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Laços de Amizade: Capítulo 31

Novela de Diogo de Castro
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LAÇOS DE AMIZADE - CAPÍTULO 31

| CENA 01 | Noite. Bar Ponto de Encontro. Interior. O ambiente está lotado. Todas as mesas estão ocupadas. No andar de cima a pista de dança está animada, muitos jovens dançam ao som de um hit eletrônico, as luzes são fortes. Melissa e Janaína servem as mesas, apressadas e confusas com tanto trabalho. Valeska e Vanessa entram no local pela porta dupla. Valeska já começa a se mexer ao som da música. Vanessa está apreensiva.

VALESKA: Ai, se anima, maninha! Olha isso aqui! Tá bombando.

VANESSA: Não to no clima, Val. Acho melhor eu ir.

Valeska observa todo o local e vê Ronaldo e Carlos, sentados a uma mesa.

VALESKA: Olha só quem ta ali. O cara mais velho!

Ela aponta. Os olhares de Vanessa e Ronaldo se cruzam. Ele cumprimenta a garota cinicamente oferecendo uma bebida, de longe. Vanessa se apavora.

VANESSA: Eu quero ir embora! Vamos sair daqui, por favor!

VALESKA: Nem pensar. À noite ta só começando. Vamos pra pista!

Valeska arrasta Vanessa para o andar de cima. Na mesa de Carlos e Ronaldo, três garrafas de cerveja e dois copos cheios.

RONALDO: Ganhei a noite!

CARLOS: E eu, a minha. Olha só quem ta chegando. Serão dois coelhos numa cajadada só.

Ele toma que sobrou da cerveja no copo.

RONALDO: É o granfino...

Carlos sorri de canto de boca. Close na entrada do bar, Darlan cruza a porta e vai em direção a Chad, que está no balcão. Janaína percebe sua presença, mas disfarça. Ela passa com uma bandeja pela mesa de Carlos e Ronaldo.

JANAÍNA: Veio fazer o que aqui?

RONALDO: Isso é jeito de tratar um cliente? Vou reclamar com a gerência hein.

Melissa surge por trás de Janaína, com aquele sorriso.

MELISSA: Algum problema, senhores?

RONALDO: Problema? Com você aqui não tem problema nenhum, delícia.

MELISSA: O senhor me respeite que sou uma mulher casada.

Ela mostra o anel de compromisso.

RONALDO: Casada... E gostosa!

Carlos e Ronaldo riem, sacanas. Melissa se ofende e se prepara para dar uma resposta.

JANAÍNA: Deixa isso pra lá, Melissa. Não vale a pena perder tempo com dois bêbados.

Janaína tira Melissa dali. Eles ainda estão rindo.

RONALDO: Vou chegar na loirinha.

Ele se levanta da mesa indo em direção ao andar de cima. Carlos observa Janaína, fissurado. Enquanto ela olha Darlan, de costa para ela, conversando com Chad.

CARLOS: Desgraçada.

Melissa e Janaína passam pelo balcão, indo para cozinha.  

CHAD: A que devo a honra de sua presença no meu humilde estabelecimento, senhor Darlan?

DARLAN: A ocasião é oportuna, meu caro.

CHAD: Bebe alguma coisa?

DARLAN: Um whisky, por favor.

CHAD: No capricho. O primeiro é por conta da casa!

No andar de cima. As pessoas estão frenéticas, dançando ao som da balada eletrônica. O DJ manuseia a aparelhagem. Valeska chama atenção de todos no local com sua dança até perceber Ronaldo se aproximando. Ela para e fala ofegante. Vanessa está tensa.

VALESKA: Garota de sorte...! Ele ta vindo aí!

Vanessa está apavorada, mas tenta esconder. Ronaldo se aproxima, com um sorriso sacana no rosto.

VALESKA: Deixa de ser boba e vai logo falar com ele.

Valeska literalmente empurra a irmã para os braços de Ronaldo e continua dançando.

RONALDO (cínico): Sentiu saudades, belezinha?

VANESSA: Se você não me soltar eu grito!

RONALDO (ameaçador): E aí eu estouro os miolos da sua irmãzinha.

Ele levanta o lado direito de sua blusa pólo azul, deixando a ponta de um revólver à mostra. Vanessa aperta os olhos para ter certeza daquilo.

RONALDO: Agora. Devagar. A gente vai sair daqui e vamos pro meu carro. Feito um casalzinho.

Ele segura com delicadeza o braço dela e os dois começam a caminhar. Valeska observa e fica feliz pela irmã. Vanessa treme.

| CENA 02 | Condomínio Almirante. Apartamento 209. Sala. Interior. A porta é aberta e por ela entram Igor, Celso e Jaqueline, que conduz a cadeira de rodas do namorado.

IGOR (abalado): Vou pro meu quarto.

Ele se retira. Jaqueline posiciona Celso próximo ao sofá e se senta.

CELSO: Como é que você ta, hein?

JAQUELINE: Descobrir que você foi enganada a vida inteira pela sua própria mãe é algo totalmente inacreditável, Celso. Ela diz que fez tudo isso por nós, mas, será mesmo? No fundo eu não acredito. Alguém que é capaz de mentir por tanto tempo, é capaz de qualquer coisa. Além disso, ela tentou matar uma pessoa! (pausa) E o que mais me dói é saber que ela fez isso só pra se beneficiar e se livrar da cadeia. Egoísta!

CELSO: Não fica assim, Jaque. Vai passar.

JAQUELINE (chorando): É como se eu não conhecesse a mulher que me deu a vida, entende?

Ele limpa as lágrimas dela.

CELSO: Eu to aqui do seu lado, viu?!

JAQUELINE: Me sinto tão mal pelo modo como tenho tratado a Janaína.

CELSO: Quanto a isso não precisa se preocupar. A Janaína entende o lado de vocês. Sem falar que ela não pode culpá-los de nada. Essa mentira toda só começou porque ela compactou com sua mãe.

JAQUELINE: Isso não muda o fato de que nessa história, ela é a vítima. Foi presa. Perdeu anos da vida trancada e quando saiu não teve chance pra recomeçar. E olha como ela foi ganhar a vida?

CELSO: Isso é passado. Agora ta tudo bem. Ela ta refazendo a vida ao lado da Bruna, trabalhando no Ponto e tudo.

JAQUELINE: Eu me sinto tão culpada quanto aquela mulher deveria se sentir!

CELSO: Aquela mulher é sua mãe. Com seus defeitos, mas é sua mãe e isso não vai mudar nunca.

JAQUELINE: Já mudou, Celso. Pra mim, ela morreu!

| CENA 03 | Bar Ponto de Encontro. Exterior. Ronaldo e Vanessa saem do bar pela porta dupla. O modo gentil como ele a levara até a saída se converte em grosseira. Ronaldo segura com força o braço dela, que tenta se soltar, em vão.

VANESSA: Por favor, me deixa em paz...

RONALDO (cheirando-a): Não consigo.

VANESSA: O que é que você vai fazer comigo?

RONALDO (saliente): Advinha?!

Um gol preto estaciona na calçada contrária a entrada do bar. No interior do veículo, Cláudio. Ele se prepara para abrir a porta quando percebe os dois se afastando. Ronaldo agora puxa o cabelo de Vanessa e aponta a arma para sua cabeça.

CLÁUDIO (afobado): Vanessa...?!

Ronaldo joga Vanessa dentro do carro com grosseira. Entra no lado do motorista e liga o carro, saindo dali rapidamente. Cláudio espera um pouco e também da à partida.

| CENA 04 | República Universitária Laços de Amizade. Quarto Uva. Interior. Luciano, vestindo uma calça jeans azul e uma camiseta regata preta, enxuga os cabelos numa toalha branca. Há um pequeno micro system, ligado. O som ambiente toca

MÚSICA: O que é que eu faço pra tirar você da minha cabeça – Ivo Mozart

Ele joga a toalha na cama e encara o espelho, pensativo. Arruma os cabelos com a mão e vai em direção ao guarda-roupa. Tira de dentro dele uma mochila preta e abre uma gaveta, abaixo de uma das portas do móvel. Ele tira várias roupas de dentro e joga dentro da mochila. Abre outra gaveta e faz o mesmo. Corta para o

CORREDOR,

Fabiana sai de seu quarto e fica de frente para o quarto Uva. Ela hesita, mas se aproxima e se prepara para bater na porta. Desiste. Retira-se dali.

Fim da sonoplastia.

| CENA 05 | República Universitária Laços de Amizade. Sala/Cozinha. Interior. Fabiana desce as escadas e vai em direção a cozinha, onde estão sentados Celina e José, fazendo a refeição.

CELINA: No fuiste a bailar como los outros hicieron? [Não foi dançar como os outros fizeram?]

JOSÉ (portunhol): Achamos que iba. Decidimos no esperá-la para el jantar.

FABIANA: Tudo bem. Não to mesmo com fome.

CELINA: Hablaste con el papa de tu chavito? [Você falou com o pai do seu garotinho?]

FABIANA: Não, Celina. E na boa, não quero que volte a falar do Luciano.

JOSÉ: No es bueno guardar en el corazón malos sentimientos, muchacha. [Não é bom guardar maus sentimentos no coração, garota.]

CELINA: Piensa en tu hijo, Fabiana. Él necesitará y echará de menos a un papá. [Pensa em teu filho, Fabiana. Ele precisará e sentirá falta de um pai.]

FABIANA: Hum... Não entendi muito bem o que disseram. Mas, quer saber de uma coisa? Vocês têm toda razão!

CELINA: ¿Verdad?

JOSÉ: Gracias a Dios ha percebido. [Graças a Deus você percebeu]

FABIANA: Meu filho vai mesmo precisar de um pai. E é por isso mesmo que to indo atrás de um... Na balada! Chega de ficar nessa fossa.

CELINA (nervosa): No, chica! No es así! [Não, menina! Não é assim!]

FABIANA: “Gracias a los dos” pelos conselhos. Mas, já chega de encarar o problema como um problema. É hora de procurar uma solução.

JOSÉ: Desde que no sea un aborto! [Desde que não seja um aborto!]

FABIANA: Não se preocupe, José. Aprendi a lição. Deixa eu ir me arrumar pra cair na nigth. Eu mereço!

Fabiana volta para o quarto, empolgada. Celina e José se entreolham.

CELINA: Lo siento por este niño que vendrá! [Sinto pena do menino que vem por aí!]

JOSÉ (sorrindo): No se olvide que estaremos aqui para ayudarla! [Não se esqueça que estaremos aqui para ajudá-la.]

| CENA 06| Condomínio Almirante. Apartamento 209. Sala. Interior. Celso está sentado no sofá, Jaqueline deitada em seu colo. Igor está em uma poltrona. Há uma pizza e uma garrafa grande de refrigerante na mesinha de centro.

IGOR: Ela foi hoje, no final da tarde. O Cláudio foi deixá-la no aeroporto depois que... (pausa)

CELSO: Depois que se despediram? Não me importo mais, cara. Na boa.

IGOR: Olha, Celso. Só queria te falar que eu não fiz por mal. E eu não tenho nada contra você. Mas aquele otário do Cláudio ta sempre me provocando e eu acabo aceitando as provocações dele.

JAQUELINE: É uma competição idiota que parece não ter fim.

Igor reprova Jaqueline com o olhar.

CELSO: No fundo sei bem como é. O Cláudio sempre conseguia me meter nas encrencas dele. E na maioria das vezes, eu levava a pior. Como vocês mesmo podem constatar. Mas eu abri os olhos. E tu ainda tem tempo pra isso, cara.

Igor assente com a cabeça.

IGOR: Vou dar uma saída. Preciso esfriar a cabeça.

Ele se levanta.

JAQUELINE: Vê se não demora, ta?

IGOR (estranhando): Quê que é? Tá preocupadinha comigo agora?

JAQUELINE (hesitante): É que...

CELSO: Pode falar, Jaque. Não tenha medo.

Jaqueline também se levanta e fica de frente para o irmão.

JAQUELINE: Não sei se você se deu conta, seu idiota. Mas, a partir de agora... Somos só você e eu.

Igor engole em seco, hesita, mas abraça a irmã. Celso sorri. Igor sai logo em seguida, sem dizer nada. Jaqueline encara Celso, limpando a lágrima que escorria.

CELSO: To orgulhoso de você, meu amor.

Ela força um sorriso, sentando-se ao lado dele.

JAQUELINE: Não ta sendo fácil.

CELSO: Agora eu queria falar outra coisa com você. Sobre o que ouviu hoje na fisio.

JAQUELINE: Não. Tudo bem. Não precisa falar nada, se não quiser.

CELSO: Mas eu quero. Quero te dar a certeza de que, apesar do respeito e admiração que tenho pelo doutor Humberto, eu não correspondo ao que ele sente. Devo muito a meu médico, mas o que ele quer não posso, e não vou dar.

JAQUELINE: Não precisa me dizer o que já sei, amor. Só fiquei chocada na hora, pela situação. Tipo, o fisioterapeuta do meu namorado, se declarando pro meu namorado! Foi bem constrangedor.

CELSO: Se você quiser, eu peço pra trocarem de médico. Acho até que o próprio Humberto vai preferir.

JAQUELINE: Não. Deixa como estar. Vai acabar prejudicando o processo e eu quero que você se recupere o quanto antes.

CELSO: Por quê? Tem vergonha de namorar um cadeirante?

JAQUELINE: Que bobagem é essa agora?!

CELSO: Pode falar, Jaque. Eu sei que sou um atraso na sua vida.

JAQUELINE: Como você pode dizer uma coisa dessas depois de todo apoio que tem me dado com o que aconteceu?

CELSO: É como eu me sinto. Não é fácil lidar com essa situação! Eu tinha uma vida antes de sofrer esse acidente.

JAQUELINE: Como assim tinha uma vida? Você não ta morto.

CELSO: Mas to inválido, o que dá praticamente na mesma. Eu não posso te condenar a ficar comigo, Jaqueline. Você é bonita, forte. E merece alguém saudável pra que vocês possam... Possam... Desfrutar da vida que os jovens levam, com tudo que tem direito.

Ela contém o riso.

JAQUELINE: Você tá parecendo um velho querendo me aconselhar.

CELSO (sério): Não brinca comigo.

JAQUELINE: Do que você ta falando especificamente?

CELSO: Você sabe especificamente do que eu to falando. Nós jovens, pelo menos os que podem obviamente, queremos viver a vida ao máximo, sem limites. Conhecer os prazeres...

JAQUELINE: Entendi. Você ta falando de sexo.

CELSO: Claro que é. Você não sente vontade não?! Eu sei que sente. E eu não posso fazer nada a respeito. E é por isso que você tem que procurar alguém saudável.

JAQUELINE: Um cadeirante pode sim ter uma vida sexual ativa, mesmo que o parceiro tenha deficiência, ou não. Você só precisa aprender a reativar sua sexualidade que ficou adormecida com o trauma do acidente. São inúmeras as maneiras que existem de estímulo pra isso, meu amor. E no nosso caso acho que não vai precisar de muito esforço não.

Ela ri, saliente.

CELSO: Como sabe disso tudo?

JAQUELINE: Pesquisei na internet ué.

CELSO: Mas... (pausa)

JAQUELINE: Mas a gente não pode fazer nada ainda, até que você recupere sua autoconfiança.

MÚSICA: Em busca da fé – Chimarruts

CELSO (triste): Não sei se posso.

JAQUELINE: Eu tenho certeza que pode.

CELSO (sorrindo): Eu te amo.

JAQUELINE: Te amo mais.

Eles se beijam.

Fim da sonoplastia.

| CENA 07 | Bairro Santa Felícia. Casa de Carlos. Exterior/Interior. O carro de Ronaldo estaciona na calçada da casa. Ele sai do carro e dá a volta para abrir a porta do lado do carona. Vanessa está tremendo de medo. Ele a arranca do carro com violência. Há alguns metros dali, um gol preto estaciona, na mesma calçada. Cláudio sai do carro, a espreita, de longe observa Ronaldo segurando o braço de Vanessa com força e a conduzindo para o interior na casa. Na sala Ronaldo joga Vanessa de qualquer jeito. Ela evita a queda se apoiando no sofá velho. Ele coloca a arma num balcão perto da entrada do banheiro.

VANESSA (geme a fala/chora): Me deixa ir. Eu imploro.

Ele se aproxima dela, excitado, cheirando-a no pescoço.

RONALDO: Tava morrendo de saudade desse teu cheiro, sabia?!

Vanessa chora, em pânico. Ele se estressa. Arregala os olhos, fora de si.

RONALDO (grita): Cala essa boca! Não tem motivo pra chorar, cachorra. Não vai querer que eu perca a paciência, vai?!

Ela engole o choro, com medo.

| CENA 08 | Bar Ponto de Encontro. Interior. A movimentação continua intensa. Janaína, Melissa e outras duas garçonetes servem as mesas. Clientes chamam-nas toda hora. A pista de dança ainda animada. Valeska dança incansavelmente, segurando uma garrafa de energético nas mãos. No andar de baixo, Marcelo está sentado em uma mesa, sozinho. Ele observa o pai, sério, e nem percebe Fabiana se aproximando.

FABIANA: Um doce pelos seus pensamentos!

MARCELO: Fabi! Tá fazendo o que aqui, garota? Você ta grávida.

FABIANA (sentando-se): E daí?

MARCELO: Você tem se cuidar a partir de agora.

FABIANA: Ai, Marcelo. Deixa de ser careta, cara.

Janaína passa com uma bandeja pela mesa dos dois e para ali.

JANAÍNA: Fabi?!

FABIANA: Oi, Jana.

JANAÍNA: Você não devia estar aqui. Pode fazer mal pro bebê.

Fabiana revira os olhos. Melissa, que acabara de chegar.

MELISSA: Eu ouvi a palavra ‘bebê’?

FABIANA: Ouviu sim, Melissa. To grávida!

Melissa dá um grito, animada. Puxa Fabiana e abraça.

MELISSA: Parabéns, querida! Que nasça forte e saudável. E que seja um menininho porque quando eu e Chadinho tivermos nossa Brigite, eles serão namoradinhos, já pensou que fofo?! Mal posso esperar pra ser mãe.

FABIANA: Já eu não teria problema nenhum em esperar mais um pouquinho. Mas, já que aconteceu né!

MELISSA: Mas você não pode ficar nessa agitação toda, menina. Pode fazer mal hein!

Marcelo ri.

MARCELO: Pelo visto eu não sou o único careta por aqui.

FABIANA: Ai, vocês me cansam! Vou dançar um pouquinho. E você vem comigo, Marcelo.

MARCELO: Acho melhor...

Fabiana puxa Marcelo pelo braço sem lhe dar chance de resposta. Melissa e Janaína riem. Um homem chama uma delas. Melissa vai. Darlan ainda está no balcão, tomando umas. Chad não está lá. Janaína caminha em direção a cozinha, mas é abordada por Carlos que surge em sua direção. Ele segura o braço dela. Ela se solta.

CARLOS: Espera aí. Quero falar contigo.

JANAÍNA: Me deixa em paz. To trabalhando.

CARLOS: Se não vier comigo, faço um estrago!

JANAÍNA (impaciente): Faça o que quiser.

Janaína vai em direção a cozinha.

CARLOS: Eu avisei.

| CENA 09 | Bairro Santa Felícia. Casa de Carlos. Sala. Interior. Ronaldo passa a mão pelo corpo de Vanessa. Começa a beijá-la no pescoço. Ela sente repulsa e treme. Ele enfia a mão por dentro da blusa dela. Ela geme, com nojo daquele toque.

RONALDO: Você vai gostar, cadela...

Ele começa a tirar a blusa dela. Alguém invade a casa, assustando Ronaldo.

CLÁUDIO: ‘Deixa ela’ em paz!

Ronaldo tenta correr para pegar a arma, mas Cláudio se joga em cima dele. Vanessa começa a se tocar, tentando se limpar. Ronaldo e Cláudio iniciam uma briga.

CLÁUDIO: Seu covarde!

Cláudio agarra a blusa de Ronaldo e lhe soca o rosto várias vezes. Ronaldo reage e devolve com outro soco. Vanessa está em choque, sem ação. Cláudio levanta Ronaldo pela blusa e o joga em cima da mesinha marrom, quebrando-a as pernas. Ronaldo se levanta e avança em Cláudio, que desvia. Cláudio pega Ronaldo por trás e lhe acerta mais um soco. Ronaldo sangra, limpa o queixo na blusa.

RONALDO: Desgraçado!

Ronaldo olha de relance para a arma que deixou no balcão e a pega, apontando para Cláudio que arregala os olhos. Eles estão ofegantes.

RONALDO: Quero ver bancar o valentão agora, moleque!

CLÁUDIO: Precisa de uma arma pra se defender, seu covarde?!

Ronaldo destrava a arma e sorri. Cláudio respira fundo, com medo.

VANESSA: Não... Pelo amor de Deus... Não faz isso! Pelo amor de Deus!

RONALDO: Quê que é gatinha?! Seu namoradinho atrapalhou nossa diversão. Se meteu aonde ao devia e agora vai pagar.

Ele se distrai e se aproxima dela.

RONALDO: Depois a gente continua de onde parou.

Cláudio avança em Ronaldo, que não tem tempo para agir. Os dois caem no chão, Ronaldo solta a arma que dispara, acertando uma parede. Eles voltam a brigar. Ronaldo joga Cláudio para trás e sai dali, fugindo pela porta. Cláudio se levanta, ofegante. Vanessa, aos prantos, corre para abraçá-lo.

VANESSA: Me tira daqui, por favor.

| CENA 10 | Bar Ponto de Encontro. Cozinha. Interior. Bruna e uma assistente trabalham freneticamente pra darem conta dos muitos pedidos da noite. Chad está animado, cortando verduras.

CHAD: Você é um sucesso, Bruna. Já viu quanta gente tem aí fora? Ainda estamos colhendo os frutos do evento gastronômico.

BRUNA: Não necessariamente né, Chad. Até porque aquilo lá foi um desastre.

CHAD: Não foi nada. No fim das contas, deu tudo certo.

Janaína entra no local.

JANAÍNA: Pedido da mesa 7 já ta pronto, filha?

ASSISTENTE: Sim, aqui está.

CHAD: Aconteceu alguma coisa, Jana? Tá estranha.

JANAÍNA: Como se não bastasse à presença do Darlan aí fora. O Carlos não me deixa trabalhar em paz.

Bruna solta às panelas.

BRUNA: Ele ta aí?

JANAÍNA: Sim. Já até me ameaçou.

BRUNA: Você tem que fazer alguma coisa, Chad.

CHAD: Eu...

A fala dele é interrompida pelo som de um tiro, seguido de muita gritaria.

CHAD: Jesus, Maria, José! Que é isso?!

JANAÍNA: Carlos...

Eles correm para o interior do salão principal. Desesperados, os clientes correm tentando alcançar a porta principal e a saída de emergência. No andar de cima, Valeska, Fabiana e Marcelo descem as escadas tentando entender o que acontece. Carlos atira várias vezes para cima, deixando todo mundo desesperado. No andar de baixo, Melissa está assustada entre as mesas e cadeiras reviradas pelo local, que agora está quase vazio. Carlos aponta a arma para Darlan, que ergue as mãos, deixando claro que não pretende reagir.

MARCELO (receoso): Pai...

DARLAN (a Carlos): O que pensa que está fazendo?

CARLOS: Você vai ver.

Janaína, Bruna, Chad e assistente chegam ao salão. Ao perceber o que acontece, Chad põe a mão na boca. Carlos observa àquelas pessoas ainda presentes.

JANAÍNA: Não faz nenhuma besteira, Carlos. Por favor.

CARLOS (nervoso): Sai todo mundo daqui! Agora! O meu problema é com a Janaína e esse granfino.

BRUNA: Eu não vou te deixar aqui com esse maluco, mãe.

FABIANA: Não piora as coisas, Bruna.

JANAÍNA: Não discuta, Bruna. Saia daqui, por favor.

Chad leva Bruna, que vai a contragosto, se juntam ao grupo dos outros. A assistente vai junto. Melissa abraça Chad.

MARCELO: Eu também não posso ir...

Carlos grita e atira para o alto.

CARLOS (bravo): Eu quero todo mundo fora daqui! Estão surdos?

VALESKA: Vem, Marcelo!

Fabiana e Valeska puxam Marcelo pelo braço. O grupo caminha em direção a saída, restando apenas Janaína, Darlan e Carlos.

CARLOS: Chegou a hora de acertar as contas.

Close em Janaína, que encara Darlan.


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