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Antologia Lua Negra: 3x04 - O Lobo do Homem

Conto de David Saches
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Sinopse: Todo ser humano esconde seus desejos. A moral aprisiona-os dentro de uma caixa no inconsciente e não os permite sair. Entretanto, quando a Lua Negra aparece, tudo vem à tona. Toda verdade se revela e o ser humano conhece quem realmente ele é.


O Lobo do Homem
de David Saches

 

Luís bufou. Estava sem vontade de ir ao trabalho hoje. Na verdade, estava sentindo isso há bastante tempo. Era professor de uma turma especial, de jovens e adultos, no turno da noite, de uma escola que ficava no bairro de Brasília Teimosa. Apesar dos alunos terem idade avançada em relação às turmas do ensino fundamental, os alunos do sexto ano pareciam ter mais maturidade do que eles.

Mesmo sem vontade, passou pela porta da escola.

            Não estava de noite ainda, o céu estava pintado de tons azuis, vermelhos e lilases com toque angelical por conta do dourado e das nuvens. Era um céu preguiçoso, querendo dormir. Todavia, o que Luís estava esperando mesmo era a Lua.

            Hoje acontece um fenômeno bastante intrigante para a população: a Lua Negra. Muitos não sabiam muito bem o que era, dentre eles, estavam seus alunos. Notavam o céu ficar um pouco menos claro e só.

Luís respirou fundo e colocou um sorriso no rosto falando a si mesmo que estava tentando ser um bom professor, havia trazido até um telescópio! Qual professor leva um telescópio para aula? Isso, sim, era de se admirar. Seu interior estava murcho só de pensar que teria que passar metade da aula pedindo silêncio, mas seu exterior aparentava alegria, felicidade, vontade de dar aula.

            Passou pelo porteiro e seguiu até a sala de aula.

            Sua testa estava suada pela pequena corridinha que deu. A escola era muito precária e não tinha estacionamento. Como Luís morava em um bairro afastado, sempre vinha de carro. Porém, ele sabia que o motivo maior era a violência do bairro. Além do seu turno ser noturno, seus alunos relataram coisas horríveis como ver uma pessoa morta na porta de casa, tiroteio no meio da noite, e eles falavam isso de forma natural, como se fizesse parte do cotidiano. Então, Luís estacionava bem em frente à uma casa próxima da escola, para disfarçar que o carro pertencia a um morador da casa e dava uma corridinha. A rua sempre estava deserta, o que piorava sua situação.

            Todo dia ele rezava para que fosse chamado ao outro processo seletivo que passou.

            Colocou suas coisas no birô. Virou-se para falar com a turma e viu que só havia duas pessoas na sala, e uma delas estava com a cabeça abaixada dormindo em cima da banca. A outra era Mariana, a crente.

            — Boa noite, professor — disse ela, ajeitando seus óculos fundo de garrafa.

            — Boa noite, Mari. Tudo bem?

            Luís foi se organizando enquanto esperava a resposta. Tirou do seu estojo o piloto e o apagador de quadro branco. Tinha os seus porquês a escola ofertava apenas um lápis por ano, e ele utilizava bastante, rapidamente acabava a tinta. Além de ganhar pouco, precisava tirar do seu próprio bolso para conseguir dar uma aula decente.

            — Tô meio assim, né — respondeu Mariana. — Ontem teve um tiroteio perto de casa, fiquei muito preocupada. Não aconteceu nada comigo nem com meu filho, mas de manhã eu vi as marcas dos tiros pelas paredes. Um quase perfurou a parede e entrou em casa.

            — Nossa, Mariana! Sinto muito.

            — Tudo bem. Gostaria só de poder largar mais cedo, tô com medo de sair tarde e acontecer de novo.

            — Claro, claro! Sem problemas. Vou liberar a turma mais cedo.

            Aos poucos os outros alunos chegaram. Imediatamente Luís foi reconhecendo cada um, como cada estudante se comportava em sala de aula. Arlene era meiga e sempre voltava para casa com Mariana. André era o pestinha da sala. Luís tinha um ódio interno — que tentava esconder — pelo aluno. André já estava chegando aos cinquenta anos, era um homem viril, que não baixava a bola, muito respeitado no meio que estava. Ele tirava onda com tudo, porém ninguém podia fazer o mesmo com ele, senão a pessoa sairia toda roxa ou morta. Educadamente, Luís falou um oi sem nem olhar nos olhos dele. Patrícia, Cecília e Sara fizeram-se presentes também. O trio da conversa.

            O máximo de alunos que dava as caras era esse mesmo, às vezes outros apareciam, entretanto, não era sempre porque muitos trabalhavam o dia todo e chegavam cansados em casa. Luís tinha que se virar com o que tinha. Afinal, estava ganhando por isso. Mesmo que pouco.

            — Boa noite, pessoal — começou sua oratória.

            Alguns responderam — na verdade, só Mariana que respondia às perguntas de Luís —, enquanto outros reviraram os olhos, claramente sem vontade de participar da aula.

            — A aula hoje será diferente. Finalmente iremos entender esse tal fenômeno místico da Lua Negra. Venham comigo porque a aula será lá fora, onde o céu é visível.

            Luís pegou seu telescópio e seu telefone. Chamou os alunos novamente, tentando passar alguma fagulha de entusiasmo, mas foi tudo em vão.

            — Não tem como mostrar daqui? — Bufou Sara. — Tô com preguiça de me levantar.

            — É, professor. Coloca alguma imagem na televisão, fica melhor — reforçou Cecília.

            Patrícia fez que sim com a cabeça em apoio às amigas.

            — Não acredito, a aula apenas começou! Deixem de preguiça — Luís falou, mas nem ele mesmo acreditou em suas palavras.

            Depois de um tempo, sem nenhum aluno falar nada, um som de ronco soou alto vindo do fundo da sala. André sem perder tempo soltou uma gracinha:

            — A aula começou agora e o Zé já tá dormindo.

            Luís sabia que aquilo era uma piada, porém conhecia seu aluno, por isso aquilo doeu muito no interior do seu ego. Por um milésimo de segundo, Luís pensou em arremessar o telescópio em André. Felizmente, foi rápido o suficiente para que seu cérebro bloqueasse o pensamento e evitasse um processo. Entretanto, Luís se assustou com o que acabara de pensar.

            Seria eu capaz de fazer isso?

            Respirou fundo.

            Como todo professor, ele tinha que ter uma carta na manga. Algo que seus alunos gostassem bastante, algo que faria com que eles se levantassem das poltronas e o seguisse até o pátio da escola.

            — Quem for comigo ganha um ponto na prova.

            A preguiça de Sara sumiu no mesmo instante. Rapidamente ela convenceu as amigas, o que não demandou nenhum esforço visto que elas também queriam — e precisavam — daquele ponto. Todos se levantaram, até o André, mas não antes de olhar ao redor e perceber que ficaria sozinho.

            Mesmo não sendo saudável, Luís ficou feliz. Talvez os alunos ficassem mal-acostumados com aquele ato, porém de nada adiantaria todo material que havia preparado para eles. O foco era ensinar, não era?

            Todos foram lá para fora. Em silêncio, fora os cochichos das meninas, andaram devagar até o centro do pátio. Luís posicionou o telescópio em um local sem nuvens. Como não havia muita luz vinda da Lua, ficou agradável ver o contorno dela.

            Ela possuía uma luz avermelhada. Era negra com uma aura em tom de vinho. Algo muito bonito de se ver. Entretanto, só era possível ver essa beleza com o dispositivo. A olho nu, a Lua só estava um pouco escura mesmo.

            Luís também conseguiu ver a delícia que seria machucar André com suas próprias mãos. Quem ele pensa que é para falar assim? Eu sou seu professor! Mereço respeito. Ele imaginou a cena anterior se tornando realidade. O telescópio voando até atingir a cara do André.

            Luís sorriu.

            — Hã… professor? — Chamou uma voz.

            Luís voltou a si e percebeu que era a vez dos meninos terem suas oportunidades também.

            Por um instante, a vergonha pelos seus pensamentos anteriores o invadiu. Não estava reconhecendo de onde vinha aquele desejo. Era algo que ele nunca pensou na vida! Não gostar é uma coisa, mas querer que aquela pessoa sofra é outra totalmente diferente.

            — Certo. O que vocês verão é algo inédito. Não dá para enxergar a Lua Negra sem ter um telescópio que permita aproximar sua imagem. Então, aproveitem!

            Ele fez um gesto para que os alunos se aproximassem. Um por um até todos darem uma rápida olhadela. Vários “Os” e “As” surgiram ao olhar o fenômeno. Luís sentiu aquele pequeno prazer que todo professor sente quando seu estudante finalmente se interessa por sua matéria, achando-a intrigante.

            — O que você vê, André? — Pergunta Luís.

            — Nada — respondeu, simplesmente.

            Luís franze o cenho.

            — Como assim “nada”? Deixe-me ver, talvez tenha saído do eixo.

            Nesse momento, enquanto Luís está colocando a lente perto do olho, André dá um empurrão em sua cabeça, fazendo o telescópio machucar o professor. André começa a rir da situação. Sara até dá uma risadinha, mas logo para. Mariana pergunta como o professor está e ele ergue a mão.

            — Seu velho imbecil. Tem mais de cinquenta anos e está agindo feito um moleque de dez. Meus antigos alunos do maternal eram mais maduros que você. Seu merda.

            Assim que as palavras saíram da boca de Luís ele arregalou os olhos de susto. Entretanto, mesmo sendo totalmente antiprofissional, ele não sentiu nenhum pingo de remorso dessa vez. O empurrão que André inferiu sobre ele autorizou qualquer ato que Luís pudesse realizar. E ele estava com vontade de fazer várias coisas más nessa noite.

Na verdade, ele se sentia fortalecido, como se pudesse fazer tudo que quisesse. Tinha algo superior sobre eles. Sentiu que a Lua falava algo que apenas seu corpo conseguia traduzir. Suas palavras possuíam forças. Uma energia muito forte. Luís sentiu a Lua o libertar de suas amarras humanas. A Lua Negra tinha esse tipo de poder. Possui energia suficiente para despertar o animal que vivia dentro de cada ser humano.

            Patrícia e Cecília começaram a gritar “briga, briga”, enquanto Sara falava para Luís bater em André, isso tudo como se todos fossem amigos que brigam depois da aula. Até Arlene estava incentivando o ódio.

            André, ao ouvir as palavras, fez uma cara feia e partiu para cima do professor. De prontidão, Luís se protegeu com o telescópio, atingindo André no braço, que logo conseguiu segurar o objeto e jogá-lo longe.

Luís lembrou do que seu pai sempre falava sobre os locais que ele trabalhava, mostrava sempre as reportagens de jornal e todas falavam de assassinatos. Obviamente, Luís ficou com medo, mas tinha que trabalhar, não podia deixar de juntar seu dinheiro para voar para outro país. Não sabia qual ainda, apenas sabia que precisava ser tranquilo e bom de se morar.

            Por saber que o filho trabalhava na terceira periferia mais perigosa da Região Metropolitana do Recife, o pai de Luís, Marcelo, policial aposentado, lhe emprestou sua arma como proteção. Falou um pouco que para aquele lado tinha uma facção criminosa muito forte, Bala na Cara. Disse para ele não se meter na briga de ninguém e ficar na sua. Sabia, depois de quarenta anos na polícia, como se comportar no meio das comunidades perigosas. Ensinou também ao filho a atirar e tudo mais. Marcelo sempre alertou o filho para ficar de olho e só sacar a arma em momento de emergência, pois podia ser preso por porte ilegal de arma.

            Mas do jeito que André estava atacando, esse parecia um belo momento para sacá-la.

            Porém, ela estava na bolsa.

            — Quem é o merda agora, hein? — Gritou André dando um murro na mandíbula de Luís.

            Luís cai no chão um pouco desorientado. Respira fundo e logo está de volta ao jogo. Mas dessa vez André tinha algo mais pontudo em suas mãos. Um objeto afilado em tom de cinza e vermelho vinho vindos da Lua. Uma faca.

            As garotas pareciam não ligar para o objeto. Continuaram a torcer como ótimas animadoras de torcidas.

            Quanto mais tempo eles ficavam sob a luz do luar, mais forte era o efeito da Lua Negra. Efeito de tornar o ser humano um animal irracional novamente. Todos agora eram reféns dos seus próprios desejos primitivos.

            A raiva domina o corpo de Luís. Não iria fugir só porque aquele homem apareceu com uma faquinha na sua frente. Não era a vez de Luís morrer — ele pensava — porque a Europa o esperava. Paris o esperava. Grandes sonhos e grandes conquistas o esperavam.

Ele tinha que deter André.

            André pulou para cima de Luís, que se esquivou com sucesso, e aproveitou para empurrar seu adversário para o lado, levando-o ao chão. Enquanto André tentava se levantar, Luís correu para dentro da sala de aula e procurou a arma do seu pai. Abriu o zíper da bolsa em um segundo, mexeu pra lá e para cá, porém nada achou. Com um susto, André aparece logo atrás dele com a faca em punho estendida. O objeto cortante entra com dificuldade nas costas do professor, causando uma tremenda dor em seu corpo.

            Luís tosse sangue.

            Ele olha diretamente para o olhar de André, percebe fúria, raiva descontrolada. Raiva de um animal em temporada de caça. Uma faísca de medo pulsou em seu corpo por um segundo porque viu o sangue sair de sua boca e cair na mesa, mas logo foi colocada em uma caixa fechada bem distante da sua consciência. Luís queria se vingar, da pior forma possível.

            A energia que a Lua emanava sobre os corpos daqueles presentes era forte o suficiente para cegá-los moralmente. Nem de perto eles pareciam seres humanos normais. Eram monstros, seres animalescos com voracidade de um leão.

            André afundou mais ainda a faca até quase sair do outro lado do ombro de Luís. Mesmo com a profundidade do ferimento, Luís não sentia dor nenhuma. Seu corpo estava quente. Quente e vermelho. Possuía uma suave aura em tom avermelhado, assim como a lua. Quase como se a Lua o estivesse abençoando.

            Luís tateou até encontrar a arma. Seu sorriso se abriu assim que sentiu o cabo dela. Olhou de lado, percebeu que André havia achado que tinha vencido, e aproveitou o vacilo do seu aluno para golpeá-lo com a cabeça. André recebe o choque no teste e toda sua visão fica escura por um momento.

            Patrícia, Cecília e Sara continuaram a gritar para que os dois machos alfa briguem até a morte. Lutem para defender sua honra. Luís gostou da torcida. Sente tesão por ser o rei da selva e ter suas leoas ao seu lado. Aquele espaço era dele. Mirou o cano da arma em direção a cabeça de André.

            — E agora, o que você vai fazer? Seu merda.

            André, que estava com as mãos nos olhos e com a cabeça abaixada, levanta-se tão rápido que Luís não percebe, empurra o braço do professor que segura a arma para o lado, e um tiro escapa atingindo Arlene.

            Mariana começa a chorar. Grita desesperadamente. De primeira parece que é pela morte da amiga, mas depois o grito parece de tortura, de dor. Luís tenta se livrar do braço de André e percebe que o tiro atravessou Arlene e atingiu Mariana no braço esquerdo.

            Mas isso não importa.

Não agora.

            André aproveita que está longe da mira para poder morder o braço de Luís. Seus dentes cravaram com força a pele macia, rasgando-a facilmente. E com o braço livre ele puxa a faca das costas do professor.

            A luta continua intensa. Luís está ofegante por conta de toda a ação. Seu sangue pulsa quente em suas veias. Ele sente que tem o poder dentro de si. Entretanto, sente também que esse poder está vindo de outro lugar. Mesmo com a pele triturada, ele não sente dor, está em um nível suportável. A raiva prevalece sobre a dor.

            Algo atrapalha a briga dos dois.

            — Você está torcendo para o André? — Perguntou uma voz aguda-irritante que só podia ser da Sara.

            — Eu não! O professor que vai ganhar — respondeu outra voz feminina, um pouco mais grave.

            Luís escuta as garotas levantarem sua voz até que outra briga se forma dentro da sala. E se a briga dos leões é violenta, a das leoas parece uma carnificina. Sara puxa o cabelo de Cecília com força, forçando seu rosto a quase cheirar o chão, enquanto Patrícia chuta a barriga dela chamando-a de vários nomes.

            Ninguém nota, mas o garoto que estava dormindo no canto acordou. Ele está olhando para os colegas de classe sem entender nada. Mas aos poucos o efeito da Lua Negra penetra seus poros, corre pela sua corrente sanguínea e infiltra seu cérebro. Até que Cecília empurra Sara e ela cai em cima do menino.

            Ele se descontrola.

            Do outro lado da sala, André tenta puxar a arma de Luís, que se esquiva dos golpes de faca. André tenta acertar o rosto do seu adversário, mas não tem êxito. Luís se move rapidamente. Toda vez que André dá uma investida, Luís se abaixa. Porém, depois de duas tentativas, André consegue desferir outro golpe no professor.

Luís vira a arma um pouco para o lado, o suficiente para o cano mirar o corpo do aluno e apertar o gatilho.

            Uma coisa que é comum na turma da noite é um dos alunos ser filiado a alguma gangue local. Não são todos, mas sempre tem um. Principalmente na comunidade de Brasília Teimosa. Esse local dá medo até para os moradores.

            A gangue Bala na Cara era perversa. Dizem que começou com um dos moradores após ser assaltado em frente à sua casa e decidiu se vingar. Por isso ele resolveu criar sua própria máfia em conjunto com mais dois amigos. Conseguir armas era fácil, munição também. Faltava apenas encontrar o sujeito que fez aquilo com o líder.

            Muitos meses se passaram. Bala na Cara começou a abordar algumas pessoas na moto, depois pessoas que voltavam para casa tarde da noite até que a abordagem passou a acontecer de manhã. Depois tudo desandou. A cada mês que se passavam, o líder via sua moral diminuir. Ele queria olhar bem nos olhos do sujeito que lhe roubou e tirar sua vida lentamente.

            E conseguiu.

            Após aproximadamente dois anos e três meses eles encontraram o sujeito. Ele já havia saído do crime, construiu uma família com três filhos, vivia em uma casa humilde no bairro vizinho, no Pina, frequentava a igreja evangélica e rezava, pedindo a Deus perdão pelos seus pecados.

            Entretanto, o líder o matou mesmo assim.

            Do jeito que planejou.

            Depois sua gangue ficou responsável por realizar pequenos furtos na comunidade para que ninguém perdesse o costume. Para que todos soubessem quem estava no comando. O líder resolveu dar um rumo em sua vida. Decidiu voltar a estudar.

            Infelizmente, ele estudava nessa turma.

            Assim que Sara caiu em cima dele, ele pegou o rosto dela com as mãos e o esmurrou. Várias vezes. Quando a garota caiu inconsciente no chão ele se virou para atacar os outros. Estava vermelho de raiva.

            Luís não sentiu, mas o corte que André fizera em seu pescoço estava ficando maior a cada respiração, o que fazia mais sangue escorrer. Já André jazia no chão com uma marca vermelha no peito.

            O professor, em seus últimos suspiros de vida, olhou para a sala de aula toda destruída. Havia sangue para todo lado. Cheiro de violência. Um calafrio percorreu seu corpo. Percebeu que o menino que vivia dormindo estava em pé apontando uma arma automática para as meninas. Escutou alguns tiros e corpos batendo no chão. Logo em seguida o garoto se virou para ele e o matou.

            A Lua Negra ficava mais brilhante a cada morte. Sua aura vermelha aumentou com o derramamento de sangue ocorrido naquela escola. E seu brilho desperta o pior do ser humano, o que é a melhor coisa para ela. Porque a cada gota de sangue derramado dos homens fracos, ela ficava maior, mais poderosa, mais impiedosa.


Conto escrito por
David Saches

CAL - Comissão de Autores Literários
Agnes Izumi Nagashima
Alex Xela Lima
Eliane Rodrigues
Francisco Caetano 
Gisela Lopes Peçanha
Lígia Diniz Donega
Márcio André Silva Garcia
Paulo Luís Ferreira
Pedro Panhoca
Rosside Rodrigues Machado

Produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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