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Antologia A Magia do Natal: 4x06 - Presentes do Futuro

Conto de Lays Moraes
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Sinopse: Três famílias se surpreendem com os presentes que recebem de forma misteriosa em plena noite de natal.


Presentes do Futuro
de Lays Moraes

 

Sabe como se cria o imprevisível? Exatamente, sem tentar prevê-lo. Acredito que os imprevistos, as surpresas, são algumas das melhores coisas que podem ocorrer a uma pessoa. Quando não planejamos o próximo passo, quando não calculamos nenhuma ação, quando não estipulamos prazos. Sabe aquele momento em que tudo pode mudar, mas também pode ser que nada mude, porque o nada, geralmente, é o que de menos vazio pode haver?

Pois bem, vou lhes narrar um conto que ilustra o poder do de repente, do “acaso” ou do milagre que ocorre quando menos esperamos:

Aconteceu numa noite de natal, numa pequena cidade, dessas em que nunca se espera muitas surpresas. Mas o fato é que, daquela data em diante, de bairro em bairro, e depois, de cidade em cidade, a novidade se espalhou, e esse milagre passou a ser, durante muito tempo, o que de mais importante a região toda teria para contar.

Tudo começou em um dia 24 de dezembro, por volta das 23h. Algumas famílias da cidade, de tão desiludidas que estavam, nem ousaram esperar pela meia-noite, supunham não terem nada o que comemorar e foram dormir, mas os sinos da velha igreja pareciam destoar do silêncio habitual, foi quase um chamado à vigília. Quando essas pessoas saíram às suas portas viram um mistério em forma de embrulhos. Quem teria se dado ao trabalho de presenteá-los?

Então, um a um, os presentes foram sendo abertos no interior das residências. Esse povo humilde, de tão surpreendido, mal sabia controlar a emoção. Eram presentes feitos de detalhes, todos muito significativos por si mesmos. E o que se seguiu, isso sim, parecia um milagre. Cada habitante do lugar recebeu sua dose de espanto e admiração para o resto da vida.

Em uma daquelas casas, o presente foi um porta-retratos, no qual estavam, a dona da casa, seu marido e, pasmem, um bebê. O maior sonho deles, materializado em uma fotografia, vinda sabe Deus de onde.

Na residência do padeiro, as luzes acesas não brilhavam mais do que seus olhos. Expectativas transportadas para uma imagem, o retrato da mulher doente, convertida na mulher saudável que sempre sonhara ser. Seria real? Ele não se continha, foi correndo mostrar-lhe: - “Olha, mulher! Não é possível essa ser você”.

Na ruazinha próxima à igreja, nada mais do que murmúrios: - “Não fale alto, vai acabar com a mágica.” Mas quem disse que o menininho se importava. – “Mamãe, olhe, essa foto conhece meu cavalinho”. Por mais pobres que fossem, o pequeno não tirava uma ideia da cabeça: “Um dia, hei de ter meu cavalinho”. E, ali, na imagem, ele o tinha. Sabia que o teria, não poderia ser um sonho, nem adiantava se beliscar.

E foi nesse agito que a cidade amanheceu, com gritos pelas ruas, as três casas mais agraciadas da região nem pensaram em ocultar o milagre que receberam. Afinal, não é todo dia que se recebe um presente do futuro.

Não parecia mais o mesmo lugar, nem poderia ser. Outro clima, as energias haviam sido renovadas. Para as três famílias visitadas pela benção daquele 24 de dezembro tudo finalmente começou a funcionar, não voltariam a ser os mesmos.

A dona da primeira casa tratou logo de se animar, não estava mais depressiva, movida pela esperança de que, em breve, iria carregar seu bebê. Andava para todo lado, mostrando um belo sorriso no rosto enquanto preparava as roupinhas da futura criança.

Para o padeiro as coisas também começaram a sorrir, tanto quanto para sua esposa. Não lembrava em nada aquela senhora apática e doentia. Tinha rejuvenescido uns 10 anos somente pela expectativa de ganhar sua saúde de volta. Com brilho no olhar e recobradas as esperanças, de dia em dia, via a fotografia se tornar real. Primeiro, faces coradas, depois, músculos fortalecidos. Adquiriu desejo de viver para ver, no espelho, a imagem da fotografia.

Subindo a rua da igreja vê-se um rosto queimado pelo sol mas, sem se importar com isso, lá vai o menininho, todo saltitante, não desiste, espreita por todas as ruas, quem sabe seu cavalo não está em alguma esquina, em um terreno vazio ou perambulando por aí.

O pobrezinho nem se dá conta, na sua inocência tudo se resolve por pura magia, porém quem mais precisava acreditar era sua mãe. Faxinava todos os dias, tanto esforço não seria em vão, o sonho do pequeno era também o seu. Ela sabia que só um milagre para fazer seus ganhos darem para ela, o pequeno e mais um cavalo, mas quando chegava em casa, exausta de lutar, o sorriso do garoto a lhe dizer: - “Mamãe, amanhã...amanhã sei que terei meu bichinho”, isso despertava-lhe forças maiores do que o mundo.

Ao decorrer de dias e meses, não é que não se apercebessem de todo, mas no embalo de construir suas próprias alegrias, as três famílias não podiam entender a força que uma alma convicta possui para gerar os meios de trazer sonhos à vida.

E, assim, o relógio andou, a força cresceu, a esperança forneceu as ferramentas aos sonhos. Sem prévio planejamento, sem tentar “forçar a barra”, foi assim que as histórias se cruzaram e mudaram para sempre.

Numa manhã fria de inverno, a dona da primeira casa, ao estender suas roupas no varal, notou que, tremendo de frio, passava por seu portão aquele mesmo garotinho, que todos chamavam de “menino do cavalo”. Condoída com a situação, ela entra em casa, prepara alguns agasalhos e, desce a rua o mais rápido que pode, ansiosa por ajudar.

E, assim, se passam mais alguns meses, quem sabe um ano. E, tudo continuou fluindo. Como o despertar de um sonho acordaram, não precisavam mais sonhar, a realidade retratada naquela véspera de natal estava bem diante dos olhos, e não só para as três famílias como para a cidade inteira.

Descobriram como tornar o futuro um presente. Reuniram suas forças, não ansiavam mais por sonhos impossíveis. De mãos dadas os trouxeram à realidade.

Eis que repararam que o milagre se deu de forma que ninguém poderia prever. Construíram-no entre si e, sem se darem conta, estava concluído, realizado, era completamente real.

A mulher nunca mais pensou na sua antiga vontade de ter um bebê, porque via no “menino do cavalo” um filho adotivo, pois desde o dia em que o ajudou pela primeira vez, decidiu não parar mais. Tornou-se seu maior prazer ajudar aquela família, até propôs para a mulher do padeiro que, juntas, pudessem colaborar com a compra do cavalo. E, isso não demorou a acontecer.

Em um belo dia, colocaram-lhe o cavalo diante dos olhos, o pequeno mal podia se conter, dava pulos e gritava de alegria: - “Olha, olha, mamãe! Nós temos boas amigas, não é?!

E, assim, no fazer do dia-a-dia, o presente que cada família desejava se tornou o futuro de todas.


Conto escrito por
Lays Moraes

CAL - Comissão de Autores Literários Agnes Izumi Nagashima Eliane Rodrigues
Francisco Caetano
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO



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