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Antologia Poemas da Terra: 4x04

Antologia Poemas da Terra
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CANÇÃO DE SUPLÍCIO
Giovana Uggioni

Minha terra tem mangueiras,
Limoeiros, jequitibá
Muitas espécies daqui
Não se podem encontrar lá.
Mas o homem que aqui vive
É movido pela ganância
Devastar nossa natureza
Olha quanta ignorância!

Muitos pássaros aqui cantavam
Além do sabiá 
Mas o homem que aqui vive
Decidiu exterminar

Ouçam, guerreiros do asfalto,
Os da mata foram dizimados
O canto desolador da morte
É a súplica da floresta 
Acometida pela má sorte.

Absurda realidade
Em nossa dormente sociedade
Aqui, impera a alienação 
Assistem a tudo inertes 
Não esboçam reação.

Até quando a natureza
Ataques assim vai sofrer?
O cheiro do fim dos tempos
Muitos insistem em não ver
A verdade nua e crua
É que não temos saída 
Ou agimos rapidamente,
Ou aqui não haverá mais vida.

MEIO AMBIENTE
Ari Santana

O homem ambicioso,
Egoísta impiedoso,
Só almeja enriquecer.
A água se acabando,
Nem está se preocupando,
Mais e mais ele quer ter.

A mata vira deserto,
Num triste rumo bem perto,
Humanidade a padecer.
Sem ter ar não se respira,
Recursos estão na mira
Tamanha crueldade: nociva.

A água garante a vida,
Sem ela não há saída,
É preciso entender.
Sejamos mais companheiros,
Pois a força do dinheiro,
Sem planta não vai valer.

Já não importa o poder,
Ganância não vai trazer,
Tudo o que se acabou.
Mas para sobreviver,
Todos temos o dever,
De cuidar do que restou…

SOU VIVO
Diamitsui

Minha alma é eterna e de natureza violenta,
Minhas veias são afluentes de um rio poluído.
Meu cabelo é a grama que se tornou cinzenta,
Meus ossos são o rochedo que pela mão foi destruído.

Antes sentia ao amanhecer o ambiente percorrer,
Ontem senti ao entardecer um grito de morrer.
Hoje sinto ao anoitecer meu corpo ao caos ceder,
E amanhã sei que eles clamarão orações para viver.

Artémis e Deméter, diga-me o que aconteceu.
Pararam de dizer seus nomes, e o mundo se corrompeu!
Sobre mim rezavam agradecendo a paz e o espírito,
Agora me ofendem, por isso que eu grito! 

Grito por socorro em forma de enchentes e terremotos,
Grito por ajuda, por isso que o sol está aos prantos!
Grito pela minha cor, exótica, bela e tão admirável,
Grito por um antes, antes de ser um completo miserável.

Sou a fonte da existência e a nascente de uma história,
Por isso preciso da empatia, para ninguém virar escória.
Gratidão àqueles que me ajudarem na trilha da salvação,
Meus pêsames àqueles que disserem, “Tanto faz, hoje não”.

Sou vivo e sou vida, sou a esperança da nação,
Sou azul, sou verde, um ser de forte emoção.
Minha natureza é importante e ela complementa,
Meu coração é a vida que hoje me atormenta.

DEFECTUM SAPIENTIAE
Raul Miranda

Homem... Bicho imaturo
De tanto pensar, isolou-se
Sobrepôs-se à natureza
Abandonou suas raízes
Parasitou a própria mãe
Explorou seus próprios irmãos
Massacrou seus próprios primos

Homem... Bicho arrependido
Nutriu a razão
Brincou de ser Deus
Cansou do poder
E hoje
Deseja não ter descoberto o fogo
Anseia a autotrofia

Homem... Bicho invejoso
Tentou polinizar
Faltou-lhe a delicadeza das abelhas
Tentou envenenar
Faltou-lhe a letalidade das anêmonas
Tentou decompor
Faltou-lhe a eficiência dos cumáceos

Homem... Bicho coitado
Almeja ser só mais um
Na infinidade de vida
da mãe natureza

O ABRAÇO DE CLARICE
Eduardo Nascimento

O jequitibá centenário
De avançada idade padecia
Somente um galho isolado
Com míseras folhas pálidas
Mostrava que ainda vivia…

Queriam enfim derrubá-lo
Clarice, os impedia:
“Ainda vive, homem rude!
E não há de haver quem o derrube
Antes que finde sua agonia”.

Riu-se, o homem, debochado
Clarice, pouco importou que risse
Mas não deixou que o machado
Foice ou serra, o tombasse
Abraçou-se ao tronco, em riste.
Agora era parte da árvore
Não podiam mais tombá-la
Sem que a ferissem.

Vieram os homens de terno
E logo ameaçaram prendê-la
Clarice agarrou-se mais forte
Tão forte que sentiu a seiva
Pulsar dentro da árvore 
Em suas fraquíssimas veias.

A multidão estarrecida
Combalida de compaixão
Aproximou-se da árvore triste
Solidários, deram-se as mãos.

Abraçaram Clarice e a árvore
E, ao final daquela tarde
Entoaram um uníssono “não”.

As pálidas folhas secaram
Morreu de pé, o tronco erguido
Pois vida alguma pode ser ceifada
Sem que o Criador tenha permitido.

Enfim, foi derrubado
Desfaleceu, o Jequitibá, de velhice.
Ficou o tronco seco, serrado
Que fora dia a dia regado
Com o luto, esperançoso e triste.

As lágrimas, germinaram semente
Defendida, corajosamente
Pelos netos e bisnetos de Clarice!

LAR
Ariane Fagundes

Braços esticados
Lençóis alongados
Dentes esbranquiçados 

Lá fora a neblina, cobre a grama tal qual manto
Aqui dentro, o vapor do chá de capim santo
Um olhar atento enxerga além da janela 
Beiral de flores, colorindo como aquarela

Cama arrumada 
Varanda ensolarada
Tradicional gemada 

O amanhecer após o canto do galo 
O sol no horizonte, em breve intervalo
A simplicidade de uma casinha no campo 
Lar é abrigo, onde o sorriso, estampo 

Quintal esverdeado 
Espaço consagrado 
Repouso semeado 

Entre árvores, redes penduradas 
Pés descalços e pernas abraçadas
Balanço do vento, ao ninar no relento
Embalo suave, brisa do contentamento.

Poema escrito por
Giovana Uggioni
Ari Santana
Diamitsui
Raul Miranda
Eduardo Nascimento
Ariane Fagundes

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Gisela Lopes Peçanha
Paulo Mendes Guerreiro Filho
Pedro Panhoca
Rossidê Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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