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Coisas da Vida - 1x01: Piloto

Série escrita por Douglas Souza e Victor Laurant
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COISAS DA VIDA

Cena 01: São Paulo. Rua. Ext. Dia.

Fade in:

Cidade de São Paulo, Av. Paulista, céu nublado, movimento de carros e ônibus pelas ruas numa tarde normal de uma sexta-feira. Corta.

Dentro de um ônibus em movimento, vemos dois homens sentados. De repente ouve-se um ruído estranho:

O som de um gato miando alto, e observa-se todos olhando assustados e curiosos. Um dos homens sentados no banco direito de trás do ônibus, também curioso olha de um lado, para o outro, para trás, embaixo do banco, quando percebe que o som vem de seu celular.

Dog: Oh. Desculpe! É o meu!

Homem do lado: Caham! Caham! (Pigarro)

Ele atende o telefone:

Dog: Fala Jú.

Jú no celular: É você Dog?

Dog: Não, é a minha secretária. É claro que sou eu. Diga.

Jú no celular: Como foi lá no evento de literatura?

Dog: Uma tortura. Tinha muitas crianças. Eu acabei fazendo um menininho chorar... Trágico.

Jú no celular: Que horror. Mais tarde eu passo na sua casa pra tu me contar como foi.

Dog: Beleza. Agora eu tenho que desligar porque está chegando. Até mais.

Jú no celular: Até.

Dog: Tenho que mudar o toque do meu celular.

Dog se levanta e faz sinal para o ônibus parar. Corta para rua.

A Câmera acompanha o ônibus virando a esquina e então ele para no ponto. Visualizando a rua no ponto de ônibus, as pessoas começam a sair e outras a entrar no ônibus. Dog sai por ultimo, espera o ônibus partir e olha para o chão da guia da calçada e acha uma nota de $50,00 presa em uma grade de um bueiro. Ele se abaixa e sorrindo pega a nota e põe no bolso. Ele atravessa a rua em direção ao prédio do outro lado onde avista um mendigo com um olhar triste cansado e com um aspecto fraco pedindo esmolas.

Mendigo: Tem uma moedinha pra eu comprar um pãozinho?

Dog põe a mão no bolso da calça e ouvem-se ruídos parecidos com moedas. O mendigo dá um sorriso e estende a mão esperando o dinheiro. Então Dog retira as chaves da porta e diz:

Dog: Não tenho nada.

Ele abre a porta e entra. O mendigo fica sem jeito e triste ele sai andando de cabeça baixa. Corta pra dentro do prédio.

Dentro do prédio Dog entra cumprimenta o porteiro acenando com a cabeça, vai em direção ao elevador. Ele aperta o botão de subir. O elevador se abre e então sai um velhinho andando meio torto.

Dog: Como vai seu Hélio? Como está a perna?

Seu Hélio: Uma porcaria. Estaria melhor sem ela. (Ranzinza)

Dog: Por que não troca por uma mecânica? (Tom de ironia)

Seu Hélio: Estou pensando em fazer isso. Os remédios do Pato não estão funcionando. Na verdade acho que está me dando alergia. Veja meu braço.

Seu Hélio levanta as mangas e mostra seu braço cheio de machas escuras, com pele saindo, e todo roxo. Dog olha e leva um susto dando um salto para trás.

Dog: Ah! Meu pai do céu! O senhor deveria procurar um médico. (Preocupado)

Seu Hélio: Não se preocupe. Não é a primeira vez. E também não confio em médicos. Vou a farmácia comprar analgésicos e uma pomada. Se você encontrar o Pato diz que estou procurando ele viu.

Dog: Não confia em médicos, mas confia em um louco que trafica drogas ilegais. (Pensando alto)

Seu Hélio: O quê?

Dog: Nada não seu Hélio. Se eu me encontrar com ele, eu falo que o senhor está procurando por ele. Melhoras.

Seu Hélio sai e faz um sinal com o braço levantando-o para cima.

Seu Hélio: Tanto faz!

Corta para o corredor no 6° andar.

Cena 02: Prédio. Corredor. Int. Dia.

No 6° andar o elevador se abre e Dog sai, ele vai em direção ao seu apartamento no final do corredor com as chaves na mão, coloca a chave na fechadura e abre a porta.

Antes de entrar Dog repara que a porta do apartamento em frente está encostada, mas destrancada. Ele repara que há um barulho vindo de dentro do apartamento como de uma TV ligada com chiados, então ele bate na porta, mas ninguém atende. Ele faz um gesto de duvida e resolve entrar para o seu apartamento. Corta pra dentro do apartamento.

Dentro do apartamento,  Dog entra, acende a luz, vemos uma sala de estar espaçosa, mas não muito grande, bem simples. Ao entrar ele coloca as chaves na mesinha ao lado e fecha a porta. Ele pega a correspondência e fica olhando, vai caminhando em direção ao sofá que está de costas para ele. De repente alguém se levanta do sofá e diz em voz alta.

Pato: E aí Dog?

Dog dá um salto pra trás derrubando a correspondência e a mesinha com as chaves.

Dog: Aaaahh aaahh! Ah Droga! (Susto)

Quando a câmera mostra, vemos um sujeito alto e estranho com óculos grande.

Pato: Que foi? Algum problema? (Sonolento e chapado)

Dog: Por que você faz isso? Eu já te disse pra não fazer isso. Como você entrou aqui? (Confuso)

Dog levanta a mesinha e recolhe as chaves.

Pato: Eu abri a porta e entrei.

Dog: Mas como? Eu tinha trancado com chave! (Inconformado)

Pato se levanta e responde calmamente.

Pato: Eu sei. Deu muito trabalho pra abrir. Você deveria me dar uma cópia da sua chave.

Dog: Mas... ma... mm... Para quê? O que você está fazendo aqui? (Inconformado)

Pato: Era uma emergência. Estava pra começar a novela e cortaram a minha TV a cabo.

Dog: E por causa disso você arromba a porta e invade meu apartamento?

Pato vai em direção a porta e mostra a fechadura para Dog:

Pato: Eu não arrombei. Vê? Nenhum sinal de arrombamento. Eu abri com isso.

Dog: Um grampo? Mas como? Esqueça. Não quero saber.

Pato: É que eu já trabalhei de chaveiro.

Dog começa a sentir um cheiro estranho ao redor.

Dog: Que cheiro estranho é esse? Ah não pode ser.

Dog repara na mesinha de centro que há um cinzeiro.

Pato: O quê?

Dog pega um cigarro aceso num cinzeiro na mesinha de centro.

Dog: Eu já não te disse que não é pra fumar cigarros aqui?

Pato: Disse.

Dog: Então!

Pato: Mas não é cigarro, é um baseado.

Dog: O quê? Pior ainda! Nunca mais faça isso. Mas o que é isso?

Dog observa uma garrafa de 51 no chão ao lado do sofá.

Pato: É só uma bebidinha. Sempre bebo e acendo um baseado na hora da novela.

Dog: Mmm..., mas....

Dog começa a sentir um cheiro ruim.

Pato: O quê?

Dog: Nossa, quanto tempo faz que você não toma banho?

Pato: Nem sei.

Dog: Você dormiu no meu sofá sem tomar banho? Olha, não me leve a mal, mas não entre no meu apartamento enquanto não estiver sóbrio, chapado e sem tomar banho. E também quando eu estiver fora. Fui claro?

Pato: Então não poderei mais entrar aqui? (Confuso)

Dog: Olha, eu estou cansado. Me deixe sozinho, depois nos falamos. Não se esqueça, o aluguel vence terça-feira.

Pato pega a bebida e sai andando.

Pato: Pode deixar.

E fecha a porta.

O telefone toca e Dog atende.

Dog: Alô.

Telefone: Dog sou eu Leo.

Dog: E aí? Como vão as coisas?

Leo: Cara meu pai vai me matar.

Dog: Sério? Como? Digo por quê?

Leo: Eu perdi 50 reais no ônibus.

Dog: Não diga! Como foi? (Disfarçando)

Leo: Não sei, eu fui pegar um ônibus no ponto aí em frente. Depois me toquei que o dinheiro não estava comigo.

Dog: Que pena. O que você vai fazer agora? (Com um sorriso malandro). Nós podíamos tomar um café aqui perto.

Leo: Não posso estou muito ocupado.

Dog: Fazendo o quê? Você é um completo desocupado.

Leo: Eu não posso!

Dog: Eu pago.

Leo: Te encontro lá daqui 20 minutos.

Dog: Beleza! Até mais.

Dog desliga o telefone.

Fade off:

1x01 - PILOTO
Cena 03: Rua. Ext. Dia.

Fade in:

Vista da rua mostrando a fachada de uma cafeteria comum. Corta pra dentro do local.

Dentro do local vemos uma cafeteria um pouco sofisticada e pequena, e por estar no meio da tarde, está um pouco vazia. Um lugar agradável e confortável. Dog entra no local e olha em volta procurando Leo. A câmera mostra Leo de longe acenando para Dog sentado numa mesa próximo ao balcão. Então Dog vai em direção a ele, se aproxima e se senta.

Leo: Agora que você vem? Estou esperando há cinco minutos.

Dog: Você não me vê há uma semana, e quando eu chego você vem reclamando?

Leo: É tão difícil chegar no horário? Você não tem relógio? É só consultá-lo. Por que só eu me preocupo com o horário? Só eu sou pontual? (Apontando pro relógio)

Dog: Porque você é um completo desocupado que não tem nada pra fazer e pode estar nos lugares bem a tempo. (Debochando e de saco cheio)

Leo só balança a cabeça de um lado para o outro.

Leo: E então como foi lá no evento de literatura infantil?

Dog: Foi uma merda. Teria sido melhor se eu não tivesse ido.

Leo: Por quê?

Dog: Eu acabei fazendo uma coisa ruim. Uma coisa de que eu não me orgulho.

Leo: Conte-me uma coisa que eu não sei.

No meio da conversa chega o garçom, um sujeito alto e moreno.

Garçom: Com licença. O que vocês vão querer?

Leo: Isso é uma cafeteria não? (Debochando)

Dog: Tudo indica que sim.

Leo: Então vamos querer café não é?

Dog: Acho que é a nossa única opção.

O Garçom fica sem jeito com a brincadeira e faz um olhar bem sério.

Então Dog e Leo percebem que a brincadeira não deu certo e ficam sérios e intimidados.

Eles fazem o pedido olhando para baixo sem levantar a cabeça.

Dog: Leo você vai querer um cappuccino e uns pãezinhos de queijo? (intimidado)

Leo: É sim. Vou sim.

Dog: Dois cappuccinos e uma porção de pão de queijo, por favor.

O garçom responde bem sério para eles com um olhar forte.

Garçom: Muito bem. Com licença.

O garçom se retira imediatamente. Dog e Leo ficam dois minutos naquele silencio constrangedor.

Então Dog resolve falar:

Dog: Esse garçom é gente boa né?

Leo: É. É sim. (Intimidado)

Então chega o garçom e serve os cappuccinos e os pães de queijo. Dog e Leo não falam nada até o garçom sair. Então começam a tomar o café.

Leo: Então do que estávamos falando mesmo?

Dog: Sobre como tinha sido o evento.

Leo: Então como foi?

Dog: Eu te disse que fiz algo que não me orgulhava muito. (Constrangido)

Leo: Sim. Mas você se orgulha de tudo o que faz?

Dog: Eu quis dizer que fiz algo feio. Ruim.

Leo: Ah sim. Isso não é novidade.

Dog: Vai ficar de onda ou vai me deixar contar? (Impaciente)

Leo: Então conta logo.

Dog: Eu conheci uma garota...

Leo: Nossa. Ela era tão feia assim? (Interrompendo)

Dog: Não. Não foi isso não. Era maior gata.

Leo: Então...

Dog: Eu fui falar com ela. Ela era escritora e disse que o sobrinho dela adorou o meu livro.

Leo: Legal. Então o que foi? (Curioso)

Dog: Então eu a convidei pra sair e ela me deu seu telefone. Vamos sair amanhã.

Leo: Então o que houve? O que pode ser tão ruim depois disso?

Dog: Então. Ela saiu. Iniciou o evento. Começou a entrar crianças.

Leo: Nossa! Vai direto ao ponto. (Preocupado)

Dog: Até aí beleza. Fiquei lá só dando autógrafos e tal. Depois tive que ir ao banheiro. Mas para ir até o banheiro tem uma porta abre-e-fecha igual a dos restaurantes. Quando eu fui entrar eu abri com força.

Leo: Ah! Já sei! Tinha alguém do outro lado e você acertou a porta na cara de uma pessoa?

Dog: Você é algum vidente? Como você adivinhou?

Leo: Hahahaha. Nossa cara. Mas só por causa disso?

Leo dá uma risada forçada e leva à xícara a boca.

Dog: Era uma criança. Um menino de oito anos.

Leo para imediatamente de tomar e devagar coloca a xícara na mesa. Respira fundo.

Leo: Nossa! Isso não acabou bem. Foi feio?

Dog: Ele caiu no chão e começou a sair sangue do nariz. Ele começou a chorar com uma expressão assustadora. (Nervoso)

Leo: Nossa! Mas foi um acidente. E como ficou depois. Levaram para o hospital? (Preocupado)

Dog: Devem ter levado.

Dog leva à xícara a boca. Leo olha fixamente para ele.

Leo: Devem? Como assim devem? Você não viu? (Pressionando)

Dog: Não. Eu..., eu...

Leo: Você o quê?

Dog: Eu fugi! Vazei! (Constrangido)

Leo leva as mãos ao rosto.

Leo: Você bateu a porta contra o nariz de um menininho, fraturou o nariz dele e fugiu largando uma pobre e indefesa criança precisando de socorro no banheiro?

Dog responde balançando a cabeça lentamente.

Leo: Meu Deus. Mas por que você fugiu? (Inconformado e curioso)

Dog: Eu fiquei com medo! Eu não podia ver sangue, você sabe que eu tenho sério problema com isso.

Leo: Você poderia ter pedido ajuda!

Dog para um segundo para pensar.

Dog: Você falando assim faz parecer uma coisa terrível.

Leo: Você não é normal. Nossa!

Dog: Isso tem que ficar entre nós. Não vá contar pra ninguém. Promete? (Preocupado)

Leo: Pode deixar.

Dog: Você entende né?

Leo: Que você tentou matar uma criança?

Dog: Oh não começa. Já estou me sentindo horrível.

Leo: Como você consegue dormir a noite?

Dog: Já chega tá bom? (Irritado)

Leo: Tá bem. Vamos mudar de assunto então.

Dog: Boa ideia. E você, o que vai fazer no fim de semana?

Leo: Vou sair com a Carol.

Dog: Legal. Faz tempo que não a vejo. Como está esse lance?

Leo: Eu e ela? Bem.

Leo disfarça levando à xícara a boca e põe o pão de queijo na boca olhando para o lado.

Dog: Hum. Qual é o problema?

Leo: O quê? Nenhum. Tá tudo bem. (Disfarçando)

Dog: Sério? Nada que te incomoda?

Leo: Tudo perfeito. (Disfarçando)

Dog: Então tá né?

Leo dá um impulso e fala.

Leo: Sabe o que é? Ela está me deixando louco.

Dog leva um pequeno susto e quase se engasga com o café.

Dog: Hum. Como assim? (Curioso)

Leo: Não agüento mais. Vou terminar com ela. (Nervoso)

Dog: Depois de um ano?

Leo: Sim. Com certeza. Chega! Acabou! Não dá mais! (Nervoso)

Dog: Manda. Conte-me tudinho.

Leo: Ela vive dizendo o que eu devo fazer. Fica interferindo na minha vida. (Gesticulando)

Dog: Todas as mulheres são assim. Pensei que você soubesse disso.

Leo: Mas ela é pior. Ela é do tipo manipuladora. Você não sabe os absurdos que ela vive me dizendo. (Com olhos arregalados)

Dog: Que tipos de absurdos? (Curioso)

Leo: Coisas intoleráveis. Coisas como: eu tenho que tomar jeito na vida, que tenho que arranjar um emprego, que eu tenho que terminar os estudos, que tenho que pensar no meu futuro.

Dog: Não. Sério? (Disfarçando em tom irônico)

Leo: Imagina só.

Dog: Quem ela pensa que é? Que absurdo. Ela é completamente louca. (Debochando)

Leo: Já tenho os meus pais para me dizerem isso. Não preciso de ninguém. (Gesticulando)

Dog: Só por isso você vai terminar com ela?

Leo: Vai começar a defendê-la? Você está do lado dela também? Vocês estão fazendo um complô contra mim? (Irritado e com os olhos arregalados)

Dog: Não eu apenas...

Leo: Eu pensei que você era meu amigo. Eu vou embora. Seu agressor infantil.

Dog: Leo... Espera.

Leo se levanta e irritado vai embora.

Dog: Mas é um maluco mesmo.

Dog balança a cabeça de um lado para o outro e toma seu café. Corta pra cena seguinte.

Cena 04: São Paulo. Ext. Dia.

Cenas da cidade com movimentos rápidos de carros e pessoas mostrando o tempo passando. Acaba o dia e começa outro. Corta pra cena seguinte.

Cena mostrando a frente do prédio do Dog. Corta pra dentro do apartamento.

Cena 05: Apartamento Dog. Sala. Int. Dia.

A cena abre aberta mostrando a sala de estar. Dog sai do banheiro quando o telefone toca. Ele atende.

Dog: Alô.

Jú: Oi sou eu, estou na rua e pensei em passar aí.

Dog: Pode passar.

Jú: Até logo.

Dog: Até.

Dog vai em direção a geladeira e pega um cereal e leite. Alguém bate na porta.

Dog: Entra!

Pato: Não está pelado? (Só com a cabeça pra dentro)

Dog: Claro que não.

Pato abre a porta, entra e a fecha.

Pato: Ah. Vim te propor um negócio.

Dog: Não estou interessado. (Preparando o cereal)

Pato: Você nem me ouviu ainda.

Dog: Sei que vou me arrepender, mas o que é?

Pato: Posso esticar um cabo da sua TV na minha?

Dog: Você quer dizer fazer um gato?

Dog guarda o leite na geladeira enquanto conversa com Pato.

Pato: Gato é um nome forte demais. Eu diria uma ligação adicional.

Dog: E como isso me beneficiaria?

Pato: Não beneficia.

Dog: Então porque eu deveria aceitar?

Pato para um segundo pra pensar.

Pato: E se eu lhe desse uma grana?

Dog: A resposta é não. Isso é ilegal. Mas duvido que você conheça essa palavra.

Pato: Bom, não custava tentar. (Cabisbaixo)

Pato sai de cabeça baixa e fecha a porta. O interfone toca. Dog atende.

Dog: Oi?

Jú: Oiê!

Dog: Pode subir.

Dog pega o telefone e faz uma ligação.

Leo: Alô.

Dog: Leo sou eu.

Leo: Ah. Oi.

Dog: Foi mal por ontem. Eu sei que deveria ficar do seu lado.

Leo: Eu é que peço desculpas. Exagerei. Acho que aquele garçom pôs alguma coisa no meu cappuccino. Cheguei em casa meio estranho ontem.

Jú entra no apartamento e acena para Dog. Ele acena também.

Dog: Vamos nos encontrar mais tarde?

Leo: Beleza. A gente se encontra no barzinho.

Dog: Beleza. Até mais.

Desliga o telefone.

Jú: Quem era?

Dog: Era o Leo.

Jú: Por que estava se desculpando?

Dog: Tivemos uma briga ontem. Quer cereal?

Jú: Sim.

Dog: Pega aí.

Jú pega o cereal, abre a geladeira e pega o leite.

Jú: Como foi lá no evento de literatura?

Dog: Bem... Hã.... Digo... foi legal. (Disfarçando)

Jú: Conseguiu se dar bem com a criançada? (Rindo)

Ela guarda o leite na geladeira.

Dog: Sim. Deu tudo certo. Conheci uma garota. Mas do que está rindo?

Ela se senta à mesa e eles começam a comer.

Jú: Leo me contou. Que tipo de pessoa é você?

Dog: Mas... mss.... Como? Por quê? Porque ele fez isso? Eu disse pra não contar pra ninguém.

Jú: Acho que ele me contou pra se vingar de você por não estar do lado dele.

Dog: Ele te contou isso também? Aff.

Jú: Como pôde fazer aquilo?

Dog: Eu não sei. Mas prefiro não falar sobre isso.

Jú: Você deveria fazer alguma coisa.

Dog: Eu prometo que vou procurar saber quem era o menininho e me desculpar ok?

Jú: Assim é melhor.

Dog: Vamos mudar de assunto? E você o que vai fazer hoje à noite?

Jú: Vou sair com aquele cara.

Dog: O Jão? Eu gosto dele. É um cara legal.

Jú: Sim é mesmo, mas eu acho que não vai durar.

Dog pega os pratos sujos e leva a pia da cozinha.

Dog: Por quê?

Jú: É que a profissão dele não me agrada muito. Ele fala muito a respeito. Eu fico constrangida.

Dog: Eu não acho que é pra ficar. Ele é um açougueiro. E daí? (Lavando os pratos)

Jú: Por isso. Que futuro eu posso esperar de um açougueiro? Além do mais ele fala muito em carne. Eu não gosto muito de carne.

Dog: Aonde vocês vão hoje?

Jú: Numa churrascaria no centro.

Jú se levanta e vai até o sofá e se senta. Ela liga a TV, enquanto isso Dog vai ao banheiro. A TV fica com chiados.

Jú: Dog.

Dog: Fala. (Gritando do banheiro)

Jú: O que há com a TV?

Dog sai do banheiro e vai ver o que está acontecendo.

Dog: Eu não sei. Espera um minuto. (Pensando)

Dog respira fundo, abre a porta e vai bater na porta do apartamento em frente.

Pato atende colocando só a cabeça pra fora.

Pato: E aí? No que posso ajudar?

Dog: Você fez um gato na minha TV a cabo?

Pato: Hã... Não. (Disfarçando)

Dog: Posso entrar?

Pato: Pra quê? (Impedindo Dog de entrar)

Dog: Só quero ver um negócio.

Pato: Agora não dá. Estou... hã...  limpando a sala. (Disfarçando e preocupado)

Dog repara no som que vem de dentro.

Dog: O que está assistindo? Você não estava sem sinal?

Pato: Hã... É um programa que gravei ontem.

TV: Olá estamos ao vivo direto do centro da cidade. São exatamente 10 horas e 40 minutos deste sábado.

Dog olha para o Pato com olhar sério. Pato dá uma risadinha e fica sem jeito por ser pego em flagrante.

Fade off:

Cena 06: São Paulo. Ext. Noite.

Fade in:

A cena abre com a cidade de São Paulo à noite. Mostrando o movimento da cidade em várias cenas rápidas. Em seguida mostra a fachada de um barzinho. Corta pra cena seguinte.

Cena 07: Barzinho. Int. Noite.

Dentro do local, vemos um barzinho movimentado. A cena abre na mesa onde está sentado Leo numa mesinha com um copo de cerveja na mão. Dog chega com um copo de bebida na mão e se senta.

Leo: A Jú disse que viria?

Dog: Sim disse que se encontraria com a gente aqui.

Leo: E aí? Nervoso com o seu encontro?

Dog: Na verdade não. Eu já conheço a mina.

Leo: Que bom. Que bom. Eu também estou bem tranquilo. (Nervoso)

Dog: Estou vendo. Relaxa. Não é a primeira vez que você termina com alguém não é?

Leo: Cara, eu sempre fico nervoso. Ah a Jú chegou.

Jú entra no local. Dog e Leo acenam para ela ver onde estão. Jú os vê e então ela se aproxima, puxa uma cadeira e se senta.

Leo: Veja só, até que enfim.

Jú: Oi Leo. Oi terror das criancinhas (Dog).

Leo dá risada e Dog fica sem graça.

Leo: Hahaha. Essa é boa.

Dog: Acho que vou ter que sair daqui.

Jú: Ah não seja chorão. Parei. Leo vai terminar mesmo com a Carol? Eu gosto tanto dela.

Leo: Nem me fale. Essa noite vai ser longa.

Jú: Por quê?

Leo: Terminar com alguém que você está a bastante tempo nunca é fácil.

Jú: Nem me fale. Acho que vou terminar com o Jão também.

Leo: Quem?

Dog: O açougueiro.

Leo: Ah. Eu gosto dele. Ele é um cara legal.

Jú: Até que é, mas ele não é nada romântico e não tem sensibilidade nenhuma.

Jú se serve um copo de cerveja.

Leo: E isso tem alguma importância?

Jú: Claro que tem. Nada melhor do que um homem sensível.

Leo: Eu acho isso um saco.

Jú: Isso por que você não entende nada de mulheres.

Leo: Como é que é? (Nervoso)

Dog: Calma aí pessoal. Sem brigas por hoje. Leo já sabe como vai fazer?

Leo: Não sei. Tenho medo de algo dar errado. Não sei como terminar um relacionamento de um ano.

Dog: Medo? Cara seja homem. Pare de ligar pra ela. Ignore-a até ela se tocar.

Jú: Que horror! Qual é o seu problema? (Inconformada)

Dog: Disse algo ruim?

Leo: Eu não posso fazer isso. Ela sabe onde eu moro. Conhece meus pais.

Dog: Então você deve se mudar. Trocar seu nome e identidade. É mais fácil do que terminar.

Leo fica tenso.

Leo: O que pode acontecer de ruim? (Apavorado)

Dog se aproxima de Leo e responde quase sussurrando.

Dog: Se eu fosse você nem esperaria pra ver.

Leo faz uma expressão de pânico.

Jú: Pare de assustar ele. Leo não é nada disso. Ela pode ficar um pouco chateada, mas acontece. Seja você mesmo e tudo acabará bem.

Dog: Rá. Tá bom. (Irônico)

Jú termina de tomar a cerveja e se levanta, pega a sua bolsa.

Jú: Bom, pessoal vou indo. Marquei de nos encontrarmos na casa dele. Beijo!

Ela sai.

Dog: Falou. Bom término pra você. Eu também tenho que ir. Vou pegar um táxi.

Leo: Táxi? Quem pode, pode né?

Dog dá uma risada e se retira. Corta pra cena seguinte.

Cena 08: São Paulo. Ext. Noite.

Cenas rápidas da cidade de São Paulo à noite. Corta pra cena seguinte.

Na cena seguinte mostra a fachada de uma churrascaria grande. Corta pra dentro do local.

Cena 09. Churrascaria. Int. Noite.

Dentro do local mostra uma geral do ambiente bem grande e não muito sofisticado, que está bem movimentado. Corta e vemos a mesa de Jú e Jão. Eles estão no meio do assunto. Jão falando de boca cheia e Jú entediada.

Jão: ...então com o este tipo de corte lateral na picanha, fica melhor pra fazer um churrasco.

Jú: Nossa. Interessante. Você entende do assunto. (Desinteressada)

Jão: O que posso dizer? É um dom.

Jú: Podemos mudar de assunto?

Jão: Claro. Eu posso falar sobre frango, peixe. Eu sou um grande especialista em linguiça. Sei muito bem como tratar uma boa linguiça.

Jú: Jão. Isso realmente não pega bem.

Jão: Ah tah! (Confuso)

Jú: Queria falar sobre nós. Sobre a nossa relação.

Jão pega um enorme pedaço de carne e enfia na boca.

Jão: Pode falar então. (Falando com a boca cheia)

Jú olha pra ele com uma expressão de enjoada.

Jú: Bem... Ééé... Vamos ter que terminar isso.

Jão: Mas já? Eu vou comer mais. Estou longe de estar satisfeito. Não tenho pressa alguma.

Jú: Não. O que eu quero dizer é que não vamos ficar mais juntos. Acabou.

Jão: Não vamos mais...? (Triste)

Jú: Não. (de saco cheio)

Jão: Aaahãaaã humm. (Chorando)

Jú: Qual é o problema?

Jão: Achei que estávamos indo bem. O que eu vou fazer sem você? (Se derramando em lágrimas)

Jú olha para cima.

Jú: Ah merda. Só me faltava essa. (De saco cheio)

Corta pra cena seguinte.

Cena 10: Pizzaria. Ext. Noite.

A cena abre mostrando a fachada de uma pizzaria pequena. Corta pra dentro do local.

A cena abre dentro do local já na mesa de Leo e Carol. Ao fundo vemos que a pizzaria não é muito sofisticada, mas é um ambiente agradável e bem movimentado. Carol e Leo estão no meio de um assunto.

Carol: ...então meu cunhado trabalha nesta empresa de embalagens. Eu vou falar de você pra ele. Quem sabe você não vai trabalhar lá?

Leo num impulso se exalta.

Leo: Tá legal já chega. (P. da vida)

Carol: O que foi Leo? Algum problema amor? (Preocupada)

Leo: Carol já chega. Não aguento mais. Estou terminando com você. (Com olhos arregalados)

Carol: Por quê? O que deu em você? (Estranhando)

Leo: Você vive se metendo na minha vida, falando o que eu devo fazer. Você está se parecendo com a minha mãe. (Com olhos arregalados)

Carol: Ah é? Eu nem sei mesmo o que eu estou fazendo com você. Eu é que te banco sempre. Estou indo embora. O que eu quero é um homem de verdade.

Leo estranha. As pessoas começam a olhar para eles. O Garçom chega com a conta e coloca na mesa. Carol pega a conta, se levanta e mostra para Leo.

Carol: Tá vendo isso aqui? Já que você é tão independente, e você quem está terminando, você paga. Passar bem.

Carol vai embora. Leo fica em desespero.

Leo: Carol. Amor! Espere um pouco. Ah droga, porque eu não deixei pra terminar quando estivesse indo pra casa. E agora? (Arrependido)

Leo olha ao redor constrangido por causa dos olhares das pessoas. Corta.

Cena 11: Restaurante. Ext. Noite.

A cena abre com a fachada de um restaurante. Corta pra dentro do local.

A cena abre já na mesa onde está Dog e Adriana. No geral vemos um restaurante bem sofisticado com uma música lenta e agradável ao fundo e com uma iluminação bem clássica. Dog e Adriana já terminaram o jantar e estão no meio de um assunto.

Adriana: ...e ele adorou o seu livro.

Dog: Fico feliz com isso. Então vamos?

Adriana: Não sei se é uma boa ideia irmos ao seu apartamento na nossa primeira noite.

Dog: É verdade. Tem razão. Podemos ir a sua casa.

Adriana: Haha. Não é isso que quero dizer. Também eu moro com a minha irmã e meu sobrinho. Por falar nisso ele adoraria conhecê-lo.

Dog: E se eu fosse lá pra autografar o livro pra ele? Espero não ser muito tarde.

Adriana: Aí eu teria que recompensá-lo. (Tom de sedução)

Dog dá um leve sorriso bem sacana. Corta para cena seguinte.

Cena 12: Casa. Sala. Int. Noite.

A cena abre dentro de uma sala de estar de uma casa. O ambiente escuro e bem comum. A porta se abre e eles entram no local. Adriana coloca seu casaco no sofá e acende as luzes. Dog entra em seguida.

Adriana: Fica a vontade que eu vou chamá-lo. Ele sofreu um acidente recentemente.

Dog acha estranho e fica curioso.

Dog: Que tipo de acidente?

Adriana: Fraturou o nariz e a perna esquerda. Tadinho. Ele diz que estava saindo de um banheiro e alguém bateu com força a porta contra ele. Ele diz que o desgraçado fugiu e deixou ele lá jogado com um nariz sangrando e a perninha quebrada. Que tipo de animal faria uma coisa dessas?

Dog se mostra tenso.

Dog: É verdade. Hehe. Que animal. Adriana eu me lembrei que tenho que... (Apavorado)

Adriana: Acho que ele está acordado. Eu vou chamá-lo. Só um segundo.

Dog fica com receio e anda de um lado para o outro.

Dog: Tudo bem. Acho que ele não se lembrará.

Adriana chega de mãos dadas com um menino com uma máscara no rosto por causa da fratura no nariz, com muletas e com a perna enfaixada. Então ele se aproxima.

Adriana: Aqui está o seu maior fã.

O menino olha para ele e de repente começa a chorar.

Menino: Aahhhhhaaa! Foi ele. O Homem malvado. (Apavorado)

E corre para a trás de Adriana.

Adriana: O que foi? (Confusa)

Dog tenta se aproximar do garoto que fica em pânico.

Dog: Ei. Amiguinho, sou eu.

Menino: Não tia! Não deixa ele me bater.

Dog se aproxima do menino.

Dog: Ei amigo sou eu.

Menino: Não. Socorro. (Gritando)

O Menino sai correndo mancando com as muletas pra outra sala. Se ouve um grande ruído de algo caindo.

Menino: Aahhh!

Barulho: Bumm! Paft! Crash!

Adriana: Meu Deus! Ele caiu. (Gritando)

Adriana vai rápido socorrer o menino. Dog fica apavorado e começa a andar de costas para trás em direção a porta. Ele abre a porta e sai correndo e foge. Adriana entra na sala.

Adriana: Desculpe, eu preciso de sua ajuda! Eu... (Confusa).

Ela estranha não achar Dog. Corta pra rua.

Na rua Dog sai correndo e chama um táxi. O táxi para e ele entra rapidamente. A cena termina com a câmera abrindo o Zoom enquanto o táxi se distancia.

Fade off:

Criado por: Douglas Souza

Fade in:

Enquanto passa os créditos finais mostra a cena na cozinha da pizzaria o Leo lavando os pratos e o dono da pizzaria olhando para ele.

Dono da Pizzaria: Cara, você vai ter que lavar muita coisa por aqui pra pagar essa conta. Não acredito que terminou com ela antes da conta ser paga. (Tirando o sarro)

Leo fica sem graça e nervoso. Corta.


  ESCRITO E PRODUZIDO POR
Douglas Souza e Victor Laurant

ELENCO
Simon Bird................................
Dog
Matt Bush.................................Léo
Stacey Farber..............................Jú
Martin Starr.............................Pato

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
Dianna Agron............................Carol
Serena van der Woodsen................Adriana
Kelly Blatz...............................Jão

DIREÇÃO
Douglas Souza

PRODUÇÃO
Bruno Olsen
Diogo de Castro


 

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO




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