os dois se beijam, apaixonados. Cidália e Tenório se mostram felizes por Adriana.
 
CENA 06. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.
 
Onira conversa com Roberto, em uma das mesas do local.
 
ONIRA: - Ele foi embora de casa, Roberto. Não quer mais saber de mim.
ROBERTO: - Aí é que você se engana, Onira. O Marcos gosta de você, se importa com você. Você é que se afastou dele.
ONIRA: - Foi aquela sem vergonha que fez isso.
ROBERTO: - Se é para ofender a Adriana, você pode ir embora.
ONIRA: - Até você não é?
ROBERTO: - Eu não admito esse tipo de comportamento, discriminatório... Você não percebe que assim, o Marcos só fica cada vez mais distante?
ONIRA: - A festa vai ser aqui mesmo?
ROBERTO: - Vai sim. Presente do padrinho aqui.
ONIRA: - E lua-de-mel, pra onde eles vão?
ROBERTO: - Por enquanto, por causa dos compromissos profissionais que os dois têm, não vão ter lua-de-mel. Vão ficar na casa da Adriana. Depois, se não me engano, o Marcos comentou algo sobre Madri.
ONIRA: - Ele sempre gostou da Itália.
ROBERTO; - Você vai no casamento?
ONIRA: - Compactuar com essa verdadeira falta de bom senso? Muito obrigada.
ROBERTO: - Bom senso é o que você não está tendo. Uma mãe abrir mão da felicidade do filho por puro orgulho, preconceito e/
ONIRA: - O Marcos não sabe o que é felicidade. Ele vai conhecer é o desgosto ao lado dessa pretinha. Eu não quero ver o meu filho sofrendo, Roberto. Não quero. (levanta-se) presenciar esse casamento seria como ver meu filho numa sentença de morte e não poder fazer nada.
ROBERTO: - Não diga isso, Onira. Repense.
ONIRA: - A minha decisão já está tomada, Roberto... Mas eu prometo pensar.
ROBERTO; - Então você pode...
ONIRA: - Eu vou pensar.
 
Onira se afasta, vai indo embora.
 
ONIRA (para si): - Por que não?...
 
Onira sorri, sarcástica.
 
 
CENA 07. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
 
Conrado conversa com Sarah no quarto. Clima é um pouco melancólico.
 
CONRADO: - E então, como você tá?
SARAH: - Muito triste... Me sinto seca por dentro.
CONRADO: - Não fala assim.
SARAH: - Eu perdi nosso filho/
CONRADO: - Perdeu o seu filho, Sarah. Seu filho.
 
Sarah consente, baixando a cabeça. Silêncio por um instante.
 
CONRADO: - Dores, sangramentos, você não teve mais?
SARAH: - Mais nada... Por que você fez isso?
CONRADO: - Isso o quê?
SARAH: - Me ajudou. Mesmo depois de tudo o que eu te fiz.
CONRADO: - Sinceramente? Nem eu sei porque eu fiz isso. Acho que brotou em mim um espírito solidário, sei lá... Fiz o que foi certo, só isso.
SARAH: - Você é um homem bom. Sorte da mulher que conseguir fisgar esse coração aí.
CONRADO: - Espero que você também tenha essa sorte, de achar alguém que goste de você com a mesma intensidade, o mesmo fervor. Eu só desejo que você fique bem e seja feliz, Sarah.
 
Neste instante, Henri entra no quarto, trazendo flores.
 
SARAH (surpresa/feliz): - Henri!
HENRI: - Sua destrambelhada! Quer me matar do coração?
 
Henri deixa as flores com Conrado e se abraça a Sarah.
 
HENRI: - Como você tá, amiga?!
SARAH (emocionada): - Melhor agora em rever você, meu amigo! Querido!
 
Conrado deixa as flores num vaso sobre uma bancada e vai saindo do quarto sem ser notado, feliz por deixar Sarah e Henri a sós.
 
SARAH: - Eu perdi meu filho, Henri.
HENRI: - Não fica triste. Sei que é difícil, mas a vida continua. E quem sabe, mais tarde, você não possa carregar outro aí nessa barriga? Mas pra isso é preciso ter juízo, se comportar bem e/
SARAH: - Ouvir lição de moral numa cama de hospital não é justo, Henri!
 
Os dois riem.
 
SARAH: - Não acha Conrado?
 
Sarah procura Conrado com os olhos, mas não o vê.
 
HENRI: - Acho que ele foi embora.
SARAH: - Tudo bem... O que ele poderia fazer por mim, ele fez. E sou muito agradecida a ele por isso.
HENRI: - Que bom ouvir isso. Melhor ainda é saber que você está bem.
 
Henri segura a mão de Sarah, os dois trocam olhares, fraternos.
 
CENA 08. MECÂNICA. EXT. DIA.
 
Jorge estaciona seu carro em frente à uma oficina mecânica. Ele desce, observa o lugar por um instante. Seu telefone toca. Ele atende.
 
JORGE (ao telefone): - Fala Pereira. (T) Chegou d hospital é? (T) Caso Beatriz Macedo? Ótimo. Deixa na minha mesa, que eu vou querer ler com calma esse laudo. (T) Não, eu estou longe, resolvendo um outro assunto importante. Mais tarde nos falamos (desliga)
 
CENA 09. MECÂNICA. INT. DIA.
 
Jorge conversa com um dos funcionários do local.
 
FUNCIONÁRIO: - Desculpa eu não poder ficar muito tempo aqui. A gente tá cheio de serviço.
JORGE: - Não tem problema. Eu só quero fazer algumas perguntas.
 
Jorge mostra o distintivo da polícia. O funcionário se surpreende.
 
FUNCIONÁRIO: - O que o senhor quer saber?
JORGE: - Esse carro aqui (mostra uma foto do carro de Marilu) esteve aqui na oficina nos últimos dias?
FUNCIONÁRIO: - Teve sim. Por quê?
JORGE: - As perguntas quem faz aqui sou eu, ok? Você apenas responde.
FUNCIONÁRIO: - Tá certo.
JORGE: - O dono, ou a dona do carro, já veio buscá-lo?
FUNCIONÁRIO: - A dona ainda não veio, mas já deixou o conserto pago logo quando entregou o carro aqui. Tava amassado na lateral direita.
JORGE: - Lateral direita é?
FUNCIONÁRIO: - É. Demoramos um pouco pra consertar, mas ele ficou novo em folha. Quer dar uma olhada?
JORGE: - Não, não será necessário. Eu só quero um comprovante de pagamento desse serviço. Uma cópia, pode ser. Você me consegue?
FUNCIONÁRIO: - Claro. Só um instante que eu vou buscar.
 
O funcionário se afasta.
 
JORGE: - Lateral direita... Bem o lado que empurrou o carro da Lorena...
 
O funcionário retorna com o documento.
 
FUNCIONÁRIO: - Tá aqui (entrega para Jorge)
JORGE: - Muito bem.
FUNCIONÁRIO: - Eu sei que não é pra perguntar, mas isso não vai prejudicar minha oficina aqui, não é? Se é coisa de bandido, de crime, eu não sei de nada! Aqui a gente trabalha de forma honesta, todo mundo aqui tem família e/
JORGE: - Pode ficar tranquilo. Nada vai acontecer, prejudicar vocês. Até porque, você nem me viu aqui, não é?
FUNCIONÁRIO: - Claro, eu não vi o senhor.
JORGE: - Passar bem.
 
Jorge se retira. O funcionário se mostra um pouco desconfiado.
 
CENA 10. CASA LÍVIA. INT. DIA.
 
Lívia, Jonas e Pedro tomam café da manhã.
 
JONAS: - Será que o Jorge vai conseguir uma solução rápida?
LÍVIA: - Sei não, Jonas, mas estou torcendo que sim. Quero paz na minha vida.
JONAS: - Então vamos falar de coisa boa. Você já viu sua roupa para o casamento do Marcos?
LÍVIA: - Casamento?!
JONAS: - Sim, Lívia. O Marcos, meu chefe, vai casar. Lembra? Comentei com você.
LÍVIA: - Jonas, esqueci completamente!
JONAS: - Então, eu estou pensando da gente ir junto ver nossas roupas. Que tal?
LÍVIA: - Ótimo! Vamos sim. Quero estar bem bonita.
 
A campainha toca.
 
PEDRO: - Tem gente aí.
LÍVIA: - Eu atendo.
 
Lívia vai até a sala, abre a porta. CAM foca em Agda.
 
LÍVIA (surpresa): - Agda?
AGDA: - Como vai, Lívia, tudo bem?
LÍVIA: - Tudo. Posso ajudar?
AGDA: - Eu quero ter uma conversa com você. Posso entrar? O assunto não fica bem ser tratado aqui na porta.
LÍVIA: - Entre.
 
Agda entra na casa. Lívia a conduz até o centro da sala. Jonas chega na sala, com Pedro.
 
JONAS: - Então, Lívia, eu pensei na gente/ (vê Agda) Oi.
AGDA: - Bom dia.
LÍVIA: - Jonas, você deixar o Pedro na escola pra mim?
JONAS: - Claro... (a Pedro) Vem Pedrão, vamos indo.
PEDRO: - E a mamãe, não vai junto?
LÍVIA: - A mamãe vai depois, filho. Vai direitinho com o Jonas tá?
 
Pedro beija Lívia. Jonas fita Agda. Pedro vai até Jonas, que pega sua mão, troca olhares com Lívia e sai. Lívia e Agda a sós na sala.
    
LÍVIA; - E então, o que você tem para falar comigo?
AGDA: - Uma bela casa você comprou, Lívia. De fato, o dinheiro do Tarcísio lhe fez muito bem.
LÍVIA: - É sobre isso que você veio falar comigo? Sobre o dinheiro que eu herdei do Tarcísio?
AGDA: - Não precisa ficar assim. Não é sobre isso que eu vim falar. Mas é sobre o Tarcísio sim.
LÍVIA: - Então?
AGDA: - Como eu não sou de fazer rodeios, vou direto ao ponto.
LÍVIA: - Melhor assim. Facilita pra nós duas terminar de vez com esse clima aqui.
AGDA: - Pois bem, Lívia, certamente você deve saber que a sua grande amiga, Rosa, que te apoiou durante todo o processo após a morte do Tarcísio/
LÍVIA: - O tem a Rosa, Agda?
AGDA: - A Rosa já teve um caso com o Tarcísio.
LÍVIA: - Como é?!
AGDA: - Um caso não... Foi uma história de amor arrebatadora, isso usando as palavras dela.
 
Lívia se mostra incrédula.
 
LÍVIA: - Por que você está inventando isso?
AGDA: - Você acha que eu iria sair da minha casa, agora de manhã, pra vir aqui inventar história? Poupe-me, Lívia... Estou aqui para dizer que você se acha tão forte, cercada por seus amigos, mas que na verdade, nem todos que te cercam são seus amigos mesmo. E a Rosa é um exemplo clássico disso... Ela sempre foi apaixonada pelo Tarcísio.
LÍVIA: - Não é verdade! Ela nunca me disse nada!
AGDA: - E nunca iria de dizer! Você acha que ela ficaria confortável em dividir o grande amor da vida dela com outra pessoa? E eu não duvido que ela tenha se aproximado de você para poder ter a chance, mesmo que remota, de ficar próximo do patrimônio dele, de tudo o que ele teve, que ele conquistou... Tudo que ela queria ter tido também, ao lado dele. Mas ela não foi a escolhida.
LÍVIA: - Chega, Agda! Eu não quero ouvir mais nada!
AGDA (cínica): - Eu poderia mesmo parar por aqui, querida. Mas acho que você ouviu tão pouco... (séria) Isso é pra você aprender que o seu lugar não é no nosso meio. Nem o seu, nem da Rosa, aquela invejosa. Ela se faz de amiga, mas te inveja, Lívia. Ela invejou o amor do Tarcísio pela Beth e inveja o amor que ele teve por você também.
LÍVIA (p/ si): - Ela nunca me disse nada... Nunca falou sobre o assunto.
AGDA: - É, pra você ver o tipo de amiga que você tem. (aproxima-se) Eu só espero que no final das contas, a minha família não seja ainda mais prejudicada por vocês. Estou farta de tudo isso. Encontrem o seu lugar, vão embora com essa inveja!
LÍVIA: - Quem vai embora daqui é você, Agda. Saia da minha casa agora!
AGDA: - Eu vou. O que eu tinha pra falar com você eu já falei. E desejo do fundo do meu coração, que você e aquela falsa sejam muito infelizes. Pois foi infelicidade que vocês trouxeram para a minha família e é isso que vocês merecem.
 
Agda, firme, encara Lívia por um instante, e sai. Lívia senta-se no sofá, ainda chocada com o que Agda lhe disse.
 
LÍVIA: - A Rosa, com o Tarcísio?... Por que ela nunca me disse?
 
CENA 11 EMPRESA AMARO. INT. DIA.
 
Marcos e Rafael conversam.
 
RAFAEL: - Bom te ver aqui, Marcos.
MARCOS: - Passada rápida, meu amigo. Daqui a pouco vou pra agência.
RAFAEL: - Correndo muito pro casamento?
MARCOS: - Correndo? eu estou é voando! (risos) Mas está sendo ótimo. Tá saindo tudo como a gente planejou. E a Adriana tá felicíssima. Os pais dela chegaram hoje, estão lá em casa.
RAFAEL: - Que legal!
MARCOS: - E você, padrinho, preparado pra responsabilidade?
RAFAEL: - Tudo certinho. Já estou com meu traje pronto. Vitória também tá.
MARCOS: - Que bom. A cerimônia na igreja vai ser ao entardecer.
RAFAEL: - Vai pegar um visual lindo. Tomara que não chova pra não atrapalhar!
MARCOS: - To rezando todos os dias! (risos) Mas me responde uma coisa, você vai ir sozinho ao casamento?
RAFAEL: - Como assim?
MARCOS: - Não se faz de bobo, Rafa! Te conheço cara!...
RAFAEL: - Tá bom, tá bom... Não, eu não irei sozinho. Vou acompanhado da Marilu.
MARCOS: - Marilu?
RAFAEL: - É, a secretária aqui da empresa. Estamos nos conhecendo melhor, sabe?
MARCOS: - Ah, claro, lembrei dela... Conhecendo melhor é? Sei bem os seus métodos, Rafael.
RAFAEL: - Deixa de bobagem, é sério... Então, ela vai comigo, se você não se importa.
MARCOS: - Claro que não. Se você tá curtindo, é o que importa.
RAFAEL: - Ah, e o presente, entrego aonde?
MARCOS: - Tudo na casa da Adriana. Não vamos ter lua-de-mel por enquanto, por causa dos nossos compromissos. Então vamos aproveitar até para organizar a casa.
RAFAEL: - Perfeito.
MARCOS; - E o que é o presente, padrinho? Um helicóptero? Um Porshe?
RAFAEL: - Não, eu não sou de dar pouca coisa para os meus afilhados, mesmo você sendo o único!
 
Os dois riem.
 
CENA 12. APTO MARILU. INT. DIA.
 
Marilu chega no apto apressada. Alexandre deitado no sofá, comendo, assistindo TV. Marilu vai direto para o quarto.
 
ALEXANDRE: - Ei! Isso são horas de chegar?!
MARILU (V.O.): - Virou meu pai por um acaso?
ALEXANDRE: - Nós somos parceiros agora! Preciso saber sim onde você está!
MARILU (V.O.): - Eu estava tratando do nosso futuro.
ALEXANDRE (salta do sofá): - Como é que é?
 
Marilu volta para sala, com outra roupa, arrumando o cabelo.
 
MARILU: - Passei a noite com o Rafael.
ALEXANDRE: - Nos braços do playboy.
MARILU: - Com tudo o que ele tem direito.
ALEXANDRE: - Mas você é bem safada mesmo, hein!... Mas e aí, o que de bom se tira dessa história?
MARILU: - Eu tiro dessa história a queda que ele tá tendo por mim, a confiança dele que eu estou ganhando e que, se continuar assim, logo logo eu estarei casada com ele.
ALEXANDRE: - Que legal. E eu? Fico aonde nessa história?
MARILU; - Você fica comigo. Como meu amante.
ALEXANDRE: - Eu? De amante?! Ah não...
MARILU: - Para de reclamar, Alexandre!... O Rafael é lindo, querido, rico, mas na cama não é tudo isso não.
 
Alexandre ri.
 
MARILU: - É verdade. Eu estou acostumada com um repertório mais variado, sabe? Rafael sabe poucas músicas... (aproxima-se) Mas você, é um maestro. (alisa o rosto, o peito de Alexandre) Você sabe reger a minha orquestra como ninguém.
ALEXANDRE (malicioso): - É mesmo é?
MARILU (sussurra): - Eu transei com ele pensando em você.
 
Alexandre agarra Marilu, os dois caem no sofá aos beijos. De repente, ela se afasta.
 
MARILU: - Não posso! Eu preciso estar na empresa em pouco tempo.
ALEXANDRE: - Me atiça, mas depois foge, é? Vai ter volta.
MARILU (pegando a bolsa); - Eu não vejo a hora dessa cobrança! Beijos!
 
Marilu sai. Alexandre fica deitado no sofá.
 
ALEXANDRE: - Amante?... Mas grana que é bom ela não falou nada...
 
CENA 13. CASA ROSA. INT./ EXT. DIA.
 
A campainha da casa toca. Louise, toda arrumada, entra na sala para abrir a porta. Ela abre e surpreende-se ao ver Lívia entrar apressada na sala.
 
LÍVIA: - A Rosa tá aí, Louise?
LOUISE; - Tá sim... O que foi, Lívia?
LÍVIA; - Eu quero falar com ela.
LOUISE: - Aconteceu alguma coisa?
 
Neste instante, Rosa chega na sala.
 
ROSA (simpática): - Lívia! Como vai?
LÍVIA (seca): - Nem tão bem como você.
ROSA: - Por quê? O que aconteceu?
LOUISE: - Gente, eu preciso ir porque a Clair volta hoje pros Estados Unidos... Por favor, conversem numa boa.
 
Louise sai. Rosa e Lívia a sós.
 
ROSA: - O que aconteceu com/
LÍVIA: - Por que você nunca me disse que teve uma história de amor com o Tarcísio, Rosa?
 
Rosa se surpreende com a pergunta.
 
LÍVIA: - Me fala! Por que você escondeu isso de mim?
ROSA: - Lívia, eu ia falar pra você/
LÍVIA: - Ia falar quando? Quando eu disse que não mais amava ele, pra você poder ficar feliz, tendo o Tarcísio de volta aos seus braços?
ROSA: - Para, Lívia! Você está entendendo tudo errado!
LÍVIA: - Será Rosa? Será que a errada nesta história sou eu?... Você soube da minha história com o Tarcísio, de tudo o que aconteceu com a gente... Você já tinha vivido tudo com ele!... Você esperava ser a próxima!
ROSA: - Não!
LÍVIA: - Você queria estar no meu lugar, Rosa! Você queria o meu lugar!
 
Lívia chora. Rosa se aproxima, para consolá-la, mas Lívia hesita, se afasta.
 
LÍVIA: - Por favor, não chega perto de mim.
ROSA: - Eu nunca quis estar no seu lugar... Eu gostei sim do Tarcísio, amei ele de verdade. Mas eu soube respeitar a escolha dele. Ele escolheu você, Lívia. E antes que você me jogue todas as pedras, eu fui a primeira a incentivá-lo a ficar com você.
LÍVIA: - Difícil de acreditar... É difícil, Rosa. E essa aproximação pra cima de mim, de que queria me ajudar, me ver bem...
ROSA: - Mas é isso mesmo, Lívia. A minha mãe havia me dado esta missão. E eu cumpri, ou melhor, ainda estou cumprindo com muita honra!
LÍVIA: - Por que você nunca me disse nada?
ROSA: - Foi pra proteger você. E me proteger também. Eu só queria que você fosse feliz, já que eu não pude.
LÍVIA: - Ninguém abre mão de um grande amor assim, Rosa. Ninguém.
ROSA: - Há pessoas que não são capazes de amar suficiente, para ter a consciência de que, amar não é posse. Eu soube abrir mão do meu amor, Lívia.
LÍVIA: - E isso te machucou muito, Rosa. Por isso que você sempre conteve num mistério a sua vida amorosa, a sua história... Eu nunca pensei que eu pudesse ter despertado esse sentimento de reclusão em alguém.
ROSA: - Não! Eu nunca senti isso com você nem por você, Lívia! Por favor, pare com isso!... Quem foi que disse essas coisas pra você?
LÍVIA: - Não interessa quem disse, Rosa... O que importa é que eu estou vendo, no fundo dos seus olhos, que tem um pouco de verdade nessa história. Por algum momento, eu sinto, infelizmente, que você queria estar no meu lugar.
 
As duas ficam a se olhar por um instante, em silêncio. Lívia enxuga as lágrimas, e vai embora da casa de Rosa, que por sua vez, cai sobre o sofá, chorando.
 
ROSA: - Por que isso, meu Deus?! Por quê?!
 
Do lado de fora, Lívia sai para a calçada, também chorando. Vira-se. Dá uma última olhada para a casa.
 
LÍVIA: - Amizade, respeito... Tudo uma mentira...
 
Lívia vai embora, apressada, como se tentasse esquecer o que aconteceu.
 
CENA 14. DELEGACIA. INT. DIA.
 
O delegado recebe oficiais de justiça em sua sala, enquanto analisa uns documentos a ele entregues. O delegado analisa uma foto de Eduardo.
 
OFICIAL 01: - Como o senhor pode ver, o suspeito, Eduardo de Bragança já tem antecedentes com a Justiça norte-americana. Ele é acusado, entre outros crimes.
DELEGADO: - Golpes contra o Estado, estelionato, fraudes tributárias... Ele conseguiu passar a perna em algumas pessoas lá no Tio Sam.
OFICIAL 02: - Investigando ainda mais a fundo, encontramos contas em banco abertas com identidade falsa. Ele já foi Solano, Orácio, Tobias, Hélio...
DELEGADO: - O processo dele recebeu tratamento especial pelo juiz. Ele será julgado em pouco tempo.
 
CENA 15. HOTEL. QUARTO CLAIR. INT. DIA.
 
Louise e Clair conversam.
 
CLAIR: - Eu estou aliviada sim, Louise. Mas não totalmente. Só vou sossegar quando ver aquele canalha do Solado/ Eduardo, sei lá. Aquele bandido atrás das grades.
LOUISE: - Ele vai pagar, amiga. Li nos jornais que descobriram ainda mais coisas sobre ele.
CLAIR: - Pobre das mulheres que caíram nos golpes dele... E graças a Deus que muitas ficarão salvas agora.
 
Clair abraça Louise.
 
CLAIR: - Obrigada amiga, por toda essa força que você me deu.
LOUISE: - Eu não poderia fazer diferente, Clair. Você também me ajudou muito quando eu precisei. Principalmente com aquele convite VIP pro desfile da Valentino.
 
As duas riem.
 
LOUISE: - Já pegou todas as suas coisas pro embarque?
CLAIR: - Já sim. Já avisei meus advogados que eu estou voltando pros Estados Unidos. Mas eu retorno ao Brasil pra ver o julgamento. Não posso deixar de presenciar a queda dele.
LOUISE: - Ele vai cair. E você vai voltar altiva, como sempre.
 
Clair sorri, confiante.
 
CENA 16. CLÍNICA DR FAUSTO. INT. DIA.
 
Fabrício conversa com Vitória.
 
FABRÍCIO: - Fazia tempo que você não vinha me visitar.
VITÓRIA: - Ai, meu amor, eu ando tão atarefada!... Com o lançamento da campanha Europeia, e mais a produção da grife americana, eu tenho ficado com pouco tempo até pra mim... Se não é você dormir lá em casa às vezes, acho que eu estaria louca! (ri)
 
Os dois se beijam, carinhosos. De repente, Mayra chega no local. Os encara. Vitória vê. Mayra encontra Almir.
 
ALMIR: - Oi Mayra!
MAYRA: - Como vai, Almir, tudo bem?
ALMIR: - Tudo.
MAYRA: - Almir, meu pai disse que você tinha os horários que ele chega hoje.
ALMIR: - Tenho sim.
MAYRA: - Ele disse que teria. Eu não consegui falar direito com ele hoje... Eu quero me organizar porque vamos jantar. (fala alto) E meu namorado vai estar presente.
ALMIR: - Eu vou na minha sala buscar os horários. Já volto.
 
Vitória vira os olhos. Mayra encara.
 
MAYRA: - Como vai, Fabrício?
FABRÍCIO: - Tudo bem.
MAYRA: - E com você, Vitória, tudo bem?
VITÓRIA: - Graças a Deus, Mayra. Tudo na santa paz.
MAYRA: - Que ótimo.
 
Almir retorna.
 
ALMIR: - Está aqui. (entrega o papel)
MAYRA: - Muito obrigada.
ALMIR: - Só uma pergunta, Mayra... A Carla foi junto mesmo com seu pai?
MAYRA: - Foi sim. E soube que aproveitaram bastante. Não é ótimo?
 
Almir dá um sorriso amarelo. Mayra vira-se novamente para Fabrício e Vitória, sorri, cínica e vai embora.
 
VITÓRIA: - Quanta petulância!
FABRÍCIO: - Deixa ela pra lá... Vamos curtir meus últimos minutos de intervalo...
 
Os dois se beijam.
 
CENA 17. FORTALEZA. HOTEL. INT. DIA.
 
Carla e Fausto estão indo embora do hotel. Enquanto ele resolve as questões da estadia no balcão, Carla avista Alaíde seguindo em direção à piscina. Carla se aproxima.
 
CARLA: - Dona Alaíde.
 
Alaíde para, mas não se vira para Carla.
 
CARLA: - Eu já estou indo embora.
ALAÍDE: - É mesmo? Que bom...
CARLA: - Eu só queria me despedir da senhora.
ALAÍDE: - Não precisamos de abraços nem outro tipo de demonstração de afeto. (vira-se para Carla) Se não há mais respeito, não tem porque haver sentimento, consideração. Não acha?
CARLA: - Em algum momento eu desrespeitei a senhora, dna Alaíde? A tratei mal, prejudiquei sua família?
ALAÍDE: - Essa sua vida libertina debaixo do meu teto já é mais do que suficiente. Um motivo e tanto... Faça boa viagem de volta, Carla. E quando eu chegar, espero ver o seu quarto vago.
 
Carla se entristece. Alaíde tenta se mostrar forte, embora sua expressão também seja um pouco triste. Alaíde segue para a piscina. Carla volta para o balcão, ao encontro de Fausto, disfarçando a tristeza.
 
FAUSTO: - Tudo pronto, Carla. Vamos logo para o aeroporto. O que foi? Tá com uma carinha...
CARLA: - Já estou sentindo falta disso tudo aqui, por isso. (sorri, disfarçando)
FAUSTO: - Eu também. Foram poucos, mas muito bem aproveitados, esses nossos dias no paraíso!
 
Fausto beija Carla.
 
CENA 18. MANSÃO TARCÍSIO. INT. DIA.
 
Elizabeth lendo um livro, sentada no sofá no pequeno deck do jardim. Agda se aproxima.
 
ELIZABETH: - Tanto tempo fora de casa, mamãe. Fiquei surpresa.
AGDA: - Às vezes é preciso fazer alguns pequenos sacrifícios. Mas foi por uma boa causa.
ELIZABETH: - E posso saber que causa é essa?
AGDA: - A sua felicidade.
 
Elizabeth surpreende.
 
ELIZABETH: - Como assim?!
AGDA: - Na verdade, é uma resposta à altura de uma atitude de uma pessoa que eu não gostei. E também um pouco de vingança.
ELIZABETH: - Mamãe, você está me assustando!... O que foi que você fez?
AGDA: - Nada demais. Apenas devolvi a petulância da Rosa na mesma moeda.
ELIZABETH: - Ainda não me disse o que fez.
AGDA: - Você só precisa saber que sua mãe está aqui para ficar do seu lado, quando achar que deve. E desta vez, eu achei que deveria. Pronto.
ELIZABETH: - Bem, independente do que você tenha feito por mim, muito obrigada.
AGDA: - Não precisa me agradecer... Agora, eu só peço uma coisa. Coloque a cabeça no lugar. Você não é mais uma adolescente de vinte anos. Está na hora de amadurecer pra vida, Beth. Saia desse conto de fadas, do mundo cor-de-rosa. (enfática) Esqueça o Tarcísio e todas as lembranças de um casamento fantasiosamente feliz e vá viver a sua vida nova.
 
Elizabeth não diz nada, apenas fica pensativa com os dizeres da mãe.
 
AGDA: - Vai ser bem melhor pra você e para todos à sua volta. Pode ter certeza disso.
 
Agda sai.
 
ELIZABETH: - Vida nova...
 
Elizabeth fica pensativa.
MUSIC ON: Retratos e Canções – Paulinho Moska
 
CENA 19. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER
 
Imagens de São Paulo ao anoitecer. Mostra a cidade iluminada, os altos prédios, o movimento nas avenidas.
 
CENA 20. APTO ISABELA. INT. NOITE
 
MUSIC FADE OUT.
Lívia, Isabela, Jonas e Jorge escutam a gravação. Jorge está atento. A gravação termina.
 
ISABELA: - Você ouviu bem a parte que a Beatriz conta que estava com a Marilu no apartamento?
JORGE: - Ouvi sim.
LÍVIA: - Mas enquanto eu estava lá, a Marilu não apareceu em nenhum momento.
ISABELA: - Nem depois, já no hospital, ela mencionou ter estado com a Beatriz.
JONAS: - Com certeza, ela estava escondida no apartamento enquanto a Lívia esteve lá.
JORGE: - Realmente, isso pode ter mesmo acontecido. (caminha de um lado a outro) Essa mulher é esperta...
 
Jonas observa as anotações de Jorge e vê uma foto de Marilu sobre a mesa. Jonas fica analisando a foto, como se tentasse puxar alguma lembrança da memória.
 
CENA 21. FLASHBACK. CAPÍTULO 14. CENA 10.

LÍVIA (com Tarcísio nos braços):
 - Meu amor, vai ficar tudo bem.
 
Tarcísio já não responde. Nesse instante, Jonas vai chegando próximo ao local. Ele olha do outro lado da rua, vê Marilu atrás
do carro, observando atenta. Ela não o percebe. Jonas segue até encontrar Lívia e Tarcísio.
 
CENA 22. VOLTA À CENA ATUAL. APTO ISABELA. INT. NOITE.

Jonas relembra do dia da morte de Tarcísio.
 
JONAS: - É isso!
LÍVIA: - Isso o quê?
JONAS: - Agora eu reconheço essa mulher!
ISABELA: - Você não tinha visto ela ainda?
JONAS: - Eu vi essa mulher apenas uma vez. E foi justamente na noite da morte do Tarcísio.
JORGE (atento): - Fala, como foi?
JONAS: - Eu tinha resolvido ir até o restaurante onde o Tarcísio e a Lívia estavam jantando. Quando eu estava chegando perto, vi aquela pequena movimentação. E também vi, que tinha uma pessoa observando, meio que escondida. Ela estava um pouco nervosa, pelo menos foi isso que pareceu. Era a Marilu, tenho certeza.
LÍVIA: - E logo em seguida, o Paulo chegou.
JORGE: - Marilu e Paulo sempre juntos, ligados às mesmas pessoas... Tarcísio, Romão, Lorena. Ambos morreram.
ISABELA: - Meu Deus, é uma rede criminosa isso?!
JORGE: - Está tudo se fechando... Mas precisamos de uma prova mais concreta que prove que Marilu esteve mesmo junto com a Beatriz e não só isso, que foi responsável pela sua morte.
LÍVIA: - Mas só a gravação não basta?
JORGE: - Não. Eu recebi o laudo da perícia médica, sobre a morte da Beatriz.
ISABELA: - E o que diz, Jorge?
JORGE: - A vítima ingeriu substâncias abortivas, que acabaram causando a hemorragia.
ISABELA: - Impossível! A Beatriz não faria isso! Ela não ia jogar fora um filho com Rafael.
JONAS: - Neste caso, ela só pode ter sido envenenada. Ingeriu sem saber.
LÍVIA: - Que horrível, gente!
JORGE: - Se encontrássemos uma prova de que Marilu presenciou ou sabe algo dessas substâncias que a Beatriz ingeriu, já avançaremos bastante.
LÍVIA: - Mas quem pode nos ajudar nisso? Nós não temos como nos aproximar dela.
ISABELA: - Mas eu sei quem pode.
LÍVIA: - Quem?
ISABELA: - A Vitória.
LÍVIA: - A Vitória?! Mas como?
ISABELA: - Eu vou explicar pra ela toda essa situação. Tenho certeza que ela vai aceitar.
JONAS: - Pode ser arriscado.
ISABELA: - Eu sei, mas aproximar a Vitória da Marilu pode dar certo. Até porque, a Marilu está investindo pesado no Rafael. E se ela for esperta mesmo, vai tentar conquistar toda família. Se a Vitória já estiver sabendo do plano, pode utilizar essa aproximação a nosso favor.
JONAS: - Você está se saindo uma boa estrategista, Isabela.
ISABELA: - Apesar das reportagens sobre comportamento, tendências, eu gosto dos livros policiais.
LÍVIA: - Se essa é a única solução em vista, eu topo. Mas a Vitória não pode, em hipótese alguma, revelar que estamos armando tudo isso.
ISABELA: - Eu vou deixá-la bem informada. Tenho certeza que ela vai aceitar.
JORGE: - Ótimo. Faça isso o quanto antes, Isabela, para que a gente possa dar continuidade ao nosso trabalho. E lembrem-se, tudo em absoluto sigilo.
 
Todos concordam.

CENA 23. CASA ADRIANA. INT. NOITE.

Jantar na casa de Adriana. Cidália, Tenório e Marcos sentados à mesa. Adriana na cozinha, prepara o jantar.
 
TENÓRIO: - O cheiro está bom, minha filha!
ADRIANA (V.O.): - Aguarde pra sentir o sabor, papai! Fiz especialmente pra vocês!
CIDÁLIA (cochicha); - Ela está cozinhando bem, Marcos?
MARCOS: - Está sim. Tem mãos de fada.
CIDÁLIA: - Fico mais aliviada em saber que ela está seguindo bem os meus ensinamentos.
 
Os três riem. Adriana entra na sala, trazendo a travessa com o jantar (um assado).
 
ADRIANA (coloca a travessa na mesa): - Posso saber do que estão rindo?
MARCOS: - Nada não, meu amor... Coisas de genro e sogra.
ADRIANA: - Ih, segredinhos vocês dois é? (risos)
TENÓRIO: - Não sei quem mima mais um ao outro.
CIDÁLIA: - Todos os bons amigos têm segredos... Conosco não seria diferente.
TENÓRIO: - Filha, me serve logo porque não paro de salivar só de ficar olhando esse prato.
CIDÁLIA: - Tenório!
ADRIANA: - Sirvo sim, papai.
 
Adriana serve Tenório.
 
CIDÁLIA; - A Adriana me disse que você perdeu o pai cedo, Marcos.
MARCOS: - Perdi sim. No início da adolescência. Tinha uns 13, 14 anos.
TENÓRIO: - Seu pai era o quê, Marcos?
MARCOS: - Militar. General de Brigada.
CIDÁLIA: - Você deve ter sentido muita falta.
MARCOS: - Senti sim. Meu pai, mesmo com a carreira militar tomando boa parte do tempo, era uma pessoa muito presente. Me incentivava muito.
CIDÁLIA: - E sua mãe?
 
Adriana olha de relance para Marcos.
 
MARCOS: - Está bem.
CIDÁLIA: - Quando ela vem nos visitar? Estou louca para conhecer a mulher que teve a bênção de ter um filho tão querido como você.
MARCOS: - Obrigado, dona Cidália.
ADRIANA (desvia o assunto): - E então, como está o meu prato?
TENÓRIO: - Maravilhoso!
ADRIANA: - Então, mamãe? Já posso casar?
CIDÁLIA: - Passou no teste!
 
Eles riem. Adriana e Marcos trocam olhares, cúmplices.

CENA 24. APTO RAFAEL. INT. / BANHEIRO. INT. NOITE.

Rafael e Marilu jantam no apto dele. Sentados à mesa, conversam.
 
MARILU: - Como você soube que eu adorava comida japonesa?
RAFAEL: - Vou ser sincero. Chutei. (risos)
MARILU: - Belo chute.
RAFAEL: - Eu gosto da culinária japonesa... É tudo feito de forma tão artesanal, que enquanto os chefes preparam, você já está com água na boca.
MARILU: - A gente come com os olhos.
RAFAEL: - É verdade.
MARILU: - Mas esse jantar aqui, todo especial, é só pra mim? Será que eu mereço tanto?
RAFAEL: - Você merece sim... Aliás, quero te fazer um convite também.
MARILU: - Convite?
RAFAEL: - Um grande amigo meu, Marcos, vai casar. E eu serei o padrinho.
MARILU: - É mesmo? Que bacana, Rafael!
RAFAEL: - Eu queria que você fosse comigo ao casamento.
MARILU: - Eu e você, juntos? Para todo mundo ver?!
RAFAEL: - Isso mesmo. Aceita?
MARILU: - Rafael, será que não é arriscado?
RAFAEL: - Arriscado o quê, Marilu? Somos adultos, livres... E estamos juntos, não estamos? Então...
MARILU: - Você quer mesmo isso?
RAFAEL: - Eu quero sim. E quero muito que você queira também.
MARILU: - É claro que eu quero!
 
Marilu beija Rafael, que se mostra feliz.
 
MARILU: - Eu preciso ir ao banheiro... (ri)
 
Rafael degusta da comida. No banheiro, Marilu entra, tranca a porta. Ajoelha-se em frente ao sanitário e provoca o vômito. Após o feito, vai até a pia, lava a boca, o rosto. Encara-se diante o espelho.
 
MARILU: - Droga... Odeio fingir que gosto de comida japonesa. Eca, coisa crua me dá nos nervos! (lava a boca novamente) Mas a noite reservou boas surpresas... Convite para acompanhá-lo ao casamento. Praticamente oficializando o nosso namoro, que em breve será noivado e depois casamento e depois, minha viuvez. (ri, sarcástica, mas contida). Calma, Marilu. Você pode curtir um pouco sim a vida de casada. Nada de afobação.
 
Marilu se recompõe, sai do banheiro. Ela volta para a sala, onde Rafael a aguarda.
 
RAFAEL: - Saquê?
MARILU:- Não, obrigada... Na verdade, já estou satisfeita com o jantar. Agora, eu quero curtir um pouco você. (sussurra, maliciosa) E agradecer pelo convite.
 
Marilu aproxima-se de Rafael, o beija, calorosa. Rafael levanta-se da cadeira, pega Marilu no colo e a leva em seus braços para o quarto.

CENA 25. CASA FAUSTO. INT. NOITE.

Fausto e Carla chegam na casa dele. Mayra os recepciona, calorosa.
 
MAYRA: - Eu não via a hora de vocês chegarem!
FAUSTO: - E eu pensando que você iria nos encontrar no aeroporto!
MAYRA: - Eu ia mesmo, só que precisei organizar as coisas do nosso jantar, papai. A Mirtes não conseguia organizar o menu sozinha!
 
Mayra e Fausto se abraçam. Carla observa, terna. Mayra se afasta de Fausto, abraça Carla.
 
MAYRA; Bem-vinda a minha casa.
CARLA: - Muito obrigada pela recepção. Fico muito feliz mesmo.
MAYRA: - Imagina. Era o mínimo que eu poderia fazer. (cochicha) Você deixou meu pai mais alegre e mais liberal com o cartão de crédito (ri)
FAUSTO: - E seu namorado, já está aí?
MAYRA: - Já deve estar chegando.
FAUSTO: - Estou curioso para conhecer esse fantasma. (caminha para o bar)
MAYRA: - Ele é de carne e osso, doutor Fausto. Mais carne do que osso, diga-se de passagem. E confesso que eu adoro sim. Pele, músculos, ui.
FAUSTO: - Por favor!... (a Carla) Bebida?
CARLA: - Não, obrigada.
MAYRA: - E as compras, me digam!
CARLA: - Trouxemos vários presentes!
MAYRA: - Ai, eu quero ver todos!
 
Nesse instante, a campainha toca.
 
MAYRA: - É ele!... (sai empolgada)
CARLA: - Ela está tão animada.
FAUSTO: - Ela sempre foi assim, intensa... Uma água ou suco? Tem aqui.
CARLA: - Um suco pode ser.
 
Fausto serve o suco. Carla vai até o bar. Nesse instante, Breno e Mayra chegam na sala.
 
MAYRA: - Ai de você se não viesse nesse jantar!
BRENO: - Moramos em São Paulo, meu amor. Trânsito aqui é sempre um caos.
MAYRA: - Pai, Carla, este aqui é o meu namorado. Breno.
 
Fausto sorri, simpático. Carla vira-se para ver quem é. Ela e Breno ficam surpresos ao se reencontrarem.
 
MUSIC ON: Zero – Liniker
 
Carla quase deixa cair o copo no chão.
 
MAYRA: - Nossa, Carla, ficou emocionada é?
CARLA (sem jeito): - Não, não... Foi só um pequeno descuido.
FAUSTO (cumprimenta Breno): - Prazer em conhecê-lo, Breno.
BRENO: - O prazer é todo meu, doutor Fausto.
MAYRA: - O Breno é irmão da Isabela, papai, a repórter que te entrevistou pra Flash Paulista.
FAUSTO: - Que coincidência boa! Como vai sua irmã?
BRENO: - Muito bem. Agora um pouco mais parada, por causa da gravidez.
FAUSTO: - Que ótimo. Família crescendo então... Bem, eu vou lá dentro tirar esse casaco.
MAYRA: - Não demora, papai. O jantar já vai ser servido.
FAUSTO: - Não se preocupe, Mayra. com licença.
 
Fausto sai.
 
MAYRA: - Breno, essa aqui é a Carla. A namorada do meu pai.
 
Breno e Carla trocam olhares.
 
BRENO (estende a mão em cumprimento): - Muito prazer. Carla.
CARLA (cumprimenta Breno): - Prazer.
 
Os dois se tocam. Seus olhares se intensificam. Mayra puxa Breno para o sofá, quebrando o clima. Carla se afasta, vai até o bar.
 
MAYRA: - Mas como assim, trânsito um caos? Aqui em volta é tão calmo...
BRENO: - Mas até chegar aqui foi um problema.
 
Breno conversa com Mayra, mas sempre trocando olhares com Carla, que procura disfarçar seu desconforto.
MUSIC FADE OUT.

CENA 26. CASA ROSA. QUARTO ROSA. INT. NOITE.

Rosa deitada na cama, entristecida. Louise sentada na cama, conversa com a amiga.
 
ROSA: - Eu sei que, cedo ou tarde, a Lívia ia ficar sabendo sobre essa passagem do meu passado. Mas eu não queria que fosse dessa forma.
LOUISE: - Eu vi que ela chegou aqui totalmente estranha!...
ROSA: - Ela já chegou com as pedras na mão, Louise. Eu mal consegui me explicar. E o que é pior! E ela acha que eu me aproximei dela por causa de inveja! Ela disse que eu invejava a relação dela com o Tarcísio, Louise!
LOUISE: - Meu Deus! Alguém deve ter colocado isso na cabeça da Lívia. Você nunca seria capaz de alguma coisa desse tipo.
ROSA: - Eu sei... Eu errei em não falar disso, errei. Mas ser acusada de inveja? De cobiçar o amor de uma amiga? Isso é pisar na minha lealdade depois de tudo o que eu fiz!
LOUISE: - Ai Rosa, eu nem sei o que dizer diante disso tudo. Vocês duas tinham uma relação tão legal e agora... Brigar assim, desse jeito.
ROSA: - Ficou uma ferida muito grande na nossa amizade, Louise. E eu não sei por quanto tempo ela vai ficar aberta. E se algum dia, essa ferida vai fechar.
LOUISE: - Não fala uma coisa dessas! Tem que pensar positivo! Um dia vocês vão se acertar e tudo vai ficar bem, ou até melhor do que já era antes!
ROSA: - Eu queria muito acreditar, Louise... Mas eu não sei se consigo.
 
Rosa com expressão melancólica. Louise olha consternada para a amiga, tentando consolá-la.
 
CENA 27. CASA FAUSTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Jantar na casa de Fausto. Mayra, Breno, Carla e Fausto sentados à mesa. Carla e Breno, frente a frente, não param de se olhar, tentando disfarçar que já se conhecem.
 
MAYRA: - Ai papai, me fala sobre o clima de lá! Foram à alguma festa em Fortaleza?
FAUSTO: - Festa? Não... Poderíamos ter ido mesmo. Mas acabamos ficando apenas com a programação do congresso.
MAYRA (desanimada): Credo! E você conseguiu sobreviver à isso, Carla?
CARLA: - Consegui sim. O clima do hotel era bom, tinha tudo lá.
FAUSTO: - Isso é verdade. Até boate.
MAYRA (irônica): - Posso imaginar a empolgação da boate do hotel, cheia de médicos acima dos cinquenta anos e gringos quarentões.
BRENO: - É esse o panorama que você tem dos hotéis nacionais?
MAYRA: - Não, não é esse. É um pouco pior. Mas fala sério, Breno. Você tendo toda uma praia pra explorar, ficar trancafiado dentro de um hotel o tempo todo, durante dias? Assim não dá...
FAUSTO: - Nem todas as pessoas tem esse ânimo astronômico que você tem, Mayra... (risos)
BRENO: - Eu, quando estive na Europa, aproveitei para conhecer um pouco da noite das cidades onde eu estive.
FAUSTO: - Por onde esteve, Breno?
BRENO: - Londres, Amsterdã, Roma, Madri, Lisboa, Bruxelas, Viena, Davos...
CARLA: - Acho Roma lindíssima.
BRENO: - É uma cidade encantadora. Cidade Eterna.
MAYRA: - Eu sou mais Nova York e sua pluralidade neon, psicodélica, batidão, brilhos, luzes!
FAUSTO: - Não é só Nova York que tem isso.
CARLA: - Até São Paulo tem.
MAYRA: - Não vamos comparar a noite paulistana com a noite nova-iorquina, ok? Sampa sempre vai sair perdendo.
BRENO: - Lógico, comparar não dá. Mas acho que São Paulo tem uma noite muito boa. Impossível que a maior cidade da América Latina não tivesse na sua noite atrativos bons, de qualidade, para os turistas e também para os próprios habitantes.
MAYRA: - Turista vem pra cá, mas não pra cair na noite, meu amor. Vem pra comprar bugigangas na Vinte e Cinco e comer o sanduíche de mortadela do Mercado Municipal. (ri)
FAUSTO: - Mas que língua áspera tem essa menina! (risos)
 
Mayra faz careta.
 
FAUSTO: - Seu pai foi para Fortaleza e também trouxe algumas bugigangas.
CARLA: - Na verdade, não são bugigangas... São peças lindas de artesanato. E roupas de verão.
MAYRA (empolga-se): - Roupas de verão?!
CARLA: - Biquínis, saídas de banho, bolsas, acessórios, tudo.
MAYRA: - Ai, eu quero ver! Ou melhor, provar!
BRENO: - Mas agora no jantar?
MAYRA: - Viu que ótimo? Desfile de moda em pleno jantar! (levanta-se) Eu não demoro!
 
Mayra sai, empolgada.
 
FAUSTO: - Eu vou pra adega, pegar mais um vinho. Vamos ver como se sai esse desfile...
 
Fausto também levanta-se e sai. Breno e Carla a sós na sala.
 
BRENO: - Belo reencontro o nosso, não?
CARLA: - Eu nunca ia imaginar que/
BRENO: - Nem eu!... Se bem que eu poderia né, já que você... Enfim...
CARLA: - Não precisa falar.
BRENO: - Ele te conheceu num programa?
CARLA: - Não. Foi por acaso. E os meus programas não te dizem respeito. A gente não tem nada mais. A minha vida diz direito só a mim.
BRENO: - Claro. Se você quiser se vender toda, se vende, eu não tenho nada com isso... Eu falei porque eu me importo.
CARLA: - Ah, se importa? Agora se importa?! Depois de me dar um pé na bunda, nunca mais querer falar comigo, agora se importa? Que estranho!
BRENO: - Eu me importo porque mesmo fazendo tudo isso, eu não consegui tirar você da cabeça poxa!...
 
Carla se surpreende.
 
BRENO: - E eu tentava lutar com todas as armas contra esse sentimento. Imagina eu, um playboy que sempre teve todas as mulheres que quisesse aos seus pés, apaixonado por uma prostituta! Que não é só minha, é de quem paga mais!
CARLA: - Assim você me ofende, seu grosso!...
 
Ficam em silêncio.
 
CARLA: - Mas eu também não consegui tirar você da cabeça, nunca.
BRENO: - Quando eu entrei nesta casa e vi você de novo... Eu decidi parar de lutar contra o meu coração.
 
Carla se emociona.
 
BRENO: - Eu me rendo, Carla! Me rendo ao amor que eu sinto por você!
CARLA: - Breno...
 
Os dois se levantam e se beijam, apaixonados.
 
BRENO: - Vamos embora!
CARLA: - Ai meu Deus!
BRENO: - Vem, vamos embora daqui!
 
Breno puxa Carla pela mão. Os dois saem apressados. No mesmo instante, Fausto volta para a sala com o vinho.
 
FAUSTO: - Peguei este aqui, safra 92. Acho que é bom, porque/ (percebe que não há ninguém na sala)
MAYRA (entrando): - Carla, foi você quem escolheu esse biquíni aqui, não foi?
 
Fausto e Mayra se surpreendem por não ver Breno e Carla na sala.
 
MAYRA: - Aonde eles foram?
 
Fausto olha, vê a porta da casa aberta.
 
FAUSTO: - Acho que eu já sei, minha filha...
MAYRA: - Aonde?
 
Mayra olha a porta.
 
MAYRA: - Eu. Não. Acredito! (grita) Eles fugiram?!
FAUSTO: - Calma!
MAYRA: - É o segundo pé na bunda que eu levo em pouco mais de 1 mês e você me pede calma?!
 
Mayra sai da sala, irada. Fausto senta-se à mesa, degusta do seu vinho, como se nada tivesse acontecido.
 
FAUSTO: - Carla, Carla... Boa sorte com seu novo cliente.

CENA 28. RUA. EXT. NOITE.

Breno estaciona o carro na rua. Ele e Carla descem.
 
BRENO: - Não sei porque quer caminhar... A gente pode ir de carro e chegar mais rápido. E daqui a pouco vai começar a chover.
CARLA: - Eu quero sentir essa brisa da noite... Eu caminhar livre do seu lado, como eu sempre quis.
 
MUSIC ON: Zero - Liniker
Carla estende a mão. Breno sorri, segura a mão dela. Os dois seguem caminhando pela rua.
 
BRENO: - Que loucura a gente fez, hein! Sair assim da casa, sem dizer nada!
CARLA: - A essas alturas, eles já devem ter percebido que a gente já se conhecia. Ninguém foge junto de uma casa dessa forma. (ri)
BRENO: - Eu namorando a filha... Você, o pai. Será que eles vão ficar muito chateados com a gente?
CARLA: - Não quero ser pessimista, mas acho que sim... O Fausto foi muito bacana comigo.
BRENO: - A Mayra comigo também!
CARLA: - Espero que eles consigam encontrar alguém que os ame realmente, de verdade.

Silêncio. Os dois continuam caminhando de mãos dadas pela rua.
 
CARLA: - Depois de tudo o que aconteceu com a Lívia, e que agora tá acontecendo com a gente, eu confesso que acredito mais seriamente nessa história de destino.
BRENO: - É mesmo?
CARLA: - O que mais poderia ter nos unido novamente, colocando a gente cara a cara? E dessa forma, tão inesperada?
BRENO: - Sei lá... Essa coisa de destino é tão inexplicável.
CARLA: - Eu senti muito sua falta, sabia?
BRENO: - Eu também. Passei noites em claro pensando em você. Eu nunca deveria ter te deixado depois que/
CARLA: - Não fala, Breno. Não vale a pena lembrar... Eu só quero que você saiba de uma coisa. Eu vou largar essa vida. Eu não quero mais vender meu corpo por dinheiro. Não quero mais ser um mero objeto de desejo! Não!... (pausa) Eu perdi amigos, pessoas que me apoiavam... Eu perdi você, Breno. Eu quero conquistar tudo o que eu perdi. A começar pelo seu amor. E eu só vou conseguir isso, me livrando de vez da antiga Carla, garota de programa e abrindo espaço para uma nova Carla, aquela que quer um novo olhar sobre a vida.
BRENO: - Pode ter certeza que eu vou estar do seu lado para o que você precisar... Eu te amo, Carla. Te amo muito.
CARLA: - Eu te amo muito! Eu!
 
Os dois se beijam apaixonados no meio da rua. De repente, a chuva começa a cair. Eles se abraçam.
 
BRENO: - Eu disse que ia chover!
CARLA: - Você é feito de açúcar, por acaso?
BRENO: - Não, mas não quero me molhar! (pega Carla pela mão) Vem, vamos pro carro!
CARLA: - Ah Breno!
BRENO: - Vem logo!
 
Os dois voltam correndo pro carro, rindo, felizes. Eles entram no veículo. CAM foca o beijo apaixonado que eles trocam.
MUSIC FADE IN

CENA 29. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER

Imagens de São Paulo ao amanhecer. Imagens do cotidiano da cidade, a movimentação do centro, o trânsito. MUSIC FADE OUT.

CENA 30. REDAÇÃO GOLD MAN. INT. DIA.

Isabela conversa com Diogo, na sala dele.

DIOGO: - Tem certeza?
ISABELA: - Absoluta.
DIOGO: - Mas a gente fez tanta coisa boa juntos! Formamos uma parceria tão bacana.
ISABELA: - Você está falando eu com a revista, é isso? Porque se for eu e você, não teve parceria nenhuma, muito menos tantas coisas boas assim...
DIOGO: - Foi o Conrado, não foi? Foi ele que colocou essa ideia absurda na sua cabeça e/
ISABELA: - Ei, Diogo, calma! O Conrado nem sabe que eu estou aqui agora, me desligando da revista. A decisão foi minha mesmo.
DIOGO: - Não faz isso comigo, Isabela.
ISABELA; - Vai ser melhor assim, Diogo. E eu não estou saindo, pra deixar vocês na mão. Eu sou muito grata a tudo o que eu tive aqui, pela estrutura de trabalho, pela liberdade... Você é um bom chefe, ótimo de se trabalhar. Com certeza encontra alguém pro meu lugar. E espero que seja uma mulher pra trabalhar. Trabalhar, ouviu bem? E não paquerar. (risos)

Diogo ri.

ISABELA: - Eu mandei para o seu e-mail minha última reportagem pra revista. Espero que seja publicada.
DIOGO: - Será sim.
ISABELA (estende a mão, em cumprimento): - Foi um prazer.
DIOGO (retribui): - Não aceita nem um convite para um café?
ISABELA: - Não posso, tenho um compromisso urgente pra resolver agora. Mas, obrigada pelo convite.
DIOGO: - Se cuida. E saúde pro bebê.
 
Isabela sorri, graciosa e sai da sala. Diogo fica a observá-la, contemplativo. Ele vai até o seu PC, abre o e-mail para ver a reportagem. Ele ri. CAM foca na tela do PC:
 
ONDE SE GANHA O PÃO, TAMBÉM SE COME A CARNE? O que pode o que não pode fazer com o seu amor no ambiente profissional


CENA 31. PENSÃO BEM QUERER. INT. DIA.

Alaíde e Oscar chegam de Fortaleza. São recepcionados pelo pessoal da pensão.
 
ALAÍDE (abraçando Jonas): - Ai meu filho! Que saudade que eu estava de você!
JONAS: - Também senti saudades, mãe!
KLÉBER: - São apenas essas malas?
OSCAR (entrando, trazendo mais bagagens): - Que nada! Táxi tá cheio lá fora. Alaíde só não trouxe o shopping porque não conseguiu... Me dá um abraço aqui filho!
 
Jonas abraça o pai também.
 
ALAÍDE: - Exagerado!
KLÉBER: - Eu ajudo o senhor, seu Oscar.
 
Kléber e Oscar saem.
 
JONAS: - Mãe, essa aqui é a Sarah, nova morada da pensão.
SARAH: - Prazer.
ALAÍDE: - Seja bem-vinda, Sarah. Acredito que o Jonas já tenha te explicado como funcionam as coisas por aqui.
SARAH: - Já sim. Muito obrigada pela acolhida.
ALAÍDE: - Imagina, não precisa agradecer não... E Tatiana, onde está?
JONAS: - Na casa do Plínio, mas daqui a pouco chega por aí.

De repente, Alaíde vê Carla e muda expressão. Ela vai até o encontro dela.
 
ALAÍDE: - O que você está fazendo aqui? Eu não disse pra você pegar suas coisas e ir embora?
CARLA: - Disse, mas eu não vou.
ALAÍDE: - Que desaforada!
JONAS: - O que está acontecendo aqui?
ALAÍDE: - Nada, Jonas.
JONAS: - Como nada mãe? Pra que a conversa nesse tom? Tem alguma coisa entre vocês duas...
ALAÍDE: - Já falei que não tem nada/
CARLA: - Tem sim. Sabe porque a sua mãe está me tratando assim, Jonas? Ela quer que eu vá embora porque descobriu que eu era garota de programa.
 
Kléber e Oscar que chegam com as malas ficam sem jeito. Sarah se surpreende.
 
SARAH (p/ si): - Uma pensão anti prostitutas! Preciso me cuidar...
 
CARLA: - Mas sabe porque, dona Alaíde, eu não vou embora? Porque eu larguei essa vida. Eu não vou mais vender o meu corpo por dinheiro!... Aqui eu fui e sou feliz, dona Alaíde. Eu fiz amigos... Vocês são minha família. E foi você quem me abriu os olhos para isso. Eu não quero perder isso que eu ganhei com tanto carinho.
ALAÍDE (emocionada): - ai Carla... Eu também não quero que você saia, minha filha.
CARLA: - Eu mudei, dona Alaíde. E foi por vocês, muito mais do que por mim.
 
Alaíde abraça Carla.
 
ALAÍDE: - Me desculpa, Carla... Pela minha ignorância, preconceito, por tudo.
CARLA: - Não precisa se desculpar não. Vamos olhar pra frente agora.
 
Jonas também se abraça às duas. Oscar, Kléber e Sarah também fazem o mesmo. Neste instante, Tatiana chega na pensão.
 
JONAS: - Vem Tati, vem pro abraço coletivo!
 
Tatiana se junta ao grupo.
 
TATIANA: - E qual é a comemoração?
ALAÍDE: - A amizade, a paz, a vida!
TATIANA: - Não tem motivo melhor então!
 
Eles se abraçam, felizes.


CENA 32. MANSÃO TARCÍSIO. JARDIM. EXT. DIA.

Charlote, Agda, Elizabeth e Inês conversam, sentadas à mesa no vasto e bonito jardim da mansão.
 
CHARLOTE: - E finalmente o Demétrio enfrentou de frente, cabeça erguida, esse vício maldito. Eu fiquei tão feliz por ele.
INÊS: - Charlote, acredito que todas nós estamos!
AGDA: - Realmente, é preciso muita coragem pra lutar contra um vício. Jogo, drogas, bebidas... É tanto mal por aí, tantas família destruídas por causa disso.
CHARLOTE: - Só de pensar que eu estive a poucos passos do fim...
ELIZABETH: - Mas não chegou no fim, Charlote. Você e seus filhos souberam dar o apoio que o Demétrio precisava pra vencer. Isso com certeza foi fundamental.
INÊS: - O apoio da família nessas horas conta muito mesmo.
AGDA: - Em pensar que tem gente que não valoriza isso. Como esse golpista do Eduardo.
ELIZABETH: - Mamãe, por favor. Ele é irmão da Inês.
INÊS: - Mas sua mãe está certa, Beth, não há o que esconder. O Eduardo é um golpista e vai pagar pelo o que fez com você, comigo, com a Clair e com tantas outras pessoas.
AGDA: - Graças a Deus nós agora estamos livres desse traste.
CHARLOTE: - Quando será o julgamento?
INÊS: - Em poucos dias.
ELIZABETH: - Vai ser uma página virada em nossas vidas.
CHARLOTE: - Vamos precisar fazer outro encontro pra comemorar essa virada. (risos)
INES: - Eu adoro esses nossos encontros!
AGDA: - Ótima ideia, Charlote.
INÊS: - Pode ser lá em casa, inclusive.
ELIZABETH: - E quando?
AGDA: - Ah, num novo tempo, nos novos dias que vão nos trazer bons fluidos.
CHARLOTE: - Novos dias, novos ares... Nada como o tempo pra resolver todas as questões.
 
As quatro continuam conversando. CAM abre plano, mostrando o amplo jardim. Abre um pouco mais, mostrando o entardecer por entre os prédios, o céu da cidade de São Paulo.

CENA 33. PASSAGEM DO TEMPO. IMAGENS GERAIS.

Sequência de imagens que mostram passagem do tempo. Serão ao todo 6 seções de imagens seguidas. Elas não terão falas, apenas ações.
 
SEQUÊNCIA 01: Vista aérea da cidade de São Paulo. Mostra os prédios, o movimentado cotidiano paulistano. Mostra a Rua Oscar Freire. / Corta para Adriana fazendo a prova do vestido de noiva, acompanhada de Cidália. Adriana visivelmente feliz, realizada.
 
SEQUÊNCIA 02: Imagens da Ponte Octavio Frias Oliveira, a marginal Tietê, o Jockey Club, o Museu do Ipiranga. / Corta para Marilu e Alexandre aos beijos no apto dela. De repente, se afastam, Alexandre se esconde. Marilu se recompõe, abre a porta. É Rafael, que chega com flores. Marilu o beija, se mostra feliz com as flores. Abraça Rafael, com expressão falsa.
 
SEQUÊNCIA 03: Imagens da Avenida Paulista, o MASP, Memorial da América Latina, a Sala São Paulo. / Corta para a sala da casa de Lívia, onde ela e Jonas brincam com Pedro. Clima feliz, alegre. Todos rindo, curtindo o momento.
 
SEQUÊNCIA 04: Imagens do Parque do Ibirapuera, o Mercado Municipal, a Estação da Luz. / Corta para Isabela e Vitória, numa cafeteria, conversando. Isabela expressão séria e Vitória mostrando-se surpresa com o que ouve. Vitória coloca a mão sobre a de Isabela e se mostra confiante e concordando com que Isabela diz.
 
SEQUÊNCIA 05: Imagens da Vinte e Cinco de Março, do cruzamento das ruas Ipiranga com a São João, o Estádio do Morumbi. / Corta para um tribunal. Sentado no banco dos réus, está Eduardo. Expressão fechada, olhos fixos. Acompanhando o julgamento, estão Inês, Alfredo, Elizabeth, Rafael, Agda, Vitória, Clair e seus advogados.
 
O Juiz dá a sentença para Eduardo, que é comemorada por Clair. Elizabeth e Agda também comemoram. Inês comemora, embora sinta pena da condenação do irmão.
 
Eduardo, algemado, é levado pelos policiais. Antes de sair, ele encara todos na sala, impassível.
 
SEQUÊNCIA 06: Mostra os prédios da cidade de São Paulo, as pessoas caminhando no centro, passeando, trabalhando. O trânsito dos carros. Legenda na tela: DIAS DEPOIS...

CENA 34. IGREJA NOSSA SENHORA DA ACHIROPITA. EXT/INT. DIA.

Entardecer da cidade de São Paulo. A noite ainda não chegou, mas o céu ganha tons alaranjados, mesclado com o azul escuro que vai surgindo devagar. CAM, que mostra essa cromática no céu, vai baixando até filmar (ainda em plano aberto) a Igreja de Nossa Senhora da Achiropita, do lado de fora. Há uma grande movimentação Alguns convidados chegando ainda. Há fotógrafos registrando o momento.
 
Corta para o lado de dentro. A igreja está lotada e ricamente decorada, onde predominam o branco com rosas de cor champanhe. No altar, Roberto e Gisa, Cidália, Rafael e Marcos, nervoso.
 
RAFAEL: - Calma meu amigo, senão vai virar um poço de suor.
MARCOS: - Eu to muito nervoso!
CIDÁLIA: - Não se preocupa, Marcos, a minha filha vai vir. (risos)
GISA: - E ela nem é louca de faltar! Caprichei no figurino hoje especial pra ocasião e a aí a noiva não vem?
MARCOS; - Vocês estão me ajudando muito com essa história dela não vir!
ROBERTO: - Relaxa, Marcos. Casamento é assim mesmo. A noiva sempre atrasa.
 
Enquanto isso, sentada num banco, Marilu observa tudo. Ela está muito bem vestida, produzida. Vitória chega na igreja acompanhada de Fabrício. Ela vê Marilu no banco.
 
VITÓRIA (para si): - Falsa, bandida.
FABRÍCIO: - O que você disse?
VITÓRIA: - Nada não, meu amor. Eu vou indo lá para o altar. Você pode ficar por aqui, se quiser.
FABRÍCIO: - Vou me juntar com o pessoal da clínica.
 
Vitória segue para o altar, cumprimenta a todos. Enquanto isso, Jonas e Lívia chegam na igreja. Do altar, Rafael observa Lívia, que troca olhares com ele. Marilu percebe que Rafael não desvia o olhar e se vira para ver. Ela enxerga Lívia.
 
MARILU: - Era só o que me faltava essa vadia loira aqui também.
 
Jonas e Lívia se juntam à Tatiana e Plínio, que já estavam na igreja.
 
TATIANA: - Lívia, você tá linda!
LÍVIA: - Obrigada, Tati. Você também, tá um arraso!
PLÍNIO: - O vestido poderia ser um pouco mais cumprido, né?
TATIANA: - Você queria que eu viesse de burca, Plínio? É ruim hein!
 
Eles riem.
 
No altar, Marcos aproxima de Roberto.
 
MARCOS: - E a mamãe, tio? Será que ela não vem mesmo?
ROBERTO: - Vamos dar um tempo para sua mãe. Você sabe como isso mexeu com ela.
MARCOS: - Queria que ela estivesse aqui.
ROBERTO: - Eu também, Marcos. Quem sabe ela não aparece mesmo? Vamos aguardar.
 
Do lado de fora, o carro de luxo estaciona em frente à Igreja. Tenório desce do carro, abre a porta. Adriana desce. Está deslumbrante em seu vestido de noiva e visivelmente emocionada.
 
ADRIANA: - Obrigada pai.
TENÓRIO: - Está preparada? Dá tempo de desistir, se quiser. (risos)
ADRIANA: - Nunca! (risos) Tudo o que eu mais quero agora é entrar nessa igreja e ser feliz.
 
Tenório pega Adriana pela mão e seguem para a entrada da Igreja. A marcha nupcial começa. Os convidados se levantam, ficam de pé. Pétalas de rosa começam a cair do teto, fazendo um lindo caminho sob o tapete que leva ao altar. Adriana e Tenório surgem na porta da igreja. Todos os olhares para eles. Marcos se encanta com a beleza de Adriana.
 
Seguindo a marcha nupcial, Adriana entra na igreja acompanha de Tenório. Seus olhos brilham encarando Marcos. Ambos estão felizes.
 
CENA 35. CASA ADRIANA. EXT. / INT. DIA.

Onira , utilizando roupa de festa, desce do táxi em frente a casa de Adriana. Ela carrega uma bolsa, agarra junto de si. Observa a casa atenta.
 
ONIRA: - É aqui a maloca onde meu filho está morando...
 
Corta para o interior da casa. Onira entra vagarosamente. A casa está cheia de presentes, recebidos pelos noivos. Onira observa tudo. Olha com desdém. De repente, Jussara entra na sala.
 
JUSSARA: - Oi!
ONIRA (surpresa): - Oi!
JUSSARA: - Você veio trazer o presente? (olha para a bolsa)
ONIRA: - Não, esse aqui não é o presente. Eu sou a mãe do noivo.
JUSSARA: - Prazer, eu me chamo Jussara... Mas a senhora, como mãe do noivo, não deveria estar na igreja agora? O casamento já deve ter começado!
ONIRA: - Eu fiquei um pouco indisposta. Aí vim pra cá descansar um pouco. Eles vão vir me buscar para ir pra festa. A igreja está lotada, está abafada. Eu não iria ficar bem mesmo.
JUSSARA: - Que judiação!...
ONIRA: - É, uma pena... A mãe do noivo não poder estar presente. Eu gosto tanto do meu filho, da Adriana...
JUSSARA: - Ela é uma pessoa muito querida. Sempre me ajuda quando eu preciso. Fiquei feliz quando ela pediu que eu ficasse aqui tomando conta das coisas.
 
Onira fita Jussara, já tramando.
 
ONIRA: - Jussara, minha querida. Tem uma farmácia aqui perto?
JUSSARA: - Perto, perto não... Por quê? A senhora ta precisando de alguma coisa?
ONIRA: - Estou... (anota num papel e entrega) eu quero esse remédio aqui. Ele vai me ajudar a ficar melhor. (dá dinheiro) Se você não achar na farmácia próxima, procure outra. Eu só posso tomar esse remédio aí. Por favor, me ajude! (fingida)
JUSSARA (preocupada): - Pode deixar, dona Onira. Vou ir o mais rápido que eu posso.
 
Jussara sai apressada, Onira para de fingir. Caminha pela sala, vai até o quarto, fica vasculhando a casa.

CENA 36. IGREJA NOSSA SENHORA DA ACHIROPITA. INT. / EXT. NOITE.

O casamento prossegue. Marcos e Adriana lado a lado no altar. De um lado, Rafael e Vitória. Do outro, Roberto e Gisa.
 
No banco, Marilu fita Lívia, que se mostra indiferente.
 
LÍVIA (cochicha com Jonas): - E a desgraçada não para de me olhar.
JONAS: - Não fique dando bola. Se concentra na cerimônia.
 
Lívia hesita, mas se vira, encara Marilu, que sorri, cínica. Lívia volta-se.
 
LÍVIA: - Ela não perde por esperar.
 
A cerimônia segue com todas as pompas. Os noivos trocam alianças, fazem as juras diante o padre, sempre trocando olhares carinhoso.
 
PADRE: - E sendo assim, com as bênçãos de Deus, eu os declaro marido e mulher. (a Marcos) Pode beijar a noiva.
 
Marcos beija Adriana, carinho, sob os aplausos dos convidados.
 
Corta para saída da igreja, já noite. Os noivos saem debaixo da chuva de arroz, festivos. Entram no carro e seguem para o local da festa. Os convidados também se organizam para sair. Marilu junta-se a Rafael, Fabrício e Vitória.
 
RAFAEL: - Vamos no meu carro?
VITÓRIA: - Eu vou com o Fabrício.
MARILU: - Então a gente se vê na festa. (sorri, fingida)
 
Vitória esboça um sorriso forçado e sai com Fabrício. Próximos deles, Jonas, Lívia, Plínio e Tatiana conversam.
 
TATIANA: - Foi uma cerimônia tão linda!
LÍVIA: - E a Adriana estava lindíssima também.
TATIANA: - Quero ter um vestido de noiva tão bonito quanto o dela.
JONAS: - Isso já é uma indireta bem direta, Plínio.
PLÍNIO: - É, eu sei... (ri, sem jeito)
LÍVIA: - Vamos lá pessoal. Querem carona?
TATIANA: - Queremos sim.
 
Num outro ponto, Almir, Gisa, Cidália e Tenório conversam.
 
CIDÁLIA: - Que cerimônia linda! Fiquei emocionada.
GISA: - A Adri merece mesmo, dona Cidália. Fi tudo impecável.
CIDÁLIA: - Você também, minha querida. Está uma madrinha muito elegante.
GISA: - Muito obrigada! Mas eu quero mesmo é ser uma madrinha sortuda! Dou a vida por esse buquê!
ALMIR: - Você acredita mesmo nisso? De que quem pega o buquê é a próxima a casar?
GISA: - Mas é claro! Todas as mulheres do mundo acreditam!
TENÓRIO: - É uma tradição antiga. Mas eu não conheço ninguém que pegou o buquê e logo se casou.
ALMIR: - Eu acho estranho...
GISA: - Vocês dois, hein! Nada de acabar com as minhas expectativas!
CIDÁLIA: - É isso aí, Gisa! Agora vamos pra festa! Não quero perder nada!
 
Aos poucos, os convidados vão deixando a igreja.

CENA 37. PENSÃO BEM QUERER. INT. NOITE.

Alaíde e Oscar assistindo TV na sala, quando Sarah desce do quarto com suas malas.
 
ALAÍDE: - Vai viajar, Sarah?
SARAH: - Não, dona Alaíde. Eu estou indo embora.
OSCAR: - Embora?!
ALAÍDE: - Mas por que?! Não gostou daqui?
SARAH: - Gostei sim, dona Alaíde. Eu nunca fui tão bem tratada como eu fui aqui. Mas um grande amigo meu me convidou para morar com ele novamente. E eu resolvi aceitar.
ALAÍDE: - Bom, se você está feliz com sua escolha, só nos resta ficarmos felizes também.
OSCAR: - Foi bom conhecer você, Sarah.
SARAH: - Eu digo o mesmo, seu Oscar.
 
A campainha toca. Sarah vai atender. É Henri.
 
HENRI: - E então, tudo pronto?
SARAH: - Está sim. Acabei de descer as malas. Vem.
 
Henri entra.
 
SARAH: - Dona Alaíde, seu Oscar, esse aqui é  Henri, meu grande amigo.
HENRI: - Prazer.
ALAÍDE: - O prazer é todo meu... (encantada)
OSCAR (firme): - Como vai? (cumprimenta Henri, sério)
HENRI: - Tudo bem... (a Sarah) Vamos indo então?
SARAH: - Vamos sim!
 
Henri pega as malas, enquanto Sarah se despede de Alaíde e Oscar. Henri e Sarah vão embora.
 
ALAÍDE: - Uma boa moça... Pagou em dia. E com um amigo né? Coisa linda.
OSCAR: - É coisa linda mes/ Como assim, coisa linda?! A sua coisa linda sou eu, Alaíde!
ALAÍDE: - Tô brincando, meu tigrão!
            
Os dois riem.

CENA 38. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.

Recepção dos noivos. Festa já em andamento. Marcos e Adriana, de mesa em mesa, cumprimentam os convidados. Clima festivo.
 
Numa das mesas, Roberto, Tenório e Cidália conversam.
 
CIDÁLIA: - E a mãe do Marcos? Por que não veio?
ROBERTO: - A Onira, infelizmente, não tem tido bons momentos... Ela e o filho se desentenderam.
CIDÁLIA: - Pena!... Mas nem mesmo o casamento do filho, a felicidade dele, foi capaz de superar a desavença?
ROBERTO: - Onira é muito orgulhosa, tem um temperamento difícil. Fico feliz que o Marcos não tenha puxado a mãe em nada.
TENÓRIO: - É uma pena mesmo ela não estar presente. A festa tá linda. E o Marco está tão feliz.
 
Em outro ponto, Vitória, Fabrício, Marilu e Rafael na mesa.
 
RAFAEL: - Eu não sabia que este restaurante dava um ótimo salão de festas.
FABRÍCIO: - E bem decorado, distribuído, fica um amplo espaço.
MARILU: - Poderemos fazer algum evento da Amaro aqui também. O lugar é um dos melhores de São Paulo.
RAFAEL: - A ideia é boa.
MARILU: - O que você acha, Vitória?
VITÓRIA: - O que a diretoria decidir, está bom... Com licença, eu vou lá falar com a Lívia.
 
Vitória se levanta, caminha por entre as mesas em direção à mesa onde estão Lívia, Jonas, Plínio e Tatiana. Vitória cumprimenta a todos e senta-se ao lado de Lívia.
 
VITÓRIA: - Depois de tudo o que eu fiquei sabendo daquela lá, eu não suporto nem ficar sentada na mesa junto com ela.
LÍVIA: - Eu sei que é difícil, Vitória, mas por favor, não deixe ela desconfiar de você. Está sendo a nossa única esperança agora.
VITÓRIA: - Eu não vou desistir, Lívia. Só de pensar que meu irmão corre um risco tremendo ao lado dessa mulher, eu ganho forças.
TATIANA: - O que vocês duas tanto cochicham aí?
LÍVIA: - Da beleza do vestido da Adriana.
TATIANA: - Ah sim, eu falei na saída da igreja, né? Coisa mais linda!
PLÍNIO: - Chefinho botou coleira... Agora eu quero ver!
JONAS: - Casamento não é prisão, Plínio.
PLÍNIO; - É, um regime semi aberto. Você pode passar o dia fora de casa, mas à noite, dorme na cadeia. E ai de você se aprontar alguma... (risos)
 
Neste instante, Marcos passa pela mesa, trazendo um pé do seu sapato.
 
JONAS: - Que chulé, chefinho!
MARCOS: - Deixa de bobagem! Vamos lá, contribuição pro noivo! Só falta a mesa de vocês!
 
Jonas e Plínio colocam dinheiro no calçado. Adriana se aproxima.
 
ADRIANA: - Meninas, venham! Vou jogar o buquê!
 
Vitória, Lívia e Tatiana saem animadas. Marcos bebe cerveja junto com Plínio.
 
No centro do salão, as mulheres se aglomeram para pegar o buquê. Gisa está bem na frente, empurrando as moças com o braço para ninguém se aproximar.
 
RAFAEL: - Você não vai, Marilu?
MARILU: - Eu nunca tive sorte.
RAFAEL: - Tenta. Vai que hoje seja sua noite de sorte?
 
Marilu sorri. Ela se levanta e se junta às mulheres no centro do salão.
 
VITÓRIA: - Ninguém merece! Ela quer buquê também.
LÍVIA: - Quero ver ela consegui.
 
Adriana faz charme para jogar  buquê. As mulheres se alvoroçam.
 
ADRIANA: - Eu vou jogar!
GISA: - Joga logo, Adri! Quer matar a madrinha do coração?!
ADRIANA (de costas): - É um!... É dois... E é três!
 
Adriana joga o buquê, que para diretamente nas mãos de Marilu, que ri, surpresa. Gisa se decepciona. Vitória e Lívia encaram Marilu, que ergue o buquê sutilmente para elas e sai.
 
MARILU (aproxima-se de Rafael): - Meu primeiro buquê de noiva!
RAFAEL: - Não disse que hoje era o seu dia de sorte? (risos)
 
No salão, começa a soar o batuque dos surdos e tamborins da bateria da Vai-Vai, animando o ambiente. Mulatas, passistas e destaques da escola de samba participam da apresentação, fazendo a alegria de Adriana, que ergue o vestido e samba animada, e de todos os convidados.

CENA 39. CASA ADRIANA. INT./EXT. NOITE.

Onira retira da bolsa uma garrafa de álcool e começa a espalhar o líquido pela casa, no quarto, cozinha e na sala, sobre os presentes recebidos pelos noivos.
 
ONIRA: - Que a felicidade de vocês seja repleta de luz, calor... Como o fogo do inferno, que é pra onde você vai, Adriana... Você tirou meu filho de mim. Agora você vai ter o que merece... Preta suja.
 
Onira vai espalhando o álcool até a porta da casa. Em seguida, risca um fósforo e ateia fogo na casa. Rapidamente, o fogo se alastra pelo local.
 
Calmamente, Onira vai saindo, como se nada tivesse acontecido. Segue calmamente, caminhando pela rua, com um sorriso de satisfação estampado no rosto.

CENA 40. APTO JORGE. INT. NOITE.

A campainha do apto de Jorge toca. Ele atende. É Elizabeth.
 
JORGE: - Beth.
ELIZABETH: - Como vai, Jorge?
JORGE: - Tudo bem... E você?
ELIZABETH: - Será que eu posso entrar? pra gente conversar melhor...
JORGE: - Olha, Beth, eu não vejo uma boa ideia, porque/
ELIZABETH: - Por favor, Jorge. É importante.
 
Jorge hesita, mas deixa Elizabeth entrar.
 
ELIZABETH: - Atrapalho você?
JORGE: - Não, não. Eu acabei de sair do banho, ia ver alguma coisa pra comer...
ELIZABETH: - Se você quiser, eu volto outra e/
JORGE: - Não, fica. Você disse que era importante. Sobre  que você quer falar?
ELIZABETH: - Sobre nós dois, Jorge.
 
Jorge se surpreende.
 
JORGE: - Nós dois?
ELIZABETH: - Por favor, Jorge. Eu preciso colocar pra fora isso... Porque eu não sei mais o que fazer!
 
Jorge se mostra surpreso com a atitude de Elizabeth.
 
CENA 41. CASA CHARLOTE. INT. NOITE.

Jantar na casa de Charlote. Conrado e Isabela, com a barriga mais saliente, sentados no sofá. Conrado alisa a barriga dela.
 
CONRADO: - Chutou!
ISABELA: - Que chutou o quê, Conrado? Falta muito ainda pra ter um bebê de fato aqui dentro. E outra, não vai chutar. Vai dar passos delicados.
CONRADO: - O quê? Você acha que vai ser menina?! Tá ouvindo isso, Demétrio?
 
Demétrio chega na sala, trazendo dois copos de uísque. Entrega um para Conrado e senta-se no outro sofá.
 
DEMÉTRIO: - Eu ouvi e concordo. Acho que será menina também. Já pensei em menino, mas sei lá...
CONRADO: - Ah não! Precisamos de mais um palmeirense na família!
DEMÉTRIO: - Palmeirense? Não, Santista!
CHARLOTE (entrando na sala): - A criança nem nasceu e já estão decidindo qual o time que ela vai torcer?
ISABELA: - Homens né, mamãe! (ri)
 
Neste instante, Breno chega, acompanhado por Carla.
 
BRENO: - Boa noite família!
CHARLOTE: - Boa noite, meu filho!
 
Charlote encara Carla.
 
CHARLOTE: - E a Mayra, não vem?
BRENO: - Não, mamãe.
CHARLOTE: - Essa moça, quem é?
BRENO: - Essa moça é a Carla, mãe. É ela a surpresa que eu disse que iria trazer para o jantar em família de hoje. E então, gostou?
 
Charlote fica meio sem saber o que fazer, encarando Breno e Carla.


CENA 42. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.

A festa do casamento está animada. A escola de samba Vai-Vai termina o show, aplaudida pelos convidados. Adriana pega o microfone.
 
ADRIANA: - Gente, antes da Vai-Vai sair, eu queria deixar meu grande abraço à toda comunidade do Bixiga e dizer que é uma honra contar com vocês, minha escola do coração, aqui na festa do meu casamento. Não há palavras pra descrever. Valeu pessoal! E vamos rumo à vitória no próximo carnaval!