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Tech - 1x02

Série de Dom Costa
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TECH




TEASER
FADE IN:
CENA 01 - INT. HALL DE ENTRADA, AGÊNCIA DA DEFESA NACIONAL (ADN) - NOITE
O edifício encontra-se cheio de pessoas, apesar da hora tardia. Agentes trabalham arduamente - lêem ficheiros, pesquisam na internet, fazem chamadas, investigam assassinatos...
Até que vemos um HOMEM ESTRANHO, com pouco mais de 30 anos, em pé. Traz uma mochila consigo, que protege a todo o custo. Observa tudo o que o rodeia. Nota-se que não pertence àquele lugar.
Um AGENTE está a falar ao telefone.
AGENTE (para o telefone): Sim, está a cargo do Jeremiah. (pausa) Exato. (pausa) Muito bem, eu envio os ficheiros.
Olha para cima, e vê o Homem. Acha estranho a presença dele.
AGENTE (para o telefone): Eu ligo-te já. (desliga, para o Homem) Posso ajudá-lo?
O Homem olha para o Agente, calmamente. Uma pausa. Parece distante.
AGENTE (chamando a atenção): Senhor? Posso ajudá-lo?

Abana a cabeça, voltando à realidade.
HOMEM ESTRANHO (pausa): Posso usar a casa de banho?
O Agente percebe que algo não está bem com o seu interlocutor.
AGENTE: Terceira porta à esquerda. (preocupado) Está tudo bem?
O Homem Estranho sorri, quase psicótico.
HOMEM ESTRANHO: Sim. (pausa) Sim, está tudo bem.
O Agente faz aquela expressão de "quem raio é este louco?"
CENA 2 - INT. CASA DE BANHO, ADN - NOITE
O Homem entra na casa de banho, sempre com a mochila bem protegida. Porém, agora que entrou, coloca-a no chão.
Olha-se ao espelho. Após alguns segundos, respira fundo e abre a torneira. Baixa a cabeça e molha a cara. Volta a olhar-se.
De seguida, tranca a porta. Abre a mochila e tira uma espécie de cilindro de metal. Observa-o, boquiaberto.
Tira também um computador portátil (futurístico), e liga-o. No ambiente de trabalho, conseguimos ver um ficheiro "OPERAÇÃO HOLE". Clica nele e abre uma série de códigos, impossível de designar e perceber.
Conecta o cilindro ao portátil, encostando-os um ao outro. Uma luz azul acende-se no local onde ambos se encontram.
Pressiona algumas teclas e uma mensagem surge no monitor do computador: INICIANDO TRANSFERÊNCIA.
O homem mostra mais um sorriso louco.
Assim que a transferência está concluída, desliga o computador e ativa o cilindro - este ganha luzes verdes no seu centro.
Guarda tudo dentro da mochila, exceto o cilindro. Sai da casa de banho --
CENA 3 - INT. HALL DE ENTRADA, ADN - NOITE
Com um sorriso psicadélico na cara, o homem caminha nos longos corredores da ADN. Dirige-se até ao elevador - pressiona o botão com o objetivo de "chamar" por ele.
Um "DING" e a porta abre-se. Entra.
CENA 4 - INT. ELEVADOR, ADN - CONTINUAÇÃO
O elevador está vazio. Dos 22 andares, o homem escolhe o 11º. A porta fecha-se.
Olha para o relógio que tem no pulso, fazendo contas mentais - fica confiante.
CENA 5 - INT. 11º ANDAR, ADN - NOITE
Outro "DING" e a porta do elevador abre-se, revelando o nosso sujeito. Este sai rapidamente.
Começa a caminhar a passos largos pelos corredores. Só para para olhar para um mapa que o seu relógio holograficamente mostra. Já situado no espaço, o homem volta a caminhar.
CENA 6 - INT. ESCRITÓRIO, ADN - NOITE
O escritório vazio, escuro, arrumado. A porta abre-se, dando passagem ao homem.
Colocando-se de joelhos, o homem passa suavemente o dedo indicador no cilindro, num trajeto específico. Um TZING e o cilindro abre-se, mostrando uma espécie de força negra.
GUARDA (O.S.): Hey. Você não pode estar aqui.
O homem olha para trás, calmamente, fitando o GUARDA.
HOMEM ESTRANHO: Nem você.
A força negra começa a crescer, lentamente -- e ao mesmo tempo que isso acontece, começa a sugar os objetos que a rodeiam.
O Homem Estranho levanta-se e passa pelo guarda, que continua estupefato a olhar para a força negra.
GUARDA: O que é que você fez?! O que é isto?!
A força negra cresce e cresce -- e percebemos que se trata de um buraco negro -- O Guarda vai atrás do homem.
GUARDA: O que é que se passa?!
Mas, VUUUUSH! - Também é sugado, não lhe valendo de nada os gritos.
CENA 7 - INT. HALL DE ENTRADA, ADN - NOITE
O teto do Hall está a ser puxado pelo buraco. Toda a gente está em caos, gritando e tentando agarrar-se a mesas, cadeiras, tudo o que for útil -- mas nada é útil contra aquela força.
O Agente olha para o Homem Estranho, que vai a caminho da saída, calmamente e sem dificuldades.
AGENTE: Socorro!
CENA 8 - EXT. AGÊNCIA DA DEFESA NACIONAL (ADN) - NOITE
No céu vemos o buraco negro, maior que nunca. Está a sugar o edifício inteiro e tudo o que o rodeia - carros, postes de iluminação, parquímetros, tudo...
O homem sai do edifício. Dirige-se até ao outro lado da rua, sentando-se num banco. Tira uma sanduíche da mochila e come-a.
O buraco negro suga todo o edifício - os gritos desaparecem, e o espaço onde se encontrava a ADN passa a ser apenas um monte de areia e terra. Num sopro, o buraco acaba por sugar-se a si próprio, desaparecendo.
Após terminar a sua sanduíche, o homem vai até ao local onde estava a ADN. Tira uma carta do bolso e deixa-a cair.
Assim que toca no chão, vemos que tem uma BALANÇA desenhada - o símbolo da justiça.
SMASH TO BLACK.
FIM DO TEASER



1x02 - ESPELHO

ATO UM
FADE IN:
CENA 9 - EXT. MOSTEIRO GREGO - DIA
KANTRIX está em frente ao edifício visto nos últimos momentos do episódio anterior. Caminha até à enorme porta. Observa-a com atenção e tenta abri-la. Nada. Força-a. Mas sem sucesso.
Olha ao seu redor.
KANTRIX: E agora?
Fecha os olhos e respira fundo.
CENA 10 - INT. SALA DE AULA - FLASHBACK
Uma sala de aula futurista, com vários quadros de artefatos e uma pequena bandeira dos Estados Unidos na parede.
Os Discípulos estão sentados em mesas individuais, e em frente deles está um MESTRE, vestido de branco.
Kantrix está ao fundo da sala, notoriamente contra a sua vontade. Parece estar três ou quatro anos mais novo.
MESTRE: Por vezes, as respostas para encontrar artefatos estão nos sítios mais improváveis e nas formas mais estranhas. (pausa) Para se abrir um cofre pode ser preciso uma chave que está escondida debaixo de água. (pausa) Abrir uma porta pode requerer mais do que uma simples maçaneta. Poderá ser necessário encaixar peças.
O Mestre repara que Kantrix está distraído.
MESTRE (para Kantrix): Ou então, poderá ser necessário estar atento à aula, Mister Luther.
Kantrix reage ao ouvir o seu nome. Olha para o Mestre, incomodado.
KANTRIX: Eu estou ouvindo.
MESTRE: Não estou dizendo isto só porque sim. Posso estar a prepará-lo para solucionar um problema, num futuro não muito longínquo.
KANTRIX: O meu futuro não se resolve com meia dúzia de pedras.
O Mestre sente-se insultado.
MESTRE: Pedras? É assim que designa estes... (aponta para os quadros) ...artefatos?
KANTRIX: E então? Estou errado?
O Mestre aproxima-se de Kantrix, severamente.
MESTRE: Sabe uma coisa, Mister Luther, eu não gosto de pessoas petulantes. E sabe o que faço às pessoas que são petulantes?
Kantrix olha para o Mestre, sem um pingo de medo - aliás, consegue sentir-se a coragem e o sentimento de revolta.
MESTRE: Mando-as para a Solitária. Um mês.
KANTRIX: Vá em frente, faça isso. Ficarei tão agradecido.

MESTRE: Ainda assim, insiste em o ser.

KANTRIX: Tudo para não ter que olhar para esse seu focinho.

Uma pausa. O Mestre absorve toda a informação.

MESTRE: Solitária. Dois meses. Só pão e água.

KANTRIX: Com todo o gosto.

CENA 11 - EXT. MOSTEIRO GREGO - DIA

Kantrix ri, ao lembrar aqueles momentos.

KANTRIX (rindo): O sacana ainda disse qualquer coisa com utilidade.

Olha para o mosteiro, e depois leva as mãos às paredes. Pesquisa-as e sente todos os detalhes. Até que...

Encontra um buraco, com uma forma peculiar: em forma de estrela de Davi. Sorri.

KANTRIX: Aí estás tu.

Kantrix vai até a uma caixa que se encontra lá perto - aquela onde ele viu as informações sobre a segunda peça - e abre-a. Vasculha rapidamente por entre todos os papéis até que vê uma pedra com a mesma forma do buraco.

Volta até à parede com o buraco e encaixa o achado.

Ouve-se uma fechadura a abrir-se. Kantrix olha para a porta, sorridente.

CENA 12 - EXT. LABORATÓRIO ANTIGO - NOITE

Uma van branca acaba de chegar. As suas luzes impedem-nos de ver quem está a conduzi-la. Quando se desligam, vemos que é FORD LUTHER. Olha para o edifício, preparando-se para uma noite longa.

CENA 13 - INT. LABORATÓRIO ANTIGO - MOMENTOS DEPOIS

Ford entra no Laboratório, no entanto, não liga as luzes. Traz consigo, às costas, uma mochila.

POV ARMÁRIO: As portas do armário abrem-se e vemos Ford. Retira armas de lá.
Ford abre gavetas, embaixo do armário, e tira munição. Carrega as armas, uma a uma, e em seguida, coloca-as dentro da mochila. Quando já está tudo dentro da mochila, fecha-a. Vai até à porta, olha para o Laboratório uma última vez antes de sair.

CENA 14 - EXT. EDIFÍCIO TECH - NOITE

A van branca estaciona num beco, em frente ao edifício. Ford está no interior. Olha para a porta de entrada, atentamente.

Dois guardas protegem o edifício - um em cada lado do símbolo "TECH". Ford sai da van e vai até à traseira dela. Abre-a e tira a mochila. Faz deslizar o fecho da mochila, revelando uma ARMA. Guarda-a debaixo do casaco. Em seguida, caminha até à parte da frente da van e observa, escondido nas sombras, o edifício.

Respira fundo e avança - de passos firmes.

CENA 15 - EXT. CENTRAL PARK - NOITE

VISTA AÉREA DO PARQUE. Está diferente - deixou de ter a utilidade que tinha. Agora é o terreno de uma mansão - uma gigante mansão.

Um carro para mesmo em frente à mansão. A porta do veículo é aberta por um chofer. Wanda sai, séria. Dirige-se, acelerada, para o interior do seu enorme lar.

CENA 16 - INT. QUARTO, MANSÃO FITZGERALD - NOITE

Um quarto gigante - dois andares, uma cama super clássica, com vários candelabros iluminando o local. Colunas massivas seguram jarras de flores brancas. Uma escada em caracol dá acesso ao segundo andar.

Wanda entra no quarto. Tira os sapatos e deita-se na cama. Abre a mesa-de-cabeceira e tira um pequeno diário, com aspecto antigo. Cansada, Wanda lê.

VOZ MASCULINA (V.O.): Voltou a acontecer. O pesadelo da noite anterior - porém parecia bem mais real. Um passo meu acionava um disparo instantâneo.
(pausa) Sinto que posso ser baleado a qualquer momento. (pausa) Sinto-me perseguido.

FOCO NA EXPRESSÃO DE WANDA, triste e vingativa.

VOZ MASCULINA (V.O.): Tenho plena consciência de que a minha morte representa uma vantagem para a União da Justiça e que iria acarretar várias consequências, não só para o meu país mas principalmente para a minha família. Não posso deixar isso acontecer. (pausa) Neste momento, só a pequena Wanda pode salvar a situação. (pausa) A TECH deve continuar.

Uma lágrima cai do olho de Wanda - não dá para perceber se é raiva ou tristeza.

Fecha o diário e volta a colocá-lo na mesa-de-cabeceira. Desalentada, Wanda abraça uma almofada. Chora, expulsa os seus sentimentos.

CENA 17 - EXT. EDIFÍCIO TECH - NOITE

Continuando os momentos anteriores, Ford marcha firmemente até ao local onde se encontram os dois guardas.

GUARDA: Boa noite. Posso ajudá-lo?

Ford suspende o andamento assim que é questionado.

FORD (pausa): Não. Preciso entrar lá dentro.

GUARDA: Lamento imenso, mas os serviços da TECH já encerraram. Volte amanhã de manhã.

A fúria cresce em Ford, quase a explodir.

FORD: Não preciso dos vossos serviços. Estou aqui para outra coisa.

O Guarda começa a desconfiar da conversa de Ford. Olha para o seu colega de vigia.

GUARDA: Vou ter que lhe pedir que se retire da área, imediatamente.

Ford encolhe os ombros.

FORD: Muito bem.

Ford vira as costas, no entanto, leva a mão ao casaco e SACA A ARMA. Dispara um tipo de feixe de luz contra os dois guardas, sem estes terem tempo de reagirem - são projetados contra a parede, caindo no chão, inconscientes. Com o caminho livre, Ford entra no edifício.

CENA 18 - INT. EDIFÍCIO TECH - CONTINUAÇÃO

Assim que entra, Ford aponta a arma para um guarda que está atrás de uma secretária - o mesmo feixe de luz com o mesmo fim para o guarda. Uma RECEPCIONISTA grita, em pânico.

RECEPCIONISTA: NÃO, POR FAVOR!

Ford olha para ela. Ainda está tentado a dispara. Todavia desiste e avança em direção aos elevadores.

A Recepcionista aproveita e pressiona um botão de segurança que está debaixo da mesa, etiquetado como "ALARME DE EMERGÊNCIA".

CENA 19 - INT. SALA DE VIDEOVIGILÂNCIA, TECH - NOITE

A sala tem vários monitores, que mostram as imagens das câmaras de videovigilância do edifício. Num dos monitores - onde podemos ver a legenda ENTRADA - está Ford, à espera do elevador.

Um VIGILANTE está sentado numa cadeira, quase a dormir. Um ALARME soa, ele desperta imediatamente e depara-se com a imagem de Ford. Atrapalhado, o Vigilante pega num walkie-talkie futurista.

VIGILANTE: Temos uma situação no Hall de Entrada!

CENA 20 - INT. CORREDORES, TECH - NOITE

Logo após ouvir esta informação, um outro guarda começa a correr, sério.

CENA 21 - INT. HALL DE ENTRADA, ADN - NOITE

O elevador chega, a porta abre depois de um "DING!" simpático. Ford entra e pressiona um botão. A porta fecha-se.

CENA 22 - INT. CORREDORES, TECH - NOITE

Quatro guardas estão à porta do elevador, firmes. Segundos depois ouvimos novamente o "DING!" - a porta volta a abrir-se. Ford olha surpreso para os guardas. Levanta a arma mas - TZUNG! -- um laser verde o atinge, fazendo-o tremer. Cai de joelhos, olhos fixos na cara dos guardas.

GUARDA (para walkie-talkie): O apanhamos.

Ford treme uma última vez e fecha os olhos.

LOREEN (O.S.): E ele não te disse onde foi?
CORTA PARA:
 
CENA 23 - EXT. FEDERAÇÃO DO GOVERNO LOCAL - MANHÃ

HERMAINIE e LOREEN chegam ao FGL. Vão em direção à entrada. Hermainie está com uma roupa formal e Loreen usa uma bata branca, como as dos cientistas.

HERMAINIE: Não. Saiu cedo, só deixou uma mensagem dizendo que não queria ser interrompido nas próximas horas.

LOREEN: Isso provavelmente quer dizer que está trabalhando no laboratório.
(pausa) O pai é como eu. Não gosta que o pertubem enquanto pesquisa.

HERMAINIE: Podia, pelo menos, ter me avisado. (pausa) Fiquei preocupada. Principalmente depois daquilo que aconteceu ontem.

LOREEN (tranquiliza a mãe): Ele já superou isso. Com certeza não lhe vai passar pela cabeça aproximar-se da TECH. (pausa) Além disso, ele me falou de um projeto em que estava trabalhando; mostrou umas notas e aquilo dá um bocado de trabalho.

HERMAINIE: Só espero que tenhas razão. Não quero ter mais nada com que me preocupar.

Loreen percebe o que a mãe quis dizer.

LOREEN: É o Kan, não é?

As duas param. Hermainie respira fundo - uma sensação de desassossego.

LOREEN: Mãe, vá lá. Você não pode se massacrar com isso.

HERMAINIE: O teu irmão está a correr perigo de vida neste momento. E por mais que... (pausa) Eu... eu me sinto culpada.

Loreen fica surpreendida.

LOREEN: Culpada?

HERMAINIE: Culpada, preocupada, irritada... (pausa) Por mais que tente discriminar o teu pai pela atitude que teve, eu o compreendo. E há uma parte de mim, e não te consigo dizer o quão forte é, que quer retaliação. (pausa) Este sentimento de vingança é horrível. Pensar em matar quando isso vai contra os meus limites--

LOREEN (interrompe) Wow, mãe! Calma aí! Matar?

Uma pausa. Trocam olhares - Loreen assustada, Hermainie preocupada.

HERMAINIE: Eu sei...

LOREEN: Está sofrendo um problema grave de dissonância cognitiva.

Espantada, Hermainie olha para a filha.

LOREEN: Acredita em mim. Isso é grave.

Uma pausa. O desespero de Hermainie vem ao de cima, levando-a a retomar o passo. Loreen olha de um modo incrédulo para a mãe.

LOREEN: Tudo bem. Faça como quiser.

Loren a segue.

CENA 24 - INT. FEDERAÇÃO DO GOVERNO LOCAL - MANHÃ

Várias pessoas trabalham em frente a computadores, rabiscam papéis, lêem processos... fazem tudo o que um agente do FGL faria.

A controlar a situação está DAN SMITH, com pouco mais de 30 anos - ar juvenil, aventureiro, radical. Não se parece adequar ao perfil de um agente federal.

DAN (para o telefone): Sim senhor. Eu irei mandar imediatamente os agentes responsáveis pelo caso para o terreno.

Hermainie entra na sala, surpreendendo Dan.

DAN (para o telefone, olhando para a colega) : Dentro de uma hora? (pausa) OK. Até já.

Hermainie chega até ao pé do seu patrão/colega, sentando-se na sua secretária.

DAN: Não era para estar de férias?

HERMAINIE: As circunstâncias mudaram. (pausa) Decidi voltar mais cedo.

DAN:Voltar de onde? Posso saber qual era o destino?

Hermainie encara Dan. Há alguma ironia no seu sorriso.

HERMAINIE: Sim. (pausa) O meu sofá.

Uma pausa. Um momento de reflexão de Dan e de seguida, este percebe a mensagem. Apesar de indignado, Dan entrega-lhe um ficheiro.

DAN: Ia entregar ao Farnsworth, mas como aqui estás.

HERMAINIE: Outro caso da União?

Hermainie abre o ficheiro e investiga todas as informações lá contidas.

DAN: Não sabemos. (pausa) Tens uma hora para ir ao local onde ficava a Agência da Defesa Nacional.

Uma expressão de dúvida por Hermainie.

HERMAINIE: Ficava? (pausa) Eles mudaram-se, foi?

Dan ressalta as suas sobrancelhas.

DAN: Mais ou menos.

CENA 25 - EXT. AGÊNCIA DA DEFESA NACIONAL (ADN) - MANHÃ

Ao contrário do que vimos no teaser, a área está cheia de carros da polícia e ambulâncias, que cercam a área. Cidadãos curiosos espreitam aqui e ali por cima dos ombros dos agentes, tentando obter informação. Agentes falam com os media, sendo visível que estão a ser restritos com as informações que passam.
Hermainie, Loreen e SCOTT FARNSWORTH (28) chegam ao local. Loreen já está sem a bata. Um homem fardado aproxima-se dos três, apressado. É ALISTAIR.

ALISTAIR: Bom dia, eu sou o Agente Especial Alistair McGills. Estou com o departamento de investigação de Washington.

Estende a mão a Hermainie, sorrindo-lhe.

HERMAINIE: Agente Luther. (aponta para os acompanhantes) E estes são o Agente Estagiário Farnsworth e a Doutora Loreen Luther.

Scott e Alistair apertam mãos - Loreen, por outro lado, avança de imediato para o local onde estava o edifício. Olha para o céu, surpresa.

LOREEN (irônica): Falta aqui qualquer coisa.

ALISTAIR: Civis reportaram que ouviram gritos durante a noite e afirmam ter sentido um tornado a passar por aqui.

HERMAINIE (surpresa): Um tornado?

ALISTAIR: Meteorologistas confirmam que não há registros de qualquer evento desse padrão nas últimas vinte e quatro horas.

SCOTT: O que tornam as coisas ainda mais estranhas.

Scott e Hermainie olham para o local onde se encontrava o prédio.

HERMAINIE: Mesmo que fosse um tornado, deixaria destroços e afetaria toda a área, não apenas um edifício.

Ao pé de um carro da polícia, vemos um AGENTE POLICIAL a chamar por Alistair, preocupado.

ALISTAIR: Vou deixar-vos a fazer o vosso trabalho.

Com um sorriso forçado, Hermainie consente.

HERMAINIE:
Obrigada.

Loreen continua a analisar o local, usando um dispositivo que mais parece um celular.

HERMAINIE (para Loreen): Já tens alguma coisa?

LOREEN (atenta): Ainda não. O Analisador está examinando o ar e todos os componentes que passaram por aqui nas últimas vinte e quatro horas. Ainda vai demorar algum tempo para ter uma resposta concreta.

Scott passa o laser amarelo que protege a área, chegando até ao exato local onde se encontrava o edifício. Olha para o chão. Avalia-o.

SCOTT: Do chão para baixo não passou.

Hermainie segue o parceiro de trabalho. O seu olhar desce até encontrar algo... A CARTA COM A BALANÇA.

HERMAINIE: Pelo menos há a certeza de quem fez isto.

Hermainie pega nela, intrigada.

SCOTT: A União da Justiça?

Mostra a carta a Scott.

HERMAINIE (convicta): Com toda a certeza.

A cara de Scott mostra medo. Loreen aproxima-se dos dois agentes.

LOREEN: Já tenho resultados.

HERMAINIE (ansiosa): E?

LOREEN: Um buraco negro foi criado nesta mesma zona.

Tirando Loreen, todos ficam espantados com a resposta.

HERMAINIE: Um buraco negro?

LOREEN (explicativa): De origem tecnológica. Usando alguns dos compostos utilizados em antigos ataques da União da Justiça.

Uma pausa. Hermainie mostra a carta a Loreen. Esta faz uma expressão de "estamos tramados". Scott continua nervoso com a situação.

HERMAINIE (para Scott): Ainda há dúvidas?

Alistair aproxima-se novamente do nosso grupo - passo rápido, sério. Traz consigo um disco rígido.

ALISTAIR: Mandaram entregar isto.

Alistair estende o HD a Hermainie.

HERMAINIE: Para nós?

ALISTAIR: São imagens das câmaras de segurança da última noite. (pausa) Nós não temos autorização para vê-las, por isso temos que entregá-las a quem tenha.

Hermainie pega no disco. Olha para Scott e Loreen, com satisfação.

HERMAINIE (para Alistair): Obrigada.

Alistair abandona o local, quase a correr. Loreen olha para a mãe.

LOREEN: Então? Quando é que vamos começar a festa?

CENA 26 - INT. MOSTEIRO GREGO - DIA

Kantrix caminha pelos corredores do Mosteiro. Leva na sua mão um mapa, para o qual vai olhando enquanto investiga o local.

Ouvimos o som de um morcego. Um morcego com o dobro do tamanho. Kantrix nem levanta o olhar do mapa. Tira a sua arma de um bolso especial e DISPARA - matando a criatura.

Para, olhando para o animal morto.

KANTRIX: Assim nem tem piada.

CENA 27 - INT. SALA DAS PLATAFORMAS, MOSTEIRO GREGO - DIA

Kantrix entra na sala, sempre seguindo as indicações do mapa. Olha para a frente, parando de imediato.

KANTRIX: Isto não estava aqui.

Vemos então que a sala está cheia de altos e baixos, pedras deformadas, com vários metros de distância entre umas plataformas e outras - é este o caminho pelo qual Kantrix tem que passar. Preocupação é palavra que melhor descreve o estado do nosso herói. Ele volta a fechar os olhos.

KANTRIX: Eu consigo fazer isto.

Abre-os, para voltar a encarar a sala.

KANTRIX (menos confiante): Eu consigo.

Respira fundo. Recua dois passos, suspende todos os seus movimentos, fecha os olhos, ganha confiança, corre. A plataforma espera-o.

Salta rapidamente. Algo corre mal - um grito de medo, de desespero - Kantrix agarra-se rapidamente à plataforma. Olha para baixo. Respira fundo ao perceber que já podia estar morto. Puxa-se para cima.

Sorri de forma gloriosa, já em segurança.

Continua a saltar de plataforma em plataforma - nós acompanhamos tudo - por vezes, Kantrix quase cai, mas acaba por se salvar sempre.

Quando chega à penúltima plataforma, fica parado alguns segundos. Olha para trás - observa todo o percurso que fez.

Coloca os seus olhos sob a próxima plataforma. Inspira, contém a respiração, expira e relaxa os músculos.

Dá dois passos para trás e SALTA!

Em slow motion, vemos a sua cara de assustado.

KANTRIX: NÃO!

A sua mão quer apanhar algo, sem sucesso.

Esse algo é A PRIMEIRA PEÇA DO PÊNDULO! A peça cai ao fundo do precipício.
Kantrix quase cai com o desespero. No entanto a sua mão foi rápida o suficiente para se agarrar à plataforma. Assim que está seguro, olha para trás.

KANTRIX: Não...

No fundo do precipício vemos a peça a brilhar.

Foca na cara de Kantrix, irritado e pronto para enfrentar mais um desafio.
CORTA PARA:
CENA 28 - INT. SALA DE INTERROGATÓRIOS, TECH - DIA

A sala está vazia, apenas com uma cadeira, onde Ford está sentado - agarrado com umas algemas. Uma porta se abre, revelando Wanda e dois guardas. Ela vira-se para eles e faz sinal, para que não avancem. A porta fecha-se - Wanda fica de frente para ela. Lentamente, vira-se. Evita que os seus olhos contatem com os de Ford. Este sorri, irônico.

FORD: Se estás à espera de respostas, posso dar-te a cadeira. (pausa) Afinal de contas, vais ter que esperar sentada.

Wanda não acha um pingo de piada. Vemos um sorriso de fúria.

WANDA (séria): Onde é que conseguiste as tuas armas?

Uma pausa. Ford dá uma gargalhada. O sorriso de Wanda desvanecee, dando lugar à fúria pura.

FORD: Já te disse. (pausa) Espera sentada. Em pé cansará.

Wanda não gostou da resposta. Aperta o punho numa tentativa de se acalmar.

WANDA: Porque você atacou a TECH?

Ford olha para Wanda; quer levá-la aos limites.

FORD (a cantar): Espera sentada porque em pé cansará!

Wanda não está a gostar da brincadeira. Aproxima o seu rosto ao de Ford e olha-o nos olhos, agressiva.

WANDA: Sabes quem é que eu sou?

Uma pausa.

FORD: Quer a resposta?

WANDA (violenta): ME DIZ!

Outra pausa. A ironia de Ford desaparece.

FORD: Sei. Infelizmente, sei.

WANDA: Então sabe do que sou capaz!

Ele volta a sorrir, já cansado.

FORD: Sei. É capaz de destruir o mundo.

Wanda afasta, com uma gargalhada sinistra.

WANDA: Destruir o mundo? A sério?

Olha para Ford, séria.

WANDA: Isso é pouco.

FORD: Não estou falando do mundo onde nós vivemos. Estou falando da razão que prende muitas pessoas à terra. Os filhos.

Ford tocou num ponto fraco.

FORD: Crianças inocentes.

Wanda não reage, apesar de ter vontade de o fazer.

FORD: É capaz de tirar às pessoas razões para viver. (pausa) Sente-se bem com isso?

Wanda está com vontade de bater no seu interlocutor.

FORD: Eu não. Nem eu, nem o resto do mundo que vive no medo de ter os seus filhos retirados e condenados à morte.

Wanda volta as costas a Ford. Cruza os braços.

WANDA (mantendo a calma): Então é disso que se trata? Dos nossos métodos de exploração?

FORD (chocado): Métodos de exploração? Está brincando comigo, Wanda?

WANDA: É tudo pelo bem da humanidade.

FORD: É exploração infantil. Usar aqueles seres humanos inofensivos para procurar algo que muitas vezes é um mito.

Agora Wanda não parece nem um pouco tocada pelo assunto. A raiva que sente por Ford consegue abafar tudo.

WANDA: Facilita as coisas. Me diga quem você é. O teu nome. Os teus dados. Qualquer coisa.

Um momento de tensão. Ford dá a entender que vai dizer a resposta, MAS --

FORD: Nem morto.

Wanda volta-se para ele, e está prestes a lhe dar um estalo - porém, respira fundo. Caminha até à saída da sala - a porta ABRE-SE AUTOMATICAMENTE, mostrando os guardas - mas não abandona o local, não sem antes olhar mais uma vez para Ford.

WANDA (para um guarda): Chame o Junot ao meu gabinete.

Wanda caminha para longe. O guarda olha para Ford, sem reação. A porta fecha-se.

Ford sorri, satisfeito.

CENA 29 - INT. GABINETE DE WANDA, TECH - MOMENTOS DEPOIS

Wanda está sentada em frente a um computador portátil moderno. Do seu lado encontra-se JUNOT, 30 anos.

Junot trabalha no computador enquanto Wanda analisa uns ficheiros.

WANDA: Já conseguiu a identificação?

JUNOT: Ainda não.

Parece ter receio do que vai dizer. Wanda percebe isso, no entanto permanece calada.

JUNOT (pausa): Madame, temos um problema.

WANDA: Qual?

Ele limpa a garganta antes de falar.

JUNOT: O sistema está instável. O seu pedido de renderização do tigre gigante para a Prova foi feito com poucos recursos e isso causou danos internos. A Base de dados da TECH ainda está recuperando, o que pode --

WANDA (interrompe): Isso quer dizer o quê?

Uma pausa. Medo na cara de Junot.

JUNOT: Só vou conseguir obter a identificação daqui a quarenta e oito horas.

Wanda, mergulhada na fúria, levanta-se rapidamente e vai até à janela - uma vista para a cidade futurista. Ela reflete no que está a acontecer. Junot nem sabe o que fazer - olha para o computador, nervoso, e depois para Wanda, com medo.

WANDA (pausa): Podes sair.

Aflito, Junot levanta-se - pressiona um pequeno botão no portátil, e este torna-se minúsculo em alguns segundos, cabendo na palma da mão do seu dono. Começa a caminhar até à saída, suando.

WANDA: Quero novidades. (pausa) Em breve.

Ele vira-se para trás, tremendo.

JUNOT (pausa): Sim, madame.

WANDA: Não é uma ordem. É uma ameaça.

Junot prossegue o seu caminho, ainda sentindo o nervosismo e o medo.

CENA 30 - INT. GABINETE DE HERMAINIE, FGL - DIA

Hermainie e Scott estão em frente a um computador. Ligado à torre está o disco rígido que Alistair lhes deu. No monitor, imagens de câmaras de segurança da rua onde se encontrava o prédio - ainda é dia, pessoas entram e saem da ADN.

SCOTT: E se passássemos já à parte em que o prédio desaparece?

HERMAINIE: Calma, temos que ver todas as atividades suspeitas das últimas vinte e quatro horas.

SCOTT: Agente Luther, vamos fazer o seguinte.

Hermainie olha para o seu parceiro. Scott pressiona um botão, e no monitor surge a informação:
DIGA A SUA ORDEM
SCOTT (para o computador): Procurar atividade suspeita.

Aparece uma tela de carregamento que se preenche até aos 100% -- várias imagens compiladas em diversas janelas surgem no ecrã.

SCOTT (para Hermainie): Aqui está.

Os dois começam a analisar as imagens.

No primeiro vídeo, vemos uma criança procurando qualquer coisa num caixote do lixo. Quando levanta a mão, traz consigo um pequeno boneco Action Man.

SCOTT: Pode sempre descartar alguns suspeitos.

Hermainie abana a cabeça.

Mais imagens, rápidas, quase imperceptíveis -- o dia vai escurecendo até ficar COMPLETAMENTE NOITE --

Um homem entra no prédio e então ESTE COMEÇA A SER SUGADO --

HERMAINIE: Para!

As imagens param -- o prédio já quase todo sugado --

SCOTT (chocado): O prédio...

HERMAINIE (aponta para o buraco negro): Aquilo ali.

SCOTT (ainda mais chocado): Meu Deus...

Hermainie avalia com mais atenção as filmagens. Percebendo que não há nada que a possa ajudar --

HERMAINIE: Avança, lentamente.

As imagens começam a ser reproduzidas -- até ao momento em que o HOMEM ESTRANHO sai do prédio.

SCOTT: Ali!

Scott troca um olhar com Hermainie.

HERMAINIE: Pode ser o nosso suspeito.

Scott consente.

SCOTT: Zoom a 85%.

Na imagem vemos o ZOOM a acontecer e a revelar a cara do HOMEM ESTRANHO -- visível, clara.

HERMAINIE: Identificar rosto.

O rosto do HOMEM ESTRANHO é renderizado em 3D -- várias fotografias de homens surgem. Até que -- Debaixo da foto do Homem Estranho, um nome: JASPER GALBRAITH.

SCOTT: É este o nosso tipo.

HERMAINIE: Jasper Galbraith. 34 anos. Desempregado, mas já trabalhou em vários laboratórios de ciência quântica.

Scott olha para a sua parceira -- O olhar de Hermainie diz que tem a certeza de que foi Jasper o culpado.

SCOTT: Ainda o temos que considerar suspeito?

CENA 31 - INT. TEMPLO DE KELYNA - NOITE

Um artefato está no foco da câmara. Uma porta abre-se, deixando entrar uma luz que cobre uma figura humana -- esta forma uma sombra.

A figura humana para por uns segundos -- retoma a caminhada em direção ao artefacto. Quando chega perto dele, a figura humana revela-se como KELYNA.

Satisfeita, Kelyna sorri e pega no objeto estranho com forma de escaravelho. Aperta-o com a mão e sorri, gananciosa.

KELYNA: Ganhei.

Olha ao seu redor, satisfeita. Senta-se no chão. Sorri.

KELYNA (emocionada): Ganhei...

As lágrimas caem-lhe pelo rosto abaixo. Olha para o artefato, ainda sentindo a emoção e a felicidade.

Após alguns segundos, respira fundo e limpa as lágrimas -- recompõe-se.

Analisa o artefato -- vemos um sorriso nunca antes exposto. Até que --

Um feixe de luz afeta a sala -- e quando desaparece, já não vemos Kelyna.

CENA 32 - INT. MOSTEIRO GREGO - NOITE

Kantrix está no mesmo local onde o vimos na última vez. Olha para baixo, chateado.

KANTRIX: Não...

Começa a olhar ao seu redor. Momentos depois, algo brilha no fundo do precipício.

Kantrix respira fundo. Só tem uma solução --

KANTRIX (convicto): Vai ter que ser.

-- ATIRA-SE para a plataforma abaixo dele, sempre em segurança. E assim faz sempre, descendo cada vez mais rápido.

-- Até que no topo, no local para onde ele era suposto se dirigir, vemos alguém, coberto pela escuridão -- esse alguém é familiar. A câmara aproxima-se das sombras e vemos que é...

UM SEGUNDO KANTRIX -- olhos fixos no Kantrix que está a descer as plataformas -- Como assim, outro Kantrix???

A música de suspense cresce até que --

CENA 33 - EXT. RUA DE NOVA IORQUE - FIM DO DIA

A rua já está praticamente vazia. As lojas estão a ser encerradas, as estradas sem carro algum. O local parece um gueto, todo sujo, abandonado, com cartazes a incentivar o uso de drogas pesadas. No fim da rua, ouve-se música de Heavy Metal.

A caminhar rapidamente está JASPER GALBRAITH -- o Homem Estranho -- que se aproxima de um pequeno banco, perto de um prédio abandonado.

Sem motivos para alguém desconfiar dele, senta-se no banco. Vigia as redondezas e em seguida, coloca a mão debaixo do banco, tirando um envelope. Abre-o, sorridente.
 
Novo alvo: One Trade Center
Jasper sorri, pronto para voltar a atacar.
SMASH TO BLACK.
 
FIM DO ATO UM

ATO DOIS
CENA 34 - EXT. MOSTEIRO GREGO - NOITE

Vemos dois pés batendo no chão, levantando uma nuvem de poeira. Subimos para revelar Kantrix, de costas para nós.

Ele vira-se e olha para cima -- vemos a altura que ele desceu, usando apenas plataformas de múltiplos tamanhos como suporte.

Olha ao seu redor. Repara que algo está no chão, colado numa espécie de íman.

KANTRIX: E agora?

Fecha os olhos e respira fundo. Começa a aproximar-se lentamente do objeto, até que repara que é o Pêndulo.

KANTRIX (mais animado): Olá outra vez.

Começa a forçar o Pêndulo, para que este se desprenda do íman. Após alguma dificuldade, consegue retirá-lo, acabando por cair para trás.

Levanta-se rapidamente, olhando para o Pêndulo. Volta a olhar para cima.

KANTRIX: Vamos a isso.

Mas -- Um barulho. Atrás de Kantrix. Ele olha e vê um feixe de luz enorme, que quase o cega. Percebe que uma porta se abriu. Quando a luz desaparece, ele fica boquiaberto.

KANTRIX: E olá para ti também.

Caminha, com cuidado, em direção à porta. Observa o que está lá dentro. Apenas vazio, com um caminho que segue em frente.

Quando percebe que é seguro, avança, não sem antes olhar uma última vez para as plataformas.

A câmara foca os pés passando o limite que separa a sala desconhecida e o local onde ele anteriormente estava. Assim que passa, a porta fecha-se de imediato, com um enorme estrondo.

CENA 35 - INT. CORREDOR ESCURO - CONTINUAÇÃO

Kantrix cai ao chão, com a força do embate da porta. E por cima dele, abre-se um buraco. Ele nem pensa duas vezes, arrasta-se para a frente ao mesmo tempo que se levanta para correr, e nesse mesmo instante cai uma pedra gigante (em forma de bola).

Kantrix corre sem parar, e a bola de pedra persegue-o. Ela é rápida, ele está quase sem forças. É uma corrida frenética por corredores longos e escuros, com apenas duas ou três tochas a iluminar o caminho.

Kantrix olha para cima, sem esperança… Parece rezar. No entanto, é puxado para o lado por alguém. E ao mesmo tempo, dá um grito de susto.

A pedra cai num poço de lava. A câmara aproxima-se de um pequeno cubículo que se encontra paralelamente ao corredor. Lá está Kantrix, assustado, com dificuldade em respirar. Ao seu lado está… Kantrix? Sim, o outro ser igual ao nosso herói que vimos no ato anterior. É a RÉPLICA.

KANTRIX (assutado): Quem é você?

RÉPLICA: Eu? Eu sou você.

KANTRIX (confuso): O quê?

RÉPLICA: Sou a tua Réplica.

Kantrix abana a cabeça.

KANTRIX: A minha quê?

Os dois olham-se. Kantrix, sem saber o que pensar, fita a Réplica, que sorri por finalmente encontrar a sua origem.

CENA 36 - EXT. CASA DE JASPER - DIA

Uma rua bonita, cheia de casas modernas e jardins perfeitos. Não combina com o perfil de um criminoso.

Um jeep futurista aproxima-se da rua, e para em frente a uma casa. Na caixa de correio vemos o nome GALBRAITH marcado em tons dourados.

Do jeep, sai Hermainie e Scott. Os dois aproximam-se da casa.

HERMAINIE: É aqui.

SCOTT: Esperemos que esteja em casa. Uma xícara de chá quente vinha mesmo a calhar.

Os dois trocam olhares, nervosos. Scott está a sorrir. Vão até à porta.

HERMAINIE (sussurra): Pronto?

Scott acena. Hermainie respira fundo e BATE À PORTA. Espera uns segundos, e olha para o parceiro.

SCOTT: Tenta outra vez.

E Hermainie assim o faz. Mais uma vez, sem resposta.

HERMAINIE: E agora?

Scott vai ao bolso e tira uma gazua. Aproxima-se da porta, olha ao seu redor. Hermainie fica preocupada.

HERMAINIE: O que é que está fazendo?

O olhar de Scott repreende Hermainie.

SCOTT: Salvando vidas.

Quando a porta se abre, ele empurra-a para trás. Ele indica o caminho à agente.

SCOTT: Primeiro as senhoras.

Hermainie abana a cabeça, e entra, tirando a arma do bolso.

CENA 37 - INT. CASA DE GALBRAITH - CONTINUAÇÃO

Scott e Hermainie estão atentos, armas na mão, prontas a disparar em caso de perigo iminente.

Os dois separam-se.

Hermainie sobe as escadas, e abre a primeira porta que lhe surge.

CENA 38 - INT. CASA DE GALBRAITH, QUARTO - CONTINUAÇÃO

Uma cama desarrumada, livros espalhados no chão, roupa suja... uma bagunça.
Entra e examina os livros, afastando-os com o pé. Começa a sorrir quando vê um exemplar de CREPÚSCULO.

HERMAINIE: Temos um romântico. (grita) Clear!

CENA 39 - INT. CASA DE GALBRAITH, COZINHA - CONTINUAÇÃO

Scott, no andar inferior, abre o frigorífico. Está cheio de comida congelada: pizza, massas, italiana...

Abre um armário e vê pacotes de bolacha. Nada suspeito.

SCOTT (grita): Clear!

Ele espreita pela janela, vendo o jardim das traseiras. Está limpo, com uma árvore fazendo sombra para o pequeno espaço cheio de flores silvestres. Hermainie entra.

HERMAINIE: Nada de suspeito lá em cima.

SCOTT: Aqui também não.

HERMAINIE: Já viu lá fora?

SCOTT: Ainda não. Vamos dar uma olhada?

Encolhe os ombros.

HERMAINIE: Porque não?

CENA 40 - EXT. CASA DE GALBRAITH, JARDIM TRASEIRO - CONTINUAÇÃO

Os dois saem pela porta da cozinha, e olham para o jardim. Hermainie caminha em direção à árvore, já menos cuidadosa -- a arma está guardada.

Scott, por outro lado, continua a mantê-la bem segura na sua mão. Dá alguns passos em cima do soalho, examinando a esplanada feita com bancos velhos e sujos.

SCOTT: Parece abandonado.

HERMAINIE (concordando): Esta divisão da casa parece ter pouco uso.

Scott pisa algo, e para, atento. Recua e volta a dar um passo. Aninha-se e chama Hermainie.

HERMAINIE
O que foi?

Ele aponta para um alçapão escondido debaixo de um tapete. Abre-o, com cuidado.

CENA 41 - INT. CASA DE GALBRAITH, ALÇAPÃO - CONTINUAÇÃO

O lugar é escuro e frio. Teias de aranha parecem ser o único adorno.

Hermainie liga a sua lanterna, encontrando uma pequena mesa com vários papéis. Scott vai ao seu encontro e pega numa dessas folhas.

Hermainie reconhece o símbolo que lá está desenhado. A sua cara de pânico.

SCOTT (chocado): O One Trade Center?

HERMAINIE: Nós temos que avisar o Dan.

CENA 42 - INT. ARENA DE PEDRO - DIA

Pedro está numa espécie de arena romana. No centro da arena, está um artefato. Ele aproxima-se. Mas é interrompido por Kelyna.

KELYNA: Mais devagar, amigo.

PEDRO: O que raios está fazendo aqui?!

Um sorriso de gata sensual preenche o seu rosto.

KELYNA: Eu? Vim reclamar o que é meu. Aliás... (mostra parte do seu artefato) O que é dele.

Pedro está confuso.

PEDRO: O que é que quer dizer com "o que é dele"?

O seu sorriso desaparece.

KELYNA: O meu artefato é composto por duas peças, e uma não funcionará sem a outra. Portanto, estive investigando algumns dos hieróglifos
 no interior da arena, e percebi que esse pedaço que vês aí... (aponta para o artefato no centro da arena) pertence-me.

Pedro tira um arco e uma flecha. Não aponta para Kelyna, é só para se sentir seguro.

PEDRO: Isso é impossível. (pausa) Foi a mim que me deram a ordem para procurar por este artefato.

KELYNA: Isto não se trata de ordens, nem de regras... (ela tira uma espada) Trata-se de um jogo. (aponta a espada para Pedro) E eu vou ganhar!

Pedro aproxima-se de Kelyna. Aponta o arco. Quando se apercebe do que vai acontecer, ela corre em volta da Arena. Ele dispara a flecha. É fatal. Atinge a cabeça.

Kelyna cai no chão, morta.

PEDRO: Não, eu vou ganhar.

Pedro dá uma pequena gargalhada, enquanto caminha em direção ao artefato. Porém, BANG!

Um tiro na cabeça de Pedro. Este cai de imediato, preenchendo o chão com sangue. A câmara afasta-se e revela... KELYNA.

Aproxima-se do artefato, olha para a sua sósia.

KELYNA (sentida): Obrigada. Foi uma boa Réplica.

CENA 43 - INT. CORREDOR ESCURO - NOITE

Kantrix e a sua Réplica caminham pelo corredor. Já está tudo mais sossegado.

KANTRIX: Então, deixa-me ver se eu entendi. Tu és uma cópia exata de mim, criada num micro-universo, com o objetivo de me ajudares?

A Réplica acena com a cabeça.

RÉPLICA: Fui criado a partir do teu DNA. Sou um híbrido. Metade robô, metade humano. Tudo o que você sente, também consigo sentir.

KANTRIX: E quem é que te criou? E o que é isso do micro-universo?

RÉPLICA: A TECH andava fazendo uns experimentos, há alguns anos atrás. Eles queriam que a Prova se passasse num universo alternativo.

Kantrix para. Olha para o seu interveniente.

KANTRIX: E não estamos num universo alternativo?

A Réplica dá uma leve gargalhada.

RÉPLICA: Isso é o que eles vos fazem acreditar. (pausa) Na verdade, vocês estão numa sala gigantesca com Chroma 3D LIVE - uma sala maior que o estado de Carolina; quando este ainda existia, está claro.

Kantrix está surpreendido.

KANTRIX: Está falando sério?

RÉPLICA (sério): Sim. (pausa) Então, como eu ia a dizer, a TECH queria criar o seu próprio universo alternativo. Contudo, não obteve sucesso e a falha resultou no Mirror, o micro-universo dentro da arena. Alguns cientistas ficaram presos nele, e já que não conseguem sair de lá por conta própria, então criaram inventos que os seriam capazes de lá tirar. Isso não deu certo. E aqui estou eu, pronto para ajudá-los.

Kantrix continua surpreendido. Continua caminhando, acompanhando o passo da Réplica.

KANTRIX: Wow... Sempre pensei que... (pausa) Tem certeza do que está dizendo? Não é nenhuma bomba nem-

RÉPLICA: Ei, calma. Estou dizendo a verdade, não estou do lado da TECH.

Kantrix continua suspeito. Após alguns segundos a refletir, continua:

KANTRIX (convicto): Então não estou num mundo completamente à parte.

RÉPLICA: Não. Continuas nos Estados Unidos.

O pulso de Kantrix toca. Como da última vez, vemos a fotografia de Pedro, em forma de holograma, com um X. Kantrix e a Réplica trocam olhares.

CENA 44 - INT. CORREDORES, TECH - DIA

Shay caminha a passos rápidos.

Aproxima-se de uma porta, coloca a sua mão num scanner de impressões digitais. Num painel:
SHAY LINCOLN
A porta se abre. Shay entra.

CENA 45 - INT. SALA DE CONTROLO, TECH - CONTINUAÇÃO


Todos os funcionários estão atentos a monitores touchscreen futuristas, mexendo com os dedos de um lado para o outro. Shay procura por algo...

SHAY: Onde está a Wanda?

FUNCIONÁRIO: Sala de Interrogatórios.

A resposta suscita interesse em Shay. Ou preocupação.

SHAY: Na Sala de Interrogatórios?

O funcionário, porém, ignora-o.

SHAY (chamando a atenção): Como assim, na Sala de Interrogatórios? Aconteceu alguma coisa?

O Funcionário para o que está fazendo, e olha para Shay.

FUNCIONÁRIO: Houve uma tentativa de invasão. O suspeito foi colocado lá, em caso de segurança. Ela está tentando perceber quem é o homem.

Shay começa a ficar em pânico. Suspeita de quem seja.

SHAY: Quem é o homem? Você o conhece?

FUNCIONÁRIO: Não faço a mínima ideia de quem seja.

SHAY (pânico): Quando é que o ataque aconteceu?

FUNCIONÁRIO: Na madrugada que passou. O suspeito estava abastecido com equipamento próprio para um ataque informático e físico massivo.

A cara de Shay mostra a sua preocupação. Tem a certeza de quem é o sujeito.

SHAY: Obrigado. Vou tratar do assunto.

Shay sai da sala.

CENA 46 - INT. ESCRITÓRIO DE SHAY, TECH - MOMENTOS DEPOIS

Shay entra no seu escritório. Fecha a porta, não sem antes verificar que nada do que faz é suspeito. Liga o computador. Assim que surge o pedido de inserção de dados, ele faz rapidamente.

Quando consegue acessar o PC, abre uma série de programas. Parece estar tentando entrar em algum servidor do qual não tem permissão para entrar.

Abre-se uma página com o título "VIDEOVIGILÂNCIA". Shay escolhe a opção "Sala de Interrogatório". Uma gravação em direto da sala é exibida no monitor. É bem visível que o homem que está lá preso é Ford. Shay fica pouco surpreendido.

Sai de imediato do escritório.

CENA 47 - EXT. ONE TRADE CENTER - FIM DO DIA

O lugar parece calmo. Porém, ao longe, vemos uma van negra.

Hermainie aproxima-se dela, e abre as portas traseiras. Entra, com cuidado para não ser observada.

CENA 48 - INT. VAN - CONTINUAÇÃO

Hermainie e Shay estão sentados em frente a um computador, sérios. Observam o monitor que exibe as câmaras de vigilância do local.

SHAY: Será que ele já entrou?

HERMAINIE: Eu não reparei em nada enquanto estava fazendo o turno no exterior.

Pressiona o seu ouvido.

HERMAINIE: Dan, alguma novidade?

DAN (V.O.): Nada.

CENA 49 - INT. ONE TRADE CENTER - CONTINUAÇÃO

Dan está sentado num banco, no interior do edifício. Observa tudo com atenção.

DAN: Se ele estiver vestido com um terno, vai ser complicado encontrá-lo.

A câmara mostra vários homens vestidos da mesma maneira: ternos pretos com camisas brancas debaixo de uma gravata negra.

CENA 50 - INT. VAN - CONTINUAÇÃO

No monitor, vemos JASPER. Shay aponta para ele.

SHAY: Ele vem aí.

DAN (V.O.): Me diz que não está vestindo um terno.

HERMAINIE: Hoje é o teu dia de sorte. Está usando apenas uma camisa e jeans. Na sua mão, uma mala.

CENA 51 - INT. ONE TRADE CENTER - CONTINUAÇÃO

Dan olha ao seu redor, não vendo ninguém que se encaixe na descrição.

DAN: Preciso de mais informações.

HERMAINIE (V.O.): Encontra-se na Ala Sul, perto da fonte Miracle.

CENA 52 - INT. ALA SUL, ONE TRADE CENTER - CONTINUAÇÃO

Jasper caminha, sério. A sua mão segura firmemente a mala, como se aquilo valesse a sua vida. Ao longe, vemos Dan, procurando pelo suspeito.

CENA 53 - INT. ONE TRADE CENTER - CONTINUAÇÃO

Dan está a ficar preocupado.

DAN: Hermainie, não vejo ninguém.

CENA 54 - INT. VAN - CONTINUAÇÃO

Hermainie agarra na sua arma, e a coloca no cinto. Abre a porta.

CENA 55 - INT. ONE TRADE CENTER - CONTINUAÇÃO

Hermainie corre pelo edifício fora, desesperada.

HERMAINIE (para si): Não vais escapar!

Dan olha para a Agente, franzindo o sobrolho.

DAN (para o intercomunicador): O que é que está fazendo? Para já!

Hermainie arranca o intercomunicador do ouvido e atira-o para o chão.

CENA 56 - INT. ALA SUL, ONE TRADE CENTER - CONTINUAÇÃO

Hermainie aproxima-se de Jasper e tira a arma do cinto. Aponta-a para o suspeito, que ainda não percebeu nada.

HERMAINIE: Quieto. Agora mesmo.

Jasper olha para trás, sorrindo. Mostra o conteúdo da mala.

JASPER: Está aqui para conferir o meu trabalho? Veio por parte deles?

HERMAINIE (sorrindo): Não. Federação do Governo Local. Está preso sob suspeita de atentado.

Hermainie levanta o casaco, para mostrar a sua identificação.

Jasper fica preocupado. Precipita-se a agarrar no conteúdo da mala, pronto para escapar. Porém, Hermainie atira sobre o seu pé, fazendo-o cair.

Todo o mundo cai no chão, com as mãos na cabeça.

Dan, ao longe, está em choque.

DAN: Mas que porra --?

CENA 57 - INT. SALA DE CONTROLE - NOITE

Shay está supervisionando Kantrix nos Painéis de Controle. Até que entra Wanda, sempre fria. Shay aproveita e sai, discretamente.

CENA 58 - INT. CORREDORES, TECH - CONTINUAÇÃO

Os corredores estão vazios. Shay procura em várias salas, até que… chega a uma porta. Ele tem a certeza que é aquela. Na porta lê-se "Laboratórios", com um "X" em cima - que indica que a sala já não é usada.

Shay abre a porta e --

CENA 59 - INT. LABORATÓRIO ANTIGO, TECH - CONTINUAÇÃO

Ford está preso numa cadeira. Quando vê Shay, fica surpreendido.

SHAY (aliviado): Ford... (irritado) O que é que você foi?!

FORD (em pânico): Shay! O meu filho!

SHAY: O teu filho está ótimo. Agora tem que pensar em sair daqui antes que a Wanda te mate.

Começa a desatar as mãos do amigo. Um alarme é acionado. Os dois trocam olhares.

FORD: Oh não.

SHAY: Porra!

Assim que desata as mãos, os dois correm.

CENA 60 - INT. SALA DE INTERROGATÓRIOS, FGL - NOITE

Hermainie está frente a frente com Jasper. Ele está cabisbaixo.

HERMAINIE: Vai me contar para quem trabalhar?

JASPER: A União da Justiça virá em minha defesa.

Uma pausa, ela está ficando sem paciência.

HERMAINIE: Olha para mim.

Ele olha, a sorrindo.

HERMAINIE: Dezenas de pessoas perderam as suas vidas por causa dessa tal União da Justiça. Pessoas inocentes.

JASPER (irônico): Pessoas inocentes? Não passaram de meros peões para mostrar o nosso poder, o nosso método de justiça.

HERMAINIE: Se vocês chamam justiça isso, então estamos em desacordo em relação ao conceito da palavra. (pausa, irritada) Para quem trabalhas, porra?!

Jasper dá uma gargalhada. Após alguns segundos, cala-se. Fica novamente cabisbaixo.

JASPER: A União da Justiça virá em minha defesa.

Hermainie bate com os punhos na mesa, expulsando toda a sua raiva.

HERMAINIE: PORRA! QUEM É A MERDA DA UNIÃO DA JUSTIÇA?!

Saca a sua arma, aponta para Jasper, que já está um pouco assustado.

HERMAINIE: ESTOU FICANDO SEM PACIÊNCIA PARA SEUS JOGOS MENTAIS, JASPER! OU VOCÊ ME DIZ AGORA QUEM É A UNIÃO DA JUSTIÇA, OU UMA BALA PERFURARÁ SEU CÉREBRO LENTA E DOLOROSAMENTE! SEM PIEDADE, OUVIU?

A discussão é interrompida por Loreen, que entra na sala.

LOREEN: Agente Luther, preciso de falar com você.

Hermainie lança um último olhar violento ao interrogado antes de sair.

HERMAINIE (um aviso): Isto ainda não acabou.

CENA 61 - INT. CORREDORES, FGL - CONTINUAÇÃO

Loreen entrega um relatório à mãe.

LOREEN: Descobri os compostos das bombas "buraco negro".

Hermainie lê o relatório.

LOREEN: Adivinha só de onde derivam a maior parte deles?

Uma pausa. Um sorriso irônico na face de Hermainie.

HERMAINIE: Da Dynamic Corp.

LOREEN: Bingo!

HERMAINIE: Isto não pode continuar assim. Eu vou ter que falar com eles.

O telefone de Hermainie toca. Vê quem lhe está a contatar. Fica surpreendida.

HERMAINIE: É o Shay.

LOREEN: Atende.

Assim o faz.

HERMAINIE: Shay. (pausa) O quê?!

CENA 62 - EXT. EDIFÍCIO TECH - NOITE

Uma vana chega lá. Hermainie e Loreen tapam o rosto com uma touca. Tiram armas e colocam-se em posição.
Quando os guardas se percebem delas, gritam auxílio. Começa um tiroteio.

CENA 63 - INT. CORREDORES, TECH - NOITE

Shay olha por uma janela.

SHAY: Elas chegaram.

Ford e Shay andam atentos nos corredores, com medo de encontrarem um guarda. Até que chegam a um elevador. É aí que os dois têm problemas.

Dois guardas estão vigiando a única saída de ambos.

SHAY (sussurro): Se esconde. Vou distraí-los.

Shay vai conversar com os dois guardas. Ford volta para trás e abre uma porta, sem saber que é...

CENA 64 - INT. SALA DE CONTROLO - CONTINUAÇÃO

A Sala está vazia. Os monitores holográficos são a única fonte de iluminação.
Ford só repara nos monitores quando vê uma cara familiar...

Kantrix está num desses monitores. Ford aproxima-se, emocionado. Quer tocar no seu filho. Não consegue conter as lágrimas.

Como numa coincidência, Kantrix olha para a câmara, e parece estar a olhar para o próprio pai.

Um momento de tensão e emoção, interrompido pelo abrir da porta. Shay olha para Ford, mais aliviado.

SHAY: Você é um imã para o perigo. (pausa) Com tantas salas, tinha que escolher esta para se esconder?

Shay repara no que está acontecendo. Fica sensibilizado.

FORD (emocionado): É ele.

SHAY (confirma): Sim. É o Kantrix.

Ford toca no rosto do filho. As lágrimas caem do seu rosto.

FORD: Ele... ele... está grande. (pausa, irritado) O meu filho. Ele é o meu filho!

SHAY: Se acalme Ford! Temos que sair daqui!

Aproxima-se de Ford, e coloca a mão no seu ombro.

SHAY: Para o bem do teu filho.

Ford olha para trás, ainda tenso.

FORD: Esses filhos da mãe me tiraram o meu filho!

SHAY: Temos que sair daqui! Tem que salvar o Kantrix!

Ford continua emocionado --
CORTA PARA:
CENA 65 - INT. ESCRITÓRIO DE WANDA, TECH - NOITE

Wanda está trabalhando no seu computador topo de gama. Entra um guarda, sem fôlego.

GUARDA: Miss, temos um problema.

WANDA: O que se passa?

GUARDA: O fugitivo escapou.

A cara furiosa de Wanda assusta qualquer um e nós --
CORTA PARA:
CENA 66 - INT. HALL DE ENTRADA, TECH - CONTINUAÇÃO

Wanda sai do elevador, acompanhada por dois guardas. Confiança e coragem nos seus olhos, enquanto caminha para o exterior, de onde se ouvem tiros.

CENA 67 - EXT. EDIFÍCIO TECH - CONTINUAÇÃO

O tiroteio continua. Ford está escondido atrás de um vaso gigante.

Do outro lado da rua, vemos Loreen e Hermainie, atirando sobre os guardas. Loreen corre até à carrinha, sendo seguida pela sua mãe.

Hermainie dirige-se para a traseira do veículo, e abre as portas.

LOREEN (grita): Agora pai!

Ford corre em direção à van.

Wanda derruba um dos seguranças, saca-lhe a arma e começa a disparar, furiosa, contra Ford.

Ford não é atingido, com muita sorte, e entra na van -- esta já está em andamento.

Wanda aperta o pulso, no seu intercomunicador. Shay surge por detrás, fingindo uma cara de surpresa. Quando percebe que a missão foi bem sucedida sorri.

CENA 68 - INT. CARRINHA - CONTINUAÇÃO

Hermainie está abraçada a Ford.

FORD: Eu o vi.

HERMAINIE (pausa, afasta-se): O quê?

FORD: O nosso filho. Eu o vi. Eu vi o nosso filho!

Hermainie está sorrindo, com esperança.

HERMAINIE: Está falando sério?

FORD: Era ele. Era o Kantrix. (pausa) Era o nosso Kantrix!

Loreen olha para o pai, em lágrimas. Hermainie nem quer acreditar.

FORD: E vou buscá-lo de volta. Custe o que custar.

Todos trocam olhares, satisfeitos.


FADE OUT.
FIM DO ATO DOIS
ATO TRÊS
CENA 69 - INT. ESCRITÓRIO DE WANDA, TECH - HORAS DEPOIS

Wanda está sentada na cadeira. Mexe os seus dedos de uma forma nervosa.

Entra um informador.

INFORMADOR: Miss, temos um discípulo perto da segunda peça.

Ela levanta o olhar.

WANDA: Quem é ele?

INFORMADOR (pausa): Kantrix Luther.

Um sorriso disfarçado na sua cara. Levanta-se e sai pela porta do escritório.

CENA 70 - INT. SALA DE CONTROLO - CONTINUAÇÃO

Wanda entra na sala, passo rápido. Olha para o monitor onde está Kantrix. Perto dele, uma das peças.

WANDA: Iniciem a terceira fase.

TÉCNICO: Sim, miss Fitzgerald.

Um sorriso maléfico na cara de Wanda.
CORTA PARA:
CENA 71 - INT. BASE "FIND K." - NOITE

Estão todos reunidos, exceto Shay.

HERMAINIE: Ford, você sabe que colocou a vida de todos nós em perigo, não sabe?

FORD: Tudo o que fiz foi pelo nosso filho, Hermainie!

HERMAINIE: O Kantrix poderia ter morrido!

Um momento de silêncio.

FORD: Mas não morreu.

HERMAINIE: Não sabemos. Neste momento, a Wanda pode saber que você é o pai dele e se vingar. Ela não olha a meios para atingir os fins. É uma arma mortífera. Não quer saber de amor nem de compaixão. Quer ver sangue derramado. E você deu motivos para ela o ver.

FORD: A Wanda não sabe de nada! Não lhe disse uma única palavra!

HERMAINIE: Mesmo assim! (pausa) Foi arriscado de mais. O teu plano...

FORD (interrompe): O nosso plano.

HERMAINIE: O teu plano. Nós não participamos nesta loucura, nem temos intenção. Enquanto a vida do nosso filho estiver nas mãos daquela vadia, não dou nem um passo. (pausa) Por agora, vamos nos manter escondidos. É o melhor a fazer.

Ford não parece muito satisfeito com a ideia, mas acaba por encolher os ombros, concordando. Sai da Base, deixando Hermainie triste. Magoada.

CENA 72 - INT. ARENA DE KANTIRX - NOITE

Kantrix e a sua Réplica estão perto da segunda peça. Os dois param, antes de Kantrix avançar para pegar nela.

KANTRIX: Está ali.

RÉPLICA: A segunda peça. (pausa) Sendo assim, a minha missão está concluída.

Um momento de silêncio. Os dois sorriem.

KANTRIX:
Obrigado.

RÉPLICA (brincando): É o meu trabalho.

KANTRIX (rindo): Eu sei. (pausa) Nunca tive uma pessoa tão próxima de mim. Tanto a nível físico como sentimentalmente. Sempre que alguém se aproximou de mim, tinha dois objetivos: ou me matar ou me bater. Por isso... obrigado.

Os dois abraçam-se. Quando se afastam, a Réplica sorri, dando coragem a Kantrix.

RÉPLICA: Vá. Apanha a peça e volta para a tua família. (pausa) Você merece.

Kantrix dá três passos em direção à peça, e volta a olhar para trás.

RÉPLICA: Boa sorte!

Kantrix consente, sorrindo. Pega na peça.

Alguns segundos depois, desaparece do local com o flash que invade a tela. O mesmo acontece com a Réplica.

CENA 73 - INT. SALA DE CONTROLE - AMANHECER

Wanda observa Kantrix. Um segurança entra na sala.

SEGURANÇA: Miss, temos uma pista sobre a identidade do fugitivo.

Wanda olha para o Segurança.

WANDA (surpresa): Uma pista?

SEGURANÇA: Em vídeo.

Ele aproxima-se de um dos monitores e insere uma micro-cassete. O monitor transforma-se e vemos imagens de Ford a observar o filho, emocionado.

Wanda percebe o que se passa.

WANDA (vingativa): Cancelem imediatamente a terceira fase. (pausa) Eu tenho um plano.

CENA 74 - INT. GRUTA - DIA

Kantrix está lendo umas informações sobre a terceira peça. Sente algo estranho. Olha ao seu redor, e --

FLASH! Kantrix desaparece do mapa.

CENA 75 - INT. CORREDOR ESCURO

Kantrix está na ponta de um corredor. À sua frente, a cerca de 15 m, está a terceira peça, envolta numa espécie de campo magnético.

A câmara passa por cima do campo magnético, e mostra que na outra ponta está... KELYNA.

Não sabem muito bem o que se passa. Quando se percebem da presença um do outro, ficam ansiosos. Os seus objetivos ficam claros.

Começam a correr rapidamente. Quando estão perto do campo magnético, saltam e...

CENA 76 - EXT. CAMPO DE BATALHA - NOITE
50 A.C., GRÉCIA ANTIGA
Kantrix e Kelyna estão lado a lado, perante um enorme rebelião: Gregos contra Romanos. Trocam olhares, assustados. Não sabem o que aconteceu.

Uma luz branca surge sobre eles, e caem dois papéis. Assim que os agarram, os leem. Ficam chocados.

KELYNA: Não pode ser verdade...

KANTRIX: Estamos completamente mortos!

KELYNA: A peça está em algum lado na Grécia Antiga?

Uma vista panorâmica da guerra, com Kantrix e Kelyna em cima de uma ravina --
CORTA PARA:
CENA 77 - INT. SALA DE CONTROLO, TECH - AMANHECER

Wanda observa ambos, através de um monitor. Um sorriso maléfico transforma o seu rosto.

No monitor holográfico, Kantrix e Kelyna trocam novamente olhares. Estão a preparar-se para o pior.
CORTA PARA:
CENA 78 - INT. SALA ESCURA - AMANHECER

Várias pessoas reunidas numa mesa, os rostos cobertos pelo negrume, a escuridão.

HOMEM: Como já devem saber, um dos nossos agentes foi apanhado esta tarde, enquanto se preparava para mais uma demonstração do nosso poder. Neste momento, está nas mãos da Federação, contendo informações que podem comprometer a estabilidade da União da Justiça, e sobretudo, a sua missão.
(pausa) Eu sei que se trata de um homem fiel à causa, mas será que vale a pena este risco? Devemos ativar o seu Plano B? Deixo ao vosso critério.

Uma jovem mulher aproxima-se das mesas, e distribuiu vários tablets.

JOVEM MULHER: Podem começar a votar. Assim que o resultado estiver determinado, o Plano entrará em ação ou não, conforme as vossas escolhas.

As pessoas de identidade desconhecida pressionam as telas dos tablets que têm na mão. Após alguns segundos, colocam em cima da mesa o equipamento.

A jovem mulher verifica o seu micro-computador que tem no pulso, em forma de relógio, e vai ter com o Homem. Os dois falam qualquer coisa, ninguém ouve. Depois da conversa terminada...

HOMEM: Muito bem. A decisão foi tomada.

CENA 79 - INT. SALA DE INTERROGATÓRIOS, FGL - CONTINUAÇÃO

Jasper está sentado no mesmo local onde o vimos pela última vez. Parece estar com algum sono.

De repente, começa a tremer. Apesar de inicialmente assustado, percebe o que está a acontecer.

JASPER (aliviado): Eu sabia que viriam em meu auxílio.

Treme cada vez mais até que --

Cai no chão. Sangue sai pela boca, os olhos abertos indicam o seu atual estado.

Morto.


CRIADO POR:
Dom Costa

ELENCO:
 Billy Unger como Kantrix
 Joshua Jackson como Ford Luther
 Rebecca Hall como Hermainie Luther
 Emily Meade como Loreen Luther
 David Anders como Shay Lincoln
 Phoebe Tonkin como Kelyna Fort
 Spencer Boldman como Jydroh Griffen
 Kristen Stewart como Wanda Fitzgerald

 

 
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
 Keke Palmer como Lionce
 Hailee Steinfield como Frederika
 Anton Yelchin como Jynx
 Jaden Smith como Pedro
 Josh Hutcherson como Hugo
 Maisie Williams como Mariah
 Elle Fanning como Ottha
 Collin como Junot
 Dylan O'Brien
como Edu
 Chance Kelly como Francis Major
 Joshua Malina como Liam Spektor
 
      

PRODUÇÃO
Bruno Olsen
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

REALIZAÇÃO

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