Boletim Virtual - 10x01: Entrevista com Gabriel Rezende (Season Premiere) - WebTV - Compartilhar leitura está em nosso DNA

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Boletim Virtual - 10x01: Entrevista com Gabriel Rezende (Season Premiere)

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CONFIRA O QUE VEM POR AÍ NA ESTREIA DA 10ª TEMPORADA DO BOLETIM VIRTUAL:

- Eu busco inspiração nas pessoas que conheço. E preciso de silêncio na hora que escrevo, porque me distraio facilmente, diz Gabriel Rezende no Diário do Autor
- Trio assina a nova série da WebTV, Rajax promove estreias, Conheça o diretor de dramaturgia literária da WebTV, CyberTV troca de nome, Start e muito mais no Giro Virtual com Ritinha
- Visão Crítica analisa 'Dom' que vem dando o que falar no MV com Marcelo Delpkin
O quarteto literário "Máquinas Mortais" de Philip Reeve no Estante Literária com Davi Busquet
- Uma análise aos indicados ao Oscar 2021 de roteiro adaptado com Hans Kaupfmann no Entrelinhas.



  BOLETIM VIRTUAL - 10x01
 (SEXTA, 09 DE ABRIL DE 2021)

   


TRIO ASSINA A NOVA SÉRIE DA WEBTV, CONHEÇA O DIRETOR DE DRAMATURGIA LITERÁRIA DA WEBTV, RAJAX LANÇA NOVA PROGRAMAÇÃO, CYBERTV MUDA DE NOME, SUSPENSE NA WEBTV - por RITINHA

RITINHA: Oieeeee, meninas e meninos. Turo bom? Sejam bem-vindos à décima, pera, décima? Menina, to passada. O BV - Boletim Virtual completa 9 aninhos em setembro. Uau. Enquanto isso, vamos trabalhando. Vai começar a DÉCIMA TEMPORADA do BV. Alô, meu povo. Que coisa linda de VIVER, não é mesmo? Tô emocionada.


Hoje tenho cada BABADO pra contar, Natália. Vem comigooooo que hoje eu to bandida. Sabe?



Olha ele I

Lurdinha, cê tá sabendo menina? O Carlos Mota é o diretor de dramaturgia literária da WebTV. O acordo foi fechado no finalzinho do ano passado e desde então ele vem trabalhando. Inclusive já tem obra aprovada. E essa notícia é uma exclusividade aqui do Giro Virtual. Tô tão feliz, Larissa. Me segura que eu tenho mais babadoooo e mais notícias exclusivas. 


Ariela, a língua da menina aqui tá afiadíssima, falo mesmo. E se achar ruim me coloca no paredãoooooh.


Olha ele II

Carlinha, falando no Mota, ele é o autor da próxima novela da emissora. "O Desbravador de Identidades" tem estreia agendada para o dia 23 de abril. A novela vai dividir o horário com Flor-de-Cera que chega ao fim no dia 24 de abril.


Olha ele III

Tô cheia de informantes, viu? Fiquei sabendo que a gravação do Avant Premiere "O Desbravador de Identidades" ocorreu no último sabadão, dia 3 e será exibida antes da estreia da novela. A apresentação ficou sob o comando do icônico e irreverente Édy Dutra.


Mudou

Alice, a CyberTV entrou em hiatus no final do ano e voltou em janeiro com novidades. A principal foi a troca de nome, agora o site se chama "widcyber" e segue publicando histórias e entretenimento.


Adiou

Brigida, cê ficou sabendo fia? O Mega Awards na votação popular foi adiado. Inicialmente agendado para o dia 15 de fevereiro, o dia chegou, passou e nada aconteceu.


Start I

WebTV, a senhora apertou o sinal verde, hein? Depois de produzir 3 edições consecutivas do Troféu Imprensa Virtual (2017, 2018 e 2019) e 2 edições do Troféu Mundo Virtual (2019 e 2020), no ano passado, a rede mais antiga do MV deu uma pausa pra respirar. Agora os bastidores da emissora voltaram a ganhar movimento. Foi dado o start na produção do TIV 2020. A organização da 8ª edição do evento reúne o boss Gabito, a loirinha do blog Zih e o veterano que voltou ao MV Bruninho Kaelum. Cada jurado recebeu seu bloco com as categorias e já estão avaliando as produções.


Start II

Alô, MV. Agora que os trabalhos tão fluindo, a equipe do TIV 2021 se reuniu e estão analisando as produções inscritas. Logo depois de concluir a análise, será aberta a votação popular que terá a duração de 30 dias, isso mesmo, é pra cansar o dedo de tanto votar, não quero ver ninguém chorando porque não ganhou o prêmio, viu? Depois, que passar tudo isso, Solineuza, será marcada a data dos eventos, primeiro vem o TMV - Troféu Mundo Virtual e em seguida o TIV Troféu Imprensa Virtual, ambas edições 2021. Já to ansiosa. 


Voltando

O DNATV tá voltando, Aninha. A rede de Miguel Rodrigues depois de passar um tempinho em hiatus, vai voltar. Nos bastidores a movimentação tá rolando e a volta será logo logo. Boa sorte Miguelito.


Hiatus

Cleide, o Séries de Web voltou no ano passado, mas infelizmente entrou em hiatus novamente. Por enquanto não há previsão do retorno.


Nova série I

A nova série da WebTV tá babadeira, Hermínia. "A Marca do Primogênito" é inspirada na série de sucesso mundial Supernatural. A saga dos irmãos Dean e Sam Winchester serviu de inspiração para o trio de autores da nova série da emissora: Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius. Com pegada de suspense, a produção iniciou em janeiro e as gravações estão a todo vapor.


Nova Série II

Anota aí na agenda Soninha, "A Marca do Primogênito" estreia em junho e vai substituir "O Dom - Vidas do Árido" que chega ao fim este mês. No elenco principal Chris Wood será Alexandre e Matt Dalas interpretará Caíque.


Suspense

Carmélia, eu to em choque. Cê acredita que o boss Gabo convidou 5 autores para a gravação do piloto de um novo web programa. Por enquanto a atração é conhecida como projeto secreto e nenhuma outra informação foi desvendada. Tô é mooooorta que nem eu tô sabendo. Vou até roer minhas unhas.


De volta

Depois de cuidar do baphonico Troféu Four Elements em parceria com Hugo Martins, a loira do blog Zih e Melqui Rodrigues, o apresentador Marcos Vinicius foi visto no cenário do Web Show. Novas gravações serão agendadas e o talk show seguirá apresentando a 4ª temporada. Arrasou.


Foi um estouro

Voltando a falar do Four Elements, Talita, os trabalhos começaram no ano passado, sabe? Programado inicialmente para fevereiro, o evento foi exibido em março com a votação popular e técnica. O Boletim Virtual, inclusive conquistou prêmios. Vibrei e foi de emoção, viu? kkkkkk


Vem... vem aí

A Rajax tá um estouro, Juju. A rede do Kax lá do Rio de Janeiro exibiu o especial Rajax Eventos 2021 e sambou no salto 15 com as novidades. Entretenimento e dramaturgia são as apostas para os próximos meses. Os destaques são: Sessão Rajax, Conversa com Théo, A Vontade do Mal, Garotas de Sábado, No te Pido Flores, Dark Hills, Anti-Herói, A Tempestade, Totalmente Incorreto, Anjo Noturno e o documentário Melqui 30 Anos, falando sobre o grande autor de Vale Dicere e No Magic, série exibida no Brasil e no exterior.


Só vem

Para tudo, Gigi. A WebTV aprovou dois web filmes literários. Vem aí o "Último Tripulante" de Antônio Jardim e "C.a.r.n.a.v.á.l.i.a" de Jade Brum. Os filmes já estão em produção e serão lançados em julho. A campanha de divulgação começará em maio. E não para por aí, novos títulos estão sendo analisados.


RITINHA: Geovana, quantos acontecimentos, meu bem. Esse é o MV que eu gosto. Trabalhando, trabalhando. E o BV não para, Lurdinha, agora vem aí o deuso Hans Kaupfmann no quadro Entrelinhas. É contigo, meu querido.




O RECAMINHO DAS PEDRAS: UMA ANÁLISE DOS ROTEIROS INDICADOS AO OSCAR 2021 DE  ROTEIRO ADAPTADO) - por HANS KAUPFMANN

HANS KAUPFMANN: Por que não usar filmes oscarizáveis como referência de roteiro? Algo de bom eles devem conter para tanto HYPE. Esse texto é uma tentativa despretensiosa de analisar os motivos pelo qual um roteiro chega a uma indicação ao OSCAR.

Para começar tem duas categorias distinta nessa área: ROTEIRO ORIGINAL e ADAPTADO, que rolam algumas confusões as vezes mesmo parecendo é autoexplicativo. Outra coisa a se saber é que na fase de indicação que vota são os pares, ou seja, membros da academia que fazem parte do sindicato dos roteiristas. Para o voto final, todos (quase 5000 integrantes) votam.




Mas afinal, o que fizeram os indicados para estarem lá?

Sem bancar o romântico ou ingênuo, a CAMPANHA das produtoras manda muito, e todas querem um selo do careca dourado para poder valorizar o filme nas negociações, principalmente na era da guerra dos STREAMING.

Mas vamos dar uma passadela nos filmes: a começar com o ADAPTADOS, que são aqueles que se derivam de uma ideia preexistente como por exemplo, um livro, uma peça de teatro ou até mesmo outro filme (que é o caso de BORAT 2 que deixamos para o final).

UMA NOITE EM MIAMI e MEU PAI. Dois filmes cuja raiz vem de peças de teatro de sucesso, estão aqui pelo mesmo motivo. A extrema sensibilidade de transformar a linguagem do palco para a visual, sem perder o impacto do texto base, e não parecer um teatro filmado.

Apesar dos dois fazerem isso muito bem, MEU PAI parece ter encontrado uma forma de conduzir a história pela edição, fazendo com que essa ferramenta faça inclusive parte da narrativa, onde os momentos confusos do protagonista acabam por nos deixar confusos também, pela proposital falta de continuidade. E assim a produção de arte tem um papel absurdamente importante. Não é por menos que meu pai concorrem também a essas categorias. UMA NOITE EM MIAMI depende muito da interpretação (ótima diga-se de passagem) dos, digamos, quatro protagonistas-coadjuvante, fazendo com que tenhamos dificuldade de elencar um mais eficiente do que outro. Mas a timidez de explorar ferramentas visuais, da iniciante diretora Regina King, deixou um gosto de claustrofobia, parecendo que o texto era realmente muito maior do que o que estávamos vendo. Mas os momentos que precisaram dessa ousadia, mesmo que a conta gotas eles vieram fortes.

THE WHITE TIGER, parte de uma riqueza que o próprio livro dá de mão beijada para o diretor, em que todos os detalhes visuais da Índia atual podem ser vistos no Filme, a grande sacada é ter dado o ritmo de urgência e editado o quebra cabeça narrativo, explorando a dualidade visual entre pobreza e riqueza; céu e inferno; do protagonista. Um trabalho em que roteiro e pós-edição tem de estar alinhados e bem dosados. O último filme que tinha visto nessa pegada foi o brasileiro CIDADE DE DEUS (também indicado a melhor roteiro em 1994).

BORAT- A fita do cinema seguinte veio com ares de piada velha, seguindo o sucesso retumbante de seu antecessor, roteirizado pelo mesmo SACHA COEN, chegando para o que parecia ser mais do mesmo. Mas como o mundo de 2021, tal qual de 2006 é uma piada pronta, o filme trouxe um frescor e uma inteligência incomum no humor moderno, de manter a estética consagrada, mas com novas e criativas saídas para tornar o filme em uma aventura familiar dentro da mais grotesca fábula politicamente incorreta, mostrando que se pode sim rir de velhas piadas quando não há nada de novo embaixo do SOL. Roteiro de quem tem o domínio do que tem nas mãos, que ajudou a conquistar o WGA  desse ano (Prêmio do Sindicato dos Roteiristas). Mas é bom lembrar que o próximo filme não estava no páreo nessa premiação.

NOMALAND. Agora imagine traduzir em imagens um livro que aparentemente não teria tradução. Focados em sentimentos de melancolia extrema, de procura reflexão e apreciação. Com gotas de diálogos onde a protagonista mal interage com outras pessoas e passa a maior parte contemplando e descobrindo a paz na solidão. Talvez seja por essa tradução que NOMALAND faça com que e a roteirista e diretora Chloé Zao leve uma estatueta em cada mão. O roteiro abre espaço para várias composições entre protagonista, fotografia, figuração, edição e os coadjuvantes que poderiam improvisar se precisasse durante o filme, já que a maioria eram pessoas reais. É como se o roteiro só se permitisse existir depois que os próprios criadores dele estivessem passando por lugares e situações descritas no livro. O sentimento aqui não é dito, nem a narração em off é necessária.  A lida, a estrada e a paisagem, e claro a magnifica interpretação de Frances Mcdorman, sob a tutela de Zao, são o roteiro.

Na próxima edição vamos comentar os indicados a ROTEIRO ORIGINAL.



RESENHA DO QUARTETO LITERÁRIO "MÁQUINAS MORTAIS" DE PHILIP REEVE - por DAVI BUSQUET

Cidades são seres vivos

Resenha do quarteto literário "Máquinas Mortais" (Máquinas Mortais, O Ouro do Predador, Máquinas Infernais e A Darkling Plain), de Philip Reeve

 


 A cidade mineradora percebeu o perigo e começou a fugir, mas as esteiras sob Londres já haviam começado a rolar cada vez mais rápido. Em breve, a cidade estaria em perseguição acelerada, uma montanha móvel de metal de sete andares como as camadas de um bolo de casamento, os andares inferiores envoltos em fumaça do motor, as vilas dos ricos fulgurando de branco nos conveses superiores, e, acima disso tudo, a cruz do topo da Catedral de São Paulo cintilando ouro, a 600 metros acima da terra arruinada.

 (Máquinas Mortais, capítulo 1 - O campo de caça)


A inovação e a originalidade muitas vezes vêm de algo tão simples quanto reescrever um conceito engessado, imutável e amplamente difundido. Na escrita, assim como em outras artes abstratas — entenda por abstração o poder de se afastar da realidade (abstrair-se) e criar algo que, de fato, não está verdadeiramente ali —, a imaginação é só uma pequena parte dos ingredientes dessa receita.

E em casos como a série dos quatro livros escritos por Philip Reeve, que compõem o quarteto Máquinas Mortais, foi necessário até mesmo menos imaginação e mais inovação, quando o autor pegou uma noção tão banal e mundana (isto é, "cidades são coisas estáticas") e transformou em algo impensável até então: cidades, assim como seres vivos, se movem, caçam, se alimentam e crescem.


E não é só isso. Segundo Reeve, assim como qualquer outro ser vivo, cidades também estão sujeitas às mesmas leis naturais evolutivas que regem o mundo, ou seja, somente a mais adaptada, maior e mais forte (?) sobreviverá. Tal noção evolutiva, estabelecida por Charles Darwin num tempo que para nós já é visto como um passado considerável, para os habitantes do planeta Terra pós-apocalíptico onde os acontecimentos dos quatro livros se dão é algo ainda mais remoto, visto que, mesmo com a imprecisão proposital de datas da história, supõe-se tratar de algo milhares de anos no futuro.



Muito tempo depois de se esquecer os nomes de países, esvaírem-se os dogmas de religiões abandonadas ou se perder as funções de objetos agora chamados de relíquias (como o papel alumínio), nesse futuro milenar, a memória acerca do passado — trabalhosamente conservada graças ao esforço de historiadores do mundo inteiro —, dá conta apenas de uma suposta guerra como a origem para toda essa situação presente.

Essa guerra, ainda relatada nos livros, e que durou 60 minutos, devastou o planeta inteiro. Séculos depois (ou mesmo milênios), sob condições climáticas ainda extremas e enfrentando intempéries como geadas, vulcões e terremotos, os poucos povoados do mundo se reorganizaram e adotaram um novo modo de vida nômade, contudo não mais sobre o lombo de animais de carga, como os antepassados primitivos do homem, mas sobre chassis móveis imensos, nos quais cidades inteiras foram construídas.



Assim a era das grandes cidades tracionadas começou. Das pequenas às imensas, de povoados mineradores pacíficos à monstruosas cidades "urbanívoras" de vários níveis (andares), o mundo seguiu, um mundo onde as maiores "comem" as menores, integrando à si as partes, metais, recursos, motores e cidadãos da cidade derrotada. Como qualquer animal "natural" do mundo, as cidades tracionadas também possuem, de certa maneira, seu habitat, sendo encontradas desde as planícies estéreis da Europa até os desertos escaldantes do norte da África e as imensidões geladas do círculo polar Ártico.

É claro que, num mundo tão grande quanto o nosso, é natural que em algumas partes dele — principalmente o extremo oriente da Ásia e partes da África — o modo "antigo" de viver ainda permanecesse vivo, com populações inteiras morando em cidades "estáticas", protegidas da fome dos grandes predadores urbanos no topo de cadeias montanhosas ou cercadas de obstáculos naturais, como pântanos e mares.

Desse antagonismo evolutivo natural (estática x tracionada) vem a trama que lindamente se desenvolve ao longo de quatro livros. A história, que de cara apresenta uma das maiores predadoras da Era das Cidades Tracionadas, a poderosa Londres — deslizando sobre rodas e esteiras uma colossal massa de incontáveis andares, tal qual uma montanha urbana metálica em amplo deslocamento —, também introduz o jovem Tom Natsworthy.

Tom é um aprendiz de historiador — uma profissão que do primeiro ao último livro é muito valorizada na narrativa, algo que soa quase que pessoal por parte do autor, assim como a importância que ele dá para a memória histórica e a preservação cultural através desses profissionais —, e grande defensor das premissas em torno do Darwinismo Municipal (cidades maiores comem as menores).



O jovem, pobre, órfão e muito inteligente, logo no início da história, se vê testado em suas crenças, quando acidentalmente, após encontrar uma nômade (Hester Shaw), cai da cidade junto com ela e se vê desamparado num mundo distante do balanço agradável e maquinal da sua bela Londres.

A grande viagem que Tom e Hester passam a empregar (no primeiro livro), cada um por seus próprios motivos, tentando voltar a Londres, mostra com detalhes as características do mundo devastado, das poucas cidades estáticas restantes e das peculiaridades de cada povoado móvel visitado — como Airhaven, uma cidade que, assim como os dirigíveis dos mercadores do ar, flutua acima das nuvens e serve de base para todo o comércio existente.

A narrativa de Reeve prende a atenção nos quatro livros não apenas por mostrar gradativamente o mundo que ele mesmo criou — num ritmo que nem estraga a expectativa revelando tudo de uma vez, nem entedia com mistério excessivo a cada nova cidade e povoado —, mas também pelo encaixe cuidadoso de cada peça de quebra-cabeça da trama, que mistura conceitos complexos que aos poucos são revelados.

Dentre eles: disputas entre cidades tracionadas e a Liga Anti-tracionista, aventuras de mercadores dos ares, cidades-balsa resorts e piratas submarinos, armas old-tech da época da Guerra dos 60 Minutos, ciborgues com cérebros cibernéticos servindo como guarda-costas, e a eterna disputa ideológica entre os adeptos da engenharia, que mantém as grandes cidades em movimento, e aqueles que resguardam a história, dando ao homem o conhecimento necessário para não cometer os mesmos erros que seus antepassados.

Dos quatro livros que integram essa linha do tempo (a saga de Tom e Hester), apenas três foram publicados no Brasil. Há ainda uma história paralela, a trilogia Fever Crumb, publicada somente em inglês, que fala sobre a fundação da Londres tracionada e o começo da Era das Cidades Tracionadas — além de ilustrar conceitos anteriormente citados no quarteto Máquinas Mortais, como o nascimento de certas divindades e religiões e como surgiram mitos, lendas e invenções do "presente".

Além disso, há diversos contos e publicações gráficas mostrando a origem dos muitos elementos componentes desse fabuloso mundo, que mistura um universo pós-apocalíptico a características steampunk e teslapunk, com uma linguagem simples, objetiva e acessível. É realmente um universo impressionante e inovador, muito maior do que a própria imaginação de seu autor foi capaz de conceber.


Por Davi Moreira Busquet
Autor de contos, livros e resenhas; participante da antologia Lua
Negra, pela WebTV, com o conto Rokitansky; vídeo-resenhista
do canal Um Livro em Mente, no YouTube; ávido leitor e agora
com material exclusivo para o quadro Estante Literária, também da WebTV.



VISÃO CRÍTICA ANALISA 'DOM' QUE VEM DANDO QUE FALAR NO MV - por MARCELO DELPKIN

MARCELO: Olá, pessoal! Aqui fala Marcelo Delpkin, de volta após alguns meses de hiatus por motivos pessoais e de saúde e com muitas resenhas pra compartilhar com vocês nas próximas edições. 

Para abrir a temporada, trago uma história sobre dons sobrenaturais. Sobre a forma com que a religião e a espiritualidade nem sempre parecem concordar uma com a outra e como ambas geram conflitos culturais e, até mesmo, mortais. O Dom – Vidas do Árido (WebTV), de Vitor Zucolotti, traz a história de um curandeiro que luta contra os protestos da Igreja Católica no interior baiano de meados dos anos 1970. Seguem os acontecimentos do episódio inicial.

 


Clique aqui e acesse o site da série

Na primeira cena, Domênico se prepara para atender Chiquinho, um menino que ficara paralítico após um disparo acidental feito pelo próprio pai durante uma briga. Este tentava matar a esposa após mais uma bebedeira. O protagonista se revolta e, antes de atender o consulente, ameaça o pai, enquanto o “livra” do alcoolismo. Se beber novamente, ele vomita sangue e, em caso de insistência, morre sufocado. Então Domênico faz o garoto voltar a andar. Quando se despede da família, pede que só se conte o milagre para três pessoas, não mais que isso.

Enquanto isso, o padre Emerenciano e as beatas Marinalva e Dorinha confabulam contra o “falso profeta” na igreja. O pároco diz trazer um médico para o posto de saúde, sob a justificativa de que Deus permitiu a medicina, mas condena a cura espiritual. O escolhido é Daniel, de Salvador, que planeja se mudar com a mulher Alice para a cidade de interior onde se passa a série, Riqueza. Após ouvir conversas das beatas com o padre, Almeida conta os planos de Emerenciano para Domênico. Nessa hora, surge um estranho: Afonso, que deseja resolver problemas sexuais, supostamente de impotência. Mas o curandeiro logo descobre o verdadeiro motivo: Afonso é gay. Decide seduzi-lo, e ambos transam ali mesmo na sala de consultas. Emerenciano, disposto a enfrentar o “anticristo”, flagra os dois rapazes bem no ato, em pleno gancho para o próximo episódio.

 

 

O Dom – Vidas do Árido aborda a questão da espiritualidade e da religiosidade, temas muito fortes ainda hoje no sertão nordestino, e ainda mais em 1975. Elementos como esse, assim como a visão considerada “antiquada” da população local na ótica de quem vive nas capitais, fazem-se presentes em todas as cenas. Destaca-se a construção muito interessante da tensão entre a presença forte de Domênico, visto como um mensageiro da luz, e o conservadorismo de Emerenciano, figura de autoridade em Riqueza, quase soberbo em muitas colocações. A terceira ponta desse conflito, o médico Daniel, tem pouco destaque na introdução e deve se destacar mais no decorrer da história. O tema se baseia justamente na relação entre religião e espírito: até que ponto eles se unem e até que ponto um questiona e duvida do outro. Muitas coisas para se pensar sobre o assunto, não é mesmo? Quanto aos personagens, Domênico e Emerenciano lideram a narrativa por todo o tempo no passar das quinze cenas do capítulo.

 

 

O roteiro começa com um tom um tanto cinematográfico, pelo menos imageticamente, mas sem abusar das instruções à câmera. Apenas o necessário. Porém, ainda na cena 01, uma sequência causa estranheza quando a personagem Raimunda diz algo que cai em humor involuntário. O curandeiro diz que atenderia pelado se pudesse — em tom de pureza espiritual. Até aí, tudo bem. Mas a resposta dela: “Mas não pode! Tem que cobrir o pinto!”. Pegou mal. Outro ponto negativo está nas rubricas gigantescas no meio das falas. Se há mesmo a necessidade de explicar as ações dos personagens, o melhor é fazê-lo nas descrições e partir as falas ao meio. Se não, pode-se reduzir as rubricas ao máximo. Isso dá mais leveza e fluidez aos diálogos. Um exemplo da cena 07:
 

MARINALVA E DORINHA SEGUEM EM UMA ESPÉCIE DE MARCHA, DE BRAÇOS DADOS, COM OUTRAS TRÊS BEATAS. AS PESSOAS OBSERVAM AS RELIGIOSAS QUE CHEGAM ATÉ A CASA QUE VAI SERVIR DE UNIDADE DE SAÚDE.

MARINALVA (se distanciando das demais e falando como num pronunciamento)

Povo de Riqueza! Se atentem ao presente do divino! Nós teremos um posto de saúde, um lugar para que possamos procurar ajuda quando os males do corpo nos acometer! Aqui é um espaço onde vocês podem se consultar. Aqui vocês serão medicados e, aliado com a fé no nosso Senhor, serão curados!

 

Agora, com uma sugestão: 

MARINALVA E DORINHA SEGUEM EM UMA ESPÉCIE DE MARCHA, DE BRAÇOS DADOS, COM OUTRAS TRÊS BEATAS. AS PESSOAS OBSERVAM AS RELIGIOSAS QUE CHEGAM ATÉ A CASA QUE VAI SERVIR DE UNIDADE DE SAÚDE. MARINALVA SE DISTANCIA DAS DEMAIS E FALA COMO NUM PRONUNCIAMENTO.

MARINALVA

Povo de Riqueza! Se atentem ao presente do divino! Nós teremos um posto de saúde, um lugar para que possamos procurar ajuda quando os males do corpo nos acometer! Aqui é um espaço onde vocês podem se consultar. Aqui vocês serão medicados e, aliado com a fé no nosso Senhor, serão curados!

 

 

Uma pequena mudança, e já deu uma melhorada visual e textual, ok?

 

 

Além disso, foram encontradas algumas inadequações ortográficas e erros de digitação, mas que podem ser resolvidas com uma revisão. Outro elemento a se considerar é o uso de vemos, estamos olhando e outros verbos na primeira pessoa do plural nas descrições. Com moderação, aproveite-os sem problemas. Realmente, o autor até aproveita pouco esse recurso, mas acaba tropeçando ao repetir “temos imagens” duas vezes no mesmo parágrafo. Pior: um em cima do outro. Mesmo sendo roteiro e não literário, evite fazer isso no texto, ok?

No mais, uma boa reprodução da cultura do local e da época, embora sinta falta de um pouco mais de ambientação em algumas cenas. Apenas para conquistar mais os leitores mesmo. Bom gancho para o capítulo 2: como o padre vai reagir ao ver o “falso profeta” em “ato pecaminoso” bem na sala de milagres de casa? O que ele fará contra o curandeiro e como vai usar a população para isso? Para saber, leiam a série na WebTV. 

Visão Crítica fica por aqui, mas em maio vem resenha nova. Espero vocês! Até a próxima! Continuem com o Boletim, que está muito bom.
 



EU BUSCO INSPIRAÇÃO NAS PESSOAS QUE CONHEÇO. E PRECISO DE SILÊNCIO NA HORA QUE ESCREVO, PORQUE ME DISTRAIO FACILMENTE, diz GABRIEL REZENDE

Ele mora em Juiz de Fora em Minas Gerais. O interesse pela escrita surgiu aos 10 anos, quando ganhou o primeiro computador. Gabriel Rezende não tinha acesso a Internet, então resolveu usar o PC pra escrever. Foi aí que escreveu escreveu uma história em capítulos que ele chamava de minha novela. Mas foi aos 14 que conheceu as webemissoras e webnovelas. Aos 23 para 24 anos, começou a escrever Estaca Zero. 10 anos após conhecer o universo das webnovelas. Gabriel, seja bem-vindo ao Diário do Autor.




GABRIEL REZENDE: Obrigado. Pra mim é um prazer participar.

GABO: Gabriel, voltando ao passado, como você avalia o primeiro texto que você escreveu? Quais pontos você destaca como positivo e negativo?

GABRIEL REZENDE: O texto era bem pobre. Eu ainda não levava a escrita a sério e nem pensava em ser autor. Era apenas uma brincadeira. Eu nem sabia como uma novela era escrita. Talvez o ponto positivo era a falta de autocrítica, que não podava a minha imaginação, e o ponto negativo vinha dessa falta de autocrítica, que fazia com que meu texto fosse pobre.

GABO: Com o tempo e o desenvolvimento de novos trabalhos, novas experiências são adquiridas. No momento da escrita, quem é sua inspiração? Você prefere escrever ouvindo uma trilha sonora ou precisa do silêncio total?

GABRIEL REZENDE: Eu busco inspiração nas pessoas que conheço. E preciso de silêncio na hora que escrevo, porque me distraio facilmente. Pena que não consigo o silêncio total. Sempre tem algum barulho incomodando. Risos. 

GABO: Gabriel, como você descobriu o mundo das emissoras virtuais? Quais foram suas primeiras impressões? Você imaginava que existia emissora voltada à escrita?

GABRIEL REZENDE: Nem sonhava que existia emissora voltada à escrita. Conheci a primeira webemissora acho que em junho de 2010. Nem lembro o que busquei no Google. Devia ser o spoiler sobre alguma novela, quando caí num blog e vi um banner do tipo "Quer escrever uma webnovela? Entre em contato.". Foi então que fiquei sabendo da existência de webnovelas. No começo até pensei que eram gravadas, mas logo descobri que eram em formato de texto pra ser lido, como nos livros. Achei interessante e resolvi mandar uma sinopse, mas nem foi ao ar. Aí me tornei leitor e tive algumas experiências que não deram certo, pois não finalizei as webnovelas. Até que em 2020, fiz minha primeira novela completa, que foi Estaca Zero.

GABO: O processo criativo é intenso para autor. Requer pesquisa e criação de gancho para prender o autor. Como você constrói suas histórias? Você trabalha com escaleta?

GABRIEL REZENDE: Eu começo fazendo uma storyline, que é o conflito central da história descrito em até 6 linhas. Com base nela, faço a sinopse, que, além de apresentar o projeto a direção da emissora, serve como um guia pra mim. Faço escaletas: a geral, que é o planejamento do andamento da trama em relação aos capítulos e as escaletas de cada capítulo. Uma coisa que também gosto de fazer, é planejar os finais de cada capítulo (ganchos) antes mesmo de fazer as escaletas. 

GABO: Estaca Zero conta a história de Érika, diretora de uma grande empresa que perde o cargo após um golpe dado pela própria irmã. Gabriel, como surgiu a web novela Estaca Zero?

GABRIEL REZENDE:  Toda a trama surgiu a partir da vilã Christiane. Aliás, essa vilã me perseguia (risos) desde Amor & Trapaça, uma das minhas novelas não finalizadas, do ano de 2012. Continuando: eu participei da fase em que a Aster TV, uma emissora já extinta, estava em processo de criação e foi pra lá que desenvolvi a primeira sinopse de Estaca Zero (de título provisório Christ+). Até que um dia, eu fiquei afastado por uma semana do Twitter, maratonando uma novela, e o dono da Aster achou que eu estava enrolando para escrever a minha novela. Então me demitiu. Aí eu apresentei a sinopse da novela ao Luciano Gomes (presidente da Web+), com quem eu havia trabalhado como colaborador da novela Show da Lu em 2019. Eu aproveitei que já estava acertado que eu escreveria uma das novelas das 7 da Web+ em 2020. Então, o título da trama mudou para Estaca Zero, Érica deixou de ser a editora de uma revista de moda e virou diretora financeira de um grupo empresarial, e Estaca Zero estreou em janeiro do ano passado.

GABO: Inicialmente a web novela Estaca Zero recebeu o título provisório "Christ+". O que ocasionou na mudança do nome?

GABRIEL REZENDE: Foi a mudança de emissora. Esse título, Christ+, foi uma ideia do presidente da nem um pouco saudosa Aster. E era um título bem ridículo... risos... Estaca Zero é bem melhor.

GABO: Outra alteração que ocorreu em Estaca Zero foi a abordagem do mundo da moda. Como você encarou essa alteração? Foi uma decisão difícil? 

GABRIEL REZENDE: Foi difícil. Acho que o mundo da moda dava um charme à trama, mesmo com esse negócio de revista ter perdido a força na era tecnológica. Mas na época em que Estaca Zero estreou, a novela das 22h da Web+ também abordava o mundo da moda. Então, tive que mudar, a pedido do Luciano Gomes. 

GABO: Com qual personagem de Estaca Zero que você se identifica? A construção do personagem foi em homenagem a alguém?

Clique aqui e acesse o site da novela

GABRIEL REZENDE: Com a Érica... Porque ela era forte. Era perseverante mesmo diante das diversidades. E não homenageei ninguém. Ela surgiu a partir da necessidade de se ter uma personagem que enfrentasse a Christiane de igual pra igual.

GABO: Como foi a recepção e feedback do público com a web novela Estaca Zero, trama exibida originalmente pelo Web+ e que hoje faz parte da plataforma webtvplay?

GABRIEL REZENDE: Foi muito boa. Todo capítulo recebia comentários e curtidas. E tive meu trabalho elogiado. Acho que o lado positivo de uma emissora do Facebook é essa interação maior dos leitores.

GABO: Durante os trabalhos internos de Estaca Zero, surgiu algum bloqueio criativo? E quando ele surge, você tem alguma técnica para afastá-lo?

GABRIEL REZENDE: Sempre surgia, porque cometi um grande erro nessa novela, que foi escrever os capítulos no dia que iam ao ar ou um dia antes de irem ao ar. Nunca mais faço isso. E a minha técnica para afastar o bloqueio criativo é escrever... risos... Mesmo que a princípio eu não goste do que comecei a escrever. No trabalho de escrita, a inspiração vem com tudo.

GABO: Atualmente você desenvolve textos no formato roteiro. Tem planos de trabalhar algo voltado ao literário? Quais são seus planos futuros no MV? 

GABRIEL REZENDE: Tenho sim. Eu gostaria de escrever um romance. E também vou escrever uma das próximas novelas das 22h da Web+, com estreia prevista pra outubro.

GABO: Quem é Gabriel Rezende fora do Mundo Virtual?

GABRIEL REZENDE: Sou estudante de jornalismo. Tímido. Tenho poucos amigos. Sou um filho amoroso. E noveleiro de carteirinha. 

GABO: Gabriel, agora vamos para o bate-bola. Preparado?

GABRIEL REZENDE: Estou sim.

BATE-BOLA:

MUNDO VIRTUAL: Um prazer fazer parte
ROTEIRO: Prazeroso escrevê-lo
ESCREVER: Minha paixão
WEB+: Um ótimo ambiente de trabalho
WEBTVPLAY: Só tenho gratidão. Uma ótima oportunidade de mostrar meu trabalho a mais pessoas
ESTACA ZERO: Relação de amor e ódio
ÉRICA: Personagem adorável
CHRISTIANE: Gostosa de escrever
FRASE: A persistência é a mãe do sucesso
GABRIEL POR GABRIEL: Precisa deixar a procrastinação e a preguiça de lado. Atrapalham muitas vezes no trabalho e na vida.

GABO: Gabriel, obrigado por participar do Diário do Autor. Fica o espaço para as considerações finais.

GABRIEL REZENDE: Eu quem agradeço. Foi um prazer participar do Diário do Autor. Ainda mais por não ser famoso no MV. Obrigado pelo convite.

GABO: Valeu, Gabriel. Voltamos no próximo episódio do Boletim Virtual. Se cuidem. Uma ótima semana a todos. Boa noite, Mundo Virtual.



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Hans Kaupfmann
Marcelo Delpkin
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