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Estações da Vida - 1x27

Novela de Gabo Olsen e Diogo de Castro
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NO CAPÍTULO ANTERIOR DE "ESTAÇÕES DA VIDA":

PAULINHA (deboche): Tá rolando que nosso amigo Caio escondeu da gente que é gay.

Nanda cospe a bebida com a revelação de Paulinha.

...

NANDA: E como é que ela tá?

PATO: Agora está dormindo, o pior já passou.

GREGO: Esse lance de namoro pela internet é um perigo.

PATO: A Lua vivia pregada no celular conversando com esse cara. Tava super apaixonada. O baque foi grande.

PAULINHA: Que maldade brincar com os sentimentos de alguém assim.

...

PATO
: Significou muito você ter vindo.

NANDA: Apesar de tudo, eu acho que num momento difícil como esse o certo é deixar as diferenças de lado.

PATO: Isso quer dizer que ainda somos amigos?

NANDA: A gente pode falar disso depois?

PATO: Nanda, me desculpa vai. Eu sei que eu fui um idiota com essa história de aposta. Mas isso também serviu pra eu perceber o quanto eu gosto de você.

NANDA: Como assim?

PATO: De todos do grupo, é de você quem eu sinto mais falta.

NANDA: O que quer dizer com isso?

PATO: Que eu demorei pra perceber, mas hoje eu posso ver que gosto de você... Mais do que como amigo.

MUSIC ON: (NAKED - JAMES ARTHUR)

Nanda engole em seco com a declaração.

PATO: Não vai dizer nada?

NANDA: Quem me garante que não é outra aposta? Você é muito inconsequente, Pato. É capaz de estar se aproveitando dessa situação pra me enganar outra vez.

PATO: Você acha que eu seria capaz?

NANDA: Se tratando de você eu não sei de mais nada. Minha mãe tá me esperando lá fora. Tchau.

Nanda se retira. Pato se joga no sofá, frustrado. Kátia e Leonardo retornam ao ambiente.

...

DIEGO (lendo):
“Pivete, o seu prazo para pagamento encerrou. De hoje não passa. Tá ligado no que vai acontecer se vier sem a grana né?”.

Diego guarda o celular no bolso.

DIEGO (tenso): Ferrou, como eu vou pagar essa dívida?

POV de Diego, um grupo de meninas jogando conversa fora. Uma delas mexe no celular e coloca no banco. Elas seguem conversando enquanto Diego se aproxima discretamente. O movimento entre alunos é intenso por ali. Diego passa sorrateiro e pega o aparelho, coloca na jaqueta e sai sem ser percebido. As meninas seguem conversando até que a dona do celular percebe que o aparelho não está mais lá. Elas ficam procurando. Diego já se distanciou.

...

RAMIRO (O.S): Atenção, alunos! Recebemos a informação de que uma das aulas no ensino médio teve seu aparelho celular furtado nas dependências da escola, durante o intervalo. Em razão disto, todos os alunos serão revistados até o fim das aulas de hoje. Individualmente, cada aluno deverá se direcionar a diretoria para a revista, a começar pelas turmas do ensino médio. Enquanto isso, as aulas seguirão normalmente. Alertamos que este episódio lamentável deve restringir-se às dependências da instituição e em hipótese alguma deverá ser divulgado fora da escola. Agradece a direção!

...


DIEGO
: Droga! Vão me pegar!

Ele anda pela sala meio atordoado.

DIEGO: Já sei.

Diego se dirige até a mochila de Ismael e coloca o celular dentro no momento em que Pato chega.

PATO: Foi você, não foi? Você roubou o celular, Diego?!

Em Diego, encurralado.

 
     
     
     
     

CAPÍTULO 1x27
 
     
   
     
 

CENA 01. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO ENSINO MÉDIO. INT. DIA.

 

Continuação do capítulo anterior. Pato encarando Diego.

 

PATO (sério): Vamos, Diego, responde! Foi você que roubou o celular, não foi?

 

DIEGO (nervoso): Qual foi,Pato! Eu não sou ladrão, sacou?!

 

PATO: Fica difícil acreditar depois daquela historinha ‘pra boi dormir’ no vestiário. Eu não sou otário, Diego. Foi você? Pode confessar, cara. Eu sou teu brother, esqueceu?

 

DIEGO: Tá, foi eu sim, e daí?

 

PATO: Porque tu fez isso?

 

DIEGO: Umas paradas aí.

 

PATO: Dívida?

 

DIEGO: É assunto meu. Fica fora disso.

 

PATO: Tu tem que devolver, Diego. Vão acabar te pegando.

 

DIEGO: Não se a gente encontrar outro culpado.

 

PATO: Como assim?

 

DIEGO: Coloquei o celular na mochila do Ismael. Tava na hora da gente se vingar desse idiota. Desde que ele chegou nessa escola... Ele só ferrou com a gente! Chegou a hora dele pagar, Pato.

 

PATO: E você acha que essa é a melhor maneira?

 

DIEGO: Qual é, Pato? Não to te reconhecendo.

 

PATO: Isso é muito sério, Diego. O Ismael pode ser acusado por uma coisa que não fez. Ele vai ser expulso do colégio.

 

DIEGO: E todos os nossos problemas acabam. Não é isso que você quer?

 

PATO: Isso não tá certo. Vamos devolver.

 

Pato vai enfiar a mão na mochila de Ismael, mas Diego a segura.

 

DIEGO (sério): Tu prefere que eu me ferre no lugar daquele mané? Se me pegam, quem vai expulso sou eu. Pensei que a gente era amigo.

 

Pato fita Diego, indeciso.

 

TOCA o sinal de retorno às aulas. Pato se solta de Diego.

 

DIEGO: Qual vai ser, Pato? Eu ou o Ismael?

 

Pato concorda com a cabeça.

 

PATO: Vou beber água.

 

Pato se retira. Diego chuta uma cadeira, irritado. Os alunos começam a entrar.

 

CENA 02. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DOS PROFESSORES. INT. DIA

 

Professores se organizando para retornarem às salas. Juliana está incrédula.

 

JULIANA: Mas era só o que me faltava! Em quase dez anos de gestão escolar isso nunca me aconteceu. Um furto nas dependências da escola!

 

ARNALDO: Será que a garota não perdeu o celular?

 

VANICE: Esses garotos usam o telefone como se fosse uma parte do próprio corpo. Se a menina diz que foi roubada, é porque foi!

 

ARNALDO: Pelas circunstâncias em que aconteceu, também acho pouco provável que ela tenha perdido. Precisamos investigar!

 

RAMIRO: Além do mais a garota diz que liga para o aparelho e dá desligado. Muito conveniente né?!

 

MILENA: Pode ter descarregado.

 

JULIANA (nervosa): Ai meu Deus! Mais um escândalo envolvendo a escola eu não aguento!

 

LÚCIA: Calma, Juliana. Tudo vai se resolver. Precisamos manter a calma.

 

EMÍLIO: É, gente. Vai ver é só mais uma brincadeira de mau gosto desses meninos.

 

VANICE: Pra mim isso é coisa de bolsista!

 

MILENA: Que absurdo, professora!

 

Vanice faz cara feia pra Milena.

 

JULIANA: Bolsista ou não, se ficar comprovado que houve furto, o responsável será imediatamente expulso desta instituição! Agora voltem pras suas salas que vamos começar a revista.

 

ALFREDO: Juliana, talvez esse método não seja o mais adequado.

 

MILENA: É, diretora. Não podemos obrigar as pes/

 

JULIANA: Com todo o respeito que lhes tenho, professores Alfredo e Milena... Eu ainda sou a diretora da escola. Portanto, eu decido. Agora voltem pras suas salas.

 

Eles começam a sair. Vanice adorando toda a situação. Juliana altamente preocupada. Ramiro feito poste ao seu lado.

 

CORTA PARA

 

CENA 03. COLÉGIO FRAN VICENTINI. CORREDOR DAS SALAS. INT. DIA.

 

Alguns alunos fora de sala. Os professores vão conduzindo-os à medida que entram.

 

EMÍLIO: O que você acha disso tudo, Lúcia?

 

LÚCIA: Prefiro não tirar conclusões precipitadas, Emílio.

 

EMÍLIO: É. Vamos aguardar.

 

Eles entram cada um numa sala de diferente. Milena e Alfredo seguem.

 

MILENA: Que chato tudo isso né.

 

ALFREDO: Muito. Precisamos fazer alguma coisa depois daqui pra fingir que nada aconteceu.

 

Ela ri.

 

MILENA: Tipo o que?

 

ALFREDO: Sei lá, pegar um cineminha, talvez.

 

MILENA: Adoro como você resolve seus problemas.

 

ALFREDO: Meus problemas? Esse pepino é da diretoria!

 

MILENA: E ela já deixou bem claro que não quer nossa colaboração né.

 

Eles riem.

 

ALFREDO: Te vejo mais tarde.

 

Eles trocam uma bitoca e também entram cada um em uma sala. Mais a frente tem um bebedouro onde Pato está encostado. Vanice e Arnaldo seguem.

 

ARNALDO: Você realmente acha que foi um bolsista, Vanice?

 

VANICE: É o mais provável.

 

ARNALDO: Não deixa de ser uma teoria.

 

VANICE: Esses garotos precisam aprender uma lição. Alguns de nossos colegas passam muito a mão na cabeça desses jovens, como se fossem crianças.

 

ARNALDO: Tá falando da professora, Lúcia?

 

VANICE: Também. Mas a Juliana também precisa pegar mais pesado com eles. Isso nada mais do que resultado da gestão plácida com a qual ela leva as coisas nesta escola.

 

No momento em que passam por Pato...

 

VANICE: Mas dessa vez, acredito que como ela mesmo nos disse, o culpado será severamente punido.

 

Vanice encara Pato enquanto passa. Eles entram nas salas. Pato fica por ali com cara de culpado.

 

CENA 04. COSMÉTICOS LAMBERTINI. ANTESSALA. INT. DIA.

 

Leonardo está reunido com sua equipe, dentre eles Amanda. Rubens ao lado de Leonardo.

 

LEONARDO: Bom, pessoal. Convoquei vocês para um rápido comunicado. Informo que a partir de hoje o Rubens, velho conhecido de alguns de nós, assumirá novamente a assessoria jurídica da Cosméticos Lambertini. Quero que recebam o como ele merece tá? Seja bem-vindo de volta, meu amigo.

 

OS funcionários aplaudem. Amanda se aproxima.

 

AMANDA: Seja bem-vindo. Sou Amanda, a secretária.

 

Eles apertam as mãos.

 

RUBENS: Obrigado.

 

LEONARDO (a equipe): Pois bem. Era só isso que tinha pra dizer. Podem retornar ao trabalho!

 

As pessoas se dispersam. Rubens comenta no ouvido de Leonardo.

 

RUBENS: Uma gracinha sua secretária, hein.

 

Leonardo ri de canto.

 

LEONARDO: Você não toma jeito.

 

CENA 05. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO ENSINO MÉDIO. INT. DIA.

 

Milena reproduz em uma caixa de som um áudio no idioma espanhol. Os alunos estão atentos. O áudio finaliza.

 

MILENA: Atentos mais uma vez que vou repetir. Depois, quero que vocês reproduzam em uníssono, tal como compreenderam.

 

Ela solta o áudio. No fundo da sala, Diego olha para a cadeira de Pato, vazia.

 

DIEGO: Não acredito que ele foi me dedurar!

 

Mais na frente, Nanda e Paulinha conversam.

 

NANDA: Percebeu que o Pato não voltou do intervalo?

 

PAULINHA: Será que ele tá metido no roubo do celular?

 

NANDA: Por que ele faria isso?

 

Paulinha dá de ombros. O áudio finaliza.

 

MILENA: Já que, ao que parece, à primeira passada do áudio foi suficiente para as meninas, somente Paulinha e Nanda vão reproduzir dessa vez.

 

A turma ri delas.

 

MILENA: Parou, gente! Não tem graça! Silêncio.

 

A turma se cala.

 

MILENA: Então, meninas? Estou esperando.

 

Nanda e Paulinha se entreolham.

 

CENA 06. APARTAMENTO DIEGO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

 

Alguém TOCA a campainha desesperadamente. Naná aparece indo em direção a porta.

 

NANÁ: Já vai! Que pressa é essa, meu Deus?

 

Ao abrir a porta, dois homens encapuzados com tacos de beisebol em punho invadem e começam a quebrar tudo. Naná grita.

 

NANÁ: O que vocês querem? Quem são vocês?

 

HOMEM 1: Cala a boca, vozinha. Antes que sobre pra tu também. (ao outro) agilidade, agilidade! Quebra tudo!

 

NANÁ: Não, por favor, eu não tenho nada!

 

Ela vai pra cima dele.

 

HOMEM 1: Já mandei calar a boca!

 

Ele empurra. Ela cai no sofá, chora muito enquanto os homens quebram o que encontram pela frente até não sobrar nada aparente.

 

HOMEM 1: Diz pro teu netinho que esse foi o recado final do chefe. Se ele não pagar o deve...

 

Ele faz sinal de cortar o pescoço e sai. O outro ainda quebra o abajur na mesinha de canto antes de sair. Tremendo, Naná junta o telefone do chão e disca um número. Ela não para de chorar.

 

CORTA PARA

 

CENA 07. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DA DIREÇÃO. INT. DIA.

 

Ninguém no ambiente. CAM se aproxima de um aparelho celular em cima da mesa de Juliana que vibra sem parar. No celular vemos a foto de Naná.

 

CORTA PARA

 

CENA 08. APARTAMENTO DIEGO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

 

Continuação da cena 06. Naná desiste e coloca o telefone no gancho. Tenta se recompor.

 

NANÁ: No que você se meteu, meu filho?!

 

Ela recosta no sofá, desolada.

 

CENA 09. CASA PATO. QUARTO LUA. INT. DIA.

 

Lua está deitada na cama, dormindo. Kátia entra e vai indo em direção a janela.

 

KÁTIA: Isso são horas mocinha? (abre a cortina) Tá quase na hora do almoço, Lua.

 

Lua tenta abrir os olhos com dificuldade, senta na cama espreguiçando-se.

 

KÁTIA: Ficou até tarde no celular né? Olha o que combinamos, Luana.

 

LUA: Não foi nada disso, mãe. Você sabe que o que menos quero agora é ficar de bobeira na internet. Só não consegui dormir direito.

 

Kátia senta do lado da filha.

 

KÁTIA (preocupada): Pesadelo de novo?

 

LUA: É.

 

KÁTIA: Por isso acho importante você continuar indo ao psicólogo, filha.

 

LUA (irritada): Tá, mãe. Não começa. Eu já entendi a importância disso tudo. Não vou mais me recusar a ir. Podemos falar de outra coisa?

 

KÁTIA: Claro! Vamos falar do seu aniversário. Tá mais animada?

 

LUA: É. Acho que vai ser legal.

 

KÁTIA: Legal? Você fala disso desde os doze anos, garota! Sempre esperou tanto por essa data.

 

LUA: E finalmente ela chegou.

 

KÁTIA (animada): E vai ser incrível. Pensei em fazer um baile a fantasia o que acha? Você sendo a rainha do baile poderá escolher o rei para a valsa. Não é ótima a minha ideia?

 

LUA: Acho meio anos 90. (brinca) Ou mais.

 

KÁTIA: Pode ir parando por aí. Ânimo, filha! Essa festa vai ser o seu momento de voltar a sorrir pra vida, não estraga tudo isso.

 

LUA: Ok. Talvez um baile seja legal, mas vamos modernizar isso aí tá?

 

KÁTIA: Tudo bem. A festa é sua. Você decide. Mas eu ajudo hein.

 

LUA: Claro. Eu pensei em fazer o seguinte/

 

A conversa continua fora do áudio. Lua demonstrando mais entusiasmo.

 

CENA 10. RESTAURANTE MIRTES. INT. DIA.

 

Movimento intenso no horário de almoço. Os garçons transitam entre as mesas quase todas ocupadas. Rubens aparece na porta e é avistado por Lulu.

 

LULU: Olha só quem veio fazer uma visitinha a esposa.

 

Mirtes que estava distraída com outra coisa, observa.

 

MIRTES: Por essa eu não esperava.

 

LULU: Ele deve tá querendo correr atrás do tempo perdido. Vai lá, mulher!!!

 

Ela sai detrás do balcão. Rubens senta em uma mesa. Ela se aproxima.

 

MIRTES: Você não me disse que viria.

 

RUBENS: Preciso avisar quando vier almoçar no restaurante da minha mulher?

 

MIRTES: Não foi isso que eu quis dizer.

 

RUBENS: Senta comigo.

 

MIRTES: A que devo a honra?

 

RUBENS: Esse deboche é realmente necessário?

 

MIRTES: Desculpa. Mas como você não costuma vir no meu trabalho, fiquei surpresa.

 

RUBENS: Não quis esperar até a noite pra contar a novidade.

 

MIRTES: Novidade?

 

RUBENS: Eu estava em reunião com o Leonardo. Lembra dele?

 

MIRTES: Claro. O filho dele e a Paulinha são amigos, esqueceu?

 

RUBENS: Pois bem. Retomamos a parceria.

 

MIRTES: Isso quer dizer que você vai voltar a trabalhar pra ele?

 

RUBENS: Com ele.

 

MIRTES: Que seja. Mas, que bom. Fico feliz por você.

 

Silêncio entre eles.

 

MIRTES: Já sabe o que vai comer?

 

RUBENS: Eu ainda não terminei o que tinha pra dizer.

 

MIRTES: Sou todo ouvidos.

 

RUBENS: Eu sei que nos últimos meses eu tenho andado pra trás, Mirtes. Investido em coisas que não deram muito certo, dedicando tempo demais a isso e consequentemente deixando você de lado. Deixando nossa família de lado. A minha relação com a Paulinha é cheia de conflitos mal resolvidos, mas quero que saiba que estou disposto a reparar tudo isso.

 

MUSIC ON: BOMBA RELÓGIO - LUIZA SONZA FT. VITÃO

 

MIRTES (surpresa): Como é que é?

 

RUBENS: É isso mesmo que você tá ouvindo. Por que está surpresa?

 

MIRTES: É que... Eu, bom... Eu não sei o que dizer.

 

RUBENS: Como assim? É só dizer que sim. (T) Você não quer?

 

Em Mirtes, sem saber o que dizer.

 

MUSIC OFF.

 

CENA 11. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO ENSINO MÉDIO. INT. DIA.

 

Milena conduz a aula quando Pato entra.

 

MILENA: Onde você tava até agora, Patrício?

 

PATO: Foi mal, fessora. Tava resolvendo uma parada sinistra no banheiro.

 

Passa a mão na barriga. Os alunos riem. Milena desaprova a falta de educação e entrega uma folha e ele.

 

MILENA: Vá para o seu lugar. Quanto aos demais, foco na atividade.

 

Pato passa por Nanda e Paulinha, Caio e Grego, Ismael o encara e ele desvia o olhar. Senta em seu lugar, do lado de Diego.

 

DIEGO: Onde você tava?

 

PATO: Por aí.

 

DIEGO: Aí... Valeu por não me entregar.

 

Pato o encara sem falar nada. Ramiro aparece na porta.

 

RAMIRO: Com licença, professora Milena. Vim informar que a partir de agora começará a revista aos alunos.

 

MILENA: Isso é mesmo necessário, Ramiro?

 

RAMIRO: Ordens são ordens, professora.

 

Ramiro invade o recinto e fica em frente a turma.

 

RAMIRO: Atenção, alunos. A revista vai funcionar da seguinte maneira: um a um, de acordo com a ordem da frequência, cada um de vocês deverá se dirigir a sala da diretora Juliana onde acontecerá a revista.

 

Os alunos começam a reclamar. Milena super constrangida.

 

RAMIRO (contornando): Eu sei que a situação é incômoda/

 

PAULINHA: É bem mais que isso né, Ramiro.

 

CAIO (grita): É um absurdo!

 

GREGO: Eu diria até inconstitucional.

 

NANDA: Vocês não podem nos obrigar a fazer isso!

 

RAMIRO: Assim como vocês, a direção lamenta que tudo tenha chegado a esse extremo, mas para que isso seja resolvido de uma vez por todas, é necessário que isso seja feito. Além do mais (faz suspense) quem não deve, não teme.

 

Ismael se levanta, enfrentando.

 

ISMAEL: Pois pode começar por mim, que eu não tenho nada pra esconder.

 

Pato arregala os olhos. Diego prende a respiração. Ismael oferece a mochila a Ramiro.

 

ISMAEL: Toma, Ramiro. Olha você mesmo se tem alguma coisa aqui dentro. Que foi? Tá com medo? Pois eu te mostro olha só/

 

Ismael vira mochila deixando as coisas caírem no chão. Entre os materiais escolar, CLOSE no celular desaparecido. ABRE PLANO em todo mundo em silêncio. Ismael incrédulo.

 

ISMAEL: Isso não é meu.

 

RAMIRO (sério): Acho que você vai ter que se explicar na direção, garoto.

 

Em Ismael, ofegante.

 

CENA 12. RESTAURANTE MIRTES. INT. DIA.

 

Continuação imediata da cena 08. Rubens aguarda uma resposta de Mirtes.

 

MIRTES: Não é tão simples assim, Rubens.

 

RUBENS: Como assim? Não estou entendendo onde você quer chegar, Mirtes. Eu pensei que você quisesse resolver as coisas no nosso casamento. É o que você tem me cobrado há meses.

 

MIRTES: Mas as coisas mudaram.

 

RUBENS: O que você tá querendo dizer? Você tá me traindo?

 

MIRTES (ofendida): Claro que não, seu machista! Eu não seria capaz de um disparate desses! Apesar de que motivos eu teria né.

 

RUBENS: Desculpa. Não quis te ofender.

 

MIRTES: Mas ofendeu. Você é assim, não é? Não mede as palavras pra falar com quem mais deveria se importar!

 

RUBENS: Eu vim aqui exatamente por isso. Reconheço meus defeitos e quero tentar melhorar. Mas agora você me diz que não sabe?! O que aconteceu, então?

 

MIRTES: A Paulinha me abriu os olhos em relação há algumas coisas.

 

RUBENS: A Paulinha...?!

 

MIRTES: Sim. Talvez esse nosso casamento não tenha mais futuro, Rubens.

 

Rubens não recebe bem o que ela diz.

 

MIRTES: Acho que nós deveríamos nos separar.

 

RUBENS (irritado): Você só pode estar brincando. Você não pode tá falando sério.

 

MIRTES: Acho que esse não é o melhor lugar pra termos essa conversa.

 

RUBENS: Você está me dizendo que nossa filha, uma adolescente de 15 anos que não tem um pingo de maturidade abriu seus olhos e agora quer se separar? A Paulinha só quer que a gente se afaste porque comigo longe sabe que você vai ceder a todos os caprichos dela.

 

MIRTES: Não é nada disso.

 

RUBENS: Francamente, Mirtes! Você dá ouvidos demais a essa menina!

 

Rubens se levanta.

 

MIRTES: Aonde você vai?

 

RUBENS: Perdi a fome.

 

Rubens se retira, irritado. Mirtes fica ali, confusa.

 

CENA 13. COLÉGIO FRAN VICENTINI. DIREÇÃO. INT. DIA.

 

Ismael está sentado diante de Juliana, que está séria.

 

JULIANA: O celular estava dentro das suas coisas, Ismael. Pode explicar o por que?

 

ISMAEL: Não faço ideia. Mas qualquer pessoa com um pouquinho de bom senso saberia que eu não teria motivo algum pra roubar ninguém nessa escola.

 

RAMIRO: Se considerarmos que o garoto é filho de diplomata, faz sentido, diretora.

 

JULIANA: Cale-se, Ramiro. Você não foi designado a emitir opiniões.

 

RAMIRO: Desculpa, diretora.

 

ISMAEL: Mas você sabe que ele tem razão.

 

JULIANA: Então você não confirma que foi o responsável pelo furto?

 

ISMAEL: É claro que não. Eu sou inocente.

 

JULIANA: E como você explica o fato do aparelho ter ido parar na sua mochila?

 

Ismael fica sem saber o que dizer.

 

CENA 14. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO ENSINO MÉDIO. INT. DIA.

 

A turma está dispersa comentando o ocorrido.

 

MILENA: Eu sei que a situação é muito delicada, pessoal. Mas tudo vai ser resolvido da maneira mais adequada possível. Agora voltem às suas atividades ok?!

 

Milena senta-se em sua cadeira. CAM vai buscar Paulinha e Nanda.

 

NANDA: Por que o Ismael fez isso?

 

PAULINHA: Duvido que tenha sido ele. Tá na cara que isso é armação do Diego e do Pato.

 

NANDA: Faz sentido.

 

CORTA PARA Caio e Grego.

 

CAIO: Mas se tiver sido armação dos dois, eles pegaram meio pesado dessa vez né.

 

GREGO: Aqueles ali não conhecem o significado da palavra limite. Achei que soubesse disso. Foca aí no teste.

 

No fundo da sala, Pato está inquieto.

 

DIEGO (cochicha): Dá pra parar de dar bandeira?

 

PATO: Que?

 

DIEGO: Tu tá tão suado que dá pra ver escrito na tua testa o “sou culpado”. Agora já era, Pato. A gente conseguiu o que queria. O Ismael vai se mandar dessa escola, beleza?

 

De seu lugar, Milena fala.

 

MILENA: Tá tudo bem com você, Pato?

 

PATO (tenso): Ahã? Que?

 

MILENA: Eu perguntei se tá tudo bem!

 

PATO: Tá. (T) Preciso ir ao banheiro.

 

Levanta-se imediatamente e vai em direção a porta.

 

DIEGO (brinca): Seloco, mano, que que tu andou comendo por aí?!

 

A turma ri da piada de Diego. Pato passa por Nanda e Paulinha, que se entreolham.

 

MILENA: Vocês têm trinta minutos pra finalizarem a atividade.

 

A turma concentra-se novamente. Pato já saiu.

 

CENA 15. COLÉGIO FRAN VICENTINI. DIREÇÃO. INT. DIA.

 

Continuação imediata da cena 13.

 

JULIANA: Se você não colaborar as coisas podem ficar complicadas pro seu lado, Ismael. Soube que seu pai retornou ao Brasil.

 

ISMAEL: Isso foi uma ameaça?

 

JULIANA: De modo algum. Só quero dizer que quanto mais cedo você confessar, maiores suas chances de uma penalidade mais branda.

 

Ramiro olha contrariado para Juliana, que devolve o olhar.

 

JULIANA: O que foi, homem?

 

RAMIRO: Caso a senhora tenha esquecido, diretora Juliana, trata-se de um crime de furto, previsto em nosso código penal.

 

JULIANA (impaciente): Que que é Ramiro? Agora quer me ensinar sobre as leis criminalistas do nosso país? Me poupe né, homem. Ponha-se em seu devido lugar!

 

Ismael ri da situação.

 

RAMIRO: Não está mais aqui quem falou.

 

JULIANA (a Ismael): E você está achando isso tudo muito engraçado, não é mesmo? Aposto que também deve estar rindo da nossa cara até agora por todo esse escarcéu que conseguiu armar na escola! Tudo isso pra que? Chamar atenção?

 

ISMAEL (insiste): Eu sou inocente, diretora.

 

JULIANA: Contra fatos não há argumento, garoto. Ramiro, você é testemunha de que eu dei todas as oportunidades para que o aluno confessasse o crime.

 

Ele afirma veementemente com a cabeça.

 

JULIANA: Dito isso. Eu lamento informar que você será expulso, Ismael.

 

Pato invade a sala.

 

PATO (firme): Foi eu, diretora! Eu roubei o celular!

 

Juliana e Ramiro se surpreendem.

 

JULIANA: O que você disse?

 

PATO: O que vocês acabaram de ouvir. Eu roubei o celular e coloquei nas coisas do Ismael pra que ele levasse a culpa. Se alguém tem de ser expulso, sou eu!

 

ISMAEL: Claro que foi você, né, seu imbecil!

 

Ismael vai pra cima de Pato mas é impedido por Ramiro.

 

JULIANA: Então você confessa, Pato?

 

PATO: Sim. Desde que chegou nessa escola, o Ismael só me ferrou, então vi a oportunidade perfeita pra eu me vingar.

 

ISMAEL: Eu vou te pegar/

 

Tenta se soltar, mas Ramiro o segura.

 

PATO: Era pra ser uma brincadeira e tal. Mas me arrependi e vim confessar.

 

JULIANA: Nesse caso, exijo que você se retrate com a vítima do roubo e seu colega de classe, diante de todos.

 

Pato concorda com a cabeça.

 

ISMAEL (irritado): E quanto a expulsão? Tá protegendo esse playboy, diretora?

 

JULIANA: Claro que não. Mas também não preciso que você me diga como devo fazer meu trabalho.

 

Ismael se cala.

 

JULIANA: Diante de seu histórico e dos últimos acontecimentos, Patrício, você não poderá continuar estudando no Fran Vicentini.

 

PATO: Tudo bem.

 

CLOSE em Juliana, contrariada, e em Ismael, gostando da situação.

 

CORTA PARA

 

CENA 16. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO ENSINO MÉDIO. INT. DIA.

 

Juliana, Ramiro, Ismael e Pato chegam a porta da sala.

 

JULIANA: Desculpa interromper, Milena.

 

MILENA: Imagina, Juliana. Pode entrar.

 

Todos eles entram. Diego encara Pato que devolve o olhar, de longe.

 

DIEGO (baixo): O que você fez seu babaca!

 

Juliana se posiciona na frente de todos.

 

JULIANA: Como todos sabem na manhã de hoje um episódio lamentável ocorreu nas dependências de nossa instituição. Reforço que o colégio Fran Vicentini tem como missão formar jovens comprometidos com a cidadania, conscientes de seus direitos e deveres, agindo segundo os valores morais que regem nossa sociedade. A infração cometida, seja por uma brincadeira boba ou qualquer outra razão, fere de maneira irreparável nosso código de conduta ética, para não citarmos aqui o código penal. Diante de tudo isso, o aluno Patrício Lambertini, responsável pela “brincadeira de mau gosto” (a turma reage), assim como fez com a aluna vítima do furto, tem umas palavras a dizer pra vocês também.

 

CAM procura Diego que se surpreende com a fala da diretora. Volta em Paulinha e Nanda:

 

PAULINHA: Te falei que era coisa deles.

 

NANDA: Esses dois não têm jeito.

 

Pato vai ao centro da sala. Juliana empurra Ismael pra junto dele.

 

PATO: Bem, como a diretora disse, eu fui o responsável pelo furto do celular e quero... (hesita)

 

Eles se encaram.

 

ISMAEL (tripudia): Você quer...?

 

PATO: Eu quero...

 

RAMIRO: Desembucha, garoto!

 

Pato olha para Ramiro, depois em direção a turma.

 

PATO: Quero me desculpar com o Ismael por te-lo feito parecer culpado.

 

Ismael se diverte com a cena.

 

JULIANA: E então, Ismael, você não tem nada a dizer ao seu colega?

 

ISMAEL (cínico): Eu? Ah, sim... Claro. Tá tranquilo, Pato. Não sou de guardar ressentimentos.

 

PATO (a diretora): Posso me sentar agora? 

 

JULIANA: Gostaria de poder dizer que sim, Patrício, mas, você sabe que as coisas não se resolvem dessa forma. Esse episódio do celular foi a gota d’água. Seu histórico não é dos melhores e eu não posso simplesmente ignorar toda essa conjuntura. Diante disso tudo, você está oficialmente expulso do colégio.

 

A turma reage. Milena está penalizada.

 

JULIANA: E não se esqueça de agradecer a Deus por termos conseguido fazer com que essa história não tomasse maiores proporções.

 

TOCA o sinal de fim das aulas.

 

JULIANA: Aproveitem para se despedir do colega de vocês. Até amanhã!

 

Juliana se retira. Ramiro vai atrás, Milena também. Os alunos começam a se dispersar, alguns cumprimentam Pato, outros o olham torto. Paulinha e Nanda passam por Pato.

 

PAULINHA (indireta): É amiga. Tem gente que adora ferrar com a vida dos outros.

 

Nanda apenas olha pra ele. Diego vem chegando junto.

 

DIEGO: Por que você não some daqui, garota?

 

PAULINHA: Por que VOCÊ não some daqui, imbecil? Tá na cara que isso foi armação de vocês dois contra o Ismael, mas você é tão covarde que deixou o Pato ser expulso sozinho, não foi?

 

DIEGO: Você não sabe de nada.

 

PATO: To sozinho nessa, Paulinha.

 

PAULINHA: Ah pode apostar que tá!

 

ISMAEL: Deixa esses caras pra lá, meninas. Já morreu esse assunto. (debocha) O Patinho foi jogado pra fora do lago!

 

PATO (bravo): Você me paga seu/

 

Ele e Diego vão pra cima, mas são segurados por Caio e Grego.

 

GREGO: É melhor se acalmarem senão vai dar ruim pra todo mundo!

 

CAIO: É, gente. Chega de briga.

 

Eles se soltam dos outros. Ismael se diverte.

 

DIEGO (ameaça): O Pato tá saindo fora, mas tu tá na minha mira, vacilão. Se prepara!

 

NANDA (séria): Talvez seja melhor você rever com quem anda, Pato.

 

Diego encara Nanda. Paulinha a puxa junto com Ismael. Eles vão saindo.

 

CAIO: Lamento que tenha terminado assim, Pato.

 

PATO: Valeu, Caio.

 

Caio e Grego se retiram.

 

DIEGO: Viadinhos! (a Pato) Esse cara tá morto!

 

PATO: Já foi, Diego. Deixa pra lá. 

 

DIEGO: Mas tu vai sair da escola assim, sem revanche, cara?

 

PATO: Depois dos olhares tortos que recebi, acho até melhor. Mas agora eu quero que tu me diga no que tá metido. Eu sei que é dívida, Diego. Dívida de que? Fala aí.

 

DIEGO: É assunto meu, Pato. Melhor tu não se meter nisso.

 

PATO: Caso não tenha percebido, já me meti e me ferrei.

 

DIEGO: Qual é, tá me cobrando? Tu foi lá bater pra diretora porque quis, se tivesse seguido nosso combinado, o Ismael tava fora da jogada agora.

 

PATO (sugere): É droga?

 

Diego empalidece.

 

DIEGO (grosso): Não se mete na minha vida!

 

Diego sai deixando Pato mais desconfiado.

 

PATO: Eu vou descobrir, Diego.

 

Pato sai logo em seguida.

 

CORTA PARA

 

MUSIC ON: CÉU AZUL - ANA GABRIELA

 

CENA 17. SEQUÊNCIA DE CENAS

 

PATO (O.S): Às vezes a gente precisa se sacrificar por um bem maior. E quando chega a hora, você sabe o que precisa fazer.

 

1. Juliana entra em sua sala, triste. Senta na cadeira, percebe o celular em cima da mesa e liga, vê várias chamadas perdidas de Naná. Retorna imediatamente, conversa fora do áudio. Juliana põe a mão na boca, preocupada. Desliga, pega a bolsa e sai apressada da sala.

 

PATO (O.S): Foi duro ver a galera da sala, principalmente meus amigos, me olharem como se eu fosse um bandido. Vejam só, fui de super herói que salva a irmã de um pedófilo à criminoso em menos de um mês. Que ironia do destino. Mas pro Diego ter feito isso, ele só pode tá desesperado. E amigo que é amigo não abandona o outro quando ele mais precisa.

 

2. Ismael cruza o portão da escola de braços dados com Paulinha e Nanda, parecem felizes. Caio e  Grego vem atrás deles.

 

PATO (O.S): Espero que o Diego também pense assim.

 

MUSIC OFF.

 

CENA 18. APARTAMENTO DE DIEGO. SALA. INT. DIA.

 

Naná está traumatizada no sofá. Diego entra e se desespera ao ver a cena.

 

NANÁ (chorosa): Diego, meu filho...

 

DIEGO: Merda! Filhos da puta!

 

Pato entra e se choca com o que ver. Diego põe as mãos na cabeça em desespero.

 

PATO: Que que rolou aqui, cara?

 

DIEGO: Eu to ferrado, Pato! Eles vão vir atrás de mim! Eu to fudido!

 

Diego passa reto pro quarto.

 

PATO: Tá tudo bem com você, dona Naná? O que aconteceu?

 

NANÁ (nervosa): Eu não sei... Eles chegaram quebraram tudo e foram embora. Não levaram nada.

 

PATO: Eu vou falar com o Diego e já volto. Ta tudo bem agora tá?!

 

Ela concorda com a cabeça. Pato sai rapidamente. Segundos depois Juliana chega. Naná a olha, Juliana corre para abraçá-la.

 

CENA 19. APARTAMENTO DE DIEGO. QUARTO DIEGO. INT. DIA.

 

Diego enfia roupas numa mochila com pressa. Pato entra.

 

PATO: Que que ce tá fazendo?

 

DIEGO: Dando no pé! Não demora e eles voltam pra acertar as contas comigo, Pato. Não posso ficar aqui.

 

PATO: Calma, cara. Explica isso direito.

 

DIEGO: Explicar o que, cara? Tu não viu lá fora? Eles quebraram tudo. Foi o aviso final. Eu to devendo grana pra uns caras barra pesada, velho. Não tenho como pagar, por que ce acha que eu peguei aquela droga de celular no colégio?

 

PATO (preocupado): Como você foi se meter nisso, velho!

 

DIEGO: É o que menos importa agora.

 

PATO: Fica calmo, eu vou te ajudar.

 

DIEGO: Como?

 

PATO: De quanto você precisa?

 

DIEGO: R$ 10.000.

 

Na surpresa de Pato.

 

CENA 20. APARTAMENTO DE DIEGO. SALA. INT. DIA.

 

Juliana caminha pela sala, admirada com o estrago que fizeram.

 

NANÁ: Eles entraram e foram destruindo tudo.

 

JULIANA: Assim, do nada? Levaram alguma coisa?

 

NANÁ: Nada. Não fizeram nada comigo. (lamenta) Não foi assalto, Juliana.

 

JULIANA: Com certeza não. Ainda bem que você está bem. Você não pensou em chamar a polícia?

 

NANÁ: Eu não pensei em nada na hora, Juliana.

 

JULIANA (penalizada): Desculpa não ter vindo antes, tive um dia complicado na escola e só vi as chamadas perdidas agora no final.

 

NANÁ: Tudo bem, minha amiga. Só de você estar aqui agora, me sinto mais segura.

 

JULIANA: Bom e eles disseram alguma coisa ou só quebraram tudo?

 

NANÁ: Ameaçaram meu neto. Disseram que ele tem que pagar o que deve ainda hoje. (lamento) No que esse menino se meteu, meu Deus!

 

JULIANA: Pelas circunstâncias, presumo que o Diego está envolvido com coisa séria. Ele já chegou?

 

CORTA PARA

 

CENA 21. APARTAMENTO DE DIEGO. QUARTO DIEGO. INT. DIA.

 

Continuação imediata da cena 19.

 

PATO: Caralho, Diego! Como chegou a tanto?

 

DIEGO (preocupado): Quando eu vi, já era. Perdi o controle. Além disso, eles cobram muitos juros. (com medo) Eu to ferrado.

 

PATO: Eu disse que vou te ajudar, não disse?

 

DIEGO: Só não disse como.

 

PATO: Meu pai deve ter esse dinheiro no cofre do escritório dele. Dou um jeito de pegar.

 

DIEGO: Tu faria isso mesmo?

 

PATO: Somos amigos, não somos?

 

Diego fica constrangido, mas confirma com a cabeça.

 

PATO: Qual prazo eles deram?

 

DIEGO: Hoje.

 

PATO: Ok. Vamo na boca e pedimos mais tempo.

 

DIEGO: É perigoso.

 

PATO: Eu sei. Mas a gente tá junto nessa.

 

Diego confirma com a cabeça.

 

CORTA PARA

 

CENA 22. APARTAMENTO DE DIEGO. SALA. INT. DIA.

 

Continuação imediata da cena 20.

NANÁ: Chegou agora a pouco junto com aquele amiguinho dele.

 

JULIANA: O Pato?

 

NANÁ: Sim.

 

JULIANA: De qualquer forma, Naná, vocês não podem mais morar aqui. Esses bandidos já sabem onde encontrá-los. É perigoso.

 

NANÁ: Mas nós não temos pra onde ir!

 

JULIANA: Vocês vão pro meu apartamento. Ele é pequeno, porém, damos um jeito. A prioridade é proteger vocês. 

 

NANÁ: Não posso aceitar, Juliana. Você tem sua vida.

 

JULIANA: Mais importante do que minha vida agora é preservar a sua e de seu neto. Por favor, não se recuse. Pela amizade que tive com sua filha.

 

NANÁ: Tudo bem. Nós vamos.

 

Diego e Pato entram já passando reto.

 

PATO: Diretora? Que que ce tá fazendo aqui?

 

DIEGO: Vamo, Pato, a gente não tem muito tempo.

 

E vão saindo.

 

JULIANA: Onde é que vocês vão? Esperem!

 

Eles já saíram.

 

JULIANA: Esses garotos! Mas foi bom.

 

NANÁ: Por que?

 

JULIANA: Se o Diego estiver envolvido com o que acho que está, certamente deve ter deixado pistas no quarto. Você me permite averiguar?

 

Em Naná.

 

CENA 23. APARTAMENTO DE DIEGO. QUARTO DIEGO. INT. DIA.

 

Juliana e Naná vasculham o ambiente procurando algo.

 

NANÁ: Esse menino é muito desorganizado. Impossível encontrarmos alguma coisa por aqui.

 

JULIANA: Você notou algum comportamento estranho no Diego nos últimos tempos?

 

NANÁ: O de sempre.

 

Juliana abre o guarda roupas. Enfia a cara lá dentro e tira uma caixa de sapatos de dentro. Ela abre a caixa e retira de dentros saquinhos com pó branco, mostra a Naná.

 

NANÁ: Isso é...

 

JULIANA: Droga.

 

Naná passa as mãos pelo cabelo, preocupada. Juliana está tensa.

 

CENA 24. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

 

MUSIC ON: MELHOR DO QUE ONTEM - CAPITAL INICIAL

 

Takes gerais da cidade na transição do dia para a noite. Mostra a orla movimentada. Carros, motos, ônibus e pessoas circulando pela rua.

 

CENA 25. SEVEN NIGHT. INT. NOITE.

 

Música da cena 24 continua em som ambiente.

 

Movimentação noturna da lanchonete. Muitos jovens se divertindo. Em uma das mesas Nanda, Paulinha, Ismael, Caio e Grego estão sentados, clima desagradável.

 

ISMAEL (força): Muito legal da sua parte convidar a gente pra um sanduba aqui na lanchonete do seu pai. Tava mesmo querendo falar com você.

 

NANDA: Ah é? Ótimo, vamos pra um lugar mais reservado porque minha amiga aqui também tem uma coisinha pra falar com os meninos não é, Paulinha?

 

PAULINHA (contrariada): É.

 

Nanda puxa Ismael pra outra mesa, mais afastada, deixando os outros mais a vontade.

 

PAULINHA: Oi.

 

CAIO: A gente tá aqui há meia hora e essa é a primeira palavra que você troca com a gente.

 

PAULINHA: To meio sem jeito, ces devem saber por que.

 

GREGO: Olha, relaxa tá? Quem nunca falou uma bobeira quando tava sob efeito de bebida?

 

CAIO: Eu.

 

PAULINHA: Por que você não bebe né fofo. Mas é sério, gente. A Nanda meio que forçou a barra, mas eu tenho que me desculpar. De verdade. Eu não tinha o direito de expor o lance de vocês daquela forma.

 

CAIO: Lance? Não tem lance nenhum, Paulinha. Ce ta viajando.

 

PAULINHA: Não? Ué, mas eu pensei que vocês tavam, tipo, namorando. Não?

 

CAIO: Eu e o Grego somos amigos.

 

Paulinha olha para Grego.

 

GREGO: É complicado.

 

PAULINHA: Bom, tá legal então. Eu fiz minha parte. Tô leve. E não se preocupem se quiserem manter sob sigilo, minha boca é um túmulo.

 

GREGO: Menos quando você bebe.

 

Eles riem. CAM vai buscar os pais de Nanda no balcão central.

 

CELO: Mulher, quem é aquele garoto com a Nanda?

 

ESTELA: Deve ser amiguinho do colégio.

 

CELO: Será que eles tão flertando?

 

ESTELA: Flertando, Celo? Eu hein, assim fica difícil tentar ser descolado. Hoje em dia eles falam “ficar”, “curtir”.

 

CELO: Ah saquei. Mas então, será que os dois estão ficando?

 

ESTELA: Estranho. Sempre achei que ela tivesse um rolo com aquele outro amiguinho do grupo deles, o que tem apelido de bicho, ema, ganso, sei lá.

 

CELO: É Pato, mulher!

 

ESTELA: Isso! Mas a nossa filha tá com cara de poucos amigos.

 

CELO: Então deve tá rolando uma DR.

 

ESTELA: Rolando o que?

 

CELO: DR… Discutindo a relação, tá ligada? É gíria.

 

ESTELA: Ah sim, tinha me esquecido dessa. (risos)

 

CAM procura por Nanda e Ismael.

 

NANDA: Você disse que tinha algo pra me dizer.

 

ISMAEL: Ainda está com raiva de mim pelo que rolou no acampamento?

 

NANDA: Sinceramente? (T) Sim.

 

ISMAEL: Poxa... Se tu está com raiva, porque tomou iniciativa e me chamou para vir pra cá?

 

NANDA: Com certeza não foi por você. Apesar de eu ter achado muito bizarro o que o Pato aprontou contigo.

 

ISMAEL: Ele teve o que mereceu.

 

NANDA: Eu sei. Mas você também é um vacilão. Poderia ter me alertado sobre a aposta e me poupado de muita coisa, no entanto, preferiu fazer joguinho.

 

ISMAEL: Olha, mesmo sabendo do que tava rolando, eu jamais deixaria que algo de ruim acontecesse contigo.

 

NANDA: Porque manter tanto mistério? Eu e a Paulinha vimos o vídeo do alerta aqui. Precisava usar um capuz?

 

ISMAEL: Ao mesmo tempo que eu deixava o clima de mistério, eu procurei te informar que você deveria tomar cuidado com seus amigos. E no fim, eu estava errado?

 

NANDA: Você se acha né?

 

ISMAEL: Talvez.

 

NANDA (irritada): Olha, essa história do acampamento já deu. Agora que o Pato foi expulso do colégio, não vamos mais manter contato. O Diego nem faço questão.

 

ISMAEL: Você ainda gosta dele?

 

Nanda em silêncio. Ismael ri.

 

ISMAEL: Nem precisa responder.

 

NANDA: A gente se conhece desde o fundamental.

 

ISMAEL: Escuta, eu sei que não sou perfeito, sei que errei em não contar logo o que sabia sobre a aposta, mas no fundo, eu gosto de você. O Pato é um babaca! Ele não te merece.

 

NANDA: O Pato é meio maluco, meio inconsequente, mas é um cara do bem. Você não o conhece o suficiente pra emitir opinião.

 

ISMAEL: O que eu sei é que ele teve a chance dele e deixou passar. Só deu bola fora contigo. Agora é minha vez. Me dá uma chance para mostrar que eu sou um cara legal?

 

NANDA: Melhor não...

 

ISMAEL: Por favor, Nanda. As pessoas erram. Todo mundo merece uma nova oportunidade. Não me diga que você nunca errou.

 

NANDA: Olha, vamos com calma. Não vou dizer que vamos voltar a conversar como era antes. Ok?

 

ISMAEL: Tudo bem, valeu. Posso te dar um abraço?

 

NANDA (sem graça): Sério isso?

 

ISMAEL: Só um abraço.

 

MUSIC ON: NOT DAY - IMAGINE DRAGONS

 

Nanda balança a cabeça concordando. Eles ficam curtindo a música que toca no ambiente.

 

ISMAEL: Eu curto essa música. Ela tem uma vibe incrível.

 

NANDA: Aham.

 

Eles se soltam do abraço. Se encaram. Ismael aproveita para beijá-la. Ela se deixa levar, mas logo interrompe.