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Terra da Garoa: Capítulo 20

Novela de Édy Dutra
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TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 20
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


HUMBERTO
: - Eu vim aqui reaver a parte pertencente ao meu pai, Donato. Nós vamos vender a nossa parte na empresa para abrir um novo negócio.

HENRIQUE: - Como é que é?!

HUMBERTO: - O Donato tem direito a metade da empresa. E é isso que nós vamos buscar.

HENRIQUE: - Mas essa divisão agora vai ser terrível para a empresa!

DONATO: - Se virem! Eu quero o meu dinheiro que o seu pai roubou!

HUMBERTO: - É o fim da linha, Henrique. Nós vamos decidir isso aqui e agora!

Henrique sente-se pressionado. Humberto troca olhares com Vilma e encara Henrique, poderoso.



CENA 01. EMPRESA QUEIROS. SALA PRESIDENCIA. INT. DIA. 

Continuação do capítulo anterior. Humberto pressiona Henrique.

HUMBERTO: - E então Henrique, como vai ser? Vamos agilizar as coisas para que o Donato tenha a parte dele o quanto antes.

HENRIQUE: - Mas você acha mesmo que é simples assim? Eu, como presidente, preciso pensar no futuro da empresa. E essa divisão não será benéfica!

HUMBERTO: - Você sempre egoísta, pensando só no seu lado. E o meu lado, como fica? E o lado do Donato?

HENRIQUE: - Me nego a acreditar, Humberto, que você se deixou levar pela conversa do Donato. Tá na cara que ele só quer se aproveitar de você!

DONATO: - Me respeita, moleque! Eu sou seu tio!

HENRIQUE: - Infelizmente!

VILMA: - Calma, rapazes... Isso tudo pode ser resolvido de forma civilizada, sem exaltações.

HUMBERTO: - Claro. Sem exaltações... Henrique, não há mais saída.

HENRIQUE: - Eu vou precisar falar com os advogados, alguns diretores. Isso não é simples, já falei.

HUMBERTO: - Faça como quiser. Amanhã pela manhã estaremos aqui para assinar os papéis da divisão. Nem um dia a mais.

HENRIQUE (encara Humberto): - Por que isso, Humberto?

HUMBERTO: - Chegou a hora de eu trilhar o meu caminho, Henrique. Com o dinheiro do meu pai, crescer com a herança da minha família. Você não está fazendo com a sua?

HENRIQUE: - Você sabe que não precisa (pausa)

HUMBERTO (interrompe): - Sempre esse papinho! Já chega! Você nunca vai largar o osso e eu nunca terei espaço aqui dentro. Isso está na cara, só vocês que fingem não acreditar, não ver!...

VILMA: - Humberto, querido, acho que a conversa já foi suficiente. Tenho certeza que o Henrique vai pensar com carinho e nos dar uma resposta satisfatória. Acho que podemos ir.

DONATO: - Vamos sim! Amanhã eu quero estar aqui de novo pegando tudo o que eu sempre quis... Aquilo que é meu por direito e que o ladrão do Gurgel roubou.

HENRIQUE: - Não fale isso do meu pai!

VILMA: - Venham, vamos embora! 

Humberto encara Henrique, com sorriso sarcástico e sai da sala, seguido por Donato e Vilma. Henrique senta-se na cadeira, exausto, um tanto apreensivo. Ele pega o telefone, disca um número. 

HENRIQUE (ao telefone): - Alô? Barreto? Preciso falar com você urgente. Preciso de ajuda! 

CENA 02. HOSPITAL. QUARTO DALVA. INT. DIA. 

O corpo de Dalva é retirado do quarto numa maca. Jaqueline enxuga as lágrimas. Carlos também está visivelmente abalado. 

JAQUELINE: - Conseguiu falar com a irmã dela?

CARLOS: - Sim. A Paula já foi avisada. Coitada, chorou muito ao telefone. Elas eram muito amigas...

JAQUELINE: - Agora só precisa avisar o seu filho.

CARLOS: - Cássio... Eu já liguei mais de quinze vezes, mas nada ainda. 

Carlos pega o celular, tenta novamente falar com Cássio. Carlos desliga. 

CARLOS: - Caixa postal novamente.

JAQUELINE: - Eu não posso nem pensar no choque que ele vai ter quando souber.

CARLOS: - Eu não consigo falar com ele, mas eu suspeito aonde ele deve estar agora... Mais do que nunca, eu vou precisar exercer meu papel de pai. Hoje está sendo um dia e tanto pra mim. 

Jaqueline abraça Carlos. 

CENA 03. EMPRESA QUEIRÓS. SALA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.

Barreto conversa com Henrique.

HENRIQUE: - Mas isso não pode acontecer, Barreto!

BARRETO: - Eu sei que não pode, Henrique. Mas o Humberto, que assumiu de vez as rédeas para o Donato, pode sim vender a parte dele e não há nada que impeça.

HENRIQUE: - Tudo isso baseado numa hipótese que meu pai criou fortuna em cima do dinheiro do Donato. Só por isso?

BARRETO: - Nem tanto por isso... O Humberto, mesmo depois dessa polêmica sobre a paternidade, ainda é considerado filho do Gurgel. E como seu irmão, tem direito à metade da empresa. E ele pode vende-la quando quiser.

HENRIQUE: - Todo o patrimônio que o meu pai construiu pode ruir a partir de amanhã... Humberto não pensa que juntos a gente pode seguir faturando, ele vai ter o espaço que ele quiser aqui dentro! Não sabia que uma simples cadeira de presidência poderia mexer tanto com o ego de alguém.

BARRETO: - Seu irmão sempre foi assim, Henrique.

HENRIQUE: - Talvez eu não nunca tenha percebido...

BARRETO: - Eu preciso ir agora. Infelizmente. Faleceu a irmã da sócia da Tarsila. Vamos acompanhar o velório e o enterro.

HENRIQUE: - Nossa, que chato. Vá lá mesmo... E obrigado pelos conselhos, Barreto.

BARRETO: - Sempre que precisar, pode chamar, Henrique. 

Barreto sai. Henrique fica pensativo. 

CENA 04. VIELAS. EXT. DIA. 

Carlos caminha pelas vielas de Itaquera, procurando por Cássio. Algumas ruas são estreitas, becos. O céu cinzento de São Paulo dá um tom ainda mais solitário ao semblante de Carlos. 

Carlos chega à frente do barraco onde mora Leopardo. Ele observa bem o local, construído por entre outros casebres na rua. Com cautela, ele entra. 

CENA 05. BARRACO LEOPARDO. INT. DIA. 

O lugar é sujo e escuro. Carlos chega numa sala, onde há garrafas de bebida no chão, tocos de cigarro jogados. Alguns caras o encaram.

Carlos avista Cássio, de costas, debruçado sobre uma mesa de centro, como se estivesse dormindo. Carlos tenta se aproximar, os rapazes o impedem.

CARLOS: - É o meu filho! Deixa eu passar!

Nisso, Leopardo se aproxima.

LEOPARDO: - Deixa o coroa passar...

Carlos encara Leopardo, que está segurando um revolver na mão. Leopardo encara Carlos.

CARLOS: - Eu só vim buscar o meu filho.

LEOPARDO: - Pode levar... O garoto não tem limite não, não sabe a hora de parar. Pra agora não serve pra mais nada aqui.

Carlos se aproxima, devagar, de Cássio. Ao puxar o filho, percebe Cássio desacordado, com a região da boca/nariz com resquícios de cocaína.

LEOPARDO: - Até caiu em cima do pó (ri, debochado) Parece mais um animal afoito. Pode levar.

Carlos, com expressão sofrida. Cássio acorda e se espanta ao ver o pai.

CÁSSIO: - Pai?! O que tu tá fazendo aqui, mano?

CARLOS: - Eu vim te buscar, Cássio... Pra você dar seu adeus pra sua mãe.

CÁSSIO: - Minha mãe?! Mas...

CARLOS (levantando Cássio): - Vem, vamos embora daqui, meu filho... Você não merece isso. Sua mãe também não merece.

Carlos, com esforço, consegue sair carregando Cássio de dentro da sala do casebre, sob os olhares de Leopardo.

CENA 06. ATELIER JAQUELINE. INT. DIA.

Raquel chega no atelier de Jaqueline, e encontra a amiga visivelmente abalada. As duas se abraçam fortemente. Raquel conforta Jaqueline.

RAQUEL: - Eu vim o mais rápido que eu pude, amiga!

JAQUELINE: - Ela morreu nos meus braços, Raquel... Me disse pra seguir o legado dela, a arte!

RAQUEL: - Sinal de que ela gostava muito de você, Jaque.

JAQUELINE: - Embora a gente tenha se conhecido há pouco tempo, eu senti que a história não ia ficar só num simples encontro... A nossa história começa agora.

RAQUEL: - Ela já estava muito doente?

JAQUELINE: - Dalva enfrentou uma barra difícil, infelizmente não venceu a batalha contra o tabagismo. O cigarro acaba com a vida de uma pessoa, literalmente. Aliado à depressão então...

RAQUEL: - Nossa, que situação difícil. E o marido dela, o filho...?

JAQUELINE: - O Carlos está sendo um homem de ferro, mas sei que por dentro ele está se quebrando. Ele foi embora do hospital atrás do filho deles, que ele não encontrava. Há uma relação não muito bem resolvida entre eles. É triste, mas acho que essa partida da Dalva, pode ajudar numa aproximação dos dois.

RAQUEL: - É... Às vezes na dor a gente reencontra o amor... Já pegou suas coisas pra gente ir no enterro?

JAQUELINE: - Você não precisa ir comigo não, Raquel. Eu sei que você ficou de ir lá no Claude, pra falar do restaurante novo.

RAQUEL: - Isso é só mais tarde. Agora eu vou dar apoio à minha amiga, que está precisando. 

As duas se abraçam novamente, carinhosas.

CENA 07. APTO HUMBERTO. INT. DIA.

Humberto, Vilma e Donato brindam com champanhe.

DONATO: - E a primeira etapa do plano está concluída!

HUMBERTO: - Eu já tenho todos os documentos necessários para darmos início à nova empresa.

DONATO: - Já tem?!

VILMA: - Isso você não nos disse, Humberto.

HUMBERTO: - Na verdade eu vou retomar um antigo projeto meu, que não deu muito certo por falta de investimentos maiores... O Gurgel chegou a me emprestar a grana, mas como não consegui levar adiante a empresa, ele me cobrou a vida toda...

DONATO: - Gurgel só pensava em lucro, muquirana!

VILMA: - E que empresa é essa?

HUMBERTO: - Uma empresa de fundos de investimentos. Para lidar com aplicações financeiras...

DONATO: - Não entendo nada disso, mas achei interessante. Aplicações dão lucro, não dão?

HUMBERTO: - Se for bem feita, sim. É uma série de fatores que determinam isso. Mas acredito que tendo uma boa base, com essa grana que a gente vai pegar da Queirós, nós vamos conseguir fazer chover pra cima! 

Donato vibra, bebe mais champanhe. 

VILMA: - E quanto a minha participação nessa empresa?

DONATO: - Nossa participação! Até porque a grana é minha...

HUMBERTO: - Isso nós podemos estudar com calma, depois... Agora é hora de comemorar. O Henrique não vai conseguir sair dessa. É o início do declínio da Queirós. Quero ver o Henrique ser um presidente batalhador, dedicado, com metade da empresa sem força. (ri, debochado) 

Donato segue bebendo champanhe, Humberto toma alguns goles, enquanto é observado atentamente por Vilma, com seu olhar desconfiado. 

CENA 08. CEMITÉRIO. CAPELA. INT. DIA. 

Velório de Dalva. O corpo dela, no caixão, é velado na capela do cemitério. Alguns amigos estão presentes. Paula está sentada numa cadeira, próxima do caixão, enquanto Santiago, num outro ponto, conversa com jornalistas. 

SANTIAGO: - A Dalva era uma pessoa muito querida e que passou por algumas dificuldades nos últimos tempos. Mesmo assim, nada desses problemas tirava o seu brilho, a sua intelectualidade. Ela será sempre lembrada, por nós, por todos nós, pela sua arte, pelo seu caráter, pela pessoa magnífica que ela era... Agora, se vocês me derem licença, eu preciso confortar minha esposa. 

Santiago se afasta, aproxima de Paula, a abraça. Paula enxuga as lágrimas. 

PAULA: - Carol ainda não chegou?

SANTIAGO: - Ainda não, mas deve estar a caminho. Essa notícia pegou todo mundo de surpresa.

PAULA: - Ah, minha irmã... Vai fazer muita falta... 

Jaqueline se aproxima do caixão, junto com Raquel. 

JAQUELINE: - Descanse em paz, Dalva... Pode ter certeza que eu vou levar a sua arte adiante.

PAULA (aproxima-se): - Você é a Jaqueline, não é?

JAQUELINE: - Sim, sou eu.

PAULA: - A Dalva falou muito bem de você. Bom que você veio se despedir.

JAQUELINE: - Deus quis que ela fosse embora segurando a minha mão. Agora estamos eternamente ligadas.

PAULA: - Posso te dar um abraço?

JAQUELINE: - Claro! 

Jaqueline e Paula se abraçam, emocionadas. 

RAQUEL: - Vem Jaque, vamos ficar mais ali. 

Jaqueline e Raquel se afastam. Paula vai sentar ao lado de Santiago quando vê Carol entrando na capela, acompanhada por Robson. Paula fica incrédula. 

PAULA: - Não posso acreditar...

SANTIAGO: - O que foi, Paula? 

Carol e Robson se aproximam deles.

SANTIAGO: - Robson?

ROBSON: - Desculpe vir assim...

CAROL: - Eu pedi para o Robson vir comigo, pai. Eu não ia conseguir chegar aqui sozinha.

PAULA: - Poderia ter pego um táxi. Não precisava ter incomodado o Robson.

CAROL: - Imagina, o Robson não se incomoda. Aliás, a companhia dele me deixa mais segura do que qualquer outra pessoa. 

Carol encara Paula, que alterna o olhar entre a filha e o amante. 

CAROL: - Vem, Robson, vamos nos despedir da tia Dalva. 

Carol pega Robson pela mão e o leva até próximo do caixão. 

SANTIAGO: - Mas... A Carol e o Robson estão juntos?

PAULA: - Pelo visto estão... Infelizmente...

SANTIAGO: - Como assim, infelizmente?

PAULA: - Eu já nem sei o que estou falando, Santiago. Eu preciso sentar, ficar um pouco no meu canto. 

Paula se afasta. Santiago fica pensativo.

Tarsila chega, acompanha de Barreto e Stefany. 

TARSILA: - Uma pena o Nuno não ter vindo... A Carol ficaria feliz em vê-lo aqui, dando uma força.

STEFANY: - Ele disse que tinha trabalho importante na faculdade e que mesmo que saísse, não chegaria a tempo.

BARRETO: - Mas nós estamos aqui, representando a família.

TARSILA: - Eu vou dar um abraço na Paula. 

Tarsila se afasta, Barreto a acompanha, enquanto Stefany se aproxima de Carol e Robson, que estão próximos do caixão. Num outro ponto da capela, Raquel e Jaqueline conversam. 

JAQUELINE: - Eu liguei para a Bartira, para dar a notícia. Ela está no Rio, não consegue vir pra cá.

RAQUEL: - Bartira já trabalhou com a Dalva?

JAQUELINE: - Muitas exposições, grandes sucessos... Acho que a Bartira vai topar, uma nova exposição, com releituras das obras da Dalva.

RAQUEL: - Você gostou mesmo da Dalva...

JAQUELINE: - Ela passou por um momento difícil, um ostracismo terrível, uma desvalorização do seu nome, da sua obra. Isso para um artística é um precipício sem fim.

RAQUEL: - Eu não vi o marido dela aqui, nem o filho...

JAQUELINE: - Eu tentei ligar para o Carlos mas não consegui. Espero que ele tenha conseguido encontrar o Cássio. 

CENA 09. APTO HENRIQUE. INT. DIA. 

Henrique chega em casa e encontra Lenara, sentada no sofá, folheando uma revista, impaciente. 

HENRIQUE: - Lenara?! Onde você esteve?! Desde de manhã eu tento falar com você e não consigo! Sumiu do quarto do hotel, não deu notícias!

LENARA: - Eu precisava resolver uns assuntos...

HENRIQUE: - Poderia pelo menos avisar, então...

LENARA: - Eu fui atrás da Raquel. 

Henrique se surpreende. 

HENRIQUE: - Como é que é? Você foi atrás da Raquel pra quê?

LENARA: - Para falar mais umas verdades na cara daquela falsa.

HENRIQUE: - Vocês brigaram de novo!

LENARA (levanta-se, exaltada): - Henrique, ela quer nos separar usando aquela droga de bebê!

HENRIQUE: - Não fala assim do meu filho, Lenara!

LENARA: - Você nem sabe se é seu filho ou não!

HENRIQUE: - A Raquel não mentiria pra mim.

LENARA: - Ela mentiu pra mim, se fazendo de minha amiga mas querendo ficar com você! A Raquel é uma vagabunda!

HENRIQUE(grita): - Chega, Lenara! Não fala mais nada!

LENARA: - Eu falo sim!... Falo porque é verdade!... Você está se sentindo incomodado? Então por que não anula o casamento? Por que você não separa de mim e vai atrás dela, hein?

HENRIQUE: - E você acha que eu não pensei nisso antes? 

Lenara encara Henrique, se cala. 

HENRIQUE: - A minha vida está do avesso, estou prestes a sofrer um baque na empresa e tudo o que eu queria era brigar quando chegasse em casa. Mas parece impossível. Acho que nem em casa eu vou conseguir ficar! 

Henrique sai do apto, deixando Lenara sozinha. 

LENARA: - Vai! Vai atrás daquela ordinária, vai!... Mas saiba que a felicidade de vocês não vai durar muito tempo não... Se a Raquel acredita que o bebê vai segurar o Henrique, quero ver ela fazer isso sem a criança... (ri, sarcástica) Raquel, Raquel... Já pode ir dando adeus para a peste do seu filho. O meu homem vai ficar só comigo! 

CENA 10. CENTRO COMUNITÁRIO. INT. DIA. 

Fernanda vai saindo do centro comunitário, quando Salete a chama.

SALETE: - Fernanda! Espera!

FERNANDA: - Precisa de alguma coisa, Salete?

SALETE: - Não, nada do serviço não. Ia te convidar para a gente fazer um happy hour, jogar uma conversa fora. O que acha?

FERNANDA: - Eu acho ótimo, mas eu não vou poder fazer isso hoje, Salete. Tenho um compromisso logo mais, me aguardando.

SALETE (desconfiada): - Compromisso é?

FERNANDA: - Sim... 

Salete fica a encarar Fernanda. 

FERNANDA: - Não é nada disso que você está pensando.

SALETE: - Não estou pensando nada.

FERNANDA: - Está sim, que eu sei.

SALETE: - Eu só acho que você pode tentar uma vida melhor, só isso.

FERNANDA: - Pode deixar que eu me viro, Salete. Obrigada mesmo. Mas hoje eu não trabalhar não. Estou indo para um encontro que pode mexer com a minha vida.

SALETE: - Ai meu Deus! Fala logo!

FERNANDA: - Não posso... (saindo) Te falo outra hora, como foi! 

Salete acena para Fernanda, em despedida e vai saindo pelo outro lado do portão, onde Nuno e Aimée conversam. 

AIMÉE: - Você é louco! Faltar outro dia de faculdade pra vir aqui!

NUNO: - Eu estou bem nessa matéria, não tem problema. O que não me faz bem é ficar longe de você. 

(sobe trilha “Mulher” – Projota) Os dois se beijam. 

AIMÉE: - Cuidado! O Leopardo pode ver a gente aqui, é perigoso.

NUNO: - Eu estou disposto a enfrentar quem for pra ficar junto contigo, Aimée. Você sabe disso. Não briguei com esse Leopardo na festa da escola de samba?

AIMÉE: - Na verdade você mais apanhou que brigou, mas foi muito valente em enfrentar o Leopardo. Ele poderia ter acabado com a tua vida.

NUNO: - Mas não acabou. Burro ele, que agora me deu mais uma oportunidade de ficar do lado da mulher que eu amo e que eu quero passar o resto da minha vida. 

Os dois se beijam novamente, carinhosos. Aimée puxa Nuno para dentro do pátio do centro, atrás do muro do prédio, para poder beijá-lo sem ser vista. 

(fade out trilha “Mulher” – Projota) 

CENA 11. CASA ZULEICA. QUARTO BÁRBARA. INT. DIA.

Bárbara navega na internet quando encontra um site com uma reportagem sua.

BÁRBARA: - Mas que história é essa?! (grita) Mãe! Venha aqi agora!

Bárbara clica no link da reportagem. Zuleica entra no quarto.

ZULEICA: - O que foi, minha filha?! Pra quê gritar desse jeito?!

BÁRBARA: - O site Folia SP fez uma matéria sobre mim!

ZULEICA: - E isso não é bom? Por que você tá com essa cara?

BÁRBARA: - Olha só o que diz matéria mãe! “Rainha sem trono e sem coroa não pode ser rainha. Bárbara Silva, que durante três anos consecutivos foi considerada a melhor rainha de bateria do carnaval paulistano está oficialmente destronada do posto da Escola Unidos da Zona Leste. A nova soberana da escola é Aimée Higino, que foi conduzida ao posto após anos como passista. A nova rainha já demonstrou que tem, além do samba no pé, beleza, carisma, simpatia e humildade, esta última característica principalmente, que faltava na rainha anterior.”

ZULEICA: - Mas isso é um absurdo!

BÁRBARA: - Elogiaram a sonsa da Aimée e esqueceram da minha história no carnaval, no samba! Aimée chegou ontem e já tem os holofotes!

ZULEICA: - Calma, minha filha. É só uma fase. Logo logo isso vai passar.

BÁRBARA: - Mas isso vai passar é já. Eles pensam que eu ficarei de fora do carnaval, mas estão muito enganados. Eu vou é resolver isso agora!

ZULEICA: - Você vai fazer o quê, Bárbara? 

CENA 12. QUADRA ROSAS DE OURO. INT. DIA. 

Bárbara e Zuleica na quadra da Sociedade Rosas de Ouro, uma das mais tradicionais escolas de samba do carnaval paulistano. As duas conversam com a presidente, Angelina Basílio. 

ZULEICA: - Angelina, minha cara, você com certeza conhece o talento da Bárbara!

ANGELINA BASÍLIO: - Claro que conhecemos! A Bárbara é uma das grandes musas do nosso carnaval. Tem talento pro samba.

BÁRBARA: - E sempre gostei muito da Rosas! Essa comunidade aqui da roseira é encantadora! As pessoas, os sambas, tudo! Essas cores, verde e rosa (pausa)

ANGELINA BASÍLIO: - É azul e rosa. Nossas cores são o azul e rosa.

ZULEICA: - Por favor, não dê bola, Angelina. A Bárbara passou, ou melhor, está passando por um momento muito complicado... Foi trocada na Unidos da Zona Leste por uma moça bancada por um traficante! Caso seríssimo.

ANGELINA BASÍLIO: - É mesmo?! Meu Deus! A que ponto chegamos no nosso carnaval...

BÁRBARA: - E os meus fãs não podem ficar sem me ver na folia, presidente! Por isso que eu vim até aqui. Para desfilar na Rosas no próximo carnaval e brilhar mais que aquela sonsa da Aimée!

ANGELINA BASÍLIO: - Eu fico muito feliz que você tenha escolhido nossa escola, Bárbara. Mas aqui, só quem brilha é o pavilhão. Ele é que deve ser a estrela de tudo.

ZULEICA: - Claro, ela compreende... Foi só uma forma de se expressar...

BÁRBARA: - Calor da emoção!... Lógico, pavilhão sempre em primeiro lugar.

ANGELINA BASÍLIO: - Bem, você então veio aqui para entrar no nosso time de musas da escola, é isso?

BÁRBARA: - Na verdade eu vim aqui para ocupar o posto de rainha de bateria, no qual eu já sou consagrada! Menos que isso eu não posso, presidente. 

Angelina se mostra surpresa com a falta de humildade de Bárbara. Neste instante, Andreza Sobrinho vai entrando na quadra, acompanhada de Chad Bezerra e Melissa Cavalcante, e se choca ao ver Bárbara. 

ANDREZA: - O que você está fazendo aqui, Bárbara?!

BÁRBARA: - Andreza!

ANGELINA BASÍLIO: - Vocês se conhecem?

ANDREZA: - Claro que eu conheço essa mulher aí. Foi ela quem tentou me sabotar no concurso de rainha do carnaval de São Paulo, quando eu ganhei em 2012. 

Bárbara fica sem graça. 

ANGELINA BASÍLIO: - Como é?!

ANDREZA: - Minha sandália estava escorregadia. Depois do desfile eu vi que tinham colocado óleo, para que eu caísse quando fosse sambar. E sabe como eu descobri? Vi a latinha do óleo caindo da bolsa dela no camarim. Por sorte, eu tinha uma sandália reserva. Sambei tudo que podia e levei a coroa de rainha.

ZULEICA: - Bárbara! Você fez isso mesmo?

BÁRBARA: - Eu?! Claro que não... Quero dizer, não estou lembrada... Deve estar me confundindo, Andreza.

ANDREZA: - Ninguém confunde uma raposa como você.

MELISSA: - E ela ainda deu em cima do Chad lá no concurso que eu vi! Ficou jogando charme enquanto ele tocava tamborim na bateria!

CHAD: - Foi é? Não percebi...

MELISSA: - Mas eu vi,Chad! Eu vi!

ANDREZA: - Olha só presidente, aqui na escola essa garota não pode ficar não.

ANGELINA BASÍLIO: - Depois dessa demonstração de parceria no samba e com o show de humildade que eu vi na minha frente, a Rosas não é o lugar para você, Bárbara.

BÁRBARA: - É, eu imaginei mesmo... A Rosas gosta da Ellen Roche, né?... Estou vendo que a escola não está à altura de Bárbara Silva. Vamos mãe, vamos embora. 

Bárbara encara Andreza e sai. Zuleica, envergonhada, vai logo atrás da filha.

ANGELINA BASÍLIO: - O samba não precisa de gente assim, não mesmo.

MELISSA: - Bem que você fez, presidente!

ANDREZA: - Agora que essa garota se foi, bora lá esquentar os tamborins, Chad! Logo mais tem ensaio pra sacudir a comunidade!

CHAD: - Já vou começar agora! 

Chad começa uma batucada no tamborim, enquanto Andreza samba, graciosa. 

CENA 13. CEMITÉRIO. INT. DIA. 

O cortejo fúnebre vai seguindo até o local onde Dalva será enterrada. Amigos, familiares, alguns profissionais da imprensa cobrindo o fato. Ao chegar no local onde está a cova de Dalva, o padre se prepara para encomendar o corpo, quando um grito chama atenção de todos. 

VOZ CÁSSIO: - Mãe! 

Todos se viram na direção do grito e enxergam Carlos e Cássio caminhando até o local. Cássio apoiado no pai, que carrega o filho com esforço. Santiago se aproxima para ajudar Caros a trazer Cássio, que se debruça sobre o caixão fechado. Jaqueline se aproxima de Carlos, o abraça. Carlos está visivelmente cansado, esgotado. Cássio, debruçado sobre o caixão, está com aparência desleixada. 

CÁSSIO: - Mãe... Você foi embora mesmo, mãe? Você vai me deixar aqui, sem amparo, mãe? (chora) Eu queria tanto ter cuidado mais de você, ter ficado mais do seu lado. Mas eu não consegui, mãe. Eu não consegui. E agora você foi embora e eu não pude nem ao menos te dar um beijo de despedida... Me perdoa mãe, por tudo o que eu fiz você passar. Por todas as nossas brigas, as lágrimas de dor que você derramou por mim. Essas mesmas lágrimas, mãe, eu estou derramando agora, aqui, sobre esse caixão duro, escuro, sem vida, mas que está guardando o bem mais precioso que eu pude ter um dia...  

Cássio começa a chorar, se desequilibra e cai no chão. Carlos e Santiago se apressam para ajudá-lo, o levantam. Cássio se apoia neles. O padre faz a prece e o caixão começa a ser enterrado. Todos emocionados. 

Aos poucos, os presentes jogam flores sobre o caixão. Carlos beija uma rosa vermelha e joga sobre o caixão. Os funcionários do cemitério terminam de enterrar o corpo de Dalva e o céu cinza começa a trazer a chuva.  

O grupo vai se dissipando, escapando da chuva, caminhando rumo à saída do cemitério. Apenas Carlos e Cássio permanecem parados, lado a lado, observando o túmulo de rosa. A água da chuva cai sobre o rosto dos dois, se misturando as lágrimas em seus rostos. Jaqueline surge atrás deles, toca sobre seus ombros.  

Os dois se viram para ela, que lhes estende as mãos. Juntos, os três caminham de mãos dadas, sob a chuva, rumo à saída. 

CENA 14. TRANSIÇÃO DO TEMPO. 

Imagens de São Paulo ao anoitecer. A chuva continua a cair pela cidade, que não perde sua luminosidade, dos prédios, do trânsito caótico. 

CENA 15. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE. 

(sobe trilha “Além da Nova Ordem” – Júlio Serrano)

Marcelo abre uma garrafa de champanhe. Serve as duas taças que estão sobre a mesa. Pega uma e bebe um gole. Em seguida, senta-se na cama, no quarto do motel. 

MARCELO: - Logo logo ela está aqui, nos meus braços novamente. 

(fade in trilha “Além da Nova Ordem” – Júlio Serrano) 

CENA 16. CASA ULISSES. INT. NOITE. 

Ulisses está dando uma olhada no visual no espelho da sala quando a campainha toca. Ele se apressa em abrir a porta. CAM revela Fernanda, que sorri ao ver Ulisses. Os dois trocam olhares.  

Ulisses puxa Fernanda pela mão e a beija. 

ULISSES: - Estava ansioso por ver você!

FERNANDA: - Eu também, não via a hora de chegar aqui.

ULISSES: - Essa noite vai ser especial. Pode ter certeza. 

Os dois se beijam, apaixonados. 

(fade out trilha “Além da Nova Ordem” – Júlio Serrano) 

CENA 17. APTO LENARA. ESCRITÓRIO. INT. NOITE. 

No escritório de seu apto, Lenara mexe no computador, com atenção. Otávio chega, brincando com um avião de brinquedo. Ele faz barulho, fala alto. Lenara tenta se concentrar, mas não consegue. 

LENARA: - Tavinho, vai brincar no teu quarto, vai! Aqui não é lugar.

OTÁVIO: - Mas eu fiquei um bom tempo de castigo no quarto. Agora eu quero sair, andar pela casa!

LENARA: - Mas não aqui dentro! Sai logo antes que eu te tranque no quarto de novo!

OTÁVIO: - Na casa do meu pai eu posso brincar em qualquer lugar. Eu queria ir morar com ele.

LENARA (vai até Otávio): - Mas nunca que você vai ir morar com seu pai. Aí eu perco toda essa boa grana que ele me dá, que é a única garantia que eu tenho enquanto eu não fortaleço o meu casamento.

OTÁVIO: - Você só pensa em você. As pessoas que são assim se chamam egoístas. Você é egoísta.

LENARA: - E você é chato, é maluco, agitado, não para! Você é louco! Acho que nem o seu pai gostaria de morar com você.

OTÁVIO: - Meu pai sempre diz que me ama!

LENARA: - Ama de longe, né, Tavinho? Na verdade seu pai ta é de saco cheio de você. Logo logo ele conhece outra pessoa, começa a namorar, se casa, tem outro filho e você fica esquecido. Igual brinquedo velho. 

Otávio se entristece e sai do escritório. 

LENARA: - Vai dormir, peste. Me deixa em paz! No meu plano! 

Lenara volta para o computador. CAM mostra a tela do PC. Lenara navega no site do Centro de Estudos onde Raquel estudou em Portugal. Vê as fotos dos arquivos do site, quando encontra algumas fotos de Raquel e Joaquim, na horta do Centro, em algumas aulas do curso de gastronomia. 

LENARA: - Olha só... Raquel tinha até um amiguinho português... Taí! Só pode ser ele o pai do pestinha que ela ta esperando. E mesmo que não seja, o Henrique vai ter que acreditar que é. Agora eu só preciso entrar em contato com esse amigo... 

Lenara fica pensativa, analisando a foto onde Joaquim e Raquel aparecem abraçados na horta. 

CENA 18. RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. INT. NOITE. 

Liza faz a recepção de alguns clientes no restaurante. Ela os leva até a mesa reservada e volta para o seu posto, no hall de entrada. Monique chega no local. 

LIZA: - Hoje a casa ta cheia! Muitas reservas!

MONIQUE: - Sim, a cozinha está a todo vapor! Mas eu consegui dar uma fugida para vir ver você. 

As duas trocam olhares. Liza segura a mão de Monique, delicada. As duas trocam um selinho, discreto. 

LIZA: - Volta para o trabalho, não venha me desconcentrar... (risos)

MONIQUE: - Tá bom... Mas a qualquer hora eu volto! 

Monique se afasta. Liza segura o riso, feliz pelo beijo. Monique, a caminho da cozinha, passa pelo bar, aonde Henrique bebe uma dose de uísque enquanto conversa com Claude. 

HENRIQUE: - Eu nunca fui de beber, Claude. E até hoje eu não entendia muito bem como meu pai conseguia perder tempo bebendo enquanto os problemas estavam ali, pra ele resolver. Hoje eu entendo. A bebida acalmava ele, fazia ele relaxar... A bebida, claro, bem apreciada, pode ajudar até a abrir a mente.

CLAUDE: - E você está se sentindo com a mente aberta agora?

HENRIQUE: - Não sei... Mas menos tenso sim.

CLAUDE: - Eu sei que não somos tão amigos assim, tão próximos, mas se você quiser se abrir...

HENRIQUE: - Obrigado, Claude. Obrigado mesmo... Nessas horas, eu estaria recorrendo à minha mãe. Não pelo colo dela, pelo afago. Mas porque ela é minha melhor amiga. Mas os problemas são tão grandes, envolve família. Minha mãe não merece.

CLAUDE: - Pelo pouco que eu a vi, no casamento, ela parece ser uma pessoa muito boa. Uma mulher adorável.

HENRIQUE: - Minha mãe é uma verdadeira dama, em todos os sentidos... Não por ser minha mãe, mas por ser uma mulher de fibra, de força...

CLAUDE: - E você acha que esse problema, ou esses problemas, podem abalar as forças dela também?

HENRIQUE: - Meu irmão, Humberto, quer vender a parte dele da empresa. Um verdadeiro racha no patrimônio da família. Se não bastasse isso, minha vida pessoal está também fora de controle, com toda essa história da Lenara e da Raquel.

CLAUDE: - Desculpa a minha opinião, mas eu acho que você cometeu um erro gravíssimo. E você sabe qual foi.

HENRIQUE: - Ter casado com a Lenara.

CLAUDE: - A Raquel me contou toda a história de vocês. Se é amor verdadeiro mesmo que vocês sentem um pelo outro, vocês precisam é ficar juntos. Ainda mais agora, que tem uma criança envolvida.

HENRIQUE: - Mas depois de tudo o que aconteceu, eu não sei nem se a Raquel quer falar comigo de novo. Acho que ela se decepcionou comigo, por eu ter seguido com o casamento e não ter ido atrás dela... 

Enquanto isso, na recepção, Raquel chega. 

RAQUEL: - Oi Liza, boa noite!

LIZA: - Boa noite, Raquel! Veio jantar? Hoje nós estamos praticamente lotados, mas pra você sempre tem um lugar especial.

RAQUEL: - Nossa, que honra! Mas eu não vim jantar não. Eu quero é falar com o Claude, eu trouxe uns papeis aqui pra ele me ajudar a ver, sobre o meu novo restaurante. Ele está aí?

LIZA: - Claro! Está lá na parte do bar. Eu te acompanho.

RAQUEL: - Não precisa Liza, eu sou de casa. (risos) Obrigada! 

Raquel entra no restaurante. 

CLAUDE: - Pelo o que eu conheço da Raquel, ela é apaixonada por você.

HENRIQUE: - E eu sou louco por ela, Claude. Se eu pudesse... Se eu tivesse a oportunidade de falar com ela de novo... 

Claude avista Raquel chegar no bar. 

CLAUDE: - Acho que a sua oportunidade chegou.

Henrique encara Claude sem entender. Claude, com o olhar, faz sinal para que Henrique se vire. Ao virar, Henrique vê Raquel, que também o olha surpresa. (sobe trilha “I Look To You” – Whitney Houston) 

CLAUDE: - Vai lá falar com ela, Henrique! Vai... 

Henrique se levanta do banco, caminha até Raquel.

RAQUEL: - Eu não esperava encontrar você aqui.

HENRIQUE: - Eu também fiquei surpreso em ver você. E também feliz. Eu queria mesmo conversar.

RAQUEL: - Eu preciso falar com o Claude antes e (pausa)

HENRIQUE (segura a mão de Raquel): - O Claude pode esperar... A gente precisa conversar, Raquel. E você sabe muito bem disso. 

Os dois ficam a se olhar.

(fade out trilha “I Look To You” – Whitney Houston) 

CENA 19. APTO HUMBERTO. INT. NOITE. 

Donato ronca no sofá, bêbado. Sentados à mesa, ao fundo, Humberto conversa com Vilma. 

HUMBERTO: - Sabe que pensando bem, eu fiquei feliz em não ser filho do Donato. (ri)

VILMA: - Eu sei bem o que faço... Mas já sabe, isso ainda é segredo.

HUMBERTO: - Por que você não quer que eu fale pra Maria Alice?

VILMA: - Porque eu mesma quero falar... a gente ainda não teve a oportunidade de ter uma conversa franca. A Alice toda delicada, aquele jeito apaziguador. Mas uma hora ela vai ter que saber que o Gurgel, além de trair ela comigo, me fez um filho.

HUMBERTO: - Mas antes da gente por as mãos na grana, já vou avisando que a maior parte é minha. Você é minha mãe, mas isso não lhe dá direito algum. Você e o Donato ficam mais abaixo na escala de poder.

VILMA: - Mas você é tão muquirana quanto o Gurgel, hein!... Mas tudo bem. Eu nem estou tão preocupada nessa divisão. Estou pensando é em outra coisa...

HUMBERTO: - Que coisa, posso saber?

VILMA: - Nele... 

Vilma encara Donato, que continua dormindo no sofá. 

HUMBERTO: - O que você está pensando em fazer?

VILMA: - Nós vamos fazer!... Vai ser pelo meu bem e pelo seu também, Humberto. O Donato vai ser uma pedra no nosso caminho.

HUMBERTO: - Mas como é que a gente vai tirar ele do caminho?

VILMA: - Sei lá, qualquer coisa... Veneno, facada, tiro!

HUMBERTO: - Nossa!

VILMA: - Ou um acidente... Como diz o ditado, acidentes acontecem.

HUMBERTO: - Nada pode acontecer com ele sem antes a gente colocar a mão na grana.

VILMA: - Claro que isso eu sei, não sou burra. É o Donato assinar os papéis, recebendo a grana da venda da sua parte na empresa, depois a gente dá um golpe nele, pega a grana pra nós e aí sim, quando ele não tiver mais serventia nenhuma, a gente dá um fim nele.

HUMBERTO: - Tudo muito bem arquitetado. Até porque, a Liza, filha dele, não pode desconfiar.

VILMA: - Sim, isso sim. Mas também precisamos ser rápidos, não podemos demorar. Cada dia que passa é um perigo.

HUMBERTO: - Mas quando você pretende fazer isso?

VILMA: - Amanhã mesmo. Amanhã a gente coloca a mão na grana e manda o Donato pro quinto dos infernos! 

Vilma e Humberto trocam olhares, cúmplices.


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel

trilha sonora
 Mulher - Projota
Além da Nova Ordem – Julio Serrano
I Look To You – Whitney Houston

produção

 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


 
REALIZAÇÃO



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