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Crimes no Subúrbio Carioca - A Gata de Irajá: Capítulo 08

Minissérie de Marcelo Oliveira
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CRIMES NO SUBÚRBIO CARIOCA - A GATA DE IRAJÁ - CAPÍTULO 08


   

Eu não gosto de ficar a noite na rua, mas não tem outro jeito. Eu que não fico na mesma casa que aquele homem mau. Eu queria proteger a minha amiga, mas ela parece que gosta de ficar com ele, aliás, ela é das minhas, fica com muitos machos. Eu não gosto de nenhum dos dois, um tem cheiro horrível, ardido, me deixa irritada, o outro não tem cheiro nenhum. Mas, esse eu não esqueço tão cedo. Vou ficar de olho, preciso ser muito cautelosa. Aposto que a minha amiga não faz ideia do que ele é capaz.

Eu queria poder ajuda-la, ela cuida de mim com carinho, tem paciência, mas o que posso fazer? O homem sem cheiro é muito forte. Enquanto ele está se comportando bem, acho que não tem problema.

Tadinha da minha velha, já a pegaram. O cheiro estava insuportável mesmo, a minha casa está lacrada com uma fita amarela, vi muitos homens tirando fotos, conversando, levando a minha velha numa cama fechada. Tinha umas pessoas com um cheiro bem familiar, devem ser da mesma raça dela, como dizem são da família. Tadinha, vou sentir saudades, vivemos muitos anos juntas.

Uma parte dela sempre estará comigo. Pode deixar, minha velha, eu sei que um dia você será vingada. Eu sempre acreditei no “aqui se faz, aqui se paga.”

A minha amiga me entregou para esses machos, até que eles cuidam bem de mim, limparam minhas unhas e me alimentam. O lugar até que é bonitinho, mas eu sinto falta da minha casa. Aqui é bem limpo e as pessoas me dão muito carinho. Acho que não faz mal eu ficar alguns dias.  

~ * ~

Há um dia.

Atrás da Igreja Nossa Senhora da apresentação, em Irajá, existe uma comunidade carente, onde um grupo de homens conversam descontraidamente em uma mesa de bar, enquanto a junk box toca músicas de forró.

— ...foi como eu disse, a mulher praticamente se jogou em cima de mim.

— Cara, você precisa tomar cuidado, tá rolando um lance estranho por aí, tem umas matanças e tão procurando um montador de móveis. — um dos homens toma um tom mais grave.

— Eu  meio que sabendo, mas não esquenta, sei me virar muito bem — Gonçalo se gaba.

— Tá, mas e aí? Conta a parada toda. — outro homem está curioso pelo fim da história.

— Tudo começou assim, ela já atendeu a porta toda se querendo, eu tentei ficar na minha, sabe como é? Daí ela me levou ao quarto dos fundos...

— Assim, do nada?

— Não, cara, é porque o guarda-roupas estava lá pra ser montado.

— Ah!

— Fica quieto, pô, deixa o Babu falar.

— A mulher abriu a janela, mesmo assim o quarto estava abafadão, aí ela disse que ia pra cozinha fazer a comida. Eu pensei “pô, agora posso ficar à vontade!”, mas aí a mulher voltou com uma bandeja de suco e biscoitos e eu já tinha tirado a camisa...

— , tu num perde tempo, hein, mano?

— Ela deixou as paradas de comer em cima da mesinha e se mandou, depois a luz apagou e a mulher voltou perguntando se estava muito escuro pra trabalhar. Eu disse que estava tudo bem, aí ela se aproximou e chegou bem pertinho de mim. Falou que eu posso trabalhar sem camisa, por causa do calor e começou a passar a mão no meu braço.

— Tu tá de onda?

— Eu lá sô cabra de ficar mentindo? Se liga no recado.

— Não sei como ainda não deu de cara com algum corno injuriado.

Gonçalo ia continuar a conversa, mas de repente viu que os olhos dos amigos se arregalaram.

— O que foi? Por que tão me olhando com essa cara?

— Continua, seu safado, quero saber se você tá se envolvendo com mais alguma piranha por aí. — a voz da mulher surge atrás do Gonçalo.

— Calma. Amor, não aconteceu nada demais, eu só...

— Seu safado, sem vergonha, é isso que você anda fazendo na rua, seu desgraçado? — a mulher se descontrola e mete a mão na cara do Gonçalo.

A balbúrdia começa rapidamente, alguns homens tentam conter a mulher, ela pega a garrafa e joga em cima dele, a garotada fica de longe atiçando (mata ele dona, é safado mesmo!). Gonçalo se protege da mulher escondendo atrás de um dos amigos, o dono do bar sai com uma vassoura pra cima e empurra as pessoas para fora. Outra mulher aparece pra ajudar a descontrolada, gritarias, garrafas, molecada, discussão e mesas quebrando, Gonçalo não teve outro jeito, senão sair correndo do bar.

— Corre, corre mesmo, seu covardão, eu te pego outro dia. Você vai ter que voltar, eu já  de olho em você. Pensa que não sei dos teus pulos? Não perde por esperar, a tua batata tá assando. Safado!

No dia atual

Um carro estaciona na entrada da comunidade, dois homens desembarcam e vão direto ao bar perguntar.

— Seu Manel, onde eu encontro um tal Gonçalo, montador de móveis?

— Ih, hômi, num sô X9 não.

— Olha, eu não quero fazer isso do jeito mais difícil, só aponta a direção e a gente te deixa em paz.

Manel olha por onde os homens devem seguir, eles entendem o gesto e agradecem a cooperação. Chegando em um casebre mal pintado de azul, com tijolos aparecendo em algumas partes da parede, eles perguntam a uma senhora que estava varrendo com a porta aberta.

— Tia, cadê o Gonçalo?

— Gonçalo? Que Gonçalo?

— O montador de móveis.

— Ah, o Babu. A casa dele é ali, ó — ela aponta a porta — mas não sei se tá lá a essa hora. A mulher dele deu um pau no cabra, porque ele tá arrumando barra de saia lá na Fernandes Gusmão, aí a Letícia pegou ele no bar e meteu a mão na cara dele, tava tomando cerveja com os amigos...

Os homens riem e agradecem a senhora e a deixa falando sozinha. Batem na porta da casa do Gonçalo.

— Qui é? — a mulher grita de dentro da casa, ela atende com uma criança chorando no colo.

— Estamos procurando o Gonçalo.

— O que vocês querem com aquele safado?

— Somos da loja de móveis, tem uma reclamação dele e queremos que vá consertar um móvel que ele mesmo montou.

— Isso é mentira, eu sei porque o Gonçalo nunca montou um móvel errado na vida, duvido que tenha sido ele. Mas, ele num tá aqui não, moço. Vão lá na Fernandes Gusmão, esse safado tem uma piranha lá. Deve de tá lá.

— Sabe o número da casa?

— Sei de número nenhum, não.

— Tá bom, obrigado.

— Faz favor, se encontrar o safado, fala prele que as comida aqui tão cabando. Tô esperando ele faz dois dias, já.

Os homens acenam para mulher e se despedem.

autor
Marcelo Oliveira

personagens
Ralf
Zé Carlos
a gata Nina
Sergio Riso
Zulmira
Abigail
Gonçalo
Marilda

agradecimentos
Leda Selma
Wellington Santos
Guilherme Hepp
Gustavo Calazans
Maria Ines
Maria Aparecida

trilha sonora
Hitman - Kevin MacLeod

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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