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Funerária Dois Irmãos: Capítulo 36

Novela de Marcelo Caronesi
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FUNERÁRIA DOIS IRMÃOS - CAPÍTULO 36




 

            Odilon e Tereza caminham por uma trilha no meio da mata. À medida que andam, a mata vai ficando mais densa. Tereza quebra o silêncio entre eles.

         – Odilon, me explica de novo que eu não entendi. Por que só agora que ocê e o Alfredinho decidiram ficar de papo?

         – A gente se conhecia pouco, mas nunca conversava. Nós conversamo e ficamo amigos, ué.

         – Mas depois desse tempo todo morando aqui? – questiona, Tereza.

         – É, ué. E tem hora pras pessoa virarem amigas?

         – E por que você teve que combinar de pescar com ele justo na sexta?

         – Mas Tetê, vamos fazer assim: o parque vai ficar mais uns vinte dias em Santa Inês. A gente vai depois, outro dia.

         Tereza está triste.

         – Mas ocê tinha prometido pra mim.

         – Óia. Eu não vou levar ocê pro parque em Santa Inês não. Sabe pra onde eu vou te levar? Pra Ubatuba. Eu prometo.

         Tereza sorri e abraça Odilon por trás.

         – Eu te amo, sabia?

         – Eu também te amo, Tetê.

         Odilon e Tereza passam pela fina trilha na beira do precipício da Ribanceira da Cruz. Mais algumas centenas de metros e chegam até o tronco tombado. Andam mais um pedaço e, enfim, encontram o grande arbusto de samambaia. Alguns metros adiante, Tereza puxa Odilon para fora da trilha.

         – Pra onde cê tá ino, Tereza?

         – Óia só como o Pedro é malandro.

         A poucos metros fora da trilha, Tereza e Odilon chegam até onde uma rede de balanço está amarrada e enrolada numa árvore. No tronco de outra árvore próxima, um galho está quebrado, para servir de gancho para a rede.

         – Ele puxa a rede e engancha ali naquele galho quebrado.

         Mostra Tereza.

         – Seu Irineu pensa que ele fica vigiando; ele fica é dormindo a noite toda – diz Tereza.

         – E se arguém vê?

         – Quem vai , Odilon? De noite, no escuro.

         – É. Mas ele tá se arriscando. Se arguém vê e dizê pro seu Irineu, ele vai ficar desempregado – avisa, Odilon.

         Ao mexer na rede, Tereza derruba um pequeno cantil metálico. Ela abre; ainda há um restinho de aguardente dentro dele. Ela fecha a cara e mostra o cantil para Odilon.

         – Eu posso explicar – diz, Odilon.

         –  deu um cantil pra ele ficar bebendo no trabalho, Odilon?

         – Ah, Tetê. Ele tava chateado de ter que ficar trabalhando direto, perdendo feriados, domingos. Ele viu esse cantil lá no loja, gostou, e eu quis agradar ele.

         – Cê sabe que ele só tem esse emprego porque minha mãe pediu e o seu Irineu só deu por causa da amizade que tinha com meu pai, né? Se ele souber que o Pedro tá bebendo no trabalho, vai mandar ele embora, né?

         – Mas não é nada demais, Tetê...

         –  só deu o cantil pra ele ou ele te pede pinga também? – questiona Tereza.

         – Ai, Tereza. Vamo logo pra cachoeira, vai acabar ficando tarde.

         Tereza recoloca o cantil no lugar. Ambos retornam por onde vieram. Do local onde Pedro colocou a rede dá pra avistar a trilha, inclusive o grande arbusto de samambaia. Por estar num ponto mais alto e de mata fechada, Pedro consegue perceber caso alguém se aproxime pela trilha.

         Odilon e Tereza caminham por mais trinta minutos em área de mata fechada. É o tempo que começam a escutar o barulho da cachoeira. Mais alguns metros e já estão de frente para ela. Enfim, os dois chegam no paraíso particular deles.

         – Até que enfim. O melhor lugar de São Pedro da Cachoeira – diz Pedro, sorrindo e arrancando a camisa.

         – Eu não entendo como seu irmão não gosta daqui – diz, Tereza.

         – Ele é um brucutu, não gosta de nada. Trouxe ele uma vez aqui, veio reclamando o caminho todo e disse que a cachoeira não era nada demais, que as outras eram melhor – diz Odilon.

         Só um ser ranzinza e infeliz como Odílio poderia não gostar de um lugar tão agradável como a cachoeira do Jaú. A explicação de muita gente não gostar pode ser a distância, mas a verdade é que Odílio não gostava de quase nada, além de dinheiro. A cachoeira do Jaú é uma queda d’água de cerca de 15 metros de líquido límpido e puro, formando uma grande piscina natural. Pelo lado direito, o riacho corre, até se encontrar com o Rio Delgado, cerca de 20 quilômetros dali, e não muito longe da outra estrada que sai da cidade, em direção a Minas Gerais, seguindo pela Serra da Mantiqueira. Da outra saída da cidade, um caminho, uma trilha muito melhor e mais segura do que a da cachoeira do Jaú, leva até o ponto do Rio Delgado, onde a população costuma pescar com frequência. Pela trilha, com 20 minutos se chega até lá. Ali é o local onde Odilon planejava levar Alfredinho na sexta-feira para ser assassinado.

         Esquecendo-se completamente do seu compromisso de sexta-feira, Odilon mergulha na piscina natural só com uma cueca samba-canção. Tereza estreia o maiô que ganhou de presente do namorado. Ela chega até a beira e mergulha. Eles se abraçam e se beijam.

escrita por
Marcelo Caronesi

elenco
Odilon
Odílio
Tereza
delegado Ferreira
Onça-parda

tema
Canções de Assassinato 

intérprete
Confraria da Costa

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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