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Ciranda: Aventura Interdimensional - Capítulo 10

Novela de M. P. Cândido
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No capítulo anterior Drica não viaja com a Imã e Belchior, que conseguem se teletransportar para o mundo em que estão os rapazes, mas Carlito sofre um ataque.



CAPÍTULO 10 - A VIDA SEMPRE ENCONTRA UM JEITO

Drica acomoda Imã na poltrona do escritório, depois olha para os meninos. Rui é quem mais a preocupa pois não parece bem, coloca a mão na testa dele, ouve os batimentos cardíacos, depois corre a pegar uma toalha molhada e torce a água na boca dele. O corpo respira normalmente, mas quase engasga com o líquido na garganta. Os espasmos provocados assustam Drica, levanta o corpo rechonchudo de Rui a fim de facilitar a respiração, só o torna a deitar após perceber que voltou a respirar normalmente. Depois olha para Carlito, mas ele parece estável, “uma preocupação a menos”, pensa.

Drica continua a ronda, passa pelo quarto da mãe da Imã e ela dorme profundamente, “ótimo!”, segue até o quarto da Tiana. Mesmo sabendo que a senhora está desanimada, abre a porta devagar para não provocar ruídos, toma um susto, a cama está vazia e arrumada. Drica, entra desesperada pelo quarto tentando entender a situação, “meu Deus, será que a tia se transportou de corpo e tudo para a fantasia?” imaginou. Um burburinho vem da cozinha, Drica corre para ver o que acontece e encontra Tiana próxima ao filtro de água.

— Ti-Tiana?

— Minha filha, graças a Deus. Cadê os meninos? Eu me separei deles quando vim pra cá.

— O-os meninos? Bem, achei que a senhora estivesse com eles. — Drica responde perplexa.

— Sim, a gente estava voltando, mas aconteceu alguma coisa, de repente um clarão... não sei direito.

— Será que houve alguma interferência da Imã indo e vocês voltando?

— A Imã voltou ao mundo da fantasia?

— Sim, ela foi buscar vocês.

— Por que ela fez isso? Que dia é hoje?

— Nós viajamos ontem, hoje faz um dia que a senhora e os meninos estavam lá.

— Então, os meninos não voltaram?

— Não, só a senhora.

— Onde eles estão?

— Lá no escritório, a gente acomodou lá atrás do sofá com um cobertor e travesseiros.

— Já tem muito tempo que estão nesses mundos. Isso é perigoso. — Tiana pensa na saúde dos rapazes.

— Acha que a Imã irá encontrá-los e trazer de volta?

— Não sei.

Tiana se levanta, caminha pela cozinha, abre o armário onde estão seus remédios e escolhe alguns. Apesar do rigoroso controle medicamentoso, a Tiana goza de boa saúde, Drica a observa para prestar qualquer ajuda que precise. Ela também apanha apetrechos medicinais e bolsas de soro fisiológico. Faz sinal para que Drica se aproxime e coloca nas mãos delas os sacos e seringas.

— O que é isso, tia?

— Enquanto a Imã não retornar, nós temos que manter os meninos hidratados. Também teremos que movimentar braços e pernas para ativar a circulação sanguínea.

— A senhora é enfermeira?

— Muito mais que isso, cuidei de um homem que necessitou de cuidados médicos por muitos anos até ser transferido para o hospital.

— O vô Táquio?

Tiana não responde, passa pela menina e se dirige ao escritório. Prepara todo aparato de uma mini UTI e começa a hidratação dos rapazes. Depois pega no braço de Carlito e faz movimentos circulares, massagens no peito e pernas. Pede que Drica repita tudo com Rui. Imã, por enquanto, não precisa de cuidados.

Por causa do esforço e a fraqueza, Tiana senta resfolegante. Drica se preocupa, mas a senhora a tranquiliza.

— Eu estou bem, é apenas uma indisposição passageira. Cadê a Ziza?

— Ela tá dormindo lá no quarto dela.

— Dormindo a essa hora?

Drica fica nervosa, não queria contar a Tiana que a mãe da Imã está sob o encantamento do senhor Belchior. Mas, a senhora desconfia da situação e vai até o quarto para verificar.

Ela senta ao lado da Ziza, coloca a mão em sua testa, depois olha para Drica, com expressão bem séria.

— Fala!

— É que...

— O quê?

— Sabe, o senhor Belchior, quando chegou disse que viu a tia chorando muito e cantou para que ela se acalmasse, daí ela dormiu e nós a colocamos aqui.

— Então ela foi enfeitiçada por aquele pássaro grande?

— É, mais ou menos isso.

Tiana não reage com espanto, apenas acomoda melhor a mulher e a cobre. Saem do quarto, fechando a porta. Drica se sente responsável.

— O que a gente faz agora, tia?

— Rezamos para que Imã volte logo com os meninos, não podemos fazer mais nada.

Tiana se afasta para a sala, toma um retrato da estante com a imagem de Imã e vô Táquio e senta no sofá com lágrimas nos olhos. Drica apenas a acompanha em silêncio.

No mundo das máquinas, Imã está com Rui desacordado em seu colo, a respiração dele ficou serena, o que tranquiliza a menina. O trio está em um cômodo confortável, refrigerado, asseado e bem iluminado, apenas um forte cheiro de combustível impregna o ar. Em um canto do aposento um autômato com forma humanóide feminina permanece imóvel, como se estivesse desligado. Pouco tempo depois, Rui desperta.

— Nossa, eu tavo passando muito mal.

— E como está agora? — Imã se surpreende.

— Melhorei. O estranho é que não me lembro de ter comido nada diferente, aliás, não comi nada desde que começamos este vai-e-vem.

— Talvez seu corpo esteja sofrendo com abstinência, vocês estão há muito tempo fora do mundo real.

— Pô, mas então por que melhorei agora?

— Não sei dizer, talvez...

— O quê?

— A Drica não veio com a gente, talvez ela esteja cuidando de você e agora estabilizou seu corpo. Pode ser isso.

— O que aconteceu com a Drica?

— Ela largou a minha mão antes da gente se transportar, com certeza ficou no mundo de vocês. — Belchior esclarece.

— Quem é você?

— Ah, Rui, desculpe, esse é o senhor Belchior na forma humana.

— Vocês têm muitos nomes. Eu sou o rouxinol Belchior, Sir Gallagher. — Belchior faz uma reverência.

— Caraca, maneiro... — Rui olha para os lados — Cadê o C3? O Sir Machado?

Imã abaixa os olhos.

— Assim que chegamos nesse mundo, vimos o Sir Machado com um robô e ele me chamou, mas aconteceu um brilho intenso e ele sumiu, não sei dizer o que aconteceu, mas temo que não deve ter sido nada bom... esses robôs...

— O que tem? — Rui levanta e começa a caminhar verificando o próprio corpo.

— Eles nos trouxeram até aqui, recolheram as cirandas e acho que fizeram algum mal ao Sir Machado.

— Eu não acho. — Rui apalpa os bolsos e comprova que também está sem a ciranda, mas como sempre, sua atitude descontraída deixa Imã e Belchior intrigados.

— Por que diz isso, Sir Gallagher? — Belchior ampara o amigo para ajudá-lo a se equilibrar.

— Porque se quisessem nos fazer mal, a gente já era e não há motivos para isso. Veja, são máquinas, acredito que tenham inteligência artificial baseada na lógica racional e neste momento não somos ameaças a eles.

Nesse instante, o autômato reage.

[— O senhor está correto.]

Imã e Belchior trocam olhares, Rui se aproxima.

— Você estava nos ouvindo?

[— Exato.]

— Onde está a população daqui?

[— Os orgânicos não estão na cidade há muito tempo.]

— O que aconteceu?

[— Nós fomos criados para servir aos orgânicos com a intenção de ajudar nas tarefas laborais, mas o que aconteceu foi acentuação do isolamento entre eles, causando muitas doenças psico-mentais. Os orgânicos passaram a realizar conosco as piores lascívias, chegando ao cúmulo de se sentirem mais confortáveis e seguros na companhia das máquinas do que dos semelhantes. — enquanto narra, os olhos do autômato projetam imagens tridimensionais representando cenas do cotidiano entre as pessoas e as máquinas, algumas fazem Imã e Rui virarem os olhos envergonhados — As hostilidades e repulsas chegaram a níveis tão altos que nem as leis conseguiram refrear as contendas. A população reduziu drasticamente e culminou com o desaparecimento do último indivíduo, sem possibilidade de reprodução.]

— Caramba, e quando isso aconteceu?

Antes que pudesse responder, outro autômato entra no cômodo.

[— Vocês são solicitados ao salão de conferência.]

A voz mecânica e sem entonação incomoda, mas não intimida, o trio segue o autômato com Rui a frente. O lugar está repleto de máquinas autônomas, em todos os formatos e tamanhos, desde pequenos como carrinhos de brinquedos a grandes do tamanho de guindastes. O trio atravessa o salão passando pelo meio deles e se colocam lado a lado em frente a um grande telão que exibe imagem tridimensional.

[— Sejam bem vindos a X1-Paia, cidade-modelo.]

Imã se apresenta.

— Muito prazer, eu sou a Princesa Macar e esses são meus cavaleiros, Sir Gallagher e Sir Belchior.

[— Eu sou UMa-001/01, a matriz geral da cidade. Estendemos as boas-vindas por tê-los conosco.]

— Por que estamos sendo retidos nessa área?

[— Absolutamente, vocês têm permissão para ir e vir aonde quiserem.]

Rui toma a palavra.

— Aí, diz uma coisa, cadê as criaturas orgânicas que construíram vocês?

[— Nossos criadores sofreram com as influências temporais e nos deixaram para manter o sistema operacional.]

— Há quanto tempo o último orgânico morreu?

[— Em nossa contagem de tempo, registramos um lapso de um bilhão de ciclos. Porém, pelo que podemos observar, a sua datação de carbono tem uma configuração semelhante de contagem, por isso estimo que seja em torno de trinta e um anos.]

— E como são mantidos ativos nesse tempo?

[— Temos reservas de energia e instrução para compor nossa própria sustentação]

— E como é esse sustento?

Nesse instante, Imã retoma a palavra.

— Desculpe, mas precisamos dos objetos que vocês nos tiraram.

[— Sim, são objetos interessantes, entretanto totalmente desconhecidos para nós e não conseguimos analisar. Podem me dizer do que se trata?] A imagem das cirandas surge flutuando na frente do grupo.

“Imã, o que cê tá fazendo?” Rui sussurra no ouvido da amiga.

Imã se afasta para dar atenção ao telão.

— Se vocês nos devolverem, explicaremos o que é.

[— Perdão, mas não posso consentir a sua solicitação. Primeiro preciso avaliar a periculosidade que esse objeto representa.]

— O objeto nos pertence e nos foi retirado sem nossa permissão, vocês não têm esse direito.

[— É nosso dever zelar pela integridade das instituições, portanto, o direito coletivo prevalece sobre o individual. Estou captando alterações no seu padrão corporal. Por favor, queira responder meu questionamento.]

“Imã!” Rui se aproxima por trás e torna a chamar atenção.

“Rui, não podemos perder tempo com essas bobeiras que você quer saber.” Imã responde impaciente.

“Tá, mas deixa eu falar com ela agora.”

“Princesa Macar, aconselho a deixar Sir Gallagher tentar argumentar, a senhorita está perdendo o controle.” Belchior também acha boa ideia.

Imã dá um passo atrás.

— Com licença, dona Uma, eu sou Sir Gallagher e estou representando a Princesa Macar.

[— Registrado, prossiga.]

— Bom, estou autorizado a dizer que os objetos em si não representam nenhuma ameaça à X1-Paia, a não ser que eles estejam em contato conosco.

[— Improvável.]

— Como você sabe que é improvável?

[— ... Processando.]

— Olha, vocês são programados para reagir contra perigos iminentes que os impeçam de ser operacionais, certo?

[— Positivo.]

— Mas, se vocês não têm condições de analisar o objeto, como determinar se ele é perigoso?

[— Improvável.]

— Então, vocês precisam de um fator zero para estabelecer um protocolo determinante, né?

[— Sim.]

— E qual fator vocês poderiam utilizar como parâmetro?

[— Nesse momento...]

— Tô zuando! O fator somos nós.

Imã e Belchior ficam boquiabertos observando a desenvoltura de Rui entrevistando o telão.

[— Mas, vocês...]

— Olha, dona Uma, é muito simples: nós viemos com o objeto, logo é claro que o conhecemos suficientemente. Vocês já nos analisaram e sabem que somos orgânicos como seus criadores de muito tempo atrás, portanto se somos o valor fixo e conhecido, é através da nossa informação que vocês devem iniciar. Uma extrapolação simples, não acha?

[— Sir Gallagher, não tenho como discordar.]

— Vocês devem considerar que também não temos motivos para provocar qualquer mal à cidade.

[— Correto, nossos instrumentos não acusam nenhuma alteração em seu sistema nervoso, sou obrigada a reconhecer que suas informações são verdadeiras.]

Logo em seguida, um mecanismo dotado de bandeja e lagartas se aproxima do trio e abre uma comporta de onde saem as cirandas.

“Impressionante, Rui.” Imã apanha os objetos e entrega um para o amigo. “Como você...?”

“Só vou te dar um nome, James T. Kirk.”

“O quê? Ah, coisa de nerd, deixa.”

— Mais uma coisa, Uma. — Rui volta para o telão.

[— Pois não.]

— Tinha mais uma pessoa com a gente, poderia nos dizer para onde ele foi?

[— Não tive nenhuma participação no desaparecimento do integrante do seu grupo, não tenho como responder.]

Imã puxa Rui para trás.

— Tudo bem, Dona Uma, agradecemos a consideração e o voto de confiança. Belchior, pode fazer as honras?

— Sim, senhora.

— Espera! — Rui ainda fala com o telão — Dona Uma, eu só queria dizer que sinto muito pelo que aconteceu aos orgânicos e que nem todos nós somos assim. Tenham paciência porque, no fim, a vida sempre encontra um jeito.

[— O que é vida?]

Imã não deixa Rui responder.

— Vocês descobrirão.

Belchior inicia o canto e eles desaparecem.


Novela de
M. P . Cândido

Elenco
Imã vô Táquio Rei Gjorgy maga Cuca Tiana Rui Carlito Drica Tudão Cerol Renê Zara Ema Utah Sári Vento Participações Especiais Gualbe Beron Zebu Melo vó Nácia Tema Boom Boom Pow Intérprete The Black Eyed Peas
Direção
Carlos Mota

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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