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Passos da Paixão - Capítulo 19

Novela de Édy Dutra
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PASSOS DA PAIXÃO - CAPÍTULO 19

 
 
 
 
 
 
NO CAPÍTULO ANTERIOR:
 

ROSANA: - O que você quer, Laerte.

LAERTE: - Como você já deve saber, o Júlio saiu da cadeia.

ROSANA: - Sim, eu já sei.

LAERTE: - E agora ele pode colocar em risco a felicidade da minha família. Ele está se aproximando da Sílvia.

ROSANA: - Olha só, Laerte, eu não tenho culpa se você não consegue segurar a sua mulher... Isso é problema seu e da sua família. Eu não tenho nada a ver com isso.

LAERTE: - Acho que você está esquecendo um pequeno detalhe.

ROSANA: - Qual?

LAERTE: - Que o Júlio ficando próximo da Sílvia, acaba consequentemente chegando próximo da Melissa. E aí que o seu segredo pode estar prestes a ser descoberto. O acordo maldito entre você e a Silvinha pode vir à tona com essa aproximação!

Rosana fica apreensiva.

LAERTE
: - Precisamos fazer alguma coisa para afastar o Júlio e a Sílvia.

 

 

 

 

CENA 01. ESCRITÓRIO GF. EXT. DIA.

Continuação do capítulo anterior. Laerte conversa com Rosana na rua.

LAERTE: - Alguma coisa precisa ser feita para afastar o Júlio e a Sílvia.

ROSANA: - Mas a Sílvia só pode estar louca se bandeando pro lado daquele marginal. Não deveria ter saído da cadeia, jamais! Nunca!

LAERTE: - Por isso que eu te procurei. O Júlio é uma ameaça, tanto pra você quanto pra mim, pra minha família. A gente precisa fazer alguma coisa. Eu não quero a Sílvia próxima do Júlio.

ROSANA: - Pode deixar, Laerte. A Sílvia não vai nem pensar em chegar perto do Júlio depois da conversa que nós vamos ter.

LAERTE: - E quando você pretende falar com ela?

ROSANA: - Hoje mesmo.

CENA 02. HOTEL BARATO. QUARTO. INT. DIA.

Sílvia se mostra um tanto atônita ao ver Júlio e Tereza aos beijos. Ela vai saindo, quando esbarra na porta e faz barulho. Tereza se surpreende.

TEREZA: - Sílvia?! O que você está fazendo aqui?

JÚLIO: - Silvinha...

TEREZA: - Vocês já se conhecem?

SÍLVIA: - Desculpa, eu volto outra hora. Não quero atrapalhar nada...

JÚLIO: - Não, Sílvia, fica. Eu e a Tereza estávamos conversando apenas.

SÍLVIA: - Sim, eu percebi...

TEREZA: - Então, Sílvia, você pode me dizer de onde conhece o Júlio?

SÍLVIA: - De longa data, Tereza... De longa data.

TEREZA: - Então... (cai em si) Você é o famoso Júlio!... Eu nunca ia pensar que fosse você. Janice e Alceu comentaram um pouco da sua história... Fiquei sabendo, inclusive, da história de vocês dois.

SÍLVIA (encarando Júlio): - Nós nunca tivemos uma história.

TEREZA: - Mas, se você é esse homem que eu fiquei sabendo, essas histórias todas de tias e parentes fãs da minha marca, todo esse dinheiro. É mentira?

JÚLIO: - Não, Tereza! É tudo verdade!... Eu quero é ajudar você. E pelo visto, a Sílvia veio até aqui com esse mesmo propósito. Não veio, Sílvia?

TEREZA: - O que a Sílvia tem a ver com esse nosso assunto?

JÚLIO: - É ela quem vai fazer os croquis da CarioLinda.

TEREZA (a Sílvia): - Você?!

SÍLVIA: - Eu ainda nem disse nada!

JÚLIO: - Silvinha... Você não iria vir aqui para me dizer um não. Eu conheço você.

SÍLVIA: - Não sei se me conhece tanto assim, Júlio. Mas de uma coisa você tem razão. Eu não vim até aqui para dizer não. Eu topo ajudar vocês na volta da CarioLinda.

TEREZA: - Gente, então isso tudo é mesmo verdade? Eu vou voltar com a minha grife?

JÚLIO: - Claro que vai, Tereza! E será um retorno triunfal! Com esse nosso time, ninguém vai nos segurar!

SÍLVIA: - Eu só peço que a minha participação fique em sigilo.

TEREZA: - Mas sigilo por quê?

SÍLVIA: - O Laerte não pode saber que eu estou participando desse projeto. Por favor, evitem falar disso perto dele, enfim. Para o bem do projeto, eu estou de fora, ok?

JÚLIO: - Por mim tudo bem, mas não é arriscado? Como você vai nos ajudar escondida do seu marido?

SÍLVIA: - Eu dou meu jeito...

TEREZA: - Por mim também ta tudo certo. Ai gente estou louca pra começar!

JÚLIO: - Antes de qualquer coisa, a gente precisa de um espaço para servir de atelier.

TEREZA: - Pode ser lá em casa!

JÚLIO: - Inicialmente sim, Tereza. Mas depois precisaremos de um espaço maior. Para a linha de produção.

SÍLVIA: - Um galpão, talvez.

JÚLIO:- Com o dinheiro que temos, a gente pode alugar um espaço por um tempo. Depois, conforme a grife for faturando, a gente junta pra comprar o nosso próprio atelier.

TEREZA: - Perfeito!

Os três conversam animados sobre os planos com a CarioLinda. (fade in trilha “Corcovado” – Gal Costa)

CENA 03. TRANSIÇÃO DO TEMPO.     ANOITECER / APTO DUDA E GABY. INT. NOITE.

Imagens do Rio ao anoitecer. (fade out trilha “Corcovado” – Gal Costa) Corta para o apto de Duda e Gaby. Melissa, Gaby e Duda conversam.

GABY: - Ai Melissa, que bom que tu veio dormir aqui hoje. Assim a gente pode conversar bastante.

MELISSA: - Milagre meus pais terem deixado. Eu não saio de casa pra nada.

DUDA: - Ah, mas você foi ao nosso encontro no quiosque.

MELISSA: - Outro milagre... (risos)

GABY: - E que encontro hein! Gurias, o que foi o escândalo do Talles por causa do Pedro?!

DUDA: - Eu queria enterrar minha cara na areia... Talles foi muito sem noção.

MELISSA: - Mas ele gosta mesmo de você, Duda. Isso não dá pra negar. Foi uma atitude impulsiva, por ciúmes.

DUDA: - Mesmo assim, Melissa. Não justifica a forma como ele tratou o Pedro. Pobre do rapaz, não tem amigos, só queria se enturmar.

GABY: - Uns querendo se enturmar, e outros distantes da turma.

MELISSA: - Se referindo a alguém?

GABY: - Ao Diogo, né? Ai gente, não sei mais o que fazer pra esse guri deixar de ficar lagarteando e fazer alguma coisa.

MELISSA: - Como assim, lagarteando? (risos)

GABY; - Deixar e ficar parado, de bobeira... Bah, eu do lado dele toda charmosa e o guri só fala das brigas com o pai, que ele precisa de dinheiro, que quer ter as coisas dele logo.

DUDA: - Vai ver ele ta numa fase ruim mesmo, Gaby. Tem que ter paciência.

GABY: - Bah, mais do que eu tenho... O jeito é focar na minha campanha. Tem até um texto pra decorar, acreditam? Imagina quando eu ficar famosa, gurias?!

DUDA: - Você vai ficar famosa e vai vestir as minhas roupas, Gaby!

GABY: - Claro amiga!

MELISSA (a Duda): - Como assim, vestir as suas roupas?

DUDA: - Você ainda não viu minhas criações? Eu vou buscar.

Duda se afasta.

GABY: - Melissa, a Duda ta fazendo designer de moda na faculdade. Faz cada desenho lindo! E ela até já fez uma roupa bem bonita pra uma festa de uns colegas que ela foi.

MELISSA: - É mesmo? Que legal!... Eu sempre quis aprender a desenhar croquis. Minha mãe é costureira e faz alguns desenhos. Agora faz pouco, mas eu já vi e são lindos... Pena que nem tudo a gente herda dos pais...

Duda volta com uma pasta. Ela retira da pasta os croquis que desenhou. Melissa se mostra encantada.

MELISSA: - Duda! São lindos!

DUDA: - Gostou?

GABY: - Essa guria tem o dom.

MELISSA (com um desenho em mãos): - Que talento incrível. Parabéns.

DUDA: - Obrigada!... Agora eu só estou esperando uma oportunidade. Meu sonho é fazer parte de uma grife de nome, fazer das minhas criações tendências, sabe? Eu penso alto.

MELISSA: - Tenho certeza que você vai conseguir.

GABY: - Eu nos comerciais, a Duda nas passarelas... E você, Melissa? Sonha em ser o quê?

MELISSA: - Ainda não decidi. Mas uma coisa é certa. Quero ser rica e poderosa! (risos)

GABY: - Tá bom. Eu nos comerciais e desfiles, a Duda nos corredores da moda e a Melissa esbanjando riqueza! Que luxo, gurias!

As três riem, enquanto Melissa olha os desenhos de Duda na pasta.

CENA 04. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. NOITE.

Fernando e Marília sentados à mesa, eles conversam enquanto jantam.

FERNANDO: - Eu fico feliz por você ter aceitado o meu convite.

MARÍLIA: - Foi praticamente uma intimação, não é, Fernando? (risos) Mas eu também estou feliz. Você está sendo uma ótima companhia.

FERNANDO: - Muito obrigado!... Você costuma sair à noite?

MARÍLIA: - Apenas para compromissos da profissão. Confesso que não sou muito baladeira. Mas gosto de um bom restaurante, boas companhias, enfim.

FERNANDO: - Eu também não sou baladeiro não. Mas é bom a gente sair, conhecer gente nova. Ou simplesmente querer estar perto de alguém. (coloca sua mão sobre a mão de Marília) Não acha?

Marília sorri, meiga.

MARÍLIA: - Acho... Assim como eu estou achando você um Don Juan de primeira.

FERNANDO: - Por favor, não diga isso... (risos)

MARÍLIA: - Está sendo galante assim apenas comigo ou é com todas as suas parcerias femininas?

FERNANDO: - Você é esperta, hein!

MARÍLIA: - Eu, imagina. Sou precavida.

FERNANDO: - Pois bem, senhorita precavida, vou te dizer que não, eu não sou galante com outras pessoas... Acho que depois de muito tempo sozinho, eu aprendi a dar valor para o meu sentimento verdadeiro. Depois que eu me separei, eu ficava contente pela quantidade. Mas daí eu aprendi que quantidade não é nada perto da qualidade, do real valor do eu sentia pela outras pessoas.

MARÍLIA: - Fernando, eu (pausa)

FERNANDO (interrompendo): - Marília parece absurdo isso, mas em tão pouco tempo... Eu acho que estou apaixonado. Por você.

Marília se mostra surpresa diante da revelação de Fernando. Enquanto isso, no balcão do caixa, Heloísa controla o movimento do restaurante, quando Guilherme se aproxima.

GUILHERME: - Ganhei uma boa gorjeta daquele casal que está saindo lá. Em dólar.

HELOÍSA: - Viu, querido? Todo mundo te valoriza. Os clientes, eu... Bem que você também poderia valorizar a Heloísa aqui, não acha?

GUILHERME: - Mas eu te valorizo, Heloísa. Ou então, o que você quer que eu faça para te valorizar mais?

HELOÍSA (ajeita o decote): - Bem, eu estava pensando em você (pausa)

GUILHERME (olha para a porta): - É ela...

HELOÍSA: - Ela quem, Gui? Presta atenção em mim.

GUILHERME: - Só um instante Heloísa.

Guilherme vai até a porta. Celeste está parada ali, olhando o restaurante.

GUILHERME: - Boa noite.

CELESTE: - Oi, boa noite.

GUILHERME: - Deseja entrar, uma mesa?

CELESTE: - Sim, por favor.

GUILHERME: - Está sozinha?

CELESTE: - Por enquanto. Minha mãe está chegando daqui a pouco.

GUILHERME: - Venha, eu te levo até a mesa.

Guilherme e Celeste trocam olhares enquanto seguem para a mesa. Heloísa, no balcão, fica chateada. Durval se aproxima.

DURVAL: - Que carinha é essa, minha deusa?

HELOÍSA: - Nada não. Coisas da vida...

DURVAL: - Ih, filosofando agora, Heloísa?

HELOÍSA: - É que o (pausa), deixa pra lá, Durval... (se afasta)

Karina vai passando em frente ao balcão.

KARINA: - Estou saindo, seu Durval. Até amanhã!

DURVAL: - É hoje sua aula lá no cursinho né?

KARINA: - Sim, é hoje mesmo.

DURVAL: - Bons estudos, Karina.

Karina vai saindo, Heloísa se aproxima de Durval.

HELOÍSA: - Estudar vai sim...

DURVAL: - Ela vai, acabou de dizer. Tá levando pastinha e tudo.

HELOÍSA: - Durval, Karina tem cara de quem não vê um caderno há tempos...

DURVAL: - Ter cara não quer dizer nada... Guilherme, por exemplo, tem cara de moço trabalhador, mas faz é pouca coisa.

HELOÍSA (a si mesma/suspira): - Guilherme tem cara e tem corpo de moço bom.

DURVAL: - O que você resmungou ai?

HELOÍSA: - Nada não, meu amor, nada não...

Do lado de fora do restaurante, Karina aguarda, um tanto ansiosa. Um carro preto, de vidros escuros para na rua, na frente de Karina. O vidro do carona baixa. Revela Tarso.

TARSO: - Me atrasei?

KARINA: - Relógio suíço, bem no horário!

Karina entra no carro, que logo parte pela rua.

CENA 05. CASA SÍLVIA. INT. NOITE.

Sílvia chega a sua casa, ela traz sacolas de compras.

SÍLVIA: - Finalmente em casa... Aquele mercado também estava lotado e (pausa)

Sílvia se surpreende ao ver Rosana e Laerte juntos, sentados no sofá. Deixa as compras no chão.

ROSANA: - Me nego a acreditar que você tenha ficado no mercado todo esse tempo. Desde a tarde.

SÍLVIA: - O que você está fazendo aqui, Rosana?! Eu já falei para você não vir mais aqui em casa! E se a Melissa te pega aqui, o que (pausa)

LAERTE (interrompe): - A Melissa não está em casa, foi dormir na casa de umas amigas. E a Rosana é minha convidada, Sílvia.

SÍLVIA: - Que história é essa?

ROSANA (levanta-se): - Eu é que te pergunto, Sílvia. Que história é essa de você se aproximar de Júlio novamente?

SÍLVIA: - Quem te disse isso?... (pausa) Laerte!

ROSANA: - Não, não coloque a culpa no Laerte não. Ele é só um esposo dedicado tentando manter sua família ainda de pé. Mas pelo visto você não compartilha da mesma ideia.

SÍLVIA: - Mas isso é um absurdo! Ouvindo esses desaforos todos dentro da minha própria casa!

LAERTE: - Nós só queremos abrir os seus olhos, meu amor. O Júlio não é boa companhia, pra ninguém.

SÍLVIA: - Eu só ouvi o pedido de ajuda de um amigo.

ROSANA: - Ajuda para quê, posso saber?

Sílvia se cala.

ROSANA: - Anda, Silvinha, responda! Não tenho a noite toda não.

SÍLVIA: - O Júlio está trabalhando com Tereza Sampaio.

ROSANA: - O quê?! Aquela brega falida?! Se merecem mesmo.

SÍLVIA: - E ele me pediu ajuda, só isso.

ROSANA: - Ajuda para quê?

LAERTE: - Querem trazer a CarioLinda de volta e o Júlio quer que a Sílvia desenhe para a grife.

SÍLVIA: - Laerte!

ROSANA (grita): - Isso nunca! (firme) Escuta bem, Sílvia. Eu estou aqui para te relembrar do nosso acordo. Ou você esquece essa história de ajudar o Júlio, ou vou ter que cortar a mesada de vocês.

LAERTE: - Cortar a nossa mesada?

ROSANA: - Sim, Laerte. Aquela boa quantia que sustenta a casa de vocês, já que o seu trabalho como marceneiro não rende nem um picolé na esquina. E a Sílvia com as costuras não ganha grandes coisas.

LAERTE: - Nós não podemos ficar sem esse dinheiro.

ROSANA: - Então diga para a sua querida esposa que ela não pode ajudar o Júlio. Nem para atravessar a rua. Senão a vida de vocês vai pra lama.

LAERTE: - Sílvia!

SÍLVIA: - Eu não aceitei.

Rosana encara Sílvia com surpresa.

ROSANA: - Não?

SÍLVIA: - Não. Eu sei do nosso acordo, Rosana. Sei do compromisso que eu assumi em apenas servir a você com os meus desenhos. Eu disse não ao Júlio.

ROSANA: - Bom saber, minha querida amiga, bom saber...

SÍLVIA: - Agora, por favor, saia da minha casa.

ROSANA: - Eu já estou de saída mesmo. Vila Isabel me dá alergia... Mas antes, só mais um recado. O Rio Moda está chegando e eu preciso de uma coleção nova. Dê um jeito o quanto antes. (a Laerte) Obrigada pela companhia, Laerte. Acho que nossa conversa foi bem proveitosa.

Rosana encara Sílvia, superior, e sai.

SÍLVIA: - Como você teve coragem de procurar essa mulher, Laerte? A Rosana não pode vir aqui, não pode saber da nossa vida, nada!

LAERTE: - Eu só quero que a gente seja feliz sem ninguém nos perturbando, só isso! Será que você não percebe?

Sílvia pega as compras no chão.

LAERTE: - Agora me responda, com toda a sinceridade desse mundo. Você recusou mesmo a proposta do Júlio? Deixou de lado a ideia de ser o nome principal de uma grife?

SÍLVIA (encara Laerte): - Com uma dor profunda no coração. Recusei sim. Agora chega desse assunto. Não quero mais falar sobre isso não.

Sílvia vai para a cozinha. Laerte fica na sala, pensativo.

CENA 06. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. NOITE.

Celeste e Leocádia conversam, sentadas à mesa. De longe, Guilherme observa Celeste.

LEOCÁDIA: - Eu sei que esse assunto é complicado pra falar, minha filha... Tanto é que eu quis conversar com você fora lá de casa.

CELESTE: - Ai mamãe, assim você me deixa até com medo. O que foi?

LEOCÁDIA: - Há tempos que eu venho percebendo que... Que você tem tido um comportamento um pouco... Diferente.

Celeste se ajeita na cadeira.

CELESTE: - Diferente como?

LEOCÁDIA: - Minha filha, a gente não precisa ficar aqui citando (pausa)

CELESTE (interrompe): - Diferente como, mãe?

LEOCÁDIA: - Fazendo muitas repetições. De tudo. E algumas vezes agindo de forma agressiva consigo mesma.

CELESTE: - Mamãe...

LEOCÁDIA: - Eu estou falando isso porque estou preocupada com você, minha filha... Eu não entendo como isso chegou ao ponto que está. Antes eu achava que era mania de criança. Mas aí você cresceu e (pausa)

CELESTE: - E virei uma louca, é isso?

LEOCÁDIA: - Eu não falei isso, Celeste.

CELESTE: - Mas com certeza é o que você está pensando. Está pensando que eu sou louca, mas eu não sou!

Celeste se levanta da mesa e vai saindo do restaurante. Guilherme se apressa e vai atrás dela. Leocádia fica na mesa, entristecida. Durval se aproxima.

DURVAL: - A senhora precisa de alguma ajuda?

LEOCÁDIA: - Não, muito obrigada...

DURVAL: - Eu não pude deixar de ver a moça que acompanhava a senhora saiu em disparada... Sua filha?

LEOCÁDIA: - É sim, minha filha. Mas ela não está passando por um bom momento. Eu só quero ajudar minha filha (chora)

DURVAL: - Ei, não fica assim, minha senhora. Vou buscar um copo com água.

Durval se retira. Leocádia tenta conter as lágrimas. Enquanto isso, do lado de fora, Celeste está encostada em uma árvore, de pé, alisando os cabelos de forma muito rápida e contínua. Guilherme se aproxima.

GUILHERME: - Tá tudo bem?

CELESTE: - Está sim.

GUILHERME: - Você parece nervosa.

CELESTE: - Está me achando louca também?

GUILHERME: - Eu não falei nada. Só quero saber se você precisa de ajuda.

CELESTE: - Eu não preciso de ajuda, não preciso de você, não preciso de nada. Eu só preciso fazer o que eu tenho que fazer. (alisa os cabelos cada vez mais rápido)

GUILHERME: - Para de fazer isso, vai acabar se machucando.

Celeste não para, começa a entrelaçar os dedos nos cabelos e vai puxando, frenética, compulsiva. Guilherme segura suas mãos, Celeste tenta se soltar, mas Guilherme não deixa.

GUILHERME: - Para com isso!

CELESTE (chora): - Você está me atrapalhando!

GUILHERME: - Eu estou é ajudando você! Agora para!

Celeste para. Guilherme ainda segurando suas mãos. Eles trocam olhares. Celeste começa a chorar. Guilherme se aproxima mais dela, a abraça, confortando-a. Neste instante, Leocádia se aproxima dos dois.

LEOCÁDIA: - Minha filha... O que foi que aconteceu?

GUILHERME: - Eu só quis ajudar.

CELESTE: - Eu quero ir pra casa, mãe. Eu não estou bem.

LEOCÁDIA: - Vamos, meu anjo, vamos... (a Guilherme) Obrigada moço, por ficar com ela.

GUILHERME: - Não precisa agradecer não... Cuida dela, senhora. Ela precisa de ajuda.

CELESTE: - Qual seu nome?

GUILHERME: - Guilherme.

CELESTE: - Obrigada, Guilherme.

LEOCÁDIA: - Venha, Celeste, vamos embora.

Celeste vai saindo de braços dados com Leocádia. Guilherme fica a observá-las.

GUILHERME: - Celeste...

Enquanto isso, Bruno e Valquíria chegam ao restaurante. Durval os recepciona.

DURVAL: - Muito boa noite! Fiquem à vontade!

VALQUÍRIA: - Obrigada!

Bruno e Valquíria sentam-se à mesa. Durval se afasta.

VALQUÍRIA: - Adoro esse restaurante, sabia? Como você adivinhou?

BRUNO: - Você tem bom gosto assim como eu. E esse aqui é o melhor restaurante da cidade.

VALQUÍRIA: - E você é o melhor homem do mundo. (coloca a mão sobre a mão de Bruno) Sou louca por você.

BRUNO: - Eu sei bem o tamanho da sua loucura.

VALQUÍRIA: - Disso, meu querido, eu aposto que não sabe. (ri, esperta)

Na outra mesa, Fernando e Marília conversam.

MARÍLIA: - Nossa, Fernando, eu nem sei o que dizer pra você diante dessa revelação.

FERNANDO: - Desculpa. Eu não quis apavorar você.

MARÍLIA: - Não, eu não estou apavorada... Eu fui pega de surpresa. É que, faz tanto tempo que eu também não me apaixono.

FERNANDO: - Você disse também?

MARÍLIA: - Disse... Ah, Fernando. Não vou negar que você me deixou encantada com esse seu jeito um tanto cara de pau. (risos) Mas é um cavalheiro, inteligente, bonito, educado. Não conheci nenhum outro homem assim desde que eu fiquei viúva.

FERNANDO: - Então podemos concluir que, nós dois aqui, é o primeiro passo para o nosso recomeço?

MARÍLIA: - Acredito que sim.

Fernando e Marília sorriem um para o outro. Na outra mesa, Bruno e Valquíria conversam, já tomando vinho.

BRUNO: - E por que então você não usa essa loucura sem tamanho para fazer suas obras de arte?

VALQUÍRIA: - Mas eu já uso as loucuras nos meus quadros. Aliás, eu preciso agilizar a minha exposição. Depois a gente faz uma viagem bem romântica. Estamos merecendo.

BRUNO: - Eu mereço tanta coisa, Valquíria... Tanta coisa... (enxerga Marília e Fernando) Não pode ser.

VALQUÍRIA: - Não pode ser o quê?

Valquíria olha na direção de Marília e Fernando.

VALQUÍRIA: - Fernando?... Aquela ali com ele não é aquela ex-modelo famosa? Marília Pereira?

BRUNO: - Ela mesma. Ela saiu com ele então. Droga.

VALQUÍRIA: - Droga por quê? Você queria ter saído com ela?

BRUNO: - De onde você tirou essa ideia?

VALQUÍRIA: - Está escrito nos seus olhos, Bruno. (firme) Eu detesto quando você me faz de idiota. Eu faço tudo por você, pra ficar do seu lado e você pensando em sair com outra?! Canalha!

BRUNO: - Fala baixo, por favor. Detesto escândalos.

VALQUÍRIA: - E eu detesto a sua falta de carinho comigo, Bruno. (joga vinho no rosto dele)

BRUNO (impassível): - Você chega a níveis tão baixos que não é digna da minha companhia. Por isso que eu desejo sair com outras mulheres. É por causa desse seu comportamento destemperado e impulsivo.

VALQUÍRIA: - Desculpa, meu amor! Eu não queria ter feito! Você é tudo pra mim, Bruno!

BRUNO: - Depois disso, eu já não sei se poderei dizer o mesmo pra você, Valquíria.

Bruno se levanta e vai saindo. Valquíria pega sua bolsa para sair também, mas Bruno intervém.

BRUNO: - Nem pense em vir atrás de mim depois desse show ridículo. Eu quero e preciso ficar sozinho agora.

Valquíria já com os olhos marejados, entristecida, fica na mesa. Bruno sai. Valquíria pega a taça de Bruno e bebe o vinho, encarando Marília e Fernando do outro lado, sorridentes, felizes.

CENA 07. ESCOLA DE DANÇA CORPO E ALMA. INT. NOITE.

Raquel termina uma aula de dança. Os alunos vão saindo do salão. Paula está presente, conversa com Raquel.

PAULA: - Ótimo você ter dado essa aula extra, Raquel. Tem uns passos que eu não consigo pegar de jeito nenhum!

RAQUEL: - E você precisa trabalhar melhor o seu giro, Paula. É só exercitar um pouco mais e você fica perfeita!

André chega ao salão.

ANDRÉ: - Já acabou?!

RAQUEL: - Chegou tarde, André.

PAULA (resmunga): - Esse cara de novo...

ANDRÉ: - Eu fiquei preso na empresa. Meu pai praticamente me escraviza lá dentro.

RAQUEL: - Que exagerado! (ri)

ANDRÉ: - É verdade. Aí eu preciso inventar um futebol com os amigos, ou outro compromisso mega ultra importante pra ele poder me deixar sair.

PAULA: - E por que tanta mentira? Não dá pra dizer que você simplesmente vem na aula de dança?

ANDRÉ: - Tá louca?! Se eu digo isso meu pai me esfola... Meu sonho sempre foi dançar. Ganhar a vida dançando.

RAQUEL: - E você tem talento pra isso, André.

ANDRÉ: - Pena que o senhor Gilson não concorde. Ele diz que dançar não põe comida na mesa de homem, que eu tenho é que ter um trabalho mais sério...

PAULA: - Desculpa falar, mas seu pai é bem antiquado.

RAQUEL: - Eu já me acostumei... Gilson ainda é um pouco machista.

ANDRÉ: - Mas como eu não pretendo deixar de dançar, vou fazendo as aulas escondido, com o apoio da Raquel.

RAQUEL: - Só me metendo em fria... (risos) Mas foi bom que você chegou, André. A Paula precisa de ajuda em alguns passos. Eu posso ficar um pouco mais pra auxiliar vocês. O que acham?

ANDRÉ: - Se ela não for fugir feito cachorro da carrocinha, eu aceito.

PAULA: - Vai ficar tirando sarro é? Eu não vou fugir não.

RAQUEL: - Pois bem, nos seus lugares.

Raquel coloca o som. Paula e André se juntam para dançar, trocam olhares. (sobe trilha “Love You I Do” – Jennifer Hudson) André e Paula começam a dançar, mas se atrapalham em alguns passos.

ANDRÉ: - Não é assim que se faz!

PAULA: - Você precisa ser mais delicado, sabia?

RAQUEL (a si mesma): - Que par perfeito! (risos)

CENA 08. CASA MAURO. QUARTO MAURO. INT. NOITE.

Rosana caminha no quarto, de um lado a outro.

ROSANA: - Então o Júlio vai investir no mundo da moda, ressuscitando a CarioLinda? Mas ele pensa que pode fazer alguma coisa?... Mas se a CarioLinda volta, pode ser uma forte concorrente da Gonzales Fashion. Eu preciso fazer alguma coisa, uma ideia nova... (para) É isso!

Neste instante, Mauro entra no quarto.

MAURO: - É isso o que, meu amor?

ROSANA (empolgada): - Mauro, meu querido, tive uma ideia maravilhosa para a GF!

MAURO: - Fala então.

ROSANA: - Que tal a gente organizar um concurso, uma seleção para escolher o novo nome da moda para a grife?

MAURO: - Como é que é?

ROSANA: - A última pessoa que entrou na GF para criar alguma coisa foi eu, meu amor. E lá se vão mais de vinte anos! A GF precisa de sangue novo, mas sem esquecer a sua estrela magnânima aqui. O que você acha, abrir uma seleção, mas assim, coisa relâmpago, pra escolher o novo nome da moda? Alguém que atraia novos clientes com suas novas ideias!

MAURO: - Rosana estou surpreso com você, meu amor! A ideia é ótima! Já vou entrar em contato com o Gilson, avisar o departamento de marketing. Vamos agilizar ao máximo isso... (se aproxima de Rosana, a beija na boca) Você é demais!

Mauro sai do quarto animado.

ROSANA: - Eu sou sim, demais! Uma diva! Poderosa! Júlio vai ver só. Vai voltar pra lama, de onde ele nunca deveria ter saído. Verme.

CENA 09. ESCOLA DE DANÇA CORPO E ALMA. EXT. NOITE.

André e Paula vão saindo da escola de dança, acompanhados de Raquel, que fecha o portão do casarão.

ANDRÉ: - Valeu pela aula, Raquel.

PAULA: - Valeu mesmo. Consegui ensaiar bem.

ANDRÉ: - Modéstia à parte, eu sou um bom partner.

PAULA: - E um Narciso em pessoa, se achando muito.

RAQUEL: - Vejo que vocês dois se dão super bem... Mas pessoal, vou indo nessa. Meu marido e minha casa me esperam. Beijos e até a próxima aula.

Raquel se afasta.

PAULA: - Bom, eu também vou indo...

ANDRÉ: - Vai pra casa?

PAULA: - Eu vou. Pra onde mais eu iria?

ANDRÉ: - Tomar um suco comigo na lanchonete aqui perto, que tal? Assim a gente repõe as energias que gastamos dançando e ainda aproveita pra conversar.

PAULA: - Acontece que hoje eu (pausa)

ANDRÉ (interrompe): - Ei, Paula, é só um suco, nada demais!

PAULA: - Tá bom, eu aceito...

Os dois seguem caminhando pela calçada. Um carro passa na rua. CAM corta para o interior do carro. Vitinho, na direção, e Aline, no banco do carona, conversam.

ALINE (histérica): - E você vai para os Estados Unidos e não vai me levar, Vitinho?!

VITINHO: - Não sei por que esse ataque todo, Aline. Você já foi pra lá várias vezes com sua família.

ALINE: - Mas é diferente, meu bombomzinho... Eu fui pra lá nas férias, família, aquela melação toda de família feliz em comercial de margarina, e não assim, com foco nos objetivos, sabe? Uma comitiva especial, eventos de moda, gente importante, glamour, flashes, desfiles! Isso é o que eu quero pra mim!

VITINHO: - Se você soubesse que isso às vezes é tão chato.

ALINE: - Eu não sei se é chato ou não porque você ainda não me colocou dentro desses esquemas aí... (alisa o rosto de Vitinho) Eu sou tão carinhosa, tão meiga com você.

VITINHO: - Ei, ei, eu preciso me concentrar no trânsito...

ALINE: - Se concentra na gente, em Nova York, Vitinho!

VITINHO: - Tá bom, eu vou pensar no seu caso, ok? Mas eu não posso prometer nada. Depende do que a madame decidir.

ALINE (vibra): - É por isso que eu te amo, meu bombom!

O carro acelera pela avenida. (fade in trilha “World Hold On” – Bob Sinclair)

CENA 10. BOATE GLAMOURIO. INT. NOITE.

A boate está lotada. As pessoas dançam na pista. No palco, Karina se apresenta, com roupa justa (calça colada e top, cabelos soltos). Num dos camarotes, Tarso observa Karina dançar. Ela manda beijo pra ele, que retribui. Estér está na pista, dançando, acompanhada por Ivan.

IVAN: - Com certeza, o Walter fez uma bela escolha trazendo essa moça para se apresentar. A mulher dança muito!

ESTÉR: - Dança mesmo! Além de ser linda!

IVAN: - Tira o olho, Estér, porque eu acho que ela já tem compromisso...

ESTÉR: - Como você sabe?

IVAN: - Não vê que ela está jogando beijos e mais beijos para aquele cara lá no camarote?

Estér se vira para ver quem está no camarote e se surpreende ao ver Tarso.

ESTÉR: - Tarso?... Ivan, você tem certeza que ela manda beijo pra ele?

IVAN: - Acho que sim. Ele é só sorrisos pra ela...

ESTÉR: - Bom, eu vou dar uma circulada por aí.

Estér sai da pista. Karina termina sua apresentação. Walter (travestido de Waleska) sobe ao palco.

WALESKA: - Gente, palmas para essa musa!

O público ovaciona Karina, que sai do palco sorridente.

WALESKA: - É a mais nova estrela da GlamouRio! Espero que tenham gostado. Agora DJ, solta o som pra galera curtir!

A música rola e o público dança. Tarso, no camarote, bebe champanhe quando é surpreendido por Estér.

ESTÉR: - Tarso, que surpresa boa ver você aqui.

TARSO: - Estér?!

ESTÉR: - E Sandra, como vai? Ela não veio com você?

TARSO: - A Sandra?...

Karina chega ao camarote, abraça Tarso.

KARINA: - E então, gostou da minha apresentação?

TARSO: - Estava muito bem... Karina, esta aqui é Estér, uma amiga.

KARINA: - Prazer.

ESTÉR: - Parabéns pelo show... Espero que você tenha o mesmo rebolado pra sair da fúria da mulher dele quando descobrir o caso de vocês.

TARSO: - Você não vai falar nada, Estér.

ESTÉR: - Claro que eu não vou. Como sempre, a Sandra vai descobrir sozinha a mais nova traição do marido.

Estér se retira.

KARINA: - Nossa, que mulher é essa? Eu hein!

TARSO: - Deixa pra lá. Não quero me preocupar com nada. Vamos aproveitar mais um pouco, porque logo eu preciso ir.

KARINA: - Então vêm cá, me dar uns beijinhos...

Karina e Tarso se beijam calorosamente.

CENA 11. APTO RAQUEL. QUARTO DIOGO. INT. NOITE.

O local está escuro. Diogo está deitado em sua cama, mexendo no notebook. Olha sites, fotos onde garotos usam roupas de marca, tênis e acessórios caros.

DIOGO: - Esse é o meu mundo...

Diogo mexe em outras páginas, até encontrar uma reportagem.

DIOGO (lendo): - Jovens que ganham a vida como garotos de programa, faturam alto...

Diogo começa a ler a reportagem, acessa outros sites, blogs de garotos de programa. Alguém bate à porta, ele muda de sites.

DIOGO: - Entra.

RAQUEL (abrindo a porta): - Com licença.

DIOGO: - Oi Raquel.

RAQUEL: - Passei só pra dar um oi.

DIOGO: - Chegou agora?

RAQUEL: - Sim. Seu pai disse que você estava aqui. Tá tudo bem?

DIOGO: - Tá sim.

RAQUEL: - Ok... Boa noite, querido.

DIOGO: - Valeu.

Raquel fecha a porta.

DIOGO: - Pelo menos alguém aqui se preocupa comigo... Mas ta na hora de eu mesmo cuidar da minha vida...

CENA 12. CASA SÍLVIA. QUARTO. INT. NOITE.

Sílvia e Laerte deitados lado a lado na cama. Silêncio. Ambos acordados, mas não se olham.

LAERTE: - Está chateada comigo?

SÍLVIA: - Não deveria?

LAERTE: - Se entendesse o meu lado, não.

SÍLVIA (encara Laerte): - E você, em algum momento, procurou entender o meu lado, Laerte?

LAERTE: - Você precisa viver a sua vida, Sílvia! Deixa o Júlio em paz!

SÍLVIA: - Eu já deixei!... O que eu não admito é que você se meta dessa forma nessa história, trazendo a Rosana e (pausa)

LAERTE (interrompe): - A Rosana só quis ajudar e você sabe disso.

SÍLVIA: - Não me faça de boba e também não se engane, Laerte! Rosana só pensa nela. Ela tem é medo do Júlio colocar a boca no trombone e contar toda a verdade sobre o acidente.

LAERTE: - Isso é história deles. Você não pode se meter.

SÍLVIA: - Mas eu já estou dentro dessa história. E você também. Não temos como fugir.

LAERTE: - Mas podemos ficar quietos, no nosso canto. Não vamos procurar problemas, Sílvia, por favor... Pelo bem da nossa filha.

Os dois voltam a ficar em silêncio.

CENA 13. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / APTO DUDA E GABY. INT. DIA.

Imagens do Rio ao amanhecer. Corta para o apto de Duda e Gaby. Duda em frente ao computador, ela se anima com o concurso da GF. Melissa e Gaby na mesa do café.

GABY: - Mas que seleção é essa, Duda?

DUDA: - Diz aqui no site que é uma seleção relâmpago! A Gonzales Fashion quer escolher o novo nome da moda, para trabalhar na empresa. Gente é oportunidade de ouro!

GABY: - Bah, que legal!

MELISSA: - E como faz para participar?

DUDA: - É só chegar lá com os desenhos e apresentar para a direção. Ainda bem que eu tenho uns bem legais ali na pasta. Praticamente uma coleção inteira!

GABY (levanta-se da mesa): - Bom, eu preciso ir pro restaurante, senão o seu Durval me assa no forno à lenha. E torçam por mim gurias, de tarde eu gravo meu primeiro comercial!

MELISSA: - Vai dar tudo certo, Gaby.

GABY: - Vou lá dentro pegar minhas coisas.

DUDA: - Eu também. Quero ir direto pra GF!

Duda e Gaby saem da sala. Melissa se apressa e vai até a pasta de desenhos de Duda, sobre o sofá. Melissa pega todos os desenhos e coloca na sua mochila. Em seguida, pega folhas de papel em branco e coloca na pasta. Volta para a mesa, disfarçando. Duda e Gaby retornam.

GABY: - Prontas!

MELISSA (levanta-se): - Bom, vou indo com vocês então. Preciso resolver uns assuntos pelo centro.

DUDA: - Então vamos todas!

Duda pega a pasta.

MELISSA: - Não vai conferir os desenhos, Duda?

DUDA: - Não. Já estava tudo certinho ontem. Não vai ser preciso... Me desejem sorte!

MELISSA: - Sorte, amiga!

As três saem.

CENA 14. HOTEL BARATO. QUARTO. INT. DIA.

Júlio está no quarto, lendo jornal, quando alguém bate à porta. Ele atende. Tereza entra no quarto.

TEREZA: - Bom dia, Júlio.

JÚLIO: - Tereza? Pensei que a gente fosse se encontrar mais tarde.

TEREZA: - Eu sei, mas é que eu precisava vir antes para falar com você sem que a Sílvia estivesse presente.

JÚLIO: - Ok. O que você quer falar?

TEREZA: - Eu quero falar que estou apaixonada por você, Júlio.

Júlio encara Tereza.

CENA 15. ESCRITÓRIO GF. INT. DIA.

Diversas pessoas estão presentes, em fila, no hall de entrada do escritório da GF para apresentar os desenhos à direção. Entre eles, Duda, que é a próxima a entrar na sala de reuniões. Vitinho abre a porta da sala.

VITINHO: - Próximo.

DUDA: - Sou eu!

VITINHO: - Pode entrar.

Duda entra na sala. Vitinho também e fecha a porta. Neste instante, Melissa chega à sala com uma pasta em mãos. Ela fica à postos, atrás de uma folhagens da decoração. Dentro da sala, Duda deixa a pasta sobre a mesa.  Rosana, Vitinho, Mauro e Gilson estão no local.

MAURO: - Então, Duda, você é designer de moda?

DUDA: - Estudante ainda. Falta um pouco para me formar, mas já faço meus trabalhos pra uso pessoal. Como essa roupa que estou vestindo.

ROSANA: - De muito bom gosto.

GILSON: - E seus desenhos?

DUDA: - Estão aí na pasta. Faço questão que os senhores abram a pasta e vejam que, modéstia à parte, eu sou boa no que faço.

Vitinho pega a pasta e abre. Retira as folhas em branco.

VITINHO: - Você faz desenhos invisíveis? Porque aqui dentro só tem folha em branco.

DUDA (surpresa): - Como assim? Não moço, tem alguma coisa errada. Meus desenhos estão aí! Separei a melhor coleção que eu tinha feito para apresentar pra vocês.

ROSANA (impaciente): - Olha só queridinha, nós estamos aqui há um bom tempo, desde cedo entrevistando as pessoas. Não estamos aqui pra brincadeiras idiotas.

DUDA: - Eu não sei o que aconteceu! Os desenhos estavam aí dentro! Eu juro!

GILSON: - Talvez você tenha esquecido em casa.

MAURO: - Infelizmente não será desta vez, Duda. Obrigado.

DUDA: - Mas eu preciso dessa oportunidade!

VITINHO: - Queira me acompanhar até a porta.

Vitinho entrega a pasta para Duda, que sai da sala arrasada. Melissa se esconde um pouco mais, para não ser vista por Duda.

DUDA: - Não é justo.

VITINHO: - Se organize melhor e quem sabe numa próxima você consegue, viu?...

Duda vai embora, aos prantos.

VITINHO: - Próximo!

Neste instante, Melissa entra na sala. Os demais participantes reclamam.

VITINHO (entrando na sala): - Ei moça! Não é a sua vez!

MELISSA: - Desculpa, mas eu preciso mostrar o meu trabalho para vocês!

ROSANA: - Minha querida, todo mundo lá fora quer fazer isso. É preciso respeitar a ordem, senão vira bagunça, meu amor.

MAURO: - Queira sair e aguardar a sua vez, ta certo?

MELISSA (firme): - Não!

Todos se surpreendem.

MELISSA: - Eu só quero uma oportunidade... Eu não sou estudante de moda, não sou formada na área, nem tenho experiência. O que eu tenho é apenas paixão e vontade de crescer. Essa é a minha grande oportunidade. Só quero que vocês vejam isso.

Melissa abre sua pasta e coloca os desenhos sobre a mesa.

MELISSA: - E então, o que me dizem? Eu posso ou não posso ser o novo nome da moda da Gonzales Fashion?

 


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