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Crimes no Subúrbio Carioca - A Gata de Irajá: Capítulo 03

Minissérie de Marcelo Oliveira
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CRIMES NO SUBÚRBIO CARIOCA - A GATA DE IRAJÁ - CAPÍTULO 03


   

Dois dias após a ocorrência em Irajá, os Inspetores Ralf e Zé Carlos recebem o relatório das análises dos legistas em sua sala.

— Zé, pode ler em voz alta? — Ralf espalha as fotografias tiradas do local, em cima da mesa.

— Claro: a sra. Jocácia Olmet, tinha oitenta e dois anos, descendente de judeus, viúva e morava sozinha. Teve morte por estrangulamento, o corpo sofreu as escoriações post-mortem, tempo estimado da ocorrência três dias antes da coleta.

— Isso nos dá cinco dias de lapso.

Ralf continua concentrado nas imagens. O corpo da idosa havia sido totalmente contorcido para caber debaixo do colchão e esmagado contra o estrado de madeira. Indiscutivelmente um crime inusitado para os padrões da região. Geralmente os assassinatos aconteciam por causa de uma rixa entre marginais rivais, ou latrocínio, mas não havia nada indicando que ocorrera um roubo. Raras eram as vezes em que aconteceram assassinatos por agressões domésticas.

A vítima não tinha parentes próximos, paraplégica, não ostentava riquezas e também não era do tipo que provocaria a luxúria de algum pretendente sádico. Zé Carlos continua a leitura:

— Pedi para analisarem a gata também. Foi encontrado pedaços de carne da vítima no estômago dela e vestígios de pele e sangue nas patas.

— Sangue?

— Sim, AB Positivo. A sra. Zulmira, que fez a denúncia, relatou que a única anormalidade na rua foram os caminhões baús trazendo móveis comprados pelos moradores: “Essa época de décimo-terceiro, as pessoas aproveitam para trocar os móveis.”

— Você investigou a empresa que vendeu a cama nova?

— Sim, eles contratam autônomos para montagem dos móveis, não dispõem de dados sobre os contratados, apenas o telefone de contato.

— Conseguiu ligar?

— Não, o número aparece como desativado.

— Ué, não entendi.

— O número foi desativado recentemente.

— A empresa não dispõe de outro?

— Não, só esse mesmo.

— De qualquer forma, estamos diante de um crime incomum. Sem uma motivação aparente, sem testemunhas...

— Desculpe, mas discordo dos senhores. — parada à porta, surge uma mulher vestida com um terninho cinza-xadrez, cabelos castanhos cacheados, olhos castanhos claros e segurando uma pasta tipo 007, ela cumprimenta os Inspetores com um sorriso amigável.

Ralf faz sinal para a mulher entrar.

— Zé, apresento a colega Marilda, psicóloga forense e designada para nos ajudar nesse caso.

— Uma psicóloga? — Zé Carlos responde apertando a mão da Inspetora.

Ela retoma a palavra.

— Na verdade temos uma testemunha sim.

— Eu entrevistei a sra. Zulmira e ela não foi de grande ajuda, pois quando fez a chamada, a vítima já estava morta há três dias. — Zé Carlos se desculpa.

— Eu me refiro ao animal que estava na casa. Quando vocês o trouxeram para exames, tive acesso a ele e percebi que apresenta comportamento traumático, isso significa que certamente presenciou toda ação.

— Mas, como poderemos tirar qualquer informação disso? — Ralf tenta entender o ponto de Marilda.

— O estrangulamento é uma das formas mais eficientes em relação a satisfação do sadismo de quem o comete. A incapacidade da vítima para se defender, a proximidade entre os algozes, o medo que impõe, a sensação de dominação, tudo favorece o agressor, talvez o único inconveniente é que exige força bruta para executar a ação com êxito. Possivelmente, o animal tomou a iniciativa de defender a dona, por isso os vestígios nas garras dela. E a pessoa que procuramos não se importou, ou não notou a presença do animal, até ser atacado. Isso é indício de algum descuido da parte dele. Os restos de carne no estômago significam que o animal voltou ao local depois que se sentiu seguro e prestou última “homenagem” a sua dona.

— Nossa, nunca imaginaria uma coisa dessas, ainda assim, não entendi o porquê da senhora nesse caso. — Zé Carlos tenta entender sem ser grosseiro.

— Aqui... — Marilda se aproxima da mesa com as fotografias e expõe alguns arquivos que tira da pasta. — Esses documentos trazem os dados de seis assassinatos que ocorreram de forma semelhante, foram três no ano retrasado e mais três ano passado, todos nessa mesma época.

Os arquivos são cheios de dados, informações, endereços e fotos com as vítimas no mesmo padrão dos ocorridos sob a jurisdição de Ralf e Zé Carlos.

— Nada do assassino? — Ralf pergunta olhando os documentos.

Enquanto conversam, Ralf recebe nova chamada:

— Pois não?

— Fiquem longe de mim, ou será muito pior.

— Quem está falando?

— Aconteceu novamente. — a voz vacilante ao telefone não transmite uma mensagem fácil de entender.

Ralf tira o celular do rosto para verificar a chamada, mas é número privado. Ao retornar a ligação, a pessoa já havia desligado. Súbito, batem à porta:

— Inspetor, tivemos mais um assassinato!

Ralf apanha o boletim de ocorrência, depois segue para a Central de Dados e deixa seu celular com a analista de TI para verificar e rastrear a última ligação recebida.

— Se precisar entrar em contato comigo ligue pra Marilda ou o Zé Carlos.

autor
Marcelo Oliveira

personagens
Ralf
Zé Carlos
a gata Nina
Sergio Riso
Zulmira
Abigail
Gonçalo
Marilda

agradecimentos
Leda Selma
Wellington Santos
Guilherme Hepp
Gustavo Calazans
Maria Ines
Maria Aparecida

trilha sonora
Hitman - Kevin MacLeod

direção
Carlos Mota

produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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