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Antologia Sempre ao Meu Lado: 1x13 - Mia - Amor à Primeira Vista

Conto de Mida
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Sinopse: O conto retrata as memórias e a história de amor e companheirismo entre Mia e sua dona desde o primeiro encontro e as intercorrências durante os 16 anos de amizade.


Mia - Amor à Primeira Vista
de Mida

  

 Ao ouvir seu reclame saltei da cama e fui para a cozinha, cortei um pedaço de melão, que ela gosta muito, coloquei no prato e ela comeu. Não rejeita comida nunca. Come batata assada, melão, mamão, e muitos alimentos do cardápio da dona. Em seguida, coloquei na seringa umas gotas de dipirona com um pouquinho de água e a fiz tomar, para que acalmasse a dor e voltasse a dormir.

Voltamos juntas ao quarto, acomodamo-nos cada uma em sua cama, aproveitei e fiz uma massagem no pescoço e um carinho e ela encolheu-se toda e dormiu até a manhã seguinte.

Deitei-me também, porém diferente dela que roncou logo em seguida, demorei para pegar no sono novamente, e durante a insônia, fui visitada pelas memórias de minha vida com a Mia - a cachorrinha que vive a meu lado 15 anos.

 Lembrei-me das artes que fazia quando bebezinha. Roía tudo o que via pela frente. Não gostava de brinquedos, gostava mesmo era de roer os pés das camas, as pontas dos edredons, os bancos da cozinha, e os sapatos deixados na entrada da casa.

Naquela manhã de começo de primavera, uma quinta-feira fresquinha, ninguém sabe explicar como ela ficou dentro de casa quando saí para trabalhar. Ao retornar eis a surpresa. Havia ficado e passado a manhã dentro de casa roendo os sapatos, usados uma única vez.

Acabou com eles!

 Ao abrir a porta descarreguei o casaco, a bolsa e tirei o calçado. Ela veio ao meu encontro fazendo a maior festa, porém saiu carregando o sapato que eu recém havia tirado.

Suspeitei logo! Olhei para o canto e lá estava o sapato novo do dia anterior – usado uma única vez... roído! Naquele dia fiquei uma fera, chamei-a e peguei-a no colo dizendo repetidamente:

- O que você fez hein sua malandrinha, feiosa! Roeu o sapato novo da mamãe, de novo! Assim não dá! Baixou a cabeça entre meus braços dando a impressão que não queria ouvir o sermão, parecia envergonhada pelo que fizera. Claro, daquele dia em diante, os sapatos passaram a ser guardados nos armários fechados para que ela não os roessem mais.

Esta cena repetiu-se algumas vezes com chinelos e tênis dos filhos, durante o primeiro ano de vida ou quando ficava em casa sozinha, ou quando nos distraíamos nos afazeres de casa. Durante seu primeiro ano de vida aconteceram os maiores incidentes de destruição de objetos de seus donos.

Em junho de 2005, quando vieram para minha casa ela e seu irmão, lembro que ao chegar na escola para trabalhar, uma colega estava com um casal de cachorrinhos, no portão esperando a pessoa que viria pegá-los em doação, conforme combinado anteriormente.

A pessoa, que iria adotá-los, não apareceu. Sua dona tinha mais cinco cachorros em casa. Três irmãos dos filhotes que estavam para doação, a mãe e o pai deles. Desolada, disse: - é muito cachorro na minha casa, preciso doar. Quando vi aquela cachorrinha branca e preta com umas malhas marrons no focinho e na cabeça, fiquei apaixonada. Ela rolava no chão com o irmão, um cachorrinho todo preto, lindo! Foi amor à primeira vista.

Minha amiga disse: - a Pirata mãe deles, não tem mais leite para amamentá-los.

Olhei para a amiga e disse: a pessoa que não veio pega-los perdeu a vez, Você me dá os dois? Ela me olhou, deu um sorriso desconfiado dizendo: - são seus e completou são ‘tombalatê’, não tem uma raça definida. Eu respondi, não me importo!

 A primeira providência, no sábado, foi levá-los ao veterinário para as vacinas e os vermífugos. Na elaboração da ficha eu não sabia a raça, a secretaria chamou o veterinário que disse: malhada de preto, branco e marrom é parecida com - Fox Paulistinha e o irmão um Buldogue preto, lindo! Pena que ele faleceu na semana seguinte.

Desde a chegada de ambos à nossa casa, Mia era uma festa. Forte, esperta, e muito prestativa. Dormia na minha cama e no sofá ao meu lado quando ia ver televisão.

Era só deitar que vinha ela numa corrida e se jogava sobre quem estivesse deitado. Sempre foi muito mimosa e protetora da sua dona e de toda a família, desde bebezinha.

O nome foi dado pela minha filha, em homenagem a uma artista componente da banda mexicana Rebeldes, que estava em alta na época.

            Com mais ou menos dois anos de idade fugiu de casa e apareceu prenha. Deu à luz a um filhote, que sobreviveu por algumas horas. Sofreu muito com a perda e cada vez que sentia saudade, vinha ao meu colo pedir carinho.

Em 2011, realizamos uma reforma na casa e ela entre a bagunça se divertia e aproveitava a distração dos donos para fugir, visto que o portão ficava aberto. Foi atropelada por um motoqueiro e teve uma fratura na bacia.

O veterinário, após a consulta nos disse: o acidente foi grave, quebrou a bacia e se melhorar vai ficar com sequelas, poderá não andar mais, tendo que ser adaptada a um pequeno andador. Deu um diagnóstico fatídico e não deu previsão de saída da clínica.

 No dia seguinte ao acidente, minha filha foi à clínica e ao chegar tomou um susto. Ela estava em pé, porém muito abatida. Voltou ao carro e me chamou. Quando cheguei perto ela se urinou toda e parecia chorar. Pedi ao veterinário se podíamos levá-la para casa. Sim, pode! Disse o veterinário, desde que limite o espaço para ela andar e a medique certinho.

Em três dias estava saltitando e correndo pelo pátio cheia de energia e alegre. Passamos a cuidar mais para que não fugisse. Ela ficou mais presa até acabar a reforma.

            Em 2012 sem que ninguém visse ou imaginasse apareceu prenha novamente. Como diz meu amigo biólogo: as cachorras são mágicas, sem que você imagine, quando estão no cio, fazem coisas que até Deus duvida.

Na segunda gestação deu à luz a três cachorrinhos. O primeiro, muito grande para o tamanho dela, e assim como os outros dois sobreviveram algumas horas após o nascimento. A veterinária não soube explicar a causa morte dos filhotes, já que Mia tinha saúde perfeita. Foi um sofrimento para ela novamente, e para todos da família. Com o objetivo de aliviar a dor, Mia passou a ser ainda mais paparicada.

 Alguns dias após o parto de Mia, a cachorra de um amigo do meu filho deu à luz a 10 cachorrinhos, e faleceu em seguida. Meu filho com dó dos bichinhos com fome trouxe dois para nossa casa para ver se aliviava a dor e a perda que Mia sofrera. No primeiro momento, rejeitou os filhotinhos adotivos. Arredia, os olhava de longe, mas dois dias depois ao ouvir o choro dos mesmos, foi até onde estavam, deitou-se e permitiu que se fartassem do seu leite.

 O coração de mãe, se sensibilizou com os que estavam sofrendo a dor da perda como ela, com a falta do carinho, do aconchego e do alimento. Um tempo depois passou a rejeitá-los, pois estavam grandes e a mordiam durante as mamadas.

Meu filho arrumou um novo lar para os cachorros adotados e Mia voltou a reinar soberana na casa. Sempre muito atenta a qualquer ruído, visitas, pessoas que passam pela rua, procurava com seu alarde avisar a aproximação. Porém ao chegar uma visita ao portão e ao abri-lo era só dizer. Mia é amigo(a). Rosnando, arrepiada e desconfiada, aproxima-se, cheirava o visitante e acompanhava-o até entrar. Até hoje tem este hábito.

Agora, com a idade, está muito caseira, sente crises de pânico/ansiedade, fica desesperada mesmo no colo da dona, quando entra no carro. Ao voltar de passeios curtos, ou do veterinário, aconchega-se na caminha durante horas, esperando que tudo se normalize e passe a crise.

 2015 nasceu a minha neta Isadora, e desde então tentamos o estreitamento de laços entre as duas. Mia sempre deixou claro que sentia ciúmes e que não queria saber de muita amizade. Quando Isadora começou a andar e insistia em lhe fazer carinho, rosnava e quando não havia ninguém por perto, mordeu as mãozinhas dela por duas vezes. Isadora não desistiu de lhe dar carinho. Hoje, Mia confia plenamente na amiga, que não irá tomar seu lugar na família.

Em 2017 após uma crise de tosse e numa das consultas ao veterinário descobrimos que estava hipertensa e com o coração aumentado e isto lhe causava desconforto. Desde então passou a tomar medicamento para cardíaco e para a coluna, pois o aumento do órgão e a idade mexeram com a estrutura óssea. Atualmente está tomando medicamento para a coluna, pressão alta, além dos vermífugos e vacinas.

Com 15 anos completos não aceita que estranhos lhe façam carinho. Só implica com Mel, a gatinha da Beatriz, uma das vizinhas. A gata veio morar na casa vizinha faz uns seis meses e desde o início entrou no pátio pelas grades chamando atenção da Mia, rolando-se e miando perto dela e tentando aproximar-se do seu pote de comida. Mia deixa que ela coma.

 Mia rosna e tenta espantá-la, mas Mel insiste. Acho que com paciência, vai conquistá-la como o fez Isadora, já que é uma cachorra com um grande coração. Mesmo sentindo ciúmes, aprecia a visita da amiga, que vem, todas as manhãs, comer na sua vasilha.

As investidas de Mel estão construindo uma linda amizade e fidelidade, tal qual a de Mia com seus donos. Espero que ambas possam viver dias felizes juntas e dividir as brincadeiras, no jardim.

Recentemente uma amiga, que seguidamente, me visitava, quando Mia era bebê, ao vê-la recentemente, disse: - esta é a Mia daquele tempo? Está velhinha! Mas continua esperta e barulhenta, fazendo sua função: cuidar da sua dona, com galhardia, latindo no jardim e no portão e avisando que alguém se aproxima.

            Nos últimos tempos percebi que o comportamento de Mia sempre foi o mesmo, faz a maior defesa do seu ambiente e dos donos. Na chegada de alguém, quando abro o portão e digo, Mia amigo/amiga ela vem para o meu lado e fica observando a movimentação e a conversa. Tenho certeza que caso haja qualquer intercorrência, me defenderá.

A poucos dias recebi umas amigas num domingo de manhã e ela ficou aos meus pés a nos observar. Uma delas, que também tem uma cachorrinha, observou, e disse: - ela está atenta a tudo e te cuidando, não perde um movimento e fica em volta de você sempre que alguém levanta e se aproxima. Desse dia em diante e da última noite de insônia devido ao mal-estar que ela sentiu e passei a observá-la melhor. Avaliei que está ao meu lado para o que der e vier, o que está me fazendo pensar no fato de perdê-la um dia. Sou grata a Deus por tê-la ao meu lado, sempre me esperando, e quando chego vem logo dizendo em sua língua, por que você demorou tanto?

Quando estou escrevendo deita-se aos meus pés e se manifesta quando quer comida ou água ou sair para as necessidades. Se levanto para lanchar ou fazer as refeições tenho companhia. Ao lado da mesa, come frutas no café da manhã e espera o remédio, para o coração, escondido em uma pontinha de salsicha, ou bolinha de carne.

Nas últimas noites frias de inverno, sente dor nas quebraduras decorrente dos acidentes de percurso e nas articulações. Enquanto permanecia acordada, pensei, no que faremos uma sem a outra, visto que somos idosas e inseparáveis. Não sabemos quem se transformará em estrelinha primeiro, como diz minha neta Isadora, quando sabe que alguém faleceu. O que pensei na insônia daquela noite, virou este texto, onde registro, o amor, a amizade e o companheirismo entre eu e ela, desde a manhã que nos conhecemos. 

Conto escrito por
Mida

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Eliane Rodrigues
Francisco Caetano 
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rosside Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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