FADE IN.
CENA 3. INT.
HIDRELÉTRICA/TURBINAS - DIA.
Abre na estrutura da
turbina, que antes estava sem funcionamento. Agora, esta
gira, continuamente, incentivando relativa poluição
sonora no local, fato que obriga Nolan, Scott e Trevor,
nos CORREDORES a cima das turbinas, usarem um fone
grande no ouvido. Eles observam todo o processo ali,
movido por alguns homens, suados, em trabalho contínuo.
CENA 4. INT.
HIDRELÉTRICA/SALA DE NOLAN - DIA.
Nolan acaba de se sentar
em sua cadeira. Na da frente, já se acomoda Trevor.
NOLAN:
Com a geração da água, podemos abastecer o máximo
possível dos estoques.
TREVOR:
Sem essa, Nolan. Influenciar toda essa gente para nos
confiar suas vidas exige prova. Colocar essas turbinas
para funcionar é garantir a vida.
NOLAN:
Seu maior erro, pequeno Trevor, é acreditar que tudo o
que faço é para influenciar o aumento dos Bats. Perdemos
nossas chances de recursos. Nem a missão de busca a
medicamentos conseguimos concluir.
TREVOR:
Eu conheço o ferido na missão.
NOLAN:
O que gerou toda essa confusão? Era pra ter sido jogado
porta a fora. (T) Ele é o líder da loira gostosa, não é?
TREVOR:
Lori?
NOLAN:
Esse poço de mistério, mesmo.
TREVOR:
Sim. O meu irmão, ele fazia parte do grupo deles no
centro.
NOLAN:
O olhar deles se cruzaram nos corredores. Tive que
contar a ela que se tratava de um deficiente
psicológico.
TREVOR:
Até quando pretende enlouquecê-lo com aquelas malditas
aplicações? (O ENCARA) Eu não vou permitir que você faça
algo além disso.
Nolan se ajeita na
cadeira, se curva na mesa e encara Trevor.
NOLAN (RISOS):
Você sabe que nos trará problema, não será louco de me
forçar a parar o tratamento de... (RI) de loucura. (T)
Se seu irmão voltar ao estado normal, vai revelar que me
viu matando aquele homem e, então, pode ser tarde demais
para a confiança dessas pessoas.
TREVOR:
Pensei que se importasse apenas com você.
NOLAN:
E isso não é me importar comigo mesmo? (T) Todos nós
sabemos que os Bats nasceram da necessidade de
sobreviver. Você não foi comprado à toa, Trevor. Todos
nós, líderes, buscamos poder e eu sou o encarregado de
dar isso. Essas pessoas, por esses corredores, são
apenas um pretexto.
TREVOR:
Você fala como se fosse algo simples.
NOLAN:
Por que não seria? Por que eu estaria errado? Não existe
mais lógica lá fora. Não existe mais moral e cívica. É
cada um por si.
TREVOR:
É a sua justificativa?
Nolan se escora na
cadeira, o encara.
TREVOR:
Ao invés de discutirmos o passado, é melhor agirmos. Eu
não acho que devamos adiar. Está na hora de ganhar
Boston, Nolan...
NOLAN:
Não, ainda não. Falta algo.
TREVOR:
O quê?
NOLAN:
O menino. Está em estágio final. Vamos, em breve,
consegui-lo. Finalmente.
TREVOR:
E quanto ao exército?
NOLAN:
Vamos negociar a entrada dos Bats no governo. Mas vou
mandar uma tropa de andarilhos dar um olá pra eles e
acabar com a festa.
TREVOR:
Será passe livre?
NOLAN:
Hoje, à noite, vou até a cidade. Pegarei o que nos foi
prometido no acordo de paz e vou dar início ao nosso
plano. Vamos boicotar o acordo. (T) Ás vezes penso se
estamos mesmo num mundo devastado por um vírus. Sou o
único não desolado pelos cantos, que aproveita as
oportunidades?
TREVOR (ENCARA-O):
Eu espero que você não esteja armando algo pra mim,
Nolan, caso contrário, todo o seu plano vai por água a
baixo.
Ambos se encaram, olho
no olho. Mistério.
CENA 5. INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO MASC. - DIA.
Em PRIMEIRO PLANO, fora
de foco dos outros homens, Ryan passa um pano úmido na
testa de Bruce, dormindo. Ele o observa, retira o pano e
põe sobre seu COLCHÃO, ao lado.
Devagar, Bruce abre os
olhos e o encara.
BRUCE (CONFUSO):
O quê?... O que estou fazendo aqui?
RYAN:
Calma, Bruce, tá tudo bem. Você teve uma queda de
pressão, ontem, depois de se exaltar um pouco. Como
resistiu a clínica, trouxemos você para cá. Se sente
melhor?
BRUCE:
Sim, estou bem. Mas o que houve?
RYAN:
Eu não sei. Lori me contou que você saiu da clínica mal,
perambulando, atrás do... (PAUSA) Atrás do Nolan.
BRUCE:
Nolan?
CLOSE-UP em Bruce.
BRUCE:
Nolan. (T) Oh, meu Deus, eu não posso fazer isso. Não
assim. Eu preciso pensar.
RYAN:
O que está havendo? Aconteceu algo com ele?
BRUCE:
Nosso passado, Ryan. Temos muito em comum.
RYAN:
Você? Nolan?
BRUCE:
Tudo o de mais simples é o mais complexo. Parece frase
de efeito, mas é a pura verdade.
RYAN:
Não entendo. Como você só se lembrou dele agora? E por
que se lembrou? São parentes?
BRUCE:
Foi há mais de quinze anos. Todos mudamos. As afeições
se alteraram... (T) Mas é claro que não tinha como me
esquecer.
RYAN:
Vai me falar que vocês dois são irmãos?
BRUCE:
Vou contar uma história...
MÚSICA ON - Atlas
(Instrumental), por Coldplay.
BRUCE:
Eu me casei jovem.
FLASHBACK RÁPIDO – Bruce
casando.
Bruce, terno preto, ao
lado do Padre, numa formosa e pequena Igreja; sorriso no
rosto.
FIM DO FLASHBACK.
BRUCE:
Eu e Regina nunca tivemos nenhum interesse em ter filho
rápido. Mas... (SORRI) Quando se ama pela primeira vez,
Ryan, nada é uma questão racional. Ela engravidou.
Cismei que era menino e estava certo. O tempo passou.
Tivemos nosso filho, Lincoln, durante algum tempo, até
descobrirmos que ele tinha uma doença degenerativa,
imparcial, incomum.
FLASHBACK RÁPIDO – A
doença de Lincoln.
Lincoln deitado na maca;
Regina, lágrimas nos olhos, ao seu lado; Bruce à frente,
o observando.
FIM DO FLASHBACK.
BRUCE:
Meu irmão, Jack, trabalhava para o Sr. Miller na
faculdade de Medicina, em Danbury. Miller tinha uma
vacina, posta em prática várias vezes, mas em ratos de
laboratório. A vacina era constituída de muitas
informações e privaria as degenerações, as convulsões e
os distúrbios. Com o tempo, Lincoln só piorava. Havíamos
investido pesado no tratamento e tínhamos aquilo com
muita esperança... Até o dia que/ (T) Lincoln faleceu.
FLASHBACK RÁPIDO – A
morte de Lincoln.
Os trovões no céu
sustentam a triste e chuvosa imagem do enterro de
Lincoln.
FIM DO FLASHBACK.
RYAN:
E não suspeitaram da vacina?
BRUCE:
Assim como ninguém suspeita dos medicamentos de cada um
que morria nos hospitais, não suspeitamos. Pelo
contrário... dei mérito ao doutor Miller. Mas Regina,
não. Ela o acusou e acusou ao meu irmão. A ideia de que
tudo aquilo era falso, de que aquele hospital não era
realmente válido, que nenhuma vacina era testada... Eu
não podia concordar com isso. Eu confiei!
RYAN:
...ou não quis acreditar?
BRUCE:
Depois que Regina morreu, minha pequena... (LÁGRIMAS)
minha pequena Susan, depois que perdi TUDO, caí em mim
que era possível, sim, tudo ter sido uma grande fraude;
a fraude que matou meu filho. Nesse mundo, todo mundo
vai matar para sempre, até o último sobrevivente cair no
chão e o planeta acabar, finalmente. E eu estou disposto
a fazer justiça. O tempo passou, mas eu não vou
conseguir dormir sabendo que o Dr. Miller é o Nolan, o
Bat disposto a salvar tudo nesse lugar!
RYAN:
Você quer dizer que... (CAI EM SI) Oh, meu Deus. Estamos
correndo perigo, então. O Cody. Já imaginou se o Cody
não está sendo torturado? Este lugar...
BRUCE:
Este lugar, Nolan e nem ninguém ao seu lado são de
verdade, Ryan. Precisamos pegar as armas e sair daqui o
mais rápido possível.
RYAN (TEMPO):
Sim, mas... Mas, Bruce, e se for um engano? E se Nolan
não for o médico que matou seu filho?
BRUCE:
É impossível. O tempo passou, Ryan, mas eu me lembro
daquele olhar perfeitamente, daquele sorriso. Não pode
ser uma simples coincidência.
MÚSICA OFF.
RYAN:
Alguém mais sabe dessa história?
BRUCE:
Só eu e você.
RYAN:
Conte comigo pro que precisar, certo? (TEMPO) E quanto a
Lori, Megan, Emily?
BRUCE:
Acho melhor que essa história fique apenas entre nós
dois, Ryan. (TEMPO) Se, por acaso, Nolan descobrir, pode
ser tarde demais para todos nós. Depois contarei a elas,
quando estivermos bem longe daqui.
VOZ (V.O.):
Atenção. Convocamos a todos para a área externa em cinco
minutos. (PAUSA) Atenção...
Bruce e Nolan trocam
olhares.
BRUCE (OLHA AO REDOR):
Vamos aproveitar, Ryan, é a hora. É claro que vai ficar
tudo vazio. Vamos revirar a sala do Nolan.
RYAN:
A sala dele?
BRUCE:
(ERGUE OS BRAÇOS) Me ajude/
Ryan se levanta, dá a
mão e ajuda a Bruce a se levantar. Este calça os
chinelos, na borda do colchão, e encara o parceiro.
BRUCE:
Temos que aproveitar essa chance, vamos.
RYAN:
Mas...
BRUCE:
Vamos.
Ryan e Bruce caminham em
direção a saída do dormitório.
CENA 6. EXT.
HIDRELÉTRICA/CASA DE FORÇA - DIA.
O lugar, um cubículo
cercado por sistemas, fios e computadores quebrados.
Várias pessoas amontoadas, fazendo pressão sobre um
grande equipamento.
NOLAN:
Vamos, vamos! A gente consegue! Mais força.
Lori entra pela porta,
avoada.
LORI:
Os cabos estão fazendo pressão. Não sei se vão aguentar
a força da água que está descendo pelo reservatório e
concentrando nas turbinas. Precisamos desembocar toda
essa água no rio, rápido! Vamos!
Nolan a observa por
alguns instantes. Todos voltam a fazer pressão.
NOLAN:
Empurrem, empurrem!
Por fim, o equipamento é
girado e um estrondo, como se algo muito forte estivesse
desabando, acontece. Todos correm para FORA da casa de
força.
CENA 7. EXT.
HIDRELÉTRICA/RIO - DIA.
Das pedras secas, a água
toma conta e inunda todo o buraco, cuja água desce até
certo ponto, onde o mesmo acaba, passando a formar um
rio.
DEBAIXO DAS ÁGUAS, o
grande resistor das turbinas está aberto.
Todos, num CORREDOR, bem
a cima do manancial, tem seus sorrisos estampados;
comemorando entre si.
Apoiado no corrimão,
está Nolan, ao lado de Trevor, observando o curso das
águas.
NOLAN:
Conseguimos. Finalmente, água.
Nolan fecha os olhos,
ouve o barulho da pressão d'água.
TREVOR:
São os últimos momentos, Nolan. (T) Mais um dos
objetivos foi concluído...
Trevor sai e Nolan abre
os olhos, percebendo que Lori se aproxima.
LORI:
Não acha que fiz aquilo para lhe ajudar, né?
NOLAN:
Permite que eu lhe faça uma pergunta, loira?
LORI:
Não me chame assim ou vai se arrepender.
Eles se encaram.
NOLAN:
Pergunto assim mesmo. O que faz aqui? Você, seu grupo?
Estão mendigando abrigo? As tropas não deram o
necessário? Ou viram alguma tempestade se aproximando e
acharam que os Bats são a grande salvação? (MÃOS NA
BOCA; CÍNICO) Oh, eu me esqueci de que não se importa
comigo e com nada neste lugar, a não ser você e seu
grupinho, incluindo o herói-líder. Estou certo?
Responda-me: o quer aqui?
LORI:
Se eu realmente não tivesse escolhido estar aqui, tenha
certeza que você não estaria satisfeito com a minha
presença.
Ela se vira e caminha em
direção a porta. Nolan olha para sua bunda, esboçando um
sorriso no canto dos lábios.
NOLAN (ALTO):
Toma cuidado, loira.
ÂNGULO ALTO - A água
flui pelas turbinas, em movimento contínuo.
CENA 8. INT.
HIDRELÉTRICA/SALA DE NOLAN - DIA.
Bruce abre uma das
gavetas da escrivaninha; Ryan fuxica um armário de
madeira, grande.
RYAN:
Só papel, livros de medicina...
BRUCE:
Não tenho dúvidas de que esse desgraçado é o Dr. Miller.
RYAN:
Ei, olha isso!
Ryan tem em mãos um
papel com várias siglas, termos, palavras variadas, do
início ao fim da folha, onde está escrito, no rodapé, a
palavra CONFIRMADO em negrito. Bruce pega o papel, dá
uma olhada. Todos eles têm algo em comum: um símbolo
azul, em formato de círculo, com estrelas brancas.
BRUCE:
Números, letra, o que será que significa?
RYAN:
Vamos apressar, Bruce. Vou levar esse papel. Conseguiu
achar alguma coisa?
Bruce fecha a gaveta.
BRUCE:
Nada de importante. Pegue outros papeis aí dentro e
vamos embora daqui. As pessoas já devem estar voltando.
(T) Vamos manter tudo isso entre nós.
RYAN:
Claro.
Ryan pega outros papéis
e fecha o armário. Eles SAEM da sala.
CENA 9. INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR - DIA.
Bruce anda apressado,
meio cambeta, pelo corredor. Ao seu lado, Ryan.
BRUCE:
Guarde esses papeis Ryan. Se, porventura, precisarmos de
algum deles, teremos em mãos. (T) Vou pro refeitório.
RYAN:
Nos vemos lá.
Bruce segue reto. As
pessoas, antes na área externa, já estão pelo corredor.
Ryan vira um cotovelo. CLOSE-UP na placa, presa à
parede: "DORMITÓRIO MASCULINO".
CENA 10. INT.
HIDRELÉTRICA/REFEITÓRIO - DIA.
As famílias na fila.
Cada um se serve e se dirige às mesas. Emily pega um
pouco de massa e se dirige a mesa, quando vê Bruce
sentado lá, pensativo. Ela se aproxima, põe o prato
sobre a mesa e se senta. Ele a repara.
BRUCE:
Ah, oi...
EMILY (CONFUSA):
Por acaso você está se sentindo bem?
BRUCE:
Estou melhor, Emily. Eu levei um tiro no ombro, mas...
Parece que atingiu outros lugares.
EMILY (SORRI):
Que bom que se sente melhor. A Megan disse que ia até o
dormitório te medicar, aproveitando que a maioria dos
homens não estaria lá.
BRUCE:
Ao dormitório?
EMILY:
Sim.
Bruce reage, surpreso, e
se levanta, saindo dali em passos largos, porém
difíceis. Lori chega: prato em mãos; com o olhar,
acompanha Bruce indo embora.
LORI:
O que ele tá fazendo aqui? Ou... estava?!
EMILY (PERDIDA):
Eu não sei...
CENA 11. INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO MASC. - DIA.
Ryan guarda os papéis
entre as espumas de seu travesseiro. Mexe de um lado,
mexe de outro, encaixando os papéis com o máximo de
cuidado.
Megan surge e o observa,
sem ser notada.
MEGAN:
Ryan? Está tudo bem? O que você está... (RISOS)
Ryan olha pra trás,
surpreso, gela na hora e suspira, empacado. O papel,
meio pra fora, chama a atenção de Megan.
MEGAN:
O que é... o que é isso?
Ele se levanta.
RYAN:
Megan, eu...
MEGAN:
Ah... já entendi tudo.
RYAN:
Entendeu? Como, entendeu?
MEGAN:
São fotos de mulheres, né? (RISOS) Eu deveria te dedurar
pra sua irmã.
Ryan respira, aliviado,
solta um sorriso sem graça.
MEGAN:
Onde está o Bruce?
RYAN:
Ele está se sentindo melhor, decidiu comer algo. Não
cruzou com ele no refeitório?
Neste exato momento,
Bruce adentra o dormitório.
BRUCE:
À minha procura, Megan?
MEGAN:
Bruce, graças a Deus!
Ela se vira, lhe dá um
abraço, enquanto Ryan pisca para ele, que encara os
papéis. Ryan entende o recado, agacha e os enfia para
debaixo do travesseiro, o fechando com pressa.
BRUCE:
Estou me sentindo melhor.
MEGAN:
Estou vendo! Se alimentou? Tudo o que você precisa é de
uma boa alimentação. A bala, foi um choque pra você, né?
BRUCE:
Não. Foram muitas coisas nessas últimas horas. Ainda
estou digerindo cada uma delas.
MEGAN:
Ah, claro. Se quiser compartilhar/
BRUCE:
Eu prefiro guardar para mim. São assuntos muito ruins,
que ninguém gostaria de saber.
MEGAN:
Só quero ajudar.
BRUCE:
Obrigado, Megan. (T) Vamos comer, eu soube que estava à
minha procura e decidi vir lhe encontrar.
Vamos,
Ryan?
RYAN:
Claro.
Ryan
encara Bruce.
CLOSE-UP
no travesseiro.
CENA 12. INT.
HIDRELÉTRICA/SAÍDA DO REFEITÓRIO - DIA.
Lori sai do refeitório.
Uma pessoa passa ao seu lado, fala com ela, que
retribuiu. Logo à frente, ela vê Trevor, entrando em
outro corredor, com uma chave em mãos.
CLOSE num papel, preso à
parede: “DESTINADO AOS LÍDERES BATS”.
Lori segue-o, cautelosa.
CENA 13. INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR - DIA.
A maçaneta de uma porta
gira. De lá, sai Cody, completamente alucinado, olhares
perdidos, confusão.
POV DE CODY - Seu olhar
percorre o ambiente.
Sai do POV.
Ele solta um sorriso
completamente alucinado e caminha pelo corredor, que dá
numa esquina. VOZES MASCULINAS se tornam cada vez mais
altas. Ele, sorrateiro, se aproxima, espia pelo canto da
parede; vê dois homens, de costas.
CORTE DESCONTÍNUO:
Ambos os homens caídos,
encarados pelo olhar psicótico de Cody, com um extintor
em mãos. Ele continua a caminhar pelo corredor.
CENA 14. EXT.
HIDRELÉTRICA - DIA.
A maçaneta gira e,
agora, a porta sai num lugar amplo, próximo à barricada.
Cody passa por ela,
sorrateiro, observa todos os cantos e se aproxima do
PORTÃO de entrada da hidrelétrica.
Há um ATIRADOR vigiando.
Cody se esconde, pega um
pedaço de madeira caído no chão e corre, batendo o
objeto, com tudo, contra a cabeça do homem, que cai
desmaiado. Ele esboça um sorriso; está cada vez mais
próximo do portão. Toca na alavanca e puxa. O portão
começa a abrir. Os ANDARILHOS, espalhados pelo lado de
fora da BARRICADA, se aproximam para entrar; Cody encara
a todos, fascinado; faz sinal indicador com as mãos para
que se aproximem. É quando...
ATIRADOR #2 (V.O.;
BERRA):
Fechem o portão!!! Fechem o portão!!!
Barulhos de tiros
seguidos.
POV DE CODY - Toda a
fantasia foi por água a baixo. Os andarilhos já se
amontoam para entrar. Cody dá alguns passos para trás e
os andarilhos começam a invadir a hidrelétrica.
CENA 15. EXT.
ESTRADA/BARRICADA - DIA.
A barricada, sobre o
portão, tem um atirador, que, meio sonolento, chapéu
caído no chão, atira para todos os cantos onde há
andarilho – no caso, fora da barricada, em direção ao
portão aberto.
ATIRADOR #2 (V.O.):
Fechem o portão!!!
Esse atirador desce as
ESCADAS que leva até a parte mais alta da barricada e vê
Cody se afastando dos andarilhos, que invadem o lugar na
pressa, em busca dele. O atirador corre, joga Cody pra
longe e começa a atirar nos andarilhos.
Um alarme toca nos
arredores. Trevor, Scott, Lori, Nolan entre outros
guardas, entram por uma porta de metal e logo atiram
contra os invasores, sem nem perceber Cody, caído.
Trevor voa em cima do
irmão, no chão.
TREVOR (DESESPERADO):
Cody? Cody? Você está bem, irmão?
Lori, Scott, Nolan, o
atirador e os outros guardas tratam dos andarilhos - um
por um, matam com um tiro na cabeça.
Nisso, Trevor dá um
berro. Lori olha pra trás.
LORI (SURPRESA):
Oh, meu Deus, é o Cody!
Ela se aproxima de Cody,
lhe toca o rosto. Este, está fascinado, olhando para uma
mordida de andarilho, no braço direito. Trevor chora;
Lori eleva as mãos à boca.
Os andarilhos, por essa
hora, já estão todos pelo chão.
CLOSE-UP na mordida,
seguido dos olhos paranoicos de Cody.
IMAGEM FECHA EM PRETO,
RÁPIDO.
FADE IN:
CENA 16. EXT. MATA -
TARDE.
A terra é retirada de
dentro de um buraco por uma pá.
Revela-se, meio a mata
fechada, Trevor. Suor escorre pelo canto do rosto,
lágrimas descem dos olhos.
Um corpo, coberto por um
plástico preto, está estendido no chão.
Trevor termina de
retirar a terra, joga a pá sobre a vegetação rasteira e,
com toda força, arrasta o corpo da pessoa até a borda do
buraco. Ele retira o plástico, que antes tapava o rosto,
e Cody se revela morto, cabeça sangrando, mordida
exposta. Trevor enxuga as lágrimas, chora baixinho e
joga o corpo, com as mãos sujas de terra, para dentro do
buraco. Rapidamente, com muito gás, ergue a pá e despeja
a terra dentro do buraco freneticamente, até que, tapado
pela metade, o buraco é deixado de lado e Trevor desaba
com os joelhos sobre o solo, chorando muito. Suas mãos
sujas tocam o rosto e o lambuza todo.
Alguém está ali:
pigarreia. Trevor se vira e fita Nolan, a encará-lo, com
uma sacola em mãos.
NOLAN:
São as roupas dele.
Trevor as pega com
força, joga sobre o buraco, pega a terra com as próprias
mãos e as despeja sobre a sacola, até tapá-la
superficialmente.
TREVOR (FRIO):
Acabou, Nolan. Agora meu irmão não está mais aqui.
NOLAN:
Eu não queria que isso tivesse acontecido. Por mais que
seja evidente, espero que saiba que não o induzi a se
atirar naquele portão e ser mordido.
TREVOR:
É claro. Ele descobriu toda a verdade. Não era digno que
fugisse comigo.
NOLAN:
Não seja idiota, Trevor, fala isso porque ele está aí,
debaixo da terra, morto. Se ele estivesse como um perigo
pra você, não falaria o mesmo. Todos somos assim e é por
isso que combinamos tão bem, Trevor.
TREVOR (RAIVOSO):
Não vai me culpar pela morte de meu irmão! Aquelas
drogas, aquelas coisas que você dava a ele... Eu posso
ter todos os defeitos, mas o Cody era a única coisa real
dentro de mim. E você me tirou isso, Nolan! Você!
NOLAN:
Está escurecendo, não vou discutir com você. Se preferir
fazer vela pro o defunto, é uma escolha sua. Pelo menos,
agora, não corremos o risco de perder algo que deu tão
certo. (ABRE OS BRAÇOS) Olhe pra isso: somos uma
associação num mundo de caos! E estamos cada vez mais
perto do poder. Cody poderia colocar tudo ao risco,
Trevor. (T) Depois do enterro, a vida volta ao normal.
Sempre.
Nolan o encara e sai,
pisando firme. Trevor o acompanha no olhar.
CENA 17. INT.
HIDRELÉTRICA/LINHAS DE TRANSMISSÃO - TARDE.
Emily lavando alguns
pratos numa pia, improvisada, na sala de linhas de
transmissão da usina, repleta de tubos.
Uma mulher se aproxima.
MULHER:
Desculpe. Será que poderia buscar um pouco de leite?
Acabou e precisamos repor. Está na primeira fileira da
despensa.
Emily concorda, larga o
que está fazendo e se dirige à saída. A mulher, por sua
vez, retoma suas atividades.
CENA 18. EXT.
HIDRELÉTRICA - TARDE.
Emily abre a porta e
chega aos fundos da hidrelétrica, próximo a barricada.
Ela se aproxima de uma porta grande, metálica, mas ouve
um assovio se tornando intenso. Rapidamente, olha pra
trás: vê Nolan, abrindo o portão de entrada da
hidrelétrica. Ela se esconde entre pilastras e observa.
POV DE EMILY - Um homem,
trajes militares contendo uma marca sobre o bolso da
camisa: círculo azul com estrelas brancas; armado;
encara Nolan e lhe entrega uma carta. Comenta alguma
coisa com ele. Nolan concorda e fecha o portão.
Sai do POV; Emily abre a
porta do DEPÓSITO e ENTRA, rápida.
Ele, por sua vez, passa
direto, saindo dali e voltando ao prédio.
No INTERIOR DO DEPÓSITO,
ela se escora em uma das paredes e observa o local,
repleto de mantimentos. CLOSE-UP em seu rosto,
assustado.
CENA 19. EXT.
HIDRELÉTRICA/BARRICADA - DIA.
O Sol está indo embora.
Bruce e Lori, um ao lado do outro, armas em mãos,
observam a paisagem de cima da barricada. Não há
andarilhos pela estrada, à frente deles.
LORI:
Não acha que a morte do Cody é suspeita? Problemas de
cabeça não se mostram tão repentinamente.
BRUCE:
Não foi um trauma?
LORI:
Não sei. Sei que foi achado em péssimas condições.
Disseram que foram os militares.
BRUCE:
Ou chegou aqui e foi transformado em um monstro.
LORI:
Pode ser. Cego, como ele estava...
BRUCE:
Nolan é pior do que todos imaginam, Lori.
LORI:
É por isso que você anda assim, estranho? Pensando em
mil coisas? (T; IMPERATIVA) Bruce, as armas! O que
estamos fazendo aqui, afinal? São elas! Se não pegarmos,
só vamos contribuir para isso. E, pior, eu temo os
militares. Se esse lugar for descoberto, todos estarão
mortos. Inclusive Nolan, eu, você, Emily, Ryan...
BRUCE:
Aquele ali... Aquele ali, eu quero matar.
Lori deixa do foco na
arma e o olha.
LORI:
Tem alguma coisa que eu não sei?
BRUCE (OLHANDO NA MIRA):
Se houver, você não sabe porque ainda não é a hora.
Bruce dá um tiro: mata
um andarilho, que vinha longe. Lori encara o corpo, no
chão, e volta a encarar Bruce.
LORI (FIRME):
Eu tenho o direito de saber, Bruce. Estamos juntos,
somos ou não um grupo?
BRUCE:
Eu sinto muito, Lori. Agora, não.
LORI:
Espero que, quando você me contar, não seja tarde demais
para eu dar minha opinião e livrar-nos de um desastre.
BRUCE:
Está dizendo que é a salvadora dos problemas? (SORRI) É
isso?
LORI (SÉRIA):
Vá perguntar a sua namorada. Ela deve saber bem.
Lori encosta a arma na
borda da barricada e sai.
CLOSE-UP em
Bruce.
CENA 20.
INT.
HIDRELÉTRICA/TURBINAS - TARDE.
Os vários HOMENS
movimentam peças, trabalham nas turbinas. Toca uma
CAMPAINHA e todos eles, conversando entre si, se dirigem
a SAÍDA.
POV MISTERIOSO - Uma
pessoa anda pelas imediações do lugar, agora vazio.
Dirige-se a uma caixa de ferramentas, sobre uma das
mesas, e a segura firme: trata-se de mãos masculinas.
Sai do POV; vemos os
olhos de Trevor, fixos aos oito tubos, que saem de
dentro das três turbinas.
CORTE DESCONTÍNUO:
Vários tubos foram
rompidos. A água começa a escapar em filamentos e se
espalhar sob o chão, até se encontrarem com outras e
formarem poças.
Trevor sai dali, rápido.
CENA 21. EXT. CÉU -
NOITE.
O céu nublado lança
alguns raios, trovões. A chuva chega, bem pesada.
CENA 22. EXT.
HIDRELÉTRICA - NOITE.
SÉRIE DE PLANOS
A) A água da chuva molha
as várias pessoas, tomando um verdadeiro banho.
B) Nolan lava o rosto.
CENA 23. EXT.
ESTRADA/BARRICADA - NOITE.
A chuva cessou. Duas
camionetes saem pelo portão, na Barricada; arrancam e
tomam a estrada, se distanciando da hidrelétrica.
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 24.
INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR - NOITE.
Emily, ao lado de Bruce.
BRUCE:
O Nolan é perigoso, Emily.
EMILY:
Eu juro que eu vi, Bruce.
FLASHBACK RÁPIDO - Emily
na parte externa da hidrelétrica.
Emily vai ao depósito,
quando vê Bruce conversando com um militar, à surdina.
FIM DO FLASHBACK.
BRUCE:
Eu acredito em você. Tudo o que esse homem faz é
estranho. Mas eu preciso saber o que você viu,
exatamente.
EMILY:
Aparentemente, nada demais... se não fosse um cara do
exército falando com seu maior inimigo!
BRUCE:
Nada de diferente nele?
EMILY:
Pelo que eu me lembre/
FLASHBACK RÁPIDO
O círculo azul com
estrelas brancas na farda do militar.
FIM DO FLASHBACK.
EMILY (CONT.):
Um símbolo. Um símbolo que eu nunca tinha visto antes.
Mas nada de mais... Pode ser que o adotaram agora,
enquanto estamos/
BRUCE:
Círculo/
Bruce, pensativo,
buscando resposta.
BRUCE (CONT.):
Já sei, vem comigo.
Eles saem correndo pelo
corredor.
CENA 25. INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR 2 - NOITE.
Emily e Bruce caminham.
Mais a frente, uma placa mostra que o próximo cotovelo
será o dormitório masculino.
BRUCE:
Talvez você possa ver um símbolo parecido e distinguir
se é ou não ou mesmo.
Eles, porém, veem um
rastro d'água se formando ao longo do corredor. Bruce
encara-o.
BRUCE (PARA, REFLETE):
Água?
Ele segue o rastro,
observa que, devagar, aquela água vai se expandindo ao
longo do corredor.
EMILY (INTRIGADA):
Será que está tendo um vazamento?
BRUCE:
Não temos tempo pra isso.
Bruce se vira, em
direção à entrada pro dormitório.
EMILY:
Bruce, espera, pode ser importante.
Ele a olha meio em
dúvida e se decide:
BRUCE:
Vamos, então, rápido. (ÁGIL) Vem, vem!
Atravessam as correntes
d'água e continuam correndo.
CENA 26. INT.
HIDRELÉTRICA/TURBINAS - NOITE.
Bruce e Emily chegam à
sala, de onde uma grande quantidade de água sai.
CLOSE-UP em Bruce.
BRUCE (SURPRESO):
Oh, meu Deus, está vazando. Precisamos de ajuda.
Ele tenta se mover, não
consegue.
BRUCE:
Ah, merda, acho que eu estou preso em um ralo. Rápido,
Emily, aperte o botão de alerta.
Emily olha tudo aquilo,
meio atordoada.
BRUCE:
Vá!
EMILY:
Tudo bem, estou indo.
Emily, com dificuldade,
se movimenta pela água, que só cresce com a quantidade
que sai dos tubos, que se ligam às turbinas internas.
Ela, finalmente, chega a
um grande botão vermelho. Com vontade, o pressiona, mas
nada acontece.
BRUCE:
Era só o que faltava! Aperte novamente. Tente, vai!
Ela repete o movimento.
Nada.
EMILY:
Bruce, eu não posso te deixar aqui.
BRUCE:
Vá chamar ajuda. Agora! Vá! Eu vou ficar bem, essa água
não vai aumentar tanto assim. Vá, chama quem ver pela
frente, rápido!
EMILY:
Está bem.
Ela dá alguns passos, o
observa e sai correndo pela água, que inunda, devagar, o
CORREDOR, na saída da sala.
Bruce olha pros lados,
tenta fazer força contra as águas.
NO FUNDO DA ÁGUA, um pé
se solta, mas o outro continua preso ao ralo, uma
espécie de vala, cuja grade protetora se soltou.
DE VOLTA À SUPERFÍCIE,
Bruce, suando, olha pros lados, respira e tenta,
novamente, retirar os pés. Sem sucesso.
Num dos TUBOS próximos,
de cor verde, um filamento preto surge. Outro filamento:
o tubo está se partindo. Aquilo chama a atenção de
Bruce, que se segura nas grades próximas.
BRUCE (BERRA):
Emily! Emily! Socorro, alguém me ajude!
O tubo explode, dando um
jato contra o corpo de Bruce.
DE BAIXO DA ÁGUA, os pés
se soltam.
DE VOLTA À SUPERFÍCIE, o
corpo dele não se sustenta e é levado pela força das
águas.
DE BAIXO DA ÁGUA, ele
tenta se segurar em tudo o que vê pela frente.
DE VOLTA À SUPERFÍCIE,
Bruce já saiu da sala das turbinas e, junto da água,
percorre o corredor.
CENA 27. INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR 3 - NOITE.
Emily corre,
desesperada.
EMILY (BERRANDO):
Alguém? Alguém acordado? Preciso de ajuda! Socorro!
Uma luz forte a ilumina:
trata-se de um HOMEM FORTE.
HOMEM:
Não deveria estar andando por aí/
EMILY (ATROPELANDO AS
PALAVRAS):
Não tenho tempo pra isso. Graças a Deus te encontrei. Há
um vazamento...
Ela o puxa pelos braços,
levando-o na direção oposta a que caminhava.
HOMEM (ASSUSTADO):
O que está falando? Um vazamento?
EMILY (AFLITA):
Nas turbinas. Preciso de ajuda, venha!
Eles vão andando, até
que DOBRAM O CORREDOR e veem uma grande quantidade de
água vindo do outro lado, numa velocidade extrema, de
altura baixa, porém volumosa.
HOMEM (OLHOS
ESBUGALHADOS):
Oh, meu Deus!
EMILY (BERRA):
Corre!
Eles saem correndo pelo
corredor a fora. A água se aproxima, até chegar onde
eles antes estavam e continuar a se alastrar.
CENA 28. INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO FEM. - NOITE.
As pessoas acordam
assustadas, outras já estão de pé. Choro de criança pra
todo lado. O sinal de alerta faz um barulho horrível.
VOZ (V.O.):
Atenção, favor se retirarem de seus dormitórios, de onde
estiverem e se dirigirem ao exterior da hidrelétrica. Há
um vazamento nas turbinas. Isto não é um treinamento.
Repito: não é um treinamento. (...) Atenção...
Desesperadas, as pessoas
saem correndo, em direção à saída. Lori atrás. Megan vai
à frente.
MEGAN (ASSUSTADA):
O que está havendo? Um vazamento?
LORI (DECIDIDA):
Temos que sair daqui. Vamos, rápido!
Elas se misturam as
outras mulheres e vão saindo.
SÉRIE DE PLANOS
A) Lori e Megan, entre
as outras pessoas, correm pelos CORREDORES.
B) Bruce, meio a água,
percorre vários lugares, até que consegue se segurar em
uma PORTA. A força que faz deixa seu rosto vermelho. A
água o puxa: ele não sustenta e solta, sendo levado.
C) As águas aumentam
cada vez mais pelos lugares.
D) Enfim, a correnteza
invade o dormitório masculino.
E) Ryan corre por um
corredor.
CENA 29. INT.
HIDRELÉTRICA/CENTRAL DE CONTROLE - DIA.
Mãos masculinas dedilham
uma mesa de madeira.
Trevor está encarando um
grande painel, com várias informações a cerca do
controle d'água gerada pela usina. Ele fita a imagem em
declínio do nível de produção.
CLOSE-UP em seus olhos.
Ele sai da sala e fecha a porta.
CENA 30. EXT.
HIDRELÉTRICA - NOITE.
Correria pelo exterior,
próximo ao portão e a barricada. As pessoas,
desesperadas.
O holofote, que antes
estava virado pra estrada, agora se centra no interior:
ilumina a todos, que procuram amigos e parentes meio as
várias pessoas.
Uma mulher se mostra
perdida dentre as demais.
MULHER (ALTO; LÁGRIMAS
NOS OLHOS):
Filho? Filho, cadê você?
Homens correm para
dentro e para fora do interior da hidrelétrica.
CORTE para Megan, Lori e
Ryan, abraçados.
LORI:
Graças a Deus encontrei você! O que está acontecendo,
pelo amor de Deus?
RYAN:
Eu não sei! Vocês viram o Bruce?
MEGAN:
Nem sinal dele e da sua.../
RYAN (SE TOCA):
Emily! Eu vou entrar, eu tenho que achá-la!
MEGAN:
Não, você não vai. Está louco, Ryan?
RYAN:
Você não vai me mandar fazer nada, Megan. Eu vou salvar
minha irmã. Agora!
LORI:
Não vai! Ryan!
Ele tenta ir. Lori o
agarra, prende seus braços.
RYAN:
Me solta, Lori! Agora! Você não pode me impedir.
(CHORANDO) É a minha irmã. A única coisa que eu tenho!
LORI:
Eu não posso te deixar ir, Ryan...
Lori o segura, deixa
escapar uma lágrima. Ryan se vira, a abraça, chora
bastante. Megan encara ambos até perceber Emily, toda
molhada, vindo em direção a eles, respirando fundo.
MEGAN (SORRIDENTE):
Emily!
Ryan e Lori se viram.
RYAN:
Graças a Deus! Emily...
Os irmãos se abraçam.
MEGAN:
Emily, por favor, me diz que tem notícias do Bruce. Por
favor.
Emily respira um pouco.
LORI:
Calma. Está melhor, agora?
MEGAN (DESESPERADA):
O Bruce está lá dentro... Eu não consegui salvá-lo e
ele... (PAUSA) Ele foi arrastado.
CLOSE-UP geral.
FULL SHOT AÉREO DA
HIDRELÉTRICA.
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 31.
EXT. ESTRADA -
NOITE.
Uma fumaça preta se
espalha pelo CÉU. Nolan, na caçamba de uma camionete,
observa. A frente desse carro há outro, também
estacionado. De ambos, saem quatro homens (entre esses,
Scott). Nolan desce da caçamba, sempre a observar o
rastro negro.
SCOTT:
O cheiro está se espalhando. Será que é uma queimada...
na mata?
NOLAN:
É claro que é uma queimada.
HOMEM #2:
O que faremos, senhor? Vamos prosseguir?
NOLAN:
Não acho que recrutaremos alguém hoje. Ou a
probabilidade é muito pequena.
Todos se entreolham,
confusos.
NOLAN:
Eu acho que acabou, Bats...
SCOTT:
Acabou o quê, Nolan?
NOLAN (ENCARA-O):
Os Bats. O exército vai finalmente entrar em extinção.
HOMEM #1:
Do que você tá falando?
NOLAN:
O exército. Finalmente eles vão acabar e eu vou entrar
no governo. Eu e todos os Bats seremos uma população de
sobreviventes. (T) Curados. (SORRI) Não é incrível?
SCOTT:
Você está se sentindo bem?
NOLAN:
Como nunca! (SORRI) Andem, parem de me olhar, entrem nos
carros, vamos tomar o que é nosso! Andem!
Nolan sobe na caçamba,
encara-os. Bate no capô.
NOLAN (SÉRIO; NERVOSO):
Andem!!!
Todos tomam seus carros
e ambos partem.
CENA 32. EXT. CENTRO DE
BOSTON - NOITE.
CLOSE num auto falante,
preso a um poste. Uma sirene ecoa e se expande pela
extensa rua. As pessoas saem de suas casas, de seus
apartamentos, lojas, correndo e se misturando entre si
pela rua a fora. Ocorre um estouro.
ÂNGULO ALTO revela que
as pessoas correm de um grande caminhão, cujos
militares, firmes aonde podem, se seguram para não cair
do veículo, que passa, em alta velocidade, pela rua. Uma
infestação de mortos vivos percorre o caminhão. Os
militares atiram contra eles.
Até que, na frente do
veículo, surge um morto vivo e o MOTORISTA perde o
controle, levando o veículo à mureta mais próxima,
detonando sua frente.
Os andarilhos sobem no
caminhão. Tiro pra todo lado. Eles mordem uns, outros
pulam e saem correndo pela rua. A população assustada ao
redor.
Uma infestação geral.
CENA 33. EXT. CENTRO DE
BOSTON/ESTRADA - NOITE.
Desespero, correria.
Mortos vivos para todos os lados. Nolan, de pé na
caçamba da camionete, observa aquilo tudo com muito
prazer. Um homem sai do banco do motorista.
HOMEM #1:
Não vamos conseguir passar. Olhe essa gente! Estão
alucinadas.
Um carro aparece
arrastando a lataria contra a parede: seu condutor já se
transformou em morto vivo.
Nolan observa.
NOLAN:
Vamos para o posto de controle mais próximo.
HOMEM #1:
Mas.../
NOLAN:
Vamos!
O homem retorna ao
volante e dá a partida. Nolan saca a arma e passa a
atirar nos mortos vivos cuja mira centra.
CENA 34. INT. POSTO DE
CONTROLE/SALA - NOITE.
Vários guardas já estão
transformados. Eles batem contra o vidro da sala, mais
parecida com uma guarita comprida. A porta é escancarada
e Nolan entra, ligando a luz e atirando contra os
militares (agora mortos-vivos).
O ambiente, uma espécie
de sala de administração, possui papeladas,
computadores, armários.
NOLAN (AOS SEUS HOMENS):
Vigiem aqui.
Nolan adentra o ambiente
e, como se já fosse certo, se dirige a última parede da
sala e, com sua arma, lhe rasga ao meio. Tratava-se de
um plano falso. Com a mão, arranca o que pode e, quando
finalmente destrói a parede, retira dali uma maleta
prata, a qual posiciona sobre a primeira mesa que vê e a
abre.
CLOSE-UP na reação dele:
maravilhado.
CORTA para dentro da
maleta: um pen drive e uma seringa, ao lado de um
pequeno vidro negro. Nolan, radiante, sorri e fecha a
maleta, jogando para a mão direita e se dirigindo à
saída.
NOLAN:
Vamos embora daqui.
SCOTT (ENCARA A MALETA):
O que é isso, Nolan?
NOLAN:
Tudo o que eu procurei até aqui. Vamos embora.
Ele sai, seguido dos
homens.
No chão, o morto-vivo
pisca os olhos, ainda “vivo”.
CENA 35. EXT. POSTO DE
CONTROLE - NOITE.
O grupo se dirige aos
carros. O barulho da gritaria, a fumaça que vem negra
das imediações, são notáveis.
HOMEM #4:
Senhor, está entardecendo rápido. Precisamos voltar.
Nolan retira a arma da
cintura, lhe aponta.
NOLAN:
Você quer mesmo voltar?
HOMEM #4 (TRÊMULO):
Não, perdoe-me. Por favor.
Ele devolve a arma à
cintura.
NOLAN:
Antes de pegarmos a última coisa que me falta, é hora de
detonarmos nossos queridos rivais.
SCOTT:
Os militares?
NOLAN:
Não é esse, o interesse dos Bats?
Nolan se dirige a mala
do carro com caçamba e a abre, revelando várias armas
ali dentro. Ele bate a mala, se dirige aos homens.
NOLAN:
Vamos sair atirando em todos os militares. Quero todos
mortos!
CENA 36. INT.
HIDRELÉTRICA/ÁREA QUALQUER - NOITE.
Abre em mãos masculinas
na escuridão, largada meio ao piso molhado. Revela-se,
devagar, Bruce: lábios roxos, tremendo de frio, meio ao
chão de uma área interior da hidrelétrica. Ela encara os
lados, se levanta com dificuldade.
VOZ (O.S.):
Bruce?
VOZ #2 (O.S.):
Bruce? Você está aqui?
MEGAN (O.S.):
Bruce?
Bruce tenta falar algo,
mas a voz não sai de sua boca. Então, uma luz forte o
atinge no rosto.
BRUCE (DIFICULDADE):
Graças a Deus... Socorro!
A luz diminui e Trevor
se revela, encarando Bruce.
TREVOR:
Bruce...
BRUCE (VOZ ROUCA):
Quem é você?
TREVOR:
Você deixou que meu irmão se perdesse, viesse para cá.
Por quê?
BRUCE:
Trevor?
TREVOR:
Você está, realmente, numa situação muito pior, Bruce.
Saiba disso.
BRUCE (TOSSE FORTE):
Eu não o deixei vir pra cá. (TOSSE) Ele veio porque...
(T) Porque quis.
Trevor se aproxima,
apaga a luz da lanterna.
TREVOR:
Ele está morto. Por tudo o que fizeram com ele.
(CHORANDO) Meu pobre irmão! Ele está morto!
BRUCE (O ENCARA):
Nolan!
TREVOR (SOLUÇANDO):
Ele não podia ter feito isso com ele. Era o Cody... meu
irmão.
BRUCE:
É a hora de você se revoltar, Trevor, de ir contra ele,
fazer justiça. (O ENCARA; TOSSE FORTE) Eu estou com
você. Ele matou meu filho. Meu primeiro filho!
TREVOR:
Não... eu já me vinguei. Olha tudo isso! (SORRI) Eu me
vinguei, acabei com tudo o que estava nos planos dele.
Não vai ter mais água agora. Vão todos morrer de sede!
BRUCE:
O que você sabe sobre ele? Me diz, Trevor, por favor...
TREVOR:
O menino, a salvação, agora ele está num lugar seguro.
Finalmente.
BRUCE (TOSSE; OLHA PROS
LADOS):
Menino/ (T; REVIRA OS OLHOS) Eu não estou me sentindo
bem...
Bruce o encara.
TREVOR (ASSUSTADO):
Bruce!
Mas Bruce desmaia.
Trevor o pega nos braços e, com dificuldade, o arrasta
até certo ponto, a caminho de uma porta.
CENA 37. INT.
HIDRELÉTRICA/SALA SECRETA - NOITE.
Sala escura. Uma vela é
acesa e ilumina o rosto de Trevor, a encarar algo.
No meio da sala há uma
maca. Trevor se aproxima, ilumina a maca. Sobre ela, uma
pessoa, deitada, coberta por um lençol branco. Ele
retira o pano e observa algo.
Num sofá preto, próximo
a ele, está Bruce, desmaiado.
Trevor encara o menino
dos episódios anteriores, o portador de síndrome de Down.
TREVOR:
Está na hora. Acorde. (T) Acorde... Vai!
Trevor retira um pequeno
vidro de dentro do bolso, o abre e aproxima-o das
narinas dele.
Trevor respira fundo.
No sofá, Bruce abre os
olhos, confuso.
CÂMERA vai buscar o
menino, sobre a maca.
ÂNGULO ALTO compreende
seu rosto. Os olhos se abrem.
FADE OUT. |
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