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Terra da Garoa: Capítulo 05

Novela de Édy Dutra
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TERRA DA GAROA - CAPÍTULO 05
 


CENAS DO CAPÍTULO ANTERIOR


RAPAZ: - A senhorita estás bem?! Estás machucada?!

RAQUEL: - Não, não machuquei não... Só precisa ter mais cuidado né?

RAPAZ: - Mil desculpas! Deixa eu te ajudar, por favor.

O rapaz segura a mão de Raquel para levantá-la. Ao tocar Raquel, ele se mostra encantado por ela. Raquel levanta-se, sorri, simpática.

RAQUEL: - Obrigada!

RAPAZ: - Mais uma vez, desculpa. Estou acostumado a saltar do bonde, nunca tinha acontecido um acidente deste tipo.

RAQUEL: - Eu também não me acostumei com esses bondes cruzando a cidade...

RAPAZ: - Não é daqui não? É brasileira?

RAQUEL: - Sou... De São Paulo... como sabe que sou brasileira?

RAPAZ: - Pelo sotaque, ora pois.

RAQUEL: - Ora pois (risos) Adoro isso...

RAPAZ: - Me chamo Joaquim. (segura a mão de Raquel, cortês) Qual sua graça?

RAQUEL: - Me chamo Raquel.

JOAQUIM: - Muito prazer, Raquel. (beija a mão dela)

Raquel sorri, simpática, diante do cortejo de Joaquim, que flerta com ela.



CENA 01. PORTUGAL. CENTRO DE ESTUDOS. INT. DIA. 

Continuação do capítulo anterior. Joaquim flerta com Raquel. 

JOAQUIM: - Me chamo Joaquim. (segura a mão de Raquel, cortês) Qual sua graça?

RAQUEL: - Me chamo Raquel.

JOAQUIM: - Muito prazer, Raquel. (beija a mão dela)

Raquel sorri, simpática, diante do cortejo de Joaquim, que flerta com ela.

RAQUEL: - Eu preciso encontrar minha sala, senão me atraso pra aula!

JOAQUIM: - E qual o seu curso?

RAQUEL: - Gastronomia.

JOAQUIM(surpreso): - Não pode ser! É o meu curso também!

RAQUEL (surpresa): - Jura! Que maravilha! E você conhece tudo aqui dentro?

JOAQUIM: - Como a palma da minha mão! (oferece o braço) Por favor, senhorita!

Raquel dá o braço para Joaquim e os dois seguem para dentro do Centro de Estudos, sorrindo, conversando.

CENA 02. ESCRITÓRIO. SALA. INT. DIA.

Lenara está sentada à mesa, de frente para um empresário magro, alto, 50 anos, cabelos pretos, curtos, branco, no escritório da empresa dele. O ambiente é sofisticado. Os dois estão a sós no local.

EMPRESÁRIO: - Eu gostei muito do seu projeto já no ano passado. Você foi uma das finalistas, se não me engano.

LENARA: - Aroldo Brandão, ser finalista e não vencer não é também grande coisa.

AROLDO: - Você acha?

LENARA: - Você há de concordar comigo que uma empresa só cresce com resultados. Uma marca só se expande se atingir os objetivos. Ninguém tem como objetivo apenas figurar entre os melhores. Todo mundo quer ser o melhor.

AROLDO: - Vejo que você é muito decidida, Lenara. Uma mulher de atitude.

LENARA: - E é justamente por isso que eu quis vir aqui conversar com você, Aroldo.

AROLDO: - Diga, estou todo ouvidos.

LENARA: - Como você sabe, eu me inscrevi novamente no Prêmio Designer Paulista. E desta vez, eu não quero entrar para ficar entre os finalistas. Eu quero ser a vencedora.

AROLDO: - Isso é o que todos querem, como você mesma disse.

LENARA: - Mas desta vez, quem vai ficar com o prêmio, a grana e o reconhecimento maior sou eu.

AROLDO: - Como você deve saber, a escolha do vencedor não depende de mim. Temos um júri capacitado e especializado nisso.

LENARA: - Aroldo, estamos só nós dois aqui. Não precisa negar para mim que a sua palavra tem peso maior na escolha do vencedor... Você pode não apontar, mas certamente, o prêmio vai de acordo com a sua vontade... Ou estou errada?

Aroldo se ajeita na cadeira, encara Lenara.

AROLDO: - De certa forma, você tem razão. Mas o meu prêmio não é manipulado.

LENARA: - Não, e eu nem quero que seja... Eu só preciso que a sua palavra, desta vez, seja a meu favor.

AROLDO: - Você está me propondo o quê exatamente?

LENARA: - Você entendeu muito bem o que eu quero.

AROLDO: - Para isso eu preciso de algo em troca. O prêmio Designer Paulista é um dos maiores do país. Não posso entregar assim, de graça.

LENARA: - Eu sei... (levanta-se, ajusta o vestido, insinuante) Mas seria magnífico se uma mulher assim como eu, linda, poderosa e inteligente, ganhasse o prêmio, não acha?

AROLDO (observando o corpo de Lenara): Acho...

LENARA: - E em troca, você ganha uma noite comigo.

AROLDO: - Você está disposta a deitar comigo para vencer o prêmio? Ninguém nunca me propôs algo assim!

LENARA: - É porque ninguém é ambicioso o bastante para chegar aonde quer... (encara Aroldo) E então, Aroldo, aceita a minha proposta?

AROLDO (levanta-se): - Eu sou um homem casado, minha esposa não (pausa)

LENARA (interrompe): - Ela só vai saber se você quiser contar, óbvio. Nem eu quero que essa história se espalhe. Eu só quero a grana, o troféu que ainda falta para a minha coleção, e o reconhecimento que este prêmio vai me dar. Só.

AROLDO: - Perfeito. Hoje à noite. No meu flat. Eu ia jantar em casa, mas posso dar uma desculpa para a Olga, uma reunião de negócios... Pode ser?

LENARA: - Fechado.

AROLDO: - Pegue o endereço com a minha secretária... Eu vou ficar ansioso para te encontrar a sós novamente, e mais a vontade. (sorri, malicioso)

Lenara sorri,insinuante e sai da sala. Aroldo senta-se na cadeira.

AROLDO: - Por essa mulher, vale a pena mudar o resultado do prêmio.

CENA 03. FACHADA EMPRESA AZEITE QUEIROZ / SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

Mostra a fachada imponente da empresa da família Queiroz. Corta para a sala de reuniões, onde Gurgel, Humberto, Barreto e outros diretores estão presentes. Gurgel discursa à mesa para a diretoria.

GURGEL: - E por fim, eu quero falar sobre o lançamento do nosso novo azeite de oliva Queiroz. Nível de acidez mais baixo, um óleo mais volátil, saboroso... Merece um grande lançamento. Por isso que eu chamei aqui o doutor Barreto. Como vocês devem saber, ele é o diretor geral do Jockey Club. E eu tenho a intenção de que a nossa empresa faça a festa de lançamento do novo azeite lá, nas dependências do clube.

BARRETO: - Eu ficaria muito honrado em poder sediar um evento como este, que atrai muitos convidados e com certeza, volta também os olhos da sociedade para o Jockey Club.

HUMBERTO: - Eu acho uma ótima ideia. Gosto muito do jockey.

GURGEL: - O local é excelente!

BARRETO: - Nossos salões estão à disposição do Azeite Queiroz para o que precisar, Gurgel. Eu, como diretor do Jockey Club de São Paulo, fico muito feliz com essa parceria.

GURGEL: - Humberto, trate de falar com nossa assessoria de marketing, o pessoal de eventos. Vamos organizar pra ontem este lançamento.

HUMBERTO: - Pode deixar, papai. Quero dizer, doutor Gurgel.

GURGEL: - Ótimo.

CENA 04. SHOPPING. BOUTIQUE. INT. DIA.

Paula caminha pela boutique, pensativa.

FLASHBACK. CAPÍTULO 04. CENA 14. HMÓVEIS. INT. DIA.

ROBSON: - Me chamo Robson.

Robson pega a mão de Paula e beija, delicadamente. Paula recolhe a mão, recatada.

PAULA: - Quanta cordialidade, Robson.

ROBSON: - Diante de tanta beleza e feminilidade, impossível agir de outra forma.

(sobe trilha “Sem Poupar Coração” – Nana Caymmi) Os dois flertam. Paula desvia o olhar, mas retorna a encarar Robson.

PAULA: - Eu preciso ir.

ROBSON: - Quando puder e quiser, apareça. Eu ficarei feliz de vê-la novamente.

VOLTA À CENA ATUAL.

Paula suspira.

PAULA: - Robson... Robson... (sorri)

Tarsila se aproxima.

TARSILA: - Falando sozinha é, Paula?

PAULA: - Eu?! Pensando alto, só isso... (disfarça) Nem vi que você estava aí, Tarsila.

TARSILA: - Cheguei agora. Peguei um trânsito daqueles antes de chegar aqui no shopping.

Paula com olhar distante.

TARSILA: - Aconteceu alguma coisa, Paula?

PAULA: - Comigo? Não...

TARSILA: - Você parece tão, diferente...

PAULA: - Diferente? Como assim, diferente?

TARSILA: - Sei lá, mais... Viva, talvez. (risos) Parece até que está apaixonada, eu diria.

PAULA (risos): - Apaixonada, Tarsila?! (risos) De onde você tirou isso?

TARSILA: - Desse seu sorriso bobo no rosto. Estava assim quando eu cheguei e ele não sumiu ainda. Santiago ainda te deixa boba assim é?

PAULA: - Boba ele me deixa, mas (pausa) Estou apenas feliz, só isso!

TARSILA: - Que ótimo te ver assim, sabia? Feliz! Agora eu deixa eu ir lá ver os modelos pra encomendar a nova coleção de vestidos. Quero ser feliz com um deles também! (risos)

PAULA: - Agora eu sei de onde a Stefany tirou esse lado consumista!

TARSILA: - Puxou a mãe, confesso. (risos)

Tarsila se afasta.

PAULA: - Apaixonada?! Não... Será? Não... Nem posso!

CENA 05. CASA DALVA. QUARTO DALVA E CARLOS. INT. DIA.

Cássio entra no quarto de Dalva e Carlos e vai direto para o closet. Ele abre as portas dos armários, vasculhando tudo com cuidado para não deixar nada fora do lugar. Cássio abre uma das portas e encontra uma caixa de joias, grande. Ele retira a caixa do guarda-roupas, coloca sobre um puf. Abre a caixa e vê várias joias. Colares, pulseiras, brincos, de ouro e pedras preciosas. Cássio pega um colar de rubi, fica a observar a peça.

CÁSSIO: - É disso que eu preciso.

Cássio fecha a caixa, a coloca no mesmo lugar. Ele guarda o colar no bolso e sai do quarto, apressado.

CENA 06. BARRACO LEOPARDO. INT. DIA.

Cássio entrega o colar de rubi nas mãos de Leopardo, que o encara, sério. Os dois estão em uma sala, espécie de escritório de Leopardo, juntamente com outros dois capangas do bandido.

LEOPARDO: - Isso aqui é de verdade mesmo, mano? Não ta armando pra cima de não hein!

CÁSSIO: - Claro que não, Leopardo! Nem seria louco de armar pra cima de ti, brother!

Analisa o colar.

LEOPARDO: - Tô sabendo... E de onde tu descolou esse colar aqui?

CÁSSIO: - Da minha mãe. É ouro e rubi.

LEOPARDO: - Porra, é ouro mesmo?

CÁSSIO: - Ouro puro. Foi presente do meu pra minha mãe quando fizeram vinte e cinco anos de casamento.

LEOPARDO: - E tu pegou dela na camufla. (ri, debochado) O que uma dívida bem cobrada não faz, hein!

Os capangas também riem. Cássio desvia o olhar, um tanto envergonhado.

CÁSSIO: - Então, paguei o que eu tava de devendo?

LEOPARDO: - Pagou sim, Cássio. Tudo certo.

CÁSSIO: - Então eu posso pegar mais?

LEOPARDO: - Tu quer mais, brother?! Nossa, tu acabou de quitar uma dívida e já quer fazer outra?

CÁSSIO: - Eu posso pagar. Agora eu sei onde é a fonte.

LEOPARDO: - Tá certo... (ao capanga) Traz uns pacotes lá pro camarada aqui. De primeira, hein!

Um dos capangas vai até o armário chaveado, abre o espaço. Há diversos pacotes de drogas, sacos de maconha embalada e cocaína. Ele pega dois pacotes de maconha e um de cocaína e deixa na mesa de Leopardo.

LEOPARDO: - Isso aqui ta bom pra ti.

CÁSSIO (protesta): - Poxa, só isso?!

LEOPARDO (firme): - Isso aqui ta bom, eu falei!

Cássio se contém.

LEOPARDO: - Depois, se eu quiser, te dou mais. Mas tem que pagar hein!... (entrega os pacotes para Cássio) Agora pode ir. E cuidado pra polícia não te pegar com isso na rua.

Cássio pega os pacotes e sai, apressado. Leopardo fica a observar o colar.

LEOPARDO: - Esse colar chegou na hora certa...

CENA 07. PORTUGAL. CENTRO DE ESTUDOS. RESTAURANTE. INT. DIA.

O restaurante do centro de estudos está lotado. Muitos alunos no local, conversando, fazendo sua refeição. Joaquim e Raquel estão na fila do bufê, lado a lado, se servindo.

JOAQUIM: - Muita salada, que beleza!

RAQUEL: - Adoro salada!

JOAQUIM: - Então você vai adorar essa daí. Totalmente orgânica, colhida por mim, da horta daqui do centro.

RAQUEL: - Por você?! Nossa, Joaquim, que bacana! Tudo muito orgânico aqui!

JOAQUIM: - Tem para todos os gostos, dos mais orgânicos aos industrializados. Mas eu gosto mais dessa parte mais natural. Pelo menos duas vezes por semana eu venho aqui cuidar da horta, além das aulas.

RAQUEL: - Falando em aula, eu adorei o curso! Muito dinâmico!

JOAQUIM: - A cozinha não pode ser um lugar de mistério. E a gente precisa saber cada detalhe do alimento que vamos utilizar para preparar cada refeição.

RAQUEL: - Você falando parece um mago! (risos)

JOAQUIM: - E cozinhar nada mais é do que magia! Transformar sabores, criar o alimento do corpo! Qualquer dia eu vou cozinhar especialmente pra você. Vai ver o quanto é bom quando se faz comida com o coração!

Os dois vão saindo do bufê quando Raquel esbarra em Henrique, que vinha falando ao telefone. A bandeja dela cai no chão. O encontro chama atenção no centro. Henrique e Raquel, instintivamente se abaixam para recolher as coisas do chão.

HENRIQUE: - Mil desculpas! Eu estava distraído mexendo no telefone, nem vi você sair da fila.

RAQUEL: - Imagina, acidentes acontecem.

Os dois, de repente, se encaram. (sobe trilha “Entre Olhares” – Ana Carolina) Raquel esboça um sorriso, enquanto Henrique fica a encará-la, encantado.

HENRIQUE: - Mesmo assim, a culpa foi minha.

Raquel tenta desviar o olhar, mas não consegue. Henrique e Raquel flertam, quando Joaquim se aproxima dos dois, agachados, quebrando o clima.

JOAQUIM: - Vem, Raquel, vamos lá pra você pegar uma outra bandeja. Daqui a pouco as moças da limpeza vem juntar isso aí.

Raquel e Henrique se levantam, ainda sem desviar o olhar um do outro. Joaquim chama Raquel.

JOAQUIM: - Vamos, Raquel? (segura a mão dela)

Raquel desvia o olhar, delicadamente, se solta de Joaquim, o encara.

RAQUEL: - Vamos sim, claro.

JOAQUIM (a Henrique): - Até a próxima, rapaz.

HENRIQUE: - Até!

Joaquim e Raquel se afastam. Henrique fica a observá-la. Em seguida, se dá conta do telefone, volta a mexer nele, coloca para falar.

HENRIQUE (ao telefone): - Oi, mamãe! Não, está tudo bem! Não precisa se preocupar! (TEMPO) Não, eu fiquei sem falar porque... Porque... O sinal aqui ficou ruim, agora voltou. Está tudo certo. (TEMPO) Eu também estou com saudades! E o papai, como está?

Henrique fala ao telefone, sem tirar os olhos de Raquel que segue pelo centro ao lado de Joaquim. (fade out “Entre Olhares” – Ana Carolina)

CENA 08. QUADRA UNIDOS DA ZONA LESTE. INT. DIA.

Rosa, Zuleica e Jair preparam a festa junina da escola de samba.

ZULEICA: - É uma pena que não poderemos fazer a fogueira aqui. É tão linda!

JAIR: - Quer colocar fogo na quadra, é isso? Deveria agradecer ao seu marido por ter fechado a área aberta que nós tínhamos aqui. A fogueira poderia ser feita lá.

ZULEICA: - Meu falecido marido só fez melhorias aqui na quadra, ao contrário de você, que nada acrescentou.

ROSA: - Pelo amor de Deus! Vocês não vão começar a discutir aqui de novo! Vamos falar da nossa festa junina, é pra isso que a gente ta aqui...

Jair e Zuleica se encaram.

ROSA: - A gente pode falar com o carnavalesco pra ele montar uma fogueira estilizada pra gente, com luzes e material reciclado. Com certeza ele vai gostar de participar.

JAIR: - Boa ideia, Rosa.

ZULEICA: - Vou falar com a Bárbara para que ela e as meninas organizem o casamento na roça.

ROSA: - E as crianças do projeto social estão montando uma quadrilha que dá gosto de ver! São verdadeiros artistas!

JAIR: - Na copa vai ter certeza, água, refrigerante, quentão e caipirinha!

ZULEICA: - Falou o rei da manguaça...

JAIR: - E vamos ter pinhão, pipoca, e outras guloseimas pra adoçar a vida de quem é amarga!

ZULEICA: - Isso por um acaso é uma indireta, Jair?

JAIR: - Indireta? Não! Rosa, você viu alguma coisa?

ROSA: - Não me metam nesse assunto de vocês!

Candinho chega na quadra.

ZULEICA: - Candinho, que bom que você chegou! Estamos organizando os detalhes da nossa festa junina!

CANDINHO: - Tô sabendo, dona Zuleica. É o comentário em Itaquera. Pessoal está todo esperando a festa junina da escola de samba. E será que eu posso fazer um samba com uns amigos aqui na festa?

JAIR: - Mas é claro, Candinho! A festa é junina mas a escola é de samba!

Os quatro continuam conversando sobre a festa.

CENA 09. COLÉGIO. EXT. DIA.

As crianças saem da aula, movimentação na frente da escola. A professora acompanha os alunos até o portão. Ulisses sai do carro, parado perto da escola e se aproxima. Otávio vê o pai e sai correndo para abraçá-lo.

OTÁVIO (surpreso/feliz): - Pai! Você veio me buscar!

ULISSES: - Gostou da surpresa, filhão?!

OTÁVIO: - Adorei! Gostei muito! Eu sempre gosto quando você vem me buscar.

A professora se aproxima.

PROFESSORA: - Como vai, senhor Ulisses?

ULISSES: - Olá, tudo bem! E como anda o campeão aqui? Indo bem nos estudos?

PROFESSORA: - Então, é justamente sobre ele que eu quero falar. Foi muito bom o senhor ter vindo hoje.

Ulisses percebe a intenção da professora.

ULISSES: - Tavinho, vai indo lá pro carro que o papai já vai.

Otávio sai em direção ao carro de Ulisses.

ULISSES: - O que foi, professora?

PROFESSORA: - Pode me chamar de Ivete... O Otávio é um menino muito inteligente, mas eu ando um pouco preocupada com ele.

ULISSES: - Mas o que está acontecendo com ele?

IVETE: - O Otávio tem apresentado um comportamento um pouco mais agitado do que o normal. E às vezes disperso na aula. Eu lido com várias crianças, sei quando essa distração é normal e quando ela começa a prejudicar.

ULISSES: - Mas se é só distração, você pode chamar atenção dele, sem problemas.

IVETE: - Mas eu faço isso sempre, senhor Ulisses. Só que dali a alguns segundos, ele está longe novamente. Ou então andando pela sala, atrapalhando os coleguinhas. Em alguns casos ele não tem paciência com os colegas, que demoram para assimilar o conteúdo que ele já sabe ou pega com facilidade. E quando é contrariado, ele se torna agressivo.

ULISSES (surpreso): - Agressivo?!

IVETE: - Parece estranho dizer isso, mas nós já ligamos várias vezes para a mãe dele, a Lenara, comparecer aqui na escola para que a gente pudesse conversar com ela sobre esse comportamento do Otávio, mas ela nunca retornou nossas ligações.

Ulisses fica pensativo.

IVETE: - Não sei se não seria o caso de procurar algum especialista.

ULISSES: - Você está sugerindo uma ajuda médica pro meu filho? Mas ele não é doente!

IVETE: - Não, seu Ulisses, não estou dizendo isso. Mas acho que seria interessante pro Otávio uma conversa com algum psicólogo, alguém melhor capacitado pra lidar com isso. Aqui na escola a gente faz o que pode. É bom que em casa ele também seja bem orientado.

ULISSES: - Entendo...

IVETE: - Com licença. Bom dia.

ULISSES: - Obrigado.

A professora se afasta. Ulisses fica pensativo.

OTÁVIO (na janela do carro): - Vem pai! Vamos logo!

ULISSES: - Já vou filho! Estou indo... (pensativo) Psicólogo...

CENA 10. PORTUGAL. CENTRO DE ESTUDOS. INT. DIA.

Raquel vai saindo do centro de estudos, quando Joaquim a alcança.

JOAQUIM: - E então, o que achou deste primeiro dia, Raquel?

RAQUEL: - Sabe que, eu de início fiquei com medo de encarar. Agora eu me pergunto porque demorei tanto pra vir! (risos)

JOAQUIM: - Que bom que gostou! Se quiser, podemos ir para a minha casa e eu te mostro mais coisas do curso. Não é bem uma casa, é um pequeno apartamento no centro da cidade, mas muito confortável e... (pausa)

RAQUEL: - Obrigada, Joaquim, mas depois de um dia intenso de estudo e tantas novidades, eu prefiro ir para o meu apartamento, descansar um pouco. Deixamos para outro dia, que tal?

JOAQUIM: - Claro, claro. Mas não vamos demorar muito!... É tão bom estar na tua companhia. És uma moça muito especial, Raquel. (a beija no rosto, carinhoso)

RAQUEL (meiga/simpática): - Obrigada! Você também, Joaquim, é uma companhia maravilhosa. Obrigada mesmo, pela recepção e atenção.

Joaquim sorri, feliz. Aos poucos vai se afastando de Raquel, saindo do centro de estudos e indo embora. Raquel caminha devagar, em direção ao portão, quando Henrique se aproxima dela.

HENRIQUE: - Então você também estuda aqui...

RAQUEL: - Gastronomia. E você?

HENRIQUE: - Agronomia.

Silêncio.

RAQUEL / HENRIQUE: - Você é do Brasil, não é?

Os dois riem.

HENRIQUE: - Por favor, fale você.

RAQUEL: - De São Paulo, capital.

HENRIQUE: - É muita coincidência! Eu também!

RAQUEL: - Sério?!

HENRIQUE: - Sério! Paulistano da gema! (risos) Me chamo Henrique.

RAQUEL: - Prazer, Henrique. Sou Raquel.

HENRIQUE: - Lindo nome. Como você.

RAQUEL: - Obrigada... (sorri, encabulada)

HENRIQUE: - Desculpa, eu não quis te deixar com vergonha. Na verdade, eu vim aqui te chamar pra dar uma volta, conhecer um pouco da cidade. Que tal?

RAQUEL: - Ai, Henrique, sabe o que é? Eu acabei de recusar um convite pra sair, estou morrendo de vontade de descansar, chegar em casa, sabe?

HENRIQUE: - Convite pra sair é? Sei... Aquele cara é seu namorado?

RAQUEL: - O Joaquim? Não... Ele é um amigo, fiz hoje também! Colega do curso, só isso.

HENRIQUE: - Então não tem problema. Aceita o meu convite. Um pedido de desculpas. Por favor?

RAQUEL: - Tudo bem, eu aceito... O que você vai me mostrar para eu conhecer aqui?

HENRIQUE: - Não sei! Também não conheço Lisboa.

Os dois riem.

HENRIQUE: - Vamos?

RAQUEL: - Claro!

(fade in “Entre Olhares” – Ana Carolina) Os dois saem do centro, conversando, animados. Clima de flerte.

CENA 11. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER

Imagens de São Paulo ao anoitecer. Mostra o Monumento aos Bandeirantes, a Avenida Paulista iluminada. (fade out “Entre Olhares” – Ana Carolina)

CENA 12. RESTAURANTE GOURMET PAULISTA. INT. NOITE.

Lenara, Jaqueline, Claude e Monique na mesa. Lenara retocando a maquiagem.

MONIQUE: - Está tão linda, Lenara. Vai sair é?

LENARA: - Gostou?!

MONIQUE: - Adorei!

LENARA: - Tenho uma reunião importante.

JAQUELINE: - Reunião é? Sei... (risos)

LENARA: - Para Jaque! (risos) Ah, vou dar uma volta sim. Estou viva né gente!

CLAUDE: - Falando em vida, como deve estar a Raquel hein?

JAQUELINE: - Curtindo Lisboa com tudo o que tem direito!

MONIQUE: - Já falaram com ela?

LENARA: - Eu ainda não.

JAQUELINE: - Falei só pela manhã, antes dela ir pra aula. Estava super nervosa, mas amando tudo.

CLAUDE: - Então eu fiz certo em dar pra ela a bolsa de estudos. Ela vai aproveitar bem mais do que eu.

LENARA: - Falando em aproveitar, eu quero aproveitar aqui e dizer pra vocês que o Prêmio Designer Paulista está chegando e eu quero vocês, meus amigos amados, todos lá hein!

MONIQUE: - Eu também?

LENARA: - Sim, Monique, você também! Já separarei o convite de todos. Como a Raquel não está, você pode ficar com o convite dela. Todos podem levar um acompanhante, se quiserem.

JAQUELINE: - Que ótimo, Lenara! Onde vai ser?

LENARA: - Memorial da América Latina.

CLAUDE: - Que luxo! É claro que vou! Vou torcer e muito por você ser a vencedora.

LENARA: - Tô pra dizer pra vocês que eu já me sinto vitoriosa.

JAQUELINE: - Claro, amiga, te entendo. Só o fato de participar, de ser indicada, já é uma vitória mesmo.

LENARA: - Não, Jaque! Quando eu digo vitoriosa, eu quero dizer que já estou com o prêmio na mão! (risos)

MONIQUE: - Nossa, quanta confiança!

LENARA: - É convicção, Monique. (levanta-se) Vou indo nessa pessoal. Beijos, beijos!

CLAUDE: - Divirta-se!

JAQUELINE: - Beijos!

Lenara sai.

MONIQUE: - Quanta convicção!

CLAUDE: - E você, Jaque? O que tem feito?

JAQUELINE: - Estou estudando um material... Nova exposição.

CLAUDE: - É sério? Que legal!

JAQUELINE: - Sobre a periferia. Amanhã mesmo estou indo pra zona leste. Itaquera. Tirar umas fotos, sentir o clima do lugar. Quero fazer um trabalho bem bacana. Realmente estou inspirada.

MONIQUE: - Vai ser um sucesso!

JAQUELINE: - Assim espero, Monique!

Os três seguem conversando, animados.

CENA 13. ALOJAMENTO ITACLUB. QUARTO. INT. NOITE

Daniel, Macedão e Marcelo conversam.

MACEDÃO: - Agora que a tua suspensão acabou, você precisa tomar jeito, Daniel. Esse comportamento irresponsável não pode continuar. Senão atrapalha a tua vida.

DANIEL: - Mas mesmo eu sendo assim do jeito que eu sou, o cara lá não ficou interessado em mim? Então!

MACEDÃO: - Mas é melhor não ficar contando sempre com a sorte, rapaz. É bom às vezes fazer por merecer.

MARCELO: - A sorte é inevitável, Macedão. Eu to aqui ralando, dando duro no campo e nada de reconhecimento.

MACEDÃO: - Tu é um dos melhores aqui dentro, Marcelo!

MARCELO: - Mas eu não quero viver pra sempre no Itaclube! Quantos olheiros já passaram por aqui e eu saio do lugar! Suando no sol, comendo grama. E nada! Vai dizer que a sorte não poderia sorrir pra mim uma vez sequer?

Macedão se cala.

MARCELO: - Eu vou dar uma volta, preciso relaxar um pouco.

MACEDÃO: - É bom. Você ta muito esquentadinho.

Marcelo pega a chave do carro na mesa.

MACEDAO: - Não vai beber e dirigir!

Marcelo sai.

DANIEL: - Ih, ele nem me convidou pra sair.

MACEDÃO: - Deixa, ele precisa relaxar. Até é bom que saia sozinho.

DANIEL: - Às vezes eu sinto que o Marcelo se incomoda um pouco comigo, sabe? Com o sucesso que eu tenho aqui no clube, no vestiário.

MACEDÃO: - Mas ele é seu amigo, Daniel. Não tem porque ele se incomodar com isso.

DANIEL: - Sei lá. Eu também acho, mas às vezes eu fico meio assim...

MACEDÃO: - Você tem que pensar é no seu futuro... Olha só, nos próximos dias, é pra chegar aqui um empresário de futebol, destes poderosos. Vai vir fazer uma seleção.

DANIEL: - Seleção?

MACEDÃO: - É, tipo uma pré-seletiva, pra participar de uma peneira mais qualificada... No Cortinthians.

DANIEL (surpreso): - No Cortinthians?! (eufórico) tem certeza, professor?!

MACEDÃO: - Claro que tenho! Mas olha só, não da pra espalhar muito. Ainda estamos acertando essa visita, não ta confirmada cem por cento. Mas eu só to te falando porque eu acredito que você pode passar e se Deus quiser, ir para um time grande!

DANIEL: - Imagina eu no Corinthians, professor! Eu ídolo do Timão!

Daniel fica visionário, feliz.

CENA 14. AVENIDA. EXT. NOITE.

(sobe trilha “Além da Nova Ordem” – Julio Serrano) Marcelo dirige seu carro pela avenida, pensativo, olhar tenso, passando pelas calçadas. Mulheres, de roupas justas, se insinuam.

Marcelo para o carro numa esquina. Uma mulher se aproxima do carro. Marcelo baixa o vidro do carona. CAM revela Fernanda.

FERNANDA: - Afim de companhia, gato?

Marcelo a encara. Fernanda se surpreende com olhar de Marcelo.

MARCELO: - Entra aí.

Fernanda hesita, pensativa.

MARCELO: - O que foi? Não vai entrar?

FERNANDA: - Vou sim, claro.

Fernanda entra no carro e eles vão embora. (fade in trilha “Além da Nova Ordem” – Julio Serrano)

CENA 15. FLAT. QUARTO. INT. NOITE.

(fade out trilha “Além da Nova Ordem” – Julio Serrano) Plano geral de um flat de luxo. A campainha toca. Aroldo, usando apenas um roupão, sai do quarto e vai atender a porta. Ao abrir, CAM foca em Lenara, que está usando um vestido curto, vermelho, maquiada e com ar sensual. Ela sorri.

AROLDO: - Uma mulher de palavra. Gostei.

LENARA: - Eu não disse que poderia confiar? Agora eu quero a sua palavra. O prêmio vai ser meu?

AROLDO: - Antes disso você precisa cumprir a sua parte no trato... Esqueceu que é por isso que você está aqui?

Lenara entra no flat. Aroldo fecha a porta e logo abraça Lenara por trás, beijando seu pescoço. Ela se vira para ele e o beija na boca, lasciva.

LENARA: - O meu corpo em troca do prêmio.

AROLDO: - Esse prêmio já é seu, minha linda. Já é seu!

Aroldo agarra Lenara e os dois vão indo, aos beijos e amassos em direção ao quarto, onde Aroldo deita Lenara na cama e vai levantando seu vestido, até que ela fique apenas de lingerie. Ele a observa, com desejo. Em seguida, deita sobre ela e a beija, distribuindo carícias por todo o corpo dela. CAM foca no rosto de Lenara. Olhar firme, sem grande emoção.

CENA 16. PORTUGAL. LISBOA. CENTRO. EXT. NOITE.

Henrique e Raquel passeiam pelas ruas de Portugal, tomando sorvete.

RAQUEL: - Então você veio pra cá mais por um pedido do seu pai do que por vontade própria...

HENRIQUE: - É, digamos que sim. Eu não queria ter saído de São Paulo, pelo menos não agora. Meu pai teve um problema de saúde dias antes de eu viajar. Ele já estava recuperado, mas sabe quando fica aquela pontinha de preocupação?

RAQUEL: - Sei sim. A gente viaja com o coração na mão... eu já não tava com essa preocupação não, mas estava nervosa. Nunca saí de São Paulo! E aí, de repente... Lisboa, Portugal... (ergue os braços) Europa!

Raquel gira, de olhos fechados, sentindo a brisa em seu rosto. Henrique a observa, encantado. Raquel para de girar, seu olhar encontra o olhar de Henrique.

RAQUEL: - Está me achando uma louca, não é?

HENRIQUE: - Estou te achando linda.

(sobe trilha “Entre Olhares” – Ana Carolina) Henrique se aproxima de Raquel, sua mão toca na mão dela. Os dois ficam a se olhar.

HENRIQUE: - Te achando encantadora.

RAQUEL: - Eu acho que girei demais e fiquei um pouco tonta.

Henrique a envolve em seus braços.

HENRIQUE: - Pronto. Aqui você está segura.

RAQUEL: - Era tudo o que eu mais queria agora. Me sentir segura.

HENRIQUE: - E está?

RAQUEL: - Acho que sim... E muito mais que isso.

Henrique acaricia o rosto de Raquel, que fecha os olhos suavemente, sentindo o toque dos dedos de Henrique em sua pele. Henrique a segura pela nuca. Os dois se aproximam e se beijam, em plena calçada, no centro. Um beijo apaixonado, envolvente, com muita vontade e afeto. (fade in “Entre Olhares” – Ana Carolina)

Num dos prédios da rua, está Joaquim, que observa, da janela de seu apartamento, entristecido, o beijo de Henrique e Raquel.


novela de
Édy Dutra
 
elenco
Juliana Alves como Raquel
Guilherme Winter como Henrique
Christine Fernandes como Lenara
Júlio Rocha como Humberto
 
Daniele Suzuki como Jaqueline
Jonathan Haagensen como Daniel
Cláudio Lins como Ulisses
Rodrigo Hilbert como Robson
Cinara Leal como Bárbara
Carlos Casagrande como Claude
Diego Cristo como Joaquim
 
Erika Januza como Aimée
Liliana Castro como Fernanda
Léo Rosa como Marcelo
Aline Dias como Stefany
Cecília Dassi como Carol
Luiz Otávio Fernandes como Nuno
Renata Castro Barbosa como Salete
Bernardo Mesquita como Cássio
Jonatas Faro como Igor
Odilon Wagner como Carlos
 
Rodrigo dos Santos como Barreto
Patrícia Werneck como Monique
Karina Bacchi como Keylla Mara
Nando Cunha como Candinho
Sérgio Guindane como Leopardo
Letícia Colin como Rita
Luiz Felipe Mello como Otávio
Maria Pinna como Lisa
 
atrizes convidadas
Carolina Ferraz como Paula
Regina Braga como Maria Alice
Aída Leiner como Tarsíla
Tânia Alves como Zuleica
Zezé Motta como Rosa

atores convidados
Zé Carlos Machado como Donato
Aílton Graça como Macedão
Nuno Leal Maia como Jair
Jean Pierre Noher como Santiago
 
Malu Galli como Dalva
Sônia Braga como Vilma
Reginaldo Faria como Gurgel
 
trilha sonora
Entre Olhares – Ana Carolina
Além da Nova Ordem – Julio Serrano
 
produção
 Bruno Olsen
 Diogo de Castro
 Israel Lima
        

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.



REALIZAÇÃO



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