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Quase Perfeito - Capítulo 08

Minissérie de Wesley Alcântara
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CAPÍTULO 8
 
     
 
 
 

CENA 01. APARTAMENTO DE JOANNE. BANHEIRO. INT. DIA.

Joanne com as mãos sobre o rosto e tom de proteção. Kléber lhe aponta a arma.

KLÉBER – Tudo isso poderia ter sido diferente, minha gata. Esse crime poderia ter terminado sem solução. O crime perfeito.

Joanne tira as mãos do rosto, olha fixamente para Kléber.

JOANNE – Mas não existe crime perfeito.

KLÉBER – Tem razão. Mas eu tô tendo uma idéia genial aqui.

Kléber atira no vidro do espelho, assustando Joanne.

JOANNE – Por que tudo isso? A Tânia estava te chantageando? Quem é o Bastião? E o Teodoro? Você precisa me dizer.

KLÉBER – Eu vou dizer. Você vai saber de tudo antes de morrer. Mas não pode ser aqui.

JOANNE – E por que não?

KLÉBER – Acha mesmo que sou idiota, Joanne? Tu tava falando com aquele borra botas, o seu admirador nada secreto. É claro que ele ouviu minha voz e sabe que a gente tava junto. Agora vira para o espelho.

JOANNE – Eu só saio daqui morta.

KLÉBER – Faz o que eu tô mandando e vira para o espelho.

Kléber segura forte em Joanne e a vira para o espelho. Em seguida, lhe dá uma coronhada, desmaiando-a.

CENA 02. CASEBRE DE BASTIÃO. SALA INT. DIA.

Élio se recosta na parede, completamente abalado. Daiana o observa por um tempo.

DAIANA – O que foi?

ÉLIO – Ele está lá. Tá com ela.

DAIANA – O Bastião?

ÉLIO – O Kléber. E a essa altura ele sabe que a gente sabe.

DAIANA – E o que você vai fazer agora?

ÉLIO – Eu vou pedir reforço pra casa da Joanne e vou pedir para cercarem a mansão que o Kléber vive com a esposa e a sogra.

DAIANA – E nós?

ÉLIO – Você ajudou demais, Daiana. Mas agora vai ficar sob proteção policial. Eu tô indo pra casa da Joanne.

Élio sai apressado discando no celular.

CENA 03. APARTAMENTO DE JOANNE. GARAGEM. INT. DIA.

Kléber vem trazendo Joanne no colo, ainda desacordada. Ele a coloca no porta-malas do carro. Em seguida, entra no veículo e sai em disparada.

CENA 04. CASA DE DOS ANJOS. COZINHA. INT. DIA.

Sabine olha chocada para Bastião. Dos Anjos fica escorada num canto.

SABINE – Como isso é possível? Como você pode estar vivo?

BASTIÃO – Há tantas coisas que a gente precisa conversar, filha.

SABINE – Não... Não me chama de filha. Você enganou a mim, as minhas irmãs, ao seu neto e.../

Sabine interrompe a própria fala, olha para Dos Anjos, que não aparenta surpresa.

SABINE (a Dos Anjos) – você sabia, não é? Sabia o tempo todo.

Sabine começa a chorar desesperadamente. Dos Anjos se aproxima, tenta abraçá-la.

DOS ANJOS – Filha, por favor!

SABINE (gritando) – Tira suas mãos de cima de mim. Vocês dois tem idéia do quanto eu chorei, do quanto eu sofri? Poderia ser o que fosse, mas era o meu pai. E vocês dois armando pelas nossas costas. Eu me debrucei e chorei sobre um caixão vazio. Eu rezei por uma alma, eu invoquei dores que jamais achei que seria possível. Vocês são monstros.

Dos Anjos olha com ódio para Bastião.

DOS ANJOS – Eu vou dizer a verdade de uma vez. Foi o seu pai que me obrigou a forjar a morte dele.

Em Sabine.

CENA 05. APARTAMENTO DE JOANNE. HALL. INT. DIA.

Élio entra rapidamente, mas encontra com três policiais descendo as escadas.

POLICIAL – Nada, Élio. Eles não estão mais aqui.

ÉLIO – Encontraram alguma coisa?

POLICIAL – Dispararam um tiro no espelho do banheiro, mas não feriram ninguém.

ÉLIO – Então ele saiu daqui com ela?

POLICIAL – Segundo o porteiro, ele saiu com ela desmaiada e dizendo que a levaria para algum hospital.

O policial se afasta. Élio fica parado ali, até seu celular lhe tirar do “transe” em que estava. Ele atende.

ÉLIO (cel.) – Alô? (T) Orestes? Já tá sabendo do que aconteceu com a Joanne? (T) Sem notícias ainda... (T) Tá, tá bem. Tô indo praí.

Élio desliga o celular e sai.

CENA 06. MANSÃO MAGALHÃES. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

ABRE em Várias fotos de Tamires e Kléber transando, sobre a mesa de café posta. PANORÂMICA do local: Marta de pé, ENQUANTO Tamires e Consuelo estão sentadas olhando para as fotos, completamente chocadas.

MARTA (irritada) – Vai me explicar o que é isso?

TAMIRES (assustada) – Não é nada do que você tá pensando, Marta. Isso.../

CONSUELO – Ninguém aqui tá pensando nada, Tamires. Estamos vendo. E dá pra ver nitidamente o que você faz com o Kléber.

TAMIRES – Isso é montagem, gente. É alguém querendo me destruir.

MARTA – Te destruir? Você é uma vadiazinha sem eira nem beira. Não tem cacife nem pra ter inimigos.

Tamires se levanta. Consuelo faz o mesmo.

CONSUELO – Eu não tô pedindo, veja bem, eu tô exigindo uma resposta coerente. Desembucha tudo de uma vez.

Tamires olha para Marta, em seguida olha para Consuelo.

TAMIRES – Tudo bem, eu vou dizer.

Em Tamires.

CENA 07. PRAIA DE SÃO CONRADO. EXT. DIA.

Dia ensolarado. Praia cheia. Várias garotas tomando sol na areia. Vários surfistas no mar.

CENA 08. APARTAMENTO DE KLÉBER. SALA. INT. DIA.

Joanne está amarrada em uma cadeira, trajando um vestido longo vermelho de cetim, cabelo e maquiagem impecáveis e um colar que mescla diamantes, fios vermelhos e azuis com um cronometro.

JOANNE – O que você fez em mim? (fecha os olhos por um instante) Ai minha cabeça.

KLÉBER – Eu te arrumei. Você vai morrer a altura. Vai explodir com dignidade.

Joanne se apavora, tenta se soltar, mas Kléber lhe dá um tapa no rosto.

KLÉBER (irritado) – Para de chilique. Você não quer saber como tudo aconteceu? Pois bem, chegou a hora de você saber toda a verdade.

JOANNE – A Tânia... Ela estava te chantageando, não é? Por quê?

Kléber pega uma cadeira e se senta próximo de Joanne. Os dois ficam cara a cara.

KLÉBER – Tânia era minha amante. O filho dela é meu filho.

Em Joanne surpresa.
   

 

     
     
 
QUASE PERFEITO - CAPÍTULO 8 (ÚLTIMO CAPÍTULO)
     
 

CENA 09. CASA DE DOS ANJOS. COZINHA. INT. DIA.

Sabine olha para Dos Anjos séria.

BASTIÃO – Cuidado com o que você vai dizer, nega.

SABINE – Eu só quero a verdade.

BASTIÃO – Mas a verdade tem muitos desdobramentos dolorosos.

SABINE – Mais doloroso do que enterrar um pai?

DOS ANJOS – O seu pai me obrigou a forjar a morte dele para não ser preso. Ele cometeu um crime, Sabine.

SABINE – Que crime é esse?

BASTIÃO – Nega, nega, veja lá o que fala pra essa menina.

SABINE – Eu sou adulta. Ou vocês me dizem a verdade agora, ou eu volto aqui com o camburão e coloco os dois atrás das grades. Porque o que vocês dois fizeram é crime.

DOS ANJOS – Como o Bastião disse, tudo por trás disso é doloroso demais.

SABINE – Eu não sou tão frágil quanto aparento, mãe. Fala de uma vez. Eu aguento.

DOS ANJOS – Não é só doloroso para você. É para a família inteira. Principalmente para mim.

Os olhos de Dos Anjos se enchem de água.

SABINE – Se livra desse fardo. A verdade é sempre o melhor caminho, minha mãe. Fala de uma vez.

BASTIÃO – Pensa na dor, pensa na revolta que isso vai gerar, nega.

DOS ANJOS – É muito doloroso, mas chega de ficar escondendo as coisas. Eu vou falar tudo de uma vez.

SABINE – Isso, mãe, se abre.

DOS ANJOS – A Tamires não é minha filha com o seu pai.

Sabine fica surpresa.

SABINE – Ele roubou ela de alguém?

DOS ANJOS – A Tamires é filha da Tânia. É filha da Tânia com o seu pai.

Sabine fica chocada.

CENA 10. MANSÃO MAGALHÃES. JARDIM. EXT. DIA.

Duas viaturas da polícia chegam ao local. Alguns policiais coordenam estratégias de entrada.

CENA 11. MANSÃO MAGALHÃES. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Marta e Consuelo olham sérias para Tamires, que fica acuada num canto.

MARTA – Para de se fazer de sonsa, garota. Fala logo tudo.

TAMIRES – O seu marido, Marta, me prometeu muitas coisas e me seduziu.

CONSUELO – Não acredito nisso. Você é pobre, mas não é ingênua.

MARTA – Tá na cara, mãe, que ela tava interessada no dinheiro dele.

TAMIRES – Não é uma verdade completa.

CONSUELO – Você queria escalar mais rápido. Acontece, minha querida, que ter dinheiro e ser da alta sociedade são duas coisas bem distintas. Você é uma ratazana que agarra a primeira oportunidade.

TAMIRES – E tô errada? Esse casamento já tava falido mesmo. O cara é rico, charmoso e se interessou por mim.

MARTA – Não vê que ele tá te tratando feito uma vagabunda, uma rameira?

TAMIRES – Pelo menos ele sente tesão por mim. Já por você, só desprezo.

Nesse instante, Marta e se aproxima de Tamires e lhe desfere dois tapas no rosto.

TAMIRES – Vagabunda.

MARTA – Já vi que você é daquelas que gosta de apanhar, né?

Marta empurra Tamires, que cai em cima da mesa de jantar.

MARTA – Agora você vai saber quem é Marta Beatriz, meu bem.

Quando Marta vai partir para bater em Tamires, Consuelo a segura.

MARTA – Me larga, mãe. Eu vou acabar com a vida dessa garota.

CONSUELO – Ela já está acabada, não percebe? Se o Kléber teve o trabalho de mandar essa porcaria dessas fotos, você já sabe que ele só usou a Tamires.

Nesse instante a polícia entra armada com fuzis. Marta, Tamires e Consuelo se assustam.

POLICIAL – Cadê o Kléber? Estamos à procura dele.

MARTA - O que aquele canalha aprontou dessa vez?

POLICIAL – Ele é o criminoso das bombas. Foi ele o mandante daquele crime brutal.

As três ficam chocadas. Outros policiais chegam ao local.

POLICIAL – E aí?

POLICIAL #2 – A casa tá limpa.

CONSUELO – Aquele traste sumiu. Se separou da minha filha e sumiu.

POLICIAL – Sabem onde ele pode estar?

MARTA – Já procuraram na casa da delegada Joanne? Ela é a amante dele.

POLICIAL – Sim. Ele esteve lá, mas não está mais. Acreditamos que ela esteja correndo perigo de vida.

MARTA – Bem feito.

O policial a olha sério.

MARTA (sem jeito) – Coitadinha.

Tamires se levanta da mesa com dificuldade.

TAMIRES – Eu acho que sei onde ele pode estar.

Marta a fita com raiva.

CONSUELO – Polícia invadindo a minha casa. Genro criminoso. Filha desorientada. Não, não precisa de mais nada na minha vida. O circo dos horrores está armado.

MARTA – Mãe, por favor, não exagera.

CONSUELO (saindo) – Me deem licença, vou tomar um calmante e repousar. Tô numa idade avançada e não posso ter tantas aventuras assim.

Consuelo sai.

POLICIAL – E onde é esse lugar, moça?

TAMIRES – Em São Conrado. Apartamento Alpha Tech, a cobertura.

POLICIAL – Obrigado. Com licença.

Os policiais saem. Marta se aproxima de Tamires.

MARTA – Arruma suas coisas e vaza.

TAMIRES – Não fico nem mais um dia nesse manicômio. Tenho outra fonte de renda.

MARTA – O calçadão, não é?

Tamires vai saindo, mas dá uma ombrada em Marta, que debocha.

CENA 12. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.

Siqueira e Orestes estão sentados conversando, quando Élio entra.

ÉLIO – Doutor Orestes, tô aqui.

ORESTES – Então você desvendou o crime das bombas, Élio Fiúza?

ÉLIO – Sim. Descobri através de inúmeros depósitos bancários aos quais o Kléber fazia para a Tânia. Além de encontrar réplicas de jóias iguais as que a Tânia pegou na joalheria Cintra antes de morrer.

SIQUEIRA – E onde você encontrou todas essas provas?

ÉLIO – Na casa de um suspeito. O padrasto da Tânia, cujo apelido é Bastião.

ORESTES – Espero que você tenha conseguido um mandato de busca e apreensão na casa dessa cara, caso contrário, as provas não valerão de nada em um tribunal.

ÉLIO (surpreso) – O que?

ORESTES – Tu comanda uma investigação paralela com uma policial afastada e uma vítima que quase foi morta. Arrombou e invadiu sem permissão a casa de um homem que a polícia sequer cogitou ser suspeito. Acha que o juiz vai te dar os parabéns?

SIQUEIRA – Élio, você sabe que pode ganhar um grande processo administrativo por isso, né?

Em Élio assustado.

CENA 13. APARTAMENTO DE KLÉBER. SALA. INT. DIA.

Kléber sentado de frente para Joanne.

KLÉBER – Como eu ia dizendo, a Tânia foi minha amante por um longo período de tempo. Ela gostava de mim e foi legal até certo ponto.

JOANNE – Que ponto?

KLÉBER – Quando ela engravidou, disse que queria que eu registrasse a criança.

JOANNE – Era o certo a se fazer.

KLÉBER – Eu tava começando o projeto de expandir a joalheria, de ter filiais. A Marta estava conseguindo retirar fundos de um investimento no exterior para bancar esse meu passo. Como você acha que ela reagiria quando soubesse que eu iria ser pai?

JOANNE – Mas a culpa era sua. Você foi irresponsável.

KLÉBER – Quando eu disse que ajudaria, mas que não iria assumir o filho, a Tânia mudou. Ela virou outra pessoa. Eu não a reconhecia mais.

JOANNE – Ela começou a te chantagear?

KLÉBER – Ela guardou mensagens nossas, fez fotos dos nossos encontros, guardou o passaporte de uma viagem que eu a levei. No fundo, a Tânia engravidou de propósito para que eu me separasse da Marta e ficasse com ela. Ela armou isso tudo.

JOANNE – Eu não acredito nisso.

Kléber ser levanta, vai até a estante, pega um envelope e se aproxima novamente de Joanne.

KLÉBER – Tem tudo aqui. Vou te mostrar.

CENA 14. CASA DE DOS ANJOS. COZINHA. INT. DIA.

Dos Anjos chora, enquanto Bastião está encolhido num canto. Sabine olha séria para os dois.

SABINE – Como assim a Tamires é filha da Tânia?

BASTIÃO – Chega disso, nega.

DOS ANJOS – Sua irmã cuidava da casa e de você, enquanto eu ia pro bairro dos granfinos fazer faxina. E seu pai vinha almoçar em casa.

Dos Anjos para de falar e chora.

SABINE (irritada) – Termina de falar.

Dos Anjos seca as lágrimas.

DOS ANJOS – O Bastião molestou a sua irmã por meses. A minha Tânia ficou calada, com medo de que eu não acreditasse nela. Ela só tinha catorze anos. E esse monstro fez isso.

Sabine corre até a pia e vomita.

BASTIÃO – Foi um deslize meu. Um erro.

SABINE – Eu tenho nojo de você. Nojo grande.

DOS ANJOS – Aí a Tânia engravidou e eu fingi estar grávida também. A mandei passar um tempo em Rio das Flores, no interior, com um casal de amigos. E o restante você já sabe.

SABINE – E como você não denunciou esse monstro, mãe? Como você foi conivente com isso tudo?

BASTIÃO – Porque ela me perdoou.

DOS ANJOS (gritando) – Eu nunca te perdoei, seu capeta. Eu me calei para que a minha filha não sofresse com o mundo lá fora. Mas Deus é testemunha do quanto eu sofri.

SABINE – E como surgiu essa morte dele?

DOS ANJOS – Eu dei o ultimato. Ou ele sumia ou ia para a cadeia.

SABINE – Que horror, meu Deus. Meu pai é um monstro.

DOS ANJOS – E ele vem me chantageando por todos esses anos. Vem me tirando dinheiro sob a ameaça de reaparecer para vocês e contar a verdade.

SABINE – E deveria ter deixado.

DOS ANJOS – Tânia e eu sofremos muito. Eu não queria que você e Tamires sofressem também.

Dos Anjos começa a chorar. Sabine a abraça.

SABINE – Fica calma, minha mãe. Nós vamos sair mais fortes dessa.

DOS ANJOS – Eu só penso na Tamires. Ela nunca vai perdoar o que eu fiz.

SABINE – Você foi uma mulher de fibra. Uma leoa para suas filhas. Ela vai cair em si e vai entender que você só quer o nosso bem, que só nos protegeu.

Sabine se aproxima de Bastião e cospe em seu rosto.

SABINE – É preferível que continue morto.

CENA 15. APARTAMENTO DE KLÉBER. SALA. INT. DIA.

ABRE em Kléber jogando o envelope no chão. Ele olha fixamente em Joanne.

KLÉBER – Viu só? Ela queria era dinheiro. Me usou.

JOANNE – O que ela fez não foi certo, mas você a usou também.

KLÉBER – Ela queria metade da rede de joalherias. Queria dinheiro toda semana. O melhor jeito foi explodi-la.

JOANNE – Você é um doente mental. Um louco.

KLÉBER – Eu fui inteligente. Há vários meses que eu estava trocando as jóias verdadeiras por imitações perfeitas, mas que não valiam um décimo do valor das originais. Meu lucro estava sendo absurdamente alto. Meu objetivo era que ela assaltasse e pegasse duas ou três jóias verdadeiras e depois eu ganhasse um bom dinheiro de seguro. Mas você foi lenta na investigação. E a incompetente da Tânia ficou nervosa e roubou as erradas.

JOANNE – E o Teodoro? E o Bastião?

KLÉBER – Teodoro é meu irmão. Nós somos filhos daquele traste do Bastião.

JOANNE – Você matou o Teodoro e tentou fazer parecer um suicídio, não foi?

KLÉBER – Foi. E eu tava lá, vi vocês entrarem, analisarem tudo. Eu tava no forro rindo da cara de vocês.

JOANNE – Você é desprezível.

KLÉBER – E você vai morrer.

Kléber dá um beijo em Joanne. Ouve-se barulhos de sirenes. Kléber se levanta, vai até a janela, olha, sorri e se aproxima de Joanne.

KLÉBER – Seus amigos chegaram.

JOANNE – Você não vai se safar dessa.

KLÉBER – Eu não quero me safar.

JOANNE – Vão te jogar num inferno.

Kléber se aproxima de Joanne, puxa uma pedra do colar e o cronometro começa a disparar.

KLÉBER – Que coincidência, vamos os dois para o inferno.

Em Joanne, desesperada.

CENA 16. APARTAMENTO DE ESTHER. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Esther está sentada no sofá lendo uma revista, quando Lucas desce as escadas com duas malas nas mãos.

ESTHER – Ué, meu filho, vai viajar? É algum negócio importante?

Lucas se aproxima de Esther, que se levanta.

LUCAS – Eu tô indo embora dessa casa, mãe. O que a senhora fez ontem foi inadmissível.

ESTHER – Eu te livrei de uma macumbeira golpista.

LUCAS – A senhora é preconceituosa, arrogante. Acha que a sua religião é a única certa.

ESTHER – Eu Só não quero que o meu filho, o único que eu tenho, se misture com umazinha sem eira nem beira. Além de tudo, pratica essas coisas esquisitas aí.

LUCAS – Eu não vou discutir com a senhora, tá bem? Eu tô indo comprar as passagens e sair do país com a Sabine.

ESTHER – Aquela garota nunca saiu do Rio de Janeiro, acha mesmo que tem passaporte?

LUCAS – Não interessa, mãe. A gente vai pra algum país aqui vizinho e de lá resolve com mais calma. Mas o que eu quero nesse momento é me ver longe da senhora e do mal que tá exercendo sobre mim. Das palavras infelizes que disse ontem para a Sabine.

ESTHER – Eu disse verdades, Lucas. Verdades que ela precisava ouvir. Um dia ela será mãe e irá querer o melhor para seu filho, como eu agora.

LUCAS – A senhora é realmente incapaz de ver que errou. Por isso eu tô indo.

Lucas pega as malas e sai.

ESTHER (gritando) – Volta aqui, Lucas!

Esther sai atrás dele.

CENA 17. APARTAMENTO DE ESTHER. GARAGEM. INT. DIA.

Esther sai transtornada do elevador e começa a andar pela garagem, até que Lucas vem vindo com o carro, ela se põe na frente. Ele freia bem em cima.

ESTHER – Vai ser capaz de matar a sua mãe?

Lucas desce do carro. Os dois se olham por alguns instantes.

LUCAS – Ok, dona Esther, a senhora venceu!

Esther sorri.

ESTHER – Sabia que você seria sensato.

Nesse instante, um carro preto para próximo a eles. Lucas pega as malas dentro de seu carro.

LUCAS – Como eu sabia que a senhora iria armar esse escarcéu todo, decidi pedir um carro pelo aplicativo. Pode ficar a vontade na frente do meu.

Lucas entra no carro, que sai em disparada.

ESTHER (gritando) – Você vai ver o que eu vou fazer com a sua namoradinha, Lucas. Eu vou acabar com ela e com quem mais tiver perto. Me aguarde!

Em Esther, irada.

CENA 18. APARTAMENTO DE KLÉBER. SALA. INT. DIA.

Os policiais arrombam a porta e entram.

JOANNE – Socorro!

Os policiais algemam Kléber. Nesse instante, Élio e Orestes adentram.

ÉLIO (a Kléber) – Você está preso, Kléber de Magalhães, pelo assassinato de Tânia dos Anjos e Teodoro Malta, também pela tentativa de homicídio de Daiana Oliveira. Vai apodrecer atrás das grades.

Kléber debocha, um policial segue com ele.

Orestes e Élio se aproximam de Joanne.

ORESTES – Duas horas e treze minutos. É esse tempo até esse colar de bombas explodir.

Élio se aproxima ainda mais, abraça Joanne e lhe dá um beijo.

ÉLIO – Eu não vou deixar que esse colar exploda, tá entendendo?

Joanne, mesmo amedrontada, sorri. Orestes se afasta discando no celular.

ORESTES (CEL.) – Manda o esquadrão anti-bombas agora para mim. Vou passar as coordenadas.

Em Joanne preocupada.

CENA 19. BAIRRO PRAZERES. RUA. EXT. DIA.

Eleandro está montado na moto em frente a um supermercado, quando Tamires desce do ônibus e se aproxima dele.

TAMIRES – E aí, Eleandro, quanto tempo.

ELEANDRO – Pois é, hein.

TAMIRES – Me dá um bonde até o barraco da minha mãe aí. Tô precisando bater um papo com a coroa.

ELEANDRO – Vai dar não.

TAMIRES – Eu pago, cara.

ELEANDRO – Tem como não.

TAMIRES – Tô aqui cheia de bolsa. Vai me deixar ir a pé até lá?

VALESKA (se aproximando) – Tá surda, periguete? Ele disse que não tem como.

TAMIRES – Tu tá falando comigo, projeto mal acabado?

VALESKA – Acho bom tu baixar a bolinha, senão...

ELEANDRO – Deixa baixo, Valeska.

TAMIRES – Acha que eu vou deitar pra você? Tá muito enganada. Pra me fazer deitar tem que ter duas bucetas no meio das pernas. E pelo que sei você não tem nenhuma.

ELEANDRO – Não responde, Valeska. Põe o capacete e vambora.

TAMIRES – Ah, é assim agora? Prefere levar essa criatura do que a mim?

Eleandro sai da moto e se aproxima de Valeska, abraçando-a.

ELEANDRO – Valeska e eu estamos juntos, namorando, vivendo na mesma casa. Ela me ama de verdade, cuida de mim. Por que tu não pede carona pros playboys da zona sul?

TAMIRES – Quem te viu quem te vê, Eleandro Silva.

VALESKA – A roda gira, garota. Vaza.

Tamires fita Valeska e sai. Eleandro dá um beijo em Valeska.

CENA 20. APARTAMENTO DE KLÉBER. SALA. INT. DIA.

Joanne está sentada no sofá, enquanto alguns técnicos estão analisando o colar em seu pescoço. Ao fundo, Élio e Orestes conversam.

ÉLIO – Esse pessoal tá demorando demais.

ORESTES – É um trabalho muito delicado, leva tempo.

ÉLIO – Acontece que tempo é o que a gente menos tem nesse momento.

ORESTES – Dei com os burros n’água. Jurava que o Kléber fosse cem por cento inocente.

ÉLIO – Eu nunca gostei dele.

ORESTES – Mas é porque os dois tavam comendo a mesma mulher.

ÉLIO – Mais respeito, por favor.

Orestes se aproxima de Joanne.

ORESTES – Vai ficar tudo bem, Joanne. Tu tá em boas mãos.

No olhar preocupado de Joanne.

CENA 21. CASA DE DOS ANJOS. RUA. EXT. DIA.

Tamires está abrindo o portão, quando um carro preto para próximo.

TAMIRES (pra si) – Aposto que é a velha da Consuelo que se arrependeu e vai me pedir pra voltar.

Nesse instante, Lucas desse apressadamente.

LUCAS (a Tamires) – A Sabine tá aí?

TAMIRES – Deve estar.

LUCAS – Preciso falar urgentemente com ela.

TAMIRES – Entra comigo.

CENA 22. CXASA DE DOS ANJOS. COZINHA. INT. DIA.

Sabine e Dos Anjos estão com os olhos marejados.

SABINE – Acho que essa foi a última vez em que a gente viu esse monstro.

DOS ANJOS – Tá decidido, vou pegar o Yago e vou embora desse lugar.

SABINE – A senhora disse que tem um seguro da Tânia, né?

DOS ANJOS – Sim, tem. Vou embora daqui. Você vai comigo, filha?

Nesse instante, Tamires e Lucas entram.

DOS ANJOS – Tamires?!

SABINE – O que você faz aqui, Lucas?

LUCAS – Preciso conversar com você.

Em Sabine.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 23. CASA DE DOS ANJOS. QUARTO DE DOS ANJOS. INT. DIA.

Dos Anjos e Tamires estão de pé conversando.

DOS ANJOS – Não. Eu não vou te dar o dinheiro que é do Yago.

TAMIRES – É só pra eu começar a vida em São Paulo, mãe. Aqui eu tô manchada.

DOS ANJOS – Eu sempre te mimei demais, Tamires. Sempre te dei de tudo. Taí o que acontece: você é gananciosa. Gananciosa igual seu pai. Mas chegou a hora de você saber uma verdade nua e crua. Vai doer, mas a Sabine já sabe e você também precisa saber.

Em Dos Anjos.

CENA 24. APARTAMENTO DE KLÉBER. CRUA. EXT. DIA.

A policial cerca com fita em volta do apartamento, enquanto vários curiosos e jornalistas circulam por ali. Entre eles está Edgar e Ayres.

EDGAR – Coloca na live em todas as redes sociais, Ayres. Vamos bombar com essa notícia.

Ayres ajeita o celular.

AYRES – Tá ao vivo, chefinho.

Edgar sorri.

EDGAR – Queridos e queridas, amoras e kiwis, estamos aqui de São Conrado, onde a delegada de polícia Joanne Andrade é mantida presa na cobertura desse luxuosíssimo apartamento. O motivo? Kléber de Magalhães, o dono da Joalheria Cintra colocou nela um colar de bombas. Sim, Braseeeeeeel, nele é o autor do famosos crime das bombas. E ao ser descoberto, tratou logo de fazer o mesmo com a sua ex-amante.

Edgar faz sinal e Ayres encerra a live.

AYRES (preocupada) – Será que a delegada vai morrer?

EDGAR – Ela ameaçou me processar. Mas sabe, né, só os vivos podem fazer isso.

Edgar dá uma risada diabólica, Ayres faz o sinal da cruz.

CENA 25. APARTAMENTO DE KLÉBER. SALA. INT. DIA.

Um técnico corta um fio com alicate e a bomba é desarmada. Todos aplaudem e Joanne respira aliviada.

ÉLIO – Conseguimos, meu amor.

JOANNE – Eu achei que fosse morrer.

Élio e Joanne se abraçam.

CENA 26. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.

Takes rápidos e pontuais do Rio de Janeiro.

SONOPLASTIA: SO NICE – BEBEL GILBERTO.

LETREIRO NA TELA: MESES DEPOIS...

CENA 27. DELEGACIA. SALA DA DELEGADA. INT. DIA.

Joanne entra seguida de Élio e Orestes.

ORESTES – Essa é sua sala. Bem vida de volta, Joanne.

Joanne sorri, passa a mão pela mesa.

JOANNE – Como senti falta disso daqui.

ÉLIO – A gente também sentiu falta disso.

Joanne vira para Élio, sorri e o beija.

JOANNE – Eu quero casar com você.

ÉLIO – Eu aceito, meu amor.

ORESTES – Desculpa estragar a felicidade dos pombinhos, mas acho que vão querer saber dessa.

JOANNE – Desembucha, Orestes.

ORESTES – Kléber conseguiu adiar pela segunda vez o julgamento. Tô até com medo.

JOANNE – É bom ele continuar na cadeia. Senão o destino dele vai ser o cemitério do Caju.

EM Joanne séria.

CENA 28. MANSÃO MAGALHÃES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Consuelo está lendo uma revista, quando Marta desce as escadas.

MARTA – Adiado mais uma vez, mamãe.

CONSUELO – Até agora eu não entendo o motivo de você está pagando advogado para esse crápula assassino. Não sei onde estão seus miolos, Marta Beatriz.

MARTA – Eu amo o Kléber. A gente não vai mais ficar junto, mas eu quero ajudá-lo.

CONSUELO – Só espero que você realmente esteja fazendo a coisa certa, querida.

MARTA – Eu não esqueci tudo que ele me fez, mas preciso dele livre para poder me vingar.

CONSUELO – Como assim? Acabou de dizer que o ama e agora tá pensando em vingança?

MARTA – Amor e ódio são linhas tênues. Muito amor esnobado pode se transformar em ódio mortal, sabia?

Em Marta.

CENA 29. AVENIDA PAULISTA. EXT. DIA.

Tamires e Dos Anjos caminham por ali.

TAMIRES – Acabou de dar no site do Edgar Zampari que o julgamento do Kléber foi adiado.

DOS ANJOS – Outra vez?

TAMIRES – Esse crápula nasceu com a bunda virada pra lua.

DOS ANJOS – Uma hora essa sorte acaba. Seja pelas mãos da justiça ou não. A rua também tem seu tribunal.

TAMIRES – Mãe? Como assim?

DOS ANJOS – Ele tirou a vida da minha filha, mas não vai ficar impune. Não mesmo.

Em Dos Anjos.

CENA 30.  PRESÍDIO BANGU. PÁTIO. EXT. DIA.

Vários presos estão tomando banho de sol, entre eles está Kléber.

Um agente se aproxima dele.

KLÉBER – Alguma novidade?

AGENTE – Hoje a meia noite terá um carro te esperando para uma fuga.

KLÉBER – Mas quem será?

AGENTE – Não sei. Tu vai querer ou não?

KLÉBER – Quero me danar desse lugarzinho xexelento.

AGENTE – Beleza! Dez pra meia noite eu vou abrir sua cela. Os guardas do turno da noite já foram devidamente pagos.

Em Kléber, sorriso sacana.

CENA 30. PRESÍDIO BANGU. RUA. EXT. NOITE.

Um carro preto está parado na frente do portão de saída, que se abre.

Kléber sai, a porta traseira do carro se abre e Kléber sorri.

KLÉBER – Você? Eu não esperava!

Um revólver é sacado por alguém de dentro do carro usando luvas pretas, que dispara dois tiros no coração de Kléber, que cai morto. O carro sai em disparada.

CAM ÂNGULO ALTO. O corpo de Kleber está estirado no chão, o sangue começa a manchar o chão, escrevendo a palavra:
   

 

     

Autor:

Wesley Alcântara

Elenco:

Carolina Ferraz como Joanne Andrade
Dalton Vigh como Kléber de Magalhães
Deborah Evelyn como Marta Beatriz Castelo Branco de Magalhães
Marco Pigossi como Edgar Zampari
Letícia Persiles como Sabine dos Anjos Souza
Rômulo Estrela como Élio Fiúza
Marcello Melo Jr. como Eleandro Silva
Caio Paduan como Lucas D’Ávila
Narjara Turetta como Daiana Oliveira
Gabriella Mustafá como Tamires dos Anjos Souza
Luka como Ayres Costa
Cauã Reymond como Valeska Moretti
Ângela Vieira como Esther D’Ávila

Atores Convidados:

Stenio Garcia como Orestes Blumenau
Francisco Cuoco como Bastião Souza

Atrizes Convidadas:

Eva Wilma como Consuelo Castelo Branco
Zezé Motta como Dos Anjos

Participações Especiais:

Cris Vianna como Tânia dos Anjos
Carmo Dalla Vecchia como Teodoro Malta

Trilha Sonora:

Martelo Bigorna – Lenine (abertura)
Amor Maior – Jota Quest
Aonde quer que eu vá - Paralamas do Sucesso
Apologize – One Republic
Corpo Sensual – Pabllo Vittar feat. Mateus Carrilho
Epitáfio – Titãs
For You – Rita Ora
Mãe – Rick e Renner
Nice – Bebel Gilberto
Pesadão – Iza feat Marcelo Falcão
Pra Minha Mina – Bom Gosto
So Nice – Bebel Gilberto
Só pro meu prazer – Leoni
Solta a Batida – Ludmilla
Te Esperando – Luan Santana
This is what you came for – Rihanna feat. Calvin Harris
Você precisa de alguém – Jota Quest feat. Marcelo Falcão

Produção:


Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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Proibida a cópia ou a reprodução

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