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Talismã - Capítulo 04

Novela de Édy Dutra
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CAPÍTULO 04
 
     
     
     
     
 
 
     
 

CENA 01. RODOVIÁRIA SÃO PAULO. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Carla recebe Lívia e Pedro. As duas amigas se abraçam fortemente.

LÍVIA: - Ai, minha amiga! Que felicidade de encontrar você!

CARLA: - Quanto tempo!

Carla abraça Pedro.

CARLA: - Como ele tá lindo! Em pensar que eu nem cheguei a vê-lo quando tinha nascido. Mas me fala, por que essa vinda repentina pra cá?

LÍVIA; - A situação estava insuportável, Carla. Eu não tinha mais como ficar lá no Rio. O Alexandre era um monstro.

CARLA: - E você demorou a acreditar.

LÍVIA: - Ele me iludiu de todas as formas. Só Deus sabe o que eu sofri nas mãos daquele desgraçado. Eu vim fugida pra cá. Ele não sabe.

CARLA: - Você se arriscou!

LÍVIA: - Ou eu fazia isso, ou eu morria nas mãos dele. E que futuro eu daria para o Pedro se continuasse naquela vida? Não posso mais viver assim.

CARLA: - Eu te entendo.

LÍVIA: - Agora eu preciso da sua ajuda, amiga. Eu não tenho onde ficar, estou com pouco dinheiro/

CARLA: - Não se preocupa, Lívia. Eu vou te levar lá pra pensão onde eu to morando. O pessoal lá é bacana, tenho certeza que vão te acolher. Agora me conta, como você conseguiu fugir do crápula do Alexandre?

Lívia, Carla e Pedro seguem caminhando. Elas conversam fora do áudio.

CENA 02. DANCETERIA. INT. NOITE.

Ambiente sofisticado, moderno, grande movimentação de pessoas. Breno e Plínio no balcão, com drink’s.

PLÍNIO: - Cara, eu nunca vi tanta mulher linda num só lugar. Essa casa aqui é demais!

BRENO: - É, uma das melhores da cidade.

PLÍNIO: - Já vi uma ruivinha ali que até me deu bola.

BRENO: - Ui, garanhão! (risos)

PLÍNIO: - Sô mesmo! Sô mesmo... E você, não viu sua presa ainda?

BRENO: - Eu? Ainda não, to tranqüilo quanto a isso.

Breno avista uma linda moça, de costas. Ele se surpreende.

BRENO: - Carla!

PLÍNIO: - Quem?

BRENO: - Não acredito! Ela aqui?

PLÍNIO: - Ela quem cara?!

Breno vai em direção a moça.

PLÍNIO: - Cara tá ficando maluco...

Breno se aproxima da moça.

BRENO: - Você veio aqui e nem disse nada!

A moça se vira, surpresa. Breno percebe que não é Carla, fica totalmente envergonhado.

MOÇA: - Como eu iria te avisar se eu nem sei quem você é!

BRENO: - Desculpa! Eu pensei que/

O namorado da moça chega junto.

NAMORADO: - Algum problema aí, amor?

MOÇA: - Comigo não, talvez com ele.

BRENO: - Que isso, não tem problema nenhum, eu que me confundi, só isso. Foi mal, desculpa! (afasta-se)

Plínio assiste a tudo, rindo. Breno volta para o balcão.

PLÍNIO: - Ih cara, quase apanhou do marmanjo lá! Isso é que dá ficar dando em cima de mulher compromissada.

BRENO: - Eu não dei em cima de ninguém. Eu pensei que ela fosse outra pessoa, só isso.

PLÍNIO: - Tá bom... Sei...

Breno fica pensativo.

CENA 03. AGE AQUÁRIOUS. INT. NOITE.

Henri conversa com Marilu.

HENRI: - Pra que colocar medo na Sarah? Coitada, Marilu, ela não te fez nada!

MARILU: - Coitada de mim em ficar aturando ela lá dentro, atrapalhando os meus planos.

HENRI: - Como assim?

MARILU: - Henri, eu to prestes a mudar, a finalmente começar a ter uma vida nova, cheia de possibilidades, mas a Sarah pode emperrar tudo.

HENRI: - Me explica isso melhor. Mudar de vida?

MARILU: - Lembra do bonitão que tava comigo no camarim outro dia?

HENRI: - Sei.

MARILU: - Então, eu e ele estamos nos encontrando, tá rolando um lance entre a gente. E ele tá caidinho por mim.

HENRI: - E pelo o que eu te conheço, você quer agarrar logo esse príncipe encantado porque é ele quem vai mudar a sua vida, te dar luxo, realizar os seus desejos, caprichos...

MARILU: - Perfeito! Ótimo raciocínio o seu. Mas isso eu só vou conseguir fazer, quando eu tiver total controle da situação, principalmente lá no apartamento. Não dá pra deixar o cara a vontade, despertar a confiança dele em mim, comigo morando com uma vadia como a Sarah! Você entende?

HENRI: - Entendo. Mas não dá pra tirar ela assim, de uma hora pra outra, Marilu! Ela vai pra onde?

MARILU: - Pra debaixo da ponte, para uma esquina, sei lá! Ela que se vire! O que eu não vou é deixar o meu projeto de vida ir por água abaixo por causa dela.

HENRI: - Sei não hein.

MARILU: - Henri, querido, pensa bem. Eu sei que o apê é seu, que você nos emprestou, mas a Sarah não dá pra agüentar! Ela é uma praga, uma vadia sem nada pra acrescentar. E outra, você pode sair ganhando também nessa história viu.

HENRI: - Como assim?

MARILU: - Esse cara que eu to tendo um caso é podre de rico! Eu poderia muito bem sugerir para ele uma boa ajuda aqui para a boate, pra colocar você mais em evidência.

HENRI: - Sério?! Ai, Marilu, seria muito bom hein? Estamos precisando de um up!

MARILU: - Então! Eu tenho a faca e o queijo na mão! Só preciso expulsar o rato de casa.

Henri fica pensativo.

MARILU: - E você ainda vai ganhar uma boa fatia desse queijo.

HENRI: - Tá certo, mas eu não vou me envolver nessa expulsão. Você e ela que resolvam isso.

MARILU: - Pode deixar, eu vou pensar num jeito dela sair de lá, mas sem sofrimento, sem nada.

Os dois se olham. Marilu ri, debochada.

HENRI: - Vê lá o que vai aprontar, hein, Marilu!

MARILU: - Deixa comigo, eu sei o que to fazendo.

CENA 04. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

Alaíde e Oscar estão na sala, assistindo TV. Jonas e Tatiana vêm da cozinha, conversando.

TATIANA: - Mas aquele filme foi fraco, quase não teve ninguém na sala!

JONAS: - É uma pena, porque a história eu achei maravilhosa.

ALAÍDE: - Silêncio vocês dois! Não consigo prestar atenção no programa com vocês falando aí.

JONAS: - Foi mal, mãe.

TATIANA: - Que programa é esse, dona Alaíde?

ALAÍDE: - Tão entrevistando o vereador acusado de desviar verba da educação. Lembram, daquele sem vergonha que veio aqui cheio da onda, dizendo que ia fazer e acontecer?

OSCAR: - Pois ele fez, todo mundo de palhaço. Ainda bem que eu não votei nesse cara.

ALAÍDE: - Nem eu!

Nesse instante, a campainha toca.

TATIANA: - Há essa hora?

OSCAR: - Deixa que eu atendo.

Oscar vai até a porta, abre. Carla entra com Lívia e Pedro na pensão.

CARLA: - Boa noite, seu Oscar, dona Alaíde, pessoal.

ALAÍDE: - Boa noite, Carla. Quem é essa moça aí?

CARLA: - Gente, essa aqui é a Lívia, uma grande amiga minha, quase uma irmã. Ela veio de mudança aqui pra São Paulo.

LÍVIA: - Boa noite a todos.

Jonas se impressiona com a beleza de Lívia, que cumprimenta a todos com um sorriso um tanto envergonhado.

ALAÍDE: - E você trouxe sua amiga pra ficar aqui é?

CARLA: - Então, dona Alaíde, acontece que/

Aos gritos, Wanda vai descendo as escadas, chegando na sala.

WANDA: - Eu sabia! Eu sabia!

Todos se surpreendem. Wanda para no meio da sala, fica de frente para Lívia, impressionada.

OSCAR: - O que deu nela, dessa vez?

ALAÍDE: - Eu sei lá!... (a Wanda) O que foi, dona Wanda?! A senhora sabia do quê?

WANDA: - Ela chegou. A guardiã do amuleto chegou!

Lívia fica um pouco assustada. Todos se olham sem saber o que fazer.

WANDA: - Eu disse que você chegaria. E você veio ao ponto crucial do seu destino.

Wanda encara Lívia. Os moradores ficam sem entender.

CENA 05. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Elizabeth e Agda estão no sofá quando Vitória desce as escadas com uma mochila.

VITÓRIA: - Tô saindo mamãe.

ELIZABETH: - Está bom, meu anjo. Vá com Deus.

AGDA: - Posso saber onde vai a mocinha?

VITÓRIA: - Vou dormir na casa do meu namorado, vovó. Vou ajudar ele também a organizar o apartamento. Coitado, tá perdido lá.

ELIZABETH: - Faça isso sim, meu amor. E dê um beijo no Fabrício por mim.

VITÓRIA: - Pode deixar. Boa noite para vocês!

Vitória sai. Nice entra na sala.

NICE: - Com licença, dona Beth, dona Agda. Vão precisar de mais alguma coisa?

AGDA: - Não mais, Nice. Pode descansar.

NICE: - Obrigada. Boa noite.

Nice sai.

ELIZABETH: - Ai, é tão bom ver a Vitória assim, feliz. Por um instante, me deu uma saudade do tempo de juventude, quando eu namorava... Sentia aquele frio na barriga sempre que ia me encontrar com ele.

AGDA: - Pena que hoje já não é mais assim.

ELIZABETH: - Muito obrigada, mamãe, por acabar com o meu momento nostalgia.

AGDA: - Por favor, Elizabeth! Como dizem por aí, quem vive de passado é museu. Está na hora de você aprender a encarar os problemas da vida e seguir em frente.

ELIZABETH: - Mas eu estou fazendo isso!

AGDA: - Não, não está. Canso de ver você choramingando pelos cantos, só vive lembrando do tempo em que tinha um casamento feliz. Esqueça tudo isso, já passou!

ELIZABETH: - Não vou esquecer nada, mamãe! São momentos importantes da minha vida.

AGDA: - Acho que só tem um jeito de dar fim nisso tudo.

Elizabeth aguarda, atenta.

AGDA: - Você precisa se separar definitivamente do Tarcísio.

ELIZABETH: - O quê?! Isso nunca!

AGDA: - É só oficializar isso, Beth! Ele nem mora mais aqui!

ELIZABETH: - Mas ele vai voltar, mamãe. Eu sei disso.

AGDA: - A cada dia que passa eu vejo que você fica cada vez mais presa nessa sua ilusão. Você vive numa ilusão!

ELIZABETH: - Eu não vou entregar o Tarcísio de mão beijada para nenhuma outra mulher.

AGDA: - Você o recebeu dessa forma. É como diz o ditado: tudo o que vem fácil, vai fácil.

Agda sai.

ELIZABETH: - Não posso. Não posso deixar isso acontecer.

Elizabeth fica pensativa.

CENA 06. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

Todos ficam surpresos com os dizeres de Wanda.

WANDA: - A guardiã do amuleto! A guardiã!

ALAÍDE: - Tatiana, acompanha a Wanda até o quarto dela, acho que ela tá sonolenta ainda.

TATIANA: - Mas/

ALAÍDE: - Anda logo, Tati!

Tatiana, um tanto medrosa, se aproxima de Wanda.

TATIANA: - Vem, dona Wanda, vamos voltar lá pro seu quarto, dormir.

Tatiana vai levando Wanda, que fica a olhar para Lívia.

OSCAR: - Eu disse que ela é louca!

CARLA: - Nunca vi algo parecido antes!

ALAÍDE: - Nem eu. Pobre dona Wanda! Mas vamos ao que interessa, Carla. E sua amiga?

Carla leva Alaíde e Oscar até um canto da sala para conversar. Enquanto isso, Jonas brinca com Pedro. Lívia se aproxima.

JONAS: - Seu filho?

LÍVIA: - É sim. Se chama Pedro.

JONAS: - Lindo nome. E lindo menino também.

LÍVIA: - Obrigada.

JONAS: - Eu me chamo Jonas. E você, é Lívia, certo?

LÍVIA: - Isso mesmo, Lívia.

Os dois ficam a se olhar. No outro canto, Carla explica a situação de Lívia para Oscar e Alaíde.

OSCAR: - Então por isso que ela veio?

CARLA: - Sim, ela me ligou desesperada. Passou maus bocados nas mãos desse cara, que é o pai do filho dela.

ALAÍDE: - Pobre moça. Tão jovem e já sofrendo na vida.

CARLA: - Por isso que eu a trouxe pra cá, dona Alaíde. Ela pode ficar no meu quarto, comigo e assim que ela começar a trabalhar, ela ajuda nas despesas. Eu não posso abandonar a minha amiga numa hora dessas.

ALAÍDE: - Tudo bem, Carla. Eu sei que você não traria estranhos pra cá.

CARLA: - Muito obrigada, dona Alaíde, seu Oscar! Vocês dois são uns anjos!

OSCAR (faceiro): - Que isso, Carla. Você que é.

ALAÍDE (encarando Oscar): - Falou alguma coisa, querido?!

OSCAR: - Não, nada... Quero dizer, eu falei pra gente avisar a moça que ela pode ficar aqui.

Alaíde se aproxima de Lívia.

ALAÍDE: - Ô mocinha, teu nome mesmo...?

LÍVIA: - É Lívia.

ALAÍDE: - Então Lívia, eu me chamo Alaíde, esse aqui é o meu esposo, Oscar e esse aí é o meu filho Jonas. Eu sou a dona aqui da pensão. A Carla me explicou a sua situação e pode ficar tranquila, que você pode ficar aqui na pensão.

LÍVIA: - Ai, muito obrigada!

ALAÍDE: - Só que você e o seu filho vão ter que dividir o quarto com a Carla, porque a pensão já tá lotada.

LÍVIA: - Não tem problema, dona Alaíde!

ALAÍDE:- Bom, depois a Carla te explica direitinho as regras da pensão. Eu agora vou dormir. Vem Oscar. (saindo)

OSCAR: - Mas eu ia conversar aqui com/

ALAÍDE (firme): - Vem Oscar!

OSCAR: - Tá bom, tá bom... Boa noite para todos!

Alaíde e Oscar saem. Carla e Lívia se abraçam. Jonas observa a felicidade das duas.

MUSIC ON: (Sua estupidez – Roberto Carlos)

CENA 07. CASA TARCÍSIO. QUARTO ELIZABETH. INT. NOITE.

Elizabeth, de camisola, encara o espelho por um tempo, pensamento distante. Ela caminha lento até a cama observando o lugar, deita-se, alisa o lado de Tarcísio. Seu olhar é profundo, cabisbaixo, escorre uma lágrima.

ELIZABETH: - Ai Tarcísio... Sinto sua falta aqui.

CENA 08. HOTEL. QUARTO. INT. NOITE.

Tarcísio sentado numa poltrona, a meia luz do abajur. Serve-se de wiski, degusta.

TARCÍSIO (off): - Será que fiz a escolha certa?

Tarcísio toma uns goles, fica pensativo.

MUSIC FADE.

CENA 09. PENSÃO BEM QUERER. QUARTO CARLA. INT. NOITE.

Lívia coloca Pedro na cama feita no chão, ao lado da cama de Carla. O garoto já dorme. Carla também no quarto.

CARLA: - Dormiu o anjo.

LÍVIA: - Coitadinho, tá cansado também.

CARLA: - Você chegou a falar pra ele, tentar explicar toda essa situação? Ele é muito pequeno ainda, mas será que não vai sentir falta do pai?

LÍVIA: - Não, Carla. Não disse nada, e nem vou dizer. E pra mim vai ser melhor que o Pedro nem se lembre que um dia teve um pai como Alexandre. Ele chegou a seqüestrar o garoto para fazer chantagem comigo! Que pai é esse que faz isso com um filho?!

CARLA: - Eu imagino a sua agonia, sofrendo nas mãos daquele monstro.

LÍVIA: - Mas agora tudo passou e tudo vai mudar. Eu agradeço muito a você pela força.

CARLA: - Que isso amiga. Pode contar comigo para o que você precisar, sempre!

As duas se abraçam.

CARLA: - Eu vou escovar os dentes antes de dormir.

Carla vai saindo do quarto, quando Jonas aparece na porta.

JONAS: - Com licença.

CARLA: - À vontade. (sai)

JONAS: - Só vim ver se precisam de alguma coisa.

LÍVIA: - Está tudo bem, obrigada.

JONAS (olha Pedro): - E o garotão já dormiu.

LÍVIA: - Ele cansou da viagem. E também gastou energia brincando com você lá embaixo.

JONAS: - Eu gosto de crianças.

Os dois ficam a se olhar, silêncio. Lívia sorri. Jonas, tímido.

JONAS: - Bom, então, eu vou indo nessa.

LÍVIA: - Tudo bem. Boa noite!

JONAS: - Boa noite!

Ele fica indeciso se a beija no rosto ou não. Lívia percebe que ele está sem jeito. Ela então estende a mão. Jonas retribui e sai do quarto em seguida. Lívia acha graça. Carla entra.

CARLA: - E aí, o que ele queria?

LÍVIA: - Nada não, só veio ver se precisava de alguma coisa.

CARLA: - Esse garoto é uma viagem, mas é gente boa.

LÍVIA: - É, eu percebi.

Carla se arruma para deitar. Lívia também.

CENA 10. SÃO PAULO. EXT. NOITE.

Takes rápidos da cidade ao amanhecer.

CENA 11. APTO FABRÍCIO. SALA. INT. DIA.

Ele e Vitória tomam café, felizes.

FABRÍCIO: - Eu nunca tomei um café da manhã tão gostoso como esse que você fez.

VITÓRIA: - Não parece, mas eu gosto de ir pra cozinha fazer coisas gostosas.

FABRÍCIO: - Que sorte que eu tenho então! Minha namorada, futura noiva e esposa é uma moça que adora cozinhar.

VITÓRIA: - Espera aí! Eu ouvi bem? Futura noiva e esposa?!

FABRÍCIO: - Claro! Eu te amo. E é com você que eu quero passar o resto dos meus dias.

Os dois se beijam, carinhosamente.

VITÓRIA: - Que lindo, meu amor. Eu também quero passar a minha vida inteira com você.

FABRÍCIO: - Então vamos lá pra dentro, aproveitar mais um pouco, vamos?

VITÓRIA: - Nossa, a noite não foi suficiente?

FABRÍCIO: - Tendo você aqui, na minha frente, só pra mim, eu já ficou louco. (beija a mão dela)

VITÓRIA: - Eu adoraria, mas preciso ir pra Amaro, trabalhar. Sou filha do dono, mas não tenho moleza não. E você, não vai pra clínica hoje?

FABRÍCIO: - Vou, mas meu horário é um pouco mais tarde.

Vitória levanta-se da mesa.

VITÓRIA: - Vou tomar um banho e me arrumar. Aproveita bem o seu café. (beija Fabrício)

Vitória sai. Fabrício feliz, na sala.

CENA 12. CASA FAUSTO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Fausto e Lorena na mesa do café.

FAUSTO: - Não me deixe esquecer de entregar um presente para um dos médicos lá da clínica.

LORENA: - Aniversário?

FAUSTO: - Não. O Fabrício, aquele jovem, sabe?

LORENA: - Sei sim, o namorado da filha do Tarcísio, não é?

Mayra, no corredor, para antes de entrar na sala. Escuta a conversa, atenta.

FAUSTO: - Esse mesmo. Ele comprou um apartamento a poucos dias. Gostaria de parabenizá-lo.

LORENA: - Fico tão feliz quando vejo esses jovens assim, estudiosos, trabalhando, conquistando sua liberdade, independência.

FAUSTO: - Eu também. E o apartamento que ele comprou dizem que é muito bom, num ponto legal da cidade. Agora ele está fazendo a mudança. Gostaria de dar algo útil pra ele. É um dos médicos mais dedicados lá da clínica.

LORENA: - Bom, se você quiser, eu posso passar naquela loja onde compramos os móveis aqui pra casa e escolher alguma coisa e depois manda entregar lá no apartamento dele. O que acha?

FAUSTO: - Por mim está ótimo. Eu vou deixar o endereço aqui.

Fausto vai até a mesa do telefone, anota o endereço. Mayra se interessa pelo fato. Entra na sala como se não tivesse escutado nada.

MAYRA: - Bom dia!

FAUSTO: - Bom dia, minha filha. Dormiu bem?

MAYRA (sentando à mesa): - Feito um anjo.

FAUSTO: - Está tudo aqui em cima, Lorena. (pega sua maleta) Vou indo para a clínica. Bom dia para vocês.

LORENA: - Bom dia, querido.

Fausto sai.

LORENA: - O que você vai fazer hoje, durante o dia, filha?

MAYRA: - Ainda não sei mamãe, mas acho que vou procurar um cursinho pra fazer.

LORENA: - Nossa, que legal! E o que vai fazer?

MAYRA: - Nada de mais. Acho que vou começar com línguas, aprimorar meu espanhol. E depois, quem sabe, ver alguma coisa pra moda.

LORENA: - Moda? Que legal. Você leva jeito pra isso mesmo.

MAYRA: - Pois é, acho que vou me dedicar a isso.

LORENA (levantando-se): - Que bom, meu amor. Fico feliz. Vou lá dentro retocar a maquiagem e sair, porque já estou quase me atrasando.

Lorena sai. Mayra aproveita, vai até à mesa onde Fausto deixou o endereço de Fabrício anotado. Ela copia o endereço em outro papel e guarda. Volta para mesa. Dá um tempo e Lorena retorna, já com sua pasta, e documentos.

LORENA (beija Mayra): - Fica com Deus, meu amor. Qualquer coisa, liga.

MAYRA: - Tá bom. Beijos.

Lorena sai. Mayra pensativa, esperta.

CENA 13. PENSÃO BEM QUERER. INT. DIA.

Pedro brinca com uns brinquedos no chão. Próximas a ele, sentadas na mesa, Alaíde e Lívia conversam. Kléber está mais ao longe, arrumando seu sax.

ALAÍDE: - Ontem eu não quis entrar mais em detalhes com você sobre a sua situação, a sua vinda para São Paulo.

LÍVIA: - Foi tudo muito difícil, dona Alaíde. Eu sofri muito no Rio de Janeiro.

ALAÍDE: - A Carla comentou um pouco por cima. Bem, não me interessa saber o que se passou com você e também sei que não é nada confortável ficar lembrando, relembrando essas coisas.

LÍVIA: - Não é mesmo. Mas se a senhora está desconfiada de alguma coisa e quiser perguntar, eu/

ALAÍDE: - Não, minha filha, imagina. Eu não seria capaz de uma coisa dessas. A Carla já mora aqui há algum tempo, confio nela e sei que não traria estranhos aqui pra dentro. E você não me parece ser uma pessoa duvidosa.

LÍVIA: - Obrigada, dona Alaíde.

ALAÍDE: - Mas agora nós precisamos conversar sobre a sua contribuição aqui dentro, não é?. Eu sei que você acabou de chegar, mas eu não posso não cobrar o aluguel do quarto, mesmo que você o divida com a Carla.

LÍVIA: - Claro, eu entendo perfeitamente. Hoje mesmo eu vou sair atrás de emprego. E também de um lugar para deixar o Pedro. O problema maior é que eu não conheço nada aqui em São Paulo. Não sei nem por onde começar a procurar serviço!

Kléber, ao fundo escuta a conversa.

KLÉBER: - Desculpa me intrometer na conversa aí, mas eu acho que posso ajudar.

ALAÍDE: - Fala Kléber.

KLÉBER (se aproxima das duas): - Olha só, lá no restaurante onde eu trabalho, o dono lá, o Seu Roberto, disse uma vez que estava precisando de uma recepcionista pro lugar.

LÍVIA: - Verdade?!

KLÉBER: - Sim, e pelo visto ainda não achou, porque não chegou ninguém lá ainda. Se você quiser, pode ir comigo pra lá. Eu vou mais cedo pra organizar o palco pra de noite e aí você conversa com ele, se apresenta. Quem sabe ele não te dá uma oportunidade?

ALAÍDE: - Mas é uma bela chance mesmo. Esse restaurante que você trabalha é coisa fina, não é Kléber?

KLÉBER: - Coisa de primeira. Você vai gostar.

LÍVIA: - Não adianta só eu gostar né? Esse seu chefe também precisa gostar de mim! Ai, se vocês disseram que é coisa fina, eu preciso me produzir bem.

KLÉBER: - Bom, eu vou terminar de arrumar meu sax, vou dar uma volta ainda e depois eu vou pra lá.

LÍVIA: - Tá bom. Eu vou me arrumar então. Dona Alaíde, a senhora pode ficar com o Pedro essa tarde enquanto eu vou lá no restaurante?

ALAÍDE: - Claro. Ele é um garoto calminho, adorável. Nós vamos nos dar bem.

LÍVIA: - Obrigada mesmo!

Lívia se empolga.

CENA 14. REDAÇÃO FLASH PAULISTA. SALA CONRADO. INT. DIA.

Conrado está redigindo um artigo no computador, quando alguém bate à porta.

CONRADO (olhos fixos no PC): - Entra.

Isabela entra trazendo o buquê de flores que ganhou de Conrado. O editor olha surpreso para ela.

CONRADO: - Isabela?!

ISABELA: - Como vai, Conrado?

CONRADO: - Melhor agora em ver você. Não me diga que/ (olha o buquê) Não precisava vir agradecer as flores.

ISABELA: - Eu não vim agradecê-las não.

CONRADO: - Ah não?

ISABELA: - Vim devolver elas para você.

CONRADO: - Como?

Isabela deixa as flores sobre a mesa de Conrado, que se mostra um pouco entristecido.

CONRADO: - Mas porque/

ISABELA: - Eu não posso aceitar. Não é correto isso que você está fazendo. Não é ético ficar dando presentes para uma funcionária. Nós não temos nada.

CONRADO: - Mas poderemos ter, Isabela! Essas flores foram o primeiro passo.

ISABELA: - Essas flores foram mais um passo para que a gente se afaste, Conrado. Eu não quero me envolver, não acho legal, você sendo meu chefe... E se essa história continuar, eu vou ser obrigada a sair da Flash Paulista.

CONRADO: - Não! Isso não!

ISABELA: - Então...

CONRADO: - Não há nenhum outro jeito da gente resolver isso?

ISABELA: - Acho que não. Eu quero ser é sua amiga.

CONRADO: - Eu quero mais que uma amiga, Isabela.

ISABELA: - Infelizmente isso eu não poso ser. O melhor que se tem a fazer agora é não mexer mais nisso, pra ninguém se machucar.

Isabela sai da sala. Conrado fica arrasado, olha entristecido para as flores sobre a mesa.

CENA 15. CLÍNICA DR. FAUSTO. QUARTO. INT. DIA.

Um senhor (64 anos) está deitado na cama. Ao lado, sua mulher (60), segura sua mão, conversam. Adriana entra.

ADRIANA: - Olá! Como vai o senhor, Seu Ulisses?

ULISSES: - Um pouco melhor, mas estou louco para ir pra casa.

ADRIANA: - Muita calma. Logo logo o senhor recebe alta.

MULHER: - Como está o estado dele, doutora?

ADRIANA: - O seu marido, dona Jacira, sofreu um infarto. Tiveram sorte em chegar a tempo aqui no hospital. Nós fizemos uns exames e ele está com uma quantidade de gordura acumulada nas veias muito grande. É preciso cuidar da alimentação e fazer alguma atividade física para eliminar isso.

ULISSES: - Atividade física? Mas eu estou velho, doutora!

ADRIANA: - Idade não significa invalidez, seu Ulisses. Há muitos homens e mulheres até de mais idade que o senhor, fazendo exercícios por aí. E eu não falo exercícios pesados não. Uma caminhada ao final da tarde ou pela manhã, hidroginástica, isso já ajuda e muito no organismo.

JACIRA: - E a alimentação doutora, como eu faço?

ULISSES: - Não cortando o meu churrasco e a minha picanha tá bom!

ADRIANA: - Ih, pelo visto teremos dificuldades por aí. Olha só, seu Ulisses, no momento o senhor vai ter que cortar sim essas comidas mais gordurosas. Seu coração está frágil agora. É preciso ter uma alimentação mais saudável, com frutas, verduras. Pode substituir a carne vermelha pela carne branca, por exemplo.

JACIRA: - Ai, eu posso fazer um peixe no grill, uma salada verde... Fica divino!

ADRIANA: - Isso mesmo, dona Jacira! É bom até variar os pratos para que o cardápio não fique repetitivo. A nutricionista aqui da clínica deve vir daqui a pouco fazer uma visita e aí ela explica melhor para vocês, dá todas as dicas de alimentação necessárias. Tudo para o bem de sua saúde, seu Ulisses.

ULISSES: - Eu entendo. Obrigado, doutora. Você é um anjo.

ADRIANA: - Não precisa agradecer não, seu Ulisses. Eu faço isso porque gosto de ver as pessoas felizes e boas de saúde, que é o que importa.

CENA 16. AMARO. SALA TARCÍSIO. INT. DIA.

Tarcísio e Rafael conversam.

RAFAEL: - Eu já imaginava que a situação entre você e a mamãe estava bem mais difícil do que das outras vezes.

TARCÍSIO: - Eu tentei evitar ao máximo, mas... É complicado. É duro lidar com o desgaste de um casamento de anos.

RAFAEL: - A mamãe deve estar arrasada. Ela é muito dependente de você, sabe disso.

TARCÍSIO: - Isso é ruim. Temo que ela não fique bem com tudo isso, que não consiga seguir adiante. Mas eu não quero sair brigado com ela. Ela é a mãe dos meus filhos e foi uma ótima companheira.

RAFAEL: - Pai, me fala uma coisa. Quero que você seja sincero comigo, de verdade.

TARCÍSIO: - Claro, meu filho. O que você quer saber?

RAFAEL: - Você está se relacionando com outra mulher?

Tarcísio se surpreende com a pergunta. Nesse instante, Tatiana entra na sala.

TATIANA: - Com licença, doutor Tarcísio. O Paulo e a Lorena já estão aguardando o senhor e o Rafael para a reunião.

TARCÍSIO: - Obrigado, Tatiana.

Tatiana sai.

TARCÍSIO: - O que você tinha me perguntado mesmo?

RAFAEL: - Esquece pai, deixa pra lá. Vamos indo pra reunião.

TARCÍSIO: - Espera, meu filho. Não gosto de esconder nada de você. Mas eu conheci uma pessoa sim e essa pessoa mexeu comigo.

RAFAEL: - Há quanto tempo isso?

TARCÍSIO: - Há pouco tempo.

RAFAEL: - Deve ter mexido mesmo com você, pra provocar todo esse furacão na nossa família.

TARCÍSIO: - Não se zangue comigo, Rafael, eu/

RAFAEL: - Não se preocupa, pai. Não vou me zangar com você, nem te julgar. Só te peço pra que resolva essa história da melhor forma possível. Sei que você merece ser feliz também, mas não quero ver a minha mãe num poço de tristeza.

TARCÍSIO: - Claro, eu te entendo. Farei sim o possível para que tudo fique bem. Pode acreditar.

Os dois se abraçam.

TARCÍSIO: - Vamos para a reunião?

RAFAEL: - Vamos sim.

Os dois vão saindo da sala.

CENA 17. ESCRITÓRIO ALFREDO. SALA ALFREDO. INT. DIA.

Alfredo entrega para Demétrio uma xícara de café. Senta-se no sofá junto com o amigo.

DEMÉTRIO: - Mas não me esconda nada, Alfredo! Quero saber de tudo!

ALFREDO: - Mas tudo o quê, Demétrio? O que eu tinha para falar pra você eu já falei. O Breno está sendo um ótimo funcionário aqui no escritório.

DEMÉTRIO: - Então está fazendo jus à graduação que eu paguei pra ele em Londres. Não gastou meu dinheiro só em festa nos pubs de lá.

ALFREDO: - Ele é jovem, quer curtir a vida.

DEMÉTRIO: - Tudo tem limite, Alfredo. Daqui mais um tempo eu não estarei mais aqui para bancar tudo pra ele. Sorte a minha que ainda tem a Isabela, que tem juízo naquela cabeça linda.

ALFREDO: - Mas você veio aqui apenas para saber do seu filho?

DEMÉTRIO: - Não. Na verdade, vim dar um tempo.

ALFREDO: - Como assim?

DEMÉTRIO: - Daqui a pouco começa uma corrida daquelas no Jockey e meu cavalo é forte candidato a vencer!

ALFREDO: - Você voltou a apostar, Demétrio? Garanto que a Charlote não sabe disso.

DEMÉTRIO: - Ela nem sonha, meu caro! E por favor, não diga nada. Minha vida anda tão monótona. Eu preciso de alegria!

ALFREDO: - Bom, você sabe o que está fazendo.

DEMÉTRIO: - E se tudo der certo, mais umas verdinhas entram na minha conta. Te convido para um chope, o que acha?

ALFREDO: - Aceito!

Os dois riem.

CENA 18. AMARO. SALA VITÓRIA. INT. DIA.

Vitória está trabalhando nos desenhos de novas peças para a empresa, quando Beatriz abre a porta.

BEATRIZ: - Com licença!

VITÓRIA: - Beatriz! Entra!

Beatriz entra. As duas se abraçam.

VITÓRIA: - E aí, como você tá?

BEATRIZ: - Tudo bem, correndo para a festa da revista.

VITÓRIA: - Ai, imagino! É pra ser um grande evento, né?

BEATRIZ: - Um dos maiores que eu já vi de lá. E por isso eu estou aqui, para te entregar esses convites (entrega para Vitória) para a festa.

VITÓRIA: - Ai amiga, obrigada. Se você quiser deixar os convites do Rafa comigo, pode deixar, porque ele está em reunião com a diretoria e/

BEATRIZ: - Não, eu não trouxe convites para ele.

VITÓRIA: - Não trouxe?!

BEATRIZ: - Não.

VITÓRIA: - Espera aí, porque eu não estou entendo nada.

BEATRIZ: - Cansei, Vitória. Cansei. Seu irmão ainda não se decidiu se me quer realmente ou não. Eu não posso ficar nessa dúvida o tempo inteiro. Eu nem cheguei perto da sala dele. Enquanto ele não se decidir, eu também não vou ficar correndo atrás.

VITÓRIA: - Eu nem sei o que dizer, Beatriz. O que eu mais queria era ver vocês dois juntos.

BEATRIZ: - E eu também, Vitória. Mas eu não posso parar a minha vida por causa do Rafa. Bom, eu ainda preciso levar esses convites para outras pessoas. Mas eu faço questão que você vá!

VITÓRIA: - Pode deixar que eu vou sim. E vou levar o Fabrício comigo!

BEATRIZ: - Claro, faça isso. Agora eu preciso ir.

As duas se abraçam. Se despedem. Beatriz vai embora. Vitória fica pensativa.

CENA 19. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Onira está conversando com Roberto. Ao fundo, Kléber vai chegando no restaurante com Lívia.

ROBERTO: - Até pensei que você tivesse esquecido do seu irmão.

ONIRA: - Como você faz drama, Roberto.

ROBERTO: - Fiquei tão feliz quando o Marcos veio jantar aqui no restaurante, com uns amigos. Turma boa, cabeça tranquila.

ONIRA: - Isso é maravilhoso. Eu fico feliz de ver que ele está em boas companhias. Só rezo agora que ele arrume logo uma namorada.

ROBERTO: - Não tá pressionando o rapaz né?

ONIRA: - Claro que não. Mas eu quero que ele arrume uma mulher decente, com boas intenções, bom projeto de vida, linda, loira, olhos azuis.

ROBERTO: - Ou mais moreninha, uma negra linda/

ONIRA (seca): - Pare de bobagem, Roberto!

ROBERTO: - O que tem de mais nisso?

ONIRA: - Olha o que tem de mais?! Eu quero o melhor para o meu filho e não/

Onira vê Kléber ao fundo.

ROBERTO: - O que foi, Onira?

ONIRA: - Tem um rapaz aqui dentro. Olha lá.

ROBERTO (vê Kléber): - É o Kléber. Esse é o músico que eu falei que toca aqui todas as noites.

ONIRA: - Ah, esse é o músico?

ROBERTO: - Sim, ele mesmo. Vamos lá, eu te apresento ele/

ONIRA: - Não, não, obrigada. Eu já estou atrasada, preciso ir.

ROBERTO: - Atrasada pra que?

ONIRA: - O que é Roberto? Vai querer controlar minha vida agora?

ROBERTO: - Não, claro que não. Só estou achando estranho você sair daqui assim, de repente.

ONIRA: - Não tenho culpa se me deixei levar pela nossa conversa boa. Outra hora eu passo aqui e conversamos mais.

Os dois se despedem. Onira sai por um lado. Kléber chama Lívia para irem até Roberto.

KLÉBER: - Como vai, seu Roberto?

ROBERTO: - Tudo bem, Kléber e você?

KLÉBER: - Tudo legal. Bem, seu Roberto, essa aqui é a Lívia, uma amiga minha.

ROBERTO (a Lívia): - Como vai?

LÍVIA: - Tudo bem.

KLÉBER: - Eu trouxe a Lívia para falar com o senhor, porque eu lembrei que outro dia o senhor comentou que estava procurando uma recepcionista aqui para o restaurante. E como a Lívia está procurando emprego...

ROBERTO: - Claro, fez bem. Vamos conversar... Lívia, não é?

LÍVIA: - Isso mesmo, Lívia.

Kléber e Lívia se olham. Ela se mostra ansiosa, porém, esperançosa.

CENA 20. PRÉDIO FABRÍCIO. PORTARIA. INT. DIA.

Mayra chega na portaria do prédio em que Fabrício mora, carregando uma caixa grande de papelão. Se aproxima do porteiro.

MAYRA (fingida): - Oi, boa tarde. Eu sou amiga do Fabrício, ele se mudou a pouco tempo aqui para o prédio e ele me pediu para deixar essa caixa no apartamento dele. Mas veja só a loucura, ele esqueceu de me deixar a chave! Eu até liguei para ele, mas ele tá ocupado no emprego. O senhor teria como me ajudar?

PORTEIRO: - Claro. Ele deixou uma cópia da chave aqui comigo, porque ele ainda está fazendo a mudança, e algumas vezes chegam os carregadores com móveis.

MAYRA: - Ai que coisa boa! O senhor é um anjo! Poderia saber o seu nome?

PORTEIRO (encabulado): - É Hélio...

MAYRA: - Muito obrigada, seu Hélio. O senhor me leva até o apartamento então?

PORTEIRO: - Eu adoraria, mas não posso sair daqui da portaria agora. Mas eu deixo a chave com você. É amiga dele, não tem problema.

MAYRA: - Obrigada!

O porteiro entrega a chave para Mayra.

CORTA PARA

 

CENA 21. APTO FABRÍCIO. INT. DIA.

A porta se abre e por ela passa Mayra com a caixa. Tranca a porta. Caminha por entre o local, observa tudo, ao mesmo tempo em que abre um sorriso sacana.

CENA 22. AGÊNCIA ÔNIX. INT. DIA.

Jonas está em sua mesa, pensativo. Marcos se aproxima, com uns papéis.

MARCOS: - Olha só Jonas, esse briefing que você me entregou, eu não entendi algumas coisas aqui / (percebe) Ei, Jonas!

JONAS (volta a si): - Foi mal, Marcos...

MARCOS: - O que foi cara? Tava com a cabeça no mundo da lua.

JONAS: - Que nada. Minha cabeça tava aqui, bem na terra mesmo... (suspira)

MARCOS: - Ih, será que eu to entendo isso tudo? Conheceu alguém é?

JONAS: - Conheci. Conheci e já não consigo tirar da cabeça.

MARCOS: - Fala aí, quem é a garota? Mora em que bairro aqui?

JONAS: - Ela é carioca e se mudou lá pra pensão ontem, acredita? É amiga de uma das meninas que moram lá.

MARCOS: - Carioca... Bacana!

JONAS: - Lívia o nome dela. Linda, parece uma princesa.

MARCOS: - Ai meu Deus, o cara tá apaixonado!

JONAS: - Sem tirar onda, Marcos. É sério... Eu nunca senti isso antes por ninguém.

MARCOS: - Desculpa aí, não quis zoar com você não. Mas agora eu preciso que você me esclareça algumas coisas aqui e deixe esses seus suspiros e pensamentos românticos para depois do expediente, pode ser?

JONAS: - Claro. Fala aí, o que foi?

MARCOS: - Essas informações aqui do briefing, eu não entendi essa parte, olha...

Marcos e Jonas analisam o material.

CENA 23. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Roberto e Lívia conversam.

ROBERTO: - Com todo o respeito, você é muito bonita, Lívia e também muito simpática.

LÍVIA: - Obrigada.

ROBERTO: - Mas, você não tem experiência em lidar com o público. Isso é essencial, ainda mais num restaurante como o meu, referência nacional, e também no exterior.

LÍVIA: - Eu sei disso, Seu Roberto. Você tem um grande restaurante, não pode colocar qualquer pessoa para trabalhar aqui. Eu entendo. O que eu preciso é correr atrás das coisas, batalhar. Cheguei aqui em São Paulo de para-quedas praticamente. Agora vou lutar pra conseguir um serviço e dar um futuro melhor para o meu filho.

ROBERTO: - Você tem um filho?

LÍVIA: - Tenho sim, 5 anos.

ROBERTO: - Nossa, que legal.

LÍVIA: - É Pedro o nome dele. Tenho uma foto aqui (pega a foto na bolsa e mostra para Roberto)

ROBERTO: - Criança linda!

LÍVIA: - Ele é tudo na minha vida. O que eu mais quero é vê-lo crescer feliz, com saúde e dignidade.

ROBERTO: - Sabe Lívia, que eu até hoje tenho um sonho que não consegui realizar... Ser pai. Quando eu vi agora, você falando do seu filho, isso me toca lá dentro do coração. Eu tenho um sobrinho, mas que considero meu verdadeiro filho.

LÍVIA: - Mas o senhor vai realizar esse sonho sim, seu Roberto. É jovem ainda!

ROBERTO (risos): - Que isso, Lívia! Eu já dobrei o cabo da Boa Esperança.

Lívia ri. Roberto também. Aos poucos, os risos vão sumindo.  Os dois se olham.

ROBERTO: - Eu vou te ajudar.

LÍVIA: - Como é?!

ROBERTO: - Eu vou te dar o emprego de recepcionista aqui no restaurante.

LÍVIA (eufórica): - Eu não acredito, seu Roberto! Ai meu Deus! Muito obrigada!

ROBERTO: - Eu quero que você cresça e dê o que de melhor tiver para o seu filho. Você parece ser uma pessoa boa, lutadora. Tenho certeza que vai aproveitar e muito a experiência que vai ganhar aqui dentro.

LÍVIA: - Pode ter certeza que sim, seu Roberto! Muito obrigada, mesmo! Ai, posso te dar um abraço?

ROBERTO: - Claro!

Roberto e Lívia se abraçam. No palco, Kléber vê tudo. Fica feliz.

CENA 24. AMARO. CORREDOR. INT. DIA.

Tarcísio vai saindo da sala, junto com Paulo.

PAULO: - Você mal prestou atenção na reunião, Tarcísio.

TARCÍSIO: - Eu vou me encontrar com ela.

PAULO: - Ela quem?

Os dois se olham. Paulo entende.

PAULO: - Agora?!

Tarcísio sai. Tatiana vem logo atrás, trazendo uns documentos. Vê Tarcísio indo.

TATIANA: - Doutor Tarcísio! Doutor Tarcísio!

PAULO: - Ele está de saída.

TATIANA: - Mas agora? Onde ele vai? Eu preciso da assinatura dele aqui/

PAULO: - Não te interessa aonde ele vai.

TATIANA: - Que isso, Paulo? Pra que falar assim?

PAULO: - Pra você aprender a ter respeito. Onde já se viu querer saber onde o chefe vai ou deixa de ir.

TATIANA: - Desculpa, eu perguntei sem querer, eu só/

PAULO: - Você é muito incompetente mesmo, Tatiana. Eu não sei onde o Tarcísio e os filhos dele estão com a cabeça que ainda não te mandaram embora daqui. Você não sabe fazer nada direito!

Nesse instante, Lorena se aproxima.

LORENA: - A Tatiana é uma das funcionárias mais competentes aqui dentro, Paulo.

PAULO: - Não me parece. Ela está sempre deixando a desejar no seu serviço.

LORENA (firme): - E você na sua educação.

TATIANA: - Calma, gente! Não precisam brigar por minha causa!

LORENA: - Ninguém vai brigar aqui não, Tatiana. Eu só estou avisando que todos os funcionários aqui dentro devem se dar ao respeito, uns com os outros. Não é porque você não é diretora que vai ser maltratada por um.

PAULO: - Você sempre com esse jeitinho sonso, Lorena.

LORENA: - E foi com esse jeito sonso que eu consegui chegar onde estou, Paulo. Já você, com certeza usou de outros meios nada legais para isso.

PAULO: - A gente nunca deve falar sobre aquilo que não sabe, Lorena. Pense bem antes de dizer qualquer coisa sobre mim.

Paulo encara Lorena e sai.

TATIANA: - Ai Lorena, eu nem sei o que dizer. Obrigada, viu?

LORENA: - Não precisa agradecer não, Tatiana. O Paulo tava precisando ouvir algumas coisas sim. Sujeito prepotente. Não sei como o Tarcísio ainda confia nele. Eu sempre tive o pé atrás com esse homem. A mim, ele não engana.

CENA 25. APTO MARILU. SALA. INT. DIA.

Sarah chega com as compras do mercado e vê todas as suas roupas jogadas no chão. Algumas picotadas. Ela fica totalmente surpresa/chocada.

SARAH (deixa cair as sacolas): - As minhas roupas! (grita) Marilu! Marilu!

Marilu entra com uma tesoura grande nas mãos, cortando uma das roupas de Sarah.

SARAH: - O que você está fazendo, sua cachorra?! As minhas roupas!

MARILU: - Tudo lixo. Nada melhor do que jogar fora!

SARAH: - Para com isso!

Sarah parte para cima de Marilu, que a ameaça com o tesourão.

MARILU: - Eu falei que você ia embora, não falei?

SARAH: - Você não pode me jogar para fora, o Henri/

MARILU: - O Henri me deu total liberdade para mandar aqui dentro. E você vai embora sim!

Marilu pega as roupas jogadas no chão e atira pela janela. Sarah tenta impedir, mas Marilu a empurra. Sarah cai no chão. Fica chocada com tudo o que está acontecendo. Em algumas peças de roupa, Marilu risca um fósforo e coloca fogo e joga pela janela.

SARAH: - Não! Você está ficando louca! Louca!

MARILU (se aproxima de Sarah): - Eu falei pra você não se meter comigo. Você quis dar uma de valente, falando tudo para o Henri. Agora aprende.

Sarah cospe no rosto de Marilu. As duas se encaram. Marilu pega Sarah pelos cabelos e vai puxando-a até a porta do AP. Ela abre e empurra Sarah para fora do apartamento.

Alguns vizinhos observam tudo no corredor. Marilu sai arrastando Sarah pelos cabelos até sumir no corredor.

CENA 26. CONDOMÍNIO MARILU. EXT. DIA.

Marilu empurra Sarah que cai no meio da calçada. Os passantes na rua se surpreendem com a cena.

MARILU (em tom alto): - Na minha casa não quero nenhuma vadia não! Isso aqui é um local de respeito.

SARAH: - E você, por acaso tem respeito por alguém?! Sua cobra!

Marilu fica cara a cara com Sarah.

MARILU: - Você deveria agradecer por eu não ter dado um fim nessa sua vida desgraçada. Ergue as mãos pro céu e agradece por estar viva. Tá na lama, mas tá viva. Viu como eu sou caridosa? Agora junta esse seu lixo e some daqui, vagabunda!

Marilu entra no prédio. O porteiro observa tudo perplexo.

MARILU (ao porteiro): - Essa daí não passa da porta aqui, entendeu? Não é mais bem-vinda aqui no prédio.

O porteiro concorda com a cabeça. Marilu sobe as escadas. Sarah vai juntando as roupas que sobraram, chora.

CENA 27. SÃO PAULO. EXT. NOITE

Takes rápidos da cidade na transição dia-noite.

CENA 28. APTO FABRÍCIO. SALA. INT. NOITE.

Ele entra deixando a pasta no sofá, está falando ao celular com Vitória.

FABRÍCIO: - Pois é, eu cheguei e ele não tava na portaria.

Senta no sofá, tira o calçado.

FABRÍCIO: -  Eu falo com ele amanhã. Vou pro banho agora, tomar uma ducha. Tô cansadaço... (T) Tá bom, te ligo mais tarde. Beijo. (T) Também amo você. (desliga o telefone)

Fabrício vai em direção aos cômodos internos, nem percebe a caixa de papelão na sala.

CORTA PARA

CENA 29. QUARTO FABRÍCIO. INT. NOITE.

Quando ele entra, encontra Mayra deitada em sua cama, apenas de lingerie.

MAYRA (insinuante): - Oi meu amor...

FABRÍCIO (surpreso): - O que você está fazendo aqui?!

Fabrício encara Mayra.

CENA 30. REVISTA FLASH PAULISTA. EXT. NOITE

Beatriz e Isabela vão saindo da redação, quando as duas avistam o carro de Rafael estacionado em frente ao local.

ISABELA: - Aquele não é o carro do Rafael?

BEATRIZ: - Ele mesmo.

ISABELA: - Acho que ele veio te buscar.

BEATRIZ: - Ai amiga, mas eu fiquei de ir com você lá pra sua casa.

ISABELA: - Nem esquenta, Beatriz. Outro dia a gente marca. Agora vai lá, porque se ele veio te buscar, é porque quer falar com você.

As duas se despedem. Beatriz vai em direção ao carro, ENTRA.

RAFAEL: - Gostou da surpresa?

BEATRIZ: - Realmente fiquei surpresa, agora não sei se gostei.

RAFAEL: - Você foi lá na empresa e nem foi na minha sala falar comigo.

BEATRIZ: - E porque deveria?

Se aproximando dela, beija seu pescoço.

RAFAEL: - Porque você sempre faz isso, e eu gosto.

Ela afasta Rafael, resistindo aos chamegos dele.

RAFAEL: - O que foi?

BEATRIZ: - O que foi é que agora vai ser diferente, Rafael.

RAFAEL: - Como assim, diferente?

BEATRIZ: - Você só vai se aproximar de mim novamente, quando assumir o nosso relacionamento.

RAFAEL: - O quê?!

BEATRIZ: - Isso mesmo. Ou você namora comigo sério, ou então a gente vai parar de se ver. Você que escolhe.

Rafael se surpreende com a atitude de Beatriz.

Encerra com Downtown – Anitta feat. J Balvin
 
     
     

autor
Édy Dutra

elenco
Christine Fernandes como Lívia
Taís Araújo como Marilu
Zé Carlos Machado como Tarcísio
Fábio Assunção como Rafael
Bruno Ferrari como Jonas
Marcos Caruso como Paulo
Renata Domingues como Carla
Júlio Rocha como Breno
Bianca Castanho como Beatriz
Júlia Feldens como Vitória
André Bankoff como Fabrício
Danton Mello como Marcos
Lavínia Vlasak como Isabela
Caco Ciocler como Conrado
Janaína Lince como Sarah
César Mello como Alfredo
Aída Leiner como Inês
Luíza Curvo como Tatiana
Jonathan Haagensen como Plínio
Marco Ricca como Fausto
Sílvia Pfeifer como Lorena
Thaís Vaz como Mayra
Gisele Policarpo como Gisa
Guilherme Leme como Almir
Mônica Martelli como Louise
Sérgio Menezes como Kléber
Cyria Coentro como Nice
Ernesto Piccolo como Moisés
Natália Guimarães como Rita

Atrizes convidadas
Sônia Braga como Elizabeth
Regina Duarte como Rosa
Valquíria Ribeiro como Adriana
Ângela Leal como Agda
Mila Moreira como Charlote
Denise Del Vecchio como Onira
Beatriz Segall como Wanda
Arlete Salles como Alaíde

Atores convidados
Gracindo Júnior como Demétrio
Rodrigo Santoro como Henri
Juan Alba como Alexandre
Nill Marcondes como Eduardo
Roberto Bonfim como Roberto
Floriano Peixoto como Jorge

Participações especiais
Dudu Azevedo como Romão
Elisa Lucinda como Cidália
Antonio Pitanga como Tenório
Vanessa Lóes como Clair
Alexandre Slaviero como Hugo
Lui Mendes como Pereira

Trilha Sonora
Pra rua me levar - Ana Carolina (abertura)
Sua estupidez – Roberto Carlos
Downtown – Anitta feat. J Balvin

Produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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