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Relações Perigosas - Capítulo 14

Novela de Felipe Porto
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VALE A PENA LER DE NOVO: RELAÇÕES PERIGOSAS
 
     
 
 
     
  NO CAPÍTULO ANTERIOR DE "RELAÇÕES PERIGOSAS":

Bernardo
 — Quem desapareceu naquele acidente do iate foi a Clara e não a Helô.

Leandro — (Ri) Tá louco, cara? Por que a Helô faria um troço desses?

Bernardo — Porque ela ta apaixonada pelo Marcelo, porque ela é louca, sei lá... Logo depois que passou aquela confusão toda, eu me dei conta que quem tava lá era a Heloísa e não a Clara. Aí ela passou a me ajudar, se é que você me entende.

...

Leandro tira do bolso uma caixinha e a abre, mostrando o anel de noivado.

Leandro — Milena, você quer casar comigo?

Milena — (Sorri/ Emocionada) É claro que sim!

Leandro coloca o anel no dedo de Milena e os dois se beijam apaixonadamente.

...

Giancarlo — Você quer que eu te leve até o altar?

Milena — Você aceita?

Giancarlo — (Sorri/Emocionado) Aceito... Você não sabe como eu fico feliz em receber esse convite.

Milena — Pode ter certeza que só você poderia fazer isso.

Milena e Giancarlo se abraçam, muito emocionados. Todos os convidados aplaudem. Leandro se aproxima mais de Heloísa.

Leandro — Que cena emocionante, você não acha?

Heloísa — (Olha para Leandro) Muito.

Heloísa volta a olhar para Milena e Giancarlo se abraçando, não dando bola para Leandro.

Leandro — Agora eu fiquei com uma curiosidade... Você ficou emocionada assim quando viu a Clara morrer afogada?

Música: Instrumental suspense

Heloísa se surpreende com o que Leandro diz e o encara. Leandro dá um sorriso sínico. Heloísa com os olhos arregalados, rapidamente desvia o olhar para Milena e Giancarlo. Leandro faz o mesmo.

Leandro — Pode ficar tranquila que por enquanto o seu segredo tá bem guardado comigo... Mas vai se preparando, porque uma coisa eu garanto: pra você as surpresas dessa noite tão só começando.


...

Heloísa
 — (Furiosa/Baixo) Qual é a tua?! Por que você contou tudo pro Leandro, seu imbecil?!

Bernardo — (Baixo) Ninguém mandou você tentar me matar. Agora aguenta as consequências, maninha.

Bernardo se afasta de Heloísa.

Heloísa - Eu mesma devia ter te dado aquela facada nele.


...

Heloísa — (Surpresa) Mãe?! O que você tá fazendo aqui?

Na tensão de Heloísa.

...

Heloísa — (Furiosa) Tá louco?! Primeiro você conta pro Leandro e agora tira a mãe da clínica? O que você tá querendo? Me ferrar?

Bernardo — Exatamente.

Heloísa — Olha aqui!/

Bernardo interrompe Heloísa ao agarrar o seu pescoço e prensá-la contra a parede.

Bernardo — Cala a boca, sua vadia. Cê acha que eu engoli aquela história de você ter tentado me matar?

Heloísa — (Pausado) Eu não mandei matar você.

Bernardo — Sim, e foi só coincidência eu ter visto você conversar com o pivete que me esfaqueou né?

Heloísa — (Sem ar) Você tá me sufocando.

 
     
 
     
     
     

CAPÍTULO 14
 
     
 

CENA 01. casa de ana carolina. escritório. Interior. Dia.

Continuação da última cena do capítulo anterior.

Bernardo larga Heloísa. Ela passa a mão no pescoço e recupera o ar.

Heloísa — (Ofegante) Se você quer me ferrar, porque você não conta a verdade pra todo mundo logo?

Bernardo — (Raiva) Porque isso é pouco. Eu quero ver você agonizando. Eu quero que você acorde todo dia com a dúvida se essa sua farsa vai se manter ou não. Eu quero ver o medo nos teus olhos cada vez que eu olhar pra essa sua cara de pau. (Pausa) Eu ia ficar quieto em troca de uma mixaria, comparado ao que você ganhou se casando com o Marcelo. Mas você preferiu tentar me eliminar. Você só tá tendo o que merece.

Heloísa — Você vai sair da minha casa agora!

Bernardo — (Decidido) Não. Nem eu nem a mãe. A gente vai ficar aqui o tempo que eu quiser.

Tensão. Closes alternados entre Bernardo e Heloísa.

CENA 02. casa de ana carolina. sala de jantar. Interior. Dia.

Marcelo e Luísa sentados à mesa.

Marcelo — Eu fico muito feliz em ter você aqui. Foi uma pena você não der ter vindo ao meu casamento com a Clara.

Luísa — Eu também fiquei muito triste com isso, Marcelo.

Marcelo — (Se levanta) Se a senhora me der licença, eu tenho que ir. Hoje é o meu primeiro dia na Barão.

Luísa — É mesmo? Resolveu assumir o seu posto? Boa sorte!

Marcelo — Obrigado, Luísa.

Marcelo sai da sala de jantar. Luísa fica um tempo parada.

Luísa — Onde a Clara e o Bernardo se meteram?

CENA 03. colégio são sebastião. corredor. Interior. Dia.

Movimentação rotineira dos alunos. Yasmin e Juliana conversam enquanto caminham rumo à sala.

Yasmin — Ai amiga, cê tinha que ver a festa lá em casa ontem. Tava um espetáculo!

Juliana — E você nem pra me convidar, né sua vadia.

Yasmin — Não me xinga! Quem fez a lista foi a minha irmã e o noivo dela, eu nem me meti nisso.

Juliana — Mas bem que você poderia ter dado um jeitinho, né?

Yasmin — Tá, então vamos fazer assim: na festa de casamento eu te convido.

Juliana — Boa! Mas pra festa, porque cerimônia é um tédio.

Yasmin — Eu acho tão lindo...

Juliana — Tem gosto pra tudo.

Corta para Karina que conversa com algumas colegas. Ela vê Samuel e vai até ele.

Karina — Oi Samuca.

Samuel — Oi Karina.

Karina — Cê tá sabendo do trabalho em grupo da aula de geografia?

Samuel — To não. Faltei na última aula.

Karina — Se você quiser fazer com a gente... O nosso grupo vai falar sobre os Tigres Asiáticos.

Samuel — Pode ser. Vocês vão se reunir pra fazer o trabalho?

Karina — Acho que sim. Qualquer coisa eu te aviso, tá? A gente se vê.

Karina dá um beijo no rosto de Samuel e se afasta dele.

CENA 04. casa de ana carolina. escritório. Interior. Dia.

Continuação da cena 01. Heloísa e Bernardo se encaram. Luísa entra.

Bernardo — Eu vou deixar as duas sozinhas... Vocês tem muito que conversar.

Heloísa dá as costas para Luísa. Bernardo sai e fecha a porta.

Luísa — Clara, tá tudo bem com você?

Luísa pega no braço de Heloísa e delicadamente vira a filha para si. As duas se olham olhos nos olhos. Heloísa um pouco nervosa. Tempo nas duas se encarando em silêncio.

Luísa — Você não é a Clara.

CENA 05. carro de marcelo. ambiente. Interior. Dia.

Marcelo dentro do carro parado em um semáforo. Marcelo ao celular.

Marcelo — (Cel) Milena? É Marcelo, tudo bem?

Milena — (Off) Tudo ótimo. E com você?

Marcelo — (Cel) Também. A Luísa saiu da clínica.

CENA 06. carro de milena. ambiente. Interior. Dia.

Milena dirige o seu carro enquanto fala ao celular.

Milena — (Cel) Quando foi isso?

Marcelo — (Off) Ontem de noite.

CENA 07. carro de marcelo. ambiente. Interior. Dia.

Carro de Marcelo segue parado no semáforo.

Marcelo — (Cel) Talvez com ela por perto a gente consiga descobrir mais alguma coisa.

Milena — (Off) Você acha?

Marcelo — (Cel) É um palpite.

Milena — (Off) Marcelo, agora eu to dirigindo e não posso falar. Vamos nos encontrar mais tarde.

Marcelo — Pode ser. Eu to indo pra Barão agora.

CENA 08. carro de milena. ambiente. Interior. Dia.

Carro em movimento. Milena ao celular.

Milena — Eu to indo pra exportadora. Final da tarde eu passo na Barão e a gente conversa melhor, pode ser?

Marcelo — (Off) Pode. Te espero lá. Tchau.

Milena desliga o celular.

CENA 09. colégio são sebastião. sala de aula. Interior. Dia.

Música: Hoje – Ludmilla.

Vários alunos na sala, Juliana é um deles. Uma professora escreve no quadro. Juliana vê uma mensagem de Leandro no seu celular.

Leandro — (Off) To doido pra te ver de novo. Quando é que a gente vai se encontrar?

Professora — Juliana! O que eu disse sobre usar o celular dentro da sala de aula?

Juliana — Desculpa, já guardei.

Juliana guarda o celular e a professora volta a escrever no quadro. Juliana dá um sorriso malicioso. Música off.

CENA 10. barão do alambique. frente. Exterior. Dia.

Take da frente do prédio da Barão do Alambique.

CENA 11. barão do alambique. sala de marcelo. Interior. Dia.

Gregório mostra a sala para Marcelo.

Gregório — Essa aqui vai ser a sua sala aqui na Barão. Gostou?

Marcelo — Gostei sim, tio.

Gregório — Senta.

Marcelo senta na sua cadeira e olha para tudo em volta com fascinação. Gregório observa Marcelo.

Marcelo — Tio, eu to começando agora e vou precisar muito da ajuda de vocês.

Gregório — Pode contar com a gente.

Marcelo — Que bom. Eu queria ficar por dentro de tudo que tá acontecendo na empresa. Se o senhor puder me colocar a par.

Gregório — Pode ficar tranquilo, Marcelo. Eu vou pedir pra Adelaide separar uns documentos com informações da empresa.

CENA 12. barão do alambique. antessala. Interior. Dia.

Gregório sai da sala de Marcelo e passa por Adelaide, que está trabalhando em sua mesa.

Gregório — Adelaide, o Marcelo quer saber tudo o que tá acontecendo na Barão. Prepara pra ele todos os documentos necessários pra que ele fique por dentro de tudo.

Adelaide — Pode deixar, Dr. Gregório. Eu vou providenciar tudo.

Gregório — O Leandro já chegou?

Adelaide — Já chegou sim.

Gregório — Então manda o Leandro ir até a minha sala que eu quero falar com ele.

Gregório entra na sua sala.

CENA 13. barão do alambique. sala de gregório. Interior. Dia.

Leandro e Gregório. Conversa já iniciada.

Leandro — (Revoltado) Que? Era só o que me faltava! Eu não sou professor pra ficar ensinando coisas praquele ex-roceiro.

Gregório — Uma chance de você se aproximar ainda mais do seu primo.

Leandro — E eu lá quero me aproximar mais dele? Já to próximo demais pro meu gosto. Todo simpaticão, gente boa...

Gregório — Esquece isso, Leandro. Foca na Barão. Ele precisa pensar que nós somos a melhor opção pra fazer a empresa crescer. Quebra essa pro seu pai.

Leandro — Tá bom, eu faço.

Gregório pega o telefone.

Gregório — (Tel) Adelaide, os documentos que eu pedi já tão prontos? (Pausa) Ok, quando tiver tudo em mãos, entregue pro Leandro.

Gregório desliga o telefone.

CENA 14. casa de ana carolina. escritório. Interior. Dia.

Continuação de cena 04. Perplexa, Luísa olha para Heloísa. Luísa se afasta de Heloísa.

Heloísa — Mãe, eu posso explicar...

Luísa — Quem morreu naquele acidente no iate foi a Clara! Você tá enganando todo mundo Heloísa!

Heloísa — Não, mãe! As coisas não são bem assim!

Luísa — Como não, Heloísa?! Você se casou com o Marcelo fazendo ele acreditar que você é a sua irmã!

Heloísa — Foi por amor!

Luísa — Filha! Isso não é desculpa pra você contar uma mentira dessas!

Heloísa — Essa era a única forma de eu conseguir me casar com o Marcelo. Desde que ele chegou aqui a Clara foi a única mulher que ele conseguiu enxergar.

Luísa — Você não pode enganar ele desse jeito.

Heloísa — Por quê?! A Clara tá morta! Só eu posso fazer ele feliz.

Luísa — Construindo uma vida na base de mentiras? Isso não tá certo, Heloísa. Se o Marcelo quiser ficar com você, vai ser pelo que você é e não porque ele pensa que você é outra pessoa.

Heloísa — Ele sempre deixou claro que nunca ia ter nada comigo porque amava a Clara.

Luísa — Então...!

Heloísa — A Clara tá desaparecida, provavelmente morta. Nem que quisesse ele ia conseguir ficar com ela. (Pausa) Eu sou a única realidade na vida dele, entende isso!

Luísa — Eu entendo que você tá criando um monte de justificativas pra continuar com essa sua farsa. Mas ela tem que acabar, filha.

Heloísa se ajoelha diante de Luísa.

Heloísa — Por favor, mãe. Não conta nada pro Marcelo, eu fiz o que fiz porque eu quero muito ficar do lado dele.

Luísa — Para de fazer cena, Heloísa. Se levanta. (Pausa/Tom) Aquele dia no Iate Clube... Você se passou por um fantasma só pra me assustar, né?

Heloísa — (Se levanta) Eu me arrependo muito disso, mãe! Eu tava fora de mim!

Luísa — Você tem um coração mesquinho, Heloísa. Pra conseguir o que quer, você não se importa com o sentimento dos outros.

Heloísa — Isso não é verdade, mãe.

As duas ficam em silêncio por um tempo.

Luísa — Eu preciso pensar um pouco. Mais tarde a gente conversa.

Luísa sai e deixa Heloísa sozinha, muito tensa.

CENA 15. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música: That I Would Be Good - Alanis Morissette.

Stock-shot da cidade. Fim de tarde.

Música: [Fade out]

CENA 16. barão do alambique. antessala. Interior. Dia.

Adelaide trabalhando. Milena sai do elevador e vai até ela. Música off.

Milena — Boa tarde, Adelaide.

Adelaide — Boa tarde, dona Milena, Veio falar com o Dr. Leandro.

Milena — Não. Com o Marcelo. Ele tá aqui, não tá?

Adelaide — Tá sim. Vou avisar ele que a senhora está aqui.

Adelaide pega o telefone.

Adelaide — (Tel) Dr. Marcelo? Milena está aqui. (Pausa) Perfeitamente. (Desliga/Para Milena) Pode entrar.

Milena agradece e entra na sala de Marcelo.

CENA 17. museu. ambiente. Interior. Dia.

Grande movimentação no local. Giovanna observa um dos quadros expostos. Mais afastado, Jardel vê Giovanna e vai até ela.

Jardel — Giovanna?

Giovanna — (Olha) Jardel! Você por aqui?

Os dois se cumprimentam.

Jardel — Pois é. Aproveitei que tava fazendo um trabalho aqui por perto e resolvi dar uma passadinha aqui.

Giovanna — Gosta de Portinari?

Jardel — Até que gosto. Ele tem umas obras muito bonitas. (Tom) O Otávio tá por aqui?

Giovanna — Não, ele detesta esse tipo de programa.

Jardel — Que pena. Se quiser eu posso te fazer companhia.

Giovanna — (Sorri) Eu ia adorar.

CENA 18. barão do alambique. sala de marcelo. Interior. Dia.

Marcelo e Milena. Conversa já iniciada.

Milena — Então quer dizer que a Luísa saiu da clínica?

Marcelo — Ontem à noite.

Milena — E você acha que ela vai poder ajudar algum de nós?

Marcelo — Espero que sim, Milena.

Milena — (Tom) Sabe, Marcelo. Tava pensando na relação que os nossos pais tiveram.

Marcelo — Como assim?

Milena — Você sabe que durante muitos anos a Giacomelli Exportações e a Barão do Alambique tinham uma espécie de sociedade.

Marcelo — Sei sim.

Milena — Essa parceria se desfez mais ou menos na mesma época que o Alcides desapareceu com você e o meu pai morreu... Desde então, a minha mãe nunca mais suportou se quer ouvir o nome da Ana Carolina. Ela usa uma quebra de contrato e um rombo milionário como desculpa, mas a verdade é que eu nunca engoli essa história.

Marcelo — Você acha que tem outro motivo?

Milena — Tenho quase certeza que sim. E que esses motivos envolvem o Dr. Alcides.

Em Marcelo pensativo.

CENA 19. barão do alambique. antessala. Interior. Dia.

Leandro sai da sua sala e vai até a mesa de Adelaide.

Leandro — Adelaide, já separou os papéis?

Adelaide — Sim senhor. Eles estão aqui.

Adelaide entrega os papeis para Leandro.

Adelaide — Dona Milena tá aqui na empresa.

Leandro — Ah é? Veio falar comigo?

Adelaide — Não. Ela tá na sala do Dr. Marcelo. Veio aqui pra conversar com ele.

Leandro — Com o Marcelo?

Em Leandro desconfiado.

CENA 20. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Dia.

Aflita, Heloísa perambula pelo quarto. Tempo, Luísa entra e fecha a porta.

Luísa — Heloísa...

Heloísa olha para Luísa e se aproxima dela.

Heloísa — (Angustiada) E então, mãe... Você vai me ajudar?

Luísa — Não. Você tem ate amanhã pra contar toda a verdade pro Marcelo. Se não eu mesma vou fazer isso.

Na surpresa de Heloísa. Heloísa olha incrédula para Luísa. Tempo no silêncio, até que Heloísa por fim fala:

Heloísa — Eu não acredito que você vai fazer isso comigo! Eu sou sua filha!

Luísa — Eu como sua mãe, tenho o dever de te orientar. Isso que você tá fazendo é muito errado, Heloísa.

Heloísa — Por favor! Eu amo o Marcelo! Se ele descobrir que eu to fingindo ser a Clara ele vai me odiar!

Luísa — Só lamento. Tivesse pensado nisso antes. (Pausa) Meu aviso tá dado: Você tem até amanhã pra contar tudo.

Luísa sai do quarto. Heloísa fica ali perambulando pelo quarto, transtornada.

Heloísa — (Revoltada) Vaca! Eu deveria ter te jogado num lugar pior que aquela clínica! Quem você pensa que é pra atrapalhar a minha vida? (Tom) E aquela incompetente da Dra. Regina? Nem sendo subornada aquela cretina conseguiu prender a mãe na clínica. Amanhã mesmo eu vou ter uma conversinha com aquela incompetente.

Em Heloísa tensa.

CENA 21. barão do alambique. antessala. Interior. Dia.

Continuação da cena 19. Leandro diante de Adelaide.

Leandro — Faz muito tempo que os dois tão lá dentro?

Adelaide — Uns quinze minutos no máximo.

Com os papéis em mãos, Leandro agradece Adelaide e entra na sala de Marcelo.

CENA 22. barão do alambique. sala de marcelo. Interior. Dia.

Milena e Marcelo conversando, quando Leandro entra já falando.

Leandro — (Entrando) Marcelo, eu trouxe aqui os documentos que você/

Leandro interrompe o que estava falando, ao olha para Milena.

Leandro — (Finge) Milena? O que você tá fazendo aqui?

Milena — (Levanta) Oi, amor.

Milena beija Leandro.

Milena — Vim conversar com o Marcelo sobre umas coisas aí. (Tom) Se lembra daquela história da morte do meu pai e que/

Leandro — (Corta/Sutil) Sei sim. (Tom) Querem que eu volte outra hora?

Milena — Imagina! Não quero atrapalhar o trabalho de vocês. (Pra Marcelo) Tchau Marcelo, outra hora a gente continua a conversa.

Marcelo — Pode deixar.

Milena — (Dá um beijo em Leandro) Tchau, Leandro.

Milena sai da sala.

Marcelo — Então, o que temos aí?

Leandro — Apostila para a aula: Quase tudo que você precisa saber sobre a Barão do Alambique. E eu vou ser o seu professor.

Marcelo — Então vamos lá. Senta aí.

Leandro senta e começa a fala em off. Música sobre a cena.

Música: Say You say Me – Lionel Richie.

CENA 23. museu. ambiente. Interior. Dia.

Pessoas admirando a exposição de Portinari, entre elas estão Giovanna e Jardel que conversam alegremente. Cortes descontínuos deles conversando por diversos pontos do local.

CENA 24. museu. frente. Exterior. Anoitecer.

Música: Say you say me – Lionel Richie. [Fade Out].

Jardel, Giovanna e mais algumas pessoas vão saindo da exposição.

Giovanna — Realmente eu não sabia que você entendia de Portinari.

Jardel — Não só de Portinari, mas como também de Monet, Miró, Picasso, Tarsila, enfim. De vários outros. (Tom) O bom de trabalhar como jornalista em vários lugares é que você acaba aprendendo e estudando sobre os mais variados assuntos. Não sou nenhum especialista, mas...

Giovanna — Foi ótimo ter te encontrado, Jardel.

Jardel — Já vai?

Giovanna — Só eu encontrar um táxi...

Jardel — Já ta anoitecendo... Por que você não vem janta comigo? Conheço um restaurante ótimo aqui perto.

Giovanna — (Pensa um pouco) Pode ser.

CENA 25. casa de ana carolina. jardim. Exterior. Noite.

Take do jardim da frente da casa. As luzes de entrada iluminam o local.

CENA 26. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Noite.

Dolores cozinhando. Heloísa entra na cozinha, abre a geladeira e serve um copo de água.

Dolores — Boa noite, dona Clara.

Heloísa não responde e engole um comprimido que tinha em mãos.

Dolores — Que remédio é esse que a senhora tá tomando?

Heloísa — (Rude) Por quê? Você é formada em medicina agora? (Larga o copo na mesa) Era só o que me faltava ter que dar satisfações pra criadagem.

E sai da cozinha.

Dolores — (Resmunga) Cavala.

Aparecida entra, vindo da área da piscina.

Aparecida — E essa comida sai quando?

Dolores — Daqui a pouco. (Raiva) Se fosse só a dona Clara que fosse jantar, eu dava um cuspe nessa comida.

Aparecida — O que ela fez agora?

Dolores — Soltando patada gratuita em cima de mim.

Aparecida — Eu achei ela muito entranha hoje. Ela tava mais grossa do que o normal.

CENA 27. casa de gregório. sala. Interior. Noite.

Gregório e Leandro entram da rua conversando.

Gregório — (Sem dar importância) Quê que tem que a Milena foi na Barão? Ela já fez isso várias vezes.

Leandro — Só que dessa vez ela foi falar com o Marcelo.

Gregório — E daí?

Leandro — Sei lá, achei estranho. Ela disse que era sobre aquela parada da morte do pai dela.

Gregório — (Dá atenção) Do Coimbra? Como assim?

Leandro — A Milena cismou que a morte do pai dela não tá bem explicada... O que eu não entendo é o que o Marcelo tem a ver com isso.

Gregório fica preocupado, pensativo. Leandro percebe.

Leandro — Aconteceu alguma coisa?

Gregório — Nada não. (Grita) Tarsila!

Gregório vai subindo as escadas e deixa Leandro sozinho.

CENA 28. casa de gregório. quarto do casal. Interior. Noite.

Gregório entra.

Gregório — Tarsila?

Ele olha no banheiro da suíte para ver se tem alguém. Tempo e pega o celular.

Gregório — (Cel) Bianca, sou eu. Sabe quem foi hoje lá na Barão falar com o Marcelo sobre o Coimbra? Isso: a sua filha.

CENA 29. bairro das laranjeiras. rua. Exterior. Noite.

Carro de Jardel parado em uma rua. Corta para o interior do carro: Jardel e Giovanna.

Giovanna — (Sorri) Foi ótima a sua companhia, Jardel.

Jardel — Nem perguntei se você gostou do restaurante.

Giovanna — Adorei, era excelente mesmo. (Tom) Boa sorte amanhã com o Marcelo. Agora acho que eu já vou indo.

Jardel — Espera, tem certeza que não quer que eu te deixe na porta?

Giovanna — Melhor não. Alguém pode ver e vai acabar dando problema.

Jardel — Por quê? A gente não fez nada de mais.

Giovanna — É, mas sabe como são as coisas...

Jardel — Então porque a gente não dá motivos pra isso?

Giovanna — (Não entende) Como assim?

De surpresa, Jardel beija Giovanna.

CENA 30. casa de ana carolina. sala. Interior. Noite.

Luísa sentada no sofá, folheando uma revista. Heloísa em um canto da sala, observando a mãe. Tempo e Marcelo entra da rua.

Marcelo — Boa noite. (Pra Luísa) Luísa, tá bem acomodada na casa?

Luísa — To muito bem. Acho que poderia estar na minha casa.

Marcelo — Imagina! Você recém saiu da clínica. Seu estado precisa de cuidados.

Luísa — Bobagem Marcelo. To melhor que muita gente por aí. Mas eu agradeço a hospitalidade.

Marcelo — E você Clara? Não vai nem me dar um beijo?

Luísa fecha a cara quando escuta Marcelo chamar Heloísa de Clara. Heloísa se aproxima de Marcelo.

Heloísa — (Séria) Desculpa, amor. (E beija Marcelo).

Marcelo — Você tá estranha. Não tá curiosa pra saber como foi o meu primeiro dia na Barão?

Heloísa — (Sorri amarelo) Claro! Conta aí.

CENA 31. bairro das laranjeiras. rua. Exterior. noite.

Interior do carro de Jardel. Giovana e Jardel se beijam. O beijo termina, os dois se olham por um breve instante, até que Giovanna pega a bolsa.

Giovanna — (Nervosa) Eu preciso ir.

Jardel — Espe/

Giovanna já saiu do carro. Em Jardel.

CENA 32. ap de otávio. sala. Interior. Noite.

Otávio vem da cozinha quando Giovanna entra da rua.

Otávio — Pelo tempo que você demorou, essa exposição do Portinari devia tá ótima.

Giovanna — (Distraída) Tava mesmo. Encontrei uma amiga lá e a gente saiu pra jantar juntas.

Otávio — Ah é? Que amiga?

Giovanna — Ah você não conhece. (Tom) A Juliana tá em casa?

Otávio — No quarto.

Giovanna — Tá. Eu acho que já vou me deitar. To exausta. Boa noite.

Giovanna vai subindo as escadas.

CENA 33. ap de otávio. quarto de juliana. Interior. Noite.

Juliana se revira na cama, enquanto fala ao celular.

Juliana — (Cel) Amanhã?

Leandro — (Off) É, amanhã.

CENA 34. casa de gregório. quarto de leandro. Interior. Noite.

Leandro ao celular. Entra no quarto e fecha a porta.

Leandro — (Cel) Ou você tem algum outro compromisso?

Juliana — (Off) Não é que/

Leandro — (Cel/Corta) Então tá combinado. Amanhã eu quero te ver. Mais tarde eu te mando mensagem combinando tudo.

Leandro desliga o celular e fica um tempo olhando para ele.

CENA 35. casa de ana carolina. sala de jantar. Interior. Noite.

Marcelo, Heloísa, Bernardo e Luísa. Todos jantando no mais absoluto silêncio.

Marcelo — Credo! Vocês tão muito quietos hoje.

Tensa, Heloísa olha discretamente para Luísa.

Luísa — A minha filha tá economizando palavras, porque depois ela vai ter muito que falar, não é?

Marcelo — (Não entende) Como assim?

Heloísa — Nada, Marcelo. Nada.

Ficamos na tensão de Heloísa sob o olhar de Luísa.

CENA 36. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música: Baby I’m yours – Breakbot.

Stock-shot do Rio de Janeiro ao amanhecer.

CENA 37. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Música: Baby I’m yours – Breakbot. [Fade out].

Jardel em pé esperando. Aparecida falando com ele.

Aparecida — O seu Marcelo já tá descendo. O senhor aceita alguma coisa?

Jardel — Não, obrigado.

Marcelo vem descendo as escadas.

Marcelo — (Pra Aparecida) A Clara já saiu de casa?

Aparecida — Saiu cedinho. Nem quis tomar café.

Marcelo — Obrigado, pode ir.

Aparecida vai para a cozinha e Marcelo vai até Jardel. Os dois se cumprimentam.

Marcelo — Jardel, não é?

Jardel — Isso mesmo.

Marcelo — Vamos pro escritório. Lá a gente pode conversar melhor.

CENA 38. casa de ana carolina. escritório. Interior. Dia.

Marcelo e Jardel sentados frente a frente. Conversa já iniciada.

Marcelo — (Intrigado) Minha biografia? Explica melhor essa história.

Jardel — Convenhamos que a sua história de vida é muito interessante, Marcelo.

Marcelo — Pode ser, mas fazer um livro?

Jardel — Claro! A gente começa com a sua infância ao lado do seu pai lá naquela cidadezinha e vai até o momento que você assume a presidência de uma das maiores marcas de cachaça do Brasil!

Marcelo — Mas eu não vou me tornar presidente da Barão.

Jardel — Detalhe... O fato é que a sua vida daria até uma novela. Livro então?! Nem se fala! (Tom) É claro que todo o material escrito vai ser feito com base em entrevistas que eu vou fazer com você. Nada vai ser inventado.

Marcelo — É interessante a proposta... Mas não sei...

Jardel — Imagina só! A história do caipira que vivia no meio do nada e descobriu que era herdeiro de uma das maiores fortunas do Brasil! (Se corrige) Desculpa pelo caipira.

Marcelo — Tudo bem. Eu não nego o meu passado.

Jardel — Tudo bem que esse argumento até não é muito original, mas o seu caso é extremamente conhecido. Enquanto a dona Ana Carolina procurava por você, ela fez com que o seu desaparecimento fosse conhecido pela mídia... Isso gera muito buzz, Marcelo. Acredita em mim.

Marcelo — Jardel, vamos fazer o seguinte: eu vou pensar sobre a proposta e quando eu decidir alguma coisa a gente volta a conversar, pode ser?

Jardel — (Estende a mão) Vou esperar ansioso.

Marcelo aperta a mão de Jardel.

CENA 39. clínica de repouso. sala de regina. Interior. Dia.

Regina recebe Heloísa, que acaba de sentar.

Regina — A que devo a visita?

Heloísa — Sério mesmo que você não sabe? (Ameaçadora) Quem mandou você deixar a minha mãe sair dessa clínica?

Em Regina pensando na resposta.

CENA 40. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Dia.

Dolores na beira do fogão, cozinhando. Aparecida entra vindo da sala carregando um balde e uma vassoura. Aparecida se senta.

Aparecida — Primeiro é o cunhado, depois a sogra. O seu Marcelo gosta de colocar gente dentro de casa, hein?

Dolores — Já que você tá aí sem fazer nada: me alcança essa faca aí.

Luísa entra na cozinha. Aparecida se levanta.

Aparecida — Dona Luísa. A senhora deseja alguma coisa?

Luísa — Não. Tava caminhando pela casa e me lembrando da minha amiga.

Dolores — A dona Ana Carolina era uma grande mulher mesmo. Faz muita falta.

Luísa — Pena o Marcelo não ter tido a chance de conhecer ela.

Luísa sai pela porta dos fundos, em direção à piscina.

Aparecida — Eu gosto da dona Luísa. Ficou apoiando a dona Ana Carolina esse tempo todo.

Dolores concorda.

CENA 41. giacomelli exportações. antessala. Interior. Dia.

Rosa trabalhando em sua mesa. Giancarlo entra e passa por ela.

Rosa — Dr. Giancarlo. Tem reunião hoje às quatro horas.

Giancarlo — Obrigado, Rosa. Avisa a Bianca e a Milena.

Bianca sai de sua sala em tempo de escutar o final da frase.

Bianca — Chamar a Milena pra que, pai?

Giancarlo — Pra reunião que vai ter hoje à tarde.

Bianca — Eu acho que não tem necessidade disso. Ela não vai acrescentar em nada na reunião.

Giancarlo — Mesmo que não acrescente, Bianca. Ela precisa ficar por dentro de tudo que acontece aqui. (Tom) Além do mais, você não tem que achar nada sobre isso. Eu ainda sou o presidente.

Giancarlo vai para a sua sala. Bianca fica um tempo sem ação com a resposta de Giancarlo. Rosa olha para Bianca.

Bianca — Tá olhando o que?

Rosa desvia o olhar e Bianca vai para a sua sala.

CENA 42. barão do alambique. sala de marcelo. Interior. Dia.

Marcelo e Otávio sentados frente a frente. Conversa já iniciada.

Marcelo — O que você acha Otávio?

Otávio — Acho que você deve aceitar a oferta do Jardel. Sua história merece um livro sim e eu tenho certeza que nas mãos dele, a sua vida vai dar um best-seller.

Marcelo — Best o que?

Otávio — Best-seller: um livro que é sucesso em vendas.

Marcelo — Enfim, eu vou pensar no assunto.

Otávio — Pensar bem. Isso vai ser um grande negócio pra todo mundo.

Otávio se levanta, Marcelo também.

Marcelo — Obrigado por ter vindo.

Otávio — No que precisar, você pode me chamar.

Otávio sai. O celular que está sobre a mesa, recebe uma mensagem. Marcelo pega ele.

Marcelo — (Lê) Quem muito olha para trás, não consegue enxergar o que está bem diante dos seus olhos.

Em Marcelo intrigado.

CENA 43. barão do alambique. antessala. Interior. Dia.

Otávio acaba de sair da sala de Marcelo. Gregório que está passando por ali, vê Otávio.

Gregório — (Irônico) Se perdeu no caminho praquele seu escritório xexelento?

Otávio — To aqui pra tratar de assuntos do meu cliente.

Gregório — E eu posso saber que assuntos são esses.

Otávio — (Dando as costas e saindo) Não.

Gregório segura o braço de Otávio. Os dois se encaram.

Gregório — Você não acha que já atrapalhou demais a minha vida com essa insistência em trazer o Marcelo de volta?

Otávio — Não. Isso é só o começo. Agora solta o meu braço.

Otávio faz um movimento brusco com o braço e se solta de Gregório. Otávio entra no elevador.

CENA 44. clinica de repouso. sala de regina. Interior. Dia.

Continuação da cena 39. Regina por fim responde à Heloísa.

Regina — Desculpa dona Clara, mas o seu irmão veio aqui e/

Heloísa — (Corta) E você deveria ter impedido!

Regina — Eu tentei, mas ele ameaçou chamar a polícia caso eu não deixasse a sua mãe ir embora. Então eu pensei que/

Heloísa — (Alto) Aaaah! Não me vem com essa! Você não foi paga pra pensar nada! Eu te paguei pra manter a minha mãe bem longe da minha vida! Imprestável!

Regina — Eu não admito que a senhora me xingue! Eu fiz tudo que estava ao meu alcance. Eu não tenho culpa se o seu irmão quis tirar a sua mãe daqui. Vocês é que deveriam ter combinado as coisas melhor.

Heloísa — É sempre assim: uma desculpinha na ponta da língua.

Regina — Eu não ia colocar o meu nome em risco. Imagina só se ele chama a polícia!

Breve silêncio.

Regina — A senhora pretende trazer ela de volta?

Heloísa — (Pensa) Não sei... (Tom) Se eu trouxer, espero que dessa vez não haja falhas. (Se levanta) Passar bem.

Heloísa sai. Regina fica ali com uma expressão séria.

CENA 45. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música: That I Would Be Good - Alanis Morissette.

Stock-shot da cidade do Rio de Janeiro ao entardecer.

CENA 46. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior. Dia.

Música: That I Would Be Good - Alanis Morissette [Fade out].

Milena falando ao celular, enquanto procura alguma coisa pelo quarto.

Milena — (Cel) Oi Marcelo. Não, eu voltei pra casa. Tive que voltar pra deixar umas coisas aqui.

Yasmin que está passando pelo corredor, entra.

Milena — (Cel) Sei onde é sim. Em meia hora a gente se encontra, pode ser?... Tá bom, beijos, tchau.

Milena desliga o celular.

Milena — (Pra Yasmin) Não sabe bater na porta?

Yasmin — Tava aberta. (Tom) Vai sair com o Leandro?

Milena — Não, como o Marcelo.

Yasmin — (Surpresa) Você vai sair com o Marcelo?

Milena — Não. Não vou sair! A gente vai se encontrar porque a gente tem que conversar sobre algumas coisas.

Yasmin — Posso saber sobre o que?

Milena — Não, gatinha. Deixa de ser intrometida.

CENA 47. praia. calçadão. Exterior. Dia.

Pedestres e ciclistas circulam pelo local. O sol está se pondo e o céu está meio nublado. Juliana e Leandro caminham por ali.

Juliana — Curte praia?

Leandro — Curto. Não posso vir muito por causa do trabalho, mas... (Tom) Sabe o que eu curto mais?... Você.

Juliana dá uma risada.

Juliana — Achei que você fosse mais criativo.

Leandro — Nem um pouco. Mas tanto faz, né? Isso aqui não é concurso cultural... Ou é?

Juliana balança a cabeça negativamente. Então Leandro a beija e assim fica durante um tempo.

Juliana — Nunca mais te vi no Ibiza, cansou de lá?

Leandro — To dando um tempo. (No ouvido dela) E lá é muito escuro. Não consigo ver esse seu rostinho lindo.

Breve pausa. Leandro acaricia o rosto de Juliana.

Leandro — Eu não consigo acreditar que você não tenha nenhum namoradinho.

Juliana — Nenhum vale a pena. Um bando de babaca.

Leandro — E eu não sou?

Juliana — Pelo menos não tá parecendo ser.

Leandro o seu rosto no de Juliana.

Leandro — E se eu estiver te enganando?

Rostos próximos. Juliana sorri.

Juliana — Duvido.

Leandro a beija novamente.

CENA 48. praça. ambiente. Exterior. Noite.

Sol se pondo e algumas nuvens pairam sobre o local. Pessoas circulam pela praça. Marcelo e Milena caminham, conversa já iniciada.

Marcelo — Você mesmo disse que a única coisa que a sua mãe se importa é dinheiro. Eu acho perfeitamente aceitável que ela tenha se desentendido com a minha por uma quebra de contrato. Eles tiveram prejuízo, não tiveram?

Milena — Sim, mas esse não foi o primeiro nem o último contrato rompido em anos de existência da exportadora. O grande problema era o quão incomodada a minha mãe ficava só de tocar no nome da Ana Carolina. Era algo que transcendia o âmbito profissional com uma simples quebra de contrato. (Tom) Eu preciso analisar mais a fundo quais foram as consequências disso.

Marcelo — (Chateado) Pelo menos você tem a chance de descobrir algo sobre a morte do seu pai... Já eu dificilmente vou saber porque o meu me levou embora... Todos que poderiam saber alguma coisa estão mortos.

Milena — (Completa) Ou se calaram, porque a Luísa sabe de muita coisa sim! Ela que não quer falar!

Milena pega na mão de Marcelo e sorri.

Milena — Mas não fica assim. Você tá me ajudando muito numa história que nem lhe diz respeito.

Marcelo — Talvez não tenha mesmo. Apesar do seu pai ser muito amigo dos meus, não eram?

Milena — Era sim. Mais um motivo pra não acreditar na história da Bianca.

Breve silêncio.

Marcelo — A Clara perguntou se eu achava que o meu pai tinha matado o Dr. Coimbra e depois tinha fugido.

Milena — Eu não conheci o seu pai, mas/

Marcelo — Mas eu conheci. Já disse e repito: Duvido que ele tenha feito isso... Eu não posso ter me enganado com alguém durante tanto tempo.

Milena — Eu não quis dizer isso só que/

Milena olha para o céu.

Milena — Acho que vai chover...

Marcelo — O céu daqui é mais estranho. Onde eu morava era mais limpo. De noite a gente deitava no chão e ficava olhando pras estrelas, pro céu limpo, aqui não. Parece que o céu não tem profundidade.

Milena — É por causa da poluição.

Marcelo olha para o céu e sorri.

Marcelo — Apesar de tudo, eu não consigo imaginar a minha infância longe daquele lugar. A natureza, aquele clima pacato... (Fecha os olhos) Eu fecho os olhos e consigo sentir o cheiro do mato, da terra molhada.

Milena — Você sente falta disso?

Marcelo — Muita, Milena. Mas eu tenho muita coisa que resolver aqui.

CENA 49. rua da gávea. ambiente. Exterior. Dia.

Luísa caminha pela rua.

Luísa — É melhor eu me apressar antes que a chuva chegue.

O semáforo fica vermelho, Luísa vai atravessar.

Corte para o interior do carro de Rogério: Rogério dirigindo e se aproximando do semáforo, está distraído colocando sua carteira no porta-luvas. Ao olhar para frente ele enxerga Luísa atravessando a rua e dá uma freada brusca.

Corta para a rua: O carro não consegue parar a tempo e acaba batendo não muito forte em Luísa, que cai no chão. Rogério sai nervoso do carro e vai até Luísa.

Rogério — (Preocupado) Meu Deus! O que eu fiz?! (Pra Luísa) A senhora tá bem?

Closes alterados entre Luísa e Rogério.

CENA 50. praça. ambiente. Interior. Dia.

Continuação da cena 48. Marcelo e Milena em silêncio.

Marcelo — Vou te mostrar uma coisa.

Marcelo tira o celular do bolso.

Marcelo — Eu recebi uma mensagem muito estranha hoje. Lê aí.

Marcelo entrega o celular para Milena.

Milena — (Lê) Quem muito olha para trás, não consegue enxergar o que está bem diante dos seus olhos. (Devolve o celular) Quem mandou isso?

Marcelo — Não faço ideia. (Tom) Será que tão falando dessa minha investigação sobre o passado dos meus pais?

Milena — Pode ser, mas o que tá bem diante dos olhos que você não enxerga.

Marcelo — Sei lá, Milena. Achei isso muito confuso.

O celular de Marcelo apita e ele olha.

Marcelo — Chegou uma nova mensagem. (Pausa/Lê) Doppelgänger...

Milena — Quê?

Marcelo — (Entrega o celular) Lê aí. Sabe o que significa?

Milena pega o celular de Marcelo e lê.

Milena — Nunca ouvi falar nessa palavra. (Devolve o celular) Vou pesquisar.

Milena mexe um pouco no celular.

Música: Trilha instrumental tensa. [Até o encerramento].

Milena — Ó! Achei... Escuta: (Lê) Doppelgänger é a copia de uma pessoa. Ela deriva das palavras doppel: duplo e gänger: ambulante. É uma lenda alemã que diz que uma pessoa é copiada nos seus mínimos detalhes. (Pausa) Esse fenômeno é diferente da bilocação, pois nesse caso a própria pessoa duplicada controla a cópia. Já com o doppelgänger é diferente: a pessoa copiada, nem se quer sabe da existência dessa duplicação.

Marcelo — Isso é mais ou menos como gêmeos. Igual a Clara e a Heloísa, não é?

Milena — Mais ou menos. Pelo que eu entendi, nesse caso do doppelgänger, é uma pessoa se passando por outra, copiando, fingindo ser ela.

Marcelo — (Intrigado) Que história estranha...

Milena — Continuando: (Lê) Um doppelgänger sempre trás consigo coisas ruins.

CENA 51. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Dia.

Música continua.

Ligar áudio. Heloísa sozinha, diante do espelho se penteado.

Milena — (Off) Se você vê o seu doppelgänger é sinal que você está prestes a morrer, pois a crença diz que é a sua alma se preparando para sair do corpo.

Heloísa — (Sorri) Como você tá bonita hoje, Clarinha.

Em Heloísa encarando seu próprio reflexo no espelho.

CENA 52. praça. ambiente. Exterior. Dia.

Música continua.

Continuação da cena 50. Marcelo escuta Milena.

Milena — (Lê) Ver o Doppelgänger de outra pessoa é sinal de azar: reza a lenda que ao ver a cópia de uma outra pessoa circulando por aí, significa que a sua vida vai passar uma por um período nebuloso e sombrio.

Acende um clarão no céu e um forte barulho de raio soa no local. Marcelo e Milena se entreolham, um pouco assustados. Fade out.

 
     

 

     



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