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Laços de Amizade: Capítulo 29

Novela de Diogo de Castro
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LAÇOS DE AMIZADE - CAPÍTULO 29

| CENA 01| Continuação do capítulo anterior. Manhã. Motel. Interior. Quarto 32. Bruna tenta entender o motivo de estar ali, na cama, com um desconhecido. Marcelo se mostra indignado. Valeska finge surpresa, enquanto Jorge tem uma atitude cínica.

BRUNA: (confusa) Quê que aconteceu aqui? (percebe a presença de Jorge) QUEM É VOCÊ?

VALESKA: To PAS-SA-DA. Quem te viu, quem te vê hein, Bruninha... Santinha do pau oco! Mas também né, o que pode se esperar da filha de uma prostituta?

BRUNA: (desesperada) Eu não sei como eu vim parar aqui. Marcelo... VOCÊ TEM QUE ACREDITAR EM MIM! (começa a vestir suas roupas.) Eu juro que não sei (pausa)

MARCELO: Eu acredito, meu amor.

VALESKA: (perplexa) O QUÊ? COMO ASSIM VOCÊ ACREDITA NELA, MARCELO? Não tá tudo muito claro aqui?

Marcelo solta uma risadinha, quase debochada. Bruna está tão surpresa com a atitude do namorado, quanto Valeska. Ele olha no olho de Valeska.

MARCELO: Sabe de uma coisa? Eu QUASE acreditei nessa sua armação.

VALESKA: (fingindo surpresa) Você tá achando que eu armei tudo isso?

JORGE: Sujou...

MARCELO: Achando, não. Eu tenho certeza de que foi você, Valeska. Os bilhetes, sua conversinha mole tentando me confundir em relação a Bruna, essa encenação aqui, tudo... Foi você. Eu SEI que foi.

Jorge começa a se vestir.

VALESKA: Você não quer enxergar o óbvio...

MARCELO: Você é que não quer aceitar que me perdeu. Aliás, que nunca me teve.

VALESKA: Não pode me acusar sem provas.

Marcelo retira o bilhete do bolso e o lê em voz alta.

MARCELO: “Sua namoradinha fugiu misteriosamente de vc, não foi? eu sei onde ela tá. Se quiser descobrir, aí vai o endereço. Abre o olho, (enfatiza) A M O R E”.

Valeska se dá conta do erro que cometera.

VALESKA: Droga.

MARCELO: Quem, além de você, costuma me tratar assim?! Francamente... Que amadorismo, Val. Esperava mais de você.

Bruna se levanta da cama, revoltada.

BRUNA: Você é muito baixa mesmo né, garota?

VALESKA: Já viu o seu tamanho, queridinha?!

Bruna parte pra cima de Valeska, mas é impedida por Marcelo que a segura.

MARCELO: Não vale a pena, meu amor.

VALESKA: Tudo que eu fiz foi por amor!

MARCELO: Amor a quem? Você não sabe o que diz, Valeska. Você não me ama. Você não ama ninguém.

VALESKA: (séria) Você tá sendo muito injusto comigo. Eu praticamente vivi a sua vida, deixei de lado meus sonhos pra viver os seus. Quando tive a oportunidade de morar fora do país, não pensei duas vezes em ficar. Porque sabia que se eu fosse, te perderia pra sempre... (inconformada) Pra de repente aparecer essa sem sal da Bruna e me tirar de você?

MARCELO: Eu nunca fui (pausa)

Valeska começa a chorar.

VALESKA: (grita) Claro que foi, Marcelo! VOCÊ SEMPRE FOI MEU. A gente sempre foi um do outro, até ela aparecer e estragar tudo.

MARCELO: Pensando bem, eu sempre fui seu sim. Mas, um objeto, um troféu que você exibia pra todo mundo. Hoje eu percebo o quanto era manipulado em suas mãos. Meu Deus! Tanto que eu cheguei a acreditar que realmente sentia algo além de amizade por você. Só que nunca foi amor, Val... Entende de uma vez por todas que eu não te amo e NUNCA vou te amar. Para de perder sua vida e seu tempo tentando se meter entre mim e a Bruna, porque o que a gente sente é forte demais, e armação nenhuma vai conseguir estragar isso. Entenda. Eu não te quero mal. Você esteve comigo nos piores momentos da minha vida...

VALESKA: (chorando muito) Não faz isso comigo...

MARCELO: Você merece alguém que te ame de verdade. Mas esse alguém, não sou eu. Vamos Bruna.

Marcelo segura na mão de Bruna e os dois saem do quarto. Valeska desaba no choro. Jorge permanece quieto, sentado a cama, respeitando o sofrimento da loira.

| CENA 02| MÚSICA: “Quase um segundo – Luiza Possi”. Bar Ponto de Encontro. Interior. Cozinha. Melissa mexe as panelas, distraída. Janaína acaba de entrar no local, com uma bandeja nas mãos. Sua expressão denota tristeza. Melissa logo percebe e larga as panelas, se aproximando dela.

MELISSA: Pelo visto já deu de cara com o doutor Darlan.

JANAÍNA: Acabei de servir um suco à ele.

MELISSA: Você ainda gosta desse homem, né?

Janaína assente com a cabeça.

MELISSA: Então luta pelo seu bofe, querida. Não desiste, não.

JANAÍNA: Não tem volta, Melissa. Ele nunca vai perdoar. Mas, você sabe que por um momento eu pensei ter visto amor nos olhos deles.

MELISSA: Então, boba. Se ele ainda gosta de você, e eu acho que gosta, não desista.

Melissa volta para as panelas. Corta para o interior do bar. Marcelo e Bruna entram no estabelecimento. Logo eles avistam Darlan. Eles passam ignorando-o. Do balcão, Chad olha sua funcionária com ar de reprovação.

BRUNA: Desculpa, Chad. Aconteceu um imprevisto.

CHAD: É. To vendo o imprevisto aqui na minha frente.

Chad encara Marcelo.

MARCELO: É sério, cara. Valeska aprontou de novo. Mas acho que foi a última vez.

De onde está, Darlan ouve a conversa, e se mostra decepcionado.

CHAD: Essa garota não tem jeito mesmo. Mas você já pode ir por o uniforme, se quiser, Bruna.

Ela entende o recado e se manda dali.

CHAD: Já viu quem tá ali?

MARCELO: Sim. E preferia não ter visto. Volto mais tarde com a galera.

Eles se cumprimentam e Marcelo se dirige até a saída. Ao passar pela mesa de Darlan, ele se levanta e segura o braço do filho.

DARLAN: Meu filho, eu...

Marcelo o corta.

MARCELO: Me solta! Eu não sou teu filho.

Marcelo se desvencilha do pai e se vai. Darlan tem um semblante enigmático. Ele retira a carteira do bolso, colocando uma quantia em dinheiro na mesa. Chad olha o advogado, em agradecimento. Darlan se retira.

| CENA 03| República Universitária Laços de Amizade. Interior. Sala de estar. Celina e José estão sentados no sofá verde limão. Celina se levanta para ir até a cozinha. Valeska entra em casa, arrasada e encontrando a mexicana pelo caminho, acaba por abraçá-la, querendo colo.

CELINA: (preocupada) ¿ Qué aconteceu, chica?

VALESKA: Celina... Eu sou uma má pessoa?!

Valeska se esquiva de Celina e sobe as escadas, arrasada.

JOSÉ: ¿Qué pasó con ella?

Celina olha o amado com cara de “não faço ideia”.

Corta para. Interior. Quarto Morango. Valeska abre a porta do quarto e se joga na cama de baixo, do beliche. Vanessa vem vinda do banheiro, abatida.

VANESSA: (preocupada) Val... Quê que aconteceu?

Valeska tenta se recompor, senta-se na cama. Enxuga as lágrimas. Sua voz é fúnebre.

VALESKA: Acabou, Vanessa... Acabou!

VANESSA: O quê, maninha? O que aconteceu? Eu nunca te vi desse jeito...

Valeska encara a irmã.

VALESKA: Eu perdi o Marcelo... Pra sempre!

VANESSA: Então, quer dizer que você...

VALESKA: Ele me fez ver que tudo que eu fiz esse tempo todo, foi em vão. Ele nunca me amou. E nunca vai amar, Vanessa.

Vanessa, penalizada, puxa a irmã para abraçá-la.

VANESSA: Oh Val... Eu sempre soube que isso ia acabar assim. Mas você precisava desse choque de realidade. O Marcelo sempre te viu como uma amiga e nada mais. Mas você parecia obstinada a conseguir o que queria, a qualquer custo. Nada do que eu dissesse te faria mudar de ideia.

VALESKA: Você tem razão. Nada do que você dissesse iria me fazer mudar, porque eu nunca te dei o devido valor, maninha. Enquanto você só queria meu bem, eu só pensava em mim. Sempre foi assim. Me perdoa por ser uma irmã péssima.

VANESSA: Eu só quero que a partir de hoje você seja feliz sem depender de ninguém.

VALESKA: Você tá coberta de razão. Eu, que sempre me achei autossuficiente e que não precisava de ninguém pra ser feliz, fiquei presa a um cara que nunca foi meu. Tenho que fazer valer isso. Mas, quer saber?! Essa Valeska sentimental já deu. Volto a subir no salto, e não desço nunca mais.

Vanessa sorri fraco. Valeska percebe a tristeza da irmã.

VALESKA: E você hein... O que é que tá acontecendo? Você já não é a mesma. A Celina até já percebeu. Se abre comigo, Vanessa.

Vanessa encara Valeska com um dor no olhar.

VANESSA: Ai minha irmã...

Ela abraça Valeska, aos prantos.

VANESSA: Como dói...

VALESKA: (preocupada) Mas o que você tá sentindo?

VANESSA: (hesitante) É que... Não é nada. (enxuga as lágrimas) Esquece. Eu é que choro por qualquer coisa. Deixa pra lá.

VALESKA: Tem certeza?

Vanessa confirma com a cabeça.

VALESKA: Então se é assim, vamos no Ponto hoje?

Vanessa fica apavorada.

VANESSA: No Ponto? Não, Val. Eu não quero ir lá. Eu não posso, nem você...

VALESKA: Vanessa. Quê que tá acontecendo com você, garota? É o Ponto, não é o purgatório, não. Que reação é essa? Parece até que tá com medo de alguma coisa. Você vai sim, senhora. Chega de ficar em casa mofando, hoje é sexta-feira. Chama a fubazada toda e vamos nos divertir. Ok?!

Contendo o medo, Vanessa nem diz que sim, nem que não. Valeska se retira do quarto.

| CENA 04| Bar Ponto de Encontro. Interior. A movimentação no estabelecimento está mais intensa, devido ao horário de almoço. Chad corteja alguns clientes, em meio aos garçons que servem as mesas. Ele volta ao seu posto, para trás do balcão, onde está Melissa, concentrada em algumas anotações.

CHAD: Mô...

MELISSA: Hum...

CHAD: Olha pra mim que o que eu tenho pra falar é sério.

Melissa imediatamente encara o noivo, abrindo um sorriso enorme.

MELISSA: Não vai me dizer que...

CHAD: Os últimos acontecimentos me fizeram perceber que a vida é algo muito frágil, e que a qualquer momento ela pode acabar. Hoje estamos aqui, mas amanhã... Quem sabe né. Então a gente tem que aproveitá-la o máximo possível.

MELISSA: (esperançosa) Aham... E o que mais, amor?

CHAD: E não tem nada melhor do que aproveitar a vida ao lado de quem a gente ama né.

Melissa balança a cabeça, afirmando, muito esperançosa.

CHAD: Então, meu doce de limão... Chega de perder tempo! Vamos marcar o nosso casamento o quanto antes!

Melissa entra em êxtase. Ela grita histericamente, chamando a atenção dos clientes. Ela sai detrás do balcão e começa a correr pelo bar, gritando.

MELISSA: Eu vou me casar! Eu vou me casar, gente! Finalmente... EU VOU ME CASAR! Ouviu isso, Janaína?

Ela corre para abraçar Janaína, que retribui o abraço.

JANAÍNA: Meus parabéns, querida.

MELISSSA: Eu disse que um dia fisgava esse peixe.

As duas riem em cumplicidade. Chad sai detrás do balcão, rindo da reação de sua futura esposa. Ela volta para seus braços.

CHAD: Eu te amo.

MELISSA: Eu te amo mais.

Eles trocam sorrisos e se beijam. Os clientes e funcionários fazem a maior festa.

| CENA 05| República Universitária Laços de Amizade. Interior. Cozinha. Reunidos à mesa para o almoço, o clima é tenso entre os republicanos. José serve Celina, para logo depois se servir. Celso, estranhando o clima, decide falar. Apenas Bruna e Janaína não estão na mesa.

CELSO: Gente, que clima de velório é esse, hein? Nem eu que tenho motivos de sobra pra isso, to tão pra baixo quanto vocês.

LUCIANO: (mal humorado) Até quando você vai ficar se fazendo de vítima, cara? Se liga!

CLÁUDIO: Pega leve ae, Luciano...! Falar é fácil...

CELSO: (à Cláudio) Eu não preciso que ninguém me defenda. Muito menos você.

CELINA: Chicos... No voy a permitir peleas em momento de refección.

Silêncio. Celina volta a falar.

CELINA: Pero Celso tiene razón. Ultimamente ustedes andan muy distantes, tristes... ¿Qué está pasando? Hace mucho que siento que no me buscan para conversar. ¿No He sido uma buena tutora?

MARCELO: O problema não é você, Celina. Não tem mais nenhuma criança aqui dentro. Todos nós somos maiores, vacinados e responsáveis por nossos atos. (encarando Valeska) Mesmo que uns e outros ainda não tenham consciência disso.

VALESKA: (soltando os talheres e abrindo os braços) Pode atirar a primeira pedra.

CELSO: O Marcelo tem razão. Se nossa vida tá de cabeça pra baixo, a culpa não é sua, Celina.

VANESSA: Você é como se fosse nossa mãe.

JOSÉ: He dicho a ella!

CELINA: ¿Y por que no confian sus problemas a mi? Saben que siempre tendrán mi apoio, pero no se fian de mi.

FABIANA: Aproveitando a ocasião, Celina. Eu tenho uma coisa pra dizer. E talvez depois disso, você não me deixe mais ficar na república. Mas você tem razão, precisamos te dar um voto de confiança.

LUCIANO (olhando seriamente): Você não vai fazer isso.

FABIANA (indignada): E até quando você acha que eu vou poder esconder? A barriga vai crescer, sabia?!

Luciano se rebela e solta os talheres com agressividade, retirando-se da mesa em seguida. Fabiana perde o controle e grita, levantando-se da mesa.

FABIANA: Isso! Vai! Foge seu covarde! Covarde! Seu cretino covarde!

Luciano bate a porta. Fabiana volta a sentar-se na mesa, cotovelos na mesa, mãos na cabeça. Ela chora.

CELINA: (surpresa) ¿Está embarazada, hija?

Valeska põe a mão na boca.

FABIANA: Desculpa, Celina... Me desculpa. Aconteceu.

MARCELO: O Luciano já disse que não vai assumir a criança.

CLÁUDIO: Caraca.

VANESSA: Mas ele tem que assumir.

FABIANA: Não, gente. Depois de tudo que ele me fez e falou, prefiro que meu filho não tenha pai. O Luciano mudou demais. E agora sou eu que não quero a ajuda dele. Eu to sozinha nessa.

CELSO: Mas como você foi deixar isso acontecer?

FABIANA: Eu não sei, Celso. Foi um ato impensado, uma banalidade. Mas eu tenho consciência do meu erro e das consequências dele. Por muito pouco eu ainda não fiz algo pior.

CELSO: Você quis abortar a criança?

FABIANA: (faz que sim com a cabeça) E só de lembrar eu me sinto um monstro. Se eu pudesse voltar atrás...

MARCELO: Não se atormenta mais com isso, Fabi. Já passou. O Luciano tava te pressionando.

VALESKA: Que babado! E tudo debaixo do seu nariz, Celina. Que coisa hein!

VANESSA: Não piora a situação, Val.

FABIANA: Olha Celina, se você não me quiser mais aqui, eu vou entender.

Celina troca um olhar com José, que assente com a cabeça. Ela levanta-se de onde estava sentada e vai até Fabiana, consolando-a.

CELINA: No sería capaz de abandonarte en un momento tan difícil de tu vida, hija. Tu no estás sola, y nunca estará... Tu tiene a nosotros. Nosotros somos tu família y es en los momentos dificiles que esto se queda probado. Puede quedar a cá sí. Tu hijo será nuestro hijo también!

FABIANA: Sério?

MARCELO: Eu sabia que a Celina não iria te deixar na mão, Fabi. E você sabe que pode contar comigo, não sabe?

CELSO: Comigo também.

CLÁUDIO: Também tem meu apoio, Fabi.

VANESSA: Eu já amo seu filho! Você sabe que eu adoro crianças.

VALESKA: Quero só ver esse carinho todo quando o bebê tiver chorando o dia todo, fazendo cacá na fralda e deixando mau cheiro pela casa toda.

Valeska é totalmente ignorada.

CELSO: E se o Luciano não quis assumir a responsabilidade. Saiba que seu filho terá mais pais do que qualquer outra criança.

Fabiana abre um sorriso em meio às lágrimas. Muito emocionada.

FABIANA: Brigada gente... De verdade! Muito obrigada pelo apoio de vocês.

| CENA 06| Bar Ponto de Encontro. Interior. Movimentação fraca no ambiente. Chad está no balcão, com os cotovelos em cima do mesmo. Janaína vem vinda da cozinha em sua direção.

JANAÍNA: Chefinho.

CHAD: Pois não, Jana.

JANAÍNA: Será que eu poderia aproveitar que o horário de pico já passou pra fazer uma visitinha rápida a uma amiga?

CHAD: Claro que sim, querida.

JANAÍNA: Obrigada. Não demoro.

Janaína retira de seu avental um celular e faz uma ligação. Em seguida, coloca o celular no ouvido, em espera.

JANAÍNA: Janaína? Oi, querida. (pausa) Ligando pra avisar que estou indo pagar a visita que prometi. (pausa) Sim? (pausa) Tudo bem. Até já!

Janaína desliga.

| CENA 07| República Universitária Laços de Amizade. Quarto Uva. Interior. Luciano está deitado de qualquer jeito na cama, quando Marcelo, conduzindo a cadeira de Celso, e Cláudio entram no quarto, ele se levanta.

LUCIANO: Se vieram aqui pra me dar liçãozinha de moral perderam a viagem!

MARCELO: Luciano, você não pode deixar a Fabiana sozinha nessa.

LUCIANO: Você não muda o disco, não?!

CELSO: Reconsidera, cara.

LUCIANO: Eu deixei muito claro pra ela desde o início que eu não to preparado pra ser pai. Eu tenho uma vida inteira pela frente e um filho não estava nos meus planos.

MARCELO: Independente de estar preparado ou não, você tem que assumir o que fez.

CLÁUDIO: Mas que vacilo você deu, hein. Ter usado camisinha teria evitado todo esse problema. Agora já era, cara! Tá ferrado!

CELSO: Um filho não é um problema. Será que vocês dois ainda não entendem?

CLÁUDIO: Isso depende do ponto de vista.

MARCELO (tom repreensivo): Se não vai ajudar, também não atrapalha, Cláudio.

LUCIANO: Ele tem razão. Nessa situação um filho é um problema sim, e dos grandes! Olha, esse assunto já deu. A Fabiana fez a escolha dela.

CELSO: Você realmente não se importa com o fato de quase ter matado o próprio filho?

MARCELO: Sem falar no risco que a Fabi corria naquela clínica clandestina. É inacreditável a forma fria como você trata esse assunto. É seu filho cara! Sangue do teu sangue! Você não era assim, Luciano. O que é que te deu?!

LUCIANO: Talvez eu nunca tenha mostrado quem sou de verdade.

Luciano sai do quarto, deixando todos com cara de tacho. Um bip de celular. Cláudio retira seu aparelho do bolso e lê o sms que recebeu.

CELSO: Ele tá irredutível.

CLÁUDIO: Bom. Parada urgente pra resolver. Fui!

É a vez de Cláudio se retirar.

MARCELO: Desde quando ele tem “paradas urgentes” pra resolver?

CELSO: Desde quando minha mãe vai voltar pra Floripa.

| CENA 08| República Universitária Laços de Amizade. Sala principal. Reunidas no sofá estão Fabiana, visivelmente mais calma; Vanessa e Bruna.

VANESSA: Não vejo a hora de ver a carinha do seu bebê, Fabiana. Fica logo sabendo que não vou desgrudar um instante dele, vou ensinar tudo pra ele!

FABIANA: Acho que vai demorar um pouco pra poder bancar a professora do meu filho, Vanessa.

VANESSA: Você já sabe que nome vai por?

FABIANA: Ainda não pensei em nada, meninas.

BRUNA: Se for menina pode ser Judith.

VANESSA: Ai, Bruna. Que mau gosto hein!

Fabiana ri, de leve.

FABIANA: Vou ter que concordar com ela, Bruna. Judith não né!

VANESSA: Tem que ser um nome com mais presença, sei lá. (pensa) Já sei! Se for menina pode ser Raquelly, ou quem sabe Ximena?! Se for menino... Ah, eu gosto de Greg e Nathan!

Bruna faz uma cara estranha.

FABIANA: Já vi que se depender de vocês meu filho, ou filha, vai ficar sem nome mesmo. Porque estas sugestões que estão me dando... Sei não viu...

BRUNA: E você não querer saber o sexo antes, não?

FABIANA: Antes de saber o sexo, Bruna, eu primeiro preciso saber como vou fazer pra sustentar essa criança. Vou ter que abrir mão da faculdade e arranjar um trabalho. Eu sei que a Celina, e vocês também, vão me ajudar no que for possível. Mas, eu não posso me acomodar. Eu quero que meu filho tenha orgulho de mim.

VANESSA: É, já que do pai no mínimo ele vai ter ódio!

BRUNA: Vanessa...!

VANESSA: Mas é verdade. Pai ausente é ‘uó’. Experiência própria.

FABIANA: E eu não vou mover um dedo pra que seja diferente. Nunca pensei que o Luciano fosse me deixar quando mais precisei.

BRUNA: Amiga, ele tá desesperado. É tudo muito novo. Se isso caiu como uma bomba pra todos nós, imagina pra ele. Não to defendendo, nem nada. Mas, eu acredito que o Luciano vai se arrepender.

FABIANA: Você tem muita fé nas pessoas, amiga.

Bruna segura às mãos de Fabiana. Vanessa observa.

| CENA 09| Escritório de Advocacia. Recepção. Interior. A secretária digita algo no computador, quando Valeska surge pela porta de vidro com sua bolsa vermelha no braço, andando como se desfilasse numa passarela. Fala enquanto caminha.

VALESKA: O Darlan está?

SECRETÁRIA: Sim. Só um momento que (pausa)

VALESKA: Não precisa, queridinha. Não sou mulher de ser anunciada.

Valeska entra no escritório. A secretária revira os olhos. Corta para o interior da sala de Darlan. Ele lê um processo e quando a loira entra, ele rapidamente joga o documento em sua mesa.

VALESKA: Vim pra dizer que (pausa)

DARLAN: ... nossa tentativa de separar o casalzinho fracassou.

VALESKA: Como ficou sabendo, amore?

DARLAN: Eu sei de muitas coisas, Valeska.

VALESKA: Então já deve saber também que desisti do seu filho.

DARLAN: Mas, Valeska (pausa)

VALESKA (séria): Darlan... Pra mim já deu, sabe. Eu sei que estou decepcionando você e só Deus sabe o quanto foi difícil aceitar que perdi pra alguém. Principalmente pr’aquela sem sal da interiorana que não chega nem aos meus pés. Mas eu tive tanto tempo pra conquistar seu filho, e o máximo que consegui foi à indiferença dele. Aquele ingrato! Não reconheceu nada do que fiz. Mas chega de dar murro em ponta de faca. O Marcelo gosta da Bruna e contra isso ninguém pode. Então, eu decidi que a partir de hoje vou me dar o devido valor.

DARLAN: Você já não é a mesma de antes, Valeska. Vejo que aprendeu alguma coisa com tudo isso. E se for verdade, mesmo que não tenha conseguido ficar com Marcelo, valeu a pena pra você.

VALESKA: Valendo a pena, ou não, eu quero mais é ser feliz. E com seu filho isso não será possível. Lamento... Por ele, é claro!

Darlan sorri fraco.

VALESKA: Era isso. Espero que agora você não suma de vista, já que é o que chega mais perto de ser um pai pra mim. Beijos. 

Valeska se despede dele e se vai.

| CENA 10| Condomínio Almirante. Apartamento 209. Isabel está na sala folheando uma revista. Toca a campainha e a emprega surge indo em direção a porta.

ISABEL: Deixa. Deixa que eu abro. Vai preparar o nosso suco, Célia.

CÉLIA: Quando eu sirvo?

ISABEL: Eu vou lá buscar, pessoalmente.

CÉLIA: Como a senhora quiser.

Célia se retira. Isabel vai atender a porta, desconfiada. Ao abrir, sorri para Janaína. Elas se abraçam.

ISABEL: Que bom que veio, amiga. Me senti tão mal pelo que fiz com você.

JANAÍNA (entrando): Tudo bem, Janaína. Eu entendo perfeitamente seus motivos. E é por isso que estou aqui.

ISABEL: De qualquer maneira eu tinha que me desculpar mais uma vez.

JANAÍNA (sorrindo): Desculpas aceitas.

ISABEL: Pedi pra Célia preparar um ‘lanchinho’ pra gente. Como nos velhos tempos. Fique a vontade, vou ver se está pronto.

Janaína se acomoda no sofá. Isabel vai em direção a cozinha. Corta para. Interior da cozinha. Célia está limpando a mesa onde se encontra uma bandeja com dois copos de suco amarelo e uma travessa com biscoitos.

ISABEL: Pronto, Célia?

CÉLIA: Vou só pegar uns guardanapos.

Célia vira-se de costa para Isabel e se abaixa abrindo a porta do armário. Isabel retira do bolso da saia que usava um pequeno frasco de vidro, abrindo-o e despejando o líquido do mesmo em um dos copos. Em seguida, pega uma colher e mistura o líquido do frasco com a bebida para Janaína. Close no rosto maquiavélico da mulher.


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