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Antologia O Mal que nos Habita: 1x04 - Filantropo

Conto de Julius
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Sinopse: Um empresário filantropo após ajudar uma família acaba por contratá-los em sua empresa. O problema é que enlouquece quando percebe que eles não desejam mais viver de esmolas e querem uma vida digna; o fazendo cair em uma espiral de loucura que acaba com a sua morte.


Filantropo
de Julius

 

            Diante de ti, Samael, juiz dos mortos, venho contar novamente minha história e de como cheguei nesse umbral. O peço que uma vez que minha história faça correr lágrimas pelos teus olhos gélidos me permita adentrar os portões do paraíso; ainda que sua sentença tenha sido que ardesse eternamente nos rios de enxofre da sombra eterna.

            Saiba que eu sou guiado por um espírito de inteira bondade e amor e destinei quase todos os meus lucros a obra filantrópica, alimentando os desvalidos e miseráveis. Aos domingos juntava as minhas mãos e pedia aos céus que me dessem forças e ânimo para essa causa que muito me empenhei.

            Ainda que sagrado por Deus e iluminada pelas sábias palavras do pastor; o espírito que me guiava a amar o meu ofício se viu, pela primeira vez, aquebrantado e humilhado.  Como se tudo que fiz perdesse o sentido e uma lança perfurasse a pureza do meu coração, sangrando em uma onda de sentimentos impuros que tanto me afligiram. Percebi que todo o dinheiro que carreguei não era o suficiente para alimentar uma ânsia maligna, um desejo obscuro que talvez sempre estivesse enterrado fundo dentro da minha alma e dos mais elevados desígnios. Saiba, que fiz de tudo, mas como recompensa as minhas puras intenções serviram só para alimentar a ingratidão e a inveja daqueles que um dia ofereci o pão.

            Tudo começou no dia que me veio a porta seres nem humanos nem animais. Uma matilha de homens, talvez seja essa a melhor definição aquela família. Criaturas sujas, malcheirosas, de olhos esbugalhados e com pele maculada pela maldição de Cam. Como um anjo que desce dos céus com os louvores fui a eles quando choraram. Os abracei e chorei, abri as portas do meu palácio de caridades aos pobres seres, os ofereci banho, alimento e comida. As criaturas rastejantes agradeceram a mim e com o esforço que ofereci a aqueles inválidos pude os ver sorrir alegres com o conforto que os entreguei. Nunca pedi contrapartida, seus sorrisos e agradecimento já me bastavam. Eles saíram dos aposentos do meu abrigo e, imaginei, que nunca mais os veria novamente.

            Mas meu caro, os sonhos se desfazem quando acordamos! Como pude imaginar que havia alimentado a serpente que me inocularia o veneno?

            Após meses o homem e a mulher foram admitidos na minha empresa. Quando descobri isso, sorri comigo mesmo ao perceber que eu havia sido o responsável por erguê-los e os tornar pessoas dignas a sociedade, esse cruel constructo.

            Imaginei que ao passar pelos corredores me veriam como uma espécie de santidade. Reconheceriam em mim seu salvador e em lágrimas me agradeceriam pelo favor que os fiz. E mesmo que não me entregassem tal agradecimento ao mínimo seriam leais; mas errei!

            Sentia que os seus sorrisos e olhares admirados eram falsos. Era como se, elevados a forma humana, olhassem o seu criador e se revoltassem. Não com atos concretos mas com tramas, injúrias silenciosas que mantinham entre eles. Desejos baixos que sem dúvida compartilhavam em seu leito selvagem inoculavam na prole o mesmo ódio. Sentiam alguma fagulha de alegria genuína só quando o pagamento lhes caía em mãos. Era como se me dissessem – Me entregue mais! Já que o alimento do corpo e o trabalho, alimento da alma, não nos é suficiente.

            Seria injusto se só os acusasse por tal pecado. Me cerquei de ratos! Os olhares intimidadores, desleixados e preguiçosos era um crime frequente em toda a minha antiga equipe de trabalho. Dos gerentes abaixo, empilhavam-se e serviam sem animo ou coragem. Os dizia que não seriam capazes se não trabalhassem com o empenho de seus corações, os inflamava com o desejo pela vitória, mas ainda sim me serviam displicentemente e só o faziam por amor ao dinheiro. Os perguntava – como querem conseguir seus objetivos se só pensam no salário? –  e me respondiam frases decoradas que os ensinei, como crianças que para agradar o professor vomitam vacilantes as frases prontas repetidas à exaustão. Alguns até se esforçavam, genuinamente, em acreditar mas logo esmoreciam e novamente rastejavam-se em suas funções despidos de qualquer alegria. Mas nada me arde mais no peito que alguém que trouxe do mundo dos mortos me ver como seu mais íntimo inimigo.

            Observei atento quando eles recebiam os holerites. Estava evidentemente distante, olhando tudo das câmeras do prédio para que minha presença não mudasse qualquer reação dos que reavivei a vida. Os malditos sorriam! Animavam-se ao delapidar o patrimônio tão arduamente construído. Amaldiçoado sejam os humanos, pois o cão quando bem adestrado não morde de tal forma a mão que o alimenta. E mesmo o mais arredio dos cavalos aceita com amor o trabalho aquele que o dá de bom coração. Felizes eram quando despidos de qualquer humanidade os aceitei de todo amor e eles diante de mim ajoelharam com os olhos marejados. Mas agora, uma vez trazidos ao mundo mais próximo ao dos homens, enchem-se de mesquinhez e só aceitavam trabalhar por notas vis.

            O que me fez ser corroído pelos sentimentos incivilizados foi o momento que o casal que eu havia erguido decidiu por me desafiar. Com falsa humildade adentraram o meu escritório e me disseram que o que pagava não era o suficiente para que se sustentassem. Como podem!? Os oferecia o sustento da alma. Purificados pelo trabalho duro para que um dia pudessem ter a alma tão alva que mesmo você, Juiz dos mortos! Pudesse olhá-los depurados do pecado dos seus ancestrais. Respirei fundo e os vi com os olhos embargados e disse que poderiam sempre contar comigo; que poderia erguer minha mão gentil novamente a eles, que minha filantropia também os tocava. Mas não! Eles agradeceram pelo passado mas disseram que agora queriam ser independentes. Independentes do que? Das rédias que os mantinham no justo caminho? Se é livre se fora dos desejos de Deus?

            Disse uma vez Calvino “O trabalho dignifica o homem”. Os de coração puro agem pela dignidade, pois é ela que os aproxima de Deus. Os antigos puritanos e os bons homens de todas as seitas protestantes não atuaram com o coração justo e honesto antes do vil metal? Não é esse por acaso o caminho para as riquezas materiais e espirituais? Pois se sou condenado ao inferno, diga-me! Eles também ardem sobre o mesmo aço que me condena?

            Provando que eles carregavam o espírito da subversão me disseram com essas palavras – Seu … entenda bem! Não é só a gente que precisa, é todo mundo lá fora. – Aquelas palavras me acertaram como uma bala, quase chorei ao ouvir isso. Mas continuaram –...Como a gente é muito agradecido pelo senhor, achamos melhor pedir antes. O pessoal lá fora tá bem irritado, até as horas extras não estão vindo certo. –    Respirei fundo, mantendo a valentia contra os meus opositores. Aqueles que um dia alimentei tornaram-se porta-vozes da rebelião. Arautos pagãos, macaqueando em torno de imagens de ouro e prata. Os ofereci um caminho para a salvação e para as grandezas desse mundo e eles se revoltam? Como diria uma máxima dos nossos tempos “Quem trabalha por dinheiro nunca será grande.” E esse é o meu consolo, saber que sempre serão os mesmos insetos de sempre e que arderão no inferno quando caírem aos seus pés.

            Aquilo foi para mim a gota d’água. Sorri para eles e anunciei que os meus subordinados teriam um aumento de salário. Eles sorriram e se distanciaram amigavelmente da minha sala e rapidamente alardearam para todos o sucesso na extorsão que promoveram contra minha benfeitoria.

            Entendi que tudo havia ido longe demais em tudo fiz. Relembrei com carinho quando os vi pela primeira vez, rastejando e suplicando por pão, água e um teto para que pudessem passar a noite. Os ofereci aquilo que desejavam com um sorriso amigável e eles se fartaram com o alimento ao ponto de se estufarem com o que podia entregar e ainda pediram mais. Se errei foi por tentar regenerá-los.

            Um homem para renascer em Deus deve morrer para o mundo. E assim decidi: Como o mundo não havia morrido em seus corações tomei a tarefa de sufocá-lo dentro deles. Só assim poderiam encontrar a pureza perdida desde que a maldição ancestral aflorou em suas mentes. Para tal deveria fazer com que tudo que desejavam se apagasse até que novamente um bom afago fosse suficiente para saciar suas mais íntimas vontades. O homem natural, imperfeito e cruel, com os pecados imundando seus desejos deveria ser suprimido. Perscrutei todos os elementos que haviam degenerado seus corações e os tornado de almas pecadores em entes malignos e sediciosos.

            Relembrei suas palavras e o desejo por independência! A liberdade, desejo maior dos filhos de Cam. Por não serem aptos a tal, torna-se pecado primevo que os fez deslizar em toda ordem de desejo carnal e sustenta o espírito rebelde, os transformado em monstros gananciosos sem qualquer pudor. Se quisesse levá-los ao justo caminho era essa a erva daninha que deveria ser arrancada dos seus corações. Era necessário submetê-los a ponto de que seriam tão puros, que mesmo livre das correntes de ferro, se manteriam com a coleira no espírito e serviriam de bom grado aos seus superiores, espelhando em mim a santidade que os guiava a Deus; da mesma forma que a esposa vê no marido o reflexo do Senhor e a ele se sujeita. E quem sabe um dia seriamos iguais e eles poderiam olhar para baixo onde guiariam outros dos seus ao paraíso?

            Em meu abrigo para carentes tomei um andar inteiro para por meu plano em prática. Ainda que atendesse menos gente, tinha a convicção de encontrar uma maneira bem mais útil de reestabelecer a bondade em um mundo corrompido. Então ordenei que me trouxessem, por quaisquer meios, as crias dos meus detratores.

            Fui bem-sucedido. Alguns homens, cujo o jeito rude ocultava a sua bondade, me trouxeram as duas crianças que guardei no andar que havia selecionado para doutrinar a família. Liguei para os pais e os alertei que as crianças estavam lá. Movidos pelo instinto não tive dificuldade em os guiar ao andar onde os pequenos dormiam. Assustados abraçaram as crianças e ofereci para eles alimento e água onde ordenei aos subordinados a colocarem sonífero. Inicialmente foram reticentes em aceitar minha ajuda, pobres almas! Ansiavam a independência e negavam qualquer mão que os acaricia-se. Fui insistente e eles acabaram se fartaram com tudo que lhes dei. Sorri relembrando o momento que reduzidos a bestialidade me procuraram com amor e boas intenções e os via como duas crianças imaculadas de pecado. Por fim adormeceram e os aprisionei ao claustro.

            Acordaram como animais em fúria se debateram tentando liberar-se dos grilhões que havia colocado em seus pescoços. Gritavam maldições e eu os castiguei com a chibata, tal qual se faz com um cavalo, até que novamente reduzidos ao animalismo me imploraram pela liberdade aos prantos. Mas não me compadeci de sua falsa submissão. Sabia que uma vez livres como eram novamente arquitetariam contra mim. Os mantive lá, apiedados em seu castigo pelo crime de terem atentado contra a obediência. A ambição, confesso, é uma das grandes qualidades humanas. Porém, se não mantida pela obediência torna-se um veneno cruel capaz de deteriorar os mais limpos seres. O que dizer então de seres cujo o próprio sangue é corroído e a pele, como prata oxidada, enegreceu-se como o espírito?

            Os deixei ali, expurgando todo o ódio no coração por meio de palavras baixas. Quando os funcionários da instituição perguntaram o que acontecia os disse com altivez e a fúria que minha missão ordenava – Estou fazendo o que deve ser feito! E quero o silêncio de todos aqui. Quem questionar será o próximo, se trouxe eles aqui e nada aconteceu comigo, imagine o que posso fazer com vocês? – E assim consegui a calma resignação de todos.

            Me mantive no andar de cima ao espaço que havia reservado para eles. Podia ouvi-los gritar e chorar e aquilo me animava. Minha alma era acalentada pelo sofrimento e sentia que em ajudá-los e ver neles a necessidade de um patrono dava a minha existência algum norte que fora perdido desde que voaram para além do meu controle.

            Quando já deixaram de chorar e só havia um silêncio absoluto, desci até onde eles estavam junto à uma tigela com os restos de comida que haviam sobrado nos pratos dos demais residentes e um pouco de água. Coloquei o alimento próximo a eles, que rastejaram e lançaram-se sobre a comida com alegria, colocando os pedaços na boca com avidez. Aquela cena me comoveu. Os via se saciar com pouco, nada que eu não pudesse de bom grado e felicidade oferecer a eles. Ainda sim os quatro me olhavam com ódio, com a mesma altivez que me encaravam quando eram homens livres que se submetiam as minhas ordens por salário. Aquilo me assustou!

            Levantei o latego, desci firme contra eles e os ordenei – Me agradeçam! – prova de sua perfídia é que resistiram a ordem e me questionaram o porquê dos meus atos. Como não percebem o óbvio? Novamente desci em um potente arco a chibata contra suas costas, até que finalmente se rendessem, caíssem de joelhos e clamassem:

– Obrigado senhor ...!  Obrigado! – E então repreenderam seus filhos, ainda mais arredios, para que o fizessem.

            Me alegrei, parti e novamente os submeti a fome e a sede. Por mais três dias os abandonei. Tudo que naturalmente desprezaria, como os miasmas das excreções, os gritos de ódio e as lamurias… Tudo aquilo me encantava por vir deles. Não por raiva dos meus inferiores mas justamente pelo contrário. Por um sentimento de amor inato aos miseráveis. Era em seu sofrimento que me encontrava, e sanando-o encontrava a benção que sustentava todo o meu ser. Eu mesmo que os limpava com um pano úmido e em lágrimas dizia – Eu amo vocês! – e enquanto oferecia o alimento que devoraram acariciava as suas cabeças em um ato de mais pura caridade.

            A cada semana que entrava naquele andar os via tornar-se mais puros. A tal ponto que pedi gentilmente para que o mais novo dos rebentos se aproximasse de mim e o deixei deitar-se em meu colo e o acariciei como um animal. Ele chorava de frio, fome e dor, mas também ansiava pela liberdade. Pobre alma! Será que um dia o pecado original será limpo do seu coração?

            Como seria bom se aqueles sublimes momentos não fossem mantidos por tamanho sofrimento e os homens servissem obedientes pela pureza? Mas o medo do castigo é o que mantém a fé viva no coração dos mortais. Não é sobre isso que falam os pastores quando dizem que falta aos homens o temor a Deus? Aquela gentil criança não era mais que a semente do mal escondida. O sangue fala mais alto! Diz um velho ditado. E as gerações desde que Cam rebelou-se contra Noé perpetuaram-se em sua essência. Ele tentou me enforcar e encravou os dentes na mão que o acolhia. Fui obrigado a expulsar a criança a chutes e sai de lá com lágrimas nos olhos. Por que eram tão ingratos?

            Cheguei a conclusão que deveriam entender que a obediência era importante e que sempre estaria lá para puni-los quando se desviassem do caminho. Por isso voltei ao claustro e tomei a criança mais velha, a libertei dos grilhos mas quando sorridente ela acreditou-se livre a derrubei e a pisoteei até que desfalecesse em suplício. Sou culpado em condenar alguém que nasceu com o pecado encrustado a carne? Eles choraram e pediam para que parasse mas fui bem claro no porquê da minha atitude:

– Isso é pelo crime que vocês cometeram! Vocês me obrigaram a fazer isso. Entendam que o preço do pecado é a morte.

            E sai de lá quando a mãe embalava o corpo da criança com a cabeça esmagada pendente e o pai espancava o filho vivo como punição pelo feito. Sorri compadecido daquela cena e imaginei como poderia acalentar aquela dor.

            No dia seguinte os trouxe a melhor comida que pude comprar e os deixei ouvindo louvores para apaziguar a dor que ardia em seus peitos. O mais novo, ensanguentado, foi o único que se dispôs a comer; ainda mais porque o defunto já começava a feder e algumas moscas rondavam o crânio esmigalhado. Ofereci também frutas afim de animá-los, ainda que se recusassem a comer; sequei suas lágrimas, muito me entristeceu o choro derramado pelos três e me emocionei ao ouvi-los dizer como amavam o filho. Mas ainda aquele maldito desejo de liberdade os consumia. Me pediram em prantos pelo fim das correntes e eu com desprezo me levantei e fui embora após os golpear sem dizer mais nenhuma palavra de sabedoria.

            Passou-se mais de um mês. Já estavam doentes, esgotados em suas últimas forças. Alimentados com os restos dos restos mas nenhum sofrimento ou compaixão conseguia eliminar deles o desejo que os afastava de Deus. Por que queriam viajar para tão longe da minha proteção? Os que o motivava a desejar serem iguais a mim? Maldita seja sua ingratidão! Anjo da morte, já vivi o inferno e era aquela emoção, a completa fraqueza perante à um inimigo tão grande. Mesmo quando reduzidos e deitados no meu colo, onde podia acariciar as carapinhas, senti que o faziam motivados pelo mais profundo ódio. O realizavam por medo de serem os próximos a ter o crânio esmagado pelos meus pés, pelo medo do latego e pelo puro instinto de sobrevivência. O coração é mesmo a fonte de todos os pecados, incapaz de se submeter pela graça e pela compaixão. Órgão indigno que movimenta cada gramo de carne.

            E assim foi que morri. Enquanto afagava suas cabeças, mantidas obedientes pelo medo e pelo instinto, o coração deles falou mais alto. A assanha violenta de sua raça me condenou, me enredando nas correntes que os prendiam me jogando ao chão; impondo a maior das tiranias! A mais brutal das ditaduras. Invertendo a natureza divina e terrena, se colocando como meus superiores. Foi um grito! Saído das profundezas de suas gargantas. Tentei fugir, mas eles enredarem o meu pé com uma das correntes, fazendo com que cada um dos meus passos o enforcassem cada vez mais. Então as mãos me puxaram para próximo, lutei arranhando seus rostos e os socando, mas forçaram-me agressivamente ao chão. Uma nova corrente arrolou-se no meu pescoço e quanto mais eu me debatia mas eu me via preso a forca. Era uma luta de vida ou morte! Os meus movimentos também os sufocavam. Só um dos lados tinha direito a vida.

            Não houve justiça na luta! Se as leis da natureza dizem que o mais forte é que o prevalece, como pude tombar contra esquálidos e aquebrantados seres? Se Deus está ao lado dos justos, por que fui eu, que movido pelo que há de mais puro, pereci frente a seres ímpios pela própria essência?

            Eu os ofereci piedade, amor e compaixão. Os retirei da miséria e como pagamento maquinaram contra mim a rebelião. Quando caridosamente os ofereci a chance de restaurarem suas almas e tentei purgar deles o pecado de nascença, se levantaram me jogando ao chão como um inseto. Pois digo! Não eram homens e sim bestas. Cuspidos pelo próprio inferno, cujo a própria existência é fruto das tramas de satanás. Indomáveis, ambiciosos, luxuriosos que nem mesmo o justo caminho da fé é capaz de regenerar.

            Minha condenação é injusta. Se cometi crimes enquanto vivo não foi feito se não por caridade e tudo deveria se apagar frente a bondade dos meus atos.

Conto escrito por
Julius

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Eliane Rodrigues
Francisco Caetano 
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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