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Passos da Paixão - Capítulo 09

Novela de Édy Dutra
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PASSOS DA PAIXÃO - CAPÍTULO 09

 
 
 
 
 
 
NO CAPÍTULO ANTERIOR:
 

SÍLVIA: - Me solta, senão eu grito!

RAPAZ 02: - E tu acha que alguém vai te ouvir nesse fim de mundo? Aqui não tem ninguém pra ajudar... (passa a mão no rosto de Sílvia) Aqui o assunto é entre nós três.

O Rapaz 02 alisa o rosto de Sílvia, enquanto o Rapaz 01 acaricia os seios dela.

SÍLVIA (grita): - Júlio! Socorro!

RAPAZ 01: - Júlio?

RAPAZ 02: - Acha que ele vai vir te ajudar? (ri, debochado) Ele não vem, piranha. Disse que nós mesmo podemos fazer o serviço.

SÍLVIA: - Como é que é?! O Júlio mandou vocês fazerem isso comigo?

RAPAZ 01 (malicioso): - Fica calma porque não vai ser nada forte não... A gente faz com carinho, neném...

Sílvia consegue se soltar do Rapaz 01 e sai correndo pela rua, desesperada. Os rapazes não a seguem, ficam rindo.

RAPAZ 02: - Saiu assustada.

RAPAZ 01: - Bem como aquela dona disse... Só um susto. Mas bem que eu queria me acomodar naquele corpo. (ri, malicioso)

...

Rosana sai do banheiro como se estivesse com náuseas. Senta-se numa cadeira, leva as mãos à cabeça.

ROSANA: - Não aguento mais isso... Já ta ficando insuportável. Enjoo repulsa de café... Parece até que eu...

Rosana se levanta rapidamente, expressão preocupada.

ROSANA: - Grávida!

 

 

 

 

CENA 01. CASA ROSANA. INT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Rosana se desespera ao saber da gravidez.

ROSANA: - Não é verdade... Não pode ser verdade! Gente, eu transei com o Mauro há pouco tempo! Não pode ser... (para, cai em si) Júlio!

Rosana caminha desesperada pela sala, de um lado a outro, aflita.

ROSANA: - Não! Não! Não! Não!... Grávida do Júlio?! (grita) Não!... Eu não posso nem estar grávida! Calma, Rosana... Não se desespera. Teste de gravidez!

Rosana pega sua bolsa e sai apressada de casa.

CENA 02. CASA LAERTE. INT. NOITE.

Laerte chega em casa com sacolas de compras. Júlio está deitado no sofá, assistindo TV.

JÚLIO: - Demorou hein, Laerte! Estou com fome!

LAERTE: - Mas era só o que me faltava! O mercado estava cheio, eu ralo o dia todo pra poder comprar as coisas e você aí reclamando?

JÚLIO: - Foi mal, só tava brincando...

LAERTE (deixa as compras na cozinha): - Sei... (volta para a sala) No caminho encontrei a Silvinha.

JÚLIO: - É mesmo?

LAERTE: - Bonita, bem vestida, caminhando apressada... Tava indo pra rua do galpão.

Júlio senta-se no sofá rapidamente.

JÚLIO: - Rua do galpão?! Mas o que ela ia fazer lá?

LAERTE: - Ela não quis me dizer e ainda negou minha companhia. Eu me ofereci pra ir junto. Aquele lugar é muito sinistro.

JÚLIO: - Estranho... Primeiro a Rosana lá... Agora a Silvinha... Tem alguma coisa aí!

Júlio coloca o calçado rapidamente.

LAERTE: - O que foi cara?

JÚLIO: - Eu preciso ir atrás da Silvinha, agora!

Júlio sai apressado.

LAERTE: - Ih, o que será que aconteceu?

CENA 03. CASA ROSANA. INT. NOITE.

Rosana sai do banheiro trazendo o resultado do teste de gravidez. Ela joga longe a caixa do teste.

ROSANA (irritada): - Droga!... Positivo... Grávida daquele infeliz! Não posso acreditar! Não posso! Justo agora que a minha vida está começando a mudar?! Mauro, GF, dinheiro, luxo, fama! (caminha de um lado a outro) Eu preciso pensar... Isso não pode ficar assim.

O telefone da casa de Rosana toca.

ROSANA (ao telefone): - Alô? (Tempo) Oi Mauro! (pausa) Posso falar sim, diga. (pausa) Amanhã o almoço? (pausa) Nossa, pensei que fosse mais adiante... (pausa) Posso sim, claro! Pode confirmar minha presença. (pausa) Tá certo, espero você. Beijo querido! (desliga o telefone) Mais essa agora... Conhecer a futura sogra.

CENA 04. RUA. EXT. NOITE.

Sílvia caminha pela rua, arrasada, chorando muito. Lembra-se dos capangas.

VOZ RAPAZ 01: - Júlio?

VOZ RAPAZ 02: - Acha que ele vai vir te ajudar? (ri, debochado) Ele não vem, piranha. Disse que nós mesmo podemos fazer o serviço.

Sílvia senta-se no cordão da calçada, leva às mãos ao rosto, chora. De repente, a moto de Júlio se aproxima. Ele desce, vai até Sílvia, preocupado.

JÚLIO; - Silvinha?! O que aconteceu?!

SÍLVIA (levanta-se rapidamente): - Júlio?!

JÚLIO: - Tá fazendo o que na rua, sozinha? Chorando! O que houve, me fala!

SÍLVIA: - E você ainda tem coragem de perguntar? Você é um canalha, Júlio!

(sobe trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

JÚLIO: - Calma, Silvinha! O que foi que eu fiz?

SÍLVIA: - Você é o sujeito mais torpe que eu conheço... Eu sempre defendendo você e é isso que eu recebo em troca? Essa canalhice toda?

JÚLIO: - Para! Quer me explicar o que aconteceu? Está me acusando sem eu saber do quê!

SÍLVIA: - Não se faça de idiota, Júlio. Aliás, não me faça de idiota... Eu que te amo tanto, não merecia isso... Não mesmo...

JÚLIO (segura Sílvia): - Sílvia, por favor...

SÍLVIA (solta-se): - Não encosta em mim! Nunca mais!... Meu coração ta doído demais para suportar até mesmo o teu toque, Júlio.

Sílvia sai caminhando. Júlio fica a observá-la, entristecido e ao mesmo tempo confuso.

JÚLIO: - Meu Deus, o que será que aconteceu?

(fade out “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

CENA 05. APTO TARSO. SALA. INT. / QUARTO. NOITE.

Tarso abre a porta do apartamento. O local está escuro. Enxerga-se apenas a luz do corredor e a sombra de Tarso entrando em casa. Ele acende a luz. Sandra está sentada no sofá, sozinha.

TARSO: - Fazendo o quê sozinha na sala escura, Sandra?

SANDRA: - Esperando você, amor. Chegou tarde, de novo.

TARSO: - É, agora a empresa vai participar da exposição de calçados no Rio Moda, então são inúmeras coisas pra fazer...

SANDRA: - Sei... Já jantou?

TARSO: - Já sim.

SANDRA: - No hotel Fasano novamente?

TARSO: - Vai começar tudo de novo, é isso?

Tarso vai para o quarto. Sandra o segue. Chegando ao quarto, ele começa a tirar a roupa (terno, calça).

SANDRA: - Você não me respondeu, Tarso?! Fala!

TARSO: - Fala baixo! A Aline está dormindo! Ela não precisa ser acordada por causa das suas neuroses.

SANDRA: - Neurose?! Você chega tarde em casa, de novo, janta fora, mas não me diz com quem, nem onde... Quer que eu pense o quê?

TARSO: - Quero que você pense que eu estou trabalhando, oras, para trazer dinheiro aqui pra dentro de casa e sustentar suas compras no shopping!

SANDRA: - Não precisa falar assim comigo...

TARSO: - Desculpa, mas não dá! Você ta me sufocando, Sandra.

SANDRA: - Eu? Te sufocando, Tarso?... Não posso acreditar que você me disse isso... Justo eu, que já aguentei tanta coisa! Tantas escapadas, tantos chifres!

TARSO: - Já chega! (indo para o banheiro)

Tarso entra no banheiro, tranca a porta. Sandra força a maçaneta.

SANDRA (grita): - Abre essa porta, Tarso!

TARSO (OFF): - Posso pelo menos tomar banho em paz?!

SANDRA (grita): - Você tem outra, não tem?! Me fala!

Aline sai do seu quarto e fica parada no corredor, assustada.

ALINE: - Vocês estão brigando, mamãe?

SANDRA: - Não, filha... (aproxima-se de Aline, abraça a garota, carinhosa) Não é nada, meu anjo. Está tudo bem.

Sandra disfarça sua tristeza.

CENA 06. PRÉDIO APTO TEREZA. CORREDOR / APTO. INT. NOITE.

Tereza caminha pelo corredor do prédio em direção ao seu apartamento. Ela está carregada de sacolas.

TEREZA: - Cada vez sobram mais roupas na loja e faltam clientes... Ai que saudade da agenda cheia!

Tereza chega à porta do seu apto e encontra um documento pendurado na porta. Tereza lê.

TEREZA (chocada): - Ordem de despejo?! Mas isso é um absurdo!... Gente, só alguns anos sem pagar aluguel e a gente é tratada assim?!... Ai que saudade da carteira cheia também...

Tereza entra no apto, deixa as sacolas no chão, caminha pela sala pensativa. O ambiente é grande, mas os móveis são antigos, estilo barroco. Tons de madeira, estofados em creme. (sobe trilha “Talismã” – Paulinho da Viola)

TEREZA: - Vou pra onde, meu Deus?! Vou ter mesmo que deixar o meu luxo da Zona Sul?!... Preciso de champanhe pra me acalmar.

Tereza vai até a cozinha, abre a geladeira, que não tem bebida alguma, também pouca comida.

TEREZA: - Aff... Vou ter que me acalmar com água mesmo.

Tereza serve um copo d’água, volta pra sala, senta-se no sofá, pensativa.

TEREZA: - Contando os dias para mudar de vida... Oh céus!

(fade out trilha “Talismã” – Paulinho da Viola)

CENA 07. CASA MARÍLIA. QUARTO AMÁLIA. INT. NOITE.

Pedro chora no berço e Amália dorme em sua cama. A criança chora muito. Amália se vira na cama, tentando dormir, mas não consegue.

AMÁLIA (resmunga): - Isso não é filho, é penitência...

Amália se levanta da cama, pega Pedro no berço.

AMÁLIA: - O que você quer, moleque? Ao invés de chorar, poderia muito bem dizer o que você ta querendo, não acha?... Poxa, eu estava tentando dormir...

Pedro continua chorando. Amália embala a criança, quando Ilza chega à porta do quarto.

ILZA: - Acho que ele quer mamar, minha filha.

AMÁLIA: - Mamãe! Vá deitar... Não precisava vir aqui, ta tudo bem, eu resolvo.

ILZA: - Faça o que eu estou te dizendo, Amália. Ele chora porque está com fome.

Amália deita na cama novamente, e dá de mamar a Pedro, que para de chorar.

ILZA: - Amamentar um filho é transmitir ainda mais o seu amor por ele... Faça desse momento, um momento de paz, harmonia entre vocês dois...

Amália observa Pedro mamando, e por um instante, o olha com ternura. Ilza sorri e sai do quarto, deixando a filha e o neto a sós.

CENA 08. CASA SÍLVIA. INT. NOITE.

Sílvia chora, sentada no sofá de sua casa. (sobe trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi – apenas instrumental)

SÍLVIA: - Ai Júlio... Eu te amo tanto!... E você faz isso comigo! Por quê?

Sílvia enxuga as lágrimas, se acalma, respira fundo. Sílvia vai até à mesa, onde está seu material de desenho, pedaços de tecidos. Ela se senta, pega um papel e começa a desenhar.

Enquanto desenha, algumas lágrimas correm. Sílvia as seca, volta a desenhar.

(fade in trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

CENA 09. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / CASA SÍLVIA. INT. DIA.

Imagens do Rio de Janeiro ao amanhecer. Corta para casa de Sílvia. Ela deitada sobre a mesa, sobre folhas de papel.

CAM abre plano na mesa, mostrando os desenhos da coleção sobre o amor, prontos. (fade out trilha anterior “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

CENA 10. CASA MAURO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Leocádia conversa com Selma e Gilson na sala de estar. André e Celeste passam pelo local correndo, brincando.

GILSON: - Esses dois se entrosaram tanto.

SELMA: - André fala muito na Celeste.

LEOCÁDIA: - Que bom! Fico feliz por ela ter amigos... Começou a pouco na escola, mas a professora me falou que ela pouco brinca no parquinho que tem lá.

GILSON: - É porque tudo ainda é novidade. Ela vai se acostumando...

SELMA: - Falando em novidade, Mauro está aonde?

LEOCÁDIA: - Foi buscar a tal Rosana que tanto fala.

GILSON: - Vocês precisam conhecê-la. É ótima pessoa.

Neste instante, Mauro chega em casa, acompanhado de Rosana.

LEOCÁDIA: - Chegaram!

Celeste se aproxima de Mauro, o abraça.

CELESTE: - Que bom que você chegou!

MAURO: - Demorei, Celeste?

CELESTE: - Só um pouquinho... (a Rosana) Oi!

ROSANA: - Oi! Mas que mocinha linda!

Celeste sorri.

ANDRÉ: - Vem Celeste, vamos brincar!

Celeste e André voltam a brincar. Mauro se aproxima do grupo com Rosana.

LEOCÁDIA: - Rosana seja bem vinda em minha casa.

ROSANA: - Muito obrigada, dona Leocádia. Prazer em conhecer a senhora. O Mauro fala muito bem dessa mãe tão amorosa.

LEOCÁDIA: - Muito obrigada!... Esse é Gilson, que você já conhece...

GILSON: - Como vai, Rosana?

ROSANA: - Tudo ótimo, Gilson. Bom rever você.

GILSON: - E essa é minha esposa, Selma. Meu filho você deve ter visto correndo pela casa.

ROSANA: - Vi sim. Belo garoto.

SELMA: - Rosana me permite um elogio. Você é muito bonita!

ROSANA: - Permito todos os elogios deste tipo!

Todos riem.

MAURO: - Feitas as apresentações, pode ficar à vontade, querida.

Rosana sorri, carinhosa para Mauro, sentando-se ao lado dele no sofá.

LEOCÁDIA: - O almoço será servido em breve. Aceita uma bebida?

ROSANA: - Nada não, obrigada... Que linda sua casa.

LEOCÁDIA: - É praticamente patrimônio da família. Vovó já morava aqui e aí o imóvel foi ficando de geração pra geração.

SELMA: - Você mora aonde, Rosana? Ipanema? Barra da Tijuca?

ROSANA: - Eu?... Eu moro... (baixinho) Vila Isabel...  Mas não por muito tempo. Pretendo comprar um apartamento mais próximo da empresa.

A conversa segue, em meio às trocas de olhares de Rosana e Mauro.

CENA 11. CASA SÍLVIA. INT. DIA.

Sílvia sai do banho, secando os cabelos, quando a campainha toca. Ela abre a porta e surpreende-se ao ver Júlio.

SÍLVIA: - Júlio?! Vai embora!

Sílvia tenta fechar a porta, mas Júlio consegue entrar.

JÚLIO: - Ei Sílvia! Você não vai fugir de mim!

SÍLVIA: - Eu não quero nem mais ouvir a sua voz, Júlio!

JÚLIO: - Mas por quê? Por favor, me fala o que eu te fiz porque eu não sei, Silvinha!

(sobe trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi) Júlio olha os desenhos da coleção sobre o amor prontos na mesa.

JÚLIO: - Você é tão bonita e faz coisas mais bonitas ainda...

SÍLVIA: - Pena que a minha beleza não é suficiente pra você gostar de mim.

JÚLIO: - Eu gosto de você, Silvinha.

SÍLVIA: - Não do mesmo jeito que eu gosto de você, Júlio. Na verdade, eu te amo. Taí o nosso problema. Eu te amo, mas você...

JÚLIO: - Você está chateada comigo por causa disso? Por esse sentimento que tem equilíbrio entre a gente?

SÍLVIA: - Não, não é só por isso. Ontem, o que você fez pra mim ontem, armando aquilo...

Nesse instante, Janice entra no local, surpreendendo Sílvia e Júlio.

JANICE: - Silvinha, eu trouxe aqui uma blusa minha pra você ajustar e... (percebe o clima) Ai, desculpa gente, eu volto outra hora. Eu vi a porta aberta e fui entrando...

SÍLVIA: - Não tem problema, Janice. O Júlio já estava de saída.

JÚLIO: - Estava?

SÍLVIA: - Sim, estava.

Júlio se afasta, olha novamente os desenhos sobre a mesa. Toca num deles, onde há um casal de mãos dadas. Ele olha para Sílvia, que está com os olhos marejados. Júlio sai. Sílvia enxuga as lágrimas. (fade out trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

JANICE: - Silvinha, o que aconteceu, mulher?!

SÍLVIA: - Ai, Janice, deixa pra lá... Essas armadilhas do coração. A gente nunca consegue entender, não é?

JANICE: - Oh, minha amiga... Não fica assim... Olha só, eu volto outra hora...

SÍLVIA (interrompe): - Não, pode ficar, Janice. É bom eu me distrair um pouco... Você trouxe uma blusa pra que eu ajuste, é isso?

JANICE: - É... Eu não sei como, mas consegui emagrecer um pouquinho e aí a blusa agora fica larga demais! (ri) Tem como ajustar um pouco?

As duas seguem conversando, Sílvia tentando esquecer a conversa com Júlio.

CENA 12. MANSÃO LINHARES. SALA JANTAR. INT. DIA.

Almoço de família na mansão. Orestes sentado na ponta da mesa. Ao seu lado, Maria Helena e Fernando. Do outro lado, Estér e Raquel.

ORESTES: - Então quer dizer que o apartamento está pronto?

FERNANDO: - Tudo certo, finalmente!

MARIA HELENA: - Por favor, só não vão encher de tralhas. É um imóvel ótimo, valorizem a decoração e a mobília.

ESTÉR: - Isso eu sei que vai resolvido da melhor maneira. A Raquel tem bom gosto.

MARIA HELENA: - Se quiser, eu posso dar umas dicas. Aliás, mais dicas.

ESTÉR: - Um conselho, Raquel? Faça o que quiser! Deixe o apartamento a sua cara e não o gosto dos outros...

MARIA HELENA: - Eu quero almoçar em paz, Estér. Por favor, não me provoque.

ESTÉR: - Mas eu nem fiz nada!

ORESTES: - Estér, por favor, vamos manter a harmonia.

FERNANDO: - O bom é que ele ficou pronto antes do casamento, como tínhamos planejado. Aliás, como andam os preparativos na casa de Petrópolis, tudo certo?

RAQUEL: - O jardineiro já está cuidando do jardim. As flores pra decoração já foram encomendadas... Ah, os últimos convites já estão sendo distribuídos.

MARIA HELENA: - Imprensa também, querida. O casamento do herdeiro da Áurea Calçados precisa ser notícia no país inteiro!

FERNANDO: - Não precisa tanto, mamãe. Estou casando e não fazendo marketing.

ESTÉR: - Concordo, Fernando. Pra mim, não precisa nem ter imprensa. Perde um pouco a privacidade da ocasião.

RAQUEL: - Eu também acho, mas...

MARIA HELENA: - Gente, vocês estão ficando loucos? Não estamos investindo nessa união pra ficar no sigilo da sociedade. Quero todas as principais revistas do país lá sim! Jornais, tudo!... Até TV. Não se preocupem, eu mesma entro em contato.

ORESTES: - Você está parecendo a Selma, Maria Helena. Querendo glamour! Glamour! (risos)

MARIA HELENA: - Me comparando com a Selma? Ah, Orestes, você já teve piadas melhores...

ESTÉR: - E a Valquíria, Raquel?

RAQUEL: - Eu até convidei ela pra vir, mas ela já tinha compromisso com o Wesley.

MARIA HELENA: - Wesley?! O que seria Wesley?

FERNANDO: - O novo namorado da Valquíria. Ela está bem empolgada.

ORESTES: - Desde que eu a conheço, sempre vi Valquíria super empolgada com os namorados. E olha que não foram poucos.

CENA 13. RUA. EXT / RESTAURANTE POPULAR. INT. DIA

(sobe trilha “À Francesa” – Marina Lima) Valquíria, vestindo um macacão sujo de tinta de spray, acompanha Wesley no grafite de um muro. Corta para o interior de um restaurante popular, onde os dois estão sentados à mesa, almoçando. (fade out trilha “À Francesa” – Marina Lima)

VALQUÍRIA: - Nossa, eu estava morrendo de fome! O desenho não terminava nunca!

WESLEY: - Eu também! (ri)

VALQUÍRIA: - Se bem que eu queria comer salmão agora... Mas já que não tem, esse arroz e feijão já está de bom tamanho.

WESLEY: - Salmão? Que chique... Falando assim, parece rica.

VALQUÍRIA: - Eu sou rica, meu bem.

WESLEY: - E viu o quê nesse grafiteiro suburbano?

VALQUÍRIA: - Vi um cara muito esforçado que faz uma arte tão bonita nas ruas... E que me faz feliz demais!

Os dois se beijam. (fade in trilha “À Francesa” – Marina Lima)

CENA 14. CASA MAURO. INT. DIA.

(fade out trilha anterior “À Francesa” – Marina Lima) Leocádia, Mauro, Rosana, Selma e Gilson entram na sala de estar, vindos da sala de jantar. Celeste e André passam correndo por eles.

GILSON: - Mas essas crianças não se cansam de correr? Almoçaram há pouco tempo!

ROSANA: - Criança é sempre cheia de energia, Gilson. Nós é que precisamos não nos cansar pra acompanhar a vida deles.

LEOCÁDIA: - Você fala como se já tivesse mais idade, Rosana... É nova ainda.

SELMA: - É, querida! Não pensa em ter filhos?

ROSANA (chocada): - Filhos? Eu?! (disfarça) Penso sim, mas um projeto futuro. Bem futuro...

MAURO: - Bom, eu já tenho um projeto para o presente.

Mauro retira do bolso uma caixinha de joia. Todos se surpreendem.

MAURO: - Eu esperei tanto tempo por uma pessoa especial. E acho que Deus ouviu as minhas preces. (aproxima-se de Rosana, abre a caixa) Rosana, aceita ser a minha noiva?

Rosana se mostra surpresa. CAM foca o olhar de Rosana para a caixinha, de onde brilha um pequeno diamante num anel de ouro branco. Selma e Gilson se mostram felizes, Leocádia esboça um sorriso.

ROSANA: - Mauro é lindo!... Eu nem sei o que dizer!

MAURO: - Aceita o meu pedido! Já sei! Quer que eu lhe peça de joelhos, é isso!

ROSANA: - Mauro!

MAURO (de joelhos): - Rosana, aceita ser minha noiva, viver do meu lado... Aceita ser feliz comigo?

ROSANA: - É claro que eu aceito, Mauro!

Mauro se levanta, beija Rosana. Selma e Gilson aplaudem. Leocádia também.

LEOCÁDIA: - Gente, até eu estou surpresa! (risos)

MAURO: - Não quero você apenas surpresa, mamãe. Quero você feliz também.

LEOCÁDIA: - Se você está feliz, eu também estou, querido.

SELMA: - Mauro coloca o anel na sua noiva!

Mauro coloca o anel em Rosana, que está maravilhada. (sobe trilha “Cuidando de Você” – Luiz Melodia)

MAURO: - Amo você. Vou te fazer a mulher mais feliz desse mundo.

ROSANA: - Eu tenho certeza disso...

Os dois se beijam. (fade out trilha)

CENA 15. VILA ISABEL. EXT. DIA.

(sobe trilha “Feitiço da Vila” – Noel Rosa) Janice vai saindo da casa de Sílvia, quando esbarra em Tereza, na calçada.

TEREZA: - Ai!

JANICE: - Desculpa! Machuquei você? Eu saí tão rápido que nem vi que vinha vindo gente...

TEREZA: - Não, está tudo bem... Meu braço ainda está aqui.

JANICE: - Passar bem então!

Janice vai saindo, quando Tereza a chama.

TEREZA: - Ei, você!

JANICE (para): - Sim?

TEREZA: - Eu estou buscando uma casa pra comprar ou alugar por aqui... Você sabe se tem alguma?

JANICE: - Como você se chama?

TEREZA: - Tereza. Tereza Sampaio.

JANICE: - Eu sou Janice, prazer... Olha só, Tereza, eu não conheço nenhuma agora não. Mas posso dar uma força pra você.

TEREZA: - Muito obrigada... O caso é de urgência mesmo, sabe? O quanto antes você conseguir, melhor.

JANICE: - Tá certo... Pode ficar tranquila.

TEREZA: - E você conhece algum bar, restaurante por aqui também? Eu ainda nem almocei... To procurando casa desde manhã!

JANICE: - Minha querida, nisso você deu sorte! Vai conhecer o Bar do Noel, o melhor bar de Vila Isabel!

TEREZA: - É mesmo?

JANICE: - E sabe por quê? Porque eu sou a dona! (ri) Mentira, não é só por isso não, mas modéstia a parte, o Bar do Noel é referência aqui no bairro. Tem petiscos, bom ambiente... Sambistas todos passam por ali, pra tomar aquela cervejinha, trabalhador vai fazer happy hour... Vem, vem comigo que você vai gostar! E aí no caminho você me explica melhor, como você quer a casa, sua preferência.

TEREZA: - Tendo quatro paredes e um teto para eu parar em baixo, é a minha preferência!

Janice e Tereza caminham pela rua, conversando. (fade in trilha “Feitiço da Vila” – Noel Rosa)

CENA 16. CASA MARÍLIA. SALA. INT. DIA.

(fade out trilha “Feitiço da Vila” – Noel Rosa) Bruno está sentado na sala, sozinho, quando Amália entra no local, trazendo Pedro no colo.

AMÁLIA: - Está aí o garoto...

BRUNO (levanta-se): - Mas que menino lindo, Amália. Parabéns!

AMÁLIA: - Obrigada. Tirando o fato da minha juventude ter ido embora e meu sono também por causa dele, eu estou feliz.

BRUNO: - Não fala uma coisa dessas... Nem brincando... Está sozinha em casa?

AMÁLIA: - Não. Marília ta aí. Mamãe que saiu, mas volta daqui a pouco. Por quê?

BRUNO: - Nada não.

AMÁLIA: - Bruno, não precisa me enganar não. Sei que você quer falar com a Marília. Quero dizer, não só falar...

BRUNO: - Ei, Amália! A Marília agora é noiva do Gustavo.

AMÁLIA: - Grande coisa... Eu acho que se você ainda gosta dela, deveria lutar pra ter ela de volta. Mas pelo visto, você é fraco...

BRUNO: - Para de falar bobagem. Eu não sou fraco não!

AMÁLIA: - Ah não? (grita) Marília!

BRUNO (apreensivo): - O que você está fazendo?!

AMÁLIA: - Vou deixar você à sós com ela. Quero ver se você é fraco ou não.

Marília entra na sala, não se mostra muito feliz ao ver Bruno.

AMÁLIA: - Maninha querida, eu vou fazer o Pedro dormir um pouco, fica aqui na sala com o Bruno? Eu não demoro.

MARÍLIA: - Claro... Como vai Bruno?

BRUNO: - Tudo bem.

AMÁLIA: - Com licença.

Amália sai, levando Pedro nos braços.

BRUNO: - E então, vai participar do Rio Moda?

MARÍLIA: - Vou sim. É a minha grande chance pra estourar no mundo da moda.

BRUNO: - Que bom!... A empresa vai estar presente. Vamos realizar um desfile promocional, de uniformes e acessórios, em parceria com os clubes.

MARÍLIA: - Que ótimo isso né? Gustavo comentou comigo. Vocês vão arrasar!

BRUNO (aproxima-se): - Mas eu duvido que alguma coisa lá chame mais atenção do que você. A sua beleza, seu jeito.

MARÍLIA: - Bruno, por favor...

BRUNO: - Eu não consigo te esquecer um minuto, Marília. Você foi, é, e sempre será a mulher da minha vida.

MARÍLIA: - Bruno não! O que a gente teve já passou!... (se afasta) O Gustavo daqui a pouco está chegando aqui. Não quero este tipo de conversa entre a gente. Já chega.

BRUNO: - Para de fugir desse sentimento, Marília!

MARÍLIA: - Que sentimento, Bruno? Me impressiona justo você falar de sentimento... Teve a oportunidade de me amar de verdade, mas não quis. Preferia me exibir como troféu para os amigos.

BRUNO: - Troféu que o Gustavo roubou.

MARÍLIA: - Troféu que o Gustavo ganhou por saber valorizar o ser humano. Coisa que você até hoje não aprendeu a fazer. Não valoriza nem a amizade dele, dando em cima da noiva do amigo.

BRUNO: - Não posso fazer nada, se é mais forte do que eu!

Bruno agarra Marília e a beija. Neste instante, Gustavo chega ao local e se surpreende. 

GUSTAVO: - Mas o que está acontecendo aqui?!


Marília e Bruno se surpreendem com o flagra.

 



autor:
Édy Dutra

elenco:
Malu Galli como Sílvia
Eduardo Lago como Júlio
Bruna Lombardi como Rosana
Domingos Montagner como Mauro
Marcello Antony como Fernando
Isabel Fillardis como Marília
Maria Fernanda Cândido como Raquel
Nill Marcondes como Bruno
Maria Luísa Mendonça como Valquíria
Adriana Garambone como Estér
Ana Lúcia Torre como Leocádia
Rafaela Mandelli como Celeste
Jonathan Haagensen como Vitinho
Maria Padilha como Sandra
Eduardo Galvão como Tarso
Erika Mader como Aline
Rafael Almeida como Talles
Paulo Figueiredo como Gilson
Denise Del Vecchio como Sophia
Iran Malfitano como André
Gabriela Durlo como Paula
Mário Gomes como Durval
Paulo Nigro como Guilherme
Luiza Tomé como Heloísa
Marcello Airoldi como Adônis
Gustavo Leão como Diogo
Lázaro Ramos como Ivan
Leonardo Vieira como Renato
Francisca Queiroz como Geórgia
Paulo Gorgulho como Laerte
Maria Ceiça como Tereza
Amanda Ritcher como Melissa
Bianca Comparato como Duda
Letícia Colin como Gaby
Luma Costa como Marcinha
Léa Garcia como Ilza
Valquíria Ribeiro como Amália
Antonio Pitanga como Cristóvão
Rocco Pitanga como Gustavo
Joana Foom como Janice
Roberto Bonfim como Alceu
Amandha Lee como Karina
Marcello Melo Jr. como Pedro
Gabriel Braga Nunes como Walter/Waleska
Guilherme Winter como Fábio
Lavínia Vlasak como Bia
Eva Wilma como Maria Helena
Othon Bastos como Orestes

participações especiais - 1ª fase
Maria Flor como Sílvia
Caio Blat como Júlio
Regiane Alves como Rosana
Rafael Cardoso como Laerte
Cauã Reymond como Fernando

Ana Sophia Folch como Raquel
Sophia Abrahão como Valquíria
Tainá Müller como Estér
Vergniaud Mendes como Adônis

Alex Gomes como Bruno
Caio Castro como Fábio
Élida Muniz como Marília
Quelynah como Amália
Darlan Cunha como Ivan
Armando Babaioff como Mauro

trilha sonora:
This Love - Marron Five (abertura)
Doce Castigo – Nana Caymmi
Talismã – Paulinho da Viola
À Francesa – Marina Lima
Feitiço da Vila – Noel Rosa

produção:
Bruno Olsen
Diogo de Castro
Joey Anderson



Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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