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Crimes no Subúrbio Carioca - A Gata de Irajá: Capítulo 05

Minissérie de Marcelo Oliveira
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CRIMES NO SUBÚRBIO CARIOCA - A GATA DE IRAJÁ - CAPÍTULO 05


   

Há quatro dias.

~ * ~

Eu não encontrei ninguém pra ajudar, mas ainda bem que aquele cara já foi. Estou com fome, parece que está tudo calmo novamente. Por que a velha está deitada ali embaixo? Será que ela se lembrou da minha comida? Não tem nada no meu prato. O que é mais estranho é a TV desligada a essa hora, geralmente a velha estaria na sala reclamando de tudo, falando comigo e com a televisão ao mesmo tempo.

Mas, que cheiro é esse? Horrível. Fome, estou com fome, vou lembra-la da minha comida. Nossa, como ela está fria, nem se mexe quando me aliso nela. Essa água vermelha está fedendo, é isso, mas por que a minha velha não se mexe?

Hum, acho que a minha velha está no sono que não acorda mais, que triste, eu gostava muito dela. Vou guardá-la pra mim, é o mínimo que posso fazer por ela, depois de tantos anos juntas. Ela merece.

Mas, ainda estou com fome, não é digno que a minha velha sirva de alimento. Já vi que aqui não tem nada. Já sei onde conseguir. Uns poucos saltos e chego onde quero.

Hum, acho melhor esperar até amanhã de manhã, não quero encontrar esse cara novamente.

~ * ~

Há dois anos.

Lembre-se, você precisa ser paciente e assertivo, sem vacilar. A primeira vez é sempre mais difícil.

— Nossa, você não deveria vir amanhã? — a mulher abriu a porta com um sorriso simpático.

— Eu tenho muito serviço pra fazer, por isso estou adiantado o máximo que posso. Onde está a cama para montar?

— Desculpe, nós não esperávamos que viesse hoje.

— Tudo bem, eu só quero terminar logo e ir para o próximo.

— É que o meu marido só chega mais tarde.

Ela estava mentindo descaradamente, era uma cama de solteiro, não tinha marido nenhum.

— Olha, dona, se não quiser que eu monte agora, não sei quando poderei voltar.

— É que eu não tenho nenhuma ferramenta aqui.

— Eu já tenho tudo que preciso.

— Não, tudo bem, acho que não tem problema. Venha, tá tudo lá no quarto.

A mulher me deixou sozinho, eu mal conseguia me controlar. Nem esperei muito pela oportunidade, ela parecia desconfortável com minha presença, então voltou para seus afazeres, não para cumprir as tarefas, mas se livrar dos meus olhares. Mas, restava pouco tempo.

Primeiro eu tirei toda a roupa, um detalhe importante que não podia ser esquecido, então mostrei para que estava lá.

— O-o quê? Mas, o que é isso, o que você quer? — a mulher tentava desesperadamente se afastar de mim.

Eu não fazia nada além de sorrir, só isso e já a deixava em pânico. Eu me aproximava, ela mesma se encurralava no balcão da cozinha. Súbito, ela apanhou uma faca, eu dei um passo atrás, um vacilo e ela começou a gritar. Primeiro erro. Eu consegui agarra-la e tapar sua boca, ela se debatia, com movimentos rápidos, conseguiu riscar a faca no meu braço, mas eu a segurei bem forte. Ela tentou morder minha mão, eu aguentei a dor e a levantei, outro erro, com as pernas livres ela conseguiu chutar alguns pratos que se quebraram no chão. Então, eu não perdi mais tempo e apertei seu pescoço. Foi ridícula a força que ela fez para tentar me afastar, meus olhos brilharam pela facilidade com que a submetia, logo ela estava em minhas mãos, chorando, implorando pela vida, servindo aos meus desejos mais obscenos. Não, eu não precisava do corpo dela, mas a vontade de viver, é daí que tirei toda graça que vejo na vida. Não demoramos muito, mas valeu a pena. Mesmo assim tive muito trabalho para limpar todo sangue que perdi na luta.

A rotina leva a perfeição, é impressionante como eu me sinto bem na escuridão. Não sei, acho que é mais pelo que ela representa para as pessoas do que pelo meu próprio prazer. Confesso que fui descuidado, certamente porque a ansiedade sobrepôs-se à racionalidade.

A grande pergunta: como uma vida entediante, sem expectativas ou frustrações pode se transformar num excelente jogo de luxúria e êxtase? Alguns podem dizer que eu já nasci com essa anormalidade, um prazer oculto altamente condenado pela sociedade, a mesma sociedade que me alimenta com vídeos e comunidades secretas e que proporcionam toda motivação necessária que sempre busquei na vida.

Graças ao meu histórico de buscas na internet, fui abordado por pessoas que compartilham dos mesmos interesses e, ao tomar conhecimento de algumas práticas peculiares, fui incentivado a praticar certos exercícios com a única finalidade de suprir minhas necessidades.

Primeiro um subterfúgio, depois uma metodologia, por fim, o álibi. O crime perfeito, sem culpas, sem provas, sem consequências.

Ah, como é doce ver o pavor e a impotência dessas frágeis mulheres. O desespero no olhar, a dor, que a vida se esvaindo deixa atrás de si. Adoro ainda mais quando elas são fortes o suficiente para prolongar a agonia. Geralmente a violência é mínima, apenas a sugestão é suficiente para iniciar todo processo. É claro que um corpo musculoso como o meu tem suas vantagens nessa hora. Elas se sentem sozinhas, desamparadas, vulneráveis e submissas.

Por fim, a minha assinatura, ninguém é capaz de fazer o que eu faço, e faço com prazer. O estalo de ossos e músculos sendo contorcidos chega a ser engraçado, é como se mastigasse um cereal no café da manhã. Meus orientadores me parabenizaram pela criatividade.

Como eu pude viver sem esse prazer? Nem o orgasmo do ato sexual é capaz de atingir tal intensidade. A sensação de poder é indescritível e tudo começa exatamente da mesma forma. Quem adivinharia que a oportunidade viria de um chamado para montagem de um móvel de solteiro? Uma mulher solitária trocando a mobília antiga me ensinou tudo o que precisava saber. Minhas vítimas estariam envolvidas em seus microuniversos, vestindo uma falsa capa protetora por estarem em casa, livre das agruras do mundo? Hehehehe! É como pescar peixes dentro de um barril.

A primeira coisa a entender é que sempre tem uma caçada, mas é muito fácil evitar qualquer obstáculo indesejado, como os agentes de investigação que seguem com obstinação os próprios protocolos, é possível prever cada medida que irão tomar. Para isso basta colocá-los na direção que desejo. Assim, como uma aresta que se abre num ângulo errado, a cada avanço que fazem, mais distante ficam do verdadeiro objetivo.

Embora eu tenha a plena consciência disso tudo, o meu debute foi desastroso. Como eu disse, fiquei ansioso demais para me concentrar e quase pus tudo a perder, por sorte tive tempo para contornar o equívoco e consegui limpar o cenário. Mas, como foi maravilhoso. Senti como se fosse um jovem na minha primeira relação sexual. Nunca imaginei que fosse capaz de tanto prazer. Depois da primeira vez, repeti a dose mais duas vezes, porém com maior sucesso. Então, dois anos depois e eles ainda procuram um maluco que fugiu de algum manicômio e que somente age por instinto. Com isso desconsideram qualquer capacidade de planejamento, o que é muito bom para mim, pois aproveito para usá-los em meu próprio benefício.

autor
Marcelo Oliveira

personagens
Ralf
Zé Carlos
a gata Nina
Sergio Riso
Zulmira
Abigail
Gonçalo
Marilda

agradecimentos
Leda Selma
Wellington Santos
Guilherme Hepp
Gustavo Calazans
Maria Ines
Maria Aparecida

trilha sonora
Hitman - Kevin MacLeod

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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