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A Deusa Bandida: Capítulo 06

Novela de Carlos Mota
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A DEUSA BANDIDA - CAPÍTULO 06

A Noite é uma predadora e, sob a forma de uma deusa ensandecida, está à espreita, para fisgar uma nova vítima. Com seu véu caído sobre a terra, ela canta feito uma sereia, cuja melodia é o toque do inferno, atraindo os mais frágeis ao seu vale, onde os enlaçará em sua dança mundana, fantasticamente coreografada, até que feridos, em desespero, entreguem toda seiva da vida que carregam na alma. A estes, como retribuição, ofertará a dádiva da loucura ou o eterno labirinto da morte, de onde fugir é impossível, consentir é um castigo, ser completamente tragado é o destino.

E esta noite tão perigosa, que persegue, fere e mata com uma crueldade incrivelmente prazerosa, cai sobre uma Brasília revestida pela seca, rivalizando com Hedonê, que no auge de sua beleza, alimentada pelas asas coloridas que adornam sua forma divina — esculpida com esmero pelo amor de Eros e pela essência mais nobre de Psiquê — não permitirá que um súdito seu, adorador contumaz, que beberica das águas da fonte do prazer e se deleita pelos campos mais selvagens espalhando a lascívia, o desejo irrefreado ou mesmo a imbecilidade do caos, lhe seja retirado sem uma compensação à altura.

E enquanto a luta entre as damas míticas não encontra um epílogo, os meros mortais, manipulados como fantoches, caminham para a própria desgraça…

—  Sejam bem-vindas, senhoritas! — saúda as hostesses, em trajes excêntricos, com broches de borboletas, checando a lista de convidados vips em iPads.

—  Eu adoro esta casa noturna — diz Sofia a Luara, com um sorriso de alegria na face —, aqui me sinto livre, com muita vontade de beijar.

—  Sofia… — repreende a recatada garota, incomodada, como se algo a avisasse para sair logo dali; um sentimento estranho, que brotava incessante em seu âmago, apesar dela incompreender. — O que vão pensar da gente?

—  Como se isso me importasse. O que quero mesmo é cair nos braços de Hedonê e curtir a vida sem pudor. Olhe para a fila, numa quarta-feira, e poucos conseguem convites para entrar aqui; também, diante deste templo da divindade grega, o que se esperava, a não ser a devoção? — gargalha, num misto de seriedade e deboche.

—  Eu não deveria ter vindo, acho que vou embora… — confessa a filha de Martim, pressionando o colo em movimento circular.

À distância, Egídio e Álvaro as observam.

—  Você fará como o combinado, parça. Ao passar pela porta, um dos funcionários da casa desligará a central de monitoramento, o que permitirá que você caminhe sem medo pela boate. Não tire os olhos dela, assim que eu der o sinal, você deverá atraí-la para o estacionamento, onde outros dois de nossa “família” estarão, prontos para fisgá-la.

Ressabiado, Álvaro deixa o veículo, caminha até o prédio, lendo com curiosidade o nome da deusa do prazer, que está no topo da fachada, adornado por leds, que piscam, efusivamente, alternando-se do vermelho ao rosa, do preto ao dourado. Ao chegar à entrada, um dos seguranças lhe faz o sinal. Há a simulação de uma revista; liberado, adentra as dependências com uma arma à cintura. Nada foge ao controle de Egídio, que encostado à porta do carro, fuma um cigarro, enquanto os olhos correm curiosos o relógio de pulso. São 22h50, momento em que Luara e Sofia acessam o segundo piso, caminhando até um dos muitos camarotes do local, tendo aos pés um tapete púrpuro, aveludado. O ambiente, suntuoso, está à meia-luz. Há jovens de todas as idades, tribos e gêneros; um repertório musical eclético é oferecido aos “adoradores”, que aguardam ansiosos a abertura oficial, deliciando-se das várias garrafas de conhaque, que descem do teto, em elevadores.

—  Como está escuro! — diz Luara, ligando a lanterna do celular.

—  Você nunca esteve aqui, menina? Credo! Faz parte do show… Daqui a pouco tudo estará excentricamente iluminado.

O burburinho é absurdo, todos querem que a festa comece logo, Hedonê os aguarda com as garras em posição de ataque.

A boate permanece no breu até as 23h, quando uma profusão de lustres, pendurados ao teto por correntes douradas, acendem, revelando a grandeza da pista principal, tendo ao centro, a imagem da deusa grega, com as asas em movimento, em vestes propositadamente rasgadas, evidenciando a sensualidade e a libido que explodem no recôndito de cada criatura que ali agora se encontra.

Luara continua pressentindo algo ruim. A respiração alterna entre tranquila e agitada, deixando transparecer a ansiedade que lhe agita o coração.

—  Ei, Nicholas, estamos aqui — grita Sofia, animada, entornando a segunda taça de um licor afrodisíaco, ao vê-lo. — Venha! Luara te espera, ansiosamente…

—  PARE! — repreende-a. — O que ele vai pensar de mim?

—  Ô, minha filha, a vida foi feita para ser vivida. Aproveite a noite, que será longa… Muito longa! Uhuuuuuuuuuuu!!! — volta-se para o palco, segurando com força o guarda-corpo, de onde implora:

—  Cadê você, Hedonê??? Vim aqui só para te ver!!! Que rufem logo os tambores, não aguento mais tanta tensão, que a festa comece já!!!

—  Eu vou embora… — anuncia Luara, cada vez mais angustiada.

—  Nunca deveria ter aceitado seu convite.

—  Vai nada! — Sofia a segura pelo braço.

—  Esqueceu-se de que estou em luto? Nunca deveria ter deixado minha casa.

—  Pois deixe o luto lá fora; agora é chegada a hora de se soltar, dar uns bons beijos, se é que me entende — dá uma piscadela à amiga, que se retrai ainda mais.

Álvaro a localiza, sobe para o piso em que ela está, recolhendo- se a uma mesinha de canto, num corredor que separa os camarotes do open bar. Com um copo de whisky às mãos, observa-a com os olhos de quem deseja. Era sua deusa… Sim! A sua Hedonê! Somente sua! À medida que exagera na bebida, os pensamentos ganham força e avançam violentos sobre a linha tênue que separa a decência da falta de pudor… O que mais desejava era pegá-la ali mesmo, arrancar dela um beijo profundo que arrepiasse os poros, rasgar suas vestes, beijá-la por todo o corpo, do pescoço aos pés, do colo até as coxas; com as mãos passeando em seus cabelos, apalpando os seios, a cintura, o quadril; deslizando sobre ela com a mesma astúcia sinuosa das serpentes, até que a carne encontrasse o prazer máximo! Ei… ei… o que está acontecendo??? — pergunta-se, com parte da camisa encharcada de suor, quase não se contendo. Quando avista Nicholas abraçando sua diva, leva uma das mãos à pistola, com a vontade irrefreada de pôr um fim à vida daquele playboy narcisista.

—  Luara??? Como é bom te ver!!! Estou aqui só por você…

—  sorri o rapaz, mal-intencionado, enquanto os olhos agigantados assanham-se pelo corpo da garota, que constrangida, tenta se proteger, ocultando com a bolsa o decote do belo vestido preto de seda. — Que menina linda! Hum! — exala o odor dos predadores, enquanto coça o queixo. — Se eu faltasse a esta festa, seria um IDIOTA completo.

—  Pare com isso! — pede, sentindo-se cada vez mais violada.

—  O que foi, Luara? Vai dizer que você não gostou? Sempre pagou um pau para o Nicholas… — vira uma dose de saquê.

—  EEU? Não… não… isso…

Álvaro se contém, a vontade é a de quebrar a cara do rapaz e de lá resgatar a sua “pobre e indefesa princesa”, como se o mundo de hoje se resumisse a um moderno conto de fadas. Coitado!

—  Senhoras e senhores, sejam bem-vindos à Hedonê, a casa de todos os prazeres — anuncia o locutor, para a loucura da plateia, que mescla aplausos, gritos, assobios e uivos.

As lâmpadas voltam a se apagar e três telões, em locais distintos do espaço, reproduzem o vídeo de abertura, entoando o grito de Hedonê na voz sensual e terrivelmente hipnótica de Luiz Porto¹:

Decaída da graça primeira Desgraça por Caos
Com prazer encarnou
Como filha de Eros o primordial

Hedonê é teu nome e não há sobrenome Melhor que “do mal”;
Quem olhou em teus olhos a noite Nunca mais foi igual.

A galera se junta à canção, menos Luara, que atordoada, senta- se, sendo agarrada por Nicholas, que após perder o pouco de juízo que tinha para a bebida, tenta beijá-la à força, sendo de imediato repelido.

Todo homem se deita com ela
Todo homem que almeja poder
Todo homem se deita com ela
Todo homem deseja querer…

Poder pra vencer

Poder pra matar
Poder pra viver
Poder pra morrer

—  O que foi? Você também não me quer? — pergunta o mauricinho, passando a mão pela face dela. — Deixe eu te beijar, vamos, você também quer, eu sei…

Apoiada ao guarda-corpo, Sofia berra e pula em meio à canção; ignora os apelos da amiga, que não são poucos, enquanto se delicia de um daiquiri, que desce vistoso do elevador junto a uma dose de vodka.

Poder para dar o poder
Para poder tomar
De quem não tem o poder
Ou nunca terá

Poder pra vencer
Poder pra matar
Poder pra viver
Poder pra morrer

—  Estamos no templo de Hedonê, aqui tudo se pode… Liberte- se do medo que te prende e venha ser minha… — Nicholas passa a mão pela perna dela, que se defende como pode, para o descontrole de Álvaro, que assiste a tudo, dominado por um ciúme letal, que o leva a retirar a arma da cintura e apontar para o rapaz.

—  Pare… Pare… PAAAAAAAAAAARE!!!!!! Alguém me ajude, por favor!!!

—  O que foi, não está gostando, vagaba??? — zomba, imprensando-a contra o sofá. — Qualquer uma em seu lugar estaria curtindo…

—  Me deixe!!! — tenta se libertar, enquanto ele rasga parte do vestido.

Ergui o véu do meu céu
Despido de medo
Em credo e mistério

Evoquei os três lados de breu
Luzídio e inverso
Me fiz racional

Dancei na fogueira
Gritei noutra língua
Diante do mal

Previ o poder
De ser quase um deus
Metade animal

A gritaria atinge o pico, Hedonê, a deusa grega do prazer, filha de Eros e Psiquê, era, enfim, adorada.

—  PAAAAAAAAARE!!!!!! — desespera-se, presa, com os braços imobilizados, enquanto Nicholas chupa o seu pescoço como uma fera indomada. — SOCOOOOORO!!!

Dominado pela ira, Álvaro é o único capaz de ajudá-la, porque os outros, como zumbis, apenas pulam em meio à algazarra, como se mais nada existisse. Prepara-se para atirar…

—  NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!  —  desespera-se  a

cigana, lá na mansão, com as duas mãos sobre a bola de cristal.

—  O que houve, Aurora?

—  Uma desgraça está prestes a acontecer e poderá pôr fim aos nossos planos.

—  Como assim??? É a tal da traição que tem pressentido???

Quem é o sujeito? Fale, que mando algum capanga dar cabo já.

Com os olhos cerrados, geme, enquanto a cena da boate lhe corre diante dos olhos.

—  O mal é maior do que eu poderia imaginar, e contra ele não há remédio, a não ser a MORTE!

—  Pois diga, que mando passar fogo já.

—  NÃÃÃO!!! — ruge, tomada pelas forças oraculares. — Nele ninguém encostará! — as palavras da mulher despertam desconfianças no patrão, que se cala ao vê-la correndo as mãos sobre o objeto místico, como se evocasse alguma magia. — Ligue para Egídio e peça que inicie já a operação, antes que a casa caia. Vá, homem! — ordena a mulher.

De volta à boate…

Enquanto Luara luta para evitar o abuso, Álvaro mira em Nicholas, mas os sentidos alterados o impedem de ter a exata dimensão do alvo. O bartender, ao perceber a arma, afasta-se bem devagar, evitando atrair a atenção do atirador. Quando está a uma distância segura, corre para o outro andar, na intenção de alertar os clientes e funcionários sobre uma desgraça iminente, mas o cálice da morte, servido tantas vezes, confunde o juízo, a ponto de todos desacreditarem do que ele diz. No templo de Hedonê, uma tragédia como essa seria impossível. O local é cercado por câmeras e adota todos os protocolos de segurança necessários.

Assim que o encontra a pedido do patrão, Egídio tenta contê-lo, mas não consegue; a bala salta da arma com gosto, atingindo a cabeça do rapaz, que tomba; o sangue jorra acelerado, marcando o corpo e as vestes da garota, até encontrar o chão.

—  O QUE… QUE… FOI ISSO??? NÃÃÃÃÃÃOOO!!! —

Sofia entra em crise de choro ao perceber o amigo morto. Ao virar-se, encontra os olhos do criminoso, que vem em sua direção.

—  Cara, o que você fez? O chefe vai te matar. — Egídio o intercepta, tentando trazê-lo à razão. — Cara, ei… ei… Cê tá louco, meu? Eu vou te matar, se você não parar — saca a arma e a aponta para o comparsa, tentando retomar o controle da situação.

—  Saia da minha frente… — os olhos faíscam.

Sofia aproveita-se do momento e desaparece em meio à turba enlouquecida, deixando a amiga entregue à própria sorte.

Quando a tragédia ganha corpo, os filhos das famílias mais abastadas da capital do país entram em desespero, o tumulto explode; todos vão em direção às duas saídas de emergência, que não dão conta da evacuação. Os seguranças, que há pouco ignoraram o aviso, agora tentam controlar o caos; em vão.

Retirando Nicholas de cima de si, Luara avista Álvaro, que a encara sem esboçar qualquer reação.

É neste momento que Matilde, lá na mansão dos Vaz, acorda de um pesadelo. Perturbada, levanta-se da cama e tropeça na mesa de canto, que tomba, partindo a estátua de uma santa em duas; é o prenúncio da chegada do mal que Hedonê tanto atiçou e que agora se vê incapaz de conter, para a alegria da Noite, que vibra, à espreita, enquanto se prepara para abocanhar algum desavisado.

—  Minha santinha… o que foi isso?

Ao juntar as duas partes, a imagem de Luara lhe vem à mente.

—  Não! Não! Cadê a menina? Eu sinto, ela está em perigo… se- senhor — chama pelo patrão. — Se-senhor… SENHOOOOORRRR!!!!

—  Que gritariiia é essa? — indaga Leonor, abrindo a porta, com os cabelos cheios de bobes, num pijama rosa enfeitado de estrelinhas. — Tinha de ser mesmo você! O que foi dessa vez? Viu passarinho veeerde?

—  Luara… Luara… — responde, afobada.

—  O que está acontecendo, Matilde? — exige Martim, num robe estampado. — O que tem Luara?

—  Vejam… — mostra-lhes a santinha…

—  O que é iiisso??? — observa Leonor, sem entender. — Ah, dessa eu já tenho, obrigado!

Diferentemente da esposa, o general recolhe as duas partes e se cala. Lembra-se do dia em que a mãe presenteou a empregada com a santa trazida da cidade portuguesa de Fátima:

—  Eu lhe trouxe um presente, boa Matilde.

—  Boooa??? Só se for para a senhora… — ironiza Leonor, enciumada.

—  Por favor, mulher! — repreende o marido.

—  Que graça! — sorri a empregada, abraçando a estátua com carinho.

—  Guarde-a contigo! Será sua protetora!

—  É linda demais!

—  Nem taaanto, mestre! — provoca a mãe de Luara. — Dessa tem um monte nas bancas de Ceilândia, né, não, Cleeide?

—  Isso é verdade! Meu pai tem até um vizinho que traz uns santinhos esquisitos do Paraguai para vender na feirinha… — responde a fofoqueira, para a ira de Martim, que lhe faz o sinal para que se cale.

—  Tenho até medo de segurar, vai que ela cai, eu não me aguentaria — revela a empregada.

—  Ela só ruirá quando algum mal chegar perto de ti; se isso acontecer, junte os cacos e a imagem de quem estiver precisando logo lhe virá à mente.

—  De onde tirou isso, mãe? — pergunta o homem, curioso com as palavras de Dona Beatriz.

—  Não sei, filho, apenas senti, como se alguém soprasse aos meus ouvidos; tem coisas que nem a razão é capaz de esclarecer.

Após recordar-se da cena, Martim fixa-se os olhos da mulher, fazendo a pergunta cuja resposta mais temia em ouvir:

—  Qual a pessoa… que… que lhe veio à mente, Matilde? A empregada desaba em lágrimas, negando-se a responder.

—  Meu pai do céu, não é possível… Será??? — por algum motivo, a história do carro preto lhe ressurge como um prenúncio de que realmente havia algo errado. — Luara não está, não é?

—  DEVE ESTAR CHAPAAANDO O COCO, VIRANDO

A GARRAAAFA… — espreguiça-se Leonor, não compreendendo a gravidade dos fatos.

—  Cale essa boca, mulher! Nossa filha corre perigo!

—  Que naaada, ela foi àquela boate chiiique, cheia de gente grã-fina como a gente; deve estar dando uns bons amassos naquele gostoooso do Nicholas ou no herdeiro de algum senador… Dá até um calor!!! — abana-se.

—  Olha o respeito! — exige o homem.

—  E eu tenho cuuulpa de que você está velho e feeeio? Bom procurar o dermatologiiista, Melanciiia, porque sua pele está toda manchada; aproveite e converse também com um nutricionista, essa barriiiga saliente está me incomodando… Que horrooor! O cara acabou de passar para a reserva e já entregou os pontos.

—  CHEEEGA! Vá se deitar antes que eu cometa uma loucura.

—  Calma, Bete! — entra no quarto, coçando as costas. — Boa noite para vocês!

—  Chame a polícia, Matilde, Luara precisa de ajuda.

—  O senhor também se lembrou? — refere-se às orientações de Dona Beatriz.

O homem confirma com a cabeça.

Longe dali, Egídio tenta uma forma de fugir do local. Os outros capangas, do lado de fora, temem a polícia e ameaçam abandonar o serviço. Atordoado, não atende as novas chamadas do patrão, que teme pelo fracasso da operação.

—  Estou tentando falar com Egídio de novo, mas ele não atende, Aurora!!! Merda!!! Precisamos agir rápido, antes que a polícia chegue em nós.

Tomada pelo transe, a cigana sopra algumas palavras aos ouvidos de Álvaro, que as recebe, ainda que não saiba de onde elas tenham vindo.

—  Saia daí agora, desça com a garota pela escada lateral, atrás do palco há uma porta bem discreta, que leva até o estacionamento. Vá, o seu tempo está acabando… — orienta a mulher, abrindo-lhe os caminhos.

—  Venha comigo!!! Você precisa — o bandido estende as mãos a Luara, que se nega, ao notar a arma à cintura dele.

—  Vo-vo-você vai me ma-matar??? — chora em soluços, toda ensanguentada.

—  Nunca! Mas precisamos ir…

—  Eu não posso, meus pais me esperam. Me deixe ir, por favor!

—  Eu bem que gostaria! Mas…

Até pensa em deixá-la partir, mas a voz da cigana o impede.

—  Vamos, não quero lhe fazer mal.

Perdendo a paciência, Egídio dá uma coronhada na garota, que desmaia.

—  POR QUE VOCÊ FEZ ISSO???????? — Álvaro parte para cima do comparsa. — QUEM VOCÊ PENSA QUE É????

—  Fica na sua, xará, a polícia está chegando, vai querer passar umas férias no xilindró? Cê é otário demais! Como pensei, está balançado pela filhinha de papai. Como pode ser tão burro?

—  Cê é louco, cara? Eu… eu… — não consegue se explicar.

—  Depois de tudo que aconteceu aqui esta noite, sua sorte não será a mesma. O patrão virá com tudo, não entende? Era para ser algo discreto e veja no que virou… Agora vamos tentar arranjar um jeito de sair daqui!

Com Luara nos braços, Álvaro pede ao comparsa que o siga. Passam pela multidão e chegam até onde a cigana lhe havia orientado. De fato, a porta dá num corredor, que finda no lugar esperado.

Hedonê perde muitos adoradores e cobra da Noite uma compensação, que a ignora, preparando o bote para aprisionar muitos que lá estavam, inclusive Luara e seus sequestradores.

Com a garota no banco de trás, eles se preparam para deixar o local, as sirenes da polícia se aproximam. Egídio é o único que não embarca, opta por seu veículo, que está a poucos metros da entrada da boate.

Dois brutamontes, além de Luara e Álvaro, disparam em alta velocidade pelas ruas de Brasília e, no último trecho, antes de acessarem a rodovia, o pneu estoura ao bater em uma guia, o bandido pisa no freio, o carro rodopia, colidindo-se com outro, que vinha em sentido contrário.

A Noite zomba da ingenuidade humana…

_____________

1. Músico goiano, cantor e compositor. Profissionalizou-se em 2004, somando 16 anos de carreira. Em 2015, foi diretor da própria escola de música. Participou de diversos festivais musicais locais e nacionais, entre eles o FICA (2018). Desde então, atua como intérprete, cantor e compositor predominantemente em Goiás.

autor
Carlos Mota

com ilustrações de
Andrea Mota
 
elenco
Luara
Álvaro
Aurora
Diana
Martim Vaz
Leonor Moreira Vaz
Beatriz Vaz
Matilde
Cleide
Eufrásio
Sofia
Luizinho como Patrão e Camaleão
Egídio
Enrico
Português

trilha sonora
Immortal - Thomas Bergensen
 
produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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