1x09 - O Beco Transversal
de Mishael Mendes
Quando
cheguei, essa casa já estava aqui há muito tempo e sua estrutura firme e bem
acabada sugere que estará de pé por muitos anos depois que eu me for, assim não
pude opinar sobre suas cores desmaiadas, nem escolher onde dormir. O quarto não
é ruim, dá pra deixar meus trecos espalhados sem perigo de tropeçar, e a janela, que mesmo
de braços abertos não alcanço os batentes, tem uma pequena sacada; algo que
seria brasa não fosse um detalhe: ela dá de cara pra parede! Minha diversão é
subir no banquinho, me esticar pra tocar os tijolos que me encaram sem
expressão e olhar pro chão três andares abaixo – ou até mais já que os tetos
são todos altos. Claro que faço isso quando não tem adulto por perto, nem o dedo-duro
do meu irmão, se não meus pais são capazes de terem um treco, não sem antes me passar
maior sermão.
Vovô
construiu essa casa não contando com a superpopulação do bairro que cresceu sem
qualquer planejamento urbano. O fato dele avançar alguns metros além de seu
terreno acabou influenciando.
Assim, conforme mais casas surgiram, tudo o que restou da antiga travessia – onde
passava até duas carroças – foi um vão, com espaço de respiro suficiente pra
uma pessoa atravessar – caso não sofra de claustrofobia.
Erguendo-se
solitário, o interior do beco é composto por paredes de tijolos entrelaçados
equilibrando com firmeza, metros acima, sobrados de ambos os lados; com exceção
do meu quarto, as demais construções não possuem nenhuma janela ou brecha, mantendo
o beco isolado pra evitar a qualquer custo testemunhar o que ali acontece.
Muito
utilizado no passado pra encurtar o caminho pro centro da cidade, conforme a
fuligem e a sujeira se acumularam em seu interior o nome dele foi esquecido e
passaram a chamá-lo
Beco Transversal. Largado ao silêncio a escoar pelos paralelepípedos que lhe
calçam o chão, foi
sendo abandonado até servir apenas como ponto de coleta de lixo.
Uma
noite de insônia me levou a descobrir que o beco possui uma característica
interessante: ele amplia sons, tornando próximos até mesmo barulhos distantes.
Conversas a algumas
casas daqui parecem acontecer no canto da minha janela, graças ao amplificador
travesso obscurecido pelas construções.
Não
sinto orgulho algum em admitir: no começo, as vozes desconhecidas invadindo meu quarto de
algum ponto obscuro, assustavam, até a
insônia me fazer acostumar.
Agora sento frente à
janela pra acompanhar os acontecimentos soltos na noite. Melhor que as
radionovelas que mamãe não perde um capítulo ou que o jornal que papai lê pra
se informar, a moldura me mantém atualizado através das sombras que narram os fatos
em tempo real. O cine corujão ficou mais interessante depois que descobri o
broto da casa amarela a contar suas aventuras pendurada no telefone; ela ama "The
Everly Brothers", quando toca o disco "Songs Our Daddy Taught Us",
fecho os olhos pra mergulhar nas canções que aprendi a amar também. Minha favorita é "Oh So Many Years",
talvez porque é a que ela ouve com mais frequência. Ainda não a vi
pessoalmente, mas sua voz desenha um brotinho cujas formas ocupam meus
pensamentos, e eu
rio bobo toda vez que ela começa a falar.
Noite passada
algo diferente aconteceu.
No momento em que me preparava pra sintonizar no broto da casa amarela, a transmissão foi
interrompida por estranhos sussurros. Na verdade, nem sei se aquilo era mesmo
som. O que quer que
fosse, entrou pela
janela e passeou no meu corpo feito formiga; dando no pé, pulei na cama e me
cobri segurando a respiração pra espantar o arrepio em minha pele. Era só o que
me faltava, como se não bastasse, a visão do beco sujo e das paredes sem graça ainda aparecer essa
coisa de lascar o cano.
Quando
peço pro papai mudar a janela de parede ele acha a ideia absurda. O quarto
merece uma mudança, lhe digo, mas ele fala que apesar da janela dar pra parede,
graças a claraboia meu quarto recebe bastante luz, além de ser ventilado. Sem
saber como explicar a importância de libertá-la, acabo concordando, afinal,
adulto sabe mais.
Pra
impedir qualquer mal-assombro vindo do Beco Transversal de se apossar do meu
quarto, durmo de janela trancada, cortina fechada e coberto da cabeça aos pés.
A ideia perfeita na teoria funciona bulhufas, então tento explicar o que estava
acontecendo. Tudo o que consigo após algumas voltas é confessar que o beco me dá
um pavor lascado. Meu irmão que só esperava uma brecha pra debochar, lembra que
sou o bebezinho da mamãe e me apavora mais com uma história de assombração que
só não ouvi porque tapei os ouvidos e cantarolei bem alto "lá lá rá lá,
não tô ouvido nada; lá lá rá lá, eu tô bem surdo", fazendo-o rir.
O sacana
só me alopra porque não presenciou o que o beco pode revelar, nem os sussurros
que dele escapam. Fechei a cara não querendo mais conversa, então mamãe me
tranquilizou propondo dormir comigo. Sem ouvir nem um pio, dormi como não fazia
há muito tempo; por garantia lhe peço pra ficar mais algumas noites, todas um
sossego só, mamãe me dá tanta segurança que mesmo se eu ouvir algo não terei
medo – talvez por isso os sussurros pararam.
— Bom,
filho, já tem mais de uma semana que sua mãe dorme contigo sem nada acontecer. Deve
ter sido só sua imaginação. – Papai não gosta de dormir sozinho e, querendo a companhia da
mamãe, deu o
assunto por encerrado. Como nesse intervalo as coisas foram bacanas, ficou
claro que o espanto noturno não passava de coisa da minha mente; foi o que
achei, até chegar a hora de dormir. Bastou apagar o abajur e os sussurros retornaram. Me enchendo de
coragem, me arrasto
pra fora da cama, puxo a cortina e abro a janela sem fazer barulho. Não há nada
em canto nenhum e os sussurros aquietam. Eu estava ficando lelé da cuca ou algo
de errado estava mesmo acontecendo ali? Entre dúvidas e sem certeza alguma,
volto a insistir pra janela ser trocada de parede, mas, deixando claro que isso não vai acontecer,
meu irmão me fala ser melhor esquecer o assunto.
—
Filho, as outras paredes estão ocupadas pelos quartos e a da frente pela sala.
– Ok! A falta de vontade do papai faz até sentido, a disposição da casa
dificultava mudar a localização da janela. – Além disso, se a gente mudasse sua
janela, você não teria mais privacidade.
—
Desde quando criança tem disso? Toda vez que vem algum primo a porta fica
aberta. Não posso trancar ela nem pra dormir. – Não dou a mínima de perder algo
que já não tenho mesmo.
— Pode
até ser... – Papai fica pensativo. – Mas é pra gente cuidar melhor de você,
filho. – Ele me dá um cafuné. – Você ainda vai me agradecer daqui a alguns anos,
quando começar a dar valor demais pra isso.
Como
já estou sem moral, tento trocar de quarto com meu irmão mesmo sabendo que ele vai
me aloprar, a ocasião exigia tentar qualquer indício de oportunidade. Como
esperado: a troca não aconteceu e a perseguição aumentou. Sem mais o que fazer, ele passou a
criar oportunidades pra me assustar, chegando de repente, usando insetos de
plástico ou começando a contar suas histórias de terror que nem sei se são mesmo
assustadoras porque continuo me recusando a ouvir. E nem adianta chamar meus
pais, porque ele tira o corpo fora e eu que fico de louco, enquanto o cara-de-pau
provoca fazendo careta e rindo de mim pelas costas dos meus pais.
Meu
irmão diz que exagero e que só me assusta pra eu deixar de ser medroso, embora
a cara dele cada vez que me faz pular não parece de alguém na intenção de
ajudar. Pode até parecer bobeira dar importância a essas coisas, mas toda noite
rolo na cama de cabeça coberta até desmaiar de sono, daí qualquer coisa ou som
inesperado bota meu corpo em modo de fuga sem nenhum pudor. Dessa vez, quando chego chorando pra
mamãe, após bronquear com o sacana, ela me dá um beijo e me conforta com seus
braços.
—
Querido, não deixe seu irmão te fazer fraco, ignora as traquinagens dele! Você
anda choroso e assustado, nem parece mais meu hominho corajoso! Talvez seja
melhor enfrentar seus medos; isso vai te ajudar a crescer mais forte. – Ela
sorri derramando paz.
Sem
alternativas e com um futuro que pode nem chegar, volto pro meu quarto, onde
uma mão aguarda ansiosa pra agarrar a minha perna. Talvez a conversa com mamãe tenha
surtido efeito ou eu já estivesse cansado daquilo, ao invés de berrar, falei pro
meu irmão deixar de ser besta e sair dali antes das baratas que ouvi noite
passada o devorarem; o grito agudo que ele solta e a velocidade que saiu debaixo
da minha cama me faz molhar as calças. Sua cara mostrou que ele não viu graça
nenhuma porque além de não me assustar, ainda fiz troça dele.
Durmo
vingado – de alma lavada com sabão de coco – sem saber que a coisa estava pra
piorar. Gostaria mesmo de não ter visto aquilo, mas meus olhos abriram na mesma
hora e não pude evitar. O vento vindo da sala puxou a cortina. No mesmo
instante busquei segurança nas estrelas da claraboia, mas a sombra que se
projetou mostrou o beco se movendo, ficando maior, enquanto as estrelas andavam.
Na
manhã seguinte,
tentei contar o que acontecia no Beco Transversal, e ninguém acreditou. Quem é o adulto que dá
moral pra moleque? Pior ainda tendo um irmão aborrecente que mete banca de
adulto. Se no
normal ele já me perturba, dessa vez me desmoralizou grandão por vingança.
Tentando fazê-los experimentar o medo que a situação causava e entender sua
gravidade aterradora digo que o beco parece uma boca enorme de grande de
faminta prestes a devorar alguém; o que minha descrição viva consegue é
arrancar risadas que se espalham pela casa.
— Esse
garoto ainda vai longe. – Papai seca os olhos. – Criativo desse jeito vai
acabar virando escritor.
— E de
best-sellers.
– Mamãe concorda.
"Se
eu sobreviver, talvez?" – Mordi o pessimismo prestes a saltar da língua.
— Isso
que dá ler demais: só fica mais cabeçudo! Mora? – Meu irmão me dá um tapão na
cabeça; saio da sala esfregando o local, admirado como a mira dele é boa, que me acertou mesmo eu me
esquivando.
Após
proporcionar alegria à minha família, o que me resta é me conformar que não vou poder fazer nada
quando a noite tombar na rua. Aliás, posso fazer algo sim! Tamanho não
identifica ou representa alguém, menos ainda serve de medida de bravura, por
isso decido fazer o que mamãe aconselhou; enfrentando meus medos, vou investigar o que
acontece de verdade nesse beco sombrio.
—
Ai... minha cuca! – É tudo o que consegui dizer ao acordar. Minha cabeça pesava
e as paredes ficavam se movendo. Não lembro de nada que aconteceu antes disso,
nem mesmo de estar dormindo até o ar frio escapando da janela esquecida aberta
me acordar.
Espiei
lá fora, a manhã lançara um tom adoentado sobre a rua longa e suja, cercada por
calçadões ladrilhados de papéis. Durante o dia, a rua costumava ficar deserta,
ainda mais porque carro não passava ali, já do outro lado do beco o movimento era
frenético; nem parece que a poucos metros a Paulista se exibe com seus prédios
e monumentos chamativos. Há muito tempo a rua passou a repelir visitantes e os
comércios acabaram pouco a pouco, a padoca do vovô no primeiro piso foi a
última a fechar; restando apenas casas, os moradores precisaram se deslocar pra
obter sustento. Mesmo a rua sendo tranquila, meus pais diziam que evitá-la era
mais seguro; como se me interessasse ir pra fora, nunca vi jeito de criança por
essas bandas. Em prisão domiciliar meu prazer era a rebeldia, vivia fugindo sem
ninguém descobrir pra me dar bronca, ia pros lugares mais distantes e
divertidos através dos livros e gibis recebidos pelos correios ou desbravando a
selva no quintal dos fundos, onde uma árvore retorcida se inclinava pra
espreitar o Beco Transversal.
Tirando
o aspecto de rua fantasma, o lugar era agradável. O pouco movimento acontecia
durante a noite, até isso também reduzir e ela mergulhar no coração do
silêncio. Ninguém mais se movia pelas ruas, nem pra retornar do trabalho –
talvez as pessoas tivessem ido longe demais pra achar o caminho de volta. Até
mesmo os amantes não eram vistos rastejando pelas sombras pra ficar segurando
parede.
Tamanho
era o silêncio que o beco ficou ansioso e passou a ampliar o menor ruído. Assim
quando um turista perdido surgiu no começo da rua, seu "DRUNF... DRUNF...
DRUNF... DRUNF..." descreveu sua aproximação lenta. Se alargando, o beco aumentou
de tamanho. Por mais que eu visse apenas sua sombra, foi o suficiente pra confirmar:
eu não imaginara, a coisa realmente estava acontecendo. Quando os passos param
diante do Beco Transversal o vento murmurou e bastou um movimento do passante
pra deixá-lo violento brigando com janelas e portas. Um cheiro desagradável
desprendeu de algo podre, me obrigando a prender a respiração. Antes de
alcançar a janela o vento ensurdecedor me passou a rasteira, caído no chão tapando
os ouvidos. De olhos fechados e prestes a ficar sem ar, tudo silenciou.
Cambaleando no medo,
fui até à janela e me apoiei no último fio de coragem pra olhar lá embaixo: não
havia mais rastro do vento ou jeito que viva alma caminhara pelo calçamento
empoeirado do Beco Transversal.
Com a
respiração acelerada, me encolhi debaixo das cobertas. Agarrado ao lençol não
sabia mais que posição ficar enquanto esperava pelo sol, mas a noite longa se
estendeu sem querer chocar o dia. Logo que clareou, corri no depósito da casa e
peguei umas coisas pra trancar a janela de vez – embora nada acontecesse na
claridade. Algumas noites depois aquilo voltou a acontecer, o vento agitou o
que pode – longe do sol se exibia mostrando-se mais forte – e quando ele berrava
as pisadas do passante desavisado eram sugados por sua fúria, sem resistência
ou gritos. Então toda a agitação virava quietude, sinalizando que o pior
acontecera: a pessoa havia desaparecido sem alcançar o outro lado. Reduzido, o
Beco Transversal volta a se esconder na escuridão sombria se safando de qualquer
acusação ou suspeita pelos crimes cometidos.
Nas
últimas noites, porém, a movimento de passantes aumentou, me obrigando a tapar
os ouvidos com mais frequência pra reduzir os berros do vento, enquanto
palavras emboladas são gritadas. Não durmo mais, as noites se tornaram um
pesadelo de olhos arregalados.
Nem mesmo forçando durante o dia e desejando um cochilo mais que comer
ou beber encontro o sono. Pode ser que sua fuga seja causada pelo zumbido que
grudou no meu ouvido desde que o vento me nocauteou, mas cheguei num ponto que
até mesmo uma brisa é suficiente pra deixar meu corpo mole e dolorido.
Eu
terminava a terceira contagem das estrelas quando um converseiro invadiu meu
quarto. Pela quantidade de "DRUNF... DRUNF..." e vozes contei três
amigos, àquela hora deviam estar andando sem rumo e acabaram indo parar ali.
Cada vez mais próximos. Precisava pará-los antes da minha sanidade me deixar de
vez, os garotos não mereciam uma saideira daquelas: serem tragados até o último
fio de cabelo numa golada só. Esmurrando a janela gritei pra voltarem de onde
vinham, fazendo o máximo de barulho pra chamar a atenção deles; me ignorando,
os passos continuavam mais próximos, cada "DRUNF..." sova no mesmo
ritmo de meu coração, agitado por saber o que estava pra acontecer.
Foi aí
que vi o beco claustrofóbico deslizar sem pressa alguma, mal dava pra
percebê-lo deslocar as casas enquanto se desdobrava ganhando metros de largura,
Moloque estava pronto a receber suas vítimas. Os amigos chegaram mais perto.
Quando o vento soou meu corpo estremeceu, mas precisava fazê-los dar meia volta
e se salvarem. Em meio aos berros do vento tentando rasgar meus ouvidos, gritei
mais alto que ele, mas
não adiantou: assim que os amigos surgiram na frente do Beco Transversal foram
entrando sem qualquer cerimônia. A visão da boca medonha os devorando é algo
que desejava nunca ter presenciado, mas meus olhos se recusaram a me obedecer.
Continuando
a caminhada rumo às
luzes convidativas do centro, os três desprezaram o risco de se meter por
aquela viela escura. Até eu fiquei atraído pela quantidade de letreiros luminosos
e de luzes; o número de construções a arranhar o céu aumentara num ritmo
acelerado. Contaminada pela insônia, a avenida passara a corujar.
Em
meio a grandeza de seu brilho acabei me descuidando e caí no beco, felizmente
não houve outro dano além do líquido quente e viscoso escorrendo de meus
ouvidos desprotegidos dos urros do vento; a atmosfera carregada me deixou zonzo
e o cheiro desagradável solto do granizo da pavimentação fez minha pele arder perfurando-a
como soda cáustica. Formando redemoinhos de poeira, fuligem e escuridão, o
vento continuava violento, ainda assim, consegui enxergar através de sua lente obscura
e monocromática, o trio não podia ser visto em canto ou entrada alguma...
espera! Desde quando havia tantas entradas assim?
O
corredor que antes durava algumas casas apenas se transformara num labirinto,
cujo fim não podia ser encontrado, com suas voltas a formar o intestino do Beco
Transversal que seguia até o abismo de um desconhecido anormal. O líquido que
reduziu a pressão do vento em meus ouvidos se mostrou num tom de preto vivo
quando o espelhei entre o polegar e os dedos, nesse momento o berreiro do vento
ficou claro pra mim, ele repetia incansável: "O que aqui não se encontra
jaz no lugar da não existência".
Depois
disso, tudo o que aconteceu foi tão rápido que lembro apenas do vento começando a amansar e
antes da boca infernal se fechar. Minhas pernas foram impulsionadas pelo desespero se movendo
numa velocidade que nem eu sabia conseguir alcançar.
Até
hoje ninguém sabe o que acontece ali, apenas que quem passa por lá agita os
ventos, caso soubessem, as pessoas pensariam uma, duas, três vezes até
desistirem de atravessá-lo por mais ligeiro que ele possa se apresentar.
Gostaria que a rua fosse interditada pra ninguém mais aparecer aqui, pois o
beco está cada dia mais faminto. Porém, mal consigo sair de meu quarto, quanto
mais fechar a rua; e mesmo que eu pedisse ajuda ou tentasse alertar as pessoas,
quem daria moral pra um moleque?
Desprovido
de qualquer traço de sanidade, o Beco Transversal continua a espiar minha
janela, sorrindo a escuridão das trevas aprisionadas em seu interior. Oculto
pelas sombras, ele
não pode ser encontrado a não ser por quem deseja devorar, pra esses sua
calmaria mortal continua enganosa. Preso aqui, tudo o que me restou é solidão,
uma companheira egoísta que não se importa com meu destino: ver pessoas serem
devoradas sem nada poder fazer porque ninguém ouve os gritos nem minhas batidas
através da janela que continua sensatamente trancada.
Conto escrito por
CAL - Comissão de Autores Literários
Produção
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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